Edição 5, Junho/Agosto 2016. Distribuição: Rio Verde-GO

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GRATUITA

DISTRIBUIÇÃO

Rio Verde-GO Junho/Agosto 2016 Ano 2, nº 5

Caixa-Preta: Número de animais abandonados nas ruas é preocupante.

Poker: Um jogo de estratégia e autocontrole.

Câmara vazia, vereadores acomodados?

ADOÇÃO

NÃO É CARIDADE Mais de 6,5 mil crianças e adolescentes no Brasil esperam por uma família. Mitos e preconceitos ainda são barreiras para a adoção tardia.

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CONTEÚDO

EDITORIAL

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A escolha de amar...........................................04

CAIXA-PRETA

Abandono de animais é problema de saúde pública.......................................................06

POLÍTICA

Câmara vazia, vereadores acomodados?...08

08

SAÚDE

Chega de sentir dor!........................................10

AGRONEGÓCIO

Tecnologia no campo: Proteção da raiz à espiga..............................................................12

COMPORTAMENTO

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Religião faz jovens mudarem a maneira de encarar os desafios..........................................14

CAPA

A escolha de amar: Todos têm direito a uma família................................................................18

CITTÀ

Jogo de estratégia, o poker conquista cada vez mais adeptos em Rio Verde..................22

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CASA

Detalhes fazem a diferença na hora de decorar espaços pequenos...........................................24

CULTURAL

Fotografia: De um simples registro a uma obra de arte.......................................................26

VIAJANTE

Relatos de Rossemaro Ferreira sobre a capital cearense.......................................................29

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OPINIÃO

O modelo do associativismo: Quando a união faz a força.........................................................30

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EDITORIAL

A escolha de amar

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sta edição da Città foi preparada de maneira ainda mais especial para vo cês: co m muito amo r! Para co meçar, nossa capa vem co m a família protago nista da matéria principal, que fala sobre ado ção tardia. Independentemente da ho ra, do tempo o u das dificuldades, o amo r pode superar tudo, inclusive o preco nceito. Depoimentos de leito res e também clicks de viagen s podem ser vistos aqui na Città. Valo rizando nossa proposta em oferecer co nteúdo de qualidade e respo n sabilidade so cial, trazemos nessa Caixa-Preta um tema pra lá de impo rtante, a situação de abando no dos animais de r ua em Rio Verde, falta co n scientização da co munidade e iniciativas po r parte do poder público. Um dos assuntos evidenciados nesta quinta edição é a po uca participação dos rio-verden ses nas sessões da Câmara. Será que a ausência de plateia deixa os vereado res menos preo cupados quanto à

aprovação de projetos? E o interesse da co munidade, vem mesmo em primeiro lugar? E para a edito ria “Saúde” tro uxemos um assunto preo cupante e que aco mete a maio r parte da população: a do r. Sabia que é possível eliminar esse desco nfo rto? Já em “Co mpo rtamento” está em pauta a relação dos joven s co m a religião e a impo rtância da fé na afir mação pessoal e no desenvolvimento de valo res. Isso e muito mais vo cê lê nas páginas da Città! Desfr ute e até a próxima edição!

Città Comunicação CNPJ: 21.834.787/0001-67 Rio Verde – GO (64) 8140-6560 (64) 9991-1620 cittarevista@gmail.com

Reportagens: Gabriela Guimarães MTB 3405/GO Jéssica Bazzo MTB 3194/GO

Conselho Editorial: Gabriela Guimarães Jéssica Bazzo Samuel Pedrosa

Diagramação: Samuel Pedrosa

Projeto Gráfico: Roca Comunicação

Capa e Ilustração: Sagui

Fotos: Gabriela Guimarães Jéssica Bazzo Pedro Sá Pedro Cabral Thais Bradatto Colaboração: Nayane Gimenes Rossemaro Ferreira Márcio Carmo Thaylline Sanqueta Ascom Sind. Rural


PÁGINA ABERTA

“Città significa excelentes reportagens, colunas as mais variadas e um conteúdo completo que fazem da revista uma leitura obrigatória para a maioria dos rioverdenses e todas as pessoas deveriam ter a feliz oportunidade de ler temas tão ricos e com uma proposta inovadora que me conquista a cada edição. Parabéns e muitos anos de circulação é o que desejo aos que fazem a revista este sucesso!” POLYANA BARROS futura dentista via email

“Como leitor contumaz, sempre estou à procura de publicações que possam despertar minha curiosidade em ver seu conteúdo. Venho acompanhando as edições da revista Città e na edição de número 4, uma matéria de capa chamou minha atenção: HIV. Um fantasma que ronda a todos e que ninguém gosta de falar... governantes, público em geral e os próprios portadores. Como choca saber que em minha cidade temos 400 casos ou mais e não vejo mais campanhas de prevenção ou até educativas nos estabelecimentos de ensino, onde temos nossos jovens iniciando a vida sexual. Que esta matéria sirva de alerta para nossas autoridades e surta efeito direto para uma divulgação, orientação e prevenção mais eficazes.” BELCHIOR EPAMINONDA WENCESLAU empresário via whatsapp

“O que gosto na Città é a diversidade de assuntos e a abordagem que estes temas recebem, fugindo da pauta política e extremamente parcializada da maioria dos veículos da cidade. A Città tem seriedade e fluidez. Rio Verde precisa de uma revista assim.” PEDRO CABRAL universitário via whatsapp Fazer jornalismo de qualidade nos dias de hoje exige dedicação, competência e acima de tudo profissionalismo. A revista Città está de parabéns: transparência, qualidade e imparcialidade sem perder o foco. MARQUINHOS HARTWIG BICHLER diretor de cerimonial universitário via email

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CAIXA PRETA

“Animais não usam camisinha” A afirmação é de Gustavo Carvalho, formado em Marketing, atualmente estagiário em Direito e um apaixonado pelos animais. O serviço voluntário teve início em Uberlândia e, em 2013 – quando voltou a viver em Rio Verde - começou a desenvolver trabalhos de proteção animal aqui na cidade. Gustavo expõe a situação de abandono, critica a falta de consciência da comunidade e dos antigos donos, assim como a ausência de ações por parte da administração municipal, como campanhas de vacinação e castração de animais. Confira na íntegra:

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Como vê a situação de abandono de animais em Rio Verde? É preocupante? Sim, bastante. De 2013 para cá muita coisa mudou e, infelizmente, pouco para melhor. A Associação Rio-verdense de Proteção Animal, a Arpa, sempre tentou realizar um bom trabalho na cidade, mesmo com número reduzido de pessoas e sem apoio financeiro regular e minimamente suficiente por parte do poder público. Com o tempo, a entidade perdeu alguns membros, o que sobrecarregou demais os protetores que permaneceram. Eu mesmo fiquei até 2013, depois passei a atuar de forma independente. Fico preocupado com a situação de animais nas ruas de Rio Verde, ainda mais depois de 2014, quando interromperam o recolhimento por parte do Centro de Controle de Zoonoses. Desde então, percebo uma curva crescente e uma situação que hoje considero incontrolável. Um problema de saúde pública.

