JARDIM DE POESIA -ANTONIA VANTY VIRENA

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INDICE 1. Fracasso 2. Xô, solidão! 3. Vou vivendo 4. Voo do pensamento 5. Voltando ao pasado 6. Volta não há 7. Você e eu 8. Voar e ser feliz 9. Viver 10. Vivendo poesia 11. Viva melhor 12. Viva a vida12. Viva a vida 13. Viajar num sonho 14. Viajando no tempo 15. Viajando na melodía 16. Vento 17. Vendaval de emoções 18. Velhos tempos 19. Vai, Minh ‘alma 20. Vai- se a inspiração 21. Utopia 22. Tua sombra 23. Tua fotografía 24. Tu 25. Tristeza X Euforia 26. Terapia 27. Solidão calada 28. Só a você amei 29. Se você viesse 30. Saudades do que ficou... 31. Quando amo 32. Preservando o amor 33. Poetizando a vida 34. Paixão selvagem 35. Onde está minha poesia? 36. O tempo levou...


37. O Sonho Acabou 38. O homem que eu amo 39. Nota de falecimento 40. Imagem 41. Meu amor... minha vida 42. Loucura de amor 43- Insensatez 44. Fracasso 45. Eu e o vento 46. Esta sou eu 47. És tu minha poesia 48. Entrelinhas 48. Entrelinhas 50. E agora? 51. Dize-me... 52. Dias sem luz 53. Delírio 54. Deixa comigo 55. Dançando 56. Curvas do tempo 57. Contigo sou feliz 58. Confesso 59. Ciclo de vida 60. Busca 61. Até quando irá minha inspiração? 62. Assim é a natureza 63. Andanças 64. Amor platônico 65. Amor discreto 66. Amor de outono 67. Amor de almas 68. Ainda resta tempo 69. Agora sei 70. Meu jardim


PREFÀCIO Admirar e reconhecer um verdadeiro artista, vai muito além de ler e interpretar as suas obras, consiste em interpretar a própria pessoa enquanto artista, ser capaz de fazer um amplo e completo raio x de sua alma, compreender o que se esconde por trás de cada verso, o que há infiltrado nas brechas de cada poema, o que está enraizado em cada palavra, e é isso que fui capaz de fazer ao ler o primeiro poema desta artista, maravilhosa poetisa, que com seus versos, muitas vezes simples, tocantes e diretos (do jeito que gosto, diga-se de passagem), tem um impacto positivo em nossa alma, e assim como uma espada de dois gumes, divide para um lado a tristeza, e para o outro, emoção causada pela leitura dos versos, além disso, afagam nosso peito, como uma mão amiga que vem dar carinho e aconchego. Estes são os poderes mágicos da poesia de Antonia Nery Vanti, a Vyrena, quem os lê uma vez, nunca esquece e sempre estará buscando ler mais para saciar a sua sede, sede esta que é despertada logo que se dá o primeiro contato com sua fantástica obra. Junio Liberato Luz (Poeta) Taguaraçu /Minas Gerais



Biografia Antonia Nery Vanti (Vyrena), aquariana de 16 de fevereiro, casada, um casal de filhos e um de netos, reside em Porto Alegre. Possui dois livros solo: “Respingos de Sonhos” e “Soluços da Alma”. Um livro em conjunto com a poetisa Carmen Haddad: “Luzes da Alma. Participou de mais de 20 Coletâneas. Pertence à ALERS, Academia de Artes Literárias e Culturais do Rio Grande do Sul, ocupando a cadeira nº 58. – Patrono Graciliano Ramos , à AMCL Academia Mundial de Cultura e Literatura, ocupando a cadeira nº 66, Patrono Junio Liberato Luz e ao Parthenon Literário de Porto Alegre.Tem mais de 80 poemas publicados no Jornal Zero Hora de sua cidade

