Jornal SBHCI 2015 Edição 1

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Ano XVIII | no 1 | #57 Janeiro, Fevereiro e Março de 2015 Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista

Entenda o escândalo da máfia de órteses, próteses e stents

Transmissão de casos ao vivo, por médicos de Bonn (Alemanha), será destaque no Congresso 2015 

História da SBHCI – J /F vira /M 2015 – 1 SBHCI livro 

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Palavra do presidente

Muito trabalho e ótimas perspectivas

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Continuamos na luta para implementação do TAVI no SUS e na saúde suplementar

2 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

aros colegas, trazemos em nossa reportagem de capa tema bastante preocupante. Falo da denúncia da imprensa sobre a máfia das próteses. Assim como uma crise moral se abate sobre toda a sociedade civil, ela também atinge a classe médica. Entretanto, a SBHCI, assim como outras sociedades médicas, não tem o poder de fiscalização relacionado a tais fatos. Por meio de sua Diretoria de Qualidade Profissional, a SBHCI, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, já iniciou a elaboração de um manual de compliance. De acordo com os estatutos vigentes, somente podemos desligar o associado que tenha sua condenação transitada em julgado ou que tenha sido advertido pelo Conselho Regional de Medicina por conduta antiética. Esperamos, portanto, que o Ministério Público e a Polícia Federal esclareçam esses fatos e os culpados sejam punidos de forma exemplar. Continuamos na luta para implementação do implante por cateter de bioprótese valvar aórtica (TAVI) no Sistema Único de Saúde (SUS) e na saúde suplementar por meio de várias articulações políticas, envolvendo o Conselho Federal de Medicina, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Pastoral da Pessoa Idosa, e a Associação Médica Brasileira. Esperamos ver ainda este ano o método incorporado ao rol de procedimentos e eventos em saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Conseguimos, também, graças ao apoio do senador Cássio Cunha Lima, líder do PSDB no Senado, a convocação de uma audiência pública para discutir a inclusão do TAVI no SUS, que ocorrerá na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal em data a ser confirmada brevemente. Sabemos da fundamental importância de termos um banco de dados sólido e

atualizado. O Registro Nacional de Implantes (RNI) vem sendo discutido há alguns anos. Em 31 de março, na sede da ANVISA, participamos de uma reunião conjunta com o Ministério da Saúde, a ANVISA, a ANS, o Departamento de Informática do SUS (DATASUS), a Universidade Federal de Santa Catarina, a Universidade Federal de Minas Gerais e a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Essa reunião foi uma sequência de outras sobre o tema, para rever o cronograma de desenvolvimento e implementação do registro, com o objetivo de construir um banco de dados sólido e garantir a rastreabilidade dos implantes no Brasil e sua qualidade, além de coibir irregularidades. Pela primeira vez o DATASUS e a ANS estavam representados presencialmente. No cronograma atual, 50% do projeto foi concluído e estudos piloto estão previstos para maio de 2016 em 7 centros de Hemodinâmica. Assim, a extensão do RNI para todo o território nacional se daria somente em 2017. Sob coordenação de Fausto Feres, iremos realizar a atualização de nossas Diretrizes de Intervenção Coronária Percutânea em uma grande reunião com a participação de mais de 40 nomes, já confirmados, de colegas intervencionistas e clínicos da mais alta expressão e relevância científica de vários Estados da federação no dia 17 de abril, em São Paulo (SP). Finalmente, estamos concluindo a organização de nosso Congresso anual, que será realizado no Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, em Brasília (DF), de 24 a 26 de junho. Forte abraço a todos!

Hélio Roque Figueira Presidente da SBHCI


Índice

4 CONGRESSO SBHCI ENCONTRO

Expoentes internacionais da especialidade têm presenças confirmadas

5 IMPLANTAÇÃO DA MELODY™ PROGRESSO

Valva pulmonar em aprovação pelo CFM

6 LIVRO SBHCI MEMÓRIA

12 ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA RECONHECIMENTO

Fábio Jatene tomou posse em março

PARAIBANA 13 SOLENIDADE Marcelo Queiroga na Academia de Medicina

14 CICE 2015 SOLENIDADE

SBHCI apoia Congresso Internacional

Obra conta a trajetória da Sociedade e será lançada no Congresso

7 ENQUETE MUNDIAL WRITTEN NOVIDADE

de Cirurgia Endovascular

16 CORAÇÃO ALERTA EM SÃO PAULO SOCIEDADE

Campanha Coração Alerta apoia ação no

Saiba com enviar dados sobre o TAVI para pesquisa

8 CARLOS GOTTSCHALL RECEBE GRATIFICAÇÃO

PRÊMIO CARLOS DA SILVA LACAZ

Dia Internacional da Mulher em shopping

17 IRPF 2015 – DICAS IMPOSTO DE RENDA

Como fazer o preenchimento

Condecoração incentiva produção científica histórica

9 REUNIÃO NA ANVISA REGULAMENTAÇÃO

Novas discussões sobre a implantação do Registro Nacional de Implantes (RNI)

10 ESCÂNDALO DA MÁFIA DE IMPACTO

correto da declaração

18 ELEIÇÕES PARA O BIÊNIO 2016-2017 MUDANÇA

Votação entre 12 e 18 de junho

19 CRISE NO ENSINO MÉDICO OPINIÃO

Artigo de Bráulio Luna Filho,

ÓRTESES, PRÓTESES E STENTS

presidente do CREMESP

Cenário atual e medidas cabíveis

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Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI. Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores ou fontes consultadas e não refletem necessariamente a opinião da SBHCI.

Conselho editorial: SBHCI – www.sbhci.org.br Hélio Roque Figueira (RJ): Presidente Salvador André Bavaresco Cristovão (SP): Diretor administrativo André Gasparini Spadaro (SP): Diretor de Comunicação Luciana Constant Daher (AL): Editora Fábio Augusto Pinton (SP) e Breno Oliveira (SP): Coeditores Equipe técnica: Acontece Comunicação e Notícias Jornalista responsável: Chico Damaso – MTB 17.358/SP Direção de arte: Giselle de Aguiar Pires Tiragem: 2.000 exemplares Circulação: Em todo o território nacional

Acontece

Fone: (11) 3871-0894 | 3871-2331 acontece@acontecenoticias.com.br

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Encontro

Congresso SBHCI 2015

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e 24 a 26 de junho, o Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, em Brasília (DF), recebe o Congresso SBHCI 2015. São esperados mais de mil congressistas, entre médicos e enfermeiros, para apresentação dos temas mais atuais e importantes da Cardiologia Intervencionista, nas áreas de coronariopatias, cardiopatias congênitas e doenças estruturais, entre outras. Entre as inúmeras novidades, está a apresentação de 10 casos clínicos editados, tratados em três hospitais diferentes, com médicos convidados. Segundo o presidente do Congresso, Edmur Carlos de Araújo, a edição permite maior objetividade na discussão e na condução da aula, de acordo com a programação científica: “Dessa forma, teremos mais tempo para o debate com a plateia, o que, sem dúvida, é proveitoso”. Além da mudança no formato de apresentação, o Congresso contará com a participação de convidados internacionais, médicos de referência e expoentes na especialidade, com vasta experiência em procedimentos complexos. Haverá, também, a transmissão de casos ao vivo, realizados por médicos de Bonn (Alemanha). Paralelamente às exibições, cardiologistas intervencionistas nacionais, de prestígio e renome em suas áreas de atuação, conduzirão palestras e outras atividades. “Contaremos com uma sessão de treinamento para selecionar e realizar casos de implante percutâneo de válvula aórtica, um procedimento relativamente novo, para o qual todo especialista deve estar habilitado”, ressalta Araújo. O programa científico do Congresso contempla, com destaque, durante três dias, temas relacionados a procedimentos percutâneos cardiovasculares. Para o último dia, está programada discussão de assuntos direcionados aos cardiologistas clínicos locais. “Em decorrência do crescimento contínuo e progressivo da especialidade, bem como da inovação tecnológica de uma série de procedimentos, trataremos questões de grande relevância para os congressistas. É uma oportunidade única de atualização, discussão, troca de experiência, e conhecimento de novas técnicas”, conclui o presidente do Congresso. 4 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

