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Rio Verde-GO: Abril-Maio 2015 - Ano I, nº 1

RIO VERDE

A grande descoberta no Cerrado Cidade recebe migrantes de braços abertos. Sulistas e nordestinos contam como vieram parar aqui

Caixa preta: Presidente da OAB Rio Verde é contra a redução da maioridade penal

Parto Humanizado: o respeito à fisiologia do parto e à mulher

Cerveja artesanal cai no gosto do rio-verdense. Tem gente que fabrica a própria geladinha

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EDITORIA Texto:Gabi Bazzo Foto: Sagui

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CONTEÚDO EDITORIAL

De um jeito que você nunca viu...............04

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CAIXA-PRETA

Presidente da OAB Rio Verde é contra a redução da maioridade penal.................06

SAÚDE

Para se livrar dos óculos e lentes.............10

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CAPA

Migrantes marcam a expansão do município de Rio Verde..................................16

CITTÀ

Fazer baliza é mesmo difícil. Mas algumas dicas podem te ajudar..............................20

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Mercado bilionário da cerveja artesanal atrai também os rio-verdenses..............22

CASA

Tendência Do It Yourself em alta........24

CULTURAL

Especial com o músico Gil Motta............26

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SOCIAL FOTO

Nos embalos em Rio Verde......................28

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EDITORIA

Uma Rio Verde que você conhece, mas de um jeito que nunca viu!

Texto:Gabi Bazzo Foto: Sagui

A

liando informação de qualidade com temas de interesse público, criatividade e renovação nós apresentamos a vocês a Città! Revista bimestral, feita por duas persistentes jornalistas e um publicitário pra lá de detalhista. Temos também o apoio de todos aqueles que acreditaram neste projeto e completam as páginas desta edição. Com sorriso no rosto, uma ideia na cabeça e um olhar direcionado à querida cidade de Rio Verde, inovamos com requinte para apresentar um novo modelo de conteúdo impresso. E nesta primeira edição buscamos saber um pouco mais sobre a história de Rio Verde e das pessoas que contribuíram com o crescimento de nossa cidade. Contamos com relatos inspiradores de migrantes que vieram do Sul e do Nordeste, principalmente. Vamos também mostrar novas tendências, a exemplo do sustentável e charmoso Do It Yourself.

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Città Comunicação CNPJ: 21.834.787/0001-67 Rio Verde – GO (64) 8140-6560 (64) 9991-1620 cittarevista@gmail.com

Reportagens: Gabriela Guimarães Jéssica Bazzo

Conselho Editorial: Gabriela Guimarães Jéssica Bazzo Samuel Pedrosa

Diagramação: Samuel Pedrosa

Projeto Gráfico: Roca Comunicação

Ilustração e Arte: Sagui

Ainda, o mercado curioso e lucrativo da Cerveja Artesanal ganhou as páginas da Città. E ao longo desta primeira produção, aprendemos com muitos de nossos entrevistados e, agora, compartilhamos tudo isso com vocês. Pelo respeito à vida,destacamos o parto humanizado,direito de toda mulher. E fomos embaladas aos sons da cidade para mostrar a música que toca por aqui. Esta é a nossa Città! No italiano, quer dizer cidade. E isso resume todo o nosso propósito, a nossa essência, que é contar assuntos de relevância com base no conhecimento e informação do nosso povo.

Abraço e Boa Leitura!

Fotos: Ascom Comigo Gabriela Guimarães Jéssica Bazzo Kamilla Quintela Rosi Kirschner Samuel Pedrosa Colaboração: Elton Brás Camargo Jr. Flávio Furtuoso Wenya Alecrim


Recuperação Judicial: O último recurso antes da falência

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olha de pagamento e fornecedores em atraso, cobranças, execuções, ausência de capital de giro, desequilíbrio nas operações comerciais, dívidas. O que fazer diante de um cenário tão adverso? A recuperação judicial das empresas pode ser uma boa saída. Ela é atualmente regulamentada pela lei 11.101/2005 (Nova Lei de Falências). Hoje, com a moeda derretendo, tem crescido os processos de recuperação judicial, a exemplo do que ocorre com mais de 60% das usinas que movimentam o setor sucroalcooleiro. A citada lei representa a última opção dada ao empresário que se encontra diante do risco iminente de falir. Para se valer dos benefíciosé exigida a regu-

Drº Flávio Furtuoso ADVOGADO

lar constituição da empresa por mais de dois anos. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da crise do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores. Na recuperação judicial, o plano para pagamento das dívidas partirá do próprio devedor, que apresentará uma proposta de pagamento, sendo esta submetida ao crivo de seus credores, que poderão aceitar ou não. A recuperação judicial se revela como mecanismo de suma importância às empresas. Apesar de seus aspectos positivos, trata-se de uma lei relativamente

nova (2005), devendo seus reflexos serem esclarecidos diante de cada caso. Cabe ao profissional da advocacia orientar os clientes de todos os riscos envolvidos no processo, inclusive, o de vê-lo convalidado em falência, caso não veja aprovado o seu plano de recuperação. A lei veio em boa hora. Vale destacar que o Brasil não contempla uma política nacional de incentivo ao setor empresarial, ao contrário, sua política tributária acaba por refletir seriamente na expansão e sobrevivência de qualquer empresa, independentemente do seu porte, deixando sempre o empresário inebriado e iludido quanto às verdadeiras políticas de incentivos.

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EDITORIA CAIXA Texto:Gabi Bazzo Foto: Sagui

PRETA

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o segundo mandato à frente da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na cidade de Rio Verde, Mardem Douglas Araújo Borges traz no currículo uma experiência de mais de 18 anos na advocacia. Ele é natural de Goiânia, mas se considera rio-verdense por estar na cidade há mais de 40 anos. Mardem

“SOU CONTRA se formou em Direito na Universidade de Rio Verde (UniRV), antes chamada de Fesurv. Em entrevista especial à Città, o presidente discute a redução da maioridade penal e diz que a segurança é a questão mais preocupante hoje em Rio Verde. Mardem, para começarmos, como você enxerga o papel da OAB em defesa de diferentes causas no Brasil? Tem um papel fundamental. Sempre teve, para a questão da implantação da democracia no país, na defesa dos interesses sociais, da Constituição Federal. Ou seja, vai muito além de só defender os direitos e prerrogativas dos advogados. A OAB tem papel fundamental em todo o contexto social. Na sua avaliação, qual seria o melhor caminho para combater a impunidade no Brasil? Simplesmente, o cumprimento do que está descrito nas leis. Enxergo que a questão da impunidade, assim como da reincidência criminal, às vezes é porque a lei deixa de ser cumprida. Até pela morosidade na aplicação da mesma. Não por culpa dos

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juízes, mas por culpa de todo um sistema. Hoje, por exemplo, nós temos poucos juízes em Rio Verde. Temos na Justiça comum apenas 12, enquanto que precisaríamos de, no mínimo, 20. Então, alguns processos demoram 10 anos, 15 anos. E quando vem a penalização para o acusado, ele já não precisa mais, porque por si só já se ressocializou. Vejo que a função da pena não é só punir. Mas quando a pena vem muito tarde, ela chega somente com esse intuito de punição. E nós vemos que isso não vai realmente resolver o problema. E em relação à redução da maioridade penal. O que você acredita? Tenho um pensamento particular, que às vezes é um pouco polêmico. Sou contra a redução. A legislação do Estatuto da Criança e do Adolescente é uma das melhores leis que temos no país. O que falta não é a mudança na legislação, e sim a implantação de tudo aquilo que a lei prevê. Hoje, por exemplo, nós não temos em Rio Verde um local para apreender esses menores. Penso que não é o momento de reduzir a maioridade penal. Enquanto eu não ver todos os benefícios