Editado por Rosemarie Parra


1. Fracasso Já que nosso amor Virou um fracasso Vamos logo fazer um trato Você vai saindo de mansinho Pela porta aberta que te acena E vai logo embora, sem fazer cena. Eu, por ti, não vou chorar, Minha maquilagem borrar Pelas falsas lágrimas Que iria derramar. Ah... e pretendo não mais te procurar! Cada um para seu lado, Sem lamentar o passado, Pois, se nele, deu tudo errado, O certo é seguir em frente, Acompanhar, da vida, a corrente, Sem tropeçar em falsos sentimentos. Viver somente o presente, Aguardando o que está pendente E, quem sabe, será bem diferente, Porque a vida é uma incógnita permanente.

2. Xô, solidão! Agora não sou só eu! Agora somos eu e você! Agora somos nós dois! A felicidade bateu À porta de minha alma, Convidei-a para entrar E comigo vir morar.


A solidão há muito tempo, Inquilina de meu ser, Fugiu enfurecidada... Para os lados Do não sei onde. Você, que, como eu, Era consumido pela solidão, Encontrou-me em seu caminho... Unimos nossos corações! Hoje, estamos unidos, Por nossos sofrimentos antigos, Tentando a superação. Nasceu, entre nós, um amor, Nunca antes sonhado, Pois vivíamos enclausurados Em dias de escuridão. Caminhamos abraçados, Pelos caminhos da vida, Com a confiança adquirida Longe da solidão. Seguiremos o destino, Como dois enamorados Que juntos encontraram a alegria Do amor e da paixão. Xô, solidão! Agora somos só nós dois, Celebrando nossa união.

3. Vou vivendo

Caminho abraçado à tristeza, Perdi o ânimo para viver. A solidão é, com certeza, A senhora de meu padecer. Meu mundo hoje é nublado, Perdeu-se no tempo a alegria A vida, de mim tem zombado,


Eu, que era feliz e não sabia. Vou vivendo, porque Deus quer, Enfrentando as correntezas, Meus sonhos são incertezas Que o tal destino requer. E, se o destino assim deseja, Vou fazendo a travessia Minh ‘alma não fraqueja, Mergulhada em fantasias. 4. Voo do pensamento Muitas vezes, Voo com o pensamento Vou até onde estás. Fico ali, a olhar-te. É o que me basta Para a saudade matar. Se pudesse, iria mais longe, Chegaria bem pertinho para te abraçar E, de ti, ficar juntinho. Sentir teus afagos, Apoiar-me em teus braços E, ali permanecer, Na paz de teu abraço, Olhar preso ao teu, Que me fascina, Faz-me sonhar acordada, Com longas noites de amor. Porém, são apenas desejos, Fantasias, de uma alma apaixonada, Que nunca irão se concretizar, Pois a distância que nos separa, Jamais será superada...


5. Voltando ao passado

Quando a solidão me abate, De mãos dadas com a saudade Enrosco-me entre os braços Das lembranças, Resvalo até o passado distante Onde a felicidade era constante Em minha alma de criança. Afoita, mergulho naqueles tempos De brincadeiras inocentes, Que só um coração de criança Consegue realizar. Ah... aqueles momentos de euforia, Onde tristeza não havia Para empanar as fantasias, Que a mente infantil criava. Mas, logo volta o presente, Com sua realidade, Acordando-me do sonho E da vã esperança De ficar definitivamente, Pertinho da felicidade.

6. Volta não há Seguindo a vida que passa, Ando lentamente pelos caminhos Pelos rumos que o destino traça, Mesmo emaranhado de espinhos. Vou andando devagarzinho. Para que pressa, Se o presente está pertinho E o futuro não m' interessa? Minha vida ao outono chegou, No passado verão fez seu ninho Primavera, há tempo, se deitou.


Do inverno, eu sei me avizinho, Rápido é o tempo que passa, Pra voltar nada há que se faça...

