Seafood Brasil #29

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MKT & INVESTIMENTOS

Apas e Aquishow em 30 páginas

seafood

5 PERGUNTAS

A nova Frente Parlamentar em Defesa do Pescado

brasil

#29 - Abr/Jun 2019 ISSN 2319-0450

www.seafoodbrasil.com.br

Elo mais fraco Concorrência por usos múltiplos torna piscicultura vulnerável




Editorial

Dividir para quebrar

A

presença serena da Secretaria da Aquicultura e Pesca (SAP) dentro do Mapa agora ganha um reforço para inserir de vez a atividade no âmbito do agronegócio: a criação da Frente Parlamentar em Defesa do Pescado. O presidente deste grupo de parlamentares que trabalhará para destravar as questões do setor a partir do Congresso é Luiz Nishimori (PL-PR), uma das raras figuras consensuais no parlamento brasileiro, seja na situação ou na oposição. É um norte e um indicativo do que deve pautar as entidades e o setor privado em tempos tão polarizados. Na ânsia pelo protagonismo e resposta às demandas, não podemos incorrer no erro de dividir o setor. O consumo de pescado no Brasil ainda é irrisório perto de outras proteínas e nossas entidades precisam trabalhar de forma integrada para encaminhar esta causa conjunta.

De maneira geral, o comércio e o consumo de pescado ainda não fazem grandes distinções entre a origem do pescado. É legítimo querer valorizar as cadeias produtivas que começam a se fortalecer na aquicultura e pesca, mas é um erro estratégico fazê-lo em detrimento ou sacrifício de determinada espécie, produto ou origem. Bovinos, suínos e aves nos enxergam como uma só categoria - e nos vencem constantemente na disputa pelas proteínas. Unidos, podemos incrementar o consumo de fresco congelados, cortes, processados, produtos aquícolas ou pesqueiros, enlatados, a vácuo, ATM e a lista segue. Separados, ficaremos pelo caminho. Ricardo Torres - Editor

Índice

08 Cinco Perguntas

12 Na Água

14 MKT & Investimentos 44

Na Planta

46 Capa

64 Infográfico

66 Na Gôndola

70 Especial

Ponto de Venda

82 Personagem

76

Expediente Redação redacao@seafoodbrasil.com.br

Comercial comercial@seafoodbrasil.com.br Tiago Oliveira Bueno

Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres Editor: Ricardo Torres Repórter: Fabi Fonseca Diagramação: Emerson Freire Adm/Fin/Distribuição: Helio Torres Foto da capa: Mário Roberto/Glória (BA)

Impressão Maxi Gráfica e Editora A Seafood Brasil é uma publicação da Seafood Brasil Editora Ltda. ME CNPJ 18.554.556/0001-95

Sede – Brasil R. Serranos, 232 São Paulo - SP - CEP 04147-030 Tel.: (+55 11) 2361-6000 Escritório comercial na Argentina Av. Boedo, 646. Piso 6. Oficina C (1218) Buenos Aires julio@seafoodbrasil.com.br

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5 Perguntas a Luiz Nishimori, presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Pescado

Entrevista

Pescado no parlamento Aquicultura e pesca conquistam representatividade no “agroparlamento” com Luiz Nishimori

A

agricultura corresponde a 23,5% do PIB brasileiro e a 43% do Congresso Nacional, segundo levantamento do portal Congresso em Foco. Desde maio, o pescado também faz parte desta que é a maior bancada da Câmara e do Senado por meio da criação da Frente Parlamentar em Defesa do Pescado. O presidente desta frente é um veterano do agronegócio nacional, integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA): deputado federal paranaense Luiz Nishimori (PL-PR).

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Nishimori tem no setor privado fiadores como a Associação Brasileira da Indústria de Pescados (Abipesca), Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi) e Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), que em um jantar realizado em 04/06 em Brasília reforçaram junto aos deputados e senadores os pleitos do setor. Nesta entrevista abaixo, Nishimori já fala como integrante do universo do pescado e prevê convívio com uma outra iniciativa criada pelo deputado federal Cléber Verde (PRB-MA) em março: a Frente Parlamentar Mista de

Divulgação/Câmara dos Deputados

Ele apoiou a condução do deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS) à presidência da FPA, posição antes pertencente à ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS). O alinhamento entre as três figuras é grande e gera expectativa de benefícios para a cadeia do pescado, que agora possui sua própria Frente e uma subcomissão na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados.

Apoio à Produção e Industrialização de Pescado, que soa como uma tentativa de o partido não se desgarrar do setor que comandou enquanto esteve na Secretaria de Aquicultura e Pesca. Qual foi a motivação e o processo que culminou com a criação da subcomissão permanente de pescados dentro da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados?

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O Brasil é um País fantástico, com inúmeros recursos naturais, matérias-primas de alta qualidade, um enorme potencial energético e uma agricultura brilhante, que tem sido um dos pilares de sustentação de nossa economia. Isso, mesmo tendo pouco incentivo por parte do governo federal. A pesca e aquicultura são setores muito promissores de nossa cadeia produtiva, com políticas públicas eficientes e incentivo


“A pesca e aquicultura são setores muito promissores de nossa cadeia produtiva, com políticas públicas eficientes e incentivo podem gerar ainda mais emprego e renda para a população”

Com mais de 8 mil quilômetros de costa e possuindo 12% da água doce disponível em nível mundial, o Brasil tem recursos abundantes, tanto para pesca, quanto para a produção de peixes. Para se ter uma ideia deste enorme potencial, em 2018 o Brasil produziu 722,560 mil toneladas de peixe de cultivo, um crescimento de 4,5% em relação ao ano de 2017, com este aumento significativo o faturamento cresceu na mesma proporção, chegando a R$ 5 bilhões. No entanto há muita burocratização e morosidade nos processos de fiscalização e liberação para produção, abate e venda do pescado. A Subcomissão Permanente dos Pescados, assim como a Frente Parlamentar em Defesa do Pescado, da qual eu sou o presidente, surgem exatamente para debater os novos rumos do setor no País. Será um espaço de amplo diálogo e busca de soluções para os problemas atuais, como por exemplo buscar uma legislação Federal que entenda as particularidades da cadeia do pescado, modernizar o sistema de inspeção de pescado, desburocratizar o processo de legalização de pequenas indústrias, buscar incentivo e apoio para os pequenas indústrias, dentre outras.

Quais são as funções da Frente e da subcomissão? A função da subcomissão será de levar a todos o conhecimento do potencial do setor de pescado e trabalhar para a abertura do mercado externo, assim como aumentar o consumo interno dessa proteína.

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Vamos trabalhar para buscar mais incentivos para a pesca e aquicultura, trabalhar para melhorar a legislação que regula o setor, agilizar as concessões, tornar o licenciamento ambiental mais eficiente. Precisamos desburocratizar o sistema, precisamos discutir melhor a questão dos parques aquícolas. O aproveitamento [dos nossos] recursos está muito aquém de sua capacidade e seu potencial. Com esse espaço permanente junto à comissão de Agricultura, poderemos expor as necessidades do setor e ter uma maior interlocução junto aos órgãos que regulam a atividade de pescado. O setor considera que a fundação do órgão cria um “espaço permanente de diálogo no Parlamento”. Que benefícios este diálogo direto e perene pode gerar aos aquicultores, pescadores, indústria e aos parlamentares? O espaço permanente pode gerar inúmeros benefícios: o acompanhamento de matérias importantes para o setor, como a modernização dos sistemas de inspeção de pescado, lutar para

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diminuir a burocracia e análise dos processos de obtenção do licenciamento ambiental, buscar uma maneira de trazer mais acesso a crédito e financiamento, proporcionar mais recursos e alternativas para os pescadores artesanais. Nosso segmento já teve um ministério exclusivo e foi alvo de muitas críticas, inclusive de parlamentares. Qual é a visão que os deputados têm hoje dos principais problemas da aquicultura, pesca e indústria de pescado? Hoje os parlamentares têm a visão de apoiar e aprimorar o mercado de pescado, pois é uma área muito importante para economia do Brasil, gerando emprego e renda para a população, assim como grandes possibilidades de investimentos, mas sempre pensando de forma sustentável.

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Em 26 de março foi criada pelo deputado Cléber Verde a Frente Parlamentar Mista de Apoio a Produção e Industrialização de Pescado. Agora foi criada a Frente Parlamentar em Defesa do Pescado. Ambas seguirão ativas? Como se dará o diálogo entre elas? Também sou o presidente da Frente Parlamentar em defesa do Pescado, tenho certeza que o diálogo entre a Subcomissão e as Frentes Existentes no Congresso será amplo e aberto, quantos mais instituições trabalhando pelo setor melhor para o Brasil.

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podem gerar ainda mais emprego e renda para a população, influenciando outros setores de nossa economia.


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Na

Água Tecnologia para pesca e criação

Mais de 10 países

Caixa de transporte

A Patense já exporta a farinha de peixe e o óleo de peixe para a formulação de rações balanceadas para peixes, rações pet e suinocultura. A farinha é estabilizada com antioxidantes e rica em aminoácidos, enquanto o óleo é fonte de ácidos graxos essenciais e rico em ômegas: boa opção para aumentar o valor energético e palatabilidade da ração.

A Preamar decidiu lançar uma caixa de transporte de fabricação própria, depois de operar com fornecimento de terceiros. O resultado foi um custo menor, que já atraiu compradores durante a própria Aquishow. O estande ainda reuniu mídias K1, também de fabricação nacional, e injetores de ar.

Glucanas em tilápias

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Para melhorar as defesas naturais de tilápias e reduzir a mortalidade contra Aeromonas sp e Streptococcus agalactiae, a Biorigin conduziu um estudo na consultoria Eloaqua, de Frederico Westphalen (RS), com o MacroGard ( -1,3 -1,6 glucanas. Introduziu o produto na concentração de 1kg/ ton de ração e forneceu aos alevinos por 45 dias. Após 7 dias da interrupção da alimentação com MacroGard, os animais foram desafiados simultaneamente com ambos patógenos e a sobrevivência foi acompanhada por 10 dias. Como resultado, a sobrevivência foi de 100% no grupo com MacroGard e de 65% no controle (semglucanas).

Rede Tilápia Mais de 20 anos na fabricação e distribuição de equipamentos para piscicultura, avicultura e redes de proteção credenciam a Têxtil Sauter para criar

Esteira de despesca Para reduzir a mão de obra e otimizar o manejo dos peixes durante a despesca em tanques escavados, a Weemac busca popularizar sua esteira de despesca. O objetivo é diminuir os custos do processo e aumentar a rentabilidade. A esteira tem 8 metros de comprimento e motor de 6,5 hp com partida elétrica que funciona a gasolina.


Bluetooth A PoliControl Instrumentos Analíticos lança um sensor de oxigênio e quantidade de ph com conexão bluetooth. Um aplicativo recebe a transmissão de dados dos dispositivos e faz a leitura das análises. A inovação é fruto de uma parceria com a Aqualabo, empresa francesa que desenvolveu os sensores, enquanto a PoliControl desenvolveu os controladores e transmissores dos parâmetros.

Do Paraná ao resto do BR A Kowalski Alimentos, do grupo Louis Dreyfus, se prepara para extrapolar sua forte presença no Paraná para vender as rações para terminação e crescimento, de 25% a 38% de proteína, também em São Paulo e no Triângulo Mineiro.

Mais que um aditivo A Ceresco aposta no Sílica+ para potencializar o efeito de aditivos de ração. Trata-se de uma farinha mineral, composta em mais de 98% por dióxido de silício, que pode ser adicionado ao premix para otimizar o sistema digestivo.

Com selo de eficiência A Guabi apresentou nas duas principais feiras do setor as linhas Guabi Aqua Gen GuabiTech e Evolution. As rações foram dimensionadas para cada espécie, fase e

sistema de cultivo e carregam o selo Gen, que garante a busca pela eficiência das interações fisiológicas e presença de aditivos tecnológicos para proporcionar mais saúde e melhor desempenho para as criações.

Saponinas e adsorventes Os aditivos naturais da Phibro já são conhecidos, mas a marca agora aposta em duas novas ferramentas: PAQ-Protex, a base de extratos de saponinas de Yucca schidigera e Quillaja saponaria, que atuam tanto como preventivo para parasitas externos e melhora de performance quanto para melhora de qualidade de água; e o AB20, adsorvente de micotoxinas, que atua diretamente nas toxinas produzidas pelos fungos.

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a rede tilápia Sauter. O equipamento foi desenvolvido especialmente para a espécie, encabeçada e confeccionada com manga, antisaco e saco.


Marketing SEAFOOD BRASIL • ABR/JUN 2019 • 14

& Investimentos Mais de 3 mil visitantes e comitivas de diversos países movimentaram a edição comemorativa

A

Uma década

Aquishow Brasil completou em 2019 uma década de existência e se consolidou como o maior evento de piscicultura de água doce da América Latina. A comemoração foi em grande estilo, com uma programação completa de palestras, torneios, mesa redonda e visitas técnicas nos quatro dias de feira, entre 14 e 17 de maio, em Santa Fé do Sul (SP).

em Águas Paulistas e da União (PeixeSP), que procura imprimir ano após ano um verniz mais profissional ao evento. A feira deste ano movimentou no mínimo R$ 19 milhões em negócios, após a soma dos dados fornecidos por 25 dos 138 expositores. E a expectativa é para um número maior com os orçamentos realizados que podem virar negócios no pós-evento.

A organização novamente ficou a cargo da Associação de Piscicultores

Foram 3 mil visitantes nos quatro dias de realização, cuja abertura


trouxe um tom questionador ao governo paulista. O discurso do presidente da feira e da PeixeSP, Emerson Esteves, levantou questões polêmicas. “Peço licença aos outros Estados para dizer que nos preocupa muito a ação da secretaria estadual sobre o setor. Não sabemos como vai ficar o Instituto de Pesca e a extinção da CATI [Coordenadoria de Assistência Técnica Integral].” Presente à cerimônia, a secretária-executiva da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gabrie-

la Chiste, negou que a CATI será extinta e disse que apenas passou por uma mudança de nomenclatura, tornando-se Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS). Sobre a fusão do Instituto de Pesca com o Instituto de Zootecnia, ela comentou que isso ainda está em discussão, apesar de já ter sido anunciado oficialmente. “É importante que este setor continue tendo a importância que ele precisa ter. Contamos com o setor privado para discutir isso.”

Esteves também aproveitou a presença da secretária para cobrar uma atenção do governo estadual nas discussões sobre o ICMS, o que preocupa muitos produtores. “Vamos chamar o setor para debater. Parece que o Estado de SP só quer ser consumidor, não estamos incentivando a produção. São Paulo precisa saber qual é a vocação do Estado”, finalizou. Acompanhe a cobertura completa das palestras e dos eventos paralelos no link http://bit.ly/SBAquishowBrasil

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de Aquishow Brasil


Marketing & Investimentos

Vitrine tecnológica

Confira estas entrevistas em vídeo em nosso site e canal no YouTube

Veja a seguir o que as empresas e instituições levaram à Aquishow Brasil em três dias intensos de exposição tecnológica. Formas jovens A Piscicultura Aquabel tem unidades em seis Estados onde produzem alevinos de tilápia com foco em melhoramento genético, alto volume de produção e fornecimento contínuo ao longo do ano. No ano de comemoração de 25 anos da empresa, levaram alevinos com os primeiros reflexos do aprimoramento realizado após o aporte de investimentos da AquaGen.

Hideyoshi Segovia-Uno, gerente comercial e de operações da Spring Genetics, acredita que o Brasil vai liderar a tilapicultura mundial. “Não duvidamos que o Brasil, que hoje já o quarto, será o primeiro em produção de tilápia no mundo.” Por este motivo a empresa, parte do grupo Benchmark Holdings, foi à Aquishow para demonstrar um compromisso de longo prazo com o País. O executivo segue em busca de parceiros multiplicadores que deem capilaridade nacional aos alevinos e juvenis selecionados geneticamente para resistência às estreptococoses (agalactiae e iniae), e seleção genômica para estas e outras enfermidades.

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Estruturas de cultivo A Plantfort Estufas Agrícolas, representadas por Cristina e Priscila Di Salvo, levou à feira suas soluções em estufas para a segurança no cultivo protegido em diversos modelos. Com a intensificação da criação de peixes e camarões, a empresa aposta na diversificação de estufas em diversos modelos para a carcinicultura e a aquicultura.

A Telas Vapriw apresentou telas especiais para a aquicultura: a tela de inox e a tela revestida com pvc autoaderente. “É um revestimento especial que não descasca com facilidade, trazendo mais durabilidade ao tanque e maior custo benefício ao produtor”, explica o diretor da empresa, Wellington Dornelas, ao lado de Adriano Rodrigues Cesco.

A Zanatta se especializou em estruturas metálicas galvanizadas a fogo e atua há 30 anos com diversos tipos de estufas. “As perspectivas para este ano são positivas, a companhia vem crescendo de forma exponencial no Nordeste, e já temos muitos hectares montados por lá e também uma unidade fabril no Ceará, o que deixa a gente bem próximo ao produtor”, declarou o representante comercial Jair Rodrigues.