Instalações modernas e confortáveis para receber os congressistas


Progresso

Avanços para implantação da Melody™ no Brasil

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epresentantes da SBHCI e dos Departamentos de Cardiologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular se reuniram com a Câmara Técnica Extraordinária, na sede do Conselho Federal de Medicina (CFM), para discutir a aprovação da valva pulmonar transcateter Melody™, em 12 de fevereiro, em Brasília (DF). “Trabalhamos pela liberação pelo CFM para que esta tecnologia possa ser usada clinicamente. Esta é a segunda reunião, e para consolidar os elementos científicos já repassados anteriormente apresentamos novos dados americanos, com a aprovação completa do Food and Drug Administration (FDA) para o seu uso irrestrito nos Estados Unidos. Pelo teor da conversa, estamos confiantes e com uma boa expectativa”, adianta Raul Ivo Rossi Filho, diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas da SBHCI e cardiologista intervencionista do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. O próximo encontro ocorrerá em breve. As Sociedades envolvidas farão nova discussão acerca do protocolo de uso e organizarão o registro para o acompanhamento de resultados. Se aprovada, a técnica entrará na tabela de honorários da Associação Médica Brasileira e no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar. Futuramente, pode ocupar a pauta da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde, tornando-se disponível a toda a população. No entanto, Rossi Filho explica que este é um passo mais demorado, sem previsão para acontecer. Indicação e uso O implante percutâneo de valva pulmonar é alternativa aos pacientes já fragilizados com dificuldades na conexão do lado direito do coração com a artéria pulmonar. Na Europa e em algumas regiões da América do Norte, já beneficiou 7.500 pacientes em 190 países. Na cirurgia convencional, coloca-se um conduto para normalizar a circulação. Com o tempo, ele pode se danificar, o que requer sua troca. Como sua durabilidade costuma ser inferior a 10 anos, o paciente é submetido a inúmeras cirurgias durante sua vida. A tecnologia de implante percutâneo de valva pulmonar permite este reparo por via percutânea, aumentando a vida útil do conduto, ao mesmo tempo em que preserva o ventrículo direito por meio da valva de contenção, diminuindo a necessidade de substituição frequente do tubo. As cardiopatias congênitas, doenças que mais requerem essa intervenção, afetam 8 a cada mil nascidos vivos em todo o mundo. Pouco frequente em relação às outras patologias, as crianças operadas, no entanto, chegam à vida adulta com boa qualidade de vida. “É extremamente viável implantar a tecnologia no Brasil, pois a estimativa é de implantação de 20 a 30 válvulas anuais. O número de pacientes é relativamente pequeno, considerando que é ne-

e cessária indicação muito precisa e específica para a técnica. Sabemos, de antemão, que apenas 15% dos cardiopatas que portam o conduto estão aptos a receber a válvula. Para estes adolescentes, a tecnologia da valva Melody™ pode ser altamente benéfica, reduzindo a necessidade de cirurgia aberta, preservando a função do coração e melhorando sua qualidade de vida”, conclui Rossi Filho. SBHCI – Jan/Fev/Mar

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Memória

Residentes do primeiro ano do então Instituto de Cardiologia do Estado de São Paulo (futuro Dante Pazzanese), tendo entre eles Heitor Ghissoni de Carvalho (segundo a partir da direita), presidente da SBHCI entre 1996 e 1998

História da SBHCI vira livro E

m 10 de julho 1975, a SBHCI foi criada oficialmente. Hoje, 40 anos mais tarde, além de referência, ganha uma página especial na história da Medicina do País. Sua trajetória dá conteúdo à obra “De coração e alma: a história da SBHCI”, a ser lançada durante o Congresso SBHCI 2015, que será realizado entre 24 e 26 de junho, em Brasília (DF). O livro retrata os principais acontecimentos dessas quatro décadas de atuação efetiva da Sociedade. Jornalistas e historiadores, Oldair de Oliveira e Patricia Morgado recuperaram, em 14 capítulos, fatos relevantes e marcantes desse processo, inclusive no que se refere à consolidação e aos avanços da Cardiologia Intervencionista no Brasil. Com entrevistas a associados, gestores e ex-gestores da SBHCI, Oliveira e Patricia capturaram diversos documentos, jornais, fotos e dados sobre cada época, para, assim, remontar de forma completa cada período. Mais que apenas a história, contada de forma organizada, detalhada e dinâmica, há fotos e arquivos raros ao público, que despertarão o interesse e a curiosidade do leitor. O acervo resgatado ilustra, ao longo de 300 páginas, particularidades e detalhes que até mesmo quem acompanhou de perto o desenvolver da Sociedade irá se surpreender. A pesquisa para construção da obra começou em abril de 2014. De acordo com Oliveira, essa é a parte que demanda mais tempo em todo o processo editorial. “Não é possível produzir um bom resgate histórico sem minuciosa investigação, atentando-se a detalhes e buscando todos os dados que ajudam a preencher lacunas preciosas.” Esse processo envolveu mais de 30 entrevistas, além de leitura e análise de todo o acervo de atas, do Jornal da SBHCI, parte dos editoriais da Revista Brasileira de Cardiologia 6 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

Siguemituzo Arie (à direita), como estagiário, na Cleveland Clinic

Invasiva (RBCI) e publicações do Brasil e do exterior, diretamente relacionadas à Sociedade. “Os fatos nos foram contados a partir de diversas ópticas e nosso trabalho foi cruzar informações e transformá-las em uma narrativa atrativa”, explica Oliveira. “A história de uma instituição é a história de seus associados. Assim, tivemos o cuidado de trazer à luz, junto com a trajetória da SBHCI, a história daqueles que ajudaram a construí-la.” “A experiência tem sido desafiadora, por um lado, mas muito gratificante, por conta de todo o apoio que temos recebido da SBHCI”, completa a jornalista Patricia. Ela ainda revela que, durante o processo de redação, tomaram o devido cuidado para não serem regionalistas, abrindo espaços para que personagens de diversas cidades e Estados fossem devidamente apresentados e inseridos na trajetória. “O material ainda passará por uma série de processos, incluindo primeira revisão, diagramação, aprovação da SBHCI, produção e aprovação da capa, nova revisão e, finalmente, envio para a gráfica”, conclui. “Temos certeza de que os leitores aprovarão e terão muitas surpresas.”


novidade

Participe do levantamento do TAVI no Brasil A enquete mundial Worldwide TAVI Experience (WRITTEN), promovida por um grupo de hemodinamicistas do Canadá e da Espanha, tem como objetivo identificar as práticas atuais do implante por cateter de bioprótese valvar aórtica (TAVI) em todo o mundo. Trata-se de iniciativa individual, de ordem independente (sem patrocínio e apoio de sociedades médicas ou da indústria), com o objetivo de obter informações referentes a seleção de pacientes, tipos de válvula, vias de acesso, tipos de anestesia e demais questões técnicas referentes ao manejo da técnica. “Vale ressaltar que os dados são enviados de forma anônima e apenas um questionário é respondido por centro. Quanto mais serviços do Brasil participarem, melhor poderemos conhecer a realidade do TAVI em nosso País”, explica Henrique Barbosa Ribeiro, médico hemodinamicista dos hospitais TotalCor e Alemão Oswaldo Cruz e membro titular da SBHCI. Para participar, basta acessar o site www.cardiogroup.org/TAVI

e fazer o cadastro. Mediante login e senha, é possível acessar a plataforma online e responder ao questionário, o que deve levar 10-15 minutos. As respostas devem ser enviadas até meados de abril deste ano. “É importante a participação de todos os centros brasileiros, independentemente de seu volume. Com isso, poderemos ter uma ideia mais adequada da realidade por aqui e isso, no futuro, pode propiciar uma comparação com outras experiências internacionais, aperfeiçoando sua realização”, frisa Ribeiro. Não apenas os hemodinamicistas, mas os cirurgiões que realizam a técnica estão convidados a responder, em nome dos centros que atuam.