7. Você e eu Você é aquele Que eu procurei Andei pela vida, Um dia encontrei E, a primeira vista, amei O homem perfeito E bem do jeito Com que sempre sonhei, Que me abraça e me beija Que me ama e deseja Do jeitinho que sou. Não me critica, Aceita meus erros E diz...que também já errou. E ainda agradece o carinho E o amor que lhe dou. Que eu sou seu abrigo, Sou seu consolo, Seu bálsamo, Nos momentos de dor. Sou sua parceira, Sua companheira, Sou sua mulher Pra o que der e vier Somos eu e você... Somos você e eu... Somos... Somente nós dois!


8. Voar e ser feliz Voando com as asas de meus sonhos Chego até as estrelas Onde me banho em seu fulgor. Abraço a lua, com carinho, Pedindo a ela um pouquinho de sua magia, Para viver com alegria. Nas nuvens eu me deito Espreguiçando minhas fantasias. Daquele colchão alvo e tão macio, Olho para o mundo lá em baixo E penso: É aqui que devo ficar, Realizar meus sonhos, Viver minhas fantasias Escrever minhas poesias, Soltá-las ao vento, para que possam, Como eu, livres e felizes, Pelo universo, voar... voar...

9. Viver É escorregar pelo tempo, Atravessar estações Por veredas diversas, Por vezes sombrias, Por outras, plenas de claridade! É andar por pedregulhos, Por espinhosos caminhos, É atravessar jardins Perfumados de rosas. É deixar no trajeto, marcas. que a outros irão orientar. Deixar rastros de felicidade, Para alguém, feliz, um dia tornar! É viverem lindos sonhos Para depois recordar. É aceitar as derrotas


E as vitórias festejar. É sofrer com a dor Que o sofrimento nos traz! É chorar sonhos perdidos, As vitórias recordar. É lembrar-se de amores Que nos fizeram sonhar! É o desbotar do sorriso. É a nostalgia no olhar. É olhar com saudade O que ficou para trás! É envelhecer, quando o momento chegar! É esperar pelo fim, É saber aceitar. 10. Vivendo poesia No meu dia a dia Vou vivendo poesia Inspiração? Busco-a num dia ensolarado, Num jardim florido, No perfume das flores, Que no ar se aspira. Busco-a, também, Numa noite de lua, Num céu estrelado, Ou mesmo na noite escura, Iluminada pelos pirilampos. Busco-a até em minhas dores, Nas tristezas e nos dissabores. Em tudo que imagino De bonito, Vejo meu verso escrito, Com as tintas da fantasia E das horas de solidão, Que em mim habitam.


Sinto a poesia, Que me invade, nos dias tristes E, nas noites solitårias De meu caminhar pela vida. Em tudo, sinto Um tanto de poesia, Às vezes feliz, outras dolorida...


11. Viva melhor

Se a indecisão ofusca Teus sentimentos Cuida de mudar teus pensamentos, Pois, na verdade, virá à tona Aquilo que criares em tua mente. Procura viver alegremente, Que teus melhores sonhos Tornar-se-ão realidade. Melhores dias virão, certamente. Pensa positivo, Renega o lado negativo Despe-te da insegurança, Abraça firme a esperança. Segue confiante, teu destino. A esperança não será perdida. Ela mora dentro de ti E é tudo de melhor Que te oferece a vida...

12. Viva a vida

Não ande triste pela vida Ela nos foi dada Para ser intensamente vivida. Levante o queixo. Estufe o peito, Ande de cabeça erguida Não se encolha por vergonha Ou medo.


Olhe o céu, Admire o sol, a lua E as estrelas. É tudo tão belo na natureza. Encharque-se de chuva, Corra com a ventania Não sinta medo de enfrentar As intempéries do dia a dia. Colha uma rosa, uma margarida E presenteie a pessoa querida. Esqueça suas dores, Enfrente os dissabores. Corra atrás da felicidade Não perca tempo Com rancores. Atropele o tempo que voa. Não o desperdice com ninharias. Seja você mesmo Não queira imitar o vizinho. Sinta-se seguro Mesmo estando sozinho. Brigue com o destino. Seja feliz do seu jeito Sem ligar para críticas Ou preconceitos. Você só será verdadeiro Se aceitar suas virtudes E seus defeitos. Portanto viva Viva bem, de qualquer jeito.