TEXTO AQUI A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL”, diz presidente da OAB

ras. E vamos passar esse projeto para o Congresso Nacional, para que vire lei.

e o que está descrito na lei ser implantado, eu não vou acreditar que a redução será a solução dos problemas. A OAB lançou uma campanha de coleta de assinaturas para um projeto de reforma política. Como funciona essa proposta? Na legislação política, temos muitas questões que poderiam ser revistas, mudadas. Esse projeto trata de várias questões relevantes, sendo a principal delas sobre o financiamento público de campanhas. Queremos que todas as pessoas tenham condições de

Hoje, na sua avaliação, o Judiciário tem credibilidade junto à comunidade rio-verdense? Tem sim. Temos grandes juízes que têm buscado aproximar o Judiciário da população e vemos uma democratização dessa classe, concedendo entrevistas, convocando a população com projetos de conciliação, audiências públicas. Acredito e confio muito em nossas instituições, como o Judiciário, Ministério Público, a própria OAB, assim como em disputar uma eleição, pelo me- nossas forças de segurança. nos em nível razoável de igualdade. Essa coisa de financiamento Em Rio Verde, qual a situação que de campanha por grandes em- mais preocupa a OAB? presas...enfim, ninguém da nada Sem dúvida a segurança. Tanto para ninguém. Às vezes fala que que temos participado de maniestá emprestando, doando. Mas festações e tentado mobilizar a depois que passam as eleições, sociedade, buscando as melhoos eleitos são empossados e ai rias junto ao governo do estado. vem a conta para pagar. É o que A OAB está de mãos dadas com está acontecendo hoje com a Pe- esses movimentos. Tem outras trobras. No meu ponto de vista, questões relevantes que nos prenada mais é do que o pagamento ocupa, como a falta de água, predas contas das eleições. Então, servação do meio ambiente, falta voltando ao projeto, nosso pen- de energia. Mas creio que, hoje, a samento é colher em Rio Verde questão da segurança pública é no mínimo cinco mil assinatu- uma das mais importantes.

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SAÚDE Foto: Kamilla Quintela

O parto humanizado vem conquistando gestantes pela diversidade de opções, como a presença do marido e a sensação de ser a protagonista do nascimento dos filhos

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RESPEITO À FISIOLOGIA DO PARTO E À MULHER Mais respeito à natureza e à vontade da mulher. Assim é o parto humanizado, uma mistura de tensão, dor e felicidade, que encanta quem passa pela deliciosa experiência. Érica Ferreira Pessoa decidiu arriscar. Após a indicação de uma enfermeira, ela topou deixar de lado a cesariana da primeira filha, mesmo considerando tudo aquilo um grande desafio. “No começo, tive medo de não ter força para parir. Mas o parto humanizado ajuda tanto, que as contrações foram diminuindo, fui relaxando com os exercícios. Só consigo resumir que foi um momento muito especial e que eu passaria por tudo de novo”, diz Érica. Ao contrário do que muitos pensam sobre o parto humanizado, Érica garante que não teve tanto sofrimento. “É claro que as contrações doem, como em qualquer tipo de parto. Mas a presença do marido, por exemplo, é algo que faz tudo ficar melhor”, explica. E o marido de Érica, Rodrigo de Oliveira relata que, de início, não concordou com o parto humanizado. “Queria que ela fizesse cesárea, pois tive muito medo de ela sofrer. Mas, depois que tudo aconteceu, achei muito legal. Ver a criança nascer, pegar ela em meus braços, cortar o cordão umbilical. Tudo isso é único para um

pai”, lembra. Depois da experiência, Rodrigo conta que até indicou o parto humanizado para outras pessoas. “Dá mais segurança e tranquilidade à gestante”, assegura o marido de Érica. A enfermeira obstetra Angela Alessandra Gasparotto, que participou do parto de Érica, explica que ao contrário do normal, no humanizado a gestante é a protagonista. “É ela quem comanda e tem livre acesso para ver a família, movimentar, se alimentar, dançar. É também a gestante que escolhe a posição do parto, se será em pé, agachada e até mesmo na água”, explica. Outro fator destacado pela enfermeira obstetra é a presença do pai durante todo o processo de preparação para o parto. “Outras formas isolam o marido e deixam a mulher sozinha com os profissionais. Já o parto humanizado permite que o progenitor seja mais ativo. Ele se sente mais pai, mais marido. E o mais importante é que neste tipo de parto reforçamos a família como formação primária”, destaca. Angela salienta que a luta para a implantação do parto humanizado vem acontecendo há cerca de três anos em Rio Verde. Segundo a enfermeira, alguns médicos apresentam muita resistência à presença do acompanhante, assim como à alimentação da


gestante. “Mas eu te pergunto, se você se acidentar, ninguém vai te operar porque você comeu? Não existe lógica nessa justificativa. Tem mulher que fica mais de 24 horas em trabalho de parto, sem sequer beber água. Isso é terrível”, afirma. Ela acrescenta que o parto humanizado é realizado somente em dois locais em Rio Verde, sendo na maternidade pública e em uma particular. “Na pública, do total de oito médicos plantonistas, apenas dois são contra o humanizado”, diz. De acordo com o médico obstetra Victor Reges Nunes Teixeira, um dos fatores que chama mais a atenção das gestantes que optam pelo parto humanizado é a possibilidade de ter a presença do marido ou de um familiar. “Inclusive, existem estudos que comprovam que quando o neném nasce em um ambiente humanizado, ele fica mais tranquilo.

Por isso, vemos que é um tipo de parto que vem crescendo bastante”, aponta. Teixeira confirma que o método de parto já é praticado há algum tempo nos grandes centros, mas em Rio Verde é basicamente novo. De acordo com ele, algumas gestantes preferem a cesariana por falta de esclarecimento. Mas não existe melhor ou pior. “Por exemplo, se a paciente está fazendo o pré-natal e o neném já está bem posicionado e tudo facilita o parto normal ou humanizado, então não há razão em um primeiro momento para partir para a cesariana. Cada caso deve ser analisado em particular. O papel do médico é também o de esclarecer sobre os benefícios de cada procedimento. Sem dúvida, o parto normal vem sendo cada vez mais realizado no serviço particular e o humanizado tem tudo para ganhar ainda mais espaço”, acredita.

