Seafood Brasil #23

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ESPECIAL

Como Equador produz camarão que já começa a chegar ao BR

seafood Nem entra, nem sai Controle de parasitas e veto à exportação para UE deixam setor no sufoco

MKT & INVESTIMENTOS

Como foi Boston e o que será da Apas

brasil www.seafoodbrasil.com.br

#23 - Jan/Mar 2018 ISSN 2319-0450





SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2018 • 3




Editorial

Alternância e turbulência

D

epois de 11 mandatos à frente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha sai de cena na representação institucional para alçar novos voos. Deve se candidatar ao Senado pelo Rio Grande do Norte, recuperando uma carreira política que ele experimentou brevemente entre janeiro e fevereiro de 2011. Seu sucessor na entidade, Cristiano Maia, é o maior empresário do camarão no Brasil. Menos beligerante que Rocha, já defendeu alternância como um valor importante para a entidade a partir de agora, segundo a nova diretoria eleita para um mandato de dois anos. Do Nordeste ao Chile, chegamos à principal entidade que reúne os exportadores. O novo presidente da Salmon Chile, Arturo Clement, também representa uma alternância importante, como o leitor pode acompanhar a partir da página 10. Ele tem o desafio de guiar a indústria do salmão por um mar ligeiramente turbulento,

com diminuição de áreas produtivas e fiscalização intensa sobre o uso de antibióticos. Nada tão turbulento, porém, quanto o cenário para a indústria brasileira (pág. 22). Se por um lado os exportadores lutam para reabrir as fronteiras europeias para o pescado brasileiro, no âmbito doméstico veem o Mapa e a Anvisa adotarem rigor sem paralelo na questão da ocorrência de parasitas de pescado. Por outro lado, as fronteiras brasileiras se abriram efetivamente ao camarão equatoriano, cuja produção cresce exponencialmente (pág. 48). Como se vê, um caldo de assuntos bem aquecido para pautar a Apas Show 2018 (pág. 14). Confira ainda nossas duas novas seções: Na Água (pág. 12) traz as novidades para quem pesca ou cultiva; Na Planta (20) apresenta tecnologias para o processamento. Boa leitura!

Ricardo Torres - Editor

Índice

10 Cinco Perguntas

12 Na Água

48 Especial

14 MKT & Investimentos 20

60 Estatísticas

66 Na Cozinha

22 Capa

Na Planta

74

Personagem

Expediente Redação redacao@seafoodbrasil.com.br

Comercial comercial@seafoodbrasil.com.br Tiago Oliveira Bueno

Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres Editor: Ricardo Torres Diagramação: Emerson Freire Adm/Fin/Distribuição: Helio Torres Atualização de mailing: Tatiane Santos

Impressão Maxi Gráfica e Editora A Seafood Brasil é uma publicação da Seafood Brasil Editora Ltda. ME CNPJ 18.554.556/0001-95

Sede – Brasil R. Domingos de Santa Maria, 329 São Paulo - SP - CEP 04311-040 Tel.: (+55 11) 2578-5126 Escritório comercial na Argentina Av. Boedo, 646. Piso 6. Oficina C (1218) Buenos Aires julio@seafoodbrasil.com.br

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5 Perguntas a Arturo Clement, presidente da SalmonChile A.G.

Entrevista

Salmão estável em 2018

Presidente da entidade que reúne os salmonicultores chilenos vislumbra equilíbrio de preços neste ano e expansão mais acentuada a partir de 2019

Arquivo/Seafood Brasil

econômica melhora em 2018, (notamos que a inflação está controlada e já há mais investimento), devemos crescer mais de 10% para o ano que vem.

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e preço ele entende. Depois de 8 anos à frente de uma das principais consultorias especializadas no acompanhamento do mercado do salmão, Arturo Clement aceitou o desafio de assumir a presidência da entidade que congrega 85% da salmonicultura chilena. A Associação da Indústria do Salmão do Chile (SalmonChile) compreende 15 empresas dedicadas ao cultivo do salmão Atlântico (Salmo salar) e mais de 40 fornecedores de toda a cadeia produtiva. Clement também tem passagens por empresas como a MultiExport Foods, grande conhecida dos importadores brasileiros. Mas ele garante dedicação exclusiva à entidade, tamanha a importância dos desafios atuais: áreas limitadas para expansão, críticas ao uso de antibióticos, equalização de preços e uma reformulação da própria SalmonChile – que até o ano passado contava com um gerente geral. Por intermédio da SalmonEx e DataSalmon, o senhor pôde seguir os preços do salmão ao longo dos anos.

1

Qual é sua visão sobre a evolução de preços que se praticou no Brasil em comparação a outros clientes principais do Chile, principalmente depois do bloom de algas de 2016? O Brasil se comporta de forma muito parecida ao mercado norte-americano, mas vimos que a desvalorização do real desde 2015 representou um impacto muito grande ao mercado brasileiro. Se o câmbio se desvaloriza o consumidor interno paga um preço mais alto, o que não podemos deixar de considerar como exportadores.Outro fator é a situação econômica no Brasil, que determinou uma queda em torno de 13% nas exportações chilenas ao Brasil em 2016, pela primeira vez na história da exportação de salmão. Entretanto, em 2017 as importações cresceram 1% e também já se vê uma recuperação de preços. Já é um nível levemente mais alto que no ano anterior, ao redor de US$ 8/kg HG. É um preço de bastante equilíbrio, porque a ninguém convém que os preços subam violentamente. R$ 25 é um preço em que todos possam estar confortáveis, os produtores têm uma margem razoável e os importadores podem tratar de expandir o mercado. Creio que se a situação

O importante é ver como expandir o mercado em termos de cobertura. Há alguns anos, estávamos mais concentrados em São Paulo, depois Rio de Janeiro e o Sul. Hoje estamos com distribuição de Norte ao Sul, mas podemos descentralizar ainda mais o consumo. Nosso plano de marketing neste ano deve se manter, porque teremos muitas ações nos Estados Unidos, mas em 2019 pretendemos expandir ainda mais a demanda para chegar a mais cidades. Vejo que há muito por desenvolver o salmão no segmento de varejo. Há pouco espaço nos grandes supermercados brasileiros, que não tem a mesma exposição de produto dos varejos americanos e europeus. Praticamente tudo o que o Brasil importa de salmão do Chile é fresco e HG. Existe algum esforço específico da SalmonChile para vender novos formatos aos brasileiros? O Brasil está importando entre 25% e 30% de rejeitos (cabeça, rabo, trimming). Temos tentado conversar com os brasileiros, mas é uma questão cultural: o sushiman prefere filetar da sua maneira, além de mostrar o pescado no restaurante. Mas se você se der conta de que o produto segue principalmente para comida japonesa, tem bastante sentido que pudéssemos vender filés trimD em vez de inteiro. Não podemos ignorar, no entanto, que o shelf-life do pescado inteiro é maior que o do filé.

2

Também deveríamos incentivar maior demanda por congelados. É muito pouco, em torno de 10% é congelado e essa proporção tem crescido muito pouco. Não posso dizer


“Em 2017 as importações cresceram 1% e também já se vê uma recuperação de preços. Já é um nível levemente mais alto que no ano anterior, ao redor de US$ 8/kg HG”

Qual foi até agora o impacto do bloqueio russo às importações europeias de salmão para os exportadores chilenos? O Chile tem uma concentração importante de fresco nos EUA e Brasil. Então quando havia aumento da safra se exercia uma pressão sobre os preços, que caíam fortemente. No ano passado o Chile conseguiu diversificar mais os mercados e a Rússia teve um resultado estupendo para o salmão Atlântico, assim como China (aonde estamos enviando fresco). Estes dois mercados permitiram uma maior diversificação de mercados de Chile e tirar um pouco da pressão de Estados Unidos e Brasil, mantendo os preços mais estáveis desde a metade do ano passado.

3

As novas regras do setor apontam para um controle de crescimento da produção para um patamar de preços mais confortável e redução de impactos ambientais. Como o sr. enxerga estas questões? Atualmente a indústria tem um crescimento muito limitado. Com as novas normativas só se pode crescer se há bons resultados produtivos em

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relação à sanidade. Dois mecanismos foram definidos: um plano de “siembras” [alojamento de animais] ou por densidade (kg/m³). A maioria dos produtores está com o plano de siembra, que tem uma tabela: se os indicadores são espetaculares, é possível crescer 3%. Se os indicadores estão “apenas” bons, não se permite crescer nada. Se os indicadores estão abaixo da média, deve-se diminuir a produção em 3% e assim por diante. As possibilidades de crescimento no Chile são muito limitadas: devemos crescer no máximo 7% no Chile, o mesmo que a Noruega, o que é muito pouco considerando a demanda do mercado. Nossas áreas aptas para aquicultura têm 1300 concessões outorgadas, das quais estão ocupadas 350. Uma parte importante destas concessões não oferece condições adequadas ao cultivo. Mas o trabalho em curso é para distribuir os cultivos da melhor forma possível para evitar uma concentração exagerada de muitos centros em uma única zona. O sr. assume a presidência em um momento particular para a indústria, com pressão para a redução de antibióticos, níveis de mortalidade e estabilidade de preços, além de novos desafios produtivos. Como a sua gestão pretende tratar destas questões? Em relação aos antibióticos, temos reduzido o consumo. Fazemos um uso

5

responsável dos antibióticos, usamos como terapêutico, não como promotor de crescimento. Em 2018 vamos continuar a baixar o uso e investir mais em vacinas e bioterapêuticos, embora não seja uma tarefa fácil porque temos uma doença resistente. Estimo que em um prazo de cinco a sete anos talvez já não usaremos antibióticos. Seguimos baixando e estamos todos convencidos que em algum momento teremos de chegar a 0. Mesmo assim, temos certeza de que o pescado chega ao mercado hoje sem traços de antibióticos que prejudiquem os seres humanos. Fazemos 80 mil amostras por ano, trata-se da indústria mais regulada do país, então o consumidor pode estar tranquilo em relação à segurança alimentar. Sobre sistemas fechados, não vejo nenhum sentido em fazê-los aqui nos centros de cultivo. Noruega e Estados Unidos estão fazendo algo neste sentido, mas aqui no Chile nossa experiência é fechar os sistemas para a produção dos smolts (juvenis de salmão). Fomos o primeiro país que instalou este sistema, de alta tecnologia e complexidade. Hoje os níveis de mortalidade não são uma preocupação. Não passam de 11% no salmão Atlântico, o Coho está em 7%, a truta em 15%. São indicadores muito melhores do que tivemos nos últimos 25 anos.

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que há um mercado para salmão congelado no Brasil. Nos EUA, 25% é congelado. Ao Japão enviamos quase 100% congelado e lá o sushiman prefere o congelado porque é mais fresco que o resfriado. Mas é difícil coordenar estas questões culturais.


Na

Água Tecnologia para pesca e cultivo

Leque chafariz O aerador com leque chafariz da Weemac é a mais nova opção para proporcionar taxas de incorporação de oxigênio e de consumo de energia compatíveis com a busca de eficiência no cultivo em cativeiro. Com fabricação nacional, possuem motor Weg e flutuadores circulares em polietileno para garantir estabilidade na água.

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Para encher o viveiro Sistemas de bombeamento de água são indispensáveis para fazendas de camarão com diferenças de nível entre a captação e os viveiros. Para compensar

o problema, a AcquaSystem desenvolveu um sistema de bombeamento flutuante com três modelos: um com alta vazão e baixa pressão, outro com alta vazão e alta pressão e outro para baixas vazão e pressão indicado a berçários e tanques intermediários.

Naturalmente essenciais A Alliplus surfa na onda de popularização dos óleos essenciais, extratos e bioremediadores para a aquicultura. A empresa trabalha com ácidos orgânicos e óleos essenciais puros para ajudar no combate aos vírus, parasitas, bactérias e ou patógenos fúngicos, com aplicação para todas as fases do cultivo.

conjuntos de registros e acabamento à prova d’água, com plugues de acabamento emborrachado.

Novos lubrificantes marítimos A multinacional francesa Total traz ao Brasil os lubrificantes marítimos da linha Lubmarine, com a previsão de fabricar em Pindamonhangaba (SP) e comercializar em todo o Brasil 2 mil toneladas de produtos no primeiro ano de operação no segmento. Os lubrificantes Talusia, Atlanta, Aurelia E Disola se aplicam a frotas de embarcações locais, internacionais e plantas elétricas.

Sem ondas Deslocar animais vivos para a planta frigorífica ou para a engorda exige rigor e qualidade nas caixas de transporte. É por este motivo que a Trevisan investiu em uma solução para longas distâncias com sistema de quebra ondas, para dar mais conforto aos peixes, camarões, alevinos e pós-larvas. O mais novo modelo tem capacidade de 2400 litros e pesa 450 kg.

Tudo parametrizado A Akso tem um pacote de equipamentos para medição de parâmetros na aquicultura e agora encorpa ainda mais a linha com um medidor multiparâmetro portátil. O SX836 afere pH, condutividade, oxigênio dissolvido, total de sólidos dissolvidos e temperatura na água e outros líquidos. Tem função datalogger para até 1000

Tinta sem contaminação A Renner Coatings tem incrementado a comercialização de tintas epóxi atóxicas, com certificado que atesta potabilidade para o contato direto com pescado nos porões dos navios. Um exemplo são os barcos para pesca do atum, que trabalham com salmoura para auxiliar na conservação e, com esta tinta, não oferecem nenhum risco de contaminação. Os dois modelos mais indicados e aprovados pela Anvisa são Revran TCA 537 e Revran ECO NVC 997, sempre na cor branca – pigmentos coloridos não têm potabilidade.


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Marketing & Investimentos

Tatiana Azeviche/Setur Bahia

Caldeirão de assuntos Pauta pré-Apas nunca foi tão quente: veja um breve resumo do você precisa saber para as conversas de bastidores

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U

ma moqueca bem picante. Este seria um retrato possível dos caminhos do setor neste primeiro trimestre de 2018. Diante de uma nítida recuperação nas importações em 2017 e uma perspectiva de aumento do consumo de pescado, o ano virou com uma sensação de melhora. Até a Quaresma, no entanto, alguns baldes de água fria detiveram a recuperação dos patamares anteriores a 2015. E a água veio com a chancela do Ministério da Agricultura (Mapa). De

um lado, a suspensão preventiva das exportações à União Europeia, em um processo que recebeu intensas críticas de quem vivia - ou pretendia crescer - das vendas externas. Já no âmbito da inspeção das plantas frigoríficas, o aumento no rigor dos procedimentos de controle de parasitas deixou muitas indústrias de cabelo em pé (leia mais na reportagem de capa). Se os filés congelados que o Brasil importa em grandes volumes têm seu futuro ameaçado, o cenário é outro no caso do camarão equatoriano. Com

sinal verde do Mapa desde o ano passado, o vannamei desembarcou efetivamente em fevereiro em um primeiro contêiner. O acontecimento foi seguido de perto tanto pelos maiores entusiastas quanto os maiores detratores do produto. Todos interessados nos desdobramentos de um processo que se arrasta há anos, com direito até a um processo contra a União e o ministro Blairo Maggi. No Chile, uma nova floração de algas nocivas ao salmão Atlântico


Há quem veja um norte claro de crescimento neste cenário tão atribulado. Um ano após se fundir com a Dell Mare, a Geneseas já cresceu 49% no varejo e posicionou a marca Saint Peters nas principais cadeias varejistas brasileiras. “A aceitação do consumidor final foi ótima e nos

motivou a duplicar nossa produção em Aparecida do Taboado (MS)”, conta o diretor comercial, Fabrício Ribeiro. Em dois anos, a empresa deve passar de 50 para 90 toneladas diárias. Estimulado pelo bom momento da empresa, Ribeiro vê 2018 com otimismo. “O Brasil volta a crescer, o indicador de desemprego já melhorou, os depósitos na poupança e outros investimentos aumentaram muito no último trimestre de 2017. Ou seja, o consumidor que passou dois anos economizando está com sede de voltar a consumir”, projeta. A empresa vai para a Apas Show 2018 com força total, depois de uma escala em Boston. “Iremos apresentar dezenas de lançamentos com foco na praticidade, para estimular o consumidor que ainda não come pescado por dificulda-

de de fazer as receitas e ter os ingredientes em casa.” A edição deste ano mostra uma certa retração na participação do pescado na feira. Até o fechamento desta edição eram 29 expositores com pescado, sem contar as marcas abrigadas dentro dos estandes países. Há surpresas, como a ausência da Frescatto Company, uma decisão que o diretor Thiago de Luca atribui a um momento de repensar a ida à Apas depois de mais de 1 década de presença ininterrupta. Se por um lado o movimento de uma pioneira no evento abre espaço para a expansão de competidores diretos, como a Bom Peixe, por outro pode provocar em todo o setor uma reflexão sobre os benefícios da participação.