Revisão das Diretrizes de ICP A SBHCI realiza, em 17 de abril de 2015, importante encontro para revisar os consensos sobre intervenção coronária percutânea (ICP). Por meio de análise crítica, especialistas discutirão a função e as indicações do procedimento. Apresentarão, ainda, tópicos das condutas já consagradas e evidências científicas recentes, além de discutir os níveis de recomendação. Segundo o organizador da reunião, responsável pela Diretriz e editor associado da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), Fausto Feres, as expectativas para a atualização são as melhores, graças à oportunidade rara de reunir os formatadores do documento e médicos de alto nível com expertise nessa área de atuação. “Com esse time de especialistas, faremos uma busca minuciosa em consensos para dar consistência aos principais pontos abordados, principalmente no que se refere às indicações da ICP. Todos os assuntos expressivos referidos farão parte do atestado final da Diretriz”, declara Feres. Desde 1977, a ICP é uma prática estabelecida na Medicina nacional, utilizada com boa frequência para revascularização do miocárdio em casos de doença arterial coronária. Diversos dispositivos foram testados visando à redução de complicações imediatas e tardias. Além de proporcionar maior segurança ao paciente, a técnica contribuiu para diminuir as taxas de reestenose, sendo os stents a escolha preferencial entre os especialistas. “O momento atual da ICP merece reflexão cuidadosa sobre a adequação das prescrições e a otimização dos procedimentos, em prol da melhor assistência”, conclui Feres. SBHCI – Jan/Fev/Mar

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Gratificação

Carlos Antonio Mascia Gottschall conquista Prêmio Carlos da Silva Lacaz de História da Medicina

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arlos Antonio Mascia Gottschall, um dos fundadores e ex-presidente da SBHCI, conquistou o primeiro lugar do Prêmio Carlos da Silva Lacaz de História da Medicina. Anualmente promovido pela Sociedade Brasileira de História da Medicina, tem como objetivo incentivar a produção de monografias que promovam a compreensão da história e sua participação na essência da humanização médica. Em 20 e 21 de novembro, na cidade de Maceió (AL), aconteceu o XIX Congresso Brasileiro de História da Medicina. Durante o encontro, Gottschall e seu orientando, Alexandre Kreling Medeiros, foram reconhecidos pelo trabalho ‘O Início da Eletrocardiografia no Rio Grande do Sul’. Mestre e aluno, representando a Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre, concorreram com 29 pesquisas de todo o Brasil. “De um lado, realizamos revisão histórica e crítica do desenvolvimento da eletrocardiografia, desde seus primórdios; de outro, evocamos uma época de construção da moderna Cardiologia no Rio Grande do Sul, introduzida por Rubens Maciel. Um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Cardiologia, em 1943, é, no meu entender, o maior educador médico brasileiro no século XX”, declara Gottschall, que é também professor emérito e diretor científico da Fundação Universitária de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Na Santa Casa de Porto Alegre, Maciel criou a Enfermaria 29, local que concentrava o maior número de médicos do Estado. Posteriormente, Rubem Rodrigues, seu assistente, trouxe do México relevantes avanços em eletrocardiografia e vectocardiografia. Tais estudos estimularam-no a desenvolver o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, hoje um dos mais importantes centros de tratamento, ensino e pesquisa em Cardiologia do País. Para a realização da monografia, houve muita pesquisa histórica, busca em documentos e arquivos da época, entrevistas com médicos e pessoas que presenciaram muitos dos fatos, testemunhos e, também, lembranças do orientador. Gottschall atuou por 25 anos na Enfermaria 29 e conviveu com a genialidade de Maciel e com muitos de seus discípulos, como Rodrigues, Mario 8 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

Alexandre Kreling Medeiros e Carlos Antonio Mascia Gottschall reconhecidos pelo trabalho ‘O Início da Eletrocardiografia no Rio Grande do Sul

Os que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo – inclusive com seus erros

Rigatto, Nilo Medeiros, Darci Ilha, Caio Flávio Prates da Silveira e Carlos Barros, apenas para citar alguns exemplos. Também presidente de honra da Associação Gaúcha de História da Medicina e membro titular da Academia Nacional de Medicina, Gottschall reforça que trabalhar com Alexandre Medeiros, o Keko, foi uma grata surpresa, que deixou a certeza de que as gerações renovam a excelência. “Embora jovem, o neto de Nilo Medeiros, um dos maiores semiologistas que conheci, faz jus ao nome.” Adiciona, ainda, que apenas apontou caminhos e indicou artigos, contribuindo ainda com vivências e a revisão final. “O trabalho de campo e a pesquisa rica em detalhes ressaltaram o empenho de Keko. Cumpri a parte que me coube, ao mostrar que o método histórico, como fonte de conhecimento, pode ser tão importante quanto o científico, porque, parafraseando George Santayana, os que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo – inclusive com seus erros”, destaca. Gottschall destaca ainda que o reconhecimento de chegar ao primeiro lugar na premiação representa a satisfação de propagar a verdade histórica e ensejar o reconhecimento do mérito a quem o merece – as pessoas que fazem história raramente se dão conta de que a estão fazendo: “Cito Aristóteles: somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito.”


Regulamentação

Avanços no Registro Nacional de Implantes

Cleber Ferreira, gerente da ANVISA, coordena a equipe de trabalho do RNI

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ovas discussões sobre a implantação do Registro Nacional de Implantes (RNI) ocorreram na sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em Brasília (DF), em 31 de março. O objetivo foi o de regulamentar a prática e seu desenvolvimento. Entre as propostas debatidas, está a garantia de rastreabilidade dos implantes no Brasil, sua qualidade e o controle de irregularidades, como as recentemente denunciadas pela mídia (veja mais na página 10). Desta vez, o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) contaram com representantes nos debates. Participaram, também, alguns departamentos do Ministério da Saúde, membros da Universidade Federal de Santa Catarina, que realizou a fase pré-piloto com próteses de quadril e joelho, membros da Universidade Federal de Minas Gerais, além de integrantes da SBHCI e da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Segundo o diretor de Comunicação da SBHCI, André Gasparini Spadaro, a expansão do RNI para todo o território nacional está prevista para 2017, englobando em torno de 250 hospitais. “No cronograma atual, 50% do projeto foi concluído. Novos estudos pilotos devem ocorrer até fevereiro de 2016, em 20 hospitais, com a realização de procedimentos ortopédicos. Para maio de 2016, espera-se que a prática chegue a sete centros de Hemodinâmica, com o implante de stents.” Na reunião, foi apresentado o cronograma atual dos trabalhos, com destaque para as adequações nos campos de registros de