Focada em projetos, fabricação e montagem de estufas agrícolas e seus insumos, a Tropical Estufas ofereceu ao público a estufa “Trop Shrimp”. “Ela tem uma estrutura bem robusta, com largura de até 20 metros com a qual o produtor consegue aumentar sua produtividade em área útil interna na propriedade”, advertiu o executivo Gustavo Rios (à dir.). A companhia dividiu o estande com a parceira Nortene, representada por Diego Leite, que é especialista em insumos plásticos, telas e tanques-rede.


Desde 2001 dedicada à fabricação de tanquesrede, a Braspeixe usa diversos materiais para criar distintos tamanhos e formatos. Na feira, as estruturas em PEAD já muito populares na região de Paulo Afonso (BA) foram as escolhidas por Ayoub Wehbi e Mahmoud D. Wehbi para popularizar a tecnologia também em São Paulo.

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A Têxtil Sauter já está há mais de 20 anos no mercado produzindo equipamentos para piscicultura, avicultura e redes de proteção. Na feira introduziu a rede tilápia Sauter desenvolvida especialmente para a espécie e confeccionada com a manga, antisaco e saco. “Nós não perfilhamos a rede, nós encabeçamos para que ela tenha mais segurança e força”, comentou a vendedora Rosemeire Cardoso, acompanhada aqui de Andressa Stevanelli da Silva.

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Máquinas e equipamentos A Preamar resolveu participar da Aquishow neste ano para definir se continuaria ou não na aquicultura. “Tivemos a grata satisfação de chegar à conclusão de que iremos continuar. A Aquishow para a gente foi um marco e determinou que podemos ter esperanças no mercado brasileiro”, celebra o diretor Ademir Ribeiro. A empresa lançou uma caixa de transporte de fabricação própria, mídias K1 nacionais e injetores de ar.

Como é de praxe, Eduwaldo Jordão levou a Wenger para a Aquishow para defender a qualidade dos equipamentos para extrusão da norteamericana, fundada em 1935. Ele saiu com um balanço positivo. “Este ano está bem melhor, tivemos muitas conversas. Desta vez a parte de tilápia me parece que está em um bom rumo. “Temos bastante esperança de crescimento.”

O ProChile levou três empresas chilenas à Aquishow. Matías Vera, gerente de desenvolvimento de Vehice, centro de diagnóstico de alta complexidade para enfermidades, ficou surpreso. “Uma feira muito interessante, com uma complexidade que não esperava encontrar na tilápia e na aquicultura brasileira.” Para Eduardo Quiroz, gerente da QUO Chile e Syscontrol os sistemas de automatização para sistemas de alimentação que a empresa fornece se encaixam no modelo de desenvolvimento da aquicultura brasileira. Luis Jeldres Moncada, gerente geral da Vinycon, levou boias usadas na pesca e aquicultura artesanais e industriais. “Queremos complementar a oferta que existe atualmente, mas estamos à espera de que a importação seja mais fluida para o Brasil”.

O alimentador automático da Cadoma foi o destaque do estande. A máquina fraciona o trato do peixe ao longo do dia, faz reajuste conforme a temperatura da água e mantém um registro do crescimento dos peixes para ajustar a quantidade de ração. André Augusto, diretorexecutivo, explica que sensores fazem em tempo real o cruzamento da curva de conversão com a temperatura e a progressão por crescimento é automaticamente programada por um aplicativo que ainda fornece informações e métricas para o dia-a-dia.

O gestor de vendas da Brusinox, Cristiano Clemer, estava entusiasmado com o lançamento da linha automática e o software de gestão, que inserem a empresa na esteira das soluções da indústria 4.0. Ainda assim, ele vê espaço para mais apoio institucional ao setor, como em programas de financiamento de maquinário.”A iniciativa privada está com bastante vontade de trabalhar, porém estamos empacados com problemas governamentais e a gente faz um apelo para que a classe do pescado seja mais favorecida.”

Os tanques elevados e acessórios para despesca foram os focos principais da Multipesca, mas o diretor Irineu Feiden espera uma retomada no equilíbrio da oferta e demanda de peixes no setor. “A expectativa é que haja uma retomada nas negociações, com essa sobra de peixes que tivemos nos últimos seis meses no mercado as negociações deram uma parada.” Apesar do cenário adverso, ele considera a situação normal e pontual.

A PoliControl Instrumentos Analíticos expôs o sensor de oxigênio e quantidade de ph com conexão bluetooth, que funciona com um aplicativo por meio do qual é possível fazer a leitura das análises. “Já estamos há 25 anos no mercado e trabalhamos com equipamentos de fabricação própria e com algumas representações internacionais, como a Aqualabo (empresa francesa que desenvolveu os sensores), enquanto a PoliControl desenvolveu os controladores e transmissores desses parâmetros”, comentou o representante comercial Mario Bisquolo.

A World Center esteve com a Widro Equipamentos Náuticos e a Sul Marítima ofertando equipamentos voltados à sinalização de áreas, hidrovias, hidrelétricas, portuárias e linhas de bóias de pequeno porte, como as amarelas para restrição de áreas e proteção dos tanques-rede e também a normatização dos pontos de vértices da propriedade. “Procuraremos dirigir agora [nossa atenção] e vamos incrementar novos produtos, pois vimos que é um mercado promissor”, declarou o diretor técnico, Henrique Lotito.


O aerador turbo com pás alternadas, lançado recentemente pela Trevisan, foi a aposta para a Aquishow para incrementar as vendas aos polos de tilapicultura do Sudeste. Para o representante de vendas Nedyr Chiesa a feira deste ano foi positiva com o “fechamento de bons negócios” e boa recepção ao novo equipamento.

A Suzuki Marine do Brasil investiu na divulgação da linha de motor de popa. O destaque ficou com o motor de DF20 A 4T com injeção eletrônica sem bateria, sistema de controle de consumo e peso de 44 kg. “Em comparação com os outros, obteve uma redução em 50% do combustível”, informou o gerente comercial, Mauricy Bizatto (centro), ao lado de Aloísio Freitas e Marcelo Biral.

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A Kärcher oferece sanitização e higienização de toda a cadeia produtiva do pescado, e estiveram presentes com equipamentos focados nos frigoríficos. As novidades são os produtos que esquentam a água, como a lavadora HG 64 que tem sistema de aquecimento à combustão. “Tivemos uma boa procura aqui no sentido de que para sanitizar as áreas frigoríficas, a importância da água quente neste contexto de limpeza”, disse o executivo de contas Eder Alonso.


Marketing & Investimentos Processamento

A Torfresma Industrial já atua há 25 anos com bovinos, aves, suínos, indústrias de alimentos, bebidas, química, entre outros setores, e há três anos entrou no universo do pescado. Na primeira participação na Aquishow Brasil, Fábio Griz, Rafael Sebben e Edson Rizzi levaram equipamentos de automação para processos no abate de peixes.

A Snack Fish, de Gabriela Lourenço, resolveu apostar na construção de um frigorífico de lambari para o mercado de petisco e realizou uma apresentação especial das máquinas na feira. O objetivo inicial é fazer 250 kg de petiscos de lambari por dia com as máquinas fornecidas por Joaquim Ferreira, da Branco Máquinas. “Primeiro a máquina descama o peixe, que depois passa pela evisceradora, é lavado e depois congelado em bandejas de 250g”, explicou Gabriela.

Incubada na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (USP/FZEA), em Pirassununga, a Agertek é voltada para soluções M2M (machine-to-machine) na indústria de processamento de proteínas vivas, com foco na aquicultura e na avicultura. Na primeira participação na Aquishow, a gerente técnica Sheyla Vargas lançou e demonstrou um sensibilizador eletrônico pré-abate para peixes que busca promover bem-estar animal, além de melhoria de rendimento e de carcaça e melhoria na qualidade de carne.

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Nutrição A Kowalski Alimentos estreou na Aquishow com a linha de ração 35-2 mm para a fase inicial e a 32- 4,5mm. “Estamos com ração há mais de 20 anos no mercado e somos muito fortes na região oeste do Paraná, agora estamos ampliando o nosso mercado focando em tanque-rede na região de São Paulo e no Triângulo Mineiro”, indica o responsável comercial Thiago Gabriel Luczinski.

A Presence, integrante da Neovia, levou um programa nutricional para diferentes estações do ano. Chamado de Nutripiscis Season Cold, promete economia de até 30 dias de cultivo, manter o ganho de peso diário e reduzir em mais de 10% a conversão alimentar. “Fazendo com que o peixe tenha no inverno, o mesmo ganho de peso que ele teria no verão”, comentou Kleber Ragazzo, gerente de território.

A Ração Comigo, de Welson Antônio e Alessandra Guirão, oferece linhas de nutrição para diferentes animais. Na aquicultura, a linha Comipeixe dispõe de rações para peixes carnívoros (alevinos até a engorda), peixes onívoros (alevinos até terminação) e peixes onívoros em cardume (terminação até crescimento inicial).

A Guabi levou à Aquishow as duas novas linhas lançadas na Fenacam: a Guabi Aqua Gen GuabiTech e Evolution. As rações foram dimensionadas para cada espécie, fase e sistema de cultivo e carregam o selo Gen, que garante a busca pela eficiência das interações fisiológicas e presença de aditivos tecnológicos para proporcionar mais saúde e melhor desempenho para as criações.


A Alisul produz e distribui alimentos com a marca Supra para todas as fases da nutrição animal e foi à feira com uma grande equipe de executivos e representantes. Criada especialmente para a aquicultura, a Acqua Line teve um acréscimo de linha importante e ajustada à intensificação da produção: a ração de 1 mm desenvolvida para cultivos intensos.

Parte do grupo Neovia, a Socil atua no Brasil com soluções nutricionais em rações e o lançamento mostrado na feira foi a ração MeM Prime, que é produzida com processos de microextrusão a frio. “É um novo conceito de extrusão onde conseguimos ter micropartículas com expansão do amido. E o processo de fusão a frio permite que os nutrientes não percam seu valor biológico”, disse o gerente comercial, Daniel Machio, (à dir. junto a Eduardo Urbinati, Flávio Silva e Thiago Ushizima.

Vinicius Silva, Heloísa Oldoni Páglia e Juliano Henriques

A Anhambi Alimentos adicionou à linha de nutrição aqua a ração fortificada específica para o período de inverno para peixes de hábitos alimentares onívoros, como a tilápia. “[A ração] tem cerca de 30% a mais das vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis, adição de 30% a mais de minerais essenciais e aminoácidos”, disse o coordenador técnico, Juliano Henriques.

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Saymon Rodrigo, Rodrigo Padovan, Altair Wunder, Alex Abadio, Alcyr Silveira e Claudinei Fernandes


Marketing & Investimentos

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Aditivos e saúde animal Pela primeira vez na feira, a Vaccinar fechou negócios na feira com fábricas de ração que não possuem máquinas de premix e preferem comprar de terceiros. Frederico Rates (à dir., ao lado de Bruno Vieira), gerente comercial nacional da linha aqua e pets, colocou como pontos a favor a experiência de 39 anos da empresa tanto em premixes de linha quanto em produtos customizados para atender cada cliente e a fase de cada animal.

A Biorigin fortaleceu a parceria com a Escama Forte para entrar no mercado B2C e comercializar a linha de produtos também para pequenos e médios produtores. João Fernando Koch, gerente técnico global em aquicultura, vislumbra boa capacidade de penetração para o Macrogard, modulador destinado para fortalecer as defesas naturais dos animais, e ao Biotide Extra - fonte de nucleotídeos principalmente para fases jovens e de recuperação de doenças.

A Phibro Saúde Animal, de Mariana Nagata e Igor Souza, participou pela segunda vez da Aquishow e reforçou a divulgação das linhas de aditivos naturais, mas também duas novas ferramentas: PAQ-Protex, a base de extratos de saponinas de Yucca schidigera e Quillaja saponaria, que atua como preventivo para parasitas externos e melhora de performance quanto para melhora de qualidade de água; e o AB20, adsorvente de micotoxinas, que atuar diretamente nas toxinas produzidas pelos fungos.

A MSD Saúde Animal não introduziu lançamentos e manteve a visibilidade à vacina comercial para a tilápia, carro-chefe da companhia lançado há 5 anos. Além disso, procurou esclarecer os produtores sobre o uso do antibiótico Aquaflor, com quase 12 anos no mercado. “O uso de antibiótico vem diminuindo, agora ele é um a produto de uso pontual e não mais contínuo como antigamente”, informou André Blanch, coordenador de território da MSD - Unidade Aquicultura.

Os óleos essenciais e ácidos orgânicos da linha da Alliplus estiveram presentes à feira. Os produtos ajudam a combater vírus, parasitas, bactérias e/ou patógenos fúngicos e possuem ação preventiva contra enfermidades infecciosas. “A ideia é substituir os antibióticos por produtos naturais combatendo enfermidades que estão aparecendo na aquicultura e melhorando a etapa de crescimento”, informou o representante da empresa Rômulo Fiorucci, ao lado de Paulo Ceccarelli.

A Kayros Ambiental e Agrícola apresentou os produtos para tratamento de solos, produtos para adição de antibióticos em rações e tratamento de nitrito para baixa a alta densidade de estocagem. “A maioria da nossa linha é voltada exatamente para o trabalho de biorremediação da água para que ela seja adequada à criação. Com isso eliminamos o estresse, reduzimos a possibilidade de enfermidades, melhoramos a conversão alimentar e com isso um melhor rendimento financeiro”, declarou Claudio Caleb, responsável técnico e sócio-diretor, ao lado de Claudio Tuamm.

A Alltech expôs seus aditivos com biotecnologia para aquicultura, presentes no Brasil há cinco anos: Aquate Fish, aditivo desenvolvido para otimizar os padrões de qualidade de produção; Aquate off-flavor, para minimizar o gosto de barro do filé; Aquate MQ, para melhorar a qualidade do filé; Aquate Shrimp, que melhora a imunidade e Aquate fertilizer para fertilização do viveiro tanto de camarao quanto para peixes, como explica Carolina Farias, coordenadora de vendas no Brasil.

A Ceresco trouxe do Vietnã Luiz Storino Filho, diretor de desenvolvimento de negócios da empresa na Ásia, para saber dos produtores que haviam feito testes com os aditivos fornecidos quais foram os resultados. A empresa aposta no Sílica+ para potencializar o efeito de aditivos de ração com os quais o mercado já está acostumado a trabalhar. “Lá na Ásia o produto já vem ganhando bastante espaço no mercado de aqua, que é muito pujante. Aqui estamos chegando próximo das experimentações que aconteceram por lá.”


Institucional O AquaSuporte é uma parceria público-privada entre o laboratório Prevet, de José Dias, e o Instituto de Pesca inicialmente para o Estado de São Paulo, mas expansível a outros Estados. Trata-se de um laboratório móvel para análises diversas que vai até o produtor. “Estamos buscando patrocinadores para que o setor possa ajudar o próprio setor e, assim, alavancar esta atividade tão importante para o Estado e o Brasil.”

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Marcos Cerqueira e Clóvis do Carmo representaram o Instituto de Pesca com a linha de serviços e produtos do órgão, que passa por uma transformação dentro da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Outras pesquisadoras do órgão também participaram dos eventos paralelos da feira, como o Prêmio Inovação Aquícola e o debate do Masterfish.


Marketing & Investimentos

A comitiva do pangasius aproveitou o evento para lançar a Cooperpanga, cooperativa que já nasce com mais de 25 produtores e apoio da fábrica de ração da Colpani Pescados para reduzir custos de produção. “Já temos um portfólio em Mococa e vamos utilizar essa estrutura para ajudar a Cooperpanga. [Queremos] fazer com que o produtor tenha o menor custo possível para que dê viabilidade tanto para ele quanto para a indústria de processamento e leve para o consumidor um filé de peixe sem espinhos a um preço acessível”, comentou Martinho Colpani, vice-presidente da ABC Panga, ao lado da diretora Luciana Dias e o presidente Gaetano Furno.

A Secretaria da Indústria, Comércio e Serviços de Tocantins participou da feira com objetivo duplo: apoio institucional à comitiva do Estado presente à Aquishow e atração de investimentos. “Também estamos fazendo um trabalho de atração de investimentos com as empresas que possuem suprimentos para o setor para montar um centro de distribuição ou com representação no Estado”, informou o gerente de sistemas produtivos, Marcondes Martins (à dir., ao lado de Paulo Mendonça, Allan Rickeson e Francisco Medeiros, da PeixeBR).

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Frigoríficos e peixe gordo

A Geneseas aproveitou para celebrar as 4 estrelas alcançadas na certificação global Best Aquaculture Practices (BAP). “Algo muito importante para nós e nossos clientes que abre mais espaços para conseguimos exportar mais peixes para os EUA e Europa, a certificação traz segurança e aumento de produção”, frisou o gerente de produção, Renato Morandi. “Com tudo isso, estamos dobrando a capacidade de abate da nossa indústria e estamos com uma linha de tilápia sustentável.”

Quem conhecia a Piscicultura Peixe Vivo se surpreendeu com o lançamento da marca Global Peixe, do sócio-diretor Emerson Esteves, que agora engloba dentro da mesma marca a operação de criação de alevinos, engorda, e distribuição de filés e peixe fresco para a capital e o interior paulista. “Tivemos clientes de cinco Estados no Brasil. Não poderíamos deixar de estar aqui, é o momento de encontrar nosso cliente, trocar conhecimento, aprender e fazer negócio.”