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no início do ano levantou temores, logo dissipados com a declaração da SalmonChile de que o problema não representou 10% do registrado em 2016. O preço, garante o novo presidente, deve se manter em US$ 8 HG (leia mais na seção Cinco Perguntas). Já o bacalhau pode sofrer um ligeiro aumento de preço, uma vez que a cota definida em conjunto pela Noruega e Rússia para o Mar de Barents será 13% menor que no ano anterior.


Marketing & Investimentos

07 A 10 DE MAIO DE 2018 EXPO CENTER NORTE - SÃO PAULO (SP)

ÁREA DE EXPOSIÇÃO : 35.552 M2

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ATUALIZADA EM 19/02/2018

Procure pelo peixinho!

Navegue entre os peixinhos do mapa e as tabelas acima para encontrar as empresas que ofertarão pescado na Apas Show 2018. Até o fechamento desta edição não pudemos confirmar as empresas que representarão cada país, mas as localizações serão as das tabelas acima.


APAS 2018 | LISTA DE EXPOSITORES DE PESCADO

2

3

210

202

Bom Porto

Master Boi

Local

C/7

A/6

Fênix Alimentos

B/6

4

194

Marfrig

C/5

5

119

ASMI

B/2

6

120A

Quirch Foods

B/2

#

Pavilhão CINZA

235

Nome

Estande

Nome

7

484

Ferraz & Ferreira

8

444

Di Salerno

9

422/ 423 / 393 / 472

10 11

474 371/392

Argentina (Fundación Exportar) AgroSuper Chile

12

320

Mar Nobre

13

322

Riberalves

Local

Produtos

Bacalhau em diferentes apresentações Bacalhau, camarão, salmão, cioba, corvina, sardinha, polaca etc Filés congelados, postas e produtos processados de pescado na marca Magic Fish Linha diversa de pescado Oferta de peixes do Alasca Filés congelados e produtos processados

#

Pavilhão VERDE

1

Estande

Produtos

Processados com J/20 bacalhau Conservas e I/18 salgas Merluza e G/11>15 processados de pescado H/19 Salmão, truta G/11>13 Salmão, truta Bacalhau, merluza, G/7 processados de pescado Bacalhau em J/7 diferentes apresentações

Pavilhão VERMELHO

Pavilhão AZUL

#

Estande

Nome

Local

14

662

Plena Alimentos

15

640

Bom Peixe

L/20

16

654

Geneseas Dell Mare

M/20

17

626

Opergel

M/18

18

595

Cooperativa Lar

O/15

19

550

Soguima

J/K/11

20

542

Copacol

L/9

21

544

Peru

M/N/9

22

510

Equador

J/K/6

#

Estande

Nome

Local

23

894

Hiper Foods

24

871

Korin

25

863

C Vale

26

795

Minerva

27

757

Crusoé Foods

28

752

Golden Foods

29

705B

Omarsa

K/21

Produtos

Filés congelados Linha extensa de peixes, crustáceos e moluscos Tilápia, camarão e salmão em diferentes apresentações Linha extensa de peixes, crustáceos e moluscos Filés congelados Bacalhau em diferentes apresentações Tilápia, merluza, salmão e polaca Merluza, anchoveta, lula Conservas e processados de atum / Camarão

Produtos

Conservas e processados de R/21 atum / Conservas e salgas Filés de truta e O/18 pratos prontos S/16 Tilápia Salmão, cação, R/S/11 merluza e filés congelados Conservas e S/7 processados de atum e sardinha Linha extensa de P/7 peixes, crustáceos e moluscos Chave na Camarão vannamei Mão

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Data da planta: 19/02/2018 Sujeita a alterações até o dia do evento


Marketing & Investimentos

Brasil em Boston Muita objetividade e pragmatismo para a geração de negócios. Foi assim o clima durante a Seafood Expo North America, entre 11 a 13 de março, no primeiro pavilhão brasileiro de pescado em uma feira internacional organizado pela Apex-Brasil. Com estimativa de geração de US$ 100 milhões em negócios imediatos e futuros, o evento foi uma excelente vitrine para as 17 empresas presentes. Veja alguns flagras clicados em Boston pela equipe da Apex-Brasil e pelos próprios expositores. Fotos: Divulgação Apex-Brasil/Igor Castro/Arquivo pessoal dos expositores

01

02

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03

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07

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08

09

01 02

Luzaldo e Paulo Pscheidt (Costa Sul)

06

Murillo Duarte, Regina e Elen Freitas (Estande Brasil)

Rodrigo Gonçalves e Valdomiro Felisardo (Value Dynamics/Tilabras)

07

Juliano Kubitza e Yanic Albertini (Royal Fish)

03

Francisco Medeiros (PeixeBR)

08

Lucas Martins (Greenfish Brasil)

04

Dagoberto Coracini e Breno Davis (Geneseas Dell Mare)

09

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Genézio Júnior e Valdemir Paulino (Copacol)

Roberto Medeiros (Consulado Boston), Alberto Bicca (Apex-Brasil), Glivânia Maria de Oliveira (Consulado Boston), Luiz Augusto Tondo e Eduardo Raskin (Frumar)


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nentes, perfis, transportadores e acessórios para o transporte de produtos dentro da planta.

de pescados em uma mesma embalagem. Pode ser aplicada para pacotes, caixas plásticas, caixas de isopor e bandejas.

Na

Planta Tecnologia em processamento de pescado

Rotulagem premium Para dar um upgrade nas embalagens skin a vácuo, a Marel preparou o aplicador de etiquetas M360. A máquina faz rotulagem flexível sem bobina de suporte de forma automática e em alta velocidade. Pode aplicar etiquetas padrão sem papel envoltório, bem como rótulos parciais envolventes em C e etiquetas superiores.

Controle de parâmetros Medir e controlar é essencial em tempos de fiscalizações rigorosas. Pensando nisso, a Akso apresenta quatro aplicações para os frigoríficos de pescado com 2 anos de garantia. Um medidor de pH de bolso para líquidos e semissólidos, além de outro medidor de cloro multiparâmetro. As novidades ficam por conta de um fotômetro medidor de cor para água e um turbidímetro digital com registro.

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A gaúcha Cobra traz às indústrias de pescado uma linha abrangente de esteiras transportadoras modulares, correntes metálicas e plásticas, compo-

A Multivac preparou para a feira de Bruxelas duas soluções em embalagens para pequenos e médios lotes: a termoformadora R 105 MF é uma alternativa mais econômica para skin a vácuo, enquanto a termoseladora T 300 H pode ser ajustada com agilidade para envasar distintos produtos e permite usar bandejas mais altas que a antecessora T 300.

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A drenagem líquida dos sistemas de refrigeração industrial ganha uma força com este novo módulo de degelo a gás quente da Danfoss que só permite a passagem de líquido. Os benefícios, segundo a empresa, são a redução do consumo de energia, a redução da carga e melhor utilização da capacidade do compressor, a melhora da eficiência operacional, fácil instalação e o melhor desempenho no degelo a gás quente.


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Capa

Encurralados SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2018 • 22

O

Brasil acaba de voltar entusiasmado dos Estados Unidos. A Apex-Brasil assumiu a organização do pavilhão brasileiro na Seafood Expo North America (Sena 2018), em Boston, e o converteu em um espaço pragmático de geração de negócios, mais do que um espaço para vender a marca Brasil. Os estrangeiros, em especial os norteamericanos, não compram mais o alegado potencial sem vê-lo ao menos na rota de se converter em realidade. O fechamento de negócios na própria feira mostra que de certa forma isso aconteceu (leia mais na pág. 36).

Ao desembarcarem no Brasil, no entanto, vão ter de manter o ânimo elevado diante de diversas dificuldades que se apresentaram entre o fim de 2017 e o começo deste ano. Do lado das vendas externas, a suspensão preventiva do Mapa às exportações de pescado para a União Europeia soou uma pá de cal sobre um nicho ainda incipiente para a nossa economia pesqueira. O impacto foi grave: nos dois primeiros meses do ano o Brasil despachou a metade do que havia embarcado no mesmo período de 2017. Já na esfera das importações a bola da vez são os parasitas. Depois de

apreensões realizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que evidenciaram a “presença massiva” a Coordenaria Geral de Inspeção do Mapa publicou um memorando com orientações aos fiscais agropecuários e amealhou muitas críticas. Os fiscais cobram um rigor que a indústria diz não existir nem na Europa ou Estados Unidos. Nesta reportagem, acompanhe mais detalhes sobre os desdobramentos destes temas, mas também alguns cases e iniciativas que podem te inspirar a respirar ares mais puros em um cenário tão complexo.


10 ANOS DE BALANÇA COMERCIAL DO PESCADO

CATEGORIA 03 (SEM PEIXES VIVOS E ORNAMENTAIS)

2.000.000.000

1.000.000.000 500.000.000 0 -500.000.000 -1.000.000.000 -1.500.000.000 Importações Exportações Déficit

2008

2009

2010

658.248

688.584

956.592

2011 1.190.6

2012 1.158.4

2013 1.332.8

2014 1.435.8

2015 1.109.5

2016 1.099.5

2017 1.317.6

233.899

162.231

192.581

194.603

178.737

190.371

178.092

198.221

219.265

227.314

-418.72

-519.24

-757.21

-988.75

-970.46

-1.132

-1.243

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-873.52

-1.083

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Dispêndio e receita (US$)

1.500.000.000

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Capa IMPORTAÇÃO

Feridas abertas Brasil chega ao seu maior volume de pescado importado da história, mas exportadores e indústrias seguem insatisfeitos com atuação do Dipoa

D

o Alasca à China, todo mundo quer vender ao Brasil. Mas do Alasca à China, todo mundo acha que no Brasil sempre há uma surpresa a interferir no negócio do pescado. E do Alasca à China (talvez não até a China, porque lá eles dão um jeito de se adaptar a qualquer mercado) muita gente acha que não vale a pena jogar um jogo onde as regras parecem mudar a todo instante.

Antes de entrar no mérito, é importante resgatar dados e o histórico do cenário atual. O pescado importado nunca foi tão popular no Brasil como nos últimos 20 anos. Na última década o volume nacionalizado dobrou: das 208,9 mil toneladas importadas em 2008, chegamos perto de 400 mil toneladas no ano passado. Em 2014 chegamos a um pico de US$ 1,43 milhão de dispêndio

com compras externas, mas o ritmo arrefeceu nos dois anos subsequentes até retomarem com força no ano passado. Como a produção aquícola cresce a 8% anuais, a pesca não cai vertiginosamente e a exportação estacionou nas 32 mil toneladas anuais, conclui-se, à margem da ausência de estatísticas oficiais, que o brasileiro está comendo peixe como nunca. Para saciar este apetite, os importadores foram em busca de todas as fontes possíveis e capazes de agradar a todos os bolsos. Foi assim que o brasileiro que só conhecia bacalhau, merluza e salmão foi apresentado à polaca (antes chamada merluza do Alasca), panga e alabote dente curvo, para ficar só nos filés brancos processados na Ásia. Entusiasmados com a rápida aceitação do varejo e do food service, os

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Nunca antes o brasileiro comeu tanto peixe importado como nos últimos 20 anos: se a expansão popularizou o consumo, também aumentou a pressão sobre a qualidade

exportadores passaram a despachar grandes volumes. As indústrias do pescado de Santa Catarina passaram a reinar soberanas no negócio, até que a Operação Poseidon, uma ação espetacular deflagrada em 2014 pela Polícia Federal, expôs as feridas abertas na relação entre as empresas e os fiscais federais agropecuários. O caso hoje segue nos tribunais, com um encaminhamento favorável do Ministério Público Federal à absolvição de algumas das empresas implicadas criminalmente por troca deliberada de espécies, como a Leardini. Em suas alegações finais, o Procurador da República Darlan Airton Dias recomendou a absolvição dos envolvidos por questionar a forma de obtenção e abrangência das amostras. “Não havia disposição de reconhecer vulnerabilidades do processo produtivo e cobrar melhorias, mas penalizar os envolvidos”, afirmou o procurador, baseado em trocas de conversas entre fiscais anexadas ao processo pelo Sindicato das Indústrias de Pesca de Itajaí (Sindipi). Seja qual for o desfecho do caso, nada sugere que indústrias catarinenses e os fiscais locais consigam reabrir uma interlocução possível. Em outros Estados a relação também é delicada, já que a “nova geração de fiscais”, como costumam classificar os veteranos do setor, não fazem concessões a irregularidades – sejam elas cometidas intencionalmente ou ao acaso. Com a chegada, em 2015, do novo diretor da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa/Mapa), José Luis Ravagnani Vargas, o departamento começou a implantar uma série de medidas para aumentar os procedimentos de controle de fraudes.


A análise dos rótulos ainda é feita manualmente na maior parte dos

casos, mas uma instrução normativa prevê a dispensa da avaliação prévia no caso de produtos já enquadrados em algum regulamento técnico de identidade e qualidade. O primeiro RTIQ que o setor produtivo conheceu se dedicou a caracterizar o pescado congelado. Depois de um período de consulta pública, prorrogado por solicitação dos entes privados, o texto final foi publicado sem contemplar parte das sugestões da indústria. O RTIQ já antecipava no ano passado a nova polêmica deste início de ano: a questão do controle de parasitas. O texto já fazia menção a “infestação muscular maciça de parasitas”, trecho que figuraria novamente no já famigerado Memorando-Circular nº 2,

no último dia 8 de fevereiro. O documento dá orientações aos fiscais sobre os procedimentos a serem cobrados das indústrias durante a fiscalização. E preocupou mais uma vez a indústria.

Parasitas em debate Embora não tenha nenhuma relação comprovada, a publicação do memorando ocorreu dois dias depois de apreensões pela Anvisa de dois lotes de polaca das marcas Qualitá e Buona Pesca pela presença de parasitas. O Nos últimos anos, o Dipoa diz enxergar um certo relaxamento nos controles pelas empresas em todo o mundo e por isso teria resolvido reforçar os procedimentos no documento, conforme explica Araújo em entrevista a partir da página 30.

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Neste âmbito foi criado, por exemplo, o Serviço de Investigação de Violações, chefiado pelo auditor Paulo Humberto de Lima Araújo. Outra novidade foi o Regime de Alerta de Importação (RAI), que só aprova cargas de fornecedores internacionais incapazes de responder satisfatoriamente a questionamentos da equipe chefiada por Araújo após análise laboratorial. Em janeiro de 2017 um novo sistema de registro de rótulos, o SigSif 2.0, deu agilidade e transparência ao processo, que agora é todo on-line e evita a interferência de vínculos pessoais com servidores e pressões de qualquer natureza.


Capa IMPORTAÇÃO

O setor privado não questiona as motivações, mas o entendimento sobre algumas questões-chave, como o congelamento. O entendimento comum a referências como o Codex Alimentarius, o regulamento europeu 853/2004/ EC e o US Code of Federal Regulations é a de submeter o produto a um congelamento a -20ºC ou cozimento acima de 60ºC como medidas suficientes para matar parasitas.

da Universidade Federal Fluminense (UFF), para discutir o tema com representantes da Anvisa, como a gerente geral de alimentos, Thalita Antony de Souza Lima. “A reunião foi boa para esclarecer alguns pontos e dúvidas e agora estamos preparando um documento para enviar a eles sobre nosso processo produtivo e sobre o mercado do pescado.”

De acordo com Thiago De Luca, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Pescado (Abipesca) e diretor da Frescatto Company, cabe às empresas respeitar o que foi proposto. “Mas não concordamos com este memorando e estamos produzindo laudos de especialistas para atestar a inocuidade ao consumidor dos parasitas que passarem por este tratamento térmico.”