polemiza protetor animal

Quais as justificativas para terem interrompido o recolhimento de animais por parte do Zoonoses? Repassaram uma informação errônea, de que existe uma lei que proíbe o recolhimento, mas isso é uma inverdade. Tem uma lei estadual de 2012 que determina apenas que os animais recolhidos não podem ser sacrificados. Antes, o Centro de Zoonoses capturava e levava os cães para a sede deles e se não fossem procurados pelos proprietários, esses animais eram sacrificados. Sendo que até uma lei municipal, de 2002, também determinava que a partir de 2012 não poderiam mais matar os animais recolhidos. E sim que fosse criada uma logística que envolvesse a castração e campanhas de incentivo à adoção. Mas, na verdade, a meu ver houve uma decisão da administração de não mais recolher esses animais, simplesmente por não poderem mais sacrificar e por falta de


interesse em buscarem parcerias com as entidades de proteção animal. Isso porque na cidade tem curso de medicina veterinária, por exemplo, o que não seria tamanho obstáculo caso houvesse mais interesse por parte do poder público. Quantos cães, aproximadamente, existem hoje nas ruas de Rio Verde? Fiz um levantamento em várias regiões da cidade e conclui que temos cerca de 1.600 cães nas ruas da cidade. A situação é mais grave principalmente nos bairros mais periféricos. E temos dois aspectos, sendo o primeiro de animais que têm donos, mas passam boa parte do tempo nas ruas, e os que de nossa sociedade. Mas, ainda assim, é o pofato foram abandonados. Enfim, um número der público que precisa assumir a liderança alto e preocupante se considerarmos o tama- desse processo. nho da cidade de Rio Verde. Se não houver mudança e ações para reverter a Qual o papel da administração municipal e da situação de abandono dos animais em Rio Vercomunidade para reverter essa situação? de, o que identifica como consequência a curto Justamente, não dá para atribuir exclusiva- prazo? mente à administração. Todos temos um pa- Uma disseminação de doenças, que atinja pel muito importante e sério. É um problema também os animais que têm dono. Sem concultural e, para ser tratado, precisaríamos de tar cenas horrorosas de bichos atropelados e várias ações. Vejo, inclusive, uma falha dos pessoas vítimas de acidentes que envolvem próprios protetores pelo fato de não existir animais nas ruas. É união e integração em torno de um traba- um risco para todos lho. Hoje, temos mais de cinco grupos e, da e, volto a frisar, em forma como as ações têm acontecido, os decorrência da irresresultados são mínimos. Falta mobilização ponsabilidade do popor parte dos que se consideram protetores, der público e da falta falta conscientização daqueles que abando- de consciência da conam os animais, e falta interesse e atitude munidade. Temos que da administração pública. Temos que enten- valorizar a adoção, der que animais não usam camisinha. Nós um ato inteligente e humanos é que devemos tomar providên- nobre. Muitos animais cias. Se não temos condições de controlar de rua podem ser traa reprodução dos nossos animais, que pro- tados e proporcionar videnciemos a castração para que não nas- um amor inexplicável çam filhotes indesejados e que, por fim, vão dentro de uma casa. À acabar tomando as ruas, principalmente nas medida que se fortaperiferias. Outra coisa, prevenir doenças por lece o mercado da remeio da vacinação adequada. Tem gente que produção de animais, acha que os animais são vacinados apenas cresce diretamente a contra a raiva. E não é assim. Inclusive, a multiplicação de anicampanha de vacinação anual oferecida pelo mais nas ruas. poder público sequer aconteceu em Goiás no ano passado. As pessoas precisam enxergar que os animais de rua não são um problema apenas da prefeitura ou dos protetores. É da

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POLÍTICA

SEM PLATEIA

ELES SÃO OS DONOS DO ESPETÁCULO S

e você é do tipo que acompanha a política da sua cidade pode até achar essa pergunta um tanto quanto idiota. Mas, vamos lá! Você sabe quantos vereadores tem no Legislativo municipal? No caso de Rio Verde, a resposta é 21. E boa parte dos eleitores não consegue dizer o nome de, pelo menos, quatro deles. Foi essa a situação que encontramos em conversas informais com alguns moradores, de diferentes faixas etárias. Tal desconhecimento causa bastante preocupação, afinal, neste ano vamos mais uma vez às urnas para eleger aqueles que serão nossos próximos representantes no Legislativo. Quando eleitos, eles devem elaborar leis municipais e serem a ponte entre a população e o prefeito. É uma espécie de funcionário do povo. Outra atribuição dos vereadores é a de fiscalizar o Executivo. O problema é que poucos eleitores se preocupam em cobrar tais obrigações. Um exemplo é a ausência da comunidade nas sessões do Legislativo. Para o presidente da Câmara Municipal de Rio Verde, Iran Cabral, a correria do dia a dia é uma das razões da ausência da comunidade na Casa de Leis. “Nem sempre é possível acompanharmos tudo o que queremos. Acho que esse é o motivo”, acredita. De acordo ele, a Câmara fica lotada somente quando existem debates de assuntos de interesse de algum grupo: “Os professores, por exemplo, são uma classe bem unida. Sempre que discutimos algo sobre educação eles marcam presença. Isso é bom, pois nos ajuda a perceber de perto os interesses da comunidade”, afirma o presidente.

Para Iran Cabral, presidente da Câmara, participação da população deveria ser maior

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Iran Cabral comenta que a Câmara se preocupa em anunciar com antecedência as datas das sessões, que acontecem ao longo de uma semana de cada mês. Mas ele confessa: “Pela quantidade de habitantes em Rio Verde, gostaríamos que a participação fosse maior, tanto física quanto virtual”. Isso porque pelo site da Câmara de Rio Verde são transmitidas sessões ao vivo, que podem ser acompanhadas até mesmo pelo celular.


Bruno Pires: “política deveria ser assunto ativo no meio social.” O presidente afirma que, momentos antes da sessão ou até mesmo nos intervalos, o cidadão presente na Câmara pode e deve falar com qualquer vereador. Essa é uma das vantagens da presença da comunidade nas sessões: “Pode dar sugestão, reivindicar ou até mesmo cobrar”.

Bruno faz ainda uma crítica aos legisladores, ao dizer que boa parte das fraudes em contratos, licitação e desvio de dinheiro público, por exemplo, são fruto da falta de atuação daqueles que deveriam fiscalizar e trabalhar pelo bem da comunidade. “Lembro de um exagero que aconteceu em 2003, com a O rio-verdense Bruno Pereira Pires é quase compra pela Câmara de Rio uma exceção: ele garante que há seis anos faz Verde de 300 mil litros de questão de acompanhar os trabalhos na Câmara combustíveis para abastecer a Municipal. “Somente presenciando a atividade frota do Legislativo, a preços parlamentar que temos ideia da importância acima dos praticados no dela para a cidade. Os eleitores deveriam mercado. Fui até lá saber o pensar melhor em quem votar, pois muitos dos que era aquilo, um verdadeiro problemas de Rio Verde são severos por falta de absurdo. Na época teve fiscalização do Legislativo em cima do Executivo”, até uma CPI sobre isso. De acredita. maneira geral, vejo também Segundo ele, a velha máxima de que no Brasil que os trabalhos da Câmara se não se discute futebol, política e religião é pautam em sua maioria apenas também um grave problema. “As pessoas não em defender e aprovar coisas do Executivo, se reconhecem como cidadãs e deixam de lutar como se o Legislativo fosse menor. Se o povo não por achar que a guerra está perdida. Muitos está fiscalizando, eles aprovam coisas absurdas”, dizem que políticos são todos iguais, que discutir finaliza. política não adianta. Mas não vejo assim. Deveria ser assunto ativo no meio social”, opina.

“Para eles, é melhor sem plateia, porque daí eles podem fazer como bem entenderem”

Sobre a ausência da comunidade rio-verdense nas sessões da Câmara, Bruno critica que tal situação se torna favorável aos vereadores. “Para eles, é melhor sem plateia, porque daí eles podem fazer como bem entenderem. Percebo que quando as sessões estão mais lotadas, eles ficam mais engajados, prestam mais atenção no que vão falar e como votar. Câmara vazia é favorável para que os vereadores aprovem projetos de lei que não são de interesse do povo”, alerta.

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SAÚDE

S

Dor Crônica

tem cura!

e você sente alguma dor que persiste por mais de três meses, considere-se parte dos mais de 60 milhões de brasileiros que sofrem com a chamada dor crônica. Ela tira a paz, o sossego e, consequentemente, a qualidade de vida. O empresário Clodomar Luiz Magnabosco sabe bem o que é isso! Nos últimos cinco anos ele conviveu com uma dor que era cada dia mais intensa. “Às vezes eu tinha que sair do serviço mais cedo porque não conseguia trabalhar de tanta dor e estresse”, relata.

Para a médica anestesiologista especialista em terapia da dor Lígia Toledo, toda dor crônica tem solução. “Não admito ninguém falar que uma pessoa tem que conviver com a dor. Isso é mito”. A falta de qualidade de vida das pessoas e as queixas da própria mãe despertaram o interesse pelas técnicas: “Acompanhava ela em médicos, que diziam para conformar com a dor e que alguns medicamentos poderiam amenizar, mas nunca resolver o problema”, lembra.