A estreante Global Food optou pela Aquishow para apresentar suas três marcas criadas recentemente junto da empresa que assumiu a estrutura que pertencia à Zippy Alimentos. Os fundadores e sócios, Luis Roberto Firmino e James Cruden, introduziram aos presentes a Fish & Cia, Fresh Fish e Global Fish.


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Marketing & Investimentos

Gisele Rodrigues Neves, vencedora do concurso Filetador de Ouro, obteve a maior avaliação pelo rendimento obtido

Agenda repleta Além dos expositores, 10ª Aquishow reuniu palestrantes em programa mais enxuto; Filetador de Ouro, Masterfish e minicursos também se destacaram

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programa de palestras da Aquishow apresentou este ano um formato reduzido de apresentações, de forma a não prejudicar a visitação da feira. O primeiro conferencista foi o secretário da Aquicultura e Pesca (SAP), Jorge Seif Jr., que fez uma promessa ousada. “Queremos sair de 13ª lugar de produção mundial de pescado e ficar entre os cinco primeiros ainda no governo Bolsonaro”, declarou. Para tanto, ele afirmou que a nova SAP será “célere e automatizada”. Ele anunciou ainda a conclusão das oito metas da secretaria a serem cumpridas até 2022, que já estão disponíveis no site do Mapa. O segundo dia do evento (15), seguiu com a programação das palestras. Mauro Tadashi Nakata, da Piscicultura Cristalina, apresentou a experiência de uma viagem pelo Sudeste Asiático, onde pôde comparar a realidade brasileira frente à piscicultura tropical nestes

locais. Alberto Carlos Bicca, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), seguiu com “Competitividade Internacional: A visão da Apex para a aquicultura brasileira”. Sérgio Zimmermann, da Aqua Solutions, fechou as palestras com “Aquicultura e a economia circular”. No terceiro dia (16), Martinho Colpani, da PangaBR, discursou sobre “A realidade do panga no Brasil” e “ O desempenho do mercado brasileiro de aquicultura e suas tendências” ficou a cargo de Francisco Emílio Negrini de Souza Marques, do Sebrae-SP. Ainda pela manhã, o presidente da Feira Nacional de Camarão (Fenacam), Itamar Rocha, apresentou a palestra “Cultivo de camarão marinho em águas interiores”.

Espaço de Intervenções Na manhã do último dia, a primeira realização do “Torneio Filetador de

Ouro” coroou Gisele Rodrigues Neves, funcionária da Brazilian Fish, como a melhor filetadora do Brasil. Realizado em uma arena montada pela primeira vez neste ano, o torneio premiou os filetadores com o melhor rendimento de filé (60% do critério) e rapidez (40% do critério). O evento foi conduzido com muito entusiasmo por Gerlúcio Neri, gerente industrial da Geneseas. Já à tarde o espaço abrigou um momento gastronômico com o Masterfish, uma demonstração de pratos preparados pela chef, pedagoga e engenheira agrônoma Susana Vila Rios, à base de Carne Mecanicamente Separada (CMS). A degustação aconteceu em meio à realização de mesa-redonda sobre “Aproveitamento Integral do Pescado - da produção ao consumidor”, com mediação do editor da Seafood Brasil, Ricardo Torres.


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Marketing & Investimentos

Prêmio inédito celebra inovadores Iniciativa conjunta da Aquaculture Brasil, Aquishow Brasil e Seafood Brasil pretendia reconhecer e agraciar as principais iniciativas que contribuíram com o desenvolvimento da cadeia produtiva aquícola no País em 2018

O

s vencedores desta primeira edição foram conhecidos em cerimônia de premiação em 15 de maio, em plena festa de confraternização da feira. Com patrocínio das empresas MSD Saúde Animal e Phibro Saúde Animal e apoio da Secretaria de Aquicultura e Pesca (SAP/Mapa), a disputa premiou os melhores colocados entre 46 cases inscritos em cinco categorias da aquicultura nacional: Produto Final, Políticas Institucionais, Beneficiamento, Academia e Produção.

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“Acho que a gente está em um momento de muitas mudanças no setor da aquicultura e vale lembrar que neste momento de muita reflexão que sem ciência não há inovação, têm muitos pesquisadores aqui que merecem o nosso apoio e precisamos estar com eles”, comentou a gerente da Phibro Saúde Animal para a aquicultura, Mariana Midori Nagata. O gerente para o mercado aqua da MSD Saúde Animal, Rodrigo Zanolo, também esteve presente na premiação e, aproveitou a ocasião para convidar outras empresas a se unirem aos patrocinadores da próxima edição do Prêmio: “Fiquei bastante surpreso e muito feliz com o que aconteceu, somos uma atividade emergente e gostaria de encorajar as outras empresas do setor a estarem conosco no ano que vem para fazermos deste um evento ainda mais brilhante”.


Os vitoriosos BENEFICIAMENTO 1º lugar: “Manejo pré-abate humanizado: técnicas de recepção e espera racionais e insensibilização pré-abate através de eletronarcose” de Sheyla Vargas Baldi, da Agertek. 2º lugar: “Disrupção na indústria de pescado”, de Ricardo Carriero, da organização Lago Pesca.

2º lugar: “Sistema de produção intensiva de tilápia utilizando tanque-redes articulados de grande volume – TRGV Fisher®”, de Hélio de Sousa Barbosa, da companhia Fisher Piscicultura Água Vermelha.

3º lugar: “Projeto Tilapona”, de Lourival Francelino Miguel Júnior, do Walmart Brasil. POLÍTICAS INSTITUCIONAIS 1º lugar: “Introdução e desenvolvimento da criação do camarão marinho Litopenaeus vannamei, realizada por agricultores familiares do semiárido pernambucano”, de Gilvan Pais de Lira Júnior, do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). 2º lugar: “O papel da instituição de pesquisa na efetivação de política pública aplicada à inclusão do pescado na alimentação escolar”, de Erika Fabiane Furlan e Rúbia Yuri Tomita, do Instituto de Pesca de São Paulo (IP). 3º lugar: “Aquisys v.1.3 – sistema informatizado de apoio às boas práticas de manejo e gestão ambiental da aquicultura”, de Maria Conceição Peres Young Pessoa, da Embrapa Meio Ambiente.

PRODUÇÃO 1º lugar: “Ostras da Amazônia – negócios sustentáveis”, de Ana Conceição Abreu de Sousa, do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Pará (Sebrae/PA).

ACADEMIA 1º lugar: “Produção de camarão marinho em águas interiores”, de Fábio Rosa Sussel, do Instituto de Pesca de São Paulo (IP). 2º lugar: “Desenvolvimento e validação de uma vacina bivalente contra dois sorotipos de Streptococcus agalactiae em tilápias do nilo (Oreochromis niloticus)”, de Ulisses de Padua Pereira, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). 3º lugar: “Fisiologia reprodutiva do pirarucu Arapaima gigas e desenvolvimento de ferramentas para o manejo de reprodutores”, de Lucas Simon Torati, da Embrapa Pesca e Aquicultura.

3º lugar: “Controle biológico de alevinos indesejados de tilápia por meio do peixamento com dourado em viveiros de engorda de tilápia”, de Nestor Braun, Diogo Yamashiro, Simão Brun e Marco Aurélio Rotta, do Projeto Pacu e da Copacol.

Por empate na fase de votação anterior, a categoria também premiou a 4º colocação para “Fermentaqua: uma revolução na indústria de alimentos aquáticos com leveduras, bactérias, probióticos e enzimas produzidos na fazenda” de Sergio Zimmermann, da empresa Zimmermann Aqua Solutions/Instafloc.

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PRODUTO FINAL 1º lugar: “Biscoito de pescado: um ‘case’ de produto saudável com alto valor agregado”, de Cristiane Rodrigues Pinheiro Neiva, do Instituto de Pesca de São Paulo (IP). 2º lugar: “Uma experiência de aproveitamento integral do pescado”, de Sonia Ambar do Amaral, do Grupo Ambar Amaral.


Marketing & Investimentos

Industrializar o cultivo Tilabras entra na rota da ascensão depois de reorganização societária e projeta 25 mil toneladas anuais para 2022

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então CEO da Regal Springs, Rudolf Lamprecht (Rudi), ficou encantado quando visitou pela primeira vez a usina hidrelétrica de Jupiá, em Selvíria (MS), onde a gigante mundial da tilápia que ele criou e o fundo Axial Par tinham decidido construir um complexo capaz de produzir 100 mil toneladas anuais. Com experiência na produção em Honduras, México e Indonésia, ele viu condições ótimas para a engorda da tilápia, como a temperatura entre 21ºC e 30ºC o ano todo e água com nível mínimo de oxigênio dissolvido de 6 ppm. O projeto da Tilabras fez barulho quando anunciado: o maior volume

individual de produção no mundo, investimento de US$ 200 milhões e geração de 2,7 mil empregos. Só que a licença para a instalação, solicitada em 2015, só saiu dois anos depois. Neste ínterim, Rudi saiu do comando da Regal Springs e a nova diretoria preferiu não continuar com as operações no Brasil. O suíço, no entanto, não havia desistido do Brasil. Assim como Nicolas Landolt, que administra a Axial e tem a Mar & Terra no histórico de operações com o setor. Este brasileiro filho de um suíço que se encantou pelo País hoje detém 95% da Tilabras. Rudi ostenta uma pequena participação, mas é Nicolas que administra o novo ritmo do projeto. Dos 600 hectares de lâmina

d’água licenciados, a empresa ocupa agora uma pequena porção, onde hoje tem instalados 30 tanques de 20 metros de diâmetro. A produção atual, gerenciada por Tobias Román, já beira as 4,5 mil toneladas anuais um ano depois de ter iniciado. O costa-riquenho é outro que se entusiasmou com a região. “Trabalhei na indústria da tilápia nos últimos 35 anos em diferentes partes do mundo e isso me permite neste momento dizer que as condições deste lugar são extraordinárias.” O especialista diz que o pólo permite desenvolver a piscicultura da tilápia em tanques de grande volume com aspectos muito similares aos da indústria do salmão: “industrializar


Equipe técnica, comercial e administrativa da Tilabras: meta é chegar a 25 mil toneladas até 2022 em Selvíria (MS)

o cultivo a uma escala muito maior do que se faz normalmente.”

As projeções estão se confirmando, afirma o empresário. “Estamos agora em teste de produção para poder ver se

os indicadores-chave realmente acompanham a projeção que tínhamos feito. A conversão alimentar é 20% melhor do que o previsto e a sobrevivência é muito elevada: a média mundial é de 27% para peixes de 1g até o abate, e hoje aqui não vemos uma gaiola com mais de 8% de mortalidade.” Em torno de 75% da produção atual é vendida viva na maioria para os frigoríficos que atuam localmente, e o restante vai para a Ceagesp. “O preço

está abaixo (em média de R$ 4,70/ kg) saindo daqui e acho que com isso temos que nos acostumar”, ressalta Landolt, que já vislumbra uma equiparação a níveis internacionais. “A China vende a US$ 1,20, temos que ser mais competitivos para tentar produzir o peixe nessa faixa e eu acho totalmente possível. Este preço está aqui para ficar.” A escala de uma Tilabras é certamente um caminho para inserir a tilápia nacional na rota da competição internacional.

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Landolt confirma que o objetivo inicial de alcançar as 100 mil toneladas e construir um frigorífico permanece, mas o prazo ficou mais dilatado. Se com a Regal Springs a meta era chegar a isso em 2023, agora o objetivo é alcançar 25 mil toneladas até 2022. Diversas modificações estão em implementação, como a automatização parcial do arraçoamento com sopradores e tubulações para o transporte - hoje a ração é dada manualmente e transportada em balsas motorizadas.


Marketing & Investimentos

Uma década de fidelidade Fábrica de rações do Grupo Ambar Amaral completa 10 anos de existência com um tributo aos clientes, fornecedores e ao fundador da empresa

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primeiro dia da Aquishow terminou com uma festa de comemoração aos 10 anos da Raguife, braço de nutrição animal do grupo Ambar Amaral. Ramon Amaral, diretor da Brazilian Fish, pegou o microfone, embevecido, para dizer do orgulho que sentia dos irmãos. Felipe Amaral, diretor da unidade de ração, havia acabado de fazer um discurso emocionado, ao lado da mãe, Sônia, e das esposas de ambos. Foi uma demonstração da importância do vínculo familiar que o Grupo Âmbar Amaral fez questão de reverenciar ao longo desta Aquishow. Na feira, o estande do grupo transmitia, ininterruptamente, um vídeo institucional que em síntese era uma homenagem ao fundador e pai de Ramon e Felipe, o zootecnista Antônio Carlos Lopes do Amaral. Decidido a fazer os filhos trabalharem juntos, Amaral entrou de cabeça no negócio do peixe

em 2006: deixou o frigorífico a cargo de Ramon, a fábrica de rações para Felipe e o braço de pecuária de corte para o irmão gêmeo, Guilherme. A ideia deu certo. Só a fábrica de ração, criada inicialmente para atender à necessidade do próprio grupo, chega aos 10 anos de existência com a ambiciosa meta de ser a maior fabricante de ração brasileira com capital fechado. “Ele [Antônio Carlos] dizia que o sonho era ser o maior produtor de ração do Brasil”, lembra o consultor de venda, Valdir Pereira. Atualmente a Raguife produz 300 toneladas/dia de rações para peixes em todas as fases que comercializa a todo o Brasil, o que já a coloca em posição proeminente diante das demais fábricas especializadas. Felipe tem buscando aplicar o conceito de família do grupo também na relação com os clientes. “Uma das principais coisas é o nosso cliente estar junto com a gente. Priorizamos o cres-

cimento da tecnologia, não só nossa, mas também dos nossos clientes.” Um dos exemplos do raciocínio é a introdução de um caminhão graneleiro, fornecido em comodato a clientes para que estes tenham um estoque de ração a granel com capacidade de 35 a 20 toneladas. O veículo facilita a rotina operacional na piscicultura, pois evita abertura de sacos, risco de umedecimento, posterior descarte e custo com armazenagem. “Além disso o cliente tem o desconto de R$ 0,04/ Kg da ração.” O projeto foi implantado em 2017, quando o fornecimento se restringia apenas a embalagens de sacarias de 25 kg e big bags de 500 kg. “Desde outubro de 2017 a empresa vem fornecendo rações a granel fechando no mês mais de 1300 toneladas de ração entregue dessa forma”, conta Felipe. Só em janeiro deste ano foram 4.000 toneladas fornecidas no modelo, com cerca de 35 equipamentos em clientes da empresa.


Foi em 2016 que, com local definido e adquirido, foi fincada a primeira estaca. LOCALIZAÇÃO A seleção do local obedeceu a um critério fundamental para o sucesso dos parceiros da BAITAFRIO. A proximidade da Avenida do Estado, em São Paulo, corredor com ligações ao Rodoanel e à Marginal Tietê. TECNOLOGIA Com fornecedores e profissionais de alta qualidade recrutados mundo afora, a BAITAFRIO tem 18.000m² de terreno e mais 5.000m² de área construída. O galpão usa 100% de sua área utilizável de armazenagem, totalmente preenchida com estantes móveis, que propicia mobilidade, agilidade e aproveitamento com um volume de 6.000 posições pallets.

mantendo o padrão de temperatura na antecâmara e câmaras. Toda a gestão do estoque do armazém ocorre por software (WMS). SUSTENTABILIDADE Para não desperdiçar energia e não perder desempenho, a empresa investiu em equipamentos de alta performance individuais, que asseguram a qualidade do frio necessário para os padrões e normas exigidos. Em cada bloco de armazenagem, a quantidade de evaporadores e condensadores é 20% superior ao necessário, ratificando a eficiência do processo.

Esteiras de entradas rápidas automáticas customizadas proporcionam liberdade de movimentação e descarregamento nas docas automáticas de 90 pallets/h, ou seja, 03 containers/h.

Vale ressaltar a utilização da mais alta tecnologia disponível no mercado, tomando como exemplo os painéis antichamas, que atendem todas as normas de segurança, além de garantir excelência em qualidade e desempenho.

Com um sistema inteligente implementado em suas CLP’s [software de controle], portas de clausuras automáticas se intercalam na abertura e fechamento e impedem a troca térmica entre os ambientes,

Diretor Comercial

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HISTÓRIA A BAITAFRIO Armazém Logístico é uma ideia visionária dos irmãos ORTEGA. Desde 2012, quando pensaram em aumentar seus espaços de armazenagem, identificaram uma demanda provocada pela estagnação da economia: as dificuldades de vendas somadas à alta produção e as margens já muito apertadas tornavam a busca por armazenagem inevitável.


Marketing & Investimentos

A maratona da Aquishow 2019

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A Aquishow chegou à 10ª edição com uma programação paralela nunca antes vista na história do evento. Os participantes tiveram de se revezar entre a feira, o I Prêmio Inovação Aquícola, o concurso Filetador de Ouro, MasterFish, Tilapiada, minicursos e palestras. Santa Fé do Sul (SP) literalmente ficou pequena para tantos negócios gerados a partir da feira.