A Abipesca também pretende conduzir uma discussão técnica com o Mapa, mas enquanto a reunião não acontece o setor faz contenção de danos. “Com a expectativa de crescimento e vontade de tornar a proteína de pescado importante na mesa do brasileiro, como é no resto do mundo, acho terrível o que aconteceu. Não dá nem para quantificar o que significa ser exposto na mídia como uma proteína que está infestada com parasitas.”

Dentro deste esforço, De Luca levou à Brasília o professor Dr. Sérgio Carmona,

Nos bastidores há relatos de rechaço de contêineres e prejuízos próximos aos

milhões de reais. Não há empresas em RAI por este motivo, já que os parasitas não estão entre o rol de irregularidades previstas para enquadramento no regime. Tais carregamentos não necessitam ser retidos, segundo o Dipoa, mas requerem maior atenção no processo de reinspeção. Na última consulta feita pela Seafood Brasil, em 15 de março, 10 notificações haviam sido registradas por “violação” deste parâmetro entre 2017 e 2018. Pescado de origem chinesa era a maioria, mas carregamentos da Noruega e do Alasca também haviam sido citados pelo mesmo motivo. Vasco Tørrissen Duarte, representante do Conselho Norueguês da Pesca no Brasil, entende que os parâmetros para inspeção relacionados aos parasitas no presente regulamento não contemplam esses mesmos produtos. De qualquer forma, o bacalhau é seguro, atesta: “Devido à intensa salga e procedimento de seca a que esses

1O BIMESTRE DE IMPORTAÇÕES | 2014 A 2018

China

Noruega

EUA

Volume Total

84.342.642 80.307.781 73.577.523

76.820.389

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2018 • 26

71.809.398

23.344.114

26.564.874 17.049.636 9.303.279

6.130.210

6.465.900

7.578.213

5.716.489

317.249

856.481

507.080

440.864

2014

2015

2016

2017

11.449.334 7.256.510 461.428 2018


Nem bacalhau está a salvo: embora os tratamentos térmicos e a salga matem os parasitas, Dipoa entende que os vermes podem causar alergia e repugnância no consumidor

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Luz negra e candle table O memorando circular do Dipoa traz como medidas compulsórias a adoção da candle table (uma mesa com iluminação para a retirada de parasitas) e a luz UV. O Codex Alimentarius fala em candle table, mas não em luz UV, que procura explorar a bioluminescência de vermes como os anisaquídeos. O setor pretende acatar as medidas, mas questiona os procedimentos de amostragem e posterior rechaço - considerados muito complexos e difíceis de cumprir.

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Leia a íntegra do documento em http://bit.ly/memorando_parasitas

produtos são submetidos, qualquer possível parasita é eliminado durante o processo e não representa qualquer ameaça à segurança alimentar.” Um representante de uma empresa do Alasca que preferiu não se identificar disse que o tema está sendo tratado pelo mercado internacional como uma “bobagem”. “O Brasil está atacando pelo lado de alérgeno, mas a prerrogativa dos norte-americanos, europeus e japoneses é o tratamento

térmico, que mata os parasitas. E lá eles podem remover os parasitas para deixá-lo apto para apresentação.” A fonte acredita que o produto inteiro não vai sofrer tanto, mas os filés empacotados ou a granel terão fiscalização mais intensa. Alguns norte-americanos já reconsideram a permanência no mercado brasileiro diante do cenário, enquanto outros já falam até em recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). Exportadores de outras origens não

sobem tanto o tom, mas lamentam o que consideram ser uma nova mudança nas regras do jogo. “O principal problema é a burocracia, as mudanças constantes de normativas do Mapa e, sobretudo, que em um mesmo país haja várias interpretações de regras e normativas que só prejudicam em vez de ajudar aos importadores – que colaboram a movimentar a economia do País”, ressalta Luis Cabaleiro, CEO da espanhola Interatlantic, que em 2014 faturou 20% da sua receita com o mercado brasileiro.


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Capa DIAPOA

10 perguntas ao Dipoa

E

m pleno caldo de críticas a que foi submetido o Dipoa depois da publicação do memorando, o chefe do serviço de investigação de violações e notificações do órgão, Paulo Humberto de Lima Araújo, concedeu uma entrevista à Seafood Brasil em que responde a perguntas sobre os pontos mais importantes levantados pela indústria. De maneira geral qual é a avaliação do Dipoa sobre a questão dos parasitas em pescado? A questão dos parasitas em pescado e sua necessidade de controle é bastante antiga, tanto que já estava presente no RIISPOA de 1952 e continuou com a publicação do decreto 9.013/2017. Nossa avaliação é de que se trata de um controle obrigatório das empresas, pois apesar de alguns processos de tratamento térmico ou de cura os inativarem sob o enfoque da transmissão parasitológica, outras questões devem ser consideradas no que se refere à defesa e à saúde do consumidor. Temos a sensação que nos últimos anos houve um certo relaxamento nos controles de parasitas das empresas em nível mundial, não somente no Brasil, talvez na confiança de que o congelamento seria a solução para todos os problemas. Com as sempre crescentes importações de peixes congelados e tendo em vista os volumes importados especialmente de espécies como polaca e salmão da pesca extrativa, passamos a observar níveis de presença de parasitas mais importantes.

1

Qual foi a trajetória de acontecimentos que levou à publicação deste memorando em 08 de fevereiro? Houve alguma consulta ao setor a respeito? Esta precisaria ter sido feita? Desde o ano de 2016, quando os processos de reinspeção passaram a ser intensificados, passamos a observar a presença de infestação maciça de parasitas, especialmente em salmão da pesca extrativa e, mais recentemente, em polacas e bacalhaus. Desde então

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2

iniciamos processos de notificação internacional às autoridades sanitárias para que as empresas e órgãos de fiscalização passassem a intensificar os controles de seus produtos. Sabemos que a infestação de parasitas em pescado existe, tanto que está prevista em programas de APPCC de empresas , quando é promovida a retirada mecânica ddos mesmos, bem como a retirada de partes mais infestadas. Que parâmetros determinam “infestação muscular maciça” e “aspecto repugnante”, mencionados no documento? O parâmetro adotado foi o disposto no CODEX STAN 190-1995 onde é considerada defeituosa a amostra que revele a presença de dois ou mais parasitas por quilograma de amostra encapsulados com mais de 3mm de diâmetro ou a presença de um parasita não encapsulado com mais de 10 mm. Os lotes que excederem esses limites, dentro de cada nível de aceitação, devem ser julgados impróprios para o consumo humano.

3

Alguns exportadores dizem que o congelamento ou cocção são ferramentas aceitas pelo DG Sanco e USDA/FDA para eliminar o risco de parasitas. Conforme a bibliografia consultada, o entendimento do Mapa é de que mesmo que as larvas do anisakis sejam sensíveis ao congelamento (-20ºC) e cocção (+60ºC), existe risco de alergias. Isso é consenso entre especialistas? Pesquisas mais recentes vem apresentando este fator de risco relacionado ao anisakis ainda que inativado termicamente, o que reforçou nosso entendimento de que é fundamental o controle da parasitose ainda nas etapas iniciais do processamento. Além da questão das alergias é importante ressaltar que nenhum consumidor em sã consciência aceitaria consumir o peixe com parasitas se soubesse que assim se encontrava. Relatos de consumido-

4

res que perceberam estes parasitas no momento do preparo ressaltam esta indignação com relação a este tipo de produto. Nesse sentido cabe às empresas controlarem este aspecto de repugnância , assim como as autoridades sanitárias importadoras e exportadoras reforçarem seus controles. A adoção da candle table e a luz UV são compulsórias? O Codex Alimentarius fala em candle table, mas não em UV. Outra referência internacional foi consultada a respeito? Para os estabelecimentos nacionais sim, mas não podemos obrigar os estabelecimentos internacionais a utilizarem este método, que vêm demonstrando eficácia no que se refere ao controle dos anisaquídeos, dada a sua bioluminescência. Quando estivemos em auditoria na China pudemos observar a sua utilização na rotina de uma empresa.

5

Qual foi o critério para estabelecer a lista das principais espécies mencionadas no documento? Literatura científica, espécies mais importadas e experiência profissional por parte de nossa equipe auditora. Não se trata de uma lista fechada, mas exemplos que servem de guia para a nossa fiscalização. Cada empresa deve ao estabelecer o seu programa APPCC quais são os perigos para cada espécie. Cabe aos responsáveis técnicos das empresas processadoras estudarem e determinarem estes perigos com base científica.

6

Qual a razão pela qual produtos de aquicultura não foram incluídos? Como disse anteriormente na lista foram citadas “algumas das principais espécies de pescado de interesse comercial com relevância para o perigo parasita”. Até o presente momento não temos nos deparado com a infestação maciça em espécies de cultivo, mas a inspeção visual sobre este perigo deve ser aplicada tanto na pesca extrativa , quanto na aquicultura.

7


Portanto, a inspeção no peixe fresco é essencial pois neste momento podemos efetivamente promover a retirada mecânica dos parasitas ou mesmo de regiões altamente infestadas. Existe alguma distinção entre matéria-prima e produto acabado (processado na origem)? O momento em que é possível fazer a intervenção é no peixe ainda fresco. Por esta razão reforçamos a importância de que o controle seja feito pelas empresas

9

durante este processo. Para quem importa o peixe já congelado cabe salientar a importância de se trabalhar seriamente nas especificações de compra. Sabemos que no mercado existem tabelas diferenciadas de preços e neste momento cabe à empresa importadora definir exatamente o produto que quer fracionar, distribuir ou processar como matéria prima. Houve alguma comunicação a autoridades sanitárias internacionais? Desde a primeira verificação realizamos a notificação ao país exportador, salientando que pela norma nacional tais produtos não eram aceitáveis. Quando notificamos pelas vias diplomáticas incluímos os laudos de inspeção com fotografias e damos um prazo de sessenta dias para a apresentação de informações sobre a investigação das causas e adoção de medidas corretivas. Quando não são encaminhadas respostas dentro do prazo determinado, a empresa é suspensa até o envio da manifestação pelas vias diplomáticas.

10

Alexandre Campos, José Luis Ravagnani Vargas e Paulo Humberto Araújo, do Dipoa: sob nova direção, divisão incrementou rigor a níveis inéditos

As empresas cujos produtos apresentaram esta irregularidade não entram em Regime de Alerta de Importação, tendo em vista não se tratar de uma análise laboratorial, mas são lançadas numa lista de atenção na página do Alerta de Importação (http://bit. ly/alerta_importacao), no link “Lista de estabelecimentos com notificações não passíveis de abertura de RAI”.

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O documento não faz menção a pescado fresco? Existe registro de problemas com parasitas em pescado fresco importado ou nacional? No início do anexo citamos que: “A inspeção oficial sobre o pescado tem a premissa de verificar a execução dos procedimentos pertinentes ao monitoramento desta condição pelo estabelecimento na recepção e elaboração do pescado fresco e congelado, de maneira que garanta segurança sobre o produto final oferecido ao consumidor.

8


Capa EXPORTAÇÃO

Embargo preventivo Depois de auditoria europeia que revelou falhas, SDA decide suspender exportações antes de uma futura retaliação do bloco e recebe críticas “de açodamento”

H

ouve num sobressalto geral quando o setor se inteirou de que inspetores da DG Sante, agência responsável pela política europeia de saúde e segurança dos alimentos, fariam uma missão entre 11 e 22 de setembro de 2017. Cinco anos antes, os auditores haviam estado no Brasil e fizeram uma série de recomendações de melhorias nos sistemas de inspeção. No relatório da missão mais recente, a que a reportagem da Seafood Brasil teve acesso, os europeus reconhecem melhoras, mas ainda apontam o sistema oficial de controle dos produtos remetidos à UE como parcialmente satisfatório. A conclusão do documento indica que o controle é falho em dois pontos associados à produção primária pesqueira. Os barcos não passariam por inspeções das autoridades competentes de forma a garantir a conformidade do produto com os requerimentos europeus. Por outro lado, a UE não concorda com o entendimento da legislação brasileira de que os barcos congelado-

res brasileiros também fazem parte da produção primária: para os europeus, são estruturas industriais e, como tal, devem receber inspeção de acordo. Uma das demandas da missão de 2012 foi a formação de uma lista de estabelecimentos, que foi preparada pelo governo brasileiro, mas cuja implementação até 2017 teve “sérias deficiências”, segundo os europeus. “Por um lado, na lista de estabelecimentos não aplicáveis e, por outro, na falha manifesta de detectar e/ou agir em inconformidades em um número significativo de estabelecimentos visitados”, diz o texto, segundo o qual ainda algumas das 8 medidas recomendadas foram completamente ignoradas. A missão visitou 5 pontos de desembarque de pescado, 2 barcos congeladores, 1 barco fábrica e 9 unidades de processamento. A amostra é pequena, mas o resultado foi desastroso para todos. O relatório final com todos os resultados foi divulgado em 19 de dezembro e, apenas um dia depois,

Na época da divulgação do documento, as críticas recaíram diretamente sobre a pesca industrial, mas se por um lado o relatório europeu reconhece as falhas nos estabelecimentos, é bem claro em direcionar a responsabilidade geral ao governo – ou à falta dele. “Baseado nos documentos fornecidos durante e no fim da auditoria, a equipe conclui que, até outubro de 2015, quando o MPA era a autoridade competente para o controle da produção primária, barcos congeladores e pontos de desembarque, desde a dissolução do MPA ficou indefinida a autoridade competente por estas áreas.” Os exportadores reclamam da celeridade com que o Mapa decidiu suspender as vendas externas por meio do Memorando nº 209/2017. “Os europeus deram 15 dis para o governo

Eumar Novacki e o ministro do Mapa, Blairo Maggi: sensível ao setor, secretário designou chefe da superintendência em SP para coordenar auditorias

Arquivo/Agência Brasil

Fim do MPA deixou barcos sem órgão incumbido de inspecioná-los; UE não perdoou

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a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Mapa, à qual o Dipoa está submetido, resolveu suspender preventivamente as exportações para enviar um plano de ações aos europeus.


1º BIMESTRE DE EXPORTAÇÕES | 2014 A 2018

400.000

350.000

300.000

250.000

Volume (KG)

200.000

150.000

100.000

50.000

0 2014

2015

2016

2017

2018

27.450

4.230

209.680

257.717

350.340

Filés de Tilápia Pargo Lagostas Congeladas Tambaqui Peixe congelado Total

18.160

0

116.430

109.428

165.229

156.534

76.396

182.317

62.126

200.866

14.530

11.080

9.400

83.360

40.350

0

0

0

1.055

57.020

1.759.248

1.382.146

2.225.386

2.272.342

1.662.434

4.345.294

4.519.918

6.067.079

7.413.346

3.169.228

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2018 • 33

Pescadas


Capa EXPORTAÇÃO Bottarga feita de ovas de tainha: um dos produtos ascendentes na exportação brasileira sofre diretamente com o veto à UE, principal cliente

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brasileiro se pronunciar e 30 dias para um plano de ação”, indica Cadu Vilaça, diretor técnico do Coletivo Nacional da Pesca e Aquicultura (Conepe). Apesar do tempo exíguo, ele considera que haveria condições para uma contra argumentação ou pedido de extensão de prazo antes da suspensão. “O tempo está passando, já estamos com mais de 120 dias e efetivamente nada de concreto aconteceu.” Enquanto contabilizavam os prejuízos, os empresários participaram de algumas reuniões em Brasília e viram uma abertura de diálogo sobre o tema. Em paralelo, o titular da SDA, secretário Luis Eduardo Rangel, determinou a laboração de um plano de ação com medidas corretivas que já enviado à UE, mas a cuja versão final o setor não teve acesso. A reportagem pediu uma cópia à DAS, mas recebeu a resposta de um assessor de Novacki que o documento tem tramitação restrita. “O Plano de Ação, em linhas gerais, foi feito com base nas exigências da parte europeia e implica em providências conhecidas pelo setor (adequação de estabelecimentos, certificação de embarcações etc)”, disse a fonte. Apesar de reconhecer boa vontade de Novacki, o Conepe vê falta de trans-

parência no processo. ”Eles prometeram coisas neste plano sem que, em nenhum momento, o setor fosse consultado”, afirma Vilaça. A assessoria do secretário insiste que nas reuniões com o setor as medidas já haviam sido apresentadas. No âmbito internacional, uma ação complementar ao plano em discussão é a formação de uma comitiva governamental, com alguns empresários, para explicar o limbo institucional por que passa o Brasil no setor do pescado e, eventualmente, negociar prazos mais dilatados para o cumprimento das normas. Enquanto isso, o DG Sante mantém todos os estabelecimentos brasileiros autorizados para a exportação, mas como a SDA suspendeu em 3 de janeiro a emissão de certificados nenhum contêiner pode entrar. A não ser por via judicial, como conseguiu a potiguar Pesqueira Nacional. Uma carga de atum e meca capturada e processada por um barco-fábrica espanhol foi liberada por liminar e, até o fechamento desta edição, tinha previsão de chegada para meados de março. Havia muita expectativa sobre o sucesso da operação, que pode criar jurisprudência para outros exportadores afetados.