informações, que resultarão em um banco de dados comum para as duas áreas, contendo, ainda, campos específicos para cada procedimento, individualmente. Abordou-se a incorporação futura de outros implantes nas duas especialidades (Ortopedia e Cardiologia), como o marca-passo. De acordo com Spadaro, estiveram em pauta definições técnicas sobre as características do número serial, código gerado a cada implante de prótese, tanto no SUS (a ser incorporado compulsoriamente na Autorização de Internação Hospitalar) como na saúde suplementar (informado à ANS), além das considerações sobre os dados das próteses, informados a cada implante, como número de referência, lote/série, data de fabricação e validade. Essas informações são importantes para garantir o rastreamento dos implantes e o uso de próteses com o devido registro na ANVISA e dentro do prazo de validade do fabricante. Para tanto, é necessária a adequação da portaria que regula o conteúdo das etiquetas dos produtos. Por fim, os presentes levantaram pontos sobre os ajustes na nomenclatura dos procedimentos realizados, a fim de uniformizar a terminologia empregada na tabela do SUS e no sistema TISS/TUSS, o que também facilita a troca de informações entre as diferentes fontes pagadoras. “Compreendendo a relevância do contexto atual e propício para o avanço do RNI, vale ressaltar a importância dos esforços concentrados para melhorar o controle de qualidade dos implantes e coibir as irregularidades recentemente denunciadas”, conclui Spadaro. SBHCI – Jan/Fev/Mar

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Impacto

Entenda o escândalo da máfia de órteses, próteses e stents

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programa Fantástico, da TV Globo, trouxe à tona, em reportagem exibida no início de janeiro, denúncias sobre indicações arbitrárias e desnecessárias do uso de órteses, próteses e stents, entre outros produtos hospitalares, objetivando o lucro indevido em prejuízo da saúde da população. Após investigação diligente por três meses, identificou empresas que vendem esses materiais, propondo sua utilização pelos médicos em troca de dinheiro. Por meio de sua Diretoria de Qualidade Profissional, a SBHCI, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, já iniciou a elaboração de um manual de compliance. Para comentar a respeito desses atos ilícitos, o Jornal da SBHCI conversa com Hélio José Castello Júnior, que já foi membro e coordenador da Diretoria de Qualidade Profissional da SBHCI e é o atual coordenador do Conselho Deliberativo da Sociedade. Ele comenta as medidas cabí10 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

veis, como punição, e o cenário atual desse tipo de esquema. Com a divulgação da máfia de próteses, órteses e stents, como coibir esse tipo de ação? As entidades em si não têm o poder de coibir, mas entendo que essa reação deve partir da sociedade como um todo. Da mesma forma que existe a corrupção em diversos setores, a Medicina não escapa a essa vulnerabilidade. Temos de agir para mudar esse cenário lamentável. Primeiro, é investir e melhorar a formação do profissional, especialmente no que tange ao fortalecimento dos preceitos éticos. Outro ponto é a remuneração médica, que merece urgente reavaliação, tanto por procedimentos quanto por desempenho, conforme ocorre em outros países. Ou seja, aqueles médicos que investem em técnicas e tecnologias devem conquistar remuneração melhor. Dessa forma, sofreria mais prejuízo ao tomar uma atitude antiética. A


Da mesma forma que existe a corrupção em diversos setores, a Medicina não escapa a essa vulnerabilidade

divulgação mais ampla ao informar o paciente sobre o uso do material e o compartilhamento de informações sobre sua composição, sua utilidade e seus diferenciais são ações importantes para assegurar ao consumidor final que ele não será lesado e para sua compreensão do que utilizará. Conhecendo o produto, ele terá noção de valor e haverá, consequentemente, maior controle pelos órgãos competentes. Hoje, o que se faz é culpar somente o erro médico, quando, na realidade, existem muitos responsáveis. O desvio ético não compete somente ao campo da Medicina. Temos problemas em hospitais, planos de saúde e profissionais de saúde, entre outros. O que deve ficar claro é que em todos os meios há pessoas boas e também desonestas. Uma sociedade de especialidade, como a SBHCI, pode interferir de alguma forma? Não, mas acredito que há uma maneira positiva de atuar nesse sentido. As fontes pagadoras, principalmente o Sistema Único de Saúde e a saúde suplementar, utilizam segundas opiniões, que não são muito bem definidas. Em minha compreensão, deveriam dispor dos conhecimentos das sociedades de especialidade como referências mais embasadas. A renovação das Diretrizes se estende por muito tempo, de dois a três anos, e a tecnologia atualmente é bem ágil. Em termos de proporção entre informação e prática, haverá sempre um delay. Uma boa opção é a entidade contar com uma mesa de especialistas contínua, que avaliaria todo novo material a entrar no mercado, em conjunto com os órgãos competentes, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por exemplo. Um trabalho que aliaria a validação dos órgãos de regulação e o amparo científico das sociedades poderia ajudar a reduzir esse tipo de imprudência. Em termos de ética, isso compete ao Conselho Federal de Medicina e a suas representações estaduais, que legislam sobre esse aspecto. São instituições que podem condenar e criar algum tipo de punição àqueles que não seguem o Código de Ética. Atos ilícitos desse porte respingam, de alguma forma, nas sociedades de especialidade? Isso reflete negativamente em toda a saúde brasileira. Passamos a ser alvos da desconfiança do paciente com relação a nossa atividade. Existem desvios éticos em todas as especialidades. Obviamente, entre aqueles que lidam com próteses e materiais

de alto custo fica mais evidente, além de ser um terreno mais propício para as pessoas ganharem dinheiro de forma ilícita. É mais um ponto negativo para os brasileiros de modo geral e, em particular, para nós, médicos. Se a entidade mostrar seu papel de defensora da ética e da boa prática, expondo isso principalmente aos leigos e às fontes pagadoras, talvez seja possível minimizar esses efeitos na especialidade. Qual a importância de a SBHCI ser signatária do documento oficial da Associação Médica Brasileira (veja box), cujo conteúdo repudia fatos dessa natureza? Acho importante a SBHCI se posicionar diante de seus associados, formalizando sua preocupação com a prática dos princípios éticos e estabelecer sua contrariedade a esse tipo de desvio criminoso. Um dos caminhos é se aproximar do público, do consumidor final do nosso trabalho, que são os pacientes. Precisamos divulgar o trabalho da Sociedade, que é embasado em interesses científicos e no desenvolvimento da especialidade. Se a sociedade civil (pacientes e familiares) tiver o conhecimento necessário, a chance de erros éticos diminui. Cabe à Diretoria decidir por atitudes nesse sentido e averiguar se são as melhores ações para fortalecer a entidade e a especialidade.

Nota AMB-SBHCI A Associação Médica Brasileira (AMB), representando as sociedades de especialidades médicas, com base nas informações apresentadas pela mídia contendo denúncias graves sobre atitudes antiéticas e criminosas na indicação e utilização de materiais em procedimentos médicos, vem a público informar: Repudiamos que fatos dessa natureza ocorram em nosso meio e consideramos que tais denúncias devam ser investigadas pelos órgãos competentes, com a punição dos culpados dentro do rigor da Lei. A classe médica brasileira é constituída, em grande parte, por profissionais bem formados, supervisionados e treinados pelas sociedades médicas de especialidades, os quais conduzem suas atividades pautadas no mais rigoroso critério técnico e ético e fundamentadas nas normas de cada sociedade. Os médicos brasileiros orientam seu trabalho com base em condutas reconhecidas internacionalmente e contrárias às apresentadas nas reportagens. As atitudes ilícitas de alguns não podem colocar em descrédito a classe médica, cuja atuação prioriza a saúde e a segurança do paciente, fundamentais para o sucesso do tratamento. Temos convicção de que imprensa e sociedade brasileira saberão fazer essa distinção. A AMB está convocando uma força-tarefa com as entidades públicas e privadas envolvidas nesse tema, no sentido de criar e aperfeiçoar mecanismos para coibir de forma rigorosa tais práticas, e continuará trabalhando para proporcionar formação técnica e ética aos médicos brasileiros.