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Léia Dreissig, Irineu Feiden, Felipe Cerqueira e Darci Dreissig (Multipesca)

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Felipe Katata (Mitsubishi), Fabi Fonseca e Tiago Bueno (Seafood Brasil), Francisco Medeiros (PeixeBR) e Jurandi Ramos (Peixe Bom)

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Emerson Esteves, Jorge Seif Jr. e Juliana Lopes (SAP)

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Matías Vera, Luis Moncada, Álvaro Camargo (ProChile), Eduardo Jara e Ivan Urrutia

Wagner Camis (Água Pura), Rodrigo Diana (Immersus) e Ana Lidia Camis

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Everaldo Pereira, Rodrigo Meirelles, Sheyla Vargas Baldi (Agertek)

Jairo Gund, Mauricio Nogueira e Rui Donizete Teixeira (SAP)

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James Cruden e Luis Firmino (Global Food)

Eduardo Luis Oliveira da Silva, Ademir Ribeiro, Reginaldo André e Gian Carlo Montovani (Preamar)

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Fagner Machado Ribeiro, Santiago Prieto e Thiago Gabriel Luczinsky (Rações Kowalski)

Wagner Camis (Piscicultura Água Pura) e Rodrigo Teixeira (FishTV)

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João Campos (Nova Aqua), Konstantinos Bovolis (Aqua Manager) e Eduardo Ono (Nova Aqua) Eliana Panty e Altemir Gregolin (IFC)

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Hideyoshi Segovia-Uno (Spring Genetics), Luis Carlos Bernal Arango (Bios Colombia), Micaele Sales e Jorge Piazza (Spring Genetics)

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Guy Tilkens e Sten Tilkens (Cretel)

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Micaele Sales (Spring Genetics), Santiago Benites (Biovet) e Jacqueline de Melo Lima (Spring)

Luis Roberto Firmino (Global Food), Larissa Prado Dezem (JBS) e Germano Buzzo (Global Food) Ricardo Neukirchner (Aquabel), Ricardo Torres (Seafood Brasil) e Rodrigo Zanolo (MSD)

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Lucas Fernandes (Aquishow), Giovanni Mello (Aquaculture Brasil), Fabi Fonseca e Tiago Bueno (Seafood Brasil) Marilsa Fernandes (Aquishow), Roberto Haag (Geneseas), Ramon Amaral e Gisele Neves (Brazilian Fish), Gerlúcio Neri (Geneseas) e Emerson Esteves (Aquishow) Yuri Malaquias Gatto, Gaetano Furno (PangaBR), Martinho Colpani (PangaBR), Luciana Seki Dias (PangaBR) e Tercio Farias (Villa Pescados)

Lucas Oliveira (Immersus),

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Marketing & Investimentos

Trimestre superestimado Bastidores da Apas têm fornecedores divididos com desempenho do varejo após promessa de um ano de retomada

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Semana Santa estendida em 2019 parece ter saído pior que a encomenda. O resultado das eleições gerou a sensação de que esta Páscoa seria de retomada, depois de quatro anos de um consumidor retraído e com pouco dinheiro no bolso. A expectativa se converteu em alto ritmo de encomendas no primeiro bimestre, principalmente de produto congelado, mas provocou um excesso de estoque no varejo. De acordo com Ivan Lasaro, diretor da Opergel, o movimento de alta estocagem se iniciou em 2018. “Isso fez com que o setor estocasse muito, foi um ano bom de volume, mas ruim de margem. Este ano também começou com otimismo, embora todo mundo esteja escaldado e mais cauteloso.” A expansão de produtos da linha Oceani, lançada no ano passado, é uma das estratégias para incrementar o desempenho este ano. Altamente estocados, os supermercados diminuíram a recompra. As vendas

das redes não foram ruins, mas não seguiram o ritmo esperado. Há relatos de devolução de produtos por grandes bandeiras em maio, o que fontes do setor com décadas de experiência dizem nunca terem visto acontecer. Em paralelo, o dólar oscilou ao sabor da agenda estagnada de reformas e prejudicou categorias muito sensíveis a ele, como o bacalhau.

(leia mais abaixo). “Foi uma edição muito positiva para nós, pudemos receber todos os nossos representantes nacionais (mais de 200) e colocá-los em contato com os clientes de diferentes regiões do País”, celebra Eduardo Frasson, responsável pelo marketing e comercial da empresa.

Ainda assim, a Apas Show refletiu esperança de melhora nos seus 40 estandes com pescado no evento, número inferior a anos anteriores, embora ainda representativo dentro do total de 847 expositores. De maneira geral, o evento foi o melhor dos últimos cinco anos, com recorde de público - acima de 100 mil pessoas percorreram os corredores do Expo Center Norte entre 6 e 9 de maio, número 23% maior que no ano anterior.

A intensa visitação, embora muitas vezes incômoda, beneficiou os que elegeram a feira para fazer barulho com a entrada no pescado. Uma das surpresas do ano foi a Bem Brasil Alimentos, especialista em batatas com capacidade produtiva de 250 mil toneladas/ano. Neste ano, a empresa decidiu fazer uma mudança de perfil para deixar de ser processadora de batatas para se tornar uma indústria de alimentos. E a tilápia foi eleita para isso.

Nem era preciso rodar a feira para notar isso. O estande da Bom Peixe, por exemplo, esteve cheio nos quatro dias e rivalizou em número de visitantes com as empresas de conserva e bacalhau

Walter Takano, gerente de comércio exterior, revela que a produção da matéria-prima fica muito próxima à matriz, em Perdizes (MG), o que gera benefícios. “Existe uma sinergia muito grande


Takano, da Bem Brasil Alimentos: estreia como indústria de alimentos além da batata começa pela tilápia

entre estes dois produtos, com facilidade na produção e na distribuição”, comentou. “Estamos com 120 pontos de distribuidores em todo o País para onde poderemos enviar a tilápia.”

Os planos, no entanto, são ambiciosos. “Começamos a trabalhar com 40 hectares de lâmina d’água e queremos chegar a 300 hectares”, declarou. “Queremos nos tornar os fornecedores mais confiáveis no mercado, fornecer o produto no tempo e quantidade que for necessário, sempre com qualidade e confiabilidade”, cravou. Outros já preferiram mais barulho pela tradição. A New Fish, por exemplo,

fez a estreia na Apas em parceria com a Casa Maré, marca com e-commerce. O objetivo foi apresentar aos supermercados a experiência de 22 anos na compra e venda em todo o Brasil, a partir da Ceagesp, de uma linha ampla de peixes e frutos do mar, crustáceos e moluscos frescos e congelados. Houve estreia mesmo sem estande. Julio César Antônio, diretor da Mar & Rio Pescados, antecipou que 2019 será um ano para acelerar o ingresso no varejo. “Já iniciamos há três meses quando fizemos a Apas regional no Noroeste paulista onde estamos sediados e temos agora uma grande linha de produtos fracionados de pacotes para

atender à demanda dos supermercados”, declarou, direto do estande da Fênix Alimentos. Dona da marca Magic Fish, a Fênix preferiu concentrar a energia na divulgação do novo armazém logístico Baita Frio. “Vimos uma deficiência no mercado e desenvolvemos uma estrutura de primeiro mundo para atender o setor de pescado e congelados em geral”, defendeu o diretor comercial, Márcio Ortega. No pescado, ele confirmou o interesse na expansão da linha de empanados, mas indicou que vai esperar o resultado da Consulta Pública que irá definir a lista de aditivos permitidos para uso na categoria.

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Novos players preferiram uma postura mais discreta pelo momento do negócio. É o caso da Itaueira Agropecuária, conhecida pela linha de melões Rei. A empresa iniciou um investimento em criação de camarão vannamei e já cumpriu o primeiro ciclo de produção, mas procurou não fazer alarde na feira. Não havia nenhuma comunicação sobre o crustáceo no estande. José Roberto Prado, vice-presidente do Conselho, reconheceu que estão em fase de aprendizado sobre a produção de camarão.


Marketing & Investimentos Para Luiz Palmeira (centro), a estreia da New Fish na feira posiciona a empresa no varejo depois dos 22 anos de experiência na compra e venda a partir da Ceagesp

Ainda nos empanados, a argentina Congelados Ártico voltou ao Brasil para promover novamente a linha de milanesas de merluza com versões adicionadas de legumes e queijo. O representante German D’Annuncio, mostrou otimismo. “Tivemos bastante interesse neste ano aqui na feira, estamos em um momento favorável para esta linha com o dólar alto também na Argentina.” Ele confirmou também o interesse em tentar aprovar registros de produtos no Dipoa com camarão vermelho

selvagem daquele país, conhecido como langostino ou gambón (Pleoticus muelleri). “Já fornecemos para o Makro na Argentina e temos preços muito competitivos em relação ao camarão disponível no Brasil.” A importação deve ganhar impulso com a decisão de mérito negativa ao pleito sanitário da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC).

ção da Korin, explica que os desafios técnicos do projeto foram superados com uma diversificação de canais e apresentações. “Como não há hormônio, não é uniforme, há peixes pequenos e grandes. Assim, os filés pequenos vão para um projeto da nossa organização, os de 120g a 180g vão para o varejo e os filés de peixes maiores para restaurantes.”

Duelos da tilápia

Iguarias selvagens

A C.Vale foi um estreante do ano passado que aproveitou 2019 para consolidar presença e tentar fazer frente à Copacol, que ainda lidera a categoria entre as cooperativas. “A área de pescado da C.Vale é um dos negócios mais novos, começamos em 2017 e em 2018 colocamos os produtos da tilápia no mercado. Agora lançamos a posta para nossos clientes”, comentou Jair Ederson De Sordi, gerente do abatedouro de peixes. A posta marca a diferença entre a linha própria e a fornecida para a Aurora.

O Alaska Seafood Marketing Institute (ASMI) completou a 8ª participação na feira em que estreou para o mercado brasileiro. A trajetória de popularização dos peixes do Alasca, como o bacalhau fresco, a polaca e os cinco diferentes tipos de salmão selvagem ganhou uma nova etapa com o lançamento do salmão sockeye e dos blocos de polaca pela Noronha e Swift.

A briga pela tilápia também ganha novos contornos com o movimento da Korin, que lançou na feira a tilápia da Geneseas produzida sem hormônios usados na reversão sexual da espécie. Walter Watanabe, gerente de exporta-

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Jair Sordi, da C.Vale, vê na posta de tilápia com marca própria uma alternativa de diferenciação

O diretor José Madeira aposta na categoria dos fish blocks, ainda pouco explorada aqui no Brasil para reprocessamento nas indústrias ou diretamente ao consumidor final. “Este é um trabalho que estamos fazendo ao longo dos anos, de conscientização de nossos parceiros e processadores da flexibilidade que um produto deste tem”. Os blocos podem ser usados para a fabricação de hambúrgueres, steaks e até como alternativa econômica ao bacalhau. Ainda no campo das iguarias do mar, o estande chileno trouxe uma novidade este ano. Ricardo Borzutzky, gerente geral da Piscis Seafood, trocou a feira de Bruxelas pela Apas “[O Brasil] É um mercado muito atrativo. Optamos por aqui porque o mercado merece, é uma forma muito efetiva de tomar contato com potenciais compradores brasileiros.” O objetivo do executivo é o mercado de alto padrão para a centolla, bacalhau de profundidade (chilean seabass), loco, jaiva e o ouriço do mar para a gastronomia oriental. Já nos filés brancos, a Golden Foods comemorou o resultado da aposta na merluza do Pacífico. “A gayi foi um


Recorde nos bolinhos: em cinco anos, Carlos Coutinho viu a produção da Ferraz e Ferreira dobrar para 3 mil toneladas/ano

A linha Golden Fish completou um ano na Apas 2019 e, neste período, o executivo viu uma mudança no perfil dos filés brancos importados por conta da atuação do Ministério da Agricultura. “Sentimos que o mercado de peixes hoje está com um patamar muito acima do que era. E o melhor de tudo para o mercado é que o consumo passou a ser diário e não é mais sazonal”, enxerga.

Diversificação no bacalhau Os visitantes da feira viram ficar ainda mais acirrada a disputa entre os grandes do bacalhau, como Bom Porto, Riberalves e Soguima. Com a alta diretoria de Portugal presente nos estandes, as três gigantes mostraram esforços para diversificar as linhas. A Bom Porto inaugurou uma linha de pratos prontos que terá seis produtos, dos quais três foram lançados na feira.

Sérgio Karagulian, gerente de marketing da empresa, entende o processo como uma evolução do dessalgado. “O consumidor segue na busca por praticidade que começou com o dessalgado. Agora isso ficou ainda melhor, pois em poucos minutos você tem o melhor do bacalhau”, defendeu. Inovação salutar em um momento de grandes flutuações derivadas do câmbio. “De uma forma geral o varejo fez um bom trabalho este

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produto que a gente viu muita abordagem direcionada a preço, com boa aceitação”, conta Thiago Monteiro diretor comercial. Com merluza argentina, equatoriana, cação e panga, entre outros produtos, a companhia importou 107 contêineres ao todo nos 40 dias de ação.


Marketing & Investimentos Um dos poucos representantes argentinos do pescado, Miguel Cseh, da Marbella, vê potencial para anchovas a enlatadas e a vácuo

ano e o bacalhau teve um desempenho satisfatório, acredito que para 2020 a principal questão é o patamar do câmbio, se vier a baixar isso é positivo para um produto de alto valor agregado com custos menores e o consumidor vai adquirir ainda mais”, acrescentou Pedro Pereira, diretor comercial.

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A concorrência observou movimento similar. “Este ano a Quaresma caiu muito tarde e para os itens congelados não foi das melhores. De uma forma geral o mercado parece retraído, mas eu vejo muito caminho para crescer”, analisa Marcelo Nasser, diretor comercial da Riberalves. “Temos que arregaçar as mangas e trabalhar bastante, então espero um ano bom pela frente apesar deste começo um pouco difícil, estamos animados.” Correndo por fora na categoria de processados, a Ferraz & Ferreira celebrava resultados expressivos. O diretor comercial, Carlos Coutinho, fez um balanço favorável do período recente, apesar da crise financeira que o País atravessou. “Para se ter uma ideia nós dobramos a nossa produção nos últimos cinco anos: estávamos produzindo 1.500 toneladas de bolinhos e neste momento estamos fazendo 3 mil toneladas de bolinhos.”

ABCC x Equador

Enlatados e conservas

O vannamei brasileiro não teve nenhum representante com estande na feira, mas o presidente da ABCC, Cristiano Maia, cruzou com a reportagem da Seafood Brasil nos corredores e deu seu recado. A chegada de dois contêineres de camarão proveniente do Equador em maio não intimidou o executivo, hoje o maior criador de camarão do País, que reforçou a argumentação sanitária. “Eles têm um custo de produção muito menor, pagam menos impostos sobre a folha e este é o maior gargalo nosso. Não tenho medo dos preços deles, mas tenho medo de trazerem doenças que não temos aqui, como a EMS [Síndrome da Mortalidade Precoce]”.

A consolidação da presença da Robinson Crusoe e o retorno da Gomes da Costa à feira ocorre em pleno momento de turbulência na matéria-prima. Se por um lado as capturas de atum dispararam (como publicamos na edição #28) a safra de sardinha não dá sinais de melhora e a importação continua a abastecer as indústrias. Talvez por isso o grande lançamento da GDC no evento tenha sido um enlatado de…. frango.

A briga deve ficar mais quente depois que a Secretaria de Aquicultura e Pesca (SAP) concordou em exigir uma análise de risco contemporânea do camarão equatoriano. Em paralela, Maia diz que o foco é expandir a produção interna e retomar as exportações. “A produção vai aumentar e espero chegar em 85 mil toneladas por ano e em 2020 acima de 100 mil toneladas para atender ao mercado externo e também lá fora.” O preço, entre R$ 15 e R$ 16 na porta da fazenda, está favorável ao aumento do consumo interno. Do lado equatoriano, grandes players, como Omarsa e Santa Priscila, preferiram Bruxelas, mas o ProEcuador e até o embaixador do país, Diego Ribadeneira, engrossaram o coro em prol do produto deles. “Os empresários equatorianos estão com grandes expectativas e isso favorece também o consumidor brasileiro, o preço cai e tem um produto de grande qualidade. Além disso não causa problema com a concorrência local porque o Brasil tem como produzir camarão e abastecer o mercado junto com as exportações.”

Com 65 anos de atuação no Brasil, o braço do grupo espanhol Calvo não deixou o pescado de lado e apresentou sardinhas raladas em versão regular e picante. Andrés Eizayaga, diretor comercial e marketing, explicou que a empresa está apostando em um nicho diferente. “É um produto prático com mais gramas do que uma sardinha regular e que também rende no bolso.” O desenvolvimento surgiu após um estudo que revelou o hábito de os consumidores de sardinha em lata desfiarem o produto para fazê-lo render mais. Apesar da maior disponibilidade de atum nacional, o Equador segue galgando posições junto a distribuidores nacionais. A Marbelize aposta na introdução de produtos com a marca própria. “Estamos há 12 anos no mercado principalmente com as latas tradicionais, mas acreditamos que a questão da matéria-prima e o câmbio nos dá uma melhor pespectiva para penetrar em outras categorias, como pouches”, afirma o diretor, Andres Cuka. A empresa fabrica em torno de 1 milhão de bolsas por mês. Na outra ponta do estande equatoriano, Marcelo Fabara, gerente geral da Gondi, celebrava a conquista do abastecimento dos pouches de 500g para a marca Saint Paul, além de enlatados para a Beira-Mar. A linha se estende para conservas de sardinha, atum e chicharro, mas também extrapola as conservas. “Temos também pescado, como escolar, dourado do mar (mahi-mahi), merluza, peixe-espada etc).”