Clodomar conta que o pai dele e um irmão também sentiam dor semelhante, concentrada na região do pescoço. “Consultamos com um médico em Curitiba que disse que meu caso não era nada demais, uma dor normal e que exercícios físicos ajudariam a aliviar um pouco o incômodo”, lembra. O empresário recorda que, já de volta a Rio Verde, as dores continuavam. “Era insuportável. Eu tomava remédio todos os dias e decidi que faria o que fosse necessário para acabar com aquela dor”.

Segundo a médica, o primeiro passo é identificar a origem da dor e, em seguida, iniciar o tratamento. São várias intervenções que envolvem desde o uso de medicamentos a técnicas: “São procedimentos minimamente invasivos, como a radiofrequência por agulhas, pulsão, bloqueios analgésicos, dentre outras técnicas por vias percutâneas. Tudo sem cortes. Os pacientes chegam e saem do consultório andando, sem precisar ficar internados”, explica.

Em busca de novas opções, Clodomar conheceu a terapia do tratamento intervencionista em dor. “Já na primeira sessão senti a diferença. A médica identificou as causas e me recomendou procedimento intervencionista. Fiz há três meses e hoje me sinto bem mais confortável. Conviver com dor, ninguém merece. Hoje sou outra pessoa”, considera o empresário.

Lígia Toledo relata que a duração do tratamento depende muito do tipo de dor: “Os resultados das técnicas de radiofrequência, por exemplo, aparecem já nos três primeiros meses e na maioria dos casos a dor não volta”. De acordo com a médica, atividades complementares auxiliam bastante no tratamento, a exemplo da fisioterapia, hidroginástica e exercícios de baixo impacto. Para a médica, o diferencial do tratamento é a resolução dos diferentes tipos de dor crônica. Lígia reforça que as técnicas intervencionistas têm desmistificado a máxima de que paciente com dor não tem cura. “Tem que melhorar de qualquer forma. Temos resultados fantásticos e relatos de pessoas que voltaram a ter qualidade de vida”, conclui.

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JURÍDICO

Adoção por casais homoafetivos:

do preconceito ao interesse da criança e do adolescente

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homossexualidade tem sido objeto de exacerbado preconceito ao longo da história humana. De um comportamento tolerado nos primórdios da civilização e, inclusive, vangloriado dentro de determinados contextos – como, por exemplo, na Grécia antiga - passou a ser alvo de inúmeros preconceitos. Em especial, a partir da Idade Média, quando a Igreja Católica Apostólica Romana dominou politicamente por cerca de mil anos, afirmando que a homossexualidade seria um pecado e, mais a frente, considerada doença. Hoje, mesmo não sendo mais caracterizada doença, após a ratificação da resolução 01/1999 pelo Conselho Federal de Psicologia, a homossexualidade ainda enfrenta inúmeros preconceitos, principalmente no quesito da adoção de crianças e adolescentes. Primeiramente, os contrários à adoção por casais homoafetivos defendem que tal ato influenciaria na escolha sexual da criança e que a falta do modelo do outro sexo seria prejudicial ao desenvolvimento. Outro forte argumento é o perigo potencial que sofre a criança adotada em face da violência sexual por parte do adotante. Fica evidente que seus defensores continuam a atestar que a heterossexualidade seria a única expressão “sadia” da sexualidade humana e, consequentemente, que a homossexualidade seria uma doença. Então, como explicar que crianças criadas por casais heteroafetivos venham a se tornar homossexuais? Afinal, os homossexuais em geral foram criados por famílias heteroafetivas tradicionais. Ora, se os defensores daquela pseudotese alegam que um casal homoafetivo prejudicaria o menor pelo fato de não fornecer a figura do sexo oposto, então, por uma questão de lógica deveriam defender que suposto prejuízo também ocorreria na criação de alguém apenas por um homem ou uma mulher, ainda que heterossexual. Novamente, como explicar a heterossexualidade de um menor criado por um casal homoafetivo? Esse fato comprova cabalmente o quão descabida é a teoria que aqui se refuta, na medida em que, por suas premissas, seria impossível a existência de pessoas heterossexuais criadas desde crianças por casais homoafetivos.

Quanto ao suposto risco de violência sexual Nayane Gimenes constatou-se em pesquisa social que 95% dos ADVOGADA casos de violência entre adotante e adotado provem de lares constituídos por casais ou solteiros heterossexuais, dado que põe por terra qualquer dúvida acerca da seriedade da colocação. Usando a linha de raciocínio dos contrários, a adoção por casais homoafetivos, imaginemos a seguinte situação: há um casal em união homoafetiva que pretende adotar uma criança. Duas são as opções possíveis: permite-se a adoção para que essa criança cresça em um lar cercado de amor; ou nega-se a adoção e corre-se o risco de a criança não ser adotada e ficar no abrigo até completar 18 anos e, então, ser deixada à própria sorte? A opção parece clara: a proteção à criança exige como solução única o atendimento ao pedido de adoção. Rejeitamos como falsa qualquer opção moralista absoluta em direito, afinal de contas, esse casal deverá ter passado por todos os testes pelos quais um casal heterossexual passou e sua orientação sexual não pode, por si só, ser impedimento à adoção.

“A homossexualidade ainda enfrenta inúmeros preconceitos, principalmente no quesito da adoção”

Portanto, o fato de parte da sociedade não ver com bons olhos a criação de menores por casais homoafetivos não pode servir de fundamento para a proibição da adoção por estes. Pois se estará justificando uma discriminação jurídica com base em um preconceito social, em uma inversão de valores inaceitável em um estado que se considere Democrático e Social de Direito, como o nosso. O livre exercício da parentalidade é um direito humano fundamental decorrente do princípio da dignidade da pessoa humana, tendo em vista que aqueles que pleiteiam a adoção só serão plenamente felizes se lhes for permitido esse direito. Por outro lado, também é direito fundamental dos menores que não possuem familiares aptos o de serem criados por pessoas que lhes deem amor, respeito e solidariedade, também em virtude da dignidade humana.

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AGRONEGÓCIO

Biotecnologia desenvolvida pela multinacional Monsanto garante resultados efetivos contra a larva alfinete

VT PRO 3™ Proteção da Raiz à Espiga T

rês soluções em um só produto. Assim é a biotecnologia VT PRO 3™, desenvolvida pela multinacional Monsanto. Ela protege a lavoura da larva alfinete, possui ação contra as principais pragas que atacam a cultura do milho e é tolerante ao herbicida glifosato. Quem explica é o engenheiro agrônomo Rogério Coelho Alves: “a VT PRO 3 vem como uma revolução para o campo, porque a planta está protegida durante todo o ciclo da cultura do milho, desde o nascimento até a colheita. É uma biotecnologia completa que funciona como um seguro da planta, sendo uma proteção a mais e que resulta em aumento da produtividade”, garante. Segundo o engenheiro agrônomo, produtores rurais de Rio Verde e Montividiu já têm utilizado o VT PRO 3 com resultados satisfatórios. “As primeiras experiências aconteceram no Sul do país, onde a incidência da larva alfinete foi maior. De lá, a praga migrou para outros estados

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como Goiás, até atingir a nossa região. A larva alfinete existe há muito tempo, mas passou a ser observada mais recentemente pelos produtores rurais, agrônomos e técnicos, sendo que os danos são severos”, explica Rogério. O ataque da larva pode comprometer até 20% da produtividade e os danos geralmente são identificados somente quando os prejuízos se tornam irreversíveis. “A praga fica escondida no solo, se alimentando das raízes do milho e prejudicando a absorção de água e nutrientes. Por isso a biotecnologia VT PRO 3 é um produto com soluções diferenciadas, que confere uma proteção efetiva contra a larva alfinete”. O engenheiro agrônomo explica que a VT PRO 3 tem proteínas Bt contra pragas da parte aérea e também específicas para o controle da larva alfinete. Por isso, a tecnologia é garantia de mais segurança e tranquilidade aos produtores rurais. “Tudo isso deixa a raiz bem nutrida, mantém o sistema equilibrado, melhorando o desempenho fisiológico e favorecendo o bom desenvolvimento do milho. Com o uso temos pesquisas que apontam aumento na produtividade em mais de sete sacos por hectare. A VT PRO 3 é a primeira e única tecnologia no Brasil com proteção da raiz à espiga”, destaca Rogério.