13. Viajar num sonho Fechando os olhos... Quero viajar num sonho... Viver momentos de ilusão! Vagar por jardins floridos... Pisar o capim molhado... Voar como os anjos... Espiar o universo... Descobrir segredos...na sua imensidão! Procurar entender essa grandeza Toda a beleza... todo o encanto Que existe na natureza! E talvez...nessa viagem Entre o sonho e a realidade... Descobrir onde se esconde A tão almejada felicidade! Estará ela escondida Na beleza do desabrochar da flor? No revoar dos pássaros... À procura do amor? Na melodiosa orquestra dos grilos... Ou entre as estrelas que como diamantes brilham com tanto fulgor? Quem sabe... Na chuva mansa Que...como um véu... Despenca do espaço? Quando a encontrar Hei de guardá-la na bagagem Para distribuir ao mundo Ao regressar de meu sonho... E dessa longa viagem! 14. Viajando no tempo Vagando pelo tempo, Viajo nos meus sonhos. Vejo jardins imaginários, Vertentes de águas claras. Viajo na imaginação, Valorizo o que tive e perdi.


Visto a fantasia da Verdadeira felicidade e das Verdades de meu porvir. Vendados estiveram meus olhos, Viam, somente o que desejavam Ver, sem pensar nos espaços Verídicos, que teriam que percorrer. Vivendo só o presente, não Visavam o futuro, Vagavam, ao léu sem destino, Vasculhando na memória Verdades que haviam esquecido.

15. Viajando na melodia

Gaivotas. beijando o mar. Assim defino meus dedos, Deslizando pelo teclado, Extraindo dos bemóis E dos sustenidos, Das breves e semibreves, Mínimas e semínimas, Sonoras sinfonias Que se espalham pelo ar, Singram meus ouvidos, Aturdindo-me os sentidos, Tirando-me desse mundo, Transportando-me A um mundo onírico, Do qual nem penso em voltar, De olhos fechados, Perco-me em devaneios.


Viajo nas asas da harmonia Produzida pelas notas Que comparo a andorinhas, Planando no azul do céu. Meu corpo se desvanece! Só sinto a leveza da alma Que flutua, flutua, Ao sabor da melodia!

16. Vento O vento meu aliado Leva na garupa Cada verso que faço. A ele não tenho medo De contar meus segredos. Segue lépido e fagueiro, Corta o espaço infinito, Levando com ele Meus pedidos, meus apelos. Sabe o que tenho Dentro d'alma Dolorida e ferida Pelas agruras da vida. Vai, vento amigo, Espalha pelo universo Meus versos sem rima, Que contam nas entrelinhas De minha vida a sina.

17. Vendaval de emoções

Meus pensamentos quando incontidos Transportam-me a um mundo onírico A caminhos antes nunca pisados A um mundo encantado e lírico.


Um verdadeiro vendaval de emoções Adentra minh’alma solitária e triste Que imagina ouvir belas canções Que somente em devaneios consiste. Nesses momentos de insanidade, No trem da imaginação embarco, Visto a fantasia da felicidade, Para logo mergulhar na realidade. Vendaval de emoções, Que me induzem a como roleta girar, Tira-me do chão os pés, Faz-me voar... Voar... Voar. Perder a direção do real Retornando, sempre, ao mesmo lugar...