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SAÚDE Foto: reprodução internet

ADEUS AOS

óculos e lentes Para conseguir enxergar normalmente, um grande número de pessoas precisa usar óculos ou lentes de contato a fim de compensar os defeitos na visão, o que é tecnicamente chamado de ametropias, que inclui a miopia, a hipermetropia, o astigmatismo e a presbiopia - ou vista cansada. Muitos, entretanto, principalmente em decorrência da profissão, optam por uma visão de qualidade sem a utilização desses acessórios. Os óculos e as lentes de contato não têm efeito curativo, ou seja, o seu uso não leva ao desaparecimento ou à diminuição dos problemas visuais e podem ser desconfortáveis para alguns de seus usuários. Esses fatores, somados às vantagens estéticas, têm estimulado o desenvolvimento de diversas técnicas para correção das ametropias. Na atualidade, modernos equipamentos permitem que o oftalmologista realize com precisão e eficiência as cirurgias refrativas. O procedimento é realizado em caráter ambulatorial, não havendo necessidade de internação. O paciente permanece acordado durante todo o tempo, o olho é anestesiado com colírio e o método é praticamente indolor. A médica veterinária Fernanda Pazotti fez cirurgia refrativa há três anos e disse que assim que terminou o procedimento já estava enxergando 100%. “Senti apenas

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um leve desconforto, mas fiz o pósoperatório conforme orientação médica e em poucos dias estava bem”, relatou. Já a jornalista Nathália Silva decidiu que queria se livrar dos óculos e lentes em 2011, corrigindo aproximadamente cinco graus e meio de miopia e um de astigmatismo. “O que me motivou foram os problemas constantes com as lentes de contato, as quais causavam irritação, ressecamento e infecções. Além disso, não gostava dos óculos por questões estéticas, me achava feia com eles, principalmente quando precisava me arrumar mais para algum evento”, confidenciou. Das técnicas, a PRK e o tratamento com o Excimer Laser, chamado de Lasik, são as mais utilizadas. A opção por uma das duas é feita pelo cirurgião, após análise de cada paciente. Ambas incluem aplicação do laser e são igualmente eficientes, atuando apenas sobre a superfície ocular, sem penetrar no olho. O médico oftalmologista Elcio Nunes de Souza Júnior realiza em média cinco cirurgias de correção da visão por mês e disse que a decisão sobre quem pode se submeter ao procedimento é tomada com base nos dados obtidos no exame oftalmológico e avaliação das condições do olho e da córnea, em especial. Para fazer o tratamento é importante que


Imagens ilustrativas

o grau esteja estável e, geralmente, a idade mínima recomendada é de 20 anos. “Pode haver algum incômodo após o procedimento, mas a utilização de colírios anti-inflamatórios, antibióticos e analgésicos assegura um pós-operatório confortável. Nas primeiras 24 horas é recomendável permanecer em casa, em repouso, inclusive visual. Assistir TV ou usar o computador não altera o resultado, mas pode causar desconforto. Outros cuidados devem ser seguidos, como não esfregar ou coçar os olhos, não deixar que água, produtos de banho ou maquiagem entrem em contato, evitar piscina ou mar e exposição prolongada ao sol”, orientou o oftalmologista.

Ainda segundo Elcio, a recuperação da visão geralmente é mais rápida com a técnica Lasik. Já na PRK, a melhora da visão é notada após dois ou três dias da cirurgia. “Como qualquer procedimento cirúrgico existem riscos que devem ser considerados. A maior parte das complicações é tratada sem prejuízo da visão e o procedimento pode, eventualmente, resultar em hipo ou hipercorreção. Alguns pacientes podem ainda apresentar sensibilidade à luz, percepção de halos em torno das luzes e sensação de olho seco, sintomas estes que diminuem nos primeiros meses, mas podem persistir por um período mais longo”, afirmou.

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MODA Texto:Gabi Bazzo Foto: Sagui

Expressão do corpo e da alma

Blogueira rio-verdense analisa o mercado da moda, com destaque para o crescimento dos outlets e das lojas de departamento

Graças ao consumo, a moda participa intensamente da economia mundial. No Brasil, por exemplo, as indústrias do setor são responsáveis por mais de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme dados apresentados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Para a blogueira Thaylline Sanqueta, do Blog Da Thay, a relação entre moda e economia é vista como um assunto intrigante: “Tem gente que pensa que é algo supérfluo e se esquece da capacidade de geração de riquezas”, considera. Conforme lembra a blogueira rio-verdense, o setor emprega mais de 2 milhões de pessoas no Brasil. “Isso sem contar que somos o quarto maior país em produção mundial de confecção”, reforça. Mas, em meio ao cenário de incertezas que vive a economia brasileira, os lojistas têm atualmente uma tarefa difícil, que é conseguir a atenção dos clientes. “Tenho conhecimento de lojistas que investiram neste ano somente em produtos básicos, que eles chamam de café com leite. Mas, esse tipo de loja não vai me ganhar em tempos de crise. Pelo contrário! Quando a coisa aperta, compro aquilo que eu morrer de amores, algo diferente e que eu ainda não tenha no meu guarda-roupas”, conta Thaylline.

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Assim, ela afirma que o mercado deve estar atento ao comportamento dos consumidores e, a partir daí, traçaras estratégias. “Independentemente da posição social, todos hoje estamos falando e fazendo moda, o que a torna cada vez mais acessível. Nos livros que já li, ela sempre foi sinônimo de nobreza e não era para todos. Hoje, isso mudou bastante”, diz. Conforme Thaylline, na época da corte, a moda era usar vestidos bastante rodados na parte debaixo. Algumas mulheres da nobreza desfilavam peças que tinham mais de quatro metros de circunferência, o que era sinal de riqueza. “Imagina uma mulher que precisava trabalhar, como iria se mover com algo tão farto? Não conseguiria. E que bom que tudo isso mudou. Sei que incomoda bastante essa popularização,mas a moda é uma expressão do corpo e da alma, que nada tem a ver com valores”, acredita a blogueira. Ao analisar o mercado cada vez mais competitivo, Thaylline destaca que ganha a luta quem oferecer produtos de melhor qualidade, a preços mais acessíveis. “A dica que sempre dou é misturar o luxo com o simples. As coleções mudam muito rápido, por exemplo, nem estamos de fato no inverno e


no mundo da moda já se fala no Verão de 2016. Isso ajuda bastante no crescimento dos outlets, maneira que os lojistas encontraram de não perder os produtos que foram deixados de lado pelos consumidores mais exigentes”, explica. A blogueira, que analisa atentamente o mercado da moda, comenta que outro setor que tem despontado é o das lojas de departamento. “Tudo isso tem feito a moda mais acessível e mais popular. Inclusive, algumas dessas lojas têm firmado parcerias com grandes blogueiras e estilistas”, aponta. Para Thaylline, a

mudança de comportamento de muitas lojas tem contribuído com o prestigio dos blogs no mundo da moda. “A população brasileira é muito fiel aos blogs e ficamos atrás apenas do Japão em termos de acesso. Por aqui, as pessoas buscam informação e mais facilidade na hora da compra, pois já sabem o que querem e onde encontrar, sem ter de bater de porta em porta. Afinal, o tempo hoje é muito escasso. Pra quem leva o trabalho de blogueira a sério, o mercado é amplo e contribui ainda mais com a economia e com o mundo da moda”, finaliza.


EDITORIA CAPA Texto:Gabi Bazzo Foto: Sagui

DEIXA O CARA SER ‘DE DENTRO’! Rio Verde é uma cidade que não exige classe econômica, religião e nem impõe condições culturais. Tamanhas características fizeram com que povos do Sul e Nordeste, principalmente, pra cá viessem e também escrevessem suas histórias nessas terras.