ro gerio.agro este@gmail.co m (64) 9641 8000


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COMPORTAMENTO

FÉ QUE MOVE A

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J U V E N T U D E

Alexandre dos Santos

É

na infância que temos os primeiros contatos com a religião. Seja por influência familiar, de amigos ou da escola, somos levados a acreditar que existe algo superior e fazemos de nossa crença uma espécie de amparo para superar as adversidades. Conforme vamos crescendo, adquirimos uma opinião própria a respeito dos caminhos que pretendemos seguir. Enquanto alguns vão pelos preceitos familiares, outros buscam respostas a partir das próprias experiências. Quem avalia esse relacionamento entre jovens e religião é o teólogo Alexandre Aparecido Pereira dos Santos, 41. Para ele, a influência familiar é fator de peso na hora de seguir uma religião, mas é a vivência que determinará a permanência. “O jovem, consciente de suas necessidades espirituais, sociais e emocionais, vê na religião uma forte aliada na busca pela autorrealização”, explica. Ainda de acordo com Alexandre, o aspecto solidário e comunitário de uma crença é fator imprescindível para o desenvolvimento dos indivíduos enquanto seres autoconscientes e com o desafio de crescer, construir e ser relevante. “Na prática religiosa, o jovem desenvolve habilidades como comunicação, compartilhamento, leitura, autoconhecimento, filantropia, liderança e tudo isso o torna um ser humano melhor, refletindo em todas as áreas, com destaque para a acadêmica e profissional”, acredita. Bruno Santos Guerra, 19, é estudante e foi criado na igreja católica. Ele recorda que recebeu muitos dos ensinamentos da avó materna e que sempre foi participativo nas celebrações religiosas. Com o tempo, segundo ele, os tradicionais ritos foram se perdendo, mas foi em um encontro de jovens que Bruno resgatou os antigos costumes. “Diante das

circunstâncias, percebi que não estava sozinho, pois Deus estava ao meu lado, me ajudando quando eu precisava, me fortalecendo quando eu fraquejava e me levantando quando eu caia. Por isso, voltei a me interessar mais por esta riqueza que hoje possuo, que é a minha fé. Essa essência não quero perder jamais”, enfatiza. Atualmente, Bruno participa de alguns movimentos da igreja e um deles é o Terço Universitário. “A ideia nasceu por meio de uma ação entre cinco amigos. Começamos a rezar o terço mariano e promover uma reflexão em cima de uma leitura bíblica. Reuníamo-nos em nossas casas, mas, por conta da demanda, solicitamos ao padre que pudéssemos realizar as reuniões na Paróquia São Francisco de Assis. E assim acontece até hoje, às quartas-feiras. O principal objetivo deste grupo é o fortalecimento da nossa fé, da presença do outro em nossa vida, dos amigos e irmãos em Cristo. Ouso dizer que somos hoje uma família ligada pela oração”, explica. A empresária Kallita Cristine, 22, é evangélica e também nasceu rodeada de referências religiosas. “A fé dos meus pais me contagiou logo na infância, mas atingiu o ápice e, por fim, a consolidação por volta dos meus 17 anos. Nunca houve uma geração tão liberal quanto a nossa, que reúne pessoas nascidas de 1990 a 2010. Somos a geração virtual, com muitos aplicativos de relacionamentos e pouco contato presencial. A geração que negociou princípios e valores, que trocou o aconchego de um abraço, a firmeza de um aperto de mão por curtidas e cutucadas. Isso resultou nos distanciamentos familiar e religioso. Apesar deste panorama, acredito que o meio religioso tem se tornado atrativo ao jovem com programações especiais voltadas a esse público”, enfatiza.


Kallita participa também de ações em prol do exercício da fé e tem um grupo na universidade onde estuda chamado ‘Intervalo com Deus’, que realiza reuniões e utiliza a música e a palavra direcionadas aos universitários. “É um projeto quinzenal que ocorre às quartas-feiras. Minha fé tem influência direta nas minhas ações, reações, meus planos e sonhos. A fé me confere uma visão Jovens veem na fundamentada na bíblia a despeito do mundo e religião uma forte das pessoas”, relata. aliada na busca pela O policial civil Raoni de Amorim Brasil, 30, é autorrealização espírita e adquiriu na doutrina grande parte dos ensinamentos que segue. Engajado, Raoni participa de projetos em prol da evangelização e trabalha com adultos, jovens e crianças. Além disso, atua em uma série de ações sociais em benefício da comunidade. “A fé é um tipo de virtude a ser desenvolvida pelos seres humanos. A sua importância se dá em compreender que todas as crises e dificuldades existentes no mundo nada mais são do que consequências naturais de nossas condutas de longa data. Sob a lei de causa e efeito, colhemos o que plantamos e todos nós temos o dever de reparar nossas faltas, procurando desenvolver os bons sentimentos em nossos corações”, acredita.

Raoni Brasil

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MODA

Acessório de efeit o!

Por THAYLLINE SANQUETA Fotos ROSI KIRSCHNER

Festa de peão chegando e você está com a grana curta para comprar um look novo? Eu te entendo! Essa crise está demais, né?!

O acessório dá um charme total ao seu look country, que pode ser o mesmo do ano passado, mas com esse item a mais. Basta amarrar a bandana no punho, combinada com anéis de falange ou a pulseiras de couro. Tem também outra maneira – a que mais gosto – que é no Mas não se preocupe! Selecionei um pescoço. Ela pode também ser combinada com um ou acessório baratinho que dará um efeito vários colares. superfashion na sua produção. As bandanas! Sim, elas mesmo! Se você Estas são apenas algumas ideias para vocês entenderem assim como eu viveu os anos 90 existe que é possível transformar seu look em uma grande a possibilidade de ter uma guardadinha produção usando as bandanas! no fundo do baú. E tem outra boa Curtiu? Confira mais dicas no blogdathay.com.br e no notícia: se você não tem uma bandana Instagram @thaysanqueta “perdida” no guarda-roupas você encontrará no comércio de Rio Verde a Beijinhos! Thay partir de R$ 10,00.

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PREFEITO TEM QUE ENFRENTAR E RESOLVER OS PROBLEMAS” Heuler Cruvinel diz que prefeitura se esconde das pessoas e deixa a cidade na mão. “O Brasil inteiro sabe que a economia de Rio Verde tem crescido acima da média nacional. Mas só nós sabemos que a prefeitura não faz sua parte e os problemas aumentam”. A afirmação é do deputado federal Heuler Cruvinel (PSD), que defende mudança na administração da cidade. “Um prefeito não pode se esconder das pessoas e fugir dos problemas”, diz ele. “Ao contrário, é preciso ter coragem e competência para enfrentar e resolver aquilo que aflige a população”. Heuler afirma que Rio Verde vive um “triste momento de paralisia administrativa, com resultados catastróficos para a cidade”. O deputado tem percorrido as regiões de Rio Verde para ouvir as pessoas por meio dos encontros que batizou de “Bate-papo com Heuler”. Segundo ele, “a melhor forma de fazer uma boa administração é governar em sintonia com as pessoas”.

“Defendo como primeiro ato a criação da Guarda Municipal Armada. Iremos mais que dobrar o policiamento ostensivo nas ruas e isso irá inibir criminosos e reduzir a criminalidade”, afirma. Heuler explica que essa é uma proposta que foi estudada profundamente e já funciona em algumas cidades brasileiras com resultados satisfatórios. “A responsabilidade constitucional da segurança é do Estado e da União. Mas se esses governos não fazem sua parte, a prefeitura tem que ajudar. Um prefeito precisa cuidar da cidade como se fosse sua própria casa e defender os cidadãos como se fossem da sua própria família”, afirma.