SBHCI – Jan/Fev/Mar

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reconhecimento

Fábio Jatene toma posse na Academia Nacional de Medicina

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rofessor titular da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Fábio Biscegli Jatene tomou posse como titular da Cadeira 29 da Academia Nacional de Medicina (ANM) em 10 de março, cujo patrono é Daniel de Oliveira Barros D’Almeida. A cerimônia foi muito concorrida e contou com a presença dos mais ilustres dirigentes da FMUSP e do Instituto do Coração, onde atua como diretor geral e preside o Conselho Diretor, além de entidades médicas. A SBHCI foi representada por Marcelo Queiroga, ex-presidente na gestão passada, que também participou da mesa diretora dos trabalhos, presidida pelo acadêmico Pedro Novelino. Durante a saudação de boas-vindas ao novo imortal, o acadêmico Silvano Mário Atílio Raia enfatizou que Jatene se destaca como professor e chefe de equipe: “Como professor, não impõe dogmas, mas antes discute, estimula o debate entre seus alunos”. Também marcaram presença Florentino Cardoso e Marcelo Matos Cascudo, presidentes, respectivamente, da Associação Médica Brasileira e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovas-

cular, e Emílio Zili, diretor administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Em seu discurso, Jatene descreveu de forma detalhada sua trajetória, da época de estudante até alcançar o mais alto cargo da carreira universitária, como professor titular da USP. “É um dos momentos mais importantes da minha vida”, disse, emocionado. A solenidade também ficou marcada pelas homenagens a Adib Jatene, que integrou a ANM, empossado há 25 anos, o que suscitou em seu filho o mesmo sonho de fazer parte da casa. Suas contribuições à Medicina brasileira e, em especial, sua influência na formação pessoal e médica do novel acadêmico estiveram em foco. “Hoje, ao ver este sonho concretizado, o destino não permitiu que pai e filho sentassem lado a lado nesta casa”, considerou Jatene. Entidade médica mais antiga do Brasil, a ANM é a mais tradicional instituição cultural do País, precedendo a Academia Brasileira de Letras. Sua fundação data do primeiro império de D. Pedro I. Outros membros da ANM que representam a Cardiologia Intervencionista são os ex-presidentes e fundadores da SBHCI, acadêmicos J. Eduardo Sousa e Carlos Antonio Mascia Gottschall.

Uma solenidade de gala para o mestre e amigo José Antonio Marin-Neto* Em 27 de fevereiro, em João Pessoa (PB), tive a ventura e o privilégio de presenciar a posse de nosso colega e amigo, Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes, como o mais novo integrante, com todas as honras, da Academia de Medicina da Paraíba. A sessão solene de posse, perante o colegiado acadêmico e na presença de mais de 300 pessoas entre familiares, amigos e, certamente, admiradores, que lotaram completamente as dependências do auditório, transcorreu por cerca de três horas de cerimonial. Entre diversos momentos de grande gala devo destacar de início a saudação ao novo acadêmico, proferida por João Gonçalves de Medeiros Filho, em nome da Academia. Ele ressaltou e enalteceu as muitas e proteiformes qualidades humanas e profissionais da trajetória pública de Queiroga, como médico e líder societário, com especial realce para o âmbito da SBHCI.

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Essa perspectiva faz jus às verdadeiras cruzadas empreendidas por Queiroga em prol de causas da maior relevância social e humanística, de que é expressão maior seu monumental livro intitulado ‘Atuação da SBHCI na Incorporação do Implante por Cateter de Bioprótese Valvar Aórtica no Brasil’. Muito comovente foi o momento de condecoração do novel acadêmico por sua esposa, também médica, Simone de Araújo Queiroga Lopes, que, a pedido do presidente da sessão, Ricardo Antônio Rosado Maia, e na presença dos três filhos do casal, o ilustre jurista Marcelo Cartaxo Queiroga Filho, a acadêmica de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro Daniella de Araújo Cartaxo Queiroga, e o estudante colegial Antônio Cristóvão de Araújo Neto, conferiu a Queiroga a posse do colar acadêmico e a respectiva medalha, bem como o ornamental pelerine, símbolo tradicional de honra e distinção inerentes à Academia. Ainda mais emocionante foi a quebra de protocolo pelo filho mais novo do casal, Antônio Cristóvão, com apenas 15 anos de idade, quando, já ao fim da cerimônia, solicitou e ob-


Cardiologia intervencionista na Academia Paraibana de Medicina

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ex-presidente da SBHCI, Marcelo Queiroga, acaba de assumir a posição de número 28 da Academia Paraibana de Medicina. A cerimônia de posse aconteceu em 27 de fevereiro, no auditório de Conselho Regional de Medicina do Estado. Vale citar que a instituição conta com 40 cadeiras ocupadas por médicos cujas carreiras se destacam e são de relevância para a sociedade. Conforme Queiroga, mais de 250 pessoas de todos os setores sociais da Paraíba participaram da solenidade, incluindo convidados ligados a universidades, ao Conselho Regional de Medicina e a associações médicas, além de representantes do governo e de outras esferas políticas. “É uma oportunidade para divulgar a Medicina e a Cardiologia Intervencionista, apresentando projetos de interesse social, como as campanhas Coração Alerta e Jovens Corações”, afirma o ex-presidente da SBHCI. Queiroga planeja trabalhar em prol do desenvolvimento das atividades culturais, na Academia Paraibana de Medicina, com a finalidade de propor a valorização da Medicina, dos médicos e de demais agentes da saúde em relação à população. “A meta é atuar continuamente para preservar a medicina no Estado e difundir a atuação da Academia na sociedade, sobretudo para os mais jovens, que têm apresentado interesse crescente na profissão. A política médica se traduz na disponibilização dos preceitos éticos, na história milenar e no objetivo da profissão”, explica. teve do presidente da sessão a permissão para, da tribuna, expor em breves e singelas, mas tocantes, palavras o sentimento de intensa união e sentido de responsabilidade humana e social que Queiroga imprime a seu círculo familiar, por meio de exemplo e atuação constantes. Mas, sem dúvida, o momento culminante de toda essa ocasião engalanada foi o discurso de posse na Academia Paraibana de Medicina, com o qual Queiroga brindou seus pares e toda a assistência. Foram homenageados devidamente o patrono da cadeira número 28 da Academia, o médico e cientista Manuel de Arruda Câmara, também eminente botanista e naturalista de escol, além do antecessor de Queiroga nessa cadeira, o notável médico neurocirurgião José Alberto Gonçalves da Silva, recentemente falecido após brilhante carreira. O discurso de Queiroga foi extraordinariamente gratificante para todos os agraciados com sua audição, por sua fluência, vigor de estilo e eloquência, fazendo com que o público praticamente “não visse o tempo passar”, conforme depoimento unânime de quantos se pronunciaram sobre isso na festividade que se seguiu. Entre outras características essenciais, o discurso foi lastreado no excelente livro por ele recentemente publicado, com o nome ‘Sinapse eterna’.