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A

história do povo brasileiro é consequência da imigração europeia que, em função do inchaço populacional e períodos de crise, levou à exploração do Novo Mundo, mais precisamente Brasil, Argentina e Estados Unidos. Por aqui, o movimento imigratório ocupou inicialmente o estado do Rio Grande do Sul. Em meados de 1950, a falta de terras marcou os primeiros registros migratórios no Brasil, quando famílias se deslocaram para Santa Catarina. De lá, para o Paraná, depois para o Centro-Oeste, com destaque para Mato Grosso e Goiás. Alguns buscavam melhores oportunidades de trabalho. Outros, a manutenção da riqueza familiar. O empresário gaúcho José Luiz Dal Pont fez parte desta história. Nos anos 80, a família adquiriu terras em Goiás. “Cheguei em 1984. Meu pai buscava terrenos no Rio Grande do Sul, mas o preço por lá não tinha cabimento. Com a mesma quantia que ele compraria apenas uma área no Sul, aqui comprou terra, maquinários e ainda sobrou dinheiro para duas safras”, lembra. Antes de se estabelecer em Rio Verde, Dal Pont residiu em outras 10 cidades. Ele acompanhou o crescimento do município e a chegada de grandes indústrias, a exemplo da BR Foods, antiga Perdigão. “Há 35 anos a cidade era uma piada. Mas, graças a Deus, deu oportunidade a tantos brasileiros. Rio Verde não te exige classe econômica, religião e nem te impõe condições culturais”, observa o empresário. Graduado em Administração de Empresas, com pós-graduação em Economia Aplicada e História do Brasil Republicano, Dal Pont conta que quando lecionava em uma universidade de Rio Verde, era considerado ‘de fora’ por muitos acadêmicos. “Uma vez, em uma sala de 26 alunos, apenas dois eram nascidos aqui. Aí eu disse que eles não tinham o direito de chamar ninguém ‘de fora’, porque eles também não eram ‘de dentro’. Uns de Montividiu, Acreúna, mas de Rio Verde mesmo, somente

dois. E ainda hoje continua vindo gente pra cá. Deixa o cara ser de dentro”, brinca. Mesmo sem comprovação de dados, o empresário acredita que 60% da população de Rio Verde não é composta por nativos. “Temos bairros formados apenas por nordestinos, por exemplo”, comenta. O comerciante e empresário do ramo de panificação Jairo Demartini nasceu em Lacerdópolis (SC). Adolescente, saiu com a família do Sul do país para o estado de Rondônia, onde ficou por quatro anos e meio. Lá as coisas não aconteceram conforme o esperado e, em 1992, decidiram vir para Rio Verde, porque no Norte do país já falavam que aqui era a Terra das novas oportunidades. “Nos mudamos no domingo e, na quarta, eu já estava trabalhando. Os primeiros meses foram difíceis, vendemos duas casas em Rondônia e, com o dinheiro, conseguimos apenas comprar meio lote com um barraco”, lembra. Ele conta que, apesar das dificuldades, a família foi bem recebida em Rio Verde. “Acredito que isso acontece com todos os migrantes. Até porque nós também contribuímos com a expansão da cidade. Se fosse depender apenas de mão de obra local, Rio Verde não teria crescido de forma tão expressiva. Muita gente não tinha qualificação. Muitos migrantes vieram agregar conhecimento ao mercado rioverdense”, considera. O êxodo, ou também chamada migração nordestina, marca outro grande deslocamento populacional para o Centro-Sul brasileiro. Hoje empresária de sucesso no mercado imobiliário em Rio Verde e com escritórios no Acre e Pará, Zuleika Camilo de Souza Alves conta que chegou ao município com a família na década de 60. Natural de Luís Gomes (RN), a empresária recorda que a viagem durou cerca de seis meses, conforme relato dos pais, que viajaram em um caminhão pau de arara, juntamente com outras seis famílias, na época da construção da nova capital Federal, Brasília.

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Empreendedora desde criança, Zuleika vendia parte do que era produzido na chácara onde morava e descobriu desde cedo as práticas de venda. Aos 18 anos, bateu recordes com a venda do primeiro carro a álcool construído no Brasil, o Chevet, e foi a primeira corretora mulher da região. Ela viu a mudança acontecer no município. “Hoje quem vem do Nordeste é bem recebido, antigamente não. Sofri muito bullying na escola, chamavam nordestino de cabeça chata, pé rapado, pau de arara, diziam ‘volta pra sua terra, nortista’. Éramos muito marginalizados”, confidenciou. Apesar disso, a empresária diz que atualmente Rio Verde se tornou receptiva, porque é formada por gente de todos os lugares e isso fez com que a mentalidade do goiano se abrisse. “A maior contribuição do nordestino para Rio Verde foi a mão de obra”, acrescentou.

“O nordestino é guiado pelo emprego. Onde tem trabalho, ele vai e não necessariamente costuma se estabelecer. Já os sulistas vieram para ficar, investir e agregar.” Filadefo Borges Lúcia de Fátima Possidônio nasceu em Sobral (CE). Antes de conhecer Rio Verde, a costureira viveu uns tempos em Fortaleza. Ela lembra que veio trazer os pais de mudança e que um irmão já morava na cidade. “De primeira, me apaixonei por Rio Verde. Mas ainda assim meus primeiros meses foram muito difíceis, por falta de emprego e pelo desafio da adaptação”, lembra. Apesar disso, Lúcia conta que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito e desde o início foi bem recebida pelos rio-verdenses. Acompanhando boa parte de todo este processo migratório que resultou na expansão do município de Rio Verde, o memorialista Filadelfo Borges de Lima lembra que a cidade se mostrou como a grande descoberta do Cerrado. “A população do Sul do país percebeu a potencialidade econômica da região, ainda na década de 70. As terras aqui eram baratas se comparadas às de lá”, afirma. Dentre os principais marcos que fizeram do município um atrativo, o memorialista aponta fatos como: a chegada do automóvel em Rio Verde, em 1918; construção da rodovia Sul-Goiana, em 1919; inauguração do Hospital Evangélico, em 1937; vinda das primeiras agências bancárias, na década de 40; nos anos 60, a construção de Goiânia e depois a inauguração de Brasília; criação de cursos superiores e a Usina Cachoeira Dourada, que possibilitou a industrialização. Esses fatores, somados à posição geográfica privilegiada do município e a presença de uma cooperativa agrícola, impulsionaram o crescimento e reconhecimento de Rio Verde.

Dal Pont pode observar a movimentação urbana do alto, no local onde trabalha 16

De acordo com Filadelfo, o que motivou a vinda dos nordestinos foi a industrialização. Na década de 20 eles


vieram a procura de Serranópolis (GO), que era uma região formada por fazendeiros, denominada Serra do Café. Os nordestinos chegavam para trocar de cavalo, comprar roupas, remédios, e acabavam ficando em Jataí (GO), iam para Mineiros (GO) ou seguiam também para o Mato Grosso (MT). Outra grande migração de nordestinos aconteceu com o ciclo do algodão, em Santa Helena de Goiás, nos anos 60 e 70. Posteriormente, na época de implantação da Perdigão, Rio Verde definitivamente deixou de ser uma cidadeagropastoril para se tornar agroindustrial.

Lúcia de Fátima, costureira

Zuleika Alves, empresária

Jairo Demartini, empresário

Filadelfo Borges, memorialista

A presença dos migrantes influenciou diretamente a cultura do município e também o comando político e econômico. A cidade,antes provinciana,é hoje cosmopolita e continua dando abertura para aqueles que vêm de outras partes do país. “O nordestino, economicamente mais pobre, é guiado pelo emprego. Onde tem trabalho, ele vai e não necessariamente costuma se estabelecer. Já os sulistas vieram para ficar, investir e agregar. Pela realidade de vida, o nordestino não comprou terra, mas deu a mão de obra, o que também é muito importante”, concluiu.