Longos passos mais lentos

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A Apas 2019 não concretizou a retomada do varejo como se esperava. Importadores ainda se refaziam do mau desempenho da Semana Santa, enquanto as indústrias de matéria-prima nacional celebravam bons resultados. Em comum, todos achavam que 2019 seria melhor do que o primeiro quadrimestre revelou.


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Marketing & Investimentos

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José Roberto Prado e Caito Prado (Itaueira Agropecuária)

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Gustavo Pedrosa e Ricardo Pedroza (Camarões do Brasil) e Miguel Bregieira (Noribérica)

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Ricardo Borzutzky (Piscis Seafood) e Juan Pablo Vergara (Central Valley Trading)

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Marcelo Eiger (Trident Seafoods), Pedro Pereira, Guedes Vaz e Sergio Costa e Souza (Brascod/Bom Porto)

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Fredy Romano, Christianny Maia, Luzia Maia, Cristiano Maia, José Robson (Samaria/Potiporã)

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Claudio Seffino (Seffino Trading) e Paulo Miorelli (Perte Distribuidora)

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Julio Antonio e Fabio Antonio (Mar & Rio)

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Andres Cuka e esposa (Marbelize)

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José Madeira (ASMI), Marcelo Eiger (Trident Seafoods) e Alessandro Semeraro

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Mauricio Monteiro (Piscare), Danilo Silveira (Multifoods), José Alberto Jr.

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Matías Cirano (Cermaq) e Felipe Katata (Mitsubishi) José Rogerio (Ray Alimentos) e Luiz Tondo (OnBusinessBR)

Marcelo Freitas, Elane Santos e Marcela Zampieri (GPA)

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Thiago Monteiro (Golden Foods)

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Victor Arruda (Fênix Alimentos), Artur Almeida e Kelly Caracho (Piscare)

Ignacio Gonzalez e German D’Annuncio (Congelados Artico)

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Airton Queiroz e João Miranda (Noronha Pescados)

Andrés Eizayaga, Marli Neves e Lucas Nouer (GDC Alimentos)

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Leandro Orsi, Diego Orsi e Alessandro Orsi (Altamar Foods)

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Ricardo Torres, Fabi Fonseca e Tiago Bueno (Seafood Brasil)

Marcelo Nasser (Riberalves) e Lourival Miguel (Wal-Mart)

Marcelo Branco (Bom Peixe), Silvio Pereira (Grupo5), Tatiane Cerqueira (St. Marché) e Rodrigo Joaquim

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Bruno Passalacqua e José Fuenzalida (Aquachile)

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Luiz Carlos Ribeiro (Tardin & Perry), Raul Duhalde e Andres Silva (Blumar)

(Grupo5)

MERLUZA PREMIUM CONGELADA A BORDO

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Na

Planta Tecnologia em processamento de pescado

Descouradeira belga

EcoFishBox

Em casa na SEG2019, a Steen mostrou as variações da linha de descouradeiras ST700: mesa, automática e com troca de lâminas para diversas espécies sem necessidade de dispor de uma máquina para diferentes produtos.

A fábrica finlandesa de papel Stora Enso estreou no chão da feira com esta estrutura de papelão ondulado para embalagem primária de pescado resfriado. A FishBox quer se projetar como uma alternativa ao poliestireno expandido e PVC e, de quebra, reduzir os custos com manuseio, transporte e reciclagem em até 60%.

Descongelamento por radiofrequência

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Na última feira de Bruxelas, com o dobro do espaço dedicado a máquinas de processamento, algumas tecnologias se sobressaíram. A italiana Stalam apresentou um sistema de descongelamento por radiofrequência que gera calor volumetricamente no produto e o descongela em minutos, não em horas ou dias. A solução é indicada a blocos ou cortes IQF e pode ser usada diretamente dentro das embalagens.

Contêiner térmico A Unipac desenvolveu este contêiner térmico para transportar itens que requerem temperaturas controladas, como pescado congelado e resfriado. Sob medida para a logística pulverizada de grandes cidades, o produto tem isolamento térmico, vedação de borracha, rodízios e peças em aço inox para maior durabilidade.


Extratora de pele

Um complexo industrial já integrado à indústria 4.0 é a nova aposta da Brusinox para os frigoríficos de pescado. O sistema inclui atordoador elétrico, sangria, descamadora a jato de água, evisceração, além de remoção de cabeça e filetadora automáticas. As esteiras e estações de trabalho são supervisionadas por um software específico, que controla e gera informações à cada etapa do processo.

A Cretel investe na divulgação do modelo 460TAC, uma extratora de pele para peixes, automática, com esteiras de entrada e saída. As esteiras transportadoras de entrada e saída tornam a máquina adequada para uso em uma linha de produção industrial. Gama ampla de rolos dentados garante a adaptação a diversas aplicações.

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Solução 4.0


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Capa

Difícil convivência Multiplicação desordenada de macrófitas na Bahia e derradeira mortalidade massiva no Castanhão reacendem debate sobre a aquicultura e os usos múltiplos de água


O segundo cenário é aterrorizante. Na margem do Castanhão (CE), o maior reservatório de usos múltiplos da América Latina, tanques-rede abandonados formam uma pilha de metal, bóias e redes. No meio do açude, milhares de peixes flutuam, mortos, nas gaiolas ainda ativas. Jaguaribara (CE) já não é nem sombra do que foi quando o IBGE a colocou como a maior produtora nacional de tilápias do País. Com a crise hídrica crônica por qual passa o reservatório, quatro episódios de mortandade massiva paralisaram a cidade, que dependia quase exclusivamente da piscicultura. Há muitos outros casos pelo Brasil, como em Furnas (Minas Gerais), que mostram como o compartilhamento de corpos d’água para diferentes finalidades, como abastecimento de cidades, atividades recreativas e produtivas, como a piscicultura, é capaz de gerar frutos na mesma medida em que é capaz de apodrecê-los quando algum dos usos não funciona bem. É fato é que o peixe é o primeiro prejudicado quando há mudança na qualidade da água, o que mobiliza os piscicultores a rechaçarem que a culpa recaia sobre eles. Renato Torigoi, que já foi coordenador de aquicultura em Águas da União para a Secretaria de Aquicultura e Pesca (SAP) em gestões anteriores, endossa a visão dos produtores. “Alguns estudos têm demonstrado que

a grande fonte causadora da deterioração da qualidade das águas não é a aquicultura e sim os outros usos, sendo o mais deletério o lançamento de esgotos urbanos.” Embora a cobertura da mídia regional seja mais sensível a estes impactos, a opinião pública em geral não parece ter a mesma dimensão. Pelo contrário. A crise hídrica dos últimos anos gerou uma caça às bruxas dentro das concessionárias de energia e de tratamento de esgoto que monitoram a situação da água nos diferentes tipos de reservatórios. Não foram poucas as vezes em que a piscicultura viu dedos acusatórios apontados para ela, sem dados que comprovassem a magnitude do impacto atribuído. O ônus da prova, como se diz no Direito, não coube ao acusador. “Por isso é tão importante que dediquemos esforços para o monitoramento da qualidade da água, a aquicultura em tanque-rede sempre sairá perdendo quando houver comprometimento da qualidade da água”, ressalta Torigoi. É por este motivo que a então Secretaria Especial da Aquicultura e da Pesca da Secretaria-Geral da Presidência da República (Seap/PR) criou, em agosto de 2018, a Rede Nacional de Pesquisa e Monitoramento Ambiental da Aquicultura em Águas da União. O objetivo era reunir instituições de todo o País capazes de coletar informações e trocar conhecimentos sobre os impactos da atividade. “[A rede] pode gerar conhecimentos relevantes que venham a tornar a atividade ambientalmente segura e o licenciamento ambiental mais coerente e, consequentemente, mais acessível”, define Juliana Lopes Ferreira, atual coordenadora de aquicultura em águas da União da SAP, que também dirige a rede. Segundo ela, um dos benefícios será a geração de subsídio técnico-científico à política aquícola para planejamento, ordenamento e monitoramento da aquicultura em águas da União de forma sustentável. A coordenação técnico-científica e interlocução entre diferentes centros de pesquisa

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O

primeiro cenário é impressionante. Um tapete verde se estende por km de extensão no Baixo São Francisco, em Glória (BA) e Paulo Afonso (BA). São baronesas ou aguapés, plantas macrófitas com alto potencial de reprodução. Em uma semana praticamente ela dobra o tamanho inicial se encontrar uma área propícia, com muita concentração de nitrogênio e fósforo - presentes em altas quantidades em esgotos. Enquanto os núcleos urbanos continuam a despejar seus dejetos sem tratamento no Velho Chico, escavadeiras tiram 140 caçambas cheias de plantas todos os dias da região. Enxugam gelo.


Capa Aquicultura em águas públicas

É por este motivo, explica ele, que a atividade só pôde se desenvolver após uma normatização. “As normas seguidas são as que tratam de patrimônio público e bens da União, segundo as quais para autorizar o uso de um particular, é necessário comprovar a viabilidade técnica e econômica, a sustentabilidade, o benefício para a sociedade etc.” Ele reconhece que o mecanismo pode ser melhorado e simplificado, já que o princípio da precaução provocou um “excesso de rigor na regulação.”

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A aquicultura em águas da União é um uso múltiplo que tem sua produção analisada previamente por um órgão independente e é autorizada quando se enquadra dentro de uma capacidade de suporte calculada especificamente para o corpo hídrico onde está inserida. “Mesmo assim, muitas vezes é acusada de provocar a deterioração da água, talvez por ser o uso que fica em evidência e pode ser visto”, pontua o especialista.

e gestão está a cargo de Fernanda Sampaio, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente atualmente cedida ao Departamento de Produção Sustentável do Mapa. A especialista enxerga que os procedimentos atualmente utilizados pelos produtores e exigidos por resolu-

DIvulgação/Embrapa

A rápida ascensão da criação de peixes em grandes reservatórios acelera a necessidade de se compreender a metodologia de cessão de águas públicas. A lógica da concessão vai muito além de uma licença ambiental, como explica Torigoi. “Não é licenciamento ambiental, tampouco autorização para instalar uma produção e sim uma solicitação para utilizar um bem público para benefício de um particular.”

Pesquisadores da Embrapa monitoram condições do Reservatório de Ilha Solteira (SP): método de coleta de parâmetros é chave para saber o real impacto da piscicultura

ções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) não garantem o monitoramento do impacto. “Mesmo que você faça um esforço de ir diariamente numa área de produção [para coletar amostras e utilizar sondas], terá uma área pontual. Não saberá se aquele parâmetro medido é resposta do comportamento diário do reservatório ou uma resposta da aquicultura.” O problema é que esta é uma condicionante do processo de cessão de águas públicas cobrada do produtor. “É um instrumento que não tem muita efetividade nem para cumprir condicionante e nem como ferramenta de gestão. O produtor precisa saber como utilizar o recurso e o impacto que ele tem”, adverte Sampaio. Para contornar o problema, a Rede já apresentou uma proposta de monitoramento ambiental que questiona pontos das resoluções do Conama. Um deles é sobre o uso do tamanho da área como critério para calcular o licenciamento. “Sugerimos que seja feito de acordo com o volume de produção. Para os pequenos e médios só sugeriríamos monitoramento dos sedimentos, sem esta frequência tão grande, mas o grande produtor teria um plano de monitora-

mento ambiental, o que já acreditamos que faça”, explica a pesquisadora da Embrapa. A rede já gerou dois produtos: um livro com uma revisão científica do tema repleto de exemplos do exterior, como Chile e Noruega, além de casos do próprio Brasil; e outra publicação que procura traduzir resultados científicos de pesquisadores. “Compilamos de uma forma muito simples para o público entender”, diz Sampaio. Bom indicativo para o produtor que, além de ter a obrigação de ser um especialista na criação de organismos aquáticos, precisa preservar - e provar que preserva - o insumo mais importante para o seu negócio.

Cessão de áreas aquícolas em números, segundo a SAP 3.026 áreas aquícolas solicitadas 1.288 canceladas 1.073 deferidas pela SAP por

geoprocessamento e aquicultura

145 aguardando documentos para análise 507 tiveram solicitação de alterações de projeto técnico


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Capa

Função social da água Aquicultura se insere em debate mais profundo sobre os usos e funções dos corpos hídricos no Brasil

E

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m tempos de Copa América, pode causar espanto dizer que o Brasil ficou atrás de Chile, Peru e Bolívia. Mas no campeonato mundial do saneamento básico, nós perdemos feio destes e de outros países. Segundo o Panorama da Participação Privada no Saneamento 2019, divulgado em abril, o País precisaria investir cerca de R$ 20 bilhões por ano para ao menos se equiparar a estes países. Em 2016, conforme apurou o Estadão, o País investiu R$ 11,33 bilhões em saneamento, número que caiu para R$ 10,05 bilhões em 2017. O esgoto urbano não tratado, mas também o industrial, são hoje as principais causas da poluição dos rios que abastecem nossos reservatórios. O novo marco regulatório do saneamento básico, aprovado pelo Senado no início de junho, abre a possibilidade de contratos de concessão à iniciativa privada, na forma de Parcerias Público-Privadas (PPPs), por exemplo, com a Federação, Estados e Municípios. O projeto ainda dependia de sanção presidencial


A água suscita ainda mais desconfiança por ser um recurso finito dotado

do que o Direito chama de função social. “A consequência de ser considerada um bem de uso comum do povo é que o uso da água não pode ser apropriado por uma pessoa física ou jurídica excluindo outros usuários. Da mesma forma, não pode haver poluição ou agressão a esse bem”, indicam a doutora em Direito Ambiental, Beatriz

Souza Costa e a advogada Ana Christina Penna, em artigo publicado em uma revista da Associação de Juristas do Rio Grande do Sul (Ajuris). Baseadas no que define a Constituição Federal de 1988, as especialistas vão além: “o Poder Público pode estabelecer uma concessão ou autorização

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até o fechamento desta edição, mas se aprovado terá de superar a desconfiança da população - cansada de pagar o alto custo de serviços básicos concessionados, como eletricidade, sem enxergar retorno.


Capa Água no mundo e no Brasil

Geração de energia e reserva para períodos de crises hídricas fortaleceram a criação de barragens por todo o País; represamento atraiu aquicultura, mas criou uma situação de conflito entre os usos

Da água doce que existe no planeta, 73% é utilizada na agricultura, 21% na indústria e apenas 6% é água potável. A Unesco, por meio do Relatório sobre o Desenvolvimento da Água no Mundo, afirma que no ranking mundial o Brasil ocupa o 23º lugar entre os países com maior disponibilidade de água no mundo, mas com forte desigualdade. Em torno de 75% dos mananciais estão na Região Norte, que possui menos de 10% da população; o Nordeste tem apenas 3,3% da disponibilidade hídrica, com quase um terço da população do País. Também foi constatado que o consumo de água por pessoa no Brasil dobrou nos últimos anos, embora 40 milhões de pessoas vivem em casa sem rede de abastecimento ou com deficiência do serviço público. Por sua vez, a Agência Nacional de Água (ANA) atestou a vulnerabilidade hídrica de determinadas regiões, tais como: o Semiárido brasileiro, incluído o Nordeste e a região do Norte mineiro. Diante desse quadro, constata-se que, embora sejamos um País contemplado com um enorme manancial de águas doce, milhares de pessoas não têm acesso à água, passam sede e fome. Fonte: “Função Social da Água na Propriedade Privada”, artigo escrito por Beatriz Souza Costa e Ana Christina de Barros Ruschi Campbell Penna

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(...), mas é dever do mesmo estabelecer um resultado eficiente na conservação e recuperação das águas. A outorga tem como finalidade assegurar os controles quantitativo e qualitativo do uso da água e o acesso equitativo ao recurso.” Basta ver como estão nossos rios para chegar à conclusão de que o Poder Público não cumpre seu dever, como descrevem Costa e Penna. Só o Tietê, talvez o caso mais flagrante do Brasil, é considerado morto em uma extensão de 122 km, ou 10,6% de todo o rio, segundo um estudo da Fundação Mata Atlântica. Este é essencialmente um trecho urbano e industrial, mas a poluição no interior também preocupa.

Em abril, um balneário famoso em Araçatuba (SP), registrou uma proliferação desenfreada de algas. Antes, em março, Sabino (SP) também havia registrado o mesmo problema. O despejo de defensivos agrícolas e fertilizantes utilizados na agricultura foi apontado como uma das causas, assim como o calor excessivo. Mas a alta concentração de fósforo e nitrogênio também direcionou mais uma vez a culpa para o esgoto não tratado. No caso de Sabino, o Ministério Público Estadual tentou responsabilizar e cobrar providências da Cetesb, do Estado e da AES Tietê, concessionária de energia elétrica, mas a empresa recorreu e a liminar foi suspensa. Enquanto se discutem as responsabilidades, os aquicultores paulistas em águas públicas contam os dias para sentir os impactos da poluição ambiental. O caso de Glória (BA) (leia mais na pág. 57) é uma realidade cada vez mais próxima. “[As baronesas] ainda são um

problema incipiente, mas em qualquer momento vai surgir”, vislumbra Marilsa Fernandes, secretária-executiva da Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União (PeixeSP). Em longo prazo, ela considera que o problema será tão grave a ponto de inviabilizar não só a atividade, mas todos os demais usos. “Em nossa região notamos muitos canos que despejam esgoto sem tratamento nenhum nos rios e reservatórios. Estamos contando o tempo para tirar os tanques da água. Ou acordamos para esta situação ou daqui a 50 anos não será possível nenhuma atividade produtiva, de lazer, produtiva, nem sequer dessedentação de animais.” Ela reconhece que a própria atividade de piscicultura causa impacto, mas como os produtores dependem de água de boa qualidade para produzir têm interesse em controlar as consequências do cultivo. “Se todas as atividades


Os reservatórios e a “crise hídrica aquícola”

Ela vê duas saídas: o rodízio de áreas e a migração gradual para viveiros escavados. “Não sei até quando a produção de peixe em reservatório poderá persistir. A capacidade de suporte de um reservatório só diminui, não aumenta com o passar do tempo. Pensando em um sistema de rodízio, cada área produz durante 5, 10 anos, e depois é transferida. Isso precisa estar previsto dentro da norma, o que não está.” O modelo é similar ao chileno, onde a salmonicultura acumulou anos de duras críticas pela deposição de matéria orgânica nos mesmos centros produtivos.