Marcelo Queiroga e José Antonio Marin-Neto

Trata-se do título muito evocativo de pequena obra-prima, pela reconstituição criteriosa de inúmeros aspectos históricos das biografias de seu antecessor direto e do patrono da cadeira 28 da Academia Paraibana de Medicina, bem como por um depoimento pessoal muito relevante sobre o significado de algumas de suas convicções existenciais, sempre bastante iluminadoras. Finalmente, registro que viajei de Ribeirão Preto (SP) para João Pessoa, na expectativa única de testemunhar evento em que o amigo era dignamente prestigiado no meio médico-acadêmico de sua terra natal. Entretanto, vi-me, ainda que sem delegação oficial, na condição de virtual representante de nossa SBHCI durante as comemorações próprias de tão faustoso acontecimento. Como bônus final de minha viagem, ainda fui cumulado com o prazer desfrutado pela conversa, durante várias horas, sempre muito erudita e profunda, com seu filho Marcelo Filho. Professor titular de Cardiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, coordenador da Comissão Permanente de Certificação Profissional da SBHCI

SBHCI – Jan/Fev/Mar

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2015 – 13


Solenidade

SBHCI e CICE: em prol da expans

Programação Confira o cronograma das Sessões 47 e 49, coordenadas pela SBHCI, que ocorrerão dia 17 de abril, sexta-feira:

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e 15 a 18 de abril, o Sheraton São Paulo WTC Hotel (São Paulo, SP) será palco do Congresso Internacional de Cirurgia Endovascular (CICE) 2015, o maior evento de área da América Latina. Com apoio da SBHCI, apresentará formato inovador e ousado, além de um programa completo e abrangente, a fim de atender aos interesses de cerca dos 5 mil congressistas aguardados. Um dos destaques será a exibição de casos ao vivo. Haverá apresentações de técnicas complexas com endopróteses brasileiras e alemãs, quadros endovasculares, endovenosos e estéticos, e sessões exclusivas que contarão com a presença de debatedores e moderadores especialistas nos eventos expostos, assim como nas técnicas e nos materiais utilizados. As salas estarão compostas por palestrantes nacionais e internacionais de alto nível para discutir teorias e práticas da cirurgia dentro da Cardiologia. Além disso, Fóruns de Consenso contarão com médicos vasculares gabaritados, de diversos segmentos, que determinarão condutas padrão aos demais profissionais. Simultaneamente, três sessões serão destinadas a aulas internacionais. O Leipzig Interventional Course (LINC), curso anual que aborda pacientes vasculares, de característica interdisciplinar, promoverá a integração e a educação continuada entre os que atuam com intervenção endovascular. Já o Vascular Interventional Advances (VIVA) passará conhecimentos globais, que reforçam o uso da tecnologia nos procedimentos. Por fim, o American Venous Forum (AVF), enorme sucesso na última edição do CICE, ganhará um dia inteiro de duração este ano.

14 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

Sessão 47 - TAVI: Promessas e Perspectivas 9h00-9h15  Seleção de Pacientes: Importância do “Heart Team” 9h16-9h31  Como Avaliar o Acesso Vascular e Utilização de Novos Dispositivos de Oclusão Femoral 9h32-9h47  Novas Válvulas e Soluções para Proteção Cerebral 9h48-10h00  Discussão Sessão 49 - Denervação Simpática Renal 11h20-11h28  HAS e Risco Cardiovascular 11h29-11h37  Racional e População Ideal para DSR 11h38-11h46  Estudos Clínicos 11h47-11h55  DSR além da HAS 11h56-12h04  Dispositivos para DSR 12h05-12h13  O Passo-a-Passo do Procedimento 12h14-12h22  Discussão


são do conhecimento científico Parceria Pela primeira vez na história do Congresso, a SBHCI atuará como colaboradora científica, com a participação em três mesas-redondas que abordarão Angioplastia Carotídea, Implante de Válvulas Percutâneas e Tratamento Endovascular de Hipertensão Arterial. “A ideia é abrir a perspectiva de trabalho e conhecimento do cardiologista intervencionista – não só em carotídea, renal e válvula, mas, também, na área de intervenção não coronária”, explica o diretor de Educação Continuada da SBHCI, Marcos Marino. O debate contará com cardiologistas membros da entidade e convidados internacionais de vasta atuação nos Estados Unidos e na Europa. De acordo com Marino, o intuito é desenvolver um programa abrangente e com expoentes do cenário científico mundial. Em decorrência do extenso território nacional e de sua diversidade socioeconômica, existe uma carência maciça de profissionais que não sejam apenas coronários. O diretor de Educação Continuada defende há anos a interiorização dos efetivos da SBHCI em diversas regiões do Brasil e não apenas nos polos principais.

“Nossa parceria e a tradição do encontro possibilitarão que o leque de soluções terapêuticas se amplie. Haverá conteúdo para utilização de angioplastias periféricas e carotídeas, por exemplo, sempre que existir essa alternativa de tratamento. Ou seja, profissionais de todo o País terão acesso ao melhor e mais atualizado conhecimento, para aplicar em seus locais de trabalho.” Além de Marino, Alexandre Abizaid, diretor científico da Sociedade, participou da composição das mesas, conjuntamente com a Comissão Científica do Congresso. “Armando Lobato, presidente do CICE 2015, sugeriu que explorássemos as tradições da entidade”, informa Marino. “Queremos tirar o especialista de sua zona de conforto e permitir o contato com diferentes tópicos.” Trata-se de oportunidade única para os médicos expandirem sua área de atuação técnica. Em um grande acontecimento como esse, a rede que se forma é espetacular, permitindo o contato com fornecedores de materiais, técnicas novas e os maiores especialistas nacionais e internacionais. “O conhecimento e a informação científica completa são essenciais para ofertar a seus pacientes as corretas possibilidades”, conclui Marino.

VISÃO

MISSÃO

VALORES

Ser reconhecida internacionalmente como referência no âmbito de Sociedade de Intervenções Cardiovasculares

Desenvolver a cardiologia intervencionista, certificar a atuação profissional e representar os associados com qualidade, eficiência e alto valor agregado em prol da comunidade

       

Ética Competência técnica e científica Capacidade resolutiva Valorização profissional Responsabilidade socioambiental Comprometimento Sustentabilidade Inovação tecnológica


Sociedade

Coração Alerta, no Shopping Aricanduva, chama a atenção para o infarto em mulheres

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m homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, a SBHCI promoveu ação no Shopping Aricanduva, localizado na Zona Leste da cidade de São Paulo (SP), a fim de conscientizar a população sobre problemas cardíacos em mulheres. Músicos distribuíram rosas e um marcador de livros da campanha Coração Alerta. Atualmente, um em cada três pacientes que sofrem infarto do miocárdio é do sexo feminino. Principal causa de morte entre as brasileiras, seus índices já ultrapassam os do câncer de mama. “Na maioria dos casos, elas adiam mais a procura pelo atendimento de saúde ao apresentarem sintomas da afecção. Isso acontece, entre outras razões, pela maior tolerância à dor e pelos sinais, que se apresentam de forma adversa à dos homens”, informa o cardiologista Marcelo Cantarelli, coordenador nacional da campanha Coração Alerta. Os traços das doenças cardiovasculares são mais intensos na população masculina, sobretudo a dor no peito. Entre as mulheres, o que sobressai são, em geral, dores nas costas e na boca do estômago. Cantarelli explica que, muitas vezes, os indícios de um infarto iminente não recebem a atenção devida. Segundo ele, as 16 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