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AGRONEGÓCIO Foto: Ascom COMIGO

A HORA É DE DILUIR AS OPÇÕES DE NEGÓCIOS Um dos acontecimentos mais esperados no calendário de eventos de Rio Verde é a Tecnoshow Comigo, que completa a 14ª edição. Em abril, a cidade recebe visitantes de boa parte dos estados brasileiros – isso sem contar as comitivas internacionais. A história da renomada feira teve início em 2002, com a inauguração do Centro Tecnológico Comigo (CTC). Na época, o público inicial era de apenas cinco mil pessoas, uma quantidade modesta de 15 expositores que confiaram no projeto da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), e praticamente zero de comercialização. Treze anos se passaram e muita coisa mudou! Agora, a feira conta com a parceria de mais de 500 expositores, recebe uma quantidade superior a 100 mil visitantes nos cinco dias de evento e comemora a imponente comercialização, que supera a casa dos R$ 1,4 bilhão. Cláudio Teoro acompanha

“É um ano de crise e estamos percebendo as instabilidades.”

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cuidadosamente todo este avanço, desde o ano 2000, quando a Comigo adquiriu a área onde hoje funciona o CTC. Ele é coordenador geral da Tecnoshow desde o primeiro evento: “A difusão de tecnologias foi o motivo que levou a Comigo a comprar a área. Foi a nossa concepção básica e até hoje é o nosso principal foco”, explica. Teoro lembra que já no terceiro ano da feira, empresas montadoras começaram a enxergar o potencial da Tecnoshow, o que levou aos constantes investimentos em infraestrutura. “Temos uma grande vantagem em relação às outras feiras, que é o fato de a área ser nossa. Assim, sabemos que estamos investindo em algo que é da cooperativa. Hoje afirmamos, sem medo de errar, que somos uma vitrine para o produtor rural e todos os visitantes, que saem levando dali algo novo, principalmente em termos de conhecimento”, garante o coordenador geral. Segundo ele, uma das atuais preocupações da cooperativa é a capitalização do produtor. Teoro explica que a região Centro-Oeste vem de uma safra que foi inferior à média


histórica. “Nas demais safras éramos acostumados a tirar 55 sacas por hectare e, neste ano, a expectativa é que fique em torno de apenas 45. Então, o que nos deixa um pouco apreensivos é o grau de liquidez de capitalização dos produtores rurais, que estão mais dependentes das linhas de crédito”, esclarece o coordenador geral. Cláudio Teoro lembra que, hoje, nem o mais estudioso dos economistas do mundo tem uma precisão de como será o cenário daqui para o final deste ano. Ele destaca as incertezas em relação ao dólar, preço da soja e commodities em geral. “Vejo que os produtores precisam diluir as opções de negócios. Ele não pode apostar tudo na soja, no patamar de preço de agora, nem pensar que esse é o pior valor e deixar para comercializar tudo lá na frente. Então, é diluir os negócios no decorrer do ano”, orienta. Assim, para o coordenador geral da Tecnoshow, o momento é de os produtores não apostarem em apenas uma situação comercial e, principalmente, comprar apenas o necessário. “É preciso buscar muita informação e pensar que está fazendo um negócio hoje que, amanhã, poderá estar melhor ou pior. É um ano de crise e estamos percebendo as instabilidades por parte do governo. Então, nada de esbanjar”, pontua.

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CITTÀ

A frota em Rio Verde é estimada em 120 mil veículos Para muitos, dirigir pode não ser uma tarefa fácil. Fazer baliza, pior ainda! Tem quem afirma que só aprendeu a terrível manobra para passar no teste de habilitação. Em Rio Verde, os condutores dividem espaço com uma frota estimada pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) superior a 120 mil veículos, enquanto que o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) aponta que a cidade tem cerca de 200 mil habitantes. O total de veículos se divide em: 12.158 motonetas;

12.663 caminhonetes; 28.747 motocicletas e 50.791 automóveis. Com tantos meios de transporte, estacionar está cada vez mais difícil. Mas há aqueles que, apesar das limitações, sabem se sobressair em meio ao fluxo de carros. Um exemplo de excelente condutora, apontada por amigos e familiares, é a funcionária pública, Maraisa Velasco Leão Villas. O segredo revelado por ela parte de uma mistura de atenção, calma e treino. “É necessário colocar o carro ao lado do veículo que estiver na frente, medindo os pneus traseiros. Depois, gira todo o volante, até que a roda traseira esteja próxima à calçada, aí é só voltar a direção lentamente e pronto, estará bem estacionado”, orienta. Para Maraisa, algumas mulheres desistem da baliza por falta de treino ou por medo de dar vexame. Mas para comprovar que certas dificuldades na direção não são restritas ao público feminino, o bacharel em Direito Danglarys Barbosa - corajosamente - admite que apesar

Posicionar o carro em paralelo, com o retrovisor um pouco à frente do que estiver estacionado. Esterçar (virar o volante) atentamente para a direita e tentar enxergar pelo retrovisor esquerdo o farol direito do veículo traseiro.

O segredo está no retrovisor esquerdo e no alinhamento do farol com o para-choque. Conseguir enxergar o farol direito do veículo traseiro com o retrovisor esquerdo.

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de ter mais de dez anos de direção, ainda tem dificuldades na hora de estacionar. “Se não fosse o sensor de ré do veículo, não teria tanta segurança. Sem contar que está cada vez mais difícil conseguir vagas para estacionar. Já fechei conta em uma agência bancária na Avenida Presidente Vargas por causa dessa dificuldade”, conta. O instrutor de direção André Souza da Costa atua na área há 12 anos. Ele esclarece que durante as aulas muitos alunos dirigem certo, mas na hora da prova o nervosismo toma conta. “Nas aulas eles memorizam os pontos nas varetas e é mais fácil. No dia a dia parece difícil, mas tudo é questão de prática e treino. Algumas pessoas, pela pressão do trânsito, deixa até de tentar fazer a baliza. Tenho muitos ex-alunos, motoristas há anos,

que me confidenciam não fazer baliza e que estacionam próximo a garagens, porque é mais fácil”, relatou. De acordo com Costa, o fluxo de veículos aumentou bastante, mas as vagas, não. E nem os estacionamentos pagos comportam todos os carros. “O trânsito em Rio Verde é muito movimentado. Falta educação e cidadania, muitos condutores não têm paciência, não respeitam Os amigos confirmam a sinalização, nem a faixa de que Maraisa é boa de volante pedestres”, acredita.

Na longa espera...

A Agência Municipal de Mobilidade e Trânsito (AMT) anunciou que a cidade terá um sistema de estacionamento rotativo, que vai levar o nome de Área Verde. Ao todo, 3 mil vagas serão distribuídas nos pontos críticos da cidade, sendo: 1.700 no Centro; 800 vagas no Bairro Popular e 500 para reserva de demanda, com locais a serem definidos de acordo com as necessidades. No início de março foi emitida a Ordem de Serviço para dar início à implantação. Segundo a AMT, resta apenas um posicionamento da empresa responsável pelo serviço.

Quando estiver na situação do quadro anterior (B), esterçar (virar todo o volante) atentamente para esquerda.

Acompanhar atentamente o deslocamento e alinhar o carro.