Autor: Renato Torigoi, consultor e ex-coordenador da Seap/PR para aquicultura em Águas da União

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usuárias do recurso hídrico tivessem a responsabilidade que a criação de peixe tem, haveria harmonia e maior duração de uso”, indica Fernandes.

Um reservatório de hidrelétrica pode ser de “acumulação” ou “fio d’água”. Geralmente os de acumulação estão posicionados a montante das bacias, justamente porque foram concebidos com a finalidade de acumular grande quantidade de água para liberar nos períodos de baixa pluviosidade, modulando assim o fluxo de água e a geração de energia das usinas posicionadas a jusante. Esses reservatórios passam anos acumulando o excedente de água, quando as condições meteorológicas permitem, e durante uma crise hídrica como a que tivemos sacrifica seu volume para regular a vazão abaixo da barragem. Essa flutuação no nível do reservatório é muito prejudicial para os empreendimentos aquícolas, principalmente quando o local escolhido seca e esse foi o principal problema no caso de Minas Gerais. Como forma de enfrentar o problema, foi publicada portaria que permite que o produtor mude de lugar no caso de haver impedimento para produção na área original. Já no Ceará a situação é diferente, a produção estava concentrada em reservatórios que tinham o objetivo de abastecimento humano e este, juntamente com a dessedentação animal, são os únicos usos que têm prioridade sobre os outros. A escassez de água foi tamanha, que o reservatório praticamente desapareceu, inviabilizando a produção não só de peixe como todos os usos foi prejudicado, inclusive o abastecimento humano. A crise hídrica trouxe à tona outro problema, a qualidade da águas em nossos rios e reservatórios, com menor quantidade de água, ocorre a concentração dos poluentes. A aquicultura em águas da União é um uso múltiplo que tem sua produção analisada previamente por um órgão independente e é autorizada quando se enquadra dentro de uma capacidade de suporte calculada especificamente para o corpo hídrico onde está inserida. Mesmo assim, muitas vezes é acusada de provocar a deterioração da água, talvez por ser o uso que fica em evidência e pode ser visto.


Divulgação/Prefeitura de Jaguaribara (CE)

Capa

As mortes do Castanhão Último episódio de mortandade é a pedra no jazigo da piscicultura no maior reservatório do Nordeste

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aguaribara (CE) foi a primeira morte na conta do Castanhão, o maior açude para usos múltiplos da América Latina. Quando a construção do reservatório terminou, em 2003, mais de 2/3 das terras da cidade ficaram debaixo d’água. O perfil agropecuário que o município tinha, com fazendas e pesca artesanal no vale do rio Jaguaribe, transformouse. Nasceu uma cidade moderna e planejada, mas em busca de uma nova credencial - título tão importante entre as cidades nordestinas. A identidade começou a ser forjada novamente com a introdução da piscicultura, em 2004. Três anos depois, o reservatório começou a se converter em um parque aquícola e os produtores organizados em associações e cooperativas receberam cessão não-onerosa de uso. Com apoio do Sebrae, a então Seap e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), as

entidades passaram a oferecer capacitações técnicas.

despencou, como mostra o gráfico na página ao lado.

O crescimento da produção de tilápia girou a engrenagem da nova cidade e possibilitou a criação de diversos negócios direta e indiretamente relacionados à atividade, de fornecedores de alevinos e fábricas de tanques-rede a hotéis e restaurantes. “Em torno de 70% da geração de renda de Jaguaribara era proveniente da piscicultura e dos serviços, mais de R$ 5 milhões circulavam dentro da cidade por mês”, calcula um relatório da prefeitura.

O resultado foram ao menos quatro grandes episódios de mortandade, sempre nos períodos entre maio e junho. Em 2015 e 2016, cerca de 95% da produção existente foi dizimada, algo em torno de 3 milhões de animais mortos. O relatório das mortandades elaborado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Aquicultura e Pesca de Jaguaribara aponta que os fatores que levaram às fatalidades foram gerados principalmente pelas “drásticas reduções do aporte e volume do reservatório.”

O auge foi em 2014, quando a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) do IBGE cravou um volume de 16.920 toneladas de tilápia, a maior produção até então registrada em um só município. Só que o açude já dava sinais de que não teria mais a disponibilidade hídrica de anos anteriores. Desde 2013, o volume do Castanhão só

Em 2016, os produtores culparam diretamente a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh) por supostas manobras nas válvulas dispersoras que controlam a vazão da água que abastece o reservatório. A operação consiste em abrir as


Na época, a Cogerh disse apenas que “as condições ambientais do Castanhão durante o levantamento evidenciam que as variações na qualidade da água, como a queda dos teores de oxigênio dissolvido, podem ser decorrentes tanto de características naturais do reservatório, como regime hidrológico, variação climática e dinâmica de circulação de correntes, como

VOLUME (%) DO AÇUDE CASTANHÃO | 2004 A 2019 78,8

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Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA)/Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Aquicultura e Pesca

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válvulas de modo a aumentar a vazão para garantir que a água percorra toda a extensão do açude e chegue a cidades mais distantes, como à região metropolitana de Fortaleza. Para os produtores, esta manobra revolve o fundo do açude, criando uma mancha negra de sedimentos que diminui drasticamente a oxigenação da água, matando os peixes.


Capa A cidade entrou em estado de calamidade. “Os piscicultores não desistem porque não temos outra atividade na nossa cidade. A única alternativa de sobrevivência é a piscicultura. Mesmo tendo prejuízo todos os anos é um povo que não desiste nunca”, lamenta Edivando Feitosa, piscicultor e presidente da Associação dos Criadores de Tilápia do Castanhão (Acritica), também conhecido como Padim.

Padim, presidente de associação no Castanhão, transferiu seus negócios para Pernambuco muitos o seguiram

podem ser oriundas das formas de uso das águas do reservatório, como agricultura, pecuária, processo de lixiviação do solo, efluentes sem tratamento, resíduos sólidos, decomposição vegetal e piscicultura, bem como a operação de volumes liberados.”

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A responsabilidade nunca foi assumida pela Cogerh, mas é fato que os produtores também retomaram os povoamentos em 2017 e 2018 com outras práticas. “Mesmo com o declínio rápido no nível do açude, nenhuma mortandade foi registrada nesses dois anos com algumas medidas importantes adotadas pelos piscicultores principalmente relacionadas às densidades de estocagens que outrora chegaram a 50-60 peixes por m2 e nesta retomada variava entre 15-30 peixes por m2. Os parâmetros da água também sempre foram uma preocupação para os piscicultores, realizando o acompanhamento diário dos indicadores: OD (oxigênio dissolvido), temperatura e transparência”, diz o relatório da prefeitura. A mudança de postura não foi suficiente. Com apenas 4% da capacidade em janeiro de 2019, os piscicultores que insistiram em manter os tanques na água para amenizar o prejuízo de anos anteriores nesta última Semana Santa perderam 3 milhões de peixes até fevereiro. Em maio outro episódio matou o pouco que ainda restava, totalizando 2 mil toneladas de peixes mortos só neste ano.

O piscicultor, que recebeu a reportagem da Seafood Brasil em 2015, dá a medida do desespero da população. “Todos estão inadimplentes com os bancos. A cada ano os que vinham criando vendem uma casa, um carro, um lote de terra. Muitos comércios fechando as portas, a população está sem dinheiro, só consome o necessário. Ninguém tem renda.” Neste estado desesperador, a busca por um culpado, além de São Pedro, continua. “A Cogerh nunca foi responsabilizada pelas mortandades de peixe no Castanhão, mas eles consomem 4% de água do Castanhão por ano. No próximo ano vai chegar a 1% e eles não fazem nenhuma economia de água, soltam água escondidos. O pessoal vê o rio com bastante água de madrugada e quando de manhã eles fecham de novo”, acusa Padim. Padim fez o que muitos outros da própria Acritica fizeram. Desmobilizou a produção no Castanhão e foi tentar seguir na atividade em Pernambuco, no rio São Francisco. Primeiro tentou em Itacoruba, a 700 km de Jaguaribara, mas com meses muito frios a tilápia

não se adaptou bem. Outro grupo de produtores foi a Jatobá (PE), quase na divisa com a Bahia. “Consegui amizade com pequenos produtores de lá e prestei serviços de fabricação de tanque-rede, transporte de alevino de um produtor que agora também se mudou para lá.” São 10 horas de viagem, em estrada ruim, que Padim percorre ao menos uma vez por semana. A luta é árdua, mas ao mesmo tempo em que se sentem totalmente desamparados, os produtores não têm outra saída. “Não temos mais nenhum peixe no açude. Já estamos no quinto mês sem retorno das autoridades para ajudar as pessoas”, conta Lívia Barreto, secretária de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Aquicultura e Pesca de Jaguaribara. No momento desta entrevista, Barreto voltava de mais uma de inúmeras reuniões com entes públicos. Desta vez, foi procurar o Comitê de Bacias Hidrográficas que delibera sobre o controle e acompanhamento da gestão hídrica do Castanhão. Na reunião estavam representantes da Cogerh. “Como os produtores têm relatado impactos de mortandade sempre que a Cogerh muda a vazão da válvula, fomos lá para entender melhor, pedir um diálogo com os produtores.” Ela já costura as bases de uma retomada da atividade, em uma futura recarga do açude, com uma interlocução efetiva. “Pedimos que tenha sempre uma emissão de alertas, uma nota, uma parceria entre nós.” É o primeiro passo para um renascer apaziguado da piscicultura depois de tantas mortes.

Tragédia anunciada: episódios sucessivos de mortandade enterraram a piscicultura no Castanhão


Tapete de destruição Proliferação desenfreada de plantas macrófitas em Paulo Afonso e Glória (BA) dizima pisciculturas e expõe falta crônica de saneamento básico no Velho Chico

O

rio São Francisco é a artéria do Nordeste. Transporta vida para 521 municípios e cinco Estados. Mata a sede, mata a fome, mata a seca. Mas o mais importante vaso sanguíneo de Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Bahia e Minas Gerais está entupindo. De esgoto. “Dos 518 municípios da calha do rio, apenas 1 tem 100% dos esgotos tratados. Em sua maioria os esgotos são jogados sem qualquer tratamento”.

A frase poderia ter sido dita por um ativista ambiental, mas foi proferida por Anttonio Almeida Jr., presidente da Associação de Aquicultura do Rio São Francisco (Peixe SF). A exemplo dos demais agentes consultados nesta reportagem, ele não exime a atividade de responsabilidade sobre os impactos, mas pretende evitar que os produtores tenham o dedo apontado exclusivamente para eles. “Nosso impacto é controlado, não ocupamos sequer 0,3%

das lâminas d’água do reservatório. Estamos trabalhando com uma produção dentro do que é recomendado e legislado.” Almeida Jr. se refere à cadeia produtiva da aquicultura na região dos lagos no submédio e baixo São Francisco, que cresceu a ponto de colocar Glória (BA), Jatobá (PE) e Petrolândia (PE) no ranking das 10 cidades que mais produziram tilápia em 2017,

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Divulgação/Mário Roberto/Prefeitura de Glória

Florescimento desordenado de macrófitas afeta piscicultura em Glória (BA): cena se tornou comum na região de lagos do rio São Francisco


Divulgação/Mário Roberto/Prefeitura de Glória

Capa

segundo a PPM, do IBGE, com 27.839 toneladas somadas. “Mesmo com tanta produção, nosso impacto é menor que apenas uma cidade como Petrolina (PE) lança como esgoto”, compara Almeida Jr.

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Quando a proliferação de macrófitas - um episódio muito comum na região e normalmente associado a épocas de altas temperaturas - chegou a níveis alarmantes, houve abordagens na mídia que atribuíam a culpa aos piscicultores. “O impacto com macrófitas é bem anterior à chegada da piscicultura, há 20 anos. Tentou-se fazer a transferência de responsabilidade à atividade”, rechaça o presidente da associação. Desde então, as discussões começaram a ganhar relevância e fóruns apropriados. Em março deste ano, as Câmaras de Vereadores de Glória e de Paulo Afonso, com o apoio da Peixe SF, realizaram uma audiência pública sobre o desastre ambiental e econômico causado pelas baronesas. Os prefeitos acusaram “descaso” da Companhia

Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), enquanto Almeida Jr. apresentou relato fotográfico de diversos locais onde ainda se joga esgoto sem tratamento no rio. O impacto em todos os usos restou claro, mas a ênfase na aquicultura foi clara. Segundo cálculos da Peixe SF, os prejuízos na piscicultura já haviam ultrapassado até março R$ 8 milhões, com fechamento de 16 pisciculturas em Glória e 8 em Jatobá e Petrolândia, das quais 3 de associações, com o desemprego de mais de 250 postos de trabalho. A entidade calcula que existam cerca de 600 produtores locais, dos quais representa 480 por meio de 68 associados. Juntos, produziram no último ciclo 45 mil toneladas de tilápia. Um deles é André Souza, piscicultor e engenheiro de pesca formado em Paulo Afonso pela UNEB. Depois de um ano de curso, já começou a trabalhar em fábricas de ração e terminou a vida de assalariado na Netuno, onde ficou por quase oito anos. De olho no potencial da engorda, resol-

veu montar sua própria piscicultura no lago Moxotó, em Glória (BA). No auge, chegou a produzir 50 toneladas/mês, mas ele afirma ter notado o aumento da ocorrência das baronesas apenas dois anos depois de iniciar o projeto. “Com dois anos na atividade, vimos que ela estava aparecendo muito, nunca esperávamos ser uma coisa tão problemática. Colocamos contenção com corda de rapel, gastei mais de R$ 30 mil reais só deste material preso com poita de concreto, mas é fichinha com a força que ela vem com o vento.” Não foi suficiente. Entre o ano passado e este ano Souza teve dois episódios de mortandade de peixes. “Somando os dois dá R$ 800 mil a R$ 1 milhão”, conclui, ainda assustado. Ele indica que não desistiu da atividade, só está cogitando levá-la para outra área. “As outras lagoas têm peculiaridades que dificultam a proliferação de baronesas. Nos cânions, por exemplo, ela não encosta nas gaiolas.”


Com condições ideais de temperatura, fósforo e nitrogênio, plantas aquáticas dobram em uma semana; produtores muitas vezes não conseguem nem retirar suas estruturas a tempo

Na audiência realizada em março, Heráclito Oliveira de Azevedo, membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco apresentou uma proposta de enchentes programadas, de forma a poupar 50 m3 por segundo de vazão em Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso e Xingó. Basicamente, a ideia consiste em fazer, a cada quatro meses, uma inundação programada

para se lavar a calha do rio e, com isso, remover as baronesas que seriam enviadas para a foz do rio. Só a remoção emergencial das baronesas, que é um pouco mais efetivo que enxugar gelo, é um processo caro e complexo. A Peixe SF pleiteia ajuda da Chesf ao menos com hidrotratores, cujo custo médio é de R$ 1 milhão e mais R$ 500 mil por ano com manutenção. E cobra algumas promessas de todos os órgãos gestores do rio: a de universalização do saneamento básico para tratar 100% do esgoto dos municípios no entorno do rio São Francisco; monitoramento do controle de efluentes gerados pelas diferentes atividades econômicas praticadas ali; e elaboração, implantação e execução de um Plano de Manejo de Macrófitas Aquáticas.

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Almeida Jr. considera que a vazão de água, controlada diretamente pela Chesf, é um dos principais problemas. “A vazão regular é de 1.300 m/s, mas estamos a 600 m/s. A oxigenação da água fica muito prejudicada e não há renovação de água. O nitrogênio e fósforo se acumulam por mais tempo, e a macrófita aproveita o cenário e se prolifera.”


Capa

Produção consciente Uso compartilhado exige contrapartidas dos aquicultores, que buscam apoio na tecnologia disponível para melhorar a qualidade da água

O

acúmulo de matéria orgânica e excesso de nutrientes na água descartada ou em uso no cultivo em reservatórios torna a aquicultura uma atividade que precisa prestar contas constantemente. Na maior parte dos casos do Brasil, são os órgãos ambientais estaduais que demandam e processam essas informações para eventuais providências, como a cassação de uma licença de operação e multas ambientais. No maior pólo da piscicultura no Brasil, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) exige que todas as pisciculturas em tanque-rede façam uma espécie de “automonitoramento” desta água,

contratando prestadores de serviço terceirizados para elaborar relatórios sobre a qualidade da água. “É uma preocupação do órgão ambiental para saber se a atividade da aquicultura não está causando danos ao meio ambiente e ao corpo hídrico”, explica Eliesley Gorritz, diretor do laboratório especializado ITL.