18. Velhos tempos

O pensamento voa. Assim como o tempo, É veloz e caprichoso! Traz à memória lembranças Do que estava esquecido Bem distante, no passado! Refletida no espelho do tempo Vejo-me novamente menina, Livre, sorridente, Cabelos, ao sabor do vento, flutuando. Saltitando por verdes campos, Tentando pegar passarinhos, Seus ninhos vasculhando Ou colhendo flores, De todas as cores, Que encontrava pelo caminho E fazia ramalhetes Que dava à mamãe, com carinho.


Multiplicam-se as lembranças Ao reviver minha infância Pelo tempo adormecido! Nas longas noites de inverno Ao pé do fogão à lenha, Lembro papai, de sua vida, Contando a história Que eu, sofregamente, bebia E guardava na memória! Quanta saudade Daquela época abençoada, Das brincadeiras do dia a dia, Da infância despreocupada Que o tempo, sem piedade Transformou em passado! Ah... Quão feliz eu era Naqueles tempos de outrora, Onde a alegria Mandava a tristeza embora! Morava lá a felicidade, Que eu, na minha inocência, Não compreendia. Oh Deus! Como eu era feliz E não sabia!

19. Vai, Minh ‘alma...

Como aprisionar Minh ‘alma, Se de enormes asas Ela é dotada, Para voar até o infinito Em busca da felicidade? Corre, alma minha, corre, Vai em busca de teu espaço! Voa, esperança voa, Acompanha, De Minh ‘alma, os passos.


Vai, Minh ‘alma vai, Não permite Que te impeçam De buscar esse tesouro Que se chama felicidade! Quando o encontrar, Conserva-o bem guardado Em um cofre blindado, Para não sofrer os estragos Do tempo Que corre desenfreado, Levando, em sua passagem, Muito dos bons momentos pouco a pouco conquistados! 20. Vai- se a inspiração

Até quando irá minha inspiração? Sinto que a estou perdendo. Cansada, ela voa para infinito, Esvaindo-se como o tempo. Não mais encontro o caminho Dos versos, Que antes fervilhavam Em minha mente. Vinham fáceis Como invisíveis vertentes. Nasciam de repente, Jorrando de meu interior, Frementes de anseios, De sentimentos. Encadeavam-se os versos Enfileiravam-se as rimas Em diferentes cadências. Voavam felizes, gerando fantasias, Que se transformava em poesia. Hoje, tudo está diferente, Já não sinto o prazer de antes,


Revelando o que sentia...

21. Utopia O amor que quero É aquele que comigo envelheça, Sem queixas, sem lamentos, Esteja comigo em todos os momentos Amenizando-me os sofrimentos. É aquele que comigo chore Na tristeza e na dor. É aquele que me console Com carinho e muito amor. É aquele que comigo se divirta Nas situações engraçadas É aquele que me ampare Quando me sentir cansada. E aquele que comigo caminhe, Mesmo entre pedregulhos. É aquele que, na estrada da vida, Me acompanhe e de mim sinta orgulho. É aquele que aceite sem críticas, Meus erros e meus defeitos. É assim, o amor que eu quero, Para sempre junto a meu peito. 22. Tua sombra Teu amor é como a sombra Que me acompanha Onde quer que eu vá... Por mais que me esconda, Ela estará sempre lá, Rondando meus sentimentos, Infiltrando-se em meus momentos De solidão. Sem resultados, Já tentei afastar-te de mim,


Mas, o teimoso coração, Continua acelerado A cada pensamento Que se refira a ti. Necessito apagar tua sombra, Afastá-la de mim para encontrar a paz E conseguir, ser eu mesma, Outra vez...

23. Tua fotografia Na mesa de cabeceira, Tua fotografia me sorri, Parece até que murmura, Aquelas promessas e juras, Que, tantas vezes, Escutei de ti! Oh!... Essa imagem inerte, Sem vida, Que não cessa de sorrir, Desperta, em mim, fantasias Que não me permitem dormir! Parece-me ouvir teus passos, Que de mim se aproximam. Até sinto teu perfume, Seguido de teu abraço E do demorado beijo, Que bem sabias Acordar em mim o desejo E nele ficar perdida! Fecho os olhos para não ver o que sei ser irreal. Viro e reviro no leito, sinto um aperto no peito, a dor da saudade me invade. Jamais senti algo igual!