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CITTÀ Texto:Gabi Bazzo Foto: Sagui

ARTESANAL P & GELADA

aís tropical, com temperatura média anual de 20º, o Brasil atrai a atenção de pessoas de todo o mundo. O clima, perfeito ao longo do ano para uma lista interminável de atividades, é um dos principais atrativos. E para amenizar o calor, o brasileiro e os turistas encontram refresco em belas praias, cachoeiras e, porque não, naquela cervejinha gelada. Mesmo sem a tradição histórica na fabricação de cerveja especial e artesanal, o Brasil abriga atualmente a quarta maior empresa no ranking mundial de produção da bebida do tipo Lager. O bom gosto do brasileiro fez com que o mercado se ampliasse. Seja por paladares mais exigentes ou mesmo a curiosidade do processo, muitos desbravam este mercado bilionário que é a fabricação da cerveja artesanal. Segundo a Associação Brasileira de Microcervejarias (Abracerva), no final de 2014 o segmento contava com 300 empresas, marcando um crescimento de 50% em relação ao ano de 2012 e 2013 juntos, com faturamento de cerca de R$ 2 bilhões por ano. Na relação, há desde nanocervejarias - que tem abrangência local - até empresas de porte nacional, que produzem atualmente cerca de 200 mil litros por mês. Em Rio Verde, o mercado tem atraído curiosos e profissionais das mais diversas áreas. Doutor em Química pela Universidade de Brasília (UnB) e professor do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) campus Rio Verde, Carlos Frederico Souza Castro começou a fazer cerveja há três anos. A ideia surgiu pela curiosidade de aplicar o

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conhecimento científico da Faculdade à prática, integrando algum processo industrial. O gosto pela cerveja tornou a escolha do produto algo mais fácil. “Trata-se de um processo que exige o controle de fermentação, que converterá os açúcares em álcool. Para que seja assegurada a qualidade final do produto é imprescindível o monitoramento. É necessário basicamente um grão, fonte de amido, tradicionalmente a cevada, moêlo, cozinhar para que o amido seja liquefeito, a partir daí ferver esse material, adicionar o lúpulo que dá o cheiro e o sabor característico, e depois fermentar. Ao fim do processo, envasar e refrigerar e assim está pronto para beber. O tempo vai depender do estilo de cerveja, do nível alcoólico desejado, mas em média, em torno de 15 a 20 dias a cerveja está pronta para consumo”, diz. Ele conta ainda que o prazo de validade varia de seis meses a um ano, pois a cerveja artesanal é diferente do padrão industrial. Castro já produziu uma série de cervejas diferentes, dentre elas: com trigo; cerveja vermelha; saborizadas com frutos do Cerrado, como cajá, caju, açaí; baunilha e tantas outras. A tendência, que teve início no final da década de 90 e início nos anos 2.000 no Brasil, se manteve e vem ganhando maiores proporções. “Aqui tem cerveja para todos os gostos. São inúmeras variedades e paladares existentes”, afirmou o doutor em Química. Por meio de uma parceria entre amigos, o médico oftalmologista Elcio Nunes de Souza Júnior teve a iniciativa de fazer um curso de produção artesanal de cerveja, em Campinas (SP), há cerca de um ano. O resultado? Ele comprou os materiais necessários, passou a produzir por hobby e hoje até criou uma marca para o produto. “Em Rio Verde não havia local onde tivéssemos acesso à cerveja artesanal. Hoje tem, mas há dois ou três anos quem quisesse precisava

comprar em outras cidades”, relatou. Segundo o médico, por pior que fique uma cerveja artesanal, ela ainda será melhor que as industriais, pois se trata de uma bebida pura. “O Governo autorizou 50% de mistura. Assim, a bebida que a maior parte da população consome não deveria nem ser chamada de cerveja, mas sim de acervejado. Uma bebida alcoólica com base da cerveja, mas não pura”, brincou. Elcio confidencia que foi um desafio para ele e os amigos produzirem a cerveja, mas que em contrapartida é prazeroso se reunir e apreciar o produto final. Ele destaca ainda que a criação da marca também foi inspirada na parceria entre os colegas. “Qualquer cerveja que você for servir precisa de um nome, um rótulo. AÍ nosso grupo de amigos no Whatsapp se chamava ‘Porco Espinho’ e por isso a marca virou ‘Hedgehog’, que é a tradução em inglês para um parente do porco espinho”, comenta. Assim, o que antes era brincadeira de amigos, hoje tem até marca registrada. BEBIDA SEM EXAGEROS O doutor em Química pela Universidade de Brasília (UnB) e professor do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) campus Rio Verde, Carlos Frederico Souza Castro salienta que tudo o que for em excesso faz mal. Com a cerveja não é diferente. Ele lembra que a individualidade, massa corpórea e sexo também influenciam diretamente nos efeitos do álcool no organismo. A mulher, por exemplo, é mais fraca do que o homem por causa da carga metabólica do sexo masculino. Sobre o consumo exagerado de álcool, o professor explica que existe uma taxa comum para controle. “Quem normalmente bebe mais do que três vezes por semana e mais de duas latas ou uma dose de destilado, deve ter conhecimento de que está extrapolando”, orienta Castro.

Cereais e equipamentos utilizados na produção (1 e 2); Cerveja personalizada (3).

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CASA

NA MINHA CASA,

faço eu!

Mírian Gomes encontra o que precisa até no ferro-velho. 24

O movimento Do It Yourself (DIY), que no português significa “faça você mesmo”, se destaca nas maiores pesquisas de tendências mundiais. Na moda, blogueiras dão um toque de ousadia nas produções, para procurarem alternativas de ter em mãos os itens do momento - de forma mais acessível. Os adeptos ao DIY têm como lema o agir de forma sustentável, com base no reaproveitamento. E o melhor: criar peças com personalidade, fugindo das produções em grande escala. E se você está se perguntando se isso é uma tendência que tem dado certo, a resposta é: Sim! É o caso do médico pediatra Roberto dos Santos Júnior. Ele é natural de Barretos (SP) e está em Rio Verde há apenas um ano. Segundo ele, o estímulo principal veio das filhas, que o despertaram a saber um pouco mais sobre reciclagem e sustentabilidade. “Hoje ainda estou em processo de mobiliar a casa e pretendo fazer muito mais, como sofás, painel de TV, duas camas de casal, mesas feitas com carretel”, explica. Na casa do pediatra, encontramos uma linda mesa que foi feita a partir de uma porta reutilizada, que deu um charme a mais no móvel. “Venho de uma família que presa muito pelo faça você

mesmo, aquela questão também do artesanato. Pra mim, isso não é modismo, e sim uma opção. É uma alternativa bastante viável, econômica, prazerosa. Costumo dizer que é uma espécie de rústico-chique”, brinca o médico. E no mundo da decoração, a criatividade rola solta e os profissionais têm sido cada vez mais exigidos pelos clientes, que querem algo novo e moderno. Mirian Ataíde Gomes é designer de ambientes e diz que constantemente precisa buscar alternativas: “Aí que vem a verdadeira profissão do designer, que deve ter muita criatividade para modificar um produto e buscar soluções para os clientes, dando um novo uso às coisas que as pessoas acreditariam que não iriam usar mais”, comenta. Mírian explica que as fases da decoração também são ditadas pela moda, com base nas inspirações de cores e texturas. “Tudo isso cria um conceito na sociedade e até naquilo que vai ser usado em um ambiente. Hoje, o que está em maior tendência é sem dúvida a personalização. Algo com a sua cara, seus estímulos, suas crenças. Isso vai criando um comportamento social”, considera a designer de ambientes. Segundo Mírian, o movimento


TEXTO AQUI

Do It Yourself está em alta há cerca de 3 anos e surgiu de pessoas cansadas do excesso de industrialização. “Vale explicar que não precisa ser tudo feito por você. Pelo movimento, a proposta é de que a própria pessoa que vai usar o produto crie a base do que é para ser feito. Mas é claro que no caso de uma luminária, por exemplo, a pessoa vai desenvolver a ideia do que usar, como usar, mas no final vai precisar de algum técnico em eletricidade para auxiliar”, esclarece. A designer explica que, para a grande massa da população, o

movimento ainda é desconhecido. “Muitos acham que isso é mexer com lixo e preferem esperar que os produtos sejam destruídos, virem matéria-prima e seja feito um novo objeto. Mas um considerável grupo de pessoas pelo mundo já reutilizam e acham mais interessante do que comprar algo industrializado. É uma forma de ajudar o planeta, pois temos de pensar para onde vai todo esse lixo que produzimos, que não tem mais onde ser colocado. Precisamos dar um novo uso, com muito charme e sustentabilidade”, opina a designer.