Na esfera regional, outra medida do Mapa foi designar a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) como entidade responsável para auditar as embarcações e cobrir o buraco apontado pelos europeus em Santa Catarina – Estado onde se situa a maior parte dos pontos auditados na última missão. Os seis veterinários designados pela entidade passaram por um treinamento com um checklist elaborado pelo Dipoa para seguir as exigências europeias e já iniciaram as inspeções em barcos e atracadouros. “Nós estamos trabalhando contra o relógio, para que possamos retomar as exportações de pescado o quanto antes. A União Europeia é um importante mercado, que nós temos plenas condições de reconquista”, ressaltou na ocasião do treinamento o secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, Moacir Sopelsa, a quem a Cidasc é subordinada. Em âmbito nacional, o secretário-executivo Eumar Novacki designou que o chefe da Divisão de Defesa Agropecuária da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SFA) de São Paulo, Esequiel Liuson, comande as vistorias em todo o País. Ele já convocou as entidades para uma reunião em São Paulo para discutir o tema com o setor. Uma das ideias elencadas é elaborar um manual em conjunto que uniformize todos os procedimentos. Como não falta quem queira vender à UE, o impacto aos europeus de perder produto brasileiro é mínimo. Mas há quem dependa exclusivamente do mercado. Os dados de exportação já refletem impacto negativo. “Prejudicou toda nossa estratégia. Estivemos em Bruxelas, conseguimos clientes, enviamos amostras e, quando conseguimos concretizar negócios com a França, Espanha e Inglaterra, veio a proibição. Vemos que todo o esforço vai para a lata do lixo, porque os importadores vão perdendo a confiança no que falamos”, conta Cassiano Fuck, sócio da Bottarga Gold.


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Capa BRASIL EM BOSTON

Convite para o clube mundial do pescado

N

a última Seafood Expo North America (Sena 2018), o Brasil participou de uma festa a que o panga não foi convidado. Acossados por um aumento na fiscalização do Department of Agriculture’s Food Safety and Inspection Service (FSIS), o equivalente ao Dipoa, os vietnamitas simplesmente não apresentaram o pescado na feira. Mais: no fim de fevereiro entraram com uma reclamação na Organização Mundial do Comércio (OMC), com o argumento de que o regime de inspeções do panga representa “comércio injusto”.

Igor Castro/Apex-Brasil

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Sem o principal competidor em um mercado de preço como são os Estados Unidos, a tilápia reinou soberana. O destaque ficou evidente nos corredores da feira e até no pavilhão montado pela Apex-Brasil em Boston, que recebeu 17 empresas além da PeixeBR e o Sindicato das Indústrias de Pesca do Ceará (Sin­dfrio-CE). A Geneseas Dell Mare se projetou com a certificação ASC, uma espécie de convite para o clube internacional de fornecedores de tilápia com qualidade. “Mercados ma-

duros buscam cada vez mais as certificações.” A empresa exporta em torno de 25% da nossa produção de filé de tilápia, mas quer incrementar o volume. “São 10 anos exportando, mas queremos incentivar a divulgação da qualidade e frescor da tilápia brasileira”, ressalta Davis. A logística favorece o negócio, já que o Brasil tem disponibilidade de voos diretos para Miami, Dallas e Nova York. Por isso a profusão de brasileiros focados na tilápia. Ao menos sete empresas apresentaram tilápia no seu portfólio, como a Copacol, Royal Fish e até a Tilabras – que já povoou seus tanques em Selvíria (MS) e em breve deve começar a processar. Os peixes nativos já têm mais restrição de entrada, como avaliou o presidente da PeixeBR, Francisco Medeiros. “Tivemos até fechamento de contêiner de pirarucu na feira, mas o grande problema da espécie é que é direcionada para restaurantes de reconhecido valor sem manutenção do volume e qualidade.” A falta de regularidade no fornecimento expõe uma deficiência produtiva que impede uma expansão maior. “Falei com um comprador Pirarucu: falta de regularidade no fornecimento prejudica expansão do negócio

Tilápia certificada foi um dos produtos mais buscados da feira: Geneseas saiu na frente

que está com dificuldade de cumprir seus contratos. Hoje ele compra um contêiner a cada cinco meses, mas daria para adquirir um contêiner mensal.” A necessidade de se desenvolver o mercado para os nativos e a melhoria da competitividade em commodities como a tilápia são flagrantes, segundo Medeiros, mas o apoio dado da Apex-Brasil nos EUA mostra que a agência deve suportar adequadamente a entrada definitiva do País no clube do maior negócio de proteína animal do mundo. “A estrutura da Apex é fantástica, é uma agência brasileira com grande expertise em feiras internacionais”, sublinhou. A boa impressão parece ter sido unânime. “Gostei muito da organização e da forma com que eles estiveram na feira buscando negócio aos associados do pavilhão. Não estão ali para expor a marca Brasil, mas para gerar negócios”, avaliou Davis. A expectativa da agência, não confirmada até o fechamento desta edição, era gerar US$ 100 milhões de oportunidades. A julgar pela visão dos exportadores, será ainda mais.


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Capa FIP

A caminho da MSC

C

ada vez mais as certificações internacionais são passaportes de acesso a mercados. O fornecedor com a produção avalizada por uma certificadora internacional de prestígio pega outra fila no negócio mundial do pescado. É por este motivo que uma silenciosa conquista brasileira no âmbito da feira de Boston merece registro. A lagosta brasileira capturada no Ceará está cada vez mais próxima da certificação da Marine Stewardship Council (MSC). As duas espécies mais comuns na região de Icapuí (CE), a vermelha (Panulirus argus) e a verde (Panulirus laevicauda), fazem parte de um Projeto de Melhoramento de Pescarias (Prome ou Fisheries Improvement Project - FIP) conduzido pela ONG CeDePesca, dirigida pelo argentino Ernesto Godelman. O projeto envolve uma política de melhoria na qualidade do produto e redução de esforços de pesca e é apoiado por seis empre-

sas: Compex, Icapel, Maris, Condessa, Ipesca e Santa Lavínia. As lagostas representam um negócio de US$ 60 milhões em exportações para os EUA e Ásia e envolvem mais de 15 mil pescadores, motivo pelo qual se procurou assegurar a sustentabilidade do estoque. A última atualização do projeto, apresentada discretamente em Boston a um grupo de importadores, mostrou uma melhora sensível no indicador BMT (criado pela MSC): de 0,24 a 0,55. De acordo com Cadu Vilaça, que representou o CeDePesca e o Sindfrio-CE na região, os números têm grande significado. “Quando este índice estiver perto de 0,8 já teremos condições de pleitear a certificação MSC.“ Segundo ele, os norte-americanos valorizaram a conquista, mas parabenizaram ainda mais os brasileiros pela projeção que o segmento conquistou no âmbito das políticas públicas.

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A cauda da lagosta vermelha congelada é um dos principais produtos de exportação do Brasil

Em novembro do ano passado, Vilaça foi formalmente convidado como representante do CeDePesca a integrar o Comitê Permanente de Gestão da Pesca da Lagosta. Neste fórum, as sugestões do especialista foram integralmente adotadas. A partir de 2019, terá início um sistema de gerenciamento baseado em uma taxa de Captura Total Permitida (TAC) de 4 mil toneladas métricas para lagosta vermelha e 900 toneladas para lagosta verde. Outras medidas são: a proibição da venda de lagosta no mercado doméstico durante os últimos 4 meses do defeso e a obrigatoriedade de a lagosta chegar viva às plantas de processamento, o que garante segurança alimentar e evita métodos ilegais de captura comuns na região, como marambaias – sucatas jogadas no fundo do mar que formam abrigos artificiais aos crustáceos e os tornam presas fáceis para mergulhadores. Para implementar estas políticas foi formado um grupo de trabalho do qual a CeDePesca também fará parte.


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Capa APEX

“Brasil não explora seu potencial”

I

gor Brandão é o gerente de agronegócios da Apex-Brasil e já viu esse filme antes. Um potencial represado e empresas sedentas para crescer no exterior, mas algo impede que o negócio deslanche. “De fato enxergamos e estamos convencidos de que o Brasil não explora seu potencial em relação ao setor de pescado.” A equipe coordenada por Brandão tem recebido muito subsídio dos entes privados da cadeia produtiva, como a PeixeBR, Abipesca e ABCC. O namoro já era antigo. A Apex-Brasil sonda a possibilidade de criar um Projeto Setorial específico para iniciar a internacionalização do setor há muitos anos, mas chegou a achar que não havia interesse. No ano passado, o cenário mudou com uma atenção renovada das entidades e até dos poucos remanescentes da Secretaria de Aquicultura e Pesca que ainda tentavam colaborar com a inserção internacional do peixe brasileiro em meio ao desmonte federal da pasta. O processo culminou na montagem e gestão do pavilhão brasileiro na Seafood Expo North America – considerado um sucesso entre os expositores. Como a Apex-Brasil se aproximou do setor? A partir do ano passado, fizemos uma aproximação com a secretaria da aquicultura e pesca, ainda dentro do Mapa, para dividir esta visão sobre o potencial com eles. Fizemos algumas imersões em Boston e Bruxelas no ano passado e, entre junho e julho de 2017, criamos o que chamamos internamente de um fórum de inserção internacional do setor.

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Este fórum trouxe, além dos parceiros de governo (SAP, Mapa, Sebrae, ANA, BNDES) a PeixeBR, Abipesca e ABCC. Ali discutimos de forma ainda rasa, os porquês da nossa falta de penetração no mercado internacional. Vimos que havia vários potenciais a serem explorados e era uma questão de, em alguns casos, destravar negócios. Percebemos que existe uma agenda produtiva específica a cada entidade, mas esta questão da internacionalização unifica corações e mentes em prol de um só objetivo. Saímos com o encaminhamento de colocar, numa visão única, uma espécie

de planejamento estratégico do setor com todos os desafios e como podemos endereçar cada um deles. Agora em abril teremos uma consultoria contratada para trabalhar este diagnóstico e esta agenda de aumento da competitividade. O que é possível antecipar deste estudo? Há um gargalo para o uso de águas da União. Percebemos que várias coisas poderiam fluir mais rápido em termos de licenciamento e investimento pelo uso destes espaços para a produção e processamento do pescado. Este é um tema que certamente iremos

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Igor Brandão, gerente de agro da Apex-Brasil: organização setorial e a criação de um Projeto Setorial específico potencializaram inserção internacional de outras cadeias


Por outro lado, já notamos que há um gap de investimento no setor. Os anúncios da Copacol e C.Vale foram impactantes, mas achamos que os investimentos devem e podem ser acelerados se queremos alavancar. Como a Apex-Brasil pode colaborar? Escolhemos duas ações para iniciar nosso trabalho de promoção do setor. Fizemos prospecções nas feiras internacionais e a feira de Boston do ano passado deixou evidente a importância

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do mercado e do evento. Apesar da nossa pouca inserção, os EUA é nosso principal cliente e é fundamental ter uma boa apresentação e presença em Boston como forma de manter o mercado que já está aberto e lançar as bases para a nossa ampliação para os próximos anos. Outro produto é uma missão compradora para o segundo semestre. A ideia é contemplar outros mercados além dos EUA, para trazer distribuidores e potenciais compradores estrangeiros ao Brasil. Estamos escolhendo um evento âncora para reunir os players nacionais com este intuito. É uma forma de dar a oportunidade de

exportar a empresas que ainda não podem ir a feiras internacionais. Como inserir a pesca extrativa dentro destas ações? Nossa prioridade é a aquicultura, mas isso não tem nada a ver com preterir a pesca. Tem a ver com capacidade de expansão, fornecimento regular, ambientes mais controlados e segurança no fornecimento. Temos esta visão, a ser confirmada ainda a partir do estudo, de que estruturando a cadeia, com os investimentos certos, com a facilitação interna com os órgãos reguladores, conseguiremos alçar a um patamar bem diferente.

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destrinchar, ver qual é o papel de cada agência, e onde há possibilidade de desburocratização.


Capa OUTRAS PROTEÍNAS

Outras proteínas animais: pesquisa, gestão e apoio governamental

N

o lançamento do último anuário estatístico da PeixeBR, em fevereiro, uma presença chamou a atenção. Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), mostrou seu entusiasmo com a expansão do setor e ressaltou a seriedade que enxerga nos empresários da aquicultura brasileira. Na entrevista a seguir, ele conta como cadeias de grande êxito internacional como a avicultura e suinocultura podem servir de referência. Quais foram as características que fizeram com que as cadeias brasileiras de suínos e aves se tornassem líderes mundiais, mesmo que o consumo doméstico de ambas as proteínas tenha crescido ao longo dos anos? O Brasil é hoje o maior exportador e segundo maior produtor de carne de frango e quarto maior produtor e exportador de carne suína graças a uma série de fatores que vão de características naturais à gestão competitiva do setor, passando por outros fatores externos.

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Um dos alicerces deste sucesso é a gestão profissionalizada da cadeia produtiva, que permitiu ao país ser um dos mais competitivos produtores de proteína animal do mundo. Anos de investimentos em genética e estruturas de produção permitiram ao país avançar em ganhos produtivos que despontam entre os melhores da avicultura e da suinocultura mundial. Ao mesmo tempo, nenhum grande produtor mundial desfruta de um status sanitário como o brasileiro. Nunca houve qualquer registro de influenza

aviária no Brasil, e também não temos enfermidades como febre suína clássica ou diarreia suína epidêmica. Fruto de uma estrutura eficiente de produção e de um clima favorável. O clima é aliado, também, em outros fatores, como o reduzido consumo energético e a farta oferta de insumo, como o milho e a soja. Diferente da maioria dos países no mundo, não precisamos importar estes insumos. Temos em abundância em nossos campos e silos. Além disto, temos um sólido sistema de controle de qualidade nas estruturas produtivas, fiscalizado pelo Ministério da Agricultura, pelos 160 países importadores e pelas mais de 1 mil auditorias privadas que visitam as agroindústrias dos setores todos os anos. E, neste contexto, é fundamental destacar o papel das entidades para o desenvolvimento setorial. Graças a um trabalho de excelência em termos de relações governamentais e promoção setorial (em parceria com a Apex-Brasil), conseguimos conquistar novos espaço para os produtos brasileiros. O sr. acompanha a cadeia de pescado? Qual é sua visão sobre o estágio de desenvolvimento deste setor? O setor de pescado está caminhando para estruturar um novo momento para o setor produtivo. O consumo per capita tem crescido no Brasil e há exportações significativas. Estive em contato com a equipe da Peixe BR e vejo que há um espírito de grande empreendedorismo neste setor produtivo, com empresários dispostos a investir e

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caminhar para uma internacionalização ainda mais sólida, além de galgar mais espaço no prato do brasileiro. Acredito que o setor está em momento intermediário, caminhando para um horizonte otimista, com grandes oportunidades. No Brasil, as exportações de pescado não saem de US$ 200 milhões há cinco anos e nossa balança comercial é deficitária em mais de US$ 1 bilhão. Na sua visão, o que as cadeias de suínos e aves podem oferecer como legado ao setor de pescado nos âmbitos da produção, atuação governamental, organização da cadeia produtiva, representatividade institucional etc? Creio que este é um cenário que já caminha para uma mudança. A conquista do mercado internacional é complexa, depende de fatores que vão muito além da oferta e da demanda. No entanto, há um aumento do interesse e novos entrantes neste setor – agroindústrias que estão produzindo e processando pescado. Alguns destes, inclusive, são agroindústrias produtoras e exportadoras de aves e de suínos.