24. Tu Tu, que seguravas minha mão, Secavas minhas lágrimas Nos momentos de dor. Tu que me consolavas Com carinho, com amor, Tu, a quem eu revelava, Sem pejo, Meus segredos, Meus mais íntimos desejos, Meus sofrimentos E meus medos, Tu, que para mim eras tudo. Nos momentos de solidão E melancolia Eras meu escudo. Hoje, não te vejo mais Partiste para o além, Numa viagem sem volta Foi assim que te perdi Para a distância infinita! Sem ti, encontro-me perdida No deserto da solidão, Tendo por companhia, Somente a saudade Que rói, sem piedade, Meu dolorido coração!

25. Tristeza X Euforia Há dias em que me torno distante Adentro na escuridão dos meus ais, Perco minhas ilusões. Viajo para longe de mim. Nesses momentos torno-me distante Não creio em mais nada Sem um futuros bonito. Só vejo sombras na minha caminhada Dias escuros, sombrios Mesclados de melancolia


Mas, de repente, tudo muda Como se um milagre acontecesse. Volta-me a energia, Retorno a mim mesmo, Como sempre, com minha alegria, Vontade de viver, Ser feliz, Enterrando aqueles tristes momentos. Não penso mais em desgostos, Desilusões, Tudo dentro fica diferente: Sou toda euforia, Volto a acreditar no amor, Na esperança de melhores dias. Agasalho-me com o cobertor da fé E sigo adiante meu caminho. Deve ser a mão de Deus Que pousa sobre mim, Ou mesmo seu abraço, Que recebo, sem perceber, Devolvendo-me a energia E a vontade de viver!


26. Terapia Sairei por aí, sem destino, Sem pensar onde vou, Afastar-me-ei para bem longe Das mágoas e dissabores. Apreciarei a natureza Com suas tantas belezas, Que por muito tempo Deixara de notar. Hoje, pressa não terei, Andarei por aqueles caminhos Que há muito já percorri, Mas que de voltar esqueci. Verei flores desabrochando, Seus perfumes exalando, Perfumando o ar. Ouvirei os pássaros cantando, O marulhar das águas do riacho, O som excitante, ao nas pedras chocar. Apreciarei o esvoaçar das borboletas E, até mesmo, o zumbir das abelhas Que, em enxames, mudam de lugar. Isso tudo só me causará alegria, Espantará a melancolia, fará a alma vibrar. Depois de apreciar isso tudo, Quem não voltaria com a mente lavada, Esquecida das dores, Que para trás havia deixado? É isso que acontece comigo Quando saio por aí sem rumo, Para uma terapia Da agonia das dores.


27. Solidão calada Prefiro viver na solidão Calada, Onde adormeço Meus sonhos, Onde guardo Meus silêncios Onde me sinto segura. Ali agasalho minhas vontades Escondo meus medos Junto a meus segredos. Ali guardo também minhas Saudades É ali, que esqueço Da vida as amarguras E acaricio a felicidade. Prefiro estar só Do que mal acompanhada: Acompanhada da dor, Do sofrimento E das lembranças que tento esquecer, Mas que teimam em retornar E que me fazem sofrer. Prefiro, sim, a solidão calada, Num mundo só meu, Onde curo minhas feridas, Onde existe felicidade...


28. Só a você amei Há muito tempo atrás, Vivemos horas de paixão, Perdidos num sonho de amor. Mas, um dia, de repente, Você não mais me procurou. Partiu, sem uma explicação. Enterrei-me em minha solidão, ferida pela desilusão. Chorei lágrimas sentidas... Você saiu de minha vida, Mas não de meu coração... Quando já sem esperança, A juventude acabando, Você volta pedindo perdão