ocorrências secundárias e consequentes podem ser mais acentuadas, acarretando compreensão equivocada do quadro: “Por exemplo, falta de ar é confundida com problemas no pulmão, enquanto tontura e enjoo podem ser entendidos como gastrite ou enxaqueca”. Em parceria da SBHCI com o Shopping Aricanduva, o objetivo da iniciativa foi esclarecer a população sobre as formas de prevenção e de identificação do infarto. Com viés estratégico e ilustrativo, os marcadores de livro destacavam como cuidar de si pode fazer a diferença quando o assunto é saúde. Os dois modelos continham frases de destaque, como: ‘Quando o assunto é coração, todo detalhe importa’ e ‘Você, que sempre cuida de tudo, não pode descuidar da própria saúde’. No próprio dia 8, um movimento na Praça Victor Civita, no bairro do Alto da Lapa, também em São Paulo, reuniu a população local com música, exercícios físicos e dicas para evitar doenças cardíacas, com o apoio da Rádio Alfa FM. A escolha da data carrega alto teor simbólico, uma vez que é um período no qual as mulheres estão mais acessíveis a receber materiais que lhes dizem respeito. A ideia é chamar a atenção para esse problema e instruir como combatê-lo, despertando grande visibilidade e interesse da mídia e da sociedade. “São ações pontuais como essa que nos permitem chegar ao público-alvo e, efetivamente, alertá-lo para a afecção que mais mata mulheres no Brasil e no mundo”, diz o cardiologista. O número de casos de infarto cresce entre as mulheres, especialmente naquelas com menos de 60 anos de idade, e os responsáveis por isso são, em parte, o ingresso no mercado de trabalho, que eleva a carga de estresse, o aumento do tabagismo, a obesidade e o sedentarismo, fatores de risco coronário expressivos, de acordo com o coordenador da campanha. Coração Alerta é, atualmente, a campanha cardiológica de maior visibilidade do Brasil, com alcance mensal superior a um milhão de pessoas em sua página do Facebook. No Brasil, aproximadamente 100 mil pessoas morrem, por ano, em decorrência de infarto, e, por isso, seu foco é claro: diminuir essa taxa em 50%.


iMPosto de renda

Importante: não deixe para os últimos dias!

Dicas para a declaração de IRPF 2015

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prazo para declaração de imposto de renda de pessoa física (IRPF) teve início em março e termina em 30 de abril. A seguir encontram-se alguns cuidados que podem ajudar e facilitar o preenchimento de sua declaração. Um novo aplicativo para auxiliar o preenchimento O site da Receita Federal disponibiliza, desde novembro de 2014, um aplicativo que permite fazer um rascunho da declaração, em que o contribuinte pode ir lançando as informações. O rascunho da declaração de IRPF não é oficial e as informações salvas poderão, a critério do usuário, ser utilizadas na declaração IRPF 2015. Portanto, o objetivo desse aplicativo é apenas o de facilitar o preenchimento. Como começar? Inicialmente separe todos os comprovantes de despesas que podem ser utilizados para dedução na declaração completa, como despesas com saúde e educação. Importante: ao declarar uma despesa, poderá ser necessário comprová-la para a Receita; portanto, guarde todos os comprovantes, informando corretamente os valores na declaração de IRPF. Informações de compra ou venda Caso você tenha comprado ou vendido um imóvel ou automóvel, por exemplo, informe o valor pelo qual o bem foi adquirido ou vendido. No caso da venda de um imóvel que gerou lucro, você deverá informar qual o ganho obtido. Consulte um contador para saber se há necessidade de recolher o imposto de renda. Informações de imóveis alugados Quem paga aluguel para moradia, consultórios, salas comerciais ou outros imóveis e que no contrato de locação consta como inquilino uma pessoa física, deve observar que, apesar de o recolhimento do IR referente ao aluguel ser responsabilidade do proprietário, o inquilino tem obrigação de informar na declaração de IRPF o quanto pagou de aluguel e para quem no ano base (2014), pois se essa informação for omitida o inquilino estará sujeito a multa. Portanto é necessário reunir todos os comprovantes de pagamento de aluguel. Quem recebe aluguel como pessoa física deve declarar o recebimento desses aluguéis, os quais estão sujeitos a tributação do IR.

Investimentos É necessário declarar as posições de seus investimentos no dia 31 de dezembro, portanto tenha todos os informes. Fundos imobiliários negociados em bolsa de valores têm isenção de IR para os recebimentos mensais, porém o lucro obtido com a compra e venda das cotas é tributado. Quem negocia ou tem ações, opções e outros mercados deverá ter atenção ao declarar, separando as operações de day trade e de mercado à vista. Tenha todas as notas de negociação, pois deverá preencher o resultado mensal (lucro/prejuízo) dessas operações e os impostos que foram recolhidos. Lembre-se de que prejuízos anteriores podem ser abatidos dos lucros posteriores. Investimentos em outros países devem ser declarados. Informes de renda Reúna os informes de recebimentos de todas as fontes pagadoras, como empresas e instituições que contratam seus serviços. Em geral, o prazo para que essas empresas enviem as informações é fevereiro. Declaração simplificada ou completa? Preencha a declaração completa, inserindo todas as deduções que você tem. No lado esquerdo, no campo “Opções”, aparecerá o imposto devido “Por Deduções Legais” e “Por Desconto Simplificado”. Você deverá selecionar a opção que julgar mais vantajosa. Como pagar menos IR? Não caia na tentação de sonegar, não informando receitas ou inserindo despesas que não existem e que não terá como comprovar. O IR faz parte das “regras do jogo”. No caso de alguns profissionais, como médicos e dentistas, a constituição de uma empresa para fazer os recebimentos pode ser uma alternativa dentro da lei para recolher menos impostos. Procure um contador, que poderá auxiliá-lo nos cálculos e esclarecer se essa é uma alternativa viável para seu caso. Cuidados ao terceirizar o preenchimento Para quem não tem disponibilidade para preencher a declaração, contratar um contador pode ser uma boa opção. Confira, porém, todas as informações que foram colocadas; se necessário, faça uma declaração retificadora. SBHCI – Jan/Fev/Mar

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Mudança

Prepare-se: vêm aí as eleições 2015 Já estão programadas as eleições para o biênio 2016-2017 da SBHCI, entre os dias 12 e 18 de junho. A nova Presidência e sua Diretoria, membros titulares e suplentes do Conselho Fiscal escolhidos pelos associados, bem como a composição do Conselho Deliberativo serão anunciados em Assembleia Geral, durante o próximo Congresso SBHCI, no Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, na Capital Federal. “A votação será eletrônica com duração de sete dias consecutivos, no portal da Sociedade. Já definimos a Comissão Eleitoral (CE), composta pelos colegas Wilson Pimentel, coordenador e membro do Conselho Consultivo, Hélio Castello Jr., membro do Conselho Deliberativo, e Silvio Giopatto, membro do Conselho Fiscal. O edital, contendo o cronograma e as orientações para a composição das chapas para presidente e membros da Diretoria, assim como para os candidatos ao Conselho Fiscal, está disponível em nosso site”, explica Salvador

RBCI repaginada A Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI) fechou contrato com a editora Elsevier. A primeira mudança visível para o público será em seu layout. “Sou editora da RBCI desde 2007 e o design é praticamente o mesmo desde então. Contaremos com novidades tanto na capa como no miolo da Revista”, adianta Áurea J. Chaves. Outra alteração importante é a publicação simultânea das versões em inglês e português. Já havia o contrato para os registros das edições em outro idioma; no entanto, por motivos logísticos, ainda não ocorrera a produção. A RBCI também passará por aperfeiçoamento nos sistemas de submissão de artigos. “Um novo procedimento facilitará, aos autores que submetem os artigos, o envio de imagens e do próprio texto. É um sistema testado mundialmente e já empregado em vários países”, comenta Áurea. Desde o fim de 2014, a publicação integra o Science Web, portal de visibilidade internacional. “Esperamos atrair mais artigos de outros países, principalmente da América Latina. Se conseguirmos

www.sbhci.com.br

Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila Olímpia CEP 04548-050 – São Paulo – SP Fone: (11) 3849-5034