órgão exige coletas em diferentes pontos de amostragem entre a margem do rio e o início da atividade, no meio das gaiolas e depois que elas terminam. “Verificamos se algum entre vários itens, como fósforo, nitrito, coliformes, está sendo despejado na represa e em que quantidade, além de monitorar o consumo de oxigênio na água.”

Físico de formação e especialista em metrologia legal, Gorritz acumula quase 10 anos de experiência com monitoramento de qualidade de água para aquicultura. O ITL faz entre 150 e 200 análises de água todos os meses. Só a outorga da licença de produção concedida pelo IAP exige 32 parâmetros de análise. Para o monitoramento periódico, o especialista conta que o

Assim é possível saber se o impacto é proveniente da atividade aquícola, agrícola ou até de outros efluentes em torno do reservatório. “Se, por exemplo, há uma atividade agrícola muito intensa nas margens e uma mata ciliar precária, há interferência na concentração de fósforo das amostras”, indica Gorritz. As alterações também podem ser provenientes da atividade

Divulgação/Daniel Fedrizzi/Piscicultura Princesa

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Piscicultura pode colaborar na recuperação de áreas degradadas, trazendo de volta a fauna e a flora expulsas por outras atividades


aquícola, no entanto. O desperdício de arraçoamento e até a retirada e posterior devolução do mexilhão dourado a represas aumenta o fósforo disponível e prejudica a qualidade da água.

dias nublado e o nível de oxigênio caía continuadamente, havia pouco oxigênio na superfície.” Justamente o que não poderia acontecer era uma queda busca na temperatura, que foi fatal.

Alguns produtores têm procurado outros recursos tecnológicos para diminuir o impacto e, de quebra, resolver o problema do mexilhão dourado. A biorremediação, ou introdução de micro-organismos que fazem a remoção de contaminantes, é uma delas. O piscicultor Wagner Camis aplicou a tecnologia na Piscicultura Água Pura, em Redenção da Serra (SP), com bons resultados. “A ideia da biorremediação surgiu em 2011, quando eu tive uma inversão térmica e lá se foram 160 toneladas de peixe. Era um período de 21

Camis começou a estudar alternativas em termos de equipamento e aditivos que tivessem viabilidade técnica e econômica. “Já tinha trabalhado com probiótico em 2006, mas voltei a pesquisar e decidir fazer uso. Não havia nada focado em tanque-rede, fiz a aplicação com um cálculo determinado e passei a aplicar na minha produção.” O impacto foi positivo. “Percebi que minha qualidade de água não tinha tanto problema e passei a usar continuadamente. O pessoal me chamava de louco porque eu fazia biorremediação em um reservatório.”

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Probiótico e blend de enzimas direto na ração ameniza impacto na água


Capa

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Nada deu resultado. Se por um lado o nível de oxigênio era satisfatório e já não havia tanta reversão térmica naquele reservatório, por outro o mexilhão dourado se reproduzia na mesma velocidade com que os peixes engordavam. Em conversa com o fabricante do biorremediador, a Kayros Ambiental, Camis percebeu que o produto também poderia ter este efeito, pois colabora na remoção do material nitrogenado - fonte de alimentação do mexilhão. O problema era como administrar o produto, vendido em pó. “Desenvolvi uma técnica para soltar o produto lentamente e três pisciculturas tiveram interesse em testar. Quem usou ficou satisfeito. Um dos piscicultores conseguiu arrancar o mexilhão na mão, o que não acontece se ele está impregnado”, conta Camis. Só que o processo ainda era lento, cada aplicação tardava 3 minutos por tanque. Agora o especialista disse ter chegado a um novo método que não gasta

Divulgação/Wagner Camis

Como outros piscicultores, o empresário determinava à equipe que lavasse os tanques quando o peixe mudava de fase, justamente para evitar contaminação cruzada em decorrência do mexilhão dourado. “Chegamos a fazer pulverização com óleo de laranja, mas era só trabalho e custo. Recebi até uma delegação do Chile e um dos empresários quis colocar um equipamento para auxiliar na limpeza.”

Divulgação/Wagner Camis

Ele aprimorou a ideia depois de visitar um pesqueiro. Nestes locais, normalmente os proprietários mantêm tanques-rede em represas para despescar os peixes usados nos viveiros de pesca. O dono de um deles disse a Camis que depois de usar biorremediadores as algas não ficavam mais incrustadas nos tanques. “De volta para a minha piscicultura, pedi para levantar os tanques e os nossos estavam sempre limpos. Isso me animou mais ainda porque algum benefício o produto trazia.”

Uso de biorremediadores pode colaborar na remoção de mexilhão dourado em tanques instalados em reservatórios

mais de 10 segundos por tanque. “As dosagens são insignificantes: 5g por um tanque de 10 m2. Durante um ciclo de seis meses, seriam 24 aplicações, gasta-se 120g do produto. O custo será de R$ 15, com mão de obra R$ 20.” Parece um custo irrisório quando se analisa o impacto financeiro do mexilhão dourado: o custo chega a ser de R$ 0,40 por kg produzido, segundo o próprio Camis.

Viveiros escavados O cuidado com a qualidade da água é ainda mais intenso em estruturas que exigem captação de água e o posterior descarte no mesmo rio ou reservatório, como no caso dos tanques escavados. Sem renovação natural de água, como na maior parte das represas públicas, o acúmulo de sedimentos e deterioração da qualidade da água exigem respostas mais rápidas e intensas dos produtores. Na Piscicultura Princesa, em Alto Paraguai (MT), o cuidado começa já na ração, produzida pelo próprio grupo. “Temos uma fábrica para 3 mil kg/hora

e fazemos uma ração de alta performance com probiótico na ração e um blend de enzimas para melhorar a água”, explica o gerente de produção, Daniel Fedrizzi. No cultivo, semanalmente há adição de probiótico para reduzir matéria orgânica. A água captada para a fazenda vem de uma das nascentes do Rio Paraguai e a engorda está situada dentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA). Tudo isso aumenta ainda mais o comprometimento com a devolução de uma água em condições similares ou até melhores do que a captada no início do cultivo. “Como estamos dentro de uma APA, além do órgão ambiental local [Secretaria de Meio Ambiente Sema], temos o órgão fiscalizador da APA. Por isso precisávamos ter um diferencial.” Além dos aditivos na ração e na água, o fundador Dirceu Pinhatti Mendes, que morreu no ano passado, decidiu construir um canal de decantação de mais de 3,5 km onde as plantas


A piscicultura tem 300 hectares de lâmina d’água com viveiros de 5 hectares em média. A produção beira as 4 mil toneladas anuais de tambatinga, tambaqui, pintado e piau. Com tanto volume, a água do canal alagava toda a área antes da plantação das macrófitas. Hoje, com 30 hectares de decantação, a área já trouxe de volta até a fauna e flora que haviam desaparecido por conta do garimpo. Fedrizzi indica que o próximo passo é fazer um levantamento de fauna, flora e ictiofauna recuperadas na propriedade.

Há 60 anos eram 600 famílias garimpando a região. “A maior extração de diamante do Brasil foi aqui, tinha uma degradação muito grande.” A terra revolvida não servia para outra coisa que não a piscicultura, na visão de Dirceu Mendes. Hoje, além da engorda, a fazenda hoje abriga um laboratório de alevinagem para 8 milhões de alevinos, dos quais a piscicultura local consome 3 milhões, fábrica de ração e uma unidade de processamento com fábrica de gelo. A escala do projeto é outra, mas a lógica é a mesma para Francisco Pedro Monteiro da Silva Neto, do Pesqueiro Jacaré, em Araraquara (SP). Com 30 anos de experiência na piscicultura e uma área de pro-

dução de 15 hectares, ele percebeu que a área de várzea por onde passavam os drenos com os efluentes até o rio estava sempre cheia de vegetação. “Percebemos que isso ajudava bastante a filtrar a água de efluente, saía muito mais limpa no canal”, conta. Depois disso, todos os drenos passaram por alargamento para a água percorrer o trecho em uma velocidade menor, dando mais eficiência ao sistema. “Quando a água sai do viveiro percebemos ela bem suja e, no final do canal, já limpou bastante. Como o canal vai assoreando, temos de tirar toda essa matéria orgânica fora, para depois secá-la e jogá-la no pasto”, detalha o empresário.

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aquáticas, ao contrário de Paulo Afonso (BA), são bem-vindas. “Todos os nossos tanques saem direto para um canal repleto de macrófitas, que fazem toda a filtragem da água e consomem nitrogênio, fósforo e potássio.”


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Nosso time de colunistas, da produção à comercialização

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DADOS DO PESCADO

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Estatísticas do setor


Tilápia reformulada

Na

Gôndola A oferta de peixes, crustáceos e moluscos

As postas da Pif Paf da linha PescaNobre ganharam novo layout para as embalagens de 700g. Sai o peixe com uma janela aberta para o produto e entra um padrão geométrico que lembra motivos da civilização romana.

Tilápia com batata A Bem Brasil Alimentos, líder na comercialização de batatas nacionais, escolheu o evento para inaugurar a linha de proteínas animais com a tilápia. Os filés vêm de Minas Gerais e são comercializados em embalagens de 400g, 800g e 2kg.

Frango na lata S

IAL APA

ESPEC

C.Vale com marca própria Além de fornecer para a Aurora, a C.Vale fortaleceu na Apas a divulgação das suas embalagens de 400g, 800g e 2kg, além do lançamento das postas de tilápia em bandejas. A cooperativa busca potencializar o retorno do investimento de R$ 100 milhões no frigorífico inaugurado em outubro de 2017.

A Gomes da Costa surpreendeu o público da feira com os cubos de peito de frango em latas, que consumiu R$ 10 milhões entre pesquisas e produção. No pescado a novidade foi a sardinha ralada com peso líquido 20% superior a outras sardinhas tradicionais do mercado, garante a empresa. O produto será vendido nos sabores molho de tomate convencional e picante.

A Korin encontrou uma companhia à truta para expandir a linha de pescado da empresa, conhecido pelos seus produtos orgânicos e sustentáveis. A tilápia não revertida sexualmente procedimento que se faz com hormônio - é a mais nova aposta para o público cativo e consciente da companhia.

Pratos nobres prontos Anchova a vácuo

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Sem hormônio

A Di Salerno levou a nova embalagem do filé de anchova de 1kg. Antes encontrado em pote de vidro, agora o produto também é comercializado a vácuo. O objetivo é aumentar o tempo de conservação e garantir o rendimento.

A Bom Porto apresentou três itens de uma linha completa com seis pratos prontos de 400g: Bacalhau Zé do Pipo, Escondidinho de Bacalhau e Bacalhau com Nata. Feitos


É do Chile A Oceani, marca da Opergel para o varejo, incorporou à linha os lombos de salmão importado do Chile. Chamados por determinação do Mapa de pedaços congelados de salmão, o produto é vendido em pouches de 800g.

do Exija cedor e n r fo seu alidade a qu dutos pro dos ás ubr a N t

Linha ampla Direto de São José do Rio Preto, a Mar & Rio estreia no varejo nacional com uma linha abrangente de produtos. Lombos, postas, filés e camarão compõem o portfólio em embalagens estilizadas com a marca própria.

70% de bacalhau A Ferraz e Ferreira apostou forte na divulgação dos bolinhos com 70% de bacalhau e já prometeu a introdução de um novo croquete com o produto. A empresa é uma das líderes do segmento, mas não pôde lançar o croquete e um pastel de nata para a sobremesa pois os registros no Dipoa não saíram a tempo.

Pescados com qualidade

Matéria-prima da melhor procedência, ótimas práticas de fabricação, instalações que respeitam a legislação e equipamentos de congelamento ultrarrápido são alguns dos fatores que garantem o padrão de qualidade Natubrás. São camarões, lulas, mexilhões, polvos e cortes nobres de peixes, em embalagens práticas e seguras ao consumidor.

www.natubras.com.br

Fone: (47) 3347-4800 | Balneário Piçarras – SC

Um empr a respe esa que ita o mei ambi ente o

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para aquecer no microondas, os produtos são considerados uma evolução da categoria do dessalgado, para facilitar ainda mais a vida do consumidor de bacalhau.

O sabor que faz a diferença


Na

Gôndola

OD L SEAFO ESPECIA LOBAL EXPO G

Macarrão de peixe O prêmio “Melhor Produto de Varejo” do Seafood Excellence Awards, em Bruxelas, ficou com a Viciunai por sua caixinha Surimi Noodles Wok Style, recheada com macarrão de surimi, vegetais chineses e um molho coreano. O pescado varia entre polaca do Alasca, badejos do Pacífico ou merluza hoki.

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Bolinhos de lula A Crustacook fundiu o prazer dos seus fundadores e chefs franceses em pratos de pescado para lançar estes bolinhos de lula gigante congelados para fritar. Cada bolinho tem 15g e, segundo a empresa, não leva qualquer tipo de aditivo ou conservante.

Tartar de bacalhau Para quem gosta de tartar de pescado, a Emile Fournier et Fils ofereceu duas opções que foram para a final do concurso. Uma das versões era de bacalhau fresco (cod) defumado com tomates e manjericão, enquanto a outra trazia o mesmo peixe em pequenos cubos com molho tailandês.

Alga na madeira A GlobeXplore traz esta alga da Bretanha (França) em caixas de madeira seladas para substituir as antigas embalagens de poliestireno expandido. São dois formatos: 1kg, para saladas com algas marinhas frescas salgadas e diversos vegetais; e 500g para tartar de algas com vegetais.

sal grosso, açúcar e endro. A Guyader usa o método para fabricar estes minihambúrgueres de salmão, já temperados com sal e pimenta, que podem ser aquecidos no microondas em 30 segundos para sanduíches mais refinados.

Com frutas árticas Vêm da Finlândia outra receita de gravlak, desta vez da marca Hätälä. Finalista do prêmio, o salmão filetado finamente é acompanhado de frutas árticas frescas, como amoras e mirtilos. Já o salmão flambado vem em um blister e está pronto para comer, frio ou aquecido.

Salsicha de polaca

Receita escandinava O gravlak é um processo pelo qual o salmão cru é marinado durante alguns dias em uma mistura de

O surimi da polaca rende diversos produtos, como esta salsicha comercializada pela Hee Chang em dus versões: com e sem pimenta, para atrair crianças e adultos. A empresa sul-coreana tem mais de 10 itens do gênero na linha.


Um pescado defumado pode ser tão nobre a ponto de ostentar uma edição “real”? Na visão da inglesa John Ross Jr. é possível. Para celebrar o casamento do Príncipe Harry e Megan Markle, a empresa lançou este produto que casa o salmão defumado curado com rum, em uma embalagem alusivo à nobreza.

Alga em coreano Mais um produto da Coréia do Sul a ter destaque no Prêmio foi o Gim & Gim Almond, um salgadinho de alga feito com amêndoas e gergelim que também pode ser usado em saladas e outras preparações. “Gim” é alga em coreano.

Produto e embalagem Ambos os critérios levaram a St. James Smokehouse a vencer o prêmio de melhor produto do varejo em Boston. Embora não tenha levado o prêmio também em Bruxelas, este salmão defumado em madeira de laranja e toranja (grapefruit) ganhou embalagem refinada com display perfurado.

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Casamento real


Especial

Ainda fora do jogo SEAFOOD BRASIL • ABR/JUN 2019 • 70

Menor delegação brasileira dos últimos anos vai a Bruxelas para negociar reabertura do pescado nacional e encontra boa receptividade, mas ouve broncas

A

Seafood Expo Global (SEG2019) chegou a níveis inéditos de adesão este ano: entre 7 e 9 de maio, quase 30 mil pessoas compareceram ao evento. A área de processamento da feira, chamada de Seafood Processing Global, dobrou de espaço e ocupou dois pavilhões - no total são 8 pavilhões. A

participação internacional só cresce todos os anos e em 2019 os expositores receberam a companhia dos estreantes Guiana, Uganda e Tanzânia, totalizando 74 países ou regiões. O Brasil não estava entre eles. Com o mercado fechado desde janeiro de 2018 e envolvida em

suas próprias questões internas, a Apex-Brasil resolveu não apoiar a organização do estande brasileiro, como o fez em Boston. A embaixada brasileira em Bruxelas até tentou, mas o tempo exíguo e a falta de interesse dos brasileiros sepultou de vez a manutenção de um pavilhão nacional.