Gostou? Então conheça mais sobre o Do It Yourself. Separamos alguns sites e blogs que vão te incentivar a fazer parte deste movimento: www.diy.com.br Aqui você encontra de tudo um pouco! Tem gente que ensina a customizar sapatos antigos, personalizar capinhas de celular, até um aromatizador eletrônico de ambientes. O site permite que os criadores da ideia disponibilizem um passo a passo de como o produto foi feito. www.maniadedecoracao.com.br Escrito por uma jornalista goiana, atualmente estudante de design de interiores, que buscou formas de decorar a própria casa sem gastar muito. Ela dá ótimas dicas, cheias de muito charme, simplicidade e que são extremamente baratas. Dê uma passadinha por lá para conferir, você com certeza vai ficar cheio de ideias! www.acasaqueminhavoqueria.com.br Inspirado na história de dona Edite, avó da blogueira, que se sentia frustrada por nunca ter conseguido decorar a casa como queria. O blog foi criado em 2008 e fala sobre formas acessíveis de decorar, com inspirações reais, bacanas e possíveis.

Roberto, pediatra: “Pra mim, não é modismo.” 25


CULTURAL Foto: Rosi Kirschner

O SAMBA TAMBÉM É MODINHA Rio Verde, mesmo com a forte raiz sertaneja, se mostra um município aberto a todos os ritmos. Além dos grandes nomes naturais da terra das abóboras, a cidade também recebe de braços abertos músicos que surgem de vários estados brasileiros. Um deles é Gil Motta. Brasileiro, paulistano, com raízes baianas e influência pernambucana. Ele saiu de São Paulo aos 13 anos, morou na Bahia e depois passou uns tempos em Pernambuco. O menino Gil teve seu primeiro contato com a música em uma igreja evangélica que a família frequentava, ainda na região Sudeste do país. Apesar da fascinação por instrumentos de sopro, foi com as cordas que ele seguiu carreira. Anos se passaram até que Gil veio a Rio Verde para visitar um irmão. De início, o objetivo do cantor era retornar a São Paulo. Mas, o que era para ser apenas um passeio acabou mudando todos os planos. Pra cá ele veio e há 12 anos é um dos maiores nomes da música rio-verdense. Città Revista: Em que momento decidiu que iria ficar em Rio Verde? Gil Motta: Em 2003, assim que cheguei, participei de um sarau musical, que acontecia no Palácio da Intendência. Um amigo, que também morava aqui, me convidou e os músicos do evento ficaram sabendo que eu tocava. Depois da minha apresentação, o músico Edson Boleda e pessoas ligadas ao Governo Municipal me convidaram para tocar. Já no final de semana seguinte comecei a tocar no Pancho Vila e 5ª Essência. Cheguei sem pretensão, mas acabou que era para eu ficar uma semana e me estabeleci em definitivo.

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CR: Mesmo numa cidade com raiz sertaneja, você conseguiu manter o seu estilo musical? GM: Comecei com MPB, Pop Rock, música dos anos 80, Djavan, Gilberto Gil, mas desde que cai na noite fiz também samba, axé, que fazem parte da minha raiz musical. Cresci ouvindo samba, Bezerra da Silva, Fundo de Quintal, Jorge Aragão e MPB, mas isso nunca me isentou de gostar de outros ritmos, assim como gosto de ouvir o funk de Mr. Catra e Luxúria. Não sou hipócrita, muito menos tento impor meus gostos. Tive muita relutância em aceitar o sertanejo, até porque não tinha conhecimento e


“Prefiro ser grato à música, a ser frustrado.”

contato com o ritmo. Mas depois de um tempo aprendi a apreciar e ouvir e passei até mesmo a ir a shows. CR: Quando ia fazer algum show por aqui, sentia resistência ao seu estilo musical? GM: Em relação à MPB sempre senti muita resistência em Rio Verde, porque não é a raiz, não faz parte da cultura local. A maioria não se identifica com o gênero, porque não está arraigado na cultura deles. Mas tem aqueles que gostam sim. Consegui uma abertura maior quando comecei a fazer o samba, porque é mais popular, ainda que a sigla da MPB seja Música Popular Brasileira, ela é mais voltada para intelectuais, mesmo lá em São Paulo é a zona Sul que ouve, já o samba está das zonas Sul a Norte. CR: Você acredita que em Rio Verde há espaço para todos os gêneros musicais? GM: Quando cheguei a Rio Verde a cidade já não era mais tão sertaneja. Sei de bandas como Gerimundos, OMG, Orion e tantas outras que eram lendas aqui de outros movimentos musicais, anteriores aos anos 2000. Naquela época existia ainda uma chama acesa do rock n’ roll, mas que com o tempo se apagou, o que me entristece. Depois teve um período de axé, mas logo também não foi adiante. O sertanejo se manteve ao longo dos anos, sempre com força. Posteriormente veio o sertanejo universitário, que pegou o arrocha da Bahia, se reformulou e não parou mais. Mas graças a Deus, mesmo com a expansão do sertanejo, conseguimos um espaço bacana para o samba.

CR: Assim como muitos gêneros que passaram por Rio Verde e não se consolidaram, você tem receio de que o samba também não passe de modinha? GM: Infelizmente, o samba também é modinha. Mas, assim como o sertanejo, há que se observar a ressalva cultural. São músicas de raízes brasileiras, esse jeito de fazer é nosso. Nos anos 90 teve o boom do samba, que esfriou e agora as bandas daquela época estão voltando, como Molejo, Catinguelé, dentre outras. O povo vai mesmo é de modinha, não adianta, e isso se aplica a tudo. CR: Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas por você na área musical? GM: Há 12 anos em Rio Verde, 20 na música, as maiores dificuldades enfrentadas foram vivenciadas quando decidi viver só de cantar e tocar. A música é uma ilusão, tem o dom de iludir. O músico acaba tendo contato com alguém famoso, as pessoas o reconhecem, falam com ele, e isso faz o ego inflar. As palmas, aquele prazer das pessoas falarem com você... É bom, mas não paga conta. Demorou para eu perceber, me ludibriou. Contudo, nunca fui tão iludido assim, mesmo tendo sentado com Belchior, conhecido e conversado um pouco com Djavan, Cássia Eller, Oswaldo Montenegro, aberto show de Renato Teixeira, ido a show de Caetano Veloso. CR: Pra gente finalizar, qual a sua avaliação do mercado musical em Rio Verde? GM: Sei que muitos não vão concordar, estes que me desculpem! Mas o mercado musical em Rio Verde é um dos que mais bem paga músicos, estamos falando de uma cidade com renda per capita alta, de poder aquisitivo grande. Não venha dizer que há desvalorização! A demanda é boa, o que falta são espaços. Temos poucas casas de show e as existentes tocam apenas determinados ritmos. Qualquer músico que for tocar fora vai entender o que estou falando. Mas, independentemente disso, Rio Verde abraça quem chega. Temos que parar com esse ‘coitadismo’ ridículo que tem no Brasil, de reivindicar cotas. Se fosse partir dessa premissa, a minha cota de MPB em Rio Verde é 0,01, mas eu lutei para trabalhar e fui muito bem aceito. Se um dia eu ficar famoso e puder viver de música, tudo bem! Se não, tudo bem também. Prefiro ser grato à música, a ser frustrado.