Equipe Administrativa Gerência: Norma Cabral Secretaria: Layla Caitano Eventos: Roberta Fonseca Financeiro: Kelly Peruzi Sócios: Jessica Rodrigues

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André Bavaresco Cristovão, diretor administrativo da SBHCI. Cabe à CE, conforme disposto no Estatuto Social, redigir as instruções para o processo de votação, além de divulgá-las com a maior visibilidade possível; conferir a composição do quadro associativo; verificar a adequação das chapas que se apresentam para inscrição, especialmente no que se refere à elegibilidade de seus membros; informar aos associados da SBHCI todos os aspectos relativos ao pleito, bem como registrar seu parecer, a pedido da Diretoria, sobre o trâmite da votação. É de responsabilidade também da CE solicitar os representantes das diversas regiões do País para a composição do Conselho Deliberativo, conforme novo estatuto, disponível no portal. “Vivemos o início do processo, nossa expectativa é de que tudo transcorra da melhor forma e estamos trabalhando para isso”, afirma Cristovão. a indexação no MEDLINE, sistema de procura e vitrine de revistas científicas, será mais fácil conquistar esse feito”, enfatiza Áurea. Existe uma série de processos com esse viés, como o SciELO, com busca local para pesquisa latino-americana, e o PubMed, americano, de alcance mundial. De acordo com Áurea, uma revista publicada nesse sistema tem grande visibilidade e aumento da captação de artigos, o que permite a divulgação de conteúdos cada vez melhores. Com as mudanças, com mais experiência e com a evolução da qualidade científica dos estudos publicados, a RBCI tem essa perspectiva e fará novas tentativas a médio e longo prazos. Parceria de sucesso A Elsevier, uma das mais antigas e conceituadas casas editoriais do mundo e responsável pela publicação de estudos em diversos periódicos reconhecidos e de grande impacto, conta com infraestrutura apropriada para produção e divulgação de revistas. Por se tratar de uma empresa tradicional na área, várias de suas ferramentas disponibilizadas são apropriadas para atender às necessidades da RBCI. “Antes era preciso contratar, aqui no Brasil, diversos serviços, e hoje contamos com todo o profissionalismo e suporte da Elsevier”, conclui Áurea.

Gestão 2014-2015 Presidente: Hélio Roque Figueira (RJ) Diretor Administrativo: Salvador André Bavaresco Cristovão (SP) Diretor Financeiro: Cyro Vargues Rodrigues (RJ) Diretor Científico: Alexandre Antonio Cunha Abizaid (SP) Diretor de Comunicação: André Gasparini Spadaro (SP) Diretor de Qualidade Profissional: Edgar Freitas de Quintella (RJ) Diretor de Educação Médica Continuada: Marcos Antônio Marino (MG) Diretor de Avaliação de Tecnologias em Saúde: Marcelo Queiroga (PB) Diretor de Intervenções Extracardíacas: Itamar Ribeiro de Oliveira (RN) Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: Raul Rossi Ivo Filho (RS) Departamento de Enfermagem Presidente: Gustavo Cortez Sacramento (SP) Vice-presidente: Luciana Lima (RJ) Primeira-secretária: Ana Flavia Finalli Balbo (SP) Segunda-secretária: Adriana Correa Lima (MS) Primeira-tesoureira: Erika Gondim (CE) Segunda-tesoureira: Maria Aparecida Carvalho Campos (SP) Coordenadora Científica: Jackeline Wachleski (RS) Coordenadora de Educação Continuada: Roberta Corvino (SP) Coordenadora de Titulação: Ivanise Gomes (SP)


opinião

Ensino médico em crise, pacientes em risco Bráulio Luna Filho*

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Osmar Bustos

Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) divulgou recentemente os resultados da décima edição do Exame do Cremesp, cujas provas ocorreram em outubro. O número de reprovados é alto e preocupante, refletindo a baixa qualidade do ensino de Medicina no Estado de São Paulo e, quiçá, no Brasil, já que em 468 formandos de outros Estados o resultado foi ainda pior. Submeteram-se ao Exame 3.359 recém-formados. Dos 2.891 inscritos de São Paulo, 55% (1.589) tiveram média de acerto <60% em relação ao conteúdo apresentado. Destaque-se que o exame é composto de questões fáceis ou medianas pela análise psicométrica clássica (Índice de Facilidade e Discriminação). Já entre os novos médicos de outros Estados, a reprovação foi de 63,2%, indicativo de que a situação, já gravíssima em São Paulo, pode estar ainda pior. O baixo aproveitamento foi desalentador, ainda mais considerando o despreparo dessa safra de novos doutores em áreas fundamentais como Clínica Médica, Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia e Cirurgia Geral. Eles mostraram ignorância em questões simples como atendimento inicial a vítima de acidente automobilístico, a vítimas de ferimento por arma branca, a casos de pneumonia na comunidade, a pancreatite aguda e a colelitíase (pedra na vesícula). Das 42 escolas do Estado de São Paulo, 30 participaram da avaliação. As 20 piores colocações ficaram com as instituições privadas. Absurdo! Cobram mensalidades entre R$ 6 mil e R$ 9 mil, mas não oferecem em contrapartida formação adequada àqueles que investem no sonho de ser médico. Isso é preocupante porque a maioria desses novos graduados em breve estará na linha de frente da assistência médica em pronto-

-socorro e pronto atendimento. Houve curso cujos alunos não ultrapassaram 13% de acertos. Como o Exame do Cremesp não pode, por força da legislação, impedir ninguém de ser médico, por mais desqualificado que seja esse profissional, o ônus da formação deficiente recai sobre os cidadãos. Somos nós, nossos filhos, pais, parentes e amigos que estaremos correndo riscos ao sermos atendidos por um desses médicos. O Conselho Regional de Medicina fará sua parte dentro do que lhe é possível. Os resultados são entregues individualmente e em caráter confidencial aos novos médicos. As escolas também receberão relatório detalhado sobre o desempenho de seus alunos, para que tenham a possibilidade de aperfeiçoar seus cursos. Os dados ainda serão disponibilizados aos Ministérios da Educação e da Saúde, ao Conselho Federal de Medicina, à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal, ao Ministério Público e aos Conselhos Nacionais de Saúde e Educação. Esperamos que cada uma dessas instâncias cumpra seu papel, intervindo e envidando esforços para mudar o atual panorama do ensino da Medicina. O Exame do Cremesp deixa escancarado que é inadequada a maneira como o governo avalia as escolas médicas. A título de exemplo, a já citada escola médica que teve apenas 13% de aprovação na última avaliação do Exame do Cremesp possui resultado satisfatório no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, exame utilizado pelo Ministério da Educação para avaliação. Evidentemente há pouca disposição de mudança em boa parte das escolas médicas privadas. Elas, inclusive, não esboçam interesse em ser avaliadas, pois isso significaria mais investimento no corpo docente, em laboratórios e biblioteca médica. Hoje, mais de 80% dos cursos privados do Estado de São Paulo não têm hospitais-escola. Finalizando, da mesma forma que existe avaliação obrigatória para exercer as profissões de advogado e contador, propugnamos por haver também uma prova obrigatória para os recém-graduados em Medicina. Ou planilhas e processos são mais importantes que a saúde e a vida? Não, a resposta só pode ser um rotundo não! *Presidente do Cremesp SBHCI – Jan/Fev/Mar

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