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Neste cenário, a avicultura e a suinocultura poderá compartilhar décadas de conhecimento nas relações com o mercado internacional com o setor de pescados. Temos elementos básicos que envolvem estes negócios, como projetos setoriais constituídos, relações governamentais internacionais estruturadas e outras vias que poderão contribuir neste processo. Por estar cada vez mais unidas, as cadeias produtivas do agronegócio tendem a


Francisco Turra (segundo da dir. à esq.), com Dayvson Franklin de Souza (SAP), Francisco Medeiros (PeixeBR) e Ricardo Neukirchner (PeixeBR/Aquabel): unidas, cadeias do agro contendem a constituir sinergias ao desenvolvimento

constituir sinergias que ajudarão no desenvolvimento mútuo. O sr. enxerga que o pescado poderia ser inserido dentro do rol de atividades da ABPA, já que também se trata de uma proteína animal? Dentro do espírito que mencionei anteriormente, acredito que sim, que esta possibilidade existe e que pode ser benéfica aos vários setores produtivos envolvidos. Com a renda média mundial ascendente, a expectativa é que os países (especialmente os emergentes) demandem cada vez mais proteínas (sejam elas avícolas, suinícolas ou pescado) em substituição aos carboidratos. A ABPA, que tem longa experiência e foi determinante para o desenvolvimento da avicultura e da suinocultura do Brasil, também pode cumprir um importante papel para o setor de pescado.

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Pescados com qualidade

Matéria-prima da melhor procedência, ótimas práticas de fabricação, instalações que respeitam a legislação e equipamentos de congelamento ultrarrápido são alguns dos fatores que garantem o padrão de qualidade Natubrás. São camarões, lulas, mexilhões, polvos e cortes nobres de peixes, em embalagens práticas e seguras ao consumidor.

www.natubras.com.br

Fone: (47) 3347-4800 | Balneário Piçarras – SC

Um empr a respe esa que ita o mei ambi ente o

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do Exija cedor e n r fo seu alidade a qu dutos pro dos ás ubr a N t

O sabor que faz a diferença


Na

Gôndola

nova linha de camarões da Rio & Mar, que vai do 36/40 descascado e eviscerado com télson em embalagens de 400g ao 120/150 congelado inteiro em pouches de 800g. Tudo com zip-lock para tirar só o necessário à receita.

A oferta de peixes, crustáceos e moluscos

embalagens de 1 kg, o produto é feito com 100% de filé, segundo garante a empresa.

De bandeja para o cliente A NutraFoods introduz três lançamentos na linha já abrangente de pescado: o camarão rosa 26/30, as porções de salmão e as postas de cação em bandejas similares às de queijos fatiados, que permitem reutilização. Tudo a vácuo, para garantir a qualidade e as características dos produtos.

Petiscos populares e refinados

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A Costa Sul procura agradar a todos os gostos e bolsos com os dois produtos que incorpora à linha de processados. Aos consumidores gourmet, apresenta o salmão chileno defumado no Brasil e já fatiado em embalagens de 100g. A quem gosta de um peixe frito, a manjuba inteira congelada em pacotes de 800g passa a fazer parte do mix.

Junto ou separado Para comer no almoço em família, na janta do casal ou no almoço do solteiro. Esta é a filosofia da

Família em crescimento Polaca empanada A Magic Fish, marca da Fênix Alimentos, apresenta a nova embalagem de cortes de filé de polaca empanado. Envasado em

A Ecil continua aumentando sua “prole” de produtos com a marca Inak, cujo kani é o produto mais conhecido no varejo brasileiro. O “filho” mais novo é o filé de polaca do Alasca sem pele em pacotes

Seleção do camarão A Vivenda do Camarão segue com a aposta na linha de produtos ao varejo com cinco pratos-prontos a um preço sugerido de R$ 24,90: camarão com arroz e batata palha ao molho Alfredo, 4 queijos, creme de palmito ou provençal, além da famigerada paella.


Prático e sustentável A Korin empresta seu prestígio no ramo de produtos saudáveis e sustentáveis ao segmento de pratos prontos com esta opção de cubos de peixe ao molho de limão, purê de batata doce e arroz integral. O produto integra a linha Fitness da

marca Merci Chef, vitrine da empresa para produtos orgânicos e naturais com toque de praticidade.

Tilápia com sotaque mineiro Tradicional fornecedora dos churrascos mineiros com carne bovina, a Plena Alimentos incorpora à linha o filé de tilápia em pacotes de 400g. Finca assim um pé no pescado como uma forma de aproveitar a logística e o já tradicional mix de produtos supergelados.

Merluza Pif Paf A Pif Paf é outro caso de empresa especializada em outras proteínas animais que investe no pescado. A linha PescaNobre já contempla cortes de bacalhau, cação, tambaqui, panga, polaca, piramutaba, tilápia, pintado, salmão e sardinha e agora vai passar a contar também com o filé de merluza em pacotes de 1 kg.

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de 800g, que já começa a percorrer supermercados de todo o País. Nos próximos meses, a empresa projeta ainda desenvolver expandir a família com camarões, filé de merluza e postas de cação.


Na

Gôndola

sentados

Produtos apre

TS SHOWCASE

no NEW PRODUC

na feira

PO NORTH SEAFOOD EX AMERICA 2018

Pescado para iniciantes A Iceland’s Finest pretende ajudar os interessados a “iniciar” no consumo de pescado com uma série de kits com antepastos italianos, tapas espanholas e petiscos franceses (hors d´oeuvre). A mais nova opção, que venceu o concurso o último concurso Seafood Excellence Awards na categoria Varejo, é um creme com ovas masago para petiscar.

cias. É com esta ideia que a Chicken of The Sea faturou o prêmio de melhor produto para food service na feira de Boston.

Wraps bem recheados Com um toque de tempero havaiano em sachês, a Bantry Bay America aposta no recheio para wraps com camarões argentinos com vegetais e abacaxi envasado em skin pack. Pronto em 6 minutos sem necessidade de descongelar, este mix para ser aberto e frito com duas colheres de azeite. Depois é só colocar na massa enroladinha e comer.

O novo ceviche

Presunto de atum

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Fatias de atum yellowfin temperadas para sanduíches, saladas e outras delí-

O poke – prato havaiano similar ao ceviche – é febre nos Estados Unidos. De olho na tendência, a Blue Hill Bay lançou na feira uma tigela (bowl) com cubos de peixe levemente curados com sal e defumados. Acompanham o produto um pacote de arroz, molho e um tempero.

Bifinhos de salmão selvagem O salmão sockeye capturado no Alasca pela Trident Seafoods é a matéria-prima principal do mais novo produto da Jack Links, famosa pelos “bifinhos” de carne bovina curada (jerked beef). O mesmo processo é aplicado ao peixe, que vem defumado nos pequenos pacotes de 23g.

Tapas espanholas A Pescanova bebe na tradição espanhola para fazer os norte-americanos comerem tapas. A série de produtos com espetinhos é envasada em bandejas com atmosfera modificada em três diferentes sabores: camarão argentino com cubos de dourado do mar (mahi mahi) com ervas cítricas; camarão argentino com manteiga e alho; e o camarão cinza com tempero mexicano chipotle.


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Especial

O petróleo aquícola

Pragmatismo e resiliência transformam o camarão em segundo item na pauta exportadora do Equador, a maior potência da carcinicultura latino-americana

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Texto: Ricardo Torres* | Fotos: Seafood Brasil e Shirley Suasnavas/Orly Saltos/CNA Ecuador

Q

e no Equador, monitoraram de perto a chegada deste contêiner. Antes dele, outra empresa despachou duas amostras de 200 kg em dezembro do ano passado e janeiro agora.

Em fevereiro deste ano, a maior exportadora de vannamei cultivado em terras equatorianas viu um importador brasileiro abrir o primeiro contêiner com o produto em duas décadas. A Santa Priscila e todo o setor, no Brasil

Desta vez o cenário não era dos mais favoráveis, com a autorização pelo Mapa apenas para caudas descascadas e evisceradas, além da perspectiva de retaliação da ABCC. Ainda assim, como sustentou o próprio Camposano em entrevista à Seafood Brasil no início de 2017, o Brasil valia a pena. O porta-voz da CNA ecoa a indústria. “Seria até irresponsável para uma empresa como a nossa não tentar a maior quantidade de mercados possíveis”, indica o diretor da Santa Priscila, Diego Puente.

uando José Antonio Camposano, presidente da Câmara Nacional de Aquicultores do Equador (CNA), propôs aos associados em meados do ano passado que houvesse uma arrecadação para contratar advogados capazes de defender o ingresso do camarão no Brasil, ouviu muitas respostas negativas. “Havia e ainda há muito ceticismo, mas alguns exportadores nos apoiaram e o benefício agora é comum a todos.”

O esforço para conseguir abrir o mercado brasileiro apesar das inúmeras dificuldades ilustra o pragmatismo que impera na carcinicultura do Equador – um país com mais de 220 mil hectares de viveiros escavados para a produção do vannamei. A área é quase 10 vezes maior do que a utilizada para a atividade no Brasil e abriga, praticamente em sua totalidade, sistemas de cultivo semi-extensivos – até 15 camarões por m3 e 1500 a 1800 kg de produção por hectare. De fato, os sistemas superintensivos não são populares por lá. “Há sistemas intensivos no sul, com ciclos fechados, recirculação, geomembranas e liners nos viveiros, mas isso corresponde a, no


Oceano Pacífico ZONAS DE CULTIVO DE CAMARÃO

ESMERALDAS Esmeraldas

PAÍSES/REGIÕES

Volume (Kg)

Receita (US$)

Preço médio (US$/kg)

218.472.371

1.415.001.962,25

$6,48

ESTADOS UNIDOS ATLÂNTICO

44.238.349

294.761.336,44

$6,66

3

ESTADOS UNIDOS PACÍFICO

25.183.038

172.830.113,39

$6,86

4

ITÁLIA

21.103.247

141.562.058,34

$6,71

1

VIETNÃ

2

5

FRANÇA

6

COREIA DO SUL

26.001.515

181.705.403,54

$6,99

9.553.936

70.915.807,66

$7,42

7

ESPANHA

32.786.734

218.158.138,56

$6,65

8

CHINA

15.444.354

107.077.525,76

$6,93

9

RÚSSIA

4.797.031

29.174.608,81

$6,08

10

CHILE

2.179.116

15.651.791,68

$7,18

29

BRASIL

26.800

229.853,60

$8,58

425.733.980

2.860.631.432,78

$6,72

TOTAL

MANABÍ Portoviejo

EQUADOR SANTA ELENA Santa Elena

GUAYAS Guayaquil

EL ORO Machala

Fonte: Estadistic S.A.

A análise dos dados de exportação mostra que o caminho escolhido surte cada vez mais o efeito desejado. Desde que superaram a mancha branca, em 2006 (leia mais detalhes adiante), os carcinicultores crescem a uma taxa média de 15% ao ano. A indústria do camarão equatoriano só perde para o petróleo

na pauta do comércio exterior: fechou 2017 com mais de 425 mil toneladas exportadas a 52 países.

A depender dos produtores, em breve assim será no Brasil, em convivência harmônica com o produto nacional. “Nosso produto não vai competir com este produto de consumo massivo”, diz Camposano. “Queremos atingir faixas de mercado desabastecidas por camarão superior a 10g. Tudo o que se produz no Brasil se seguirá vendendo, mas convém a todos que o consumo de camarão se incremente. A concorrência não é entre produtores e exportadores de camarão, nosso ‘inimigo’ são as outras proteínas animais”, defende.

Este é um negócio visceralmente atrelado à exportação. De toda a produção, cerca de 30 mil toneladas vão para o consumo doméstico. Para um país de 16 milhões de habitantes isso é muito. O reflexo disso é que há camarão por toda a parte, principalmente na costa equatoriana. Durante a visita da nossa reportagem às províncias de Guayas e Santa Elena, entre 15 e 18 de janeiro, vimos que o acesso é democrático: do ceviche no café da manhã do hotel Hilton Colon Guayaquil a uma sopa em um refeitório industrial, o crustáceo é onipresente.

*O repórter foi convidado ao Equador pela Câmara Nacional de Aquacultura (CNA) e pela ProEcuador

Da origem ao destino, o caminho mais rápido e seguro até o camarão equatoriano Seleção de fornecedores | Monitoramento de preços | Rotulagem | Inspeção de qualidade | Acompanhamento ponto a ponto Manta - Equador Brasília - Brasil

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máximo, 2% da produção total”, calcula Camposano. A razão para isso é simples: o Equador compete no mercado mundial com concorrentes de peso, como a China, Vietnã, Tailândia, Malásia e outros. Para se manter no jogo atualmente, precisa praticar preços abaixo de US$ 7 - tarefa complexa em um país que paga o segundo melhor salário mínimo da América Latina: US$ 690.


Especial

Trajetória de percalços Da mancha branca à expansão desenfreada do apetite asiático, equatorianos alavancaram indústria a partir das adversidades

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A

primeira fazenda de cultivo de vannamei foi construída em 1967 na província de El Oro pelo pai do engenheiro Rodrigo Laniado, que desde os 15 anos de idade acompanha de perto a carcinicultura equatoriana. A fazenda Langostinos Lanconor existe até hoje. “É a fazenda mais antiga da América e segue produzindo”, sustenta o atual diretor da Sociedad Nacional Galápagos (Songa), fundada em 1932 como uma exportadora de lagostas da ilha e atualmente a quarta maior potência equatoriana do camarão.

uma interlocução direta e sem ruídos com o governo.

Naquela época, o produto ainda era apenas uma promessa de aproveitamento de uma terra completamente infértil para agricultura na costa: as pampas salinas ou salitrales, localizadas entre manguezais e um matagal seco. A alta rentabilidade e o incentivo governamental ao uso de salitrales para o cultivo levou muitos empresários à atividade, que apurou altos índices de expansão nas próximas décadas. O vannamei, animal encontrado do México ao norte do Peru, estava em casa e se adaptou bem à “domesticação”. No entanto, duas crises sanitárias – síndrome da gaivota e da Taura - alertaram os produtores de que era preciso investir em cuidados fitossanitários.

Segundo Laniado, só sobreviveram os grupos empresariais mais estrutura-

Ainda assim, o negócio seguiu em plena evolução. Em 1993, o setor ganharia um grêmio abrangente, que unificava duas entidades – uma focada em produção e a outra na exportação. “Em um momento decidiram que isso não funcionava e resolveram criar a CNA”, resgata Camposano, atual presidente da entidade que agrupa produtores, laboratórios, fábricas de alimentos, outras entidades menores e os exportadores. O discurso unificado permitiu

Com a cadeia produtiva montada e bem representada, o Equador se tornou um dos líderes mundiais na exportação do crustáceo. Em 1999, porém, tudo ruiu. Foi quando estourou a maior crise sanitária de que se tinha notícia na carcinicultura até então. O vírus da mancha branca dizimou a produção: em poucos meses, 115 mil toneladas despencaram para 36 mil toneladas. O preço subiu, as indústrias se viram desabastecidas e muitas empresas fecharam.

dos. “O negócio deixou de ser rentável por cinco anos, só permaneceu quem tinha lastro financeiro e a convicção de que poderíamos vencer.” À época, o engenheiro montou em parceria com a Omarsa e a Rosario (hoje desativada) o One Club, um grupo de grandes players internacionais dedicados a compartilhar o processamento da produção própria para diminuir gastos. “Quando o negócio começou a melhorar nos separamos.” A melhora só viria sete anos depois do estouro da doença, mas acompanhada de um processo de mudança geral no segmento. Do lado das formas jovens, eliminou-se o trabalho com re-

TOP 20 EXPORTADORES DE VANNAMEI EQUATORIANO | JAN A DEZ 2017 EXPORTADORES 1

PESQUERA SANTA PRISCILA

Volume (Kg)

Share x total

Receita (US$)

Preço médio (US$/kg)

64.039.571

15%

440.931.592,49

$6,89

2

EXPALSA S.A.

