VITRINE
DE 10.03 A 07.06.15
Manh茫 de domingo, Cod贸, MA, 2011
Inês Calixto (1963) de 10.03 a 07.06.15 Sou uma fotógrafa educadora. Antes de tudo, fui educadora. Bons anos de minha vida se passaram dentro de uma escola. Outros tantos trabalhei na formação de educadores. Talvez seja por essa razão que, quando fotografo, meu olhar procura tocar o âmago da realidade para compreendê-la em seu contexto original. Minhas fotografias são simples e têm intenção clara de contar uma história, mostrar uma realidade, chamar a atenção para um fato. No início de 2010, deixei o trabalho de formação de professores para fazer uma incursão de dois anos pelo interior do Brasil com o projeto Histórias de Alice, vivendo a bordo de uma Kombi. Pelo caminho ensinava fotografia para crianças, enquanto documentava as matrizes orais de nossa cultura com fotografias e vídeos. A viagem margeou o São Francisco, cruzou o Parque Estadual do Jalapão, o Pará, a Região Sul, todo o Nordeste e o Centro-Oeste, adentrou Água de carga, Choró, CE, 2011
o sertão, beirou o litoral, hospedou-se em comunidades indígenas e quilombolas. Foi mergulhando naquilo que pouco se vê que encontrei belezas raras de nossa cultura que aqui compartilho. As fotografias dessa exposição exibem a conexão existente entre a água e o homem, para quem o rio é a extensão de sua própria vida.
Sobre a água e a fotografia Inês calixto
as origens era a água... Dela emergiu a terra e nasceu a vida. E o homem, recém-chegado, construiu morada ao lado. Para a população ribeirinha, a água é a marca da existência. Vivem do rio e pelo rio. Toda a rotina acontece nas águas frescas do São Francisco, do Preguiça, do Paraguai, do Paraná, do Paranapanema, do Ivaí, do Jequitinhonha, do Tocantins, nas veredas sem nome do Rio Amazonas, do Solimões, do Rio Negro... Alguns assentaram moradia às margens de rios temporários, cujas águas abrigam a vida no inverno e secam em prolongados verões. Estes se acostumaram a pisar a terra partida, a pousar o olhar sobre o mandacaru sedento...
Todos os dias procuram a água e, por vezes, caminham quilômetros para encontrá-la. Cantarolam sertão adentro, enquanto trilham os caminhos que levam aos rios, riachos e açudes. Outros ainda plantaram sua existência nas dunas de areia, em cenários feitos de vento. Entre o rio e o mar, escavam pequenos poços de onde a água doce é extraída. A cacimba é uma cava rasa que exige cuidado. Por isso, todas as manhãs, feito o principezinho no cuidado dos vulcões de seu miúdo planeta, os moradores das dunas cuidam da água, com esmero limpam a sujeira que o vento brincalhão ocupou-se de fazer durante a noite. Beirando os leitos dos rios ou a beirada do mar, enquanto uns vivem prolongadas estiagens assistindo as águas dos rios desaparecerem, outros convivem com intensas cheias, cujos rios se derramam sobre as margens e devoram a terra. Nesse período, o barco é extensão dos pés e a vida fica encharcada, jacaré é bicho de estimação e a sucuri que não se meta com a criança. De um ou outro, de qualquer que seja a beirada, os homens e mulheres têm seus pés marcados pelas lidas diárias. Depositários de nossa cultura vivem lá, entre o rio, o mar e o sertão, guardando no sorriso sertanejo a beleza da diversidade cultural brasileira.
Rios Subterrâneos, Diamantina, BA, 2010
Quilombolas Pixaim, Piaรงabu, AL, 2013
Resultado de labuta diรกria, Serra do Amolar, MS, 2011
A menina e o balde, Chaval, CE, 2011
Meninos no povoado de Potengy, Piaรงabuรงu, AL, 2010
Caรงador de Siri, Tutรณia, MA, 2011
Mulheres na areia, Barreirinhas, MA, 2011
ร gua nossa de todo dia, Barreirinhas, MA, 2011
Vida Severina, Piaรงabuรงu, AL, 2010
Luz e sombra, Piaรงabuรงu, AL, 2010
O menino e o cavalo, Piaรงabuรงu, AL, 2010
Brincadeiras, Mateiros, TO, 2011
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