Na saúde, Heuler defende uma virada no jogo. “As mudanças devem começar pelo atendimento, que precisa ser educado e Das conversas com a sociedade, Heuler extraiu que a humanizado. Para isso, é preciso treinamento segurança e a saúde são hoje os problemas mais graves. e bons salários, além de estrutura maior e “Na saúde, a prefeitura não consegue agir. Na segurança, mais médicos”. Ele diz ainda: “Nossa proposta finge que o problema não é com ela. E a população sofre”. principal será a construção de um hospital com Residem nessas duas áreas as primeiras propostas apresentadas por Heuler Cruvinel em sua pré-campanha à 240 leitos”. Heuler afirma que é inconcebível prefeitura de Rio Verde. Ele explica que a maior deficiência que uma cidade do porte de Rio Verde não na segurança é o baixo número de policiais, o que favorece tenha um hospital de referência que funcione e atenda bem as pessoas. a ação de criminosos.

As principais propostas de Heuler na saúde e segurança: aCriar a Guarda Municipal Armada e aumentar o efetivo de policiamento ostensivo; aCriar a Secretaria de Segurança Pública Municipal, com tolerância zero com a violência; aConstruir um hospital de referência com 240 leitos; aHumanizar o atendimento nos hospitais.

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CAPA

A ESCOLHA

DE AMAR

Douglinhas, hoje com 16 anos, tinha apenas 9 quando viu sua história de vida mudar. Esperança era uma palavra que, vez ou outra, deixava de fazer parte do vocabulário dele. Abandonado pela mãe biológica, Douglinhas via os dias passarem na Casa de Abrigo Temporário (CAT) de Rio Verde. “Eu sabia que minha idade seria um problema numa possível adoção. Tinha certeza que não teria uma família e me sentia sozinho”, lembra.

Douglas, Douglinhas e Damares: a união é um motivo para ser celebrado todos os dias

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Essa certeza começou a perder o sentido em 2009. Douglinhas fazia parte de um projeto social de canto desenvolvido pelo Programa Social de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). Em um dia de aula, alguns colegas começaram um burburinho, comentando: “ele não tem pai nem mãe. Ele mora na CAT”. Pra quebrar o clima, a professora respondeu: “então ele vai ser meu filho de coração”. Ninguém imaginaria que aquela mulher, dois anos depois, seria muito mais do que isso e se tornaria a mãe que Douglinhas tanto sonhava.


Hoje, Douglas José Martins Pinheiro – já com o sobrenome da família - não vê a nova vida como uma questão de sorte: “É Deus cuidando de mim. Sempre orava e pedia que Ele realizasse meu sonho de ter pais, e Ele me atendeu. Simples assim”. Questionado sobre os momentos mais difíceis de uma vida em família, a resposta é semelhante à de qualquer outro adolescente que não tenha passado por um processo de adoção: “Meus pais têm normas demais”, responde.

para não criarmos ainda mais vínculos. Assim, a psicóloga nos disse que se nosso interesse não era o de adotar seria melhor nos afastarmos”, lembra Damares.

Aquilo a pegou de surpresa. Ela ligou para Douglas e contou toda a história, foi quando o marido a surpreendeu e disse: “se esse é o problema, então vamos ficar com ele. Ele é nosso”. O momento de dar a notícia ao menino foi, segundo Damares, único e inesquecível: É com essa naturalidade que Douglinhas enxerga “Lembrarei sempre daquele sorriso de a adoção, distante de todos os mitos, medos e Douglinhas e da primeira vez que nos chamou preconceitos. “Eles me deram uma vida em que de pais”. A história que emociona prova que eu me sinto amado, me colocaram numa escola felicidade e amor independem de idade. Damares, boa e a gente viaja. Ganhei avós, tios e muitos o marido e o filho garantem que a união é um primos”, comemora. Agora, Douglinhas sabe bem motivo para ser celebrado todos os dias. o que espera do futuro: vai seguir carreira militar Questionada sobre as dificuldades durante todo e, se tiver a oportunidade, também quer filhos o processo de adoção, Damares diz que o pior foi adotivos. lidar com o tempo: a guarda definitiva demorou Na segunda versão dessa mesma história, cerca de dois anos. Já em relação ao período Damares Pinheiro e o marido Douglas de adaptação, os conflitos eram semelhantes Renildes estavam casados há oito anos quando aos de outros relacionamentos entre pais e descobriram que não poderiam ter filhos. “No filhos. “Quando algo o contrariava demais, momento foi muita tristeza. Um programa de ele dizia que não éramos os pais dele. Mas TV que falava sobre adoção devolveu nossas nem dávamos ouvidos esperanças. Entretanto, até aquele momento não porque, quando a poeira tínhamos noção de que, em breve, apareceria baixava, Douglinhas pedia nosso filho”, lembra. desculpas e dizia que nos Sem contar a baita coincidência: “Quando conheci amava”, conta aos risos. o Douglinhas fiz uma brincadeira e disse a ele que todo Douglas é bonito e que ele tinha o mesmo nome da pessoa que conquistou meu coração. No caso, meu marido”. Aos poucos, Damares lembra que ela e o aluno estreitaram a relação para muito além da sala de aula: “Decidi conhecer como funcionava a CAT e entender se de alguma forma eu teria direito de levar o Douglinhas para ficar comigo sempre que possível”, conta.

Mas nem sempre tudo foi fácil... O que mais contrariou Damares nos primeiros anos foi justamente o julgamento e o preconceito das pessoas: “Sempre que eu apresentava o Douglinhas me questionavam o A ideia era apadrinhar o garoto, buscando ele na motivo de eu não ter adotado um bebê. Alguns CAT apenas para passar os finais de semana ou um simples almoço de domingo. A cada encontro, diziam que eu era doida. Aquilo me chateava bastante, pois falavam como se ele não tivesse o Damares lembra que chorava sempre que tinha direito de ter uma família”, recorda. que devolvê-lo. “Um dia, a psicóloga da Casa de Abrigo não permitiu a saída dele. Ela dizia que, como ele havia pedido para ser adotado em nossa “Sempre que apresentava o Douglinhas me questionavam o última visita, seria melhor evitarmos as saídas motivo de eu não ter adotado um bebê”, recorda Damares

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“ADOÇÃO É COMPROMISSO, E NÃO CARIDADE” alerta juiz

Juiz da Infância e Juventude da Comarca de Rio Verde, Wagner Gomes Pereira define a adoção como um ato nobre. “É amor, mas acima de tudo, responsabilidade e motivação emocional e racional. É um ato sério e irreversível. Aquele que adota é pai e pronto, não tem devolução”, afirma.

Wagner Gomes, juiz: “Aquele que adota é pai e pronto, não tem devolução.”

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O juiz confirma que, em geral, a procura é por recém-nascidos. “A adoção tardia é quando a criança tem mais de 3 anos. À medida em que o tempo passa, a chance de ela ser adotada reduz bastante. Por isso, quando foi instituído o Cadastro Nacional de Adoção estipulou-se que o adotante que quisesse uma criança com idade acima de 3 anos pudesse furar a fila, porque não podemos perder a chance de arrumar uma família Durante o processo de inscrição para para essa criança”, explica. adoção, os pretendentes descrevem o perfil das crianças desejadas. Eles De acordo com Wagner, os adotantes precisam podem escolher sexo, faixa etária, ter paciência e entender as dificuldades comuns estado de saúde e vários outros de uma adoção tardia. “O recém-nascido não tem aspectos. Segundo o juiz, um grave memória, não tem história. Já uma criança de 3 erro dos adotantes é achar que anos que sofreu violência, abandono, conheceu qualquer criança serve quando não a mãe, enfim, o adotante precisará de mais se encontra em curto prazo o perfil maturidade e preparo. Mas se existe algo que determinado. “Não adianta pegar a posso afirmar como juiz da Infância e Juventude primeira oportunidade, como se fosse é que a adoção é o processo mais gratificante que uma promoção de supermercado. tem”. Adoção não funciona assim, caso A idade mínima para se habilitar à adoção contrário tem grandes chances de é 18 anos, independentemente do estado insucesso”, afirma. civil. Outro requisito é que seja respeitada a diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a criança acolhida. “Além disso, essas pessoas que querem adotar precisam passar por um curso preparatório. Em Rio Verde já estamos na terceira edição”, conta o juiz. São abordadas questões psicossociais, jurídicas, experiências bem e mal sucedidas, além de relatos de casais que já adotaram. É mais uma oportunidade de esclarecimento da responsabilidade que é a adoção. “Já tivemos casos de no início do processo, no estágio de convivência, os casais dizerem que não dava, que não conseguiriam se adaptar. Por isso não incentivamos a adoção, principalmente a tardia. Adote a criança que você queira adotar. Adoção é compromisso, e não caridade”.