54.772.408

13%

368.477.425,74

$6,73

3

OMARSA S.A

45.092.926

11%

349.890.544,43

$7,76

4

SONGA C.A.

32.139.837

8%

230.798.807,06

$7,18

5

PROMARISCO S.A.

28.048.790

7%

188.000.969,86

$6,70

6

EMPACRECI S.A.

23.236.199

5%

145.158.533,40

$6,25

7

PROEXPO S.A.

16.176.348

4%

119.587.937,61

$7,39

8

EDPACIF S.A.

15.588.227

4%

96.554.641,20

$6,19

9

EMPAGRAN S.A.

10 COFIMAR S.A.

12.450.447

3%

74.951.663,95

$6,02

11.747.425

3%

81.118.571,08

$6,91

11 EMPACADORA CRUSTAMAR S.A.

10.982.851

3%

66.955.596,20

$6,10

12 PROMAORO S.A.

10.457.546

2%

64.905.571,06

$6,21

13 SAMISA

8.615.384

2%

53.519.161,20

$6,21

14 EXORBAN S.A.

8.341.101

2%

50.723.948,50

$6,08

15 OCEANPRODUCT CIA.LTDA

7.089.699

2%

43.129.626,50

$6,08

16 EMPACADORA DUFER CIA. LTDA.

5.962.454

1%

36.699.137,30

$6,16

17 PROPEMAR S.A.

5.857.129

1%

36.213.422,78

$6,18

18 FARLETZA S.A.

4.652.866

1%

29.142.202,10

$6,26

19 PRORIOSA

4.399.634

1%

27.145.087,80

$6,17

20 PACIFIC OCEAN S.A.

4.349.167

1%

26.611.580,90

$6,12

425.733.980

100%

2.860.631.432,78

TOTAL

$6,72 Fonte: Estadistic S.A.


Em outubro e novembro de 2008, o governo de Rafael Correa publicou dois decretos que regularizaram áreas produtivas, exigiram reflorestamento do mangue e mexeram na remuneração de trabalhadores. Para Alfonso Alava, diretor da Alfatun que passou trabalhando no Brasil praticamente todo o período da mancha branca equatoriana, o contexto político teve grande influência no cenário dos frigoríficos. “A mão de obra subiu muito e as empresas começaram a se concentrar na commodity: camarão inteiro.”

Quando os volumes melhoraram e o Equador retornou com força ao mercado internacional, o cenário era outro. “A Ásia já havia introduzido o vannamei e então inundaram o mercado com produtos baratos. Quando voltamos, o preço era 40% mais barato que no início da década”, avalia Camposano. Por outro lado, os asiáticos liderados pela China construíram um mainstream market de camarão. Nos Estados Unidos, sedentos por grandes volumes e baixos preços, o camarão foi ganhando importância até chegar ao patamar atual de 25% das importações de pescado. Pouco a pouco a Europa e os EUA foram comprando cada vez mais produto inteiro e caudas, respectivamente, até que a China experimentou um pouco do gosto que o Equador havia sentido. A EMS – a síndrome da mortalidade precoce causada por uma vibriose –

Camposano, da CNA: quando Equador voltou ao exportar depois da mancha branca, Ásia havia derrubado os preços

deixou terra arrasada em toda a Ásia. Em paralelo, 100 milhões de chineses ascenderam à classe média e, com o consumo semanal de três porções do crustáceo, os chineses se tornaram rapidamente os principais clientes.

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produtores selvagens, que passaram a ser criados em laboratórios. A genética ganhou impulso com a necessidade de introduzir plantéis resistentes à doença. Fábricas de ração começaram a usar o país como campo experimental e criaram perfis nutricionais distintos até para os períodos de chuva e de estiagem.


Especial

O negócio tomou outra proporção: só em dezembro de 2017 a Ásia absorveu 64% do camarão equatoriano. “Antes o vendedor tinha que negociar um contêiner com a França, outro com a Itália, outro com a Espanha. Para a China ele fala com apenas um porta-voz que fala espanhol fluente e encomenda 18 contêineres em uma única ligação.”, ilustra Alava. A Songa é uma das principais fornecedoras aos chineses, com 170 contêineres mensais. “Calculo que 8 de 10 camarões são consumidos por chineses em todo o mundo”, diz Laniado. A forte demanda exige ampliações: a planta na beira do rio Guayas está em processo de ampliação de 120 toneladas para 250 toneladas diárias.

O Brasil e os próximos desafios

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Com o jogo ganho nas principais ligas mundiais, a pergunta sobre a relevância do Brasil para os equatorianos volta à tona. Mas os esforços empreendidos por gigantes como a Santa Priscila mostram que nem a restrição de produto freia o ímpeto expansionista. “O Brasil é uma velha aspiração do Equador”, indica Diego Puente. “Acompanhamos todo o cenário, desde a medida do anti-dumping e o dólar, que tiraram o Brasil do mercado internacional, e a expansão do consumo interno até a mancha branca. Falta matéria-prima e queremos entrar para complementar isso.” Puente avalia que a restrição a caudas evisceradas congeladas é uma barreira de entrada. “Fazer este tipo de produto implica maiores investimentos em áreas, estrutura, mão de obra capacitada. E, além disso, precisamos cumprir todos os requerimentos do Brasil no Dipoa.” A se julgar o preço médio por kg do primeiro contêiner em comparação à média mundial, nota-se o custo-Brasil embutido: US$ 8,58 contra US$ 6,72 em média pagos por outros países. Roberto Coronel, executivo da Santa Priscila responsável pelo mercado

brasileiro, indica que o produto inicialmente deverá seguir ao varejo, food-service e distribuidores, sem passar pelas indústrias. A CNA estima que haja uma demanda para 30 mil toneladas extras, mas as empresas evitam fazer projeções. Cautelosa, a empresa dividiu o trabalho em duas fases. A primeira era a passagem efetiva do contêiner

pelos controles sanitários brasileiros e chegada na Mar & Rio Pescados, de São José do Rio Preto, o que já ocorreu. A segunda fase é uma consulta a todos os potenciais clientes que já entraram em contato para programar os próximos contêineres. “O mercado vai mostrar qual é seu tamanho, capacidade de compra e interesse”, diz Coronel.


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Especial Omarsa

Verticalização total Com laboratórios, fazendas e frigorífico próprios, empresa foi a primeira no mundo a conquistar certificação ASC para o camarão

P

roduzir e exportar 11% de todo o camarão equatoriano não é tarefa simples. Só em 2017 a Omarsa despachou 45 mil toneladas a mercados exigentes como o europeu, graças a uma estrutura verticalizada que provê toda a matéria-prima necessária para este crescente apetite. A empresa possui dois laboratórios, com capacidade de produzir 150 milhões de pós-larvas por mês, três fazendas de engorda que totalizam 3200 hectares e uma planta de processamento com quase 1400 funcionários e 450 toneladas diárias. Este volume deve chegar em breve a 700 toneladas, uma vez concluída uma expansão em curso para acomodar duas linhas de cozimento e outras duas para congelamento rápido individual (IQF). A expansão responde a um crescimento gradual na demanda por produtos processados, que até o ano passado correspondiam a 28% da produção. A maior parte, no entanto, segue dedicada ao produto inteiro.

Outra demanda em rápida ascensão é o camarão orgânico. “Em um futuro não tão distante, a Europa vai pedir tudo orgânico”, avalia José Omar Lopes Araújo, gerente de produção de fazenda da Omarsa em Chongón, na periferia de Guayaquil. Os 914,2 hectares são totalmente dedicados à produção orgânica, o que exige baixas densidades (até 15 animais por m3), ausência de antibióticos ou insumos artificiais, além de uma dieta com apenas 30% de proteína. Araújo considera a fazenda a primeira do mundo a operar sob o sistema, desde 2007. Nem alimentadores automáticos e aeração convencional – normalmente abastecida por óleo diesel no Equador – podem ser utilizados: modelos com placas solares ou eólicos estão em testes. Pesquisas do tipo são comuns na fazenda, que tem indicadores de produtividade diferentes de estruturas convencionais – como conversão alimentar de 1.8, taxa semanal de crescimento de 1,3 g e sobrevivência de 65%.

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Processamento de camarão orgânico: para assegurar cadeia de custódia, certificadoras exigem uma série de medidas, da fazenda ao distribuidor; no frigorífico, linhas de processamento e até vestimentas são específicas

A produção média é de 158 mil kg/ mês e há uma pressão para expansão, que o especialista tem de conseguir com incremento de eficiência. Duas fases intermediárias, de raceway e berçário, foram instaladas para acelerar os tempos de cultivo. Atualmente, os 129 viveiros ali instalados produzem um camarão de 22g em 130 dias. Outro desafio atual é diminuir a porcentagem de alimento artificial orgânico, que hoje corresponde a 99% do que os animais comem. “A ideia é que a porcentagem de alimento primário [algas e microrganismos] seja de 15% a 20%.” Para atingir a meta, Araújo quer aproveitar o padrão de comportamento dos crustáceos – que “pastoreia” no fundo do viveiro em busca de comida. É por isso que, depois de a terra rachar após cada vazio sanitário, a equipe coordenada por ele enriquece o solo com minerais permitidos dentro do contexto orgânico. A mais recente experiência é com um composto à base de cacau que ajuda a fertilizar de forma natural o solo. “Assim, quando o viveiro é povoado, já há nutrientes para o camarão ‘pastorear’”, explica. Cerca de 40 km separam a fazenda orgânica da planta frigorífica da Omarsa, em Durán, do outro lado do rio Guayas. Ali, por determinação das certificadoras, este camarão recebe um tratamento diferente dos demais. “Assim se mantém a cadeia de custódia do produto orgânico”, relata a responsável pelo frigorífico, Irma Ramírez, há 18 anos na empresa. O cuidado já começa na recepção do produto, que é acondicionado em caixas verdes de poliuretano. A cor verde se mantém em todo o ambiente industrial em todos os


A DESPESCA LUNAR

processos relacionados ao camarão orgânico. “Quando ele chega já se separam as linhas exclusivas para este processamento, cujos equipamentos e utensílios precisam ser liberados pelo nosso departamento de microbiologia”, conta Ramírez. A vestimenta do pessoal também segue a mesma coloração. “Basicamente é para que não haja contaminação.” A maior parte dos camarões recebe agregação de valor: os animais são descabeçados, eviscerados e até cozidos, conforme a especificação do departamento comercial. Um salão destinado especificamente a isso tem 8 linhas com 43 pessoas cada. Um telão mostra o desempenho de cada grupo,

Araújo, gerente da fazenda orgânica da Omarsa: criatividade e muita pesquisa para aumentar produção sem subir densidades

que vai determinar a remuneração proporcional de cada time. No competitivo comércio do camarão mundial, o jogo já começa a ser jogado até dentro da fábrica.

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Aos olhos dos carcinicultores pode parecer exótico, mas a despesca no Equador é feita sempre de acordo com as fases da lua. O camarão tem fototropismo positivo, ou seja, sempre procura a luz. Nas marés (aguajes) de lua cheia é quando ele está mais ativo. Nas demais fases lunares o animal se esconde no fundo do viveiro e aproveita para fazer a muda (troca do exoesqueleto). Como o mercado não demanda camarões de casca flácida, cada fazenda programa suas despescas para coincidir com a lua cheia.


Especial Biogemar

Laboratórios: o motor da pujança Situada em plena península de Santa Elena, onde a EMS desembarcou em 2015, Biogemar modifica protocolos e aumenta pesquisa para responder à crescente demanda da engorda

A

ascensão de uma indústria que exporta 425 mil toneladas de camarão só foi possível graças à profusão de laboratórios situados na costa equatoriana, principalmente na província de Santa Elena, encravada entre Guayas e Manabí. A geografia particular do território produziu uma península prolongada para o meio do oceano pacífico, onde jaz o ponto mais a oeste do país: Salinas – terra da maior concentração de estruturas destinadas à produção de formas jovens.

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Dando uma carona à nossa equipe entre dois de seusna região, o gerente geral da Biogemar, Walter Intriago, constata: são 96 laboratórios em apenas 6 km em uma estrada que vai de Punta Carnero, ao sul, ao centro de Salinas. Com as fazendas cada vez mais famintas, o fornecimento de larvas virou um

excelente negócio e atraiu todo tipo de empresário, dos técnicos aos empresários. O especialista foi um deles: depois de passar anos em empresas como a Expalsa e Promarisco (pertencente à Pescanova), achou um pequeno laboratório que não havia resistido à queda de demanda ocasionada pela mancha branca e ali se instalou em 2004, produzindo na frente e morando com a esposa nos fundos. Ele considera a doença um ponto de inflexão no setor, que havia crescido desordenadamente. “Começou uma profissionalização da indústria em todas as áreas e entendemos que era muito importante fechar o ciclo do camarão, com projetos de melhoramento genético sustentáveis.” Nem todos, porém, estavam dispostos às mudanças, ao investimento e, principalmente, ao tempo que o trabalho genético necessitava.

Por conta própria, Intriago decidiu construir um programa de biotecnologia e melhoramento genético. Geração pós geração, conseguiu produzir animais resistentes à doença e aos poucos foi tornando a Biogemar uma referência. Hoje, o laboratório e estruturas associadas produzem 500 milhões de pós-larvas mensais – os maiores brasileiros produzem a metade disso. “A demanda nos obriga a crescer, as densidades começam a aumentar e os ciclos de engorda ficam mais curtos com o uso de berçários e raceways”, explica. O ciclo atual na Biogemar é de 20 dias, desde o náuplio (primeiro estágio da larva) até uma PL 12. A CNA calcula uma demanda de 5,5 bilhões de pós-larvas por mês no Equador, uma cifra que pressionou muito os laboratórios nos últimos anos. Na ânsia de atender o mercado no ritmo


A consequência foi drástica: em 2015, Intriago detectou a Síndrome da Mortalidade Precoce (EMS) nas análises rotineiras. Enquanto revia todos os seus protocolos, assistiu a muitos laboratórios perderem ciclos atrás de ciclos e alguns até fecharem. Se a mancha branca tirou aventureiros do negócio da engorda uma década atrás, a EMS fez o mesmo com os laboratórios. Os mais estruturados, com capital e volumes maiores de produção, suportaram a vibriose com um intenso programa de controle de contaminação. “Basicamente o que estamos tratando de fazer é melhorar todos os sistemas de cultivo, desde os náuplios e algas,

para evitar contaminação.” Intriago experimenta novas formas de “limpar os animais”, como óleos essenciais e ácidos orgânicos. “O que nos deu mais resultado recentemente foi o óleo essencial de tomilho, que é antibacteriano e inibidor da comunicação celular.” A ameaça segue à espreita e não dá espaço para empresas como a Biogemar – certificada pela Global Gap e Naturland – relaxarem. Além da obsessão por animais limpos no ciclo, a equipe coordenada pelo engenheiro adotou um vazio sanitário de 12 a 16 dias em vez dos 8 anteriores. Por outro lado, segue a busca por eficiência, maior volume e ciclos mais curtos para corresponder ao apetite da indústria. Foi pensando nisso que o especialista expandiu convênios internacionais. Abriu a estrutura para uma pesquisadora da Universidade Las

Palmas, nas Ilhas Canárias (Espanha), aplicar técnicas como a detecção de dois patógenos por vez em tempo real, o que acelera a seleção e introdução de matrizes limpas. Em outra vertente, um consultor chileno finalizava em janeiro a instalação de um fotobioreator que aumenta a concentração de microalgas (que alimentam os náuplios) de 120 mil células por ml a 10 milhões de células por ml. Tanto trabalho e pesquisa devem render animais no volume e ritmo que a indústria deseja, cada vez mais resistentes a enfermidades e com genética privilegiada. Tudo com o que os carcinicultores brasileiros confessam sonhar em conseguir, mas não terão acesso. “Não podemos exportar, com exceção do Peru, formas jovens a ninguém”, confirma Intriago. É assim que o Equador mantém guardado a sete chaves o motor da sua pujante carcinicultura.