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Congelados Pesca Blanca Pelágicos

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Conservas


Divulgação/Abipesca

Especial

Jantar do embaixador Haroldo Ribeiro com membros da Abipesca, Sindipi e GPA: promessa de pavilhão brasileiro em 2019

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Durante a feira, uma reunião entre a organização do evento, membros da Associação Brasileira da Indústria de Pescado (Abipesca), da embaixada brasileira e do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi) confirmou o interesse na retomada do pavilhão brasileiro para 2020. Em jantar com os representantes, o embaixador Haroldo de Macedo Ribeiro garantiu que irá se encarregar pessoalmente da organização e convocação às empresas. Em outra frente de batalha, o secretário de Aquicultura e Pesca do Mapa, Jorge Seif Jr., integrou uma delegação com o presidente do Codex Alimentarius, Guilherme Costa, o adido agrícola Márcio Rezende, a ministra-conselheira da missão brasileira na União Europeia, Ivana Gurgel, e o embai-

xador Marcos Galvão. Juntos, foram retratar a situação sanitária do pescado brasileiro à DG Sante e à DG Mare, dois organismos europeus responsáveis, respectivamente, pela sanidade dos alimentos e por assuntos marítimos e pesqueiros. Na DG Sante, os europeus ouviram um relato do esfacelamento da representação institucional do setor nos últimos anos e elogiaram o tamanho da comitiva e a intenção da visita - descrita como a única já realizada até então por membros do governo brasileiro com a contraparte europeia para discutir exclusivamente o pescado; outras já haviam citado o pescado em meio a diversos outros pleitos. O clima amistoso se encerrou aí, no entanto. Matthew Hudson, diretor da

DG Sante, engrossou o tom: disse que desde 2012 o Brasil envia e se compromete com uma série de ações e absolutamente nada é feito. “Houve uma sensível piora nos controles brasileiros”, falou. Ele disse entender as questões comerciais e até estar sofrendo pressão por isso, mas que o seu trabalho é assegurar a saúde dos cidadãos europeus. O risco do produto brasileiro é relativo, no entanto. Segundo levantamento da SAP exposto ao diretor na reunião, nos últimos 10 anos o Brasil fez 5000 embarques e teve apenas 16 rechaços, dos dos quais 9 eram por rótulos e não por sanidade. Os números evidenciam que a questão parece ser mais diplomática do que técnica. “Uma vez aprovado o Plano, espero que o Brasil seja fiel ao que esteja escrito, porque quem escreve é o País”, frisou Hudson.


Competidores mundiais

No Chile, 29 empresas participaram com uma oferta que extrapola muito o salmão e gerou US$ 7 bilhões com exportações em 2018, um crescimento de 20% sobre o ano anterior. A SalmonChile aproveitou o evento para lançar mais uma edição do Relatório de Sustentabilidade da Indústria do Salmão, que apontou uma redução de 23% no uso de antibióticos. A meta é que até 2025 não se use mais nenhum antibiótico no cultivo do salmão naquele país.

No fim de maio, a DG Sante ainda preparava uma resposta. A reportagem da Seafood Brasil entrou em contato com a equipe de comunicação do órgão europeu e, até o fechamento desta edição, não obteve nenhuma confirmação sobre o parecer europeu. “Checamos

As datas da Apas Show e a SEG2019 coincidiram neste ano, o que motivou um certo esvaziamento da presença internacional no evento brasileiro (leia mais em MKT & Investimentos). Os estandes de países que fazem negócios ou são competidores do Brasil estiveram cheios, porém.

No pavilhão argentino, pela primeira vez em todas participações do país um chef preparava pratos com pescado local. Foram 20 empresas participantes, entre as quais algumas que anteriormente tinham presença frequente na Apas, como Coomarpes, Mardi e

com nossos especialistas e os auditores irão responder às autoridades brasileiras assim que eles concluírem a avaliação”, diz comunicado enviado a nós pela Comissão Europeia. “Enquanto isso, os estabelecimentos brasileiros ainda estão deslistados e não podem exportar à União Europeia. Nenhuma novidade esperada no curto prazo.”

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Neste sentido, Márcio Rezende esclareceu à autoridade europeia que o pescado e a sanidade estão agora sob o mesmo guarda-chuva do Mapa e, por isso, seriam pares. O embaixador defendeu que o Estado brasileiro está em um novo momento e que as indicações políticas deram lugar a quadros técnicos, o que favoreceria o encaminhamento e cumprimento de um plano de ação como proposto pelo governo brasileiro.


Divulgação/Mar Argentino

Divulgação/Mar Argentino

Especial

Sempre com boa frequência de visitantes, estande argentino trouxe chef pela primeira vez; Brasil já usou o mesmo recurso em anos anteriores

Pesquera Veraz. O langostino Pleoticus muelleri continua como a grande aposta para o mercado europeu, embora a rejeição parcial dos europeus aos filés brancos asiáticos também mantenha espaço para a merluza argentina.

equatorianos aproveitaram a feira para anunciar adesão ao sistema de rastreabilidade IBM Food Trust, que usa a tecnologia blockchain para assegurar aos compradores a origem da matéria-prima e as condições de produção. Em

entrevista à Seafood Brasil, José Antonio Camposano, presidente da Câmara Nacional de Aquicultura (CNA), disse que a iniciativa se insere dentro da Sustainable Shrimp Partnership (SSP). “Esse convênio com a IBM nos permite incluir na rastreabilidade SSP a licença do sistema Food Trust, que a IBM desenvolveu para cadeias como Walmart e Carrefour.”

Divulgação/Mar Argentino

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Já a Colômbia se posicionou como fornecedor de tilápia e truta também ao mercado europeu e asiático. Depois de assumir a liderança, no ano passado, do mercado norte-americano para filés de tilápia, o país pretende alçar novos voos. Até a Islândia já compra produtos colombianos de cultivo, mas a lista de mercados pretendidos inclui ainda Japão, Coreia do Sul, Aruba, Chile, Honduras, Panamá e Curaçao.

Ainda no âmbito do camarão, os

A tilápia vermelha representa 61,25% da produção aquícola da Colômbia, enquanto a truta responde por 15,35% e o tambaqui, chamado por lá de cachama, compõe 20,15% da oferta total. Em 2018, as exportações colombianas alcançaram US$ 115,8 milhões, um aumento de 23.5%.


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Ponto de Venda

Canais em transformação Varejo assiste à popularização do consumidor omnichannel, mas nem todos estão preparados para o quarto ciclo de desenvolvimento

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consultor e fundador da Varese Retail, Alberto Serrentino, costuma dizer que o varejo brasileiro se divide em ciclos de evolução e transformações estruturais, que se iniciam com o período pré-estabilização da moeda com o Plano Real e seguem até o quarto e atual ciclo, pós-explosão de consumo, com a maturidade do comprador nas escolhas e o e-commerce. Um dos traços desta atual fase é a era do consumidor omnichannel, que aos poucos chega aos supermercados brasileiros. Esta foi uma das conclusões dos corredores e da própria pesquisa apresentada na Apas Show 2019 intitulada “Tendências do Consumidor em Supermercados 2018/2019”, da Associa-

ção Paulista de Supermercados (Apas) e realizada pelo Ibope Inteligência. O estudo foi feito com mais de dois mil brasileiros acima de 16 anos, representando um universo de 162 milhões de pessoas de diferentes classes sociais e idades, e mostrou que, em todas as regiões do País o setor supermercadista está diante de um consumidor multicanal. “Os supermercados estão vivendo a era de grandes expectativas dos clientes. Eles esperam diferentes experiências em canais diversos, comparam preços, procuram informações nos meios digitais e nas lojas físicas”, declarou Ronaldo dos Santos, presidente da Apas. Segundo a pesquisa, 15% dos consumidores brasileiros já fazem suas

compras de produtos de supermercados pela internet. A preferência atinge 19% na classe A e, na classe C1, 16%. Homens e mulheres seguem empatados, com 15% e 14%, respectivamente, e esta prática se torna maior entre jovens de até 24 anos – 18%, se comparado aos 10% dos com 55 anos ou mais. “Sem dúvida esse resultado mostra um consumidor que busca preço e conveniência”, afirma o economista Thiago Berka. O estudo buscou outras questões como a preferência pela a compra do dia-a-dia entre hipermercados, supermercados, mercadinhos de bairro e vizinhança. E de acordo com os resultados, essa preferência está relacionada ao preço, à qualidade e à variedade de produtos, assim como a compra de emergência e a mensal.


Para uma pesquisa de preços, o levantamento mostrou que as pessoas ainda utilizam os tradicionais folhetos e jornais impressos, embora 32% tenham dito que pesquisam os produtos do mês pela internet – quase empatadas estão as pesquisas realizadas pelo aplicativo de celular, com 28% do total.

fornecer o valor calórico dos produtos, por exemplo. A geladeira também revela dados estatísticos ao varejista - como quantas vezes ela foi aberta e quantas vezes cada item foi selecionado -, reconhece gênero e faixa etária dos consumidores e o horário em que um item foi escolhido.

Inúmeras empresas estão apostando alto em tecnologia para atrair cada vez mais o consumidor. Esse é o caso da Friboi, que está entre as referências em carnes no País e lançou o aplicativo Friboi Play. O app traz conteúdos e mídias interativas e oferece aos consumidores uma experiência de realidade aumentada com cinco linhas da marca: Friboi, Maturatta Friboi, Reserva Friboi, Do Chef Friboi e 1953 Friboi.

Outra pesquisa divulgada recentemente confirma uma tendência da década: os canais complementares de compra, como atacarejo e pequeno varejo autosserviço, continuam em crescimento. A multinacional de painéis de consumo Kantar indicou que, nos últimos 12 meses até março de 2019, o atacarejo cresceu 3,9 pontos percentuais, o que representa um ganho de mais de 2,1 milhões de novos lares comprando no canal. Em seguida aparece o pequeno varejo autosserviço, com ganho de 1,3 ponto percentual de penetração, que representa 715 mil novos lares. Para a diretora de marketing e consumer

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A “Geladeira do Futuro” também foi mostrada na Apas, desenvolvida pela Equipa PDV, e apresentada pela Sensormatic Solutions, fornecedora de tecnologia para o varejo. O eletrodoméstico interage com o consumidor ao


Ponto de Venda insights da Kantar, Giovanna Fischer, “estes dois canais se complementam de acordo com os momentos e a missão de compra do consumidor e apresentam crescimento”. Do outro lado, o porta a porta caiu 4,7 pontos percentuais de penetração e supermercados da vizinhança e hipermercados tiveram queda de 2,2 e 2,1, respectivamente.

Pescado: canais múltiplos e dispersos O pescado brasileiro continua a ser comercializado em uma multiplicidade de canais. Das feiras livres de peixe fresco às boutiques das grandes capitais, os canais tentam se adaptar às tendências do varejo geral, que passa por um momento de recuperação, como indica Meg Felippe, especialista em varejo de pescado. “O varejo brasileiro cresceu 2,3%

em 2018 em relação a 2017 em termos reais, já descontada a inflação, segundo o IBGE. Essa foi a primeira vez desde 2014 que o índice fechou o ano com resultado positivo [dados do Grupo GS& Gouvêa de Souza].” Acompanhe a seguir o diagnóstico que a especialista faz sobre cada um dos principais canais de venda de pescado:

Hipermercados Os hipermercados vivem seu quarto ciclo do grande varejo, convivendo com a progressiva desaceleração e acompanhando um desempenho desigual entre setores, mercados e empresas. Dentro desse contexto o pescado congelado ganha destaque neste canal em detrimento ao pescado fresco, pois o fresco exige um investimento em infraestrutura, manutenção e mão de obra qualificada.

Nas grandes redes e em alguns outros canais, porém, a fidelização do cliente está mais ligada ao pescado fresco, seu atendimento e orientações em relação a qualidade, origem e preparo deste produto. Ou seja, o pescado fresco permite ao varejista se diferenciar, especialmente através do seu atendimento e prestação de serviço. As grandes redes trabalham com sortimentos amplos, buscando atender diferentes faixas de preço.

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Lojas de proximidade As lojas de proximidade atuam com sortimento reduzido, voltadas a um perfil sócio-econômico e, em geral, focadas em congelado, pois são canais com mão de obra restrita e não especializada, dedicadas ao autosserviço. A indústria vem trabalhando alternativas interessantes e passíveis de atenderem necessidades desse canal, como a viabilização da comercialização de produtos resfriados. Exemplos são os filés resfriados em atmosfera modificada ou em bandejas laminadas. Itens que possuem um shelf-life maior e dispensam manipulação.

Pequenos e médios canais Os pequenos e médios canais possuem similaridade com as lojas de proximidade, no entanto, com sortimentos mais amplos e provavelmente pela grande competitividade do canal, mostram-se mais envolvidos com o tema da fidelização através de serviços e exclusividades. Neste contexto, o pescado fresco consegue manter seu espaço. Dados os custos desta operação, algumas alternativas têm sido as parcerias de terceirização. Nelas, especialistas em comercialização de pescado fresco, com domínio da manipulação e conhecedores dos produtos assumem a seção no canal e combinam a forma de remuneração.


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Ponto de Venda

Como nas demais cadeias de produção, o distribuidor de pescado atua como intermediário entre o produtor e o consumidor, com contato direto com os comerciantes do food service e do varejo. Trabalham com um vasto sortimento do fresco ao congelado, sendo muitos deles especializados na importação. Possuem papel importante na atual estruturação desta cadeia produtiva, pois são facilitadores na complexa logística desse setor.

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Hortifrútis Os hortifrútis buscam oferecer a essência e a percepção de frescor das feiras livres e mercados municipais, aliadas as praticidades e serviços dos supermercados. Para isso investem, fortemente, em atendimento diferenciado, sortimento, logística, cadeia de frio e até capacitação em alguns players. Nestes canais o pescado fresco e congelado acabam se fazendo necessários, pois, especialmente o pescado fresco está intrinsecamente relacionado a esse universo de frescor e atendimento das feiras livres.

Crédito: Divulgação/Localfrio

Distribuidores

Atacados Os atacados ou comumente denominados “atacarejos” unem, atualmente, as duas formas tradicionais de comercialização: o atacado e o varejo, com os conceitos de self-service (autosserviço) e de cash & carry (pague e leve), destacando se nos últimos anos como um dos canais preferidos do consumidor final. Antes voltado quase totalmente para os comerciantes e em vender em grandes quantidades, caiu na preferência por seus preços competitivos. De modo geral, esses novos clientes chegaram até o atacado pelo cenário econômico adverso. Nesse contexto, o canal se adaptou comercializando volume menores ainda com preços atrativos. O pescado nesse canal está quase restrito aos itens de comoditties e congelados e seguiu o mesmo cenário: adaptou-se dos grandes volumes, como blocos de 14kg a 21kg de filés para os atuais pacotes, inclusive os de 1kg.


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Personagem

Deu no New York Times O ex-goleiro brasileiro que descobriu nos EUA a vocação para peixeiro e hoje cativa multidões com seus vídeos no Instagram Texto: Ricardo Torres | Fotos: Arquivo pessoal

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ditado popular já diz que baiano não nasce, estreia. Baracat Paiva, o “Bala”, estreou duas vezes. Na primeira, ele teve uma carreira promissora de quatro anos em clubes brasileiros, como Colo-Colo de Ilhéus (BA), Unibol de Paulista (PE) e Ecus de Suzano (São Paulo). Aos 20 anos, o então goleiro do Ecus marcou um gol de falta contra o Guarujá em um jogo válido pela quinta divisão do futebol paulista e foi comparado pelo diário Lance! a Rogério Ceni - seu ídolo. Seu sonho na época era “batalhar para chegar a algum clube grande”, como grifou o jornal. Isso nunca aconteceu. Pouco tempo depois da partida histórica que disputou pelo Ecus, o baiano de Ilhéus teve uma contusão no quadril tão grave quanto definitiva para a carreira como boleiro. Deprimido, foi viver uma temporada na fazenda do pai na Bahia. A rotina no campo sem bola não era para ele, e a saída foi atender ao convite de um amigo do pai para trabalhar nos Estados Unidos, mesmo sem falar bem o inglês.

No restaurante do cassino Mohegan Sun, em Connecticut, ele aceitou a função de lavador de pratos, mas logo passou a trabalhar na preparação do restaurante. Na sequência foi convidado a trabalhar na preparação do pescado, área da qual se tornou gerente: cortava o peixe, preparava porções e filés a pedido do chef. “Você tem que aproveitar as oportunidades”, crava, no seu estilo motivador. A habilidade com o pescado fez o seafood manager ser convidado a trabalhar na Wulf’s Fish, no píer de peixe de Boston. O site da companhia o descreve assim: “é o cortador mais ágil e hábil no píer. De um linguado de 900 g a um atum de 200 kg, Bala tem a destreza e delicadeza para fazer tudo.”

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Foi pelo trabalho no Wulf’s que Baracat estreou para o mundo pela segunda vez. Em seu perfil na rede Instagram, ele postou em 6 de dezembro de 2016 um vídeo em câmera lenta da filetagem de um linguado. Um perfil grande o repostou e assim seus vídeos começaram a se multiplicar ou viralizar, como no jargão da internet. Com 555 publicações e 78,4 mil seguidores, ele se tornou uma celebridade entre os peixeiros, chefs de cozinha e entusiastas da filetagem. Até a repórter do The New York Times Priya Krishna resolveu contar sua história (leia neste link, em inglês: https://nyti.ms/2SagI2V). A trajetória é de perseverança, como Bala faz questão de reforçar com suas frases inspiracionais. “Minha página é mais motivacional. Não importa o que as pessoas fazem na vida, nunca devem baixar a cabeça e precisam ser orgulhosas do que fazem”, filosofa. “E sempre trabalhar duro que um dia vai acontecer. O que está acontecendo comigo é porque eu trabalhei e trabalho duro.” Ele acorda todos os dias às 3h da manhã para ir cortar atum, meka, linguado, pargos, mahi mahi. E não pretende mudar de vida tão cedo. “Se você não é apaixonado pelo que faz ... mude sua atitude ou mude seu trabalho”, disse em uma das postagens mais curtidas do perfil.


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