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SOCIAL PARTY

@leguimarv

@laryssabarbosa

@raquelcabralr

@camillans33

@laracrystina

@isabella_villas

@robertomjunior

@phppessoa

@eltonbrasjr

Na primeira edição da Città Revista, selecionamos alguns dos melhores clicks da galera nas baladas de Rio Verde. Se você também quer ver a sua foto por aqui, use a hashtag #cittarevistarv O tema da próxima coluna social é Você Fit! Queremos saber como você cuida da sua saúde. 28


O

destino escolhido para a última viagem de Elton foi Vamos conhecer o roteiro Brasil – Bolívia - Peru, o roteiro considerado por ele como “clássico de todo pelos olhos e sentidos do enfermeiro, mestre, pesquisador em saúde mental e professor mochileiro brasileiro”. A ideia era chegar a Cusco (Peru), universitário, Elton Brás Camargo Jr. cidade que foi o centro administrativo do povo Inca e que é Embarque conosco! a base para quem quer se aventurar pela imponente Machu Picchu. Para chegar lá, todo o trajeto foi realizado de ônibus. Relatos de um viajante Segundo nosso viajante, o transporte público intermunicipal, principalmente da Bolívia, é bem melhor que o brasileiro. Foram 7 mil quilômetros de muitas aventuras e aprendizado. A viagem teve início no dia 18 de dezembro de 2014 e o retorno para casa aconteceu no dia 8 de janeiro último. Dentre os locais mais marcantes, Elton cita La Paz, na Bolívia. Assustadora em virtude da altitude, a cidade fica aproximadamente 4 mil metros e existe uma dificuldade perceptível para respirar. Os turistas brasileiros se deparam com o choque cultural, desde as construções, com uma arquitetura retrógrada, até a agitação e peculiaridade do trânsito. La Paz possui vários passeios interessantes, destacando o Downhill pela estrada da morte, uma das aventuras mais insanas descritas pelo nosso viajante: são mais de quatro horas de bike, descendo as montanhas bolivianas que têm paisagens hipnotizantes.

Trilhas da América

Dança típica bolivina (E); Ruínas de Machu Picchu (D).

A Isla de Sol (BOL), fantástico arquipélago boliviano, fica a aproximadamente duas horas de La Paz. Banhada pelo Lago Titicaca, o acesso é feito por barco. O nascer e pôr do sol foram um dos mais bonitos que Elton já viu em toda a vida. Com aproximadamente três mil habitantes e uma calmaria sem igual, os moradores desse lugar se dedicam ao artesanato e pastoreio de ovinos. Parada obrigatória para quem quer se desligar dos fatores estressantes do dia-a-dia. Já em Machu Picchu (PER), Elton comenta que nada pode ser capaz de descrever a real grandiosidade dessa cidade. Existem várias opções para chegar até uma das grandes maravilhas do mundo moderno, que foi descoberta em 1911. “Você pode ir de trem, ônibus e também percorrer o mesmo caminho a pé, que dura quatro dias e três noites, chamado Caminho Inca”, conta. E foi dessa maneira que o

aventureiro Elton decidiu ir. “Meu grupo era formado por 14 pessoas de diferentes nacionalidades. O interessante disso é que você tem a oportunidade de conhecer um pouco sobre vários países durante o caminho. Andar quatro dias pelas montanhas não foi fácil, mas as horas de subidas e lindas paisagens fazem você refletir sobre a vida”, conta. Machu Picchu recebe diariamente em torno de dois mil turistas. Conforme o professor universitário, na hora da escolha dos destinos a questão financeira também pesou. “Viajar dentro do Brasil acaba ficando muito caro, principalmente em relação à hospedagem e traslado. Além disso, estava curioso para conhecer culturas diferentes e realidades distintas”, afirmou. Colocando no papel tudo o que foi gasto, desde comida, passagens e hospedagens, nosso viajante fez um investimento de US$ 1.100,00.


OPINIÃO

PROTESTE JÁ

WENYA ALECRIM Mestre em Comunicação e Cultura Midiática; Especialista em telejornalismo; Jornalista de TV.

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Estes dias escutei uma conversa entre dois irmãos. Vou chamá-los de irmão 1 e 2 para ficar mais fácil a compreensão. O irmão 1 tem um carro que está em seu nome, que foi emprestado ao 2 para fazer uma viagem para fora do estado. Nesta viagem o 2 foi multado e chegou a notificação daquelas multas que agora se paga quase dois mil reais. O irmão 2 sugeriu ao 1 recorrer. Para isso bastava que ele comprovasse que estava trabalhando na hora e não tinha viajado. Com a cópia do ponto ficaria fácil alegar ao sistema que o carro poderia estar clonado e assim se livrar do prejuízo. Entretanto, o irmão 1, o qual está com o carro em seu nome disse: “Nós não estamos tentando fazer tudo certinho? Então isso seria mentira, seria burlar a legislação. Deixa isso pra lá, eu mesmo pago quando chegar a multa”.

De fato essa simples estória me chamou a reflexão. Protestamos tanto contra a corrupção, reclamamos dos governantes mas não nos damos conta de que furar a fila, encontrar um amigo e pedir para ele adiantar o seu pagamento também não é legal, no seu sentido conotativo e denotativo. Evitei ir às ruas nestes últimos protestos. Muitas pessoas me questionaram. Porém, penso que posso protestar de outra forma. Não ir também pode ser uma forma disso. Vimos em vários sites de humor pessoas sendo entrevistadas sobre os motivos de participarem das manifestações. Boa parte disse que estava ali porque “todos” estavam. Aquela frase “todo mundo faz assim”, não deveria ser empregada como um jargão para “explicar” nossas escolhas. Ora, “todo mundo sabe” que para conseguir uma cirurgia em um hospital público, por exemplo, só acontece por meio da ajuda de um amigo ou familiar, que

trabalha no local, ou ainda, da imprensa. Com certeza outras pessoas estavam na fila há mais tempo e talvez com um problema pior. Sou a favor do protesto, limpo, digno, sem fazer por fazer. Daquele protesto com argumentos, do protesto nas urnas. Temos que lutar por uma reforma política já. Do jeito que está, pode ficar pior sim. Os problemas acontecem nas três esferas públicas, porém, as mudanças começam em nós. Quem sabe o irmão 1, lá do início desse texto, tinha razão. Pra quê tentar recorrer a uma multa que você realmente levou. Paguemos o preço para que possamos ter a consciência limpa e a “cara” mais ainda para gritar que não aceitamos mais nenhum tipo de corrupção. Utopia? Pode ser, mas quem disse que não sou uma sonhadora.


Abrace esta ideia.


15 Anos Aline Leão

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