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necessário, muitos deixaram de lado os protocolos sanitários ou simplesmente aboliram medidas como a secagem dos tanques e desinfecção das tubulações e estruturas.


Especial Gastronomia

Identidade cultural equatoriana Alta produção popularizou consumo e até hoje estimula releituras de pratos tradicionais equatorianos

A

alta gastronomia equatoriana não tem preconceito com o camarão de cultivo. Quem garante é o chef Santiago Granda, diretor e um dos fundadores da Escola dos Chefs de Guayaquil, onde também funciona o Instituto Tecnológico de Arte Culinária (ITAC). Fundada há 17 anos, a instituição dá cursos superiores de três anos e também formação profissional em cozinha, padaria, confeitaria e até serviço em restaurantes. Os mais de 800 estudantes matriculados têm acesso direto às origens ancestrais da cozinha equatoriana e, sobretudo, guayaquilenha. Sob a orientação de Granda, a universidade publicou o livro Guayaquil a Fuego Lento, com 380 páginas, que resgata a comida típica da cidade litorânea. Além de receitas de diversos ceviches, empanadas e verdes (uma espécie de banana da terra), a publicação investiga o que compõe a identidade gastronômica local.

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De acordo com o Granda, o vannamei de cultivo é um grande exemplo.

“O camarão de cultivo foi bem recebido porque gerou muitos postos de trabalho, ingressos e, sobretudo, uma identidade culinária e cultural muito importantes.” Ele explica que a expansão do setor fez com que o produto hoje esteja em qualquer canto do país. “Os equatorianos comem camarão pelo menos uma vez por semana, mas há 30 anos era um luxo. Selvagem, quando havia, era muito pouco.” Ele reconhece que há diferença no produto de mar e de cultivo, mas cada um tem sua aplicação. “Aí é que entra o trabalho do cozinheiro. Há muitos chefs espanhóis que apreciam o nosso camarão, por exemplo. O cozinheiro não pode ser quadrado, deve ser globalizado e aprender a apreciar tudo o que vem do nosso planeta.” Outra diferença apontada por ele, principalmente no que diz respeito ao sabor e à textura, é o produto orgânico: “sem aditivos químicos ou antibióticos, ele não incha de água e tem sabor distinto.” A convite da ProEcuador, instituto dedicado a promover o comércio exterior equatoriano, Granda e outros chefs da escola prepararam durante a visita da nossa reportagem um

Equipe da ProEcuador e da escola de chefs de Guayaquil recebem a Seafood Brasil para um banquete. No destaque, o livro presenteado ao repórter pelo chef Santiago Granda

banquete com diversos pratos equatorianos e releituras com o crustáceo, fornecido pela Omarsa. Ceviche atomatado ou branco, camarão ao alho e azeite, cazuela de camarão com verde e camarão empanado com côco foram as opções. Em todas elas, nota-se um camarão de textura firme, sabor presente (mas suave) e um tamanho que enche uma colher. Entre uma colherada e outra, Dannyllo Subía, coordenador geral técnico da ProEcuador, explicava que eventos como este são parte do escopo de atividades do instituto para levar a outros países as benesses dos produtos equatorianos. Do chapéu de paja toquilla, que se tornou um fenômeno mundial após proteger os trabalhadores que construíram o Canal do Panamá, à banana, que o Brasil também passou a exportar neste ano, o objetivo é difundir os produtos e equilibrar a balança comercial equatoriana. Este é o desafio maior por trás da articulação entre CNA, ProEcuador e o governo local. “Nossa balança comercial é negativa, compramos US$ 700 milhões de produtos brasileiros e vendemos US$ 145 milhões ao Brasil. Atum já é um dos principais produtos, mas queremos que o consumidor brasileiro possa ter acesso ao nosso camarão, um produto premium”, vende Subía. Para tanto, a entidade deverá convocar importadores brasileiros a participarem de uma rodada de negócios no início de junho. É a oportunidade para muitos terem o mesmo privilégio da nossa equipe.


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Estatísticas

A ascensão continua Piscicultura nacional sobe 8% em 2017, segundo calcula a PeixeBR em seu anuário estatístico

A

expansão em São Paulo e Paraná, a recuperação produtiva em Minas Gerais e transição de pólos no Nordeste (do Ceará para a Bahia) foram determinantes para o crescimento de 8% da piscicultura em 2017, segundo o Anuário da Piscicultura Brasileira 2018, lançado pela PeixeBR em 19 de fevereiro. O resultado mostra uma aceleração mais acentuada da atividade frente ao ano anterior, quando a estiagem seguiu derrubando a capacidade dos reservatórios desde 2015. “Minas Gerais está se recuperando, pois voltou a chover, e os produtores do Castanhão migraram para a região de Paulo Afonso, na Bahia”, conta Francisco Medeiros, presidente da entidade.

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O volume total produzido no País foi de 691,7 mil toneladas, patamar que gerou uma receita de R$ 4,7 bilhões, de acordo com a PeixeBR. A entidade cruza informações dos produtores associados (50% do mercado) e secretarias regionais ligadas à atividade com informações comerciais de fornecedores da cadeia produtiva, como alevinos, ração, premixes e outros. A tilápia foi protagonista, com 357,6 mil toneladas cultivadas no ano passado, desempenho 13% maior que em 2016. O dado coloca o Brasil na quarta posição mundial da tilapicultura, atrás da China, Indonésia e Egito. No ano passado, a espécie alcançou a maior participação na piscicultura nacional na comparação com grupos de espécies, acima dos peixes nativos (tambaqui, pacu, pirapitinga e híbridos) e de carpas e trutas.

PRODUÇÃO DA PISCICULTURA NO BRASIL ESTADO 2014 2015 2016 Norte 123.500 151.600 158.900 Rondônia 40.000 65.000 74.750 Acre 5.000 6.000 7.020 Amazonas 23.000 25.000 27.500 Roraima 20.000 21.000 14.700 Pará 15.000 18.000 19.080 Amapá 500 600 650 Tocantins 20.000 16.000 15.200 NORDESTE 113.500 116.600 104.680 Maranhão 20.000 23.000 24.150 Piauí 13.000 16.000 17.000 Ceará 33.000 28.000 12.000 Rio Grande do Norte 3.000 3.300 2.500 Paraíba 1.000 1.100 2.500 Pernambuco 10.000 11.000 12.100 Alagoas 2.500 2.700 2.830 Sergipe 6.000 6.500 6.100 Bahia 25.000 25.000 25.500 SUDESTE 90.000 101.500 103.830 Minas Gerais 25.000 25.000 23.000 Espírito Santo 11.000 12.000 10.800 Rio de Janeiro 4.000 4.500 4.630 São Paulo 50.000 60.000 65.400 SUL 123.000 134.800 152.430 Paraná 75.000 80.000 93.600 Santa Catarina 30.000 35.300 38.830 Rio Grande do Sul 18.000 19.500 20.000 CENTRO-OESTE 128.800 133.500 120.670 Mato Grosso do Sul 20.000 23.000 24.150 Mato Grosso 75.000 74.000 59.900 Goiás 33.000 34.000 34.000 Distrito Federal 800 2.500 2.620 TOTAL 578.800 638.000 640.510

Já os peixes nativos cresceram apenas 2% e Medeiros não vislumbra um aumento importante no próximo ano. “Vejo a tilápia com potencial de crescer

2017 2017 x 2016 164.500 3,52% 77.000 3,01% 8.000 13,96% 28.000 1,82% 16.000 8,84% 20.000 4,82% 1.000 53,85% 14.500 -4,61% 111.400 26.500 18.000 7.000 2.300 3.000 17.000 3.500 6.600 27.500

6,42% 9,73% 5,88% -41,67% -8,00% 20,00% 40,50% 23,67% 8,20% 7,84%

115.300 29.000 12.000 4.800 69.500

11,05% 26,09% 11,11% 3,67% 6,27%

178.500 112.000 44.500 22.000

17,10% 19,66% 14,60% 10,00%

122.000 25.500 62.000 33.000 1.500 691.700

-9,61% 5,59% 3,51% -2,94% -42,75% 7,99%

15% em 2018, mas os nativos não devem passar de 2%. Não houve grande avanço tecnológico para estas espécies”, diz Medeiros.


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Estatísticas Os 5 maiores Estados da piscicultura em 2017

Espécies mais produzidas 4%

31.825 t

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1º 44%

52%

302.235 t

357.639 t

Tilápia Peixes nativos (tambaqui e outros) Carpas, trutas e outras espécies

Paraná Os paranaenses permanecem na dianteira do cômputo geral das espécies e da tilapicultura, com 112 mil toneladas produzidas - 19,66% mais do que em 2016, desempenho puxado pela ascensão exponencial das cooperativas.

2º Rondônia Os nativos alimentam a piscicultura no Estado, responsável por 11,13% da piscicultura nacional. O volume de 77 mil toneladas foi apenas 3% maior ante 2016, fato atribuído a uma certa saturação do mercado.


OS 5 MAIORES ESTADOS PRODUTORES # ESTADO PEIXEBR | 2014 PEIXEBR | 2015 PEIXEBR | 2016 PEIXEBR | 2017 2017 x 2016 % x nacional 1 Paraná 75.000 80.000 93.600 112.000 19,66% 16,19% 2 Rondônia 40.000 65.000 74.750 77.000 3,01% 11,13% 3 São Paulo 50.000 60.000 65.400 69.500 6,27% 10,05% 4 Mato Grosso 75.000 74.000 59.900 62.000 3,51% 8,96% 5 Santa Catarina 30.000 35.300 38.830 44.500 14,60% 6,43% TOTAL 5+ 270.000 314.300 332.480 365.000 9,78% 52,77% Fonte: PeixeBR

4º Mato Grosso

São Paulo Santa Fé do Sul segue aproveitando as benesses de uma cadeia produtiva integrada e elevou a produção do Estado em 6,27%. Em torno de 10% de todo o peixe produzido em cativeiro no Brasil veio de águas paulistas em 2017.

5º Santa Catarina A terra dos moluscos da costa também se mostra extremamente relevante na porção continental. A consistente ascensão de 14,6% no volume produzido em 2017 chama a atenção e confirma o cenário de alta nos últimos três anos, muito por conta da tilapicultura.

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O volume dos nativos produzidos no Estado deve cair em 2018, segundo a PeixeBR, por fatores similares aos de Rondônia. Depois de uma forte queda em 2016, no ano passado houve uma ligeira retomada com alta de 3,51%, para 62 mil toneladas.


Estatísticas

Importação em 2017: as maiores

OS 20 PRODUTOS MAIS DEMANDADOS (CAPÍTULO 03) | 2017

Dispêndio (US$) 2017

2017 x 2016

Kg

2017 x 2016

1

Salmão fresco ou refrigerado

503.997.534

16,71%

71.753.311

10,36%

2

Filés de merluzas e abroteas congelados

100.815.368

50,05%

34.080.091

40,45%

3

Filés de pangasius congelados

94.734.442

83,61%

42.999.157

27,51%

4

Outros peixes salgados e em salmoura, não secos nem defumados

89.730.655

34,51%

23.807.701

39,21%

5

Bacalhaus salgados e em salmoura, não secos nem defumados

74.415.502

21,88%

10.034.804

9,31%

6

Sardinhas congeladas

74.217.295

27,97%

93.084.528

27,56%

7

Filé de salmão congelado

55.843.677

-1,27%

6.704.548

-19,83%

8

Filé de polaca do Alasca congelado

47.363.165

25,47%

20.145.107

3,65%

9

Bacalhau-do-atlântico e bacalhau-do-pacífico congelados

41.651.324

32,45%

4.542.471

22,92%

10

Cação e outros tubarões

34.052.977

37,11%

19.454.447

22,05%

11

Lulas e sépias congeladas

27.648.783

-

8.163.830

-

12

Outros peixes, exceto fígados, ovas e sêmen

18.096.022

9,69%

10.184.983

33,67%

13

Filés congelados

17.442.348

-43,35%

4.814.466

-64,15%

14

Filés de salmões selvagens

15.084.096

18,58%

1.474.558

0,53%

15

Bacalhaus secos, mesmo salgados, mas não defumados

12.951.877

1,45%

1.721.655

-9,94%

16

Outros salmões congelados

12.242.349

37,33%

2.334.077

19,59%

17

Filés de peixes não defumados

11.621.717

75,39%

1.538.968

85,03%

18

Salmão-do-atlântico e salmão-do-danúbio congelados

10.877.081

-54,55%

1.811.781

-64,84%

19

Carnes de outros peixes, exceto filés congeladas

9.207.511

18,72%

1.724.903

15,46%

20

Filé de bacalhau-do-atlântico, da-groenlândia, do-pacífico, congelado

8.489.358

-21,07%

1.274.177

-44,88%

1.317.607.016

19,85%

383.652.192

14,39%

Produto

TOTAL GERAL

o

1

Chile

2o China

3o Noruega

4o Argentina

5o Vietnã

7o Marrocos

8o Peru

9o Uruguai

10o Omã

Pixabay

Pixabay

Volume (kg)

SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2018 • 64

AS 10 MAIORES ORIGENS DE PESCADO IMPORTADO (CAPÍTULO 03) | 2017 # País 1 Chile 2 China 3 Noruega 4 Argentina 5 Vietnã 6 Portugal 7 Marrocos 8 Peru 9 Uruguai 10 Omã TOTAL GERAL

US$ 589.433.970 163.581.003 120.823.582 105.314.507 101.617.800 81.500.689 55.548.454 17.704.791 17.281.034 16.182.669 1.317.607.016

2017 x 2016 10,43% 14,04% 22,79% 39,37% 56,49% 32,18% 35,49% 75,24% 54,11% 4,57% 132,97%

Kg 83.101.823 49.009.536 22.531.997 38.354.958 46.070.337 13.567.035 60.544.607 9.440.371 8.643.335 28.618.920 383.652.192

2017 x 2016 0,90% -2,62% 18,73% 39,12% 8,31% 26,14% 34,96% 123,77% 55,38% 10,11% 51,62%

Preço Médio $7,09 $3,34 $5,36 $2,75 $2,21 $6,01 $0,92 $1,88 $2,00 $0,57 $3,43

2017 x 2016 9,44% 17,10% 3,42% 0,18% 44,49% 4,79% 0,40% -21,69% -0,82% -5,02% 53,66%


origens e produtos Preço Médio (US$/kg) 2017

2017 x 2016

$7,02

5,76%

$2,96

6,84%

$2,20

43,99%

$3,77

-3,38%

$7,42

11,50%

$0,80

0,32%

$8,33

23,16%

$2,35

21,05%

$9,17

7,75%

$1,75

12,34%

$3,39

-

$1,78

-17,94%

$3,62

58,01%

$10,23

17,95%

$7,52

12,66%

$5,25

14,83%

$7,55

-5,21%

$6,00

29,28%

$5,34

2,82%

$6,66

43,19%

$3,43

4,78%

Os argentinos têm muitos motivos para sorrir no âmbito do fluxo comercial de pescado com o Brasil. A partir da queda acentuada da polaca processada na China nos últimos anos, a categoria de filés brancos teve de ser atendida pela merluza, cuja importação cresceu 40,45% em volume no ano passado. Baseados em um pequeno ajuste de preços que deixou a média do salmão resfriado HG em US$ 7,02, os chilenos expandiram 16,7% as receitas com o produto. De janeiro a dezembro de 2017, exportaram 71,7 mil toneladas, 10,3% mais que no ano anterior. Os destaques negativos ficam por conta do filé de salmão congelado, cujo volume caiu 19,8% e o salmão inteiro congelado, que despencou 64,84% em toneladas.

6o Portugal

A importação retornou a seus patamares históricos depois de um 2016 muito ruim no âmbito do consumo de pescado em geral. Na análise dos 10 maiores fornecedores de pescado ao Brasil, todos tiveram incremento. O Peru impressionou muito com seu crescimento de 123,77%, apoiado em pelágicos e moluscos. Vietnã e o Uruguai também se sobressaíram, com aumento de 27,5% no panga e 22,05% no cação, respectivamente. Chile e China, mesmo com o mercado relativamente consolidado, mantiveram-se ou caíram em volume, mas subiram acima de 10% em receita.