A psicóloga Marcela Santos Rosestolato trabalha há seis anos na Casa de Abrigo Temporário (CAT) de Rio Verde. O espaço, com capacidade para atender no máximo 20 crianças, hoje está com 32. São meninos e meninas afastados temporariamente da família em função de algum tipo de abuso ou negligência. Destes, nem todos estão disponíveis para adoção, pois segundo a legislação vigente, as opções de reinserção da

criança no ambiente familiar de origem devem ser esgotadas para, somente depois, dar início à procura de um novo lar. Mesmo que o processo pareça burocrático, a psicóloga garante que todas as equipes envolvidas na tentativa de reinserção e, posteriormente, no cadastro para adoção buscam ações céleres: “Afinal, um mês na vida de um adulto é uma coisa. Na de uma criança sem família é totalmente diferente”, destaca.

“A PARTIR DOS 10 ANOS, AS CRIANÇAS PERDEM A ESPERANÇA DE SEREM ADOTADAS”

afirma psicóloga da CAT

Ainda segundo Marcela é possível observar que a partir dos 10 anos as crianças começam a perder a esperança de que serão adotadas. Elas passam, por exemplo, a observarem e questionarem o motivo de os visitantes da Casa de Abrigo Temporário darem mais atenção aos bebês abrigados, e não a elas. “Temos casos muito tristes de crianças que, vendo que não serão adotadas, retiram as denúncias contra os agressores de abuso sexual, por exemplo, somente para terem a oportunidade de voltar para casa”, exemplifica. Nesses seis anos na CAT, a psicóloga relata que presenciou uma série de situações relacionadas à adoção tardia, tanto do ponto de vista das crianças, quanto dos adotantes. Marcela enumera alguns dos desafios que envolvem o tema, dentre eles: o preconceito; o receio dos futuros pais de que a criança não vá se adaptar ou mesmo que não desenvolverá laços afetivos; e os bloqueios na hora de contar a história de vida dos filhos antes da adoção. “Assim como nós temos anseio por conhecer a nossa história de vida, as crianças adotadas também questionarão os pais. Não adianta omitir, criar fotos falsas de gestação. É preciso falar desde cedo e tornar o processo de adoção algo natural. Todos nós temos o direito de saber de onde viemos”, orienta.

Um modelo familiar! A Casa de Abrigo Temporário desenvolve uma série de projetos, dentre eles, o apadrinhamento das crianças, que pode acontecer de três formas. A primeira é o apadrinhamento afetivo, em que uma família voluntária passa por aconselhamento da psicóloga e assistente social e, depois de aprovada conforme critérios pré-estabelecidos, o interessado pode levar a criança para passar o final de semana ou almoço de domingo, doando tempo e bons exemplos. “Nosso intuito é que essas crianças tenham um modelo familiar. Quer seja por duas, três horas. Em um mês de interação com padrinhos já vemos a diferença. Mudam os planos, elas passam a crer que podem ter um futuro melhor, uma realidade que até então eles não conheciam. Chegam aqui e dizem: ‘acredita que ele não bateu nela nenhuma vez?’ Isso pra gente é comum, mas para algumas crianças que vivem a violência em casa desde cedo, ver uma família amorosa é algo novo”, destaca a psicóloga Marcela Santos Rosestolato. A segunda forma de apadrinhamento é o provedor, que ajuda financeiramente uma criança. Esse auxílio pode vir na forma de custeio de aulas particulares de reforço escolar, por exemplo. A terceira e última opção de apadrinhamento é a dos prestadores de serviço, como dentistas, médicos e demais voluntários que contribuem gratuitamente com o atendimento às crianças da Casa de Abrigo Temporário.

Se você também se interessou em ser um padrinho, procure a Casa de Abrigo Temporário (CAT), que fica na Rua Jarbas Santil de Araújo, nº 600, Bairro Santo Agostinho, próximo à Prefeitura de Rio Verde. O telefone para contato é o (64) 3620-2089.

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CITTÀ

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Brito é dono de um clube egue suas cartas, faça sua aposta, utilize de poker em Rio Verde. de muita estratégia e conte com um “É necessário estudo pouco de sorte para conseguir uma boa constante”,diz mão. Caso contrário... que vença o que tiver melhor blefe! Parece simples, né? Mas nem tanto! Estamos falando do poker, esporte que tem ganhado cada vez mais adeptos em Rio Verde.

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Com os estudos reduzi a diferença técnica que havia entre o meu jogo e o dos colegas rioverdenses, que eram mais experientes”, enfatiza. A dedicação voltada para o esporte fez com que ele conquistasse resultados positivos. “No ano de 2013 consegui premiar e ganhar alguns torneios com buyin (valor de inscrição) menores. Como estava iniciando no poker, escolhi jogar torneios Freerolls (torneios que a inscrição é livre) e Mayko Roberto Damasceno Souza, 32, servidor outros com valores pequenos. À medida que os público, teve seu primeiro contato com o poker resultados foram aparecendo, aumentei o nível em 2005 quando morou em Goiânia e jogava de dificuldade e, consequentemente, o valor em casa com os amigos – o chamado home game. das taxas de inscrição. Em 2015 veio a primeira Segundo ele, nesse período o esporte era pouco vitória no primeiro torneio expressivo, 10K GTO, difundido e raras eram as pessoas que realmente promovido pelo clube Runner Runner”, conta. sabiam jogar. Apesar do saldo positivo, Mayko não se De volta a Rio Verde, Mayko relata que não considera profissional. “Jogadores profissionais existia círculo de jogadores. “Um dia um jornal se dedicam exclusivamente a essa atividade e sua local exibiu uma tímida matéria sobre o esporte fonte de renda principal vem das premiações. e, no final, anunciava a inauguração de um destes Eu apenas observei que o poker é um jogo no clubes. Resolvi conhecê-lo. Mas, nesse período qual a habilidade sobrepõe a sorte, sendo assim, meu entendimento se restringia às combinações procurei melhorar minhas competências para de cartas e como funcionava o jogo. Eu era fazer da diversão algo lucrativo”, explica. iniciante. Nos clubes fiz amizades e conheci O servidor público dá ainda dicas das habilidades jogadores da cidade que eram muitos bons, o que me motivou a estudar. Então, adquiri livros, necessárias para se tornar um bom jogador: assisti vídeos, acompanhei fóruns e percebi que paciência, raciocínio rápido e lógico, capacidade de memorização e controle das emoções. “Todas o fator ‘sorte’ influenciava de forma irrisória no estas habilidades devem trabalhar em conjunto poker, apesar de ser algo inerente ao baralho.


para que o competidor tome as melhores decisões, afinal, o jogo exige que você faça escolhas o tempo todo”, aconselha. Esporte em ascensão em Rio Verde, o poker atrai cada vez mais curiosos dispostos a aprender esse jogo de estratégia e autocontrole. Enquanto os primeiros torneios da cidade, em 2011, contavam com 9 a 18 jogadores, os últimos têm reunido cerca de 40, inclusive de outros estados. Wellington Fabiano Teixeira “Brito” é dono de um clube de poker e destaca que há dois anos conheceu o esporte como forma de entretenimento. Na primeira oportunidade abriu o próprio negócio e hoje tem mais de 400 jogadores cadastrados em uma rede social. Brito acredita que o esporte tende a crescer tanto entre homens como também mulheres e explica como funcionam as apostas. “O jogador compra fichas e joga só o que tem em fichas e só o campeão é premiado. Não está em questão quanto o competidor dispõe em conta bancária. Em alguns casos, a minha mão é três vezes pior e eu sigo estrategicamente induzindo meu oponente ao erro e ganhando a rodada”, relata. Ele faz ainda uma estimativa do perfil dos jogadores de Rio Verde, o qual é composto por muitos estudantes de direito, contabilidade, matemática, homens de 21 anos em diante e mulheres a partir de 25.