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Recuperação de volumes


Na Cozinha

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Não só às sextas Restaurantes self-service em centros corporativos pelo Brasil adotam pescado todos os dias por demanda dos clientes, interessados em refeições mais leves e saudáveis

Q

uem nunca se arrependeu de ter comido uma feijoada em plena quarta-feira quando se sentou na cadeira do escritório após o almoço para voltar a trabalhar? A digestão difícil e a sensação de peso no estômago parecem

drenar todo o sangue do corpo para a barriga, deixando poucos recursos para o resto do corpo administrar as tarefas da rotina profissional. É por este motivo que o padrão de alimentação executiva tem migrado cada vez mais para opções mais saudáveis, onde o

grelhado substitui a fritura e o peixe ganha espaço frente a outras proteínas animais. Atentos a isso, os restaurantes situados em centros empresariais do Brasil modificaram seus cardápios e hoje


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O Master fica em um bonito edifício de tijolos aparentes na Praça General Gentil Falcão, no meio do caminho entre a Berrini e a Avenida das Nações Unidas. A ótima localização lhe rende boas oportunidades, mas a experiência de 22 anos no local e a flexibilidade no cardápio de acordo com o hábito alimentar dos clientes é que mantiveram o estabelecimento em pé ao longo de todos estes anos. “O perfil de cliente mudou muito de seis anos para cá”, conta Webber. “Eu vendia 120 kg por semana de batata frita; se vendo 15kg em duas semanas hoje é muito. O pessoal do escritório se cuida mais, eliminou a fritura, então tenho de ter grelhado, assado, frango e peixe. É a tendência para quem volta a trabalhar depois do almoço.”

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Depositphotos

veem cada vez mais clientes insatisfeitos se não oferecem pescado no buffet com regularidade. “Não posso mais ficar sem peixe, ou vou receber muita reclamação”, conta Marcelo Webber, gerente do restaurante Master, no bairro do Brooklin, em São Paulo. A região abriga sedes de empresas multinacionais, consulados, hotéis, emissoras de televisão e muitas pequenas e médias empresas nas múltiplas salas comerciais no entorno da avenida Engenheiro Luis Carlos Berrini.


Na Cozinha

No pescado, a receita básica é o grelhado. É onde a tilápia se sai melhor, com filés leves, sem espinha, sabor suave e textura firme sem ser esponjosa. E, no caso do Master, com pele. “No início, quando mandávamos só o filé da tilápia sem pele, recebíamos reclamação de que estava seca. Quando mudamos, houve uma rejeição inicial que logo passou porque com pele ela fica mais úmida e mais saborosa.” A tilápia vai bem, mas o protagonista é o salmão – do Chile ou Alasca. As versões do produto assado com molho de maracujá ou alcaparras são as mais pedidas. Mas Webber não trabalha com salmão resfriado. “Só compro congelado, por conta da segurança alimentar. Se fosse fresco eu teria de receber peixe todos os dias.” Como dispõe de uma câmara fria, o empresário consegue estocar a mercadoria e, com isso, recebe peixe apenas uma vez por semana. E ele já solicita a fornecedores como a

Opergel e Nordsee o filé Trim-C ou Trim-D para não gerar desperdício. O Master opera com três buffets: dois econômicos e um executivo (com mais opções). O ticket médio é de R$ 22, sem contar as bebidas, mas se o cliente comer mais de 550g ele paga um fixo de R$ 31,80 no executivo ou R$ 26,80 no econômico. A média da região, segundo Webber, é de R$ 25. Ele considera que o preço é justamente o fator que mais impede uma maior variedade de espécies no modelo self-service. “No caso do à la carte, o cálculo do preço é feito pela composição do prato e o ticket médio é maior. Se houve alteração de preço, é possível viabilizar o aumento no prato. No self-service, para acomodar isso é melhor ter uma menor quantidade de espécies.” No auge da crise produtiva do salmão, em 2016, quando o preço beirou os R$ 50/kg, os sócios decidiram absorver e

não repassar o custo. “Tive de segurar e não mandar todos os dias ao buffet. Mas hoje tenho de ter o peixe diariamente, é nosso carro-chefe.” Ainda que sinta certa instabilidade no fornecimento, o empresário não pretende aumentar a variedade de espécies. “Nós tiramos bacalhau, truta, mariscos, lula, filé de pintado. Além do preço, não é sempre que tem. E aí não se compõe o mix e não entra no preço do kg final”, conta. A sazonalidade também atrapalha até quem está no maior centro consumidor de pescado. O bairro de Vieralves, na capital amazonense, abriga o tradicional Sabor A Mi. A classe média alta que habita a região convive com um crescente número de executivos do centro-sul da cidade, que frequentam em peso o restaurante de segunda a sexta em busca das cinco opções diárias de peixes. O buffet traz peixes regionais, como pirarucu, tucunaré, pescada e aruanã, além de bacalhau, salmão e,

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Localização privilegiada e tijolos aparentes atraem olhares ao Master, em São Paulo, mas cardápio leve com opção diária de pescado é o que mantém assiduidade dos clientes


Marisa e Marcelo Webber, em frente aos três buffets do Master: tilápia vai bem, mas salmão é o carro-chefe

mais raramente, tilápia. “Nosso cliente não conhece muito a tilápia e prefere outras espécies. A questão cultural aqui é muito forte, é o maior consumo de pescado do Brasil e as pessoas estão habituadas às espécies nativas”, conta o sócio Ricardo Felicori. Só que nem sempre ele tem à mão as espécies regionais. “Na época da vazante, quando os rios amazônicos começam a secar, alguns peixes ficam mais difíceis de encontrar. Além disso temos as épocas de defeso de algumas espécies.” As compras de pescado de cativeiro tem crescido justamente para driblar a falta de frequência e garantir a procedência, conta Felicori. “Se alguém chega com pirarucu aqui para

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SEAFOOD BRASIL • JAN/MAR 2018 • 69

MERLUZA PREMIUM CONGELADA A BORDO


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Na Cozinha

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Versatilidade do filé de tilápia estimula popularização do produto nos buffets a kg

vender na porta não compro. Só de quem eu conheço a procedência, que faz um trabalho com o produto.”

vimento dos 148 lugares do restaurante, mas também nas encomendas que o estabelecimento aceita.

Da mesma forma que o colega paulistano, Felicori também sentiu um aumento na procura por pescado. “Aumentamos um espaço a mais em nosso serviço com variações de peixe. Oferecemos peixes grelhado, um bacalhau e receitas especiais, como pirarucu com recheio de legumes ou ao molho de camarão, além da costela de tambaqui ao vinagrete.” Ele não considera o pescado um produto caro, entende que o preço segue a lei da oferta e da procura. “É difícil dizer que o peixe é caro, mas depois da Semana Santa o preço cai”, relata Felicori. É justamente neste período da Quaresma em que ele assiste a um aumento no já intenso mo-

Rumo ao Sul do País, no centro histórico de Porto Alegre, o restaurante gerenciado por Fábio Finoketi também segue a trilha dos pratos saudáveis. A casa é vinculada ao centenário Clube do Comércio - cuja sede social foi reduto de Getulio Vargas e abrigou até um show de Elis Regina. O salão conta com 440 lugares e em todos os dias de funcionamento há peixe. Salmão assado, lombo de cação grelhado, filé de tilápia, moqueca, cação à milanesa, molhos de camarão e outros pratos desfilam pelo cardápio de segunda a sábado. “Por semana uso uma base de 20 kg de camarão, 15 caixas de lombo de cação e 120 kg de salmão congelado

chileno , além de 10 kg de frutos do mar no sábado”, conta. A casa opera com self-service por kg e buffet livre por R$ 22,90. “É um preço na média da região, mas acho barato”, avalia Finoketi, não sem antes provocar os gaúchos. “O povo aqui é acostumado a achar que tem comer de graça.” São 60 pratos salgados, mais grelhados, 20 tipos de sobremesa e sorvete. “A comida que servimos aqui não se encontra em nenhum outro lugar no centro de Porto Alegre.” Diferentemente dos clientes, Finoketi não reclama dos fornecedores. “Sempre fui bem atendido por eles, não tenho queixas.” Mas o espaço reduzido para estocagem faz com que o gerente precise trabalhar com distribuidores que


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Pesquisa do Sebrae divulgada em outubro de 2017 constatou que 61% dos restaurantes brasileiros operam no modelo no almoço ou na janta. Além disso, 47% atendem exclusivamente com este serviço. “O self-service está incorporado ao cotidiano do brasileiro, que recorre a restaurantes como alternativa prática, acessível e saudável para sua refeição principal. Também é uma solução rápida para quem trabalha e precisa almoçar fora de casa. É fácil de encontrar, há variedade de alimentos e o preço é um atrativo”, disse em nota na época a diretora técnica do Sebrae, Heloisa Menezes.

Divulgação/Jeremy Keith

De cada 10 restaurantes, 6 são self-service no Brasil


Na Cozinha

Seis desejos dos compradores de self-service do Brasil 1

Maior regularidade de fornecimento e abastecimento

2

Maior padronização de cortes porcionados e filés

3

Logística eficiente, principalmente em grandes centros urbanos

Entregadores mais treinados, que não joguem a mercadoria no chão ou entreguem caixas rasgadas

4

Fornecedores confiáveis, que garantam a inexistência de reprocessamento e novas manipulações pós-indústria

5

6

Menor desperdício por parte dos clientes

salientar que o número de restaurantes especializados em pratos de pescado e casas voltadas à culinária oriental estão crescendo”, indica Gilberto Castro Jr., gestor da categoria de pescado. Ele reconhece que o maior problema ressaltado pelos clientes está relacionado à regularidade de fornecimento e abastecimento, mas também menciona a quantidade de água e falta de padronização em boa parte dos cortes. Para enfrentar os problemas, a empresa tem se dedicado a reforçar sues vínculos com a cadeia. “Estamos tentando ter maior proximidade dos fornecedores, buscando informações com relação à pesca e ao mercado, dialogando e tentando ajustar os produtos e cortes à demanda regional.”

O grande volume do food service está concentrado nos bairros da região metropolitana próximos ao litoral. Em

Pernambuco, por exemplo, ele cita Boa Viagem e Piedade; na Paraíba, o bairro de Manaíra; e no Rio Grande do Norte, bairro de Ponta Negra. Para estes locais, polvilhados de clientes da classe média e turistas, os filés são campeões. “Possuem maior representatividade quando relacionados aos volumes em todas as praças.” A gaúcha Frumar também enxerga o mesmo cenário. Para Luiz Tondo, executivo de vendas e comércio exterior, no mercado à la carte a procura por cortes e espécies mais nobres é maior. Por este motivo reinam o panga e a merluza. “[Os restaurantes por kg] geralmente querem filés com preços mais acessíveis. É importante que não haja muita variação no tipo de filé, mantendo o histórico padrão do produto”, sublinha. A empresa entrega cerca de 100 kg por dia de pescado em média para cada restaurante, mas não entrega o

façam entregas diárias. Como não estoca o produto por muito tempo, não tem preferência por congelado ou resfriado. “Normalmente recebo em um dia e já uso o produto no dia seguinte.”

Divulgação/John Arlington/Frumar

Fonte: Entrevistados da reportagem

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Fornecedores “se coçam” Cientes da responsabilidade de atender o segmento mais representativo do food service, os fornecedores de pescado se preparam para responder adequadamente aos anseios dos restaurantes. O Grupo Karne Keijo atende Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe com rotas fixas, mas também entrega em outros Estados dependendo da formação de carga e viabilidade logística. “No Nordeste há uma demanda regular por pescado e isso faz com que a grande maioria das casas tenha em seu cardápio pratos com peixes, moluscos e crustáceos. Vale

Éderson Krummenauer, diretor da Frumar: recente expansão ao Ceará ilustra necessidade de as empresas se aproximarem de clientes e de fornecedores


Receitas mais pedidas dos self-services consultados: • Salmão assado ao molho de maracujá • Filé de tilápia grelhado com molho de alcaparras • Pirarucu grelhado ao alho e óleo • Costela de tambaqui ao vinagrete • Moqueca de frutos do mar • Lombo de cação grelhado

Depositphotos

volume total. “É um mercado bastante competitivo, nossos consultores precisam estar sempre presentes nos clientes buscando atender suas necessidades e acompanhando as exigências”, sustenta o executivo. Para se aproximar ainda mais dos clientes e também dos fornecedores – no caso, de camarão – a empresa acaba de inaugurar uma filial em Itarema (CE). Somente ali a empresa deve comercializar 2 mil toneladas de pescados em 2018, o que vai corresponder a R$ 40 milhões em novos negócios. Além de dar capilaridade aos clientes nacionais, o investimento também vislumbra expansão de vendas no exterior. Quem sabe em breve buffets dos Estados Unidos e até da Ásia é que vão receber peixes brasileiros, e não o contrário.

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a demanda e a oferta no mercado de seafood no Brasil e no exterior.


Personagem

Um ‘pana’ do Brasil

A

qui ele era amigo, lá é “pana”. O termo carinhoso como os equatorianos se referem a um amigo reflete bem o sentimento que Alfonso Alava nutre pelo Brasil. Em 1999, este engenheiro industrial era um dos técnicos especializados na indústria equatoriana do camarão que sentiram o golpe da mancha branca. A doença dizimou a produção e fechou muitas portas ao norte do continente, mas abriu muitas outras mais ao sul.

Arquivo pessoal

Engenheiro equatoriano que trabalhou no auge da carcinicultura brasileira hoje é um dos principais canais para importação de vannamei

Na virada do século passado, a carcinicultura brasileira enfrentava seus dias de ouro. Capitalizadas pela vocação exportadora com que se haviam estruturado, as empresas passaram a recrutar quadros técnicos experientes. Alava era um deles: havia gerenciado unidades industriais próprias e de terceiros desde 1988. Onze anos depois da primeira experiência, desembarcaria no Piauí com o desafio de gerenciar a unidade de beneficiamento do Grupo Secom. Chegou em maio de 2000 e na sequência trouxe a esposa e dois filhos – um de 6 anos e o mais novo com apenas 40 dias. A empresa estava em forte processo de modernização e implantou a primeira classificadora de camarão do Brasil, construída pela Brusinox com a supervisão de Alava. “Fizemos 16 modificações nesta máquina e, após isso, eles venderam mais de 70 máquinas destas a todo o Brasil.” Outra inovação foi na embalagem primária do camarão. “Fizemos um trabalho de substituição de caixas. As de 2 kg eram de papelão ondulado e no Equador, como no resto do mundo, usa-se caixas de cartolina de 80g.” Não se concebia que se podia congelar o produto e manter sua qualidade naquela cartolina, que obviamente trouxe impactos positivos nos custos e na logística.

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Depois de cumprir o ciclo na Secom, rumou para Natal para trabalhar em outra empresa do ramo e, em seguida, para Fortaleza, onde prestou diversas consultorias. Profissionalmente a coisa ia bem até que, em 2003, os EUA aplicaram uma medida anti-dumping contra alguns países, entre os quais o Brasil. Já com certa escassez de trabalho, Alava presenciou dois anos depois o impacto da Síndrome da Necrose Idiopática Muscular (NIM). Ao mesmo tempo em que o pesadelo das doenças chegava ao Brasil, despedia-se do Equador. Com um mercado em retomada pós-mancha branca, eram muitas as oportunidades por lá. Assim, com certa nostalgia antecipada, a família Alava voltaria ao Equador em dezembro de 2005. “O Brasil é um país que tratou muito bem a minha família e meus filhos. Se pudesse me aposentar agora seria aí, mas os negócios estão por aqui.” Por meio de sua empresa, Alfatun, Alava opera em parceria com empresas como Omarsa, Marecuador e Fresh Fish e coordena o registro de rótulos e demais trâmites para o ingresso no Brasil. Até junho devem passar por ele de 3 a 4 contêineres mensais do crustáceo. Em paralelo, está em negociação para gerenciar uma planta em Jaramijó, no centro equatoriano, que acrescentará outros 2 contêineres mensais. Nem que ele queira, o “pana” não consegue perder o vínculo com o Brasil.


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