O Brasil está hoje em quarto lugar no ranking mundial de poker, um salto grande para quem há pouco tempo estava em 14º. Além disso, o campeão nacional de poker é goiano. Mas, ainda assim, Brito afirma que o preconceito e associação do esporte a jogos de azar é o maior empecilho. “O poker não é jogo de azar, é de raciocínio, mas que também envolve o fator sorte, assim como nos demais desportos. Trata-se de um jogo envolvente que utiliza muito do psicológico e do físico, com torneios que chegam a durar cinco dias. É necessário estudo constante”, destaca.

Mayko Souza: “O jogo exige que você faça escolhas o tempo todo.”

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CASA

PEQUENOS,

MAS CHEIOS DE

CHARME & CONFORTO

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iver em locais menores tem sido uma saída, principalmente em grandes cidades. Muitos compradores se preocupam mais com a localização do que com o tamanho do imóvel. Nos últimos 10 anos, a venda de apartamentos de apenas um dormitório cresceu 400% no Brasil. Dentre os fatores está a ‘era dos novos proprietários’, como casais com apenas um filho, por exemplo. Jovens solteiros, pessoas divorciadas e profissionais que têm pouquíssimo tempo para ficar em casa também colaboram com esse desempenho.

Em imóveis pequenos, a designer de interiores Larissa Leão explica que a palavra de ordem é funcionalidade. “Precisamos aproveitar bem cada espaço, que deve ser decorado sem ser carregado”, diz. A designer de interiores nos levou para conhecer um ambiente criado por ela recentemente. O apartamento é grande, mas o quarto principal é bastante pequeno. Por isso, o cliente optou por usar cores como branco, bege e marrom. “Quebramos essa combinação nos detalhes, como um quadro azul que deu um tom totalmente diferente no quarto”, exemplifica.

A nutricionista Jéssika Guimarães é um exemplo. Casada, ela e o marido – que é agrônomo - quase não param em casa. “Hoje moramos em um local de 60m². A praticidade é outra”, afirma. Segundo ela, a facilidade na decoração é também uma vantagem: “Temos apenas um sofá, uma mesa menor, enfim, precisamos de poucos móveis para deixar a casa bonita e confortável”, explica Jéssika. Questionada se teria vontade de morar em uma casa maior, a nutricionista diz que a necessidade vai surgir apenas quando o casal tiver filhos: “Só para nós dois esse tamanho é o ideal”.

Pensando em praticidade, o cliente preferiu um closet sem portas: “Rápido e fácil. Ele já olha e escolhe o que quer”, afirma Larissa. Os eletrodomésticos embutidos, como o frigobar, permitiu aproveitar ainda mais o espaço. “Independentemente de o ambiente ser grande ou pequeno, o importante é respeitar o gosto do cliente. Por mais que o profissional entenda o que é melhor usar, é o cliente quem vai morar ali. Então, temos que dar alternativas para deixar o ambiente do jeito que ele sonhou”, pondera Larissa Leão.

CUIDADO PARA NÃO ERRAR!

Para Larissa Leão, o importante é respeitar o gosto do cliente

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Espelhos: Eles deixam a impressão Para um ambiente pequeno, de amplitude. Por isso são ótimas mas cheio de conforto, charme opções; e praticidade, confira as dicas da designer de interiores, Larissa Leão: Iluminação: É sempre bom Cores: É um dos fatores que mais colocar mais de um ponto de luz. amplia ou diminui um ambiente. Nada de lustres gigantes, porque eles vão deixar o ambiente ainda Em locais menores, o ideal é optar pelas mais claras. Mas, nada menor. Opte por uma iluminação moderna, com cores quentes e de deixar tudo branco. Se não, corre o risco de ficar com cara de frias; escritório;

Móveis: Escolha sofás menores, com apenas dois lugares. Móveis planejados são ótimos para conseguirmos adaptar melhor todos os espaços; Objetos decorativos: Cuidado com eles! Se a pessoa carregar demais o ambiente, a casa pode ficar com aquele aspecto de bagunça. Então, a dica é ter moderação.


Quem é?

“TEMOS QUE LUTAR SEMPRE PELA NOSSA SOCIEDADE” Marussa Boldrin

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arussa Boldrin tem 25 anos e é engenheira agrônoma. Filha de Rio Verde, formou-se na UniRV e concluiu o mestrado em Ciências Agrárias e Agronomia no Instituto Federal Goiano (IF Goiano), campus Rio Verde. Apesar da pouca idade, Marussa Boldrin é um exemplo de profissionalismo, criatividade e gestão: tem a própria empresa no ramo de análise agrícola e uma grande paixão pelo agronegócio e pela política. É com esses princípios que ela aparece no cenário eleitoral deste ano como pré-candidata a vereadora em Rio Verde. “Sempre me preocupei em conduzir minha vida e minha profissão com seriedade. Minha ligação com a população e a vontade de fazer com que as diferenças sociais sejam diminuídas são fatores que me fizeram encontrar na política um meio de atingir tais objetivos”, afirma Marussa Boldrin. Idealista, a jovem acredita nos valores morais e na retomada da credibilidade da política junto aos brasileiros. “As pessoas precisam participar e discutir a política apartidária. Pois somente por meio dela é que podemos fazer as mudanças desejadas pela população. É por meio de projetos de lei e políticas públicas que vamos chegar lá, mas todos devem fazer a sua parte. E a de qualquer cidadão é cobrar o uso dos recursos para o bem das pessoas”, opina. EDUCAÇÃO | Filha de professora, Marussa Boldrin sempre enxergou na educação a base para qualquer avanço social: “É por meio dela que conseguimos promover a igualdade de oportunidades e, consequentemente, a melhoria na distribuição de renda. É com a educação que nos tornamos mais críticos, cobramos o cumprimento das leis, enfim, nos desenvolvemos”, acredita.

JUVENTUDE | Diante de um cenário político desgastado, Marussa Boldrin percebe uma maior mobilização dos jovens, que passaram a se interessar mais pela política. Cada vez mais eles assumem responsabilidades em entidades classistas, na comunidade e também na política. “Esta é uma grande mudança que percebo neste momento atual. A vontade de participar e de ver as mudanças acontecendo. Acredito que formaremos novas lideranças, com espírito mais patriota, participativo e menos individualista.”

Marussa apoia a juventude e marca presença em eventos culturais e de dança urbana

VALORIZAÇÃO | É com esse pensamento que Marussa Boldrin quer deixar sua marca e contribuição à cidade de Rio Verde. “Temos que garantir a todos o cumprimento dos direitos no que diz respeito à saúde, educação, moradia, segurança e emprego. Vejo como fundamental a participação dos diversos segmentos sociais. No agronegócio, por exemplo, o apoio ao pequeno produtor e a melhoria nas estradas e no fornecimento de energia elétrica”, opina. SOCIEDADE | Marussa Boldrin acredita em uma sociedade mais justa, fraterna e solidária por meio da atuação de gestores públicos que tenham como virtudes a transparência e o dinamismo. “Com trabalho honesto, simplicidade e coragem é possível enfrentar os desafios nas áreas familiar, profissional, cultural e social. Apesar de estarmos passando por um momento de grande instabilidade na política, não devemos perder a vontade de sempre lutar pela nossa sociedade e fazer o melhor que pudermos”, finaliza Marussa Boldrin.

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CULTURAL

A profissão que

IMORTALIZA EMOÇÕES

Aline Portugal

Thomas Pagotto

Giulianna Conte

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Fazer uma fotografia é bem mais que mirar e apertar o disparador. É obter o registro de um momento único e da emoção expressada em um instante que provavelmente jamais se repetirá. São estes fatores que fazem com que a fotografia seja considerada uma das formas de manifestação da arte e, por isso, a equipe Primeira fotografia, feita por Joseph Città conversou com três fotógrafos de Nicéphore Niépce, em 1826 na França. Rio Verde que falam um pouco sobre essa Fonte: InfoEscola experiência tão especial. Aline Portugal, 24, sempre viu na fotografia uma profissão e hoje é reconhecida pelos ensaios feitos para famílias e celebrações de 15 anos. Ela considera que a tecnologia é uma aliada na profissão, mas o coração e os olhos são responsáveis por 90% do sucesso do serviço. “Cada profissional tem seu diferencial, uns a própria foto, outros o atendimento, a criatividade. Existem muitos nichos que podem ser trabalhados. Acredito que aqueles que amam fotografia continuarão procurando pessoas mais capacitadas para eternizar momentos”, enfatiza. Thomas Pagotto, 22, tem formação em Fotografia pela Universidade Cambury. Ele é apaixonado por paisagens, pela imagem

cotidiana das cidades, mas também gosta de sair do convencional utilizando texturas e sombras. “Me considero um artista que tenta achar a fotografia que emocione o espectador, que o faça pensar o porquê daquela foto ter sido feita, fazê-lo sentir algo diferente. Eu costumo dizer que não sou muito bom com as palavras, por isso me expresso por meio da luz e da sombra”, brinca. Para o fotógrafo é possível achar arte até nos detalhes mais simples do dia a dia, como na representação de uma xícara de café contra a luz de uma janela. Thomas concorda com Aline quando enfatiza que a tecnologia é uma grande aliada da fotografia, mas que o essencial é o olhar


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Fotos: 01 e 04 - Thomas Pagotto; 02 e 03 - Giulianna Conte; 05 e 06 - Aline Portugal fotográfico. “Eu sou viciado em tecnologia, acompanho sempre as últimas novidades em câmeras e lentes, e acredito que ajude sim, porque tem certas fotos que sem equipamentos como flash, rebatedor, tripé, entre outros é muito difícil e, às vezes, até impossível chegar ao resultado que você quer”, afirma. Giulianna Conte, 26, começou a fotografar profissionalmente em 2005, quando decidiu vender as fotos que fazia dos amigos em shows. Porém, em 2010, teve a oportunidade de trabalhar como freelancer em um estúdio da cidade e a fotografia foi aos poucos se tornando a segunda profissão dela. Em 2012, Giuli - como é chamada pelos amigos mais próximos - abriu o próprio negócio e passou a ser contratada para registrar eventos maiores. “Atualmente tenho me especializado em fotos de eventos sociais, como casamentos e aniversários. Mas trabalho também com books em estúdio e externos, além de fotos publicitárias de arquitetura, joias, objetos e gastronomia”, explica. Giulianna diz que apertar o botão de uma câmera é algo bem simples, porém, não são todos que possuem um olhar crítico e sensível às pequenas coisas. “São 11

anos fotografando. Nesse tempo consegui desenvolver habilidades que são necessárias para um fotógrafo: olhar apurado, atenção, concentração, paciência e inovação. Cada um tem uma maneira particular de ver, tem sua própria percepção, criando assim uma identidade”, salienta.

“A tecnologia é uma aliada na profissão, mas o coração e os olhos são responsáveis por 90% do sucesso do serviço” Aficionada aos detalhes, Giuli também investe na formação continuada na área, participando de congressos e cursos dos mais variados. “O termo profissional não se enquadra apenas a equipamento, mas sim na prática e postura do fotógrafo perante o serviço. O maior diferencial é você ser sério, ter responsabilidade com o trabalho contratado e logicamente, o olhar criativo. Saber enxergar a beleza, trazer conteúdo para a imagem, transformar os acontecimentos em poesia faz toda a diferença”, conclui.

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SOCIAL TRIP

@fernandaselaysim

@camillahcarvalho

@karllareys

@thiagodenane

@aline_vazdias

@aquillacupertino

@marinadahlke

Thirzzia Gomes

@crisrcalixto

Você já pode enviar suas fotos para a nossa próxima edição. No “Social Boteco” vamos registrar aqueles deliciosos momentos entre amigos, regados à muita diversão e, é claro, uma boa bebida. Use a #cittarevista e apareça aqui!

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Fotos: arquivo pessoal

RELATOS DE UM VIAJANTE

A Fortaleza que me acolheu Praias de tom esverdeado e água morna dia e noite, pessoas receptivas, culinária vasta e Sol das 6h às 17h. Foi essa a Fortaleza (CE) que acolheu o gerente de restaurante Rossemaro Ferreira, 45, e a namorada dele no mês de abril deste ano. Mas não foi só a famosa costa litorânea que atraiu o casal. Um dos propósitos principais da viagem foi a imersão na cultura do povo nordestino. Rossemaro relata que por um preço acessível foi possível aproveitar de tudo que se espera de uma viagem de férias. Destaque para o relaxamento, as curiosidades e a aventura em passeios de buggy, “skibunda”, e tantos outros percorrendo trechos em um transporte pau de arara, visitando o interior do Ceará, conhecendo como é feito o processo de colheita do coco e observando de perto uma destilaria de cachaça.

desde a hora que chegamos ao hotel até a volta. Fomos acolhidos por um povo bastante hospitaleiro, que carrega no rosto uma história sofrida, mas mesmo assim não deixa de sorrir”, observou. Ainda de acordo com Rossemaro, os brasileiros precisam valorizar mais o país, pois existem muitos lugares para serem conhecidos e apreciados. “Eu voltaria para a capital cearense, sem dúvida. Mas agora meu projeto é visitar outros locais, como os lençóis maranhenses e Maceió”. O gerente de restaurante deixa ainda uma dica para aqueles que pretendem conhecer Fortaleza: “Compre roupas de banho e acessórios por lá mesmo. O preço vale muito a pena”, garante.

Outro ponto alto foi participar das terças e quintas humorísticas em bares como o Coco Beach e Chico do Caranguejo, onde se pode ver de perto artistas conhecidos nacionalmente, experimentar pizza de rapadura e curtir a badalada noite na Praia do Futuro e na Praia de Iracema. “Todo o período que passamos lá foi extremamente positivo,

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OPINIÃO MÁRCIO CARMO presidente AAGO

QUANDO A FORÇA ESTÁ NA UNIÃO! P

arece clichê, mas está mais do que provado que a união faz a força em todas as esferas. Recentemente, temos o exemplo da luta dos brasileiros que, juntos, conseguiram afastar a presidente Dilma Rousseff do governo do país. O impeachment representou a força da união de pessoas que manifestaram a insatisfação com um governo irresponsável, que criou uma crise política, econômica e moral no Brasil. E foi justamente esta crise que levou ao desemprego mais de 11 milhões de brasileiros. Mais do que nunca temos a certeza de que para sobreviver em tempos de crise, cada cidadão precisa buscar formas de sobressair e, é claro, otimizar a prestação de serviços. Uma boa saída é a organização em associações, por meio da união de ideias e esforços em busca de um só propósito. Foi com a percepção de economia solidária que a Associação dos Amigos de Goiás (AAGO) teve início em Rio Verde. O grupo elaborou um regimento que tem

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como propósito a proteção dos próprios veículos, por meio do sistema de divisão de prejuízos entre os associados, seja em casos de furto, roubo ou sinistros. A associação sem fins lucrativos busca única e exclusivamente a defesa dos interesses dos associados. Dessa forma, toda a renda das atividades é revertida para uma melhor relação entre custo-benefício e também em ações e demais trabalhos beneficentes em Rio Verde e região. Com o fortalecimento da AAGO, outras vantagens foram conquistadas, a exemplo de descontos em parceiros de diferentes áreas: odontológica, cinema, lava jato, postos de combustíveis. Neste viés, a organização em associações abre espaço também para o que chamamos de networking: fazer parte de um grupo amplia as suas redes de contato, possibilitando a troca de ideias, compartilhamento de informações e, é claro, a realização de novos negócios.

Por meio da prática da autogestão, todos os associados são convidados a participarem das assembleias e deixarem suas contribuições para o desenvolvimento da AAGO. Seguimos um modelo que dá certo e que já comprovou seus resultados: é a Associação dos Amigos de Santa Catarina, fundada em 2012 e com sede na cidade de Orleans. A cada novo associado percebemos o quanto o associativismo faz a diferença na vida daqueles que apostam nessa ideia. Nada mais é que uma prática social e política, em que todos decidem de forma democrática e coletiva os melhores meios de atenderem os objetivos comuns. As associações, assim como a AAGO, estão pautadas em cinco pilares: liberdade, democracia, criatividade, solidariedade e humanismo. São com esses propósitos que seguimos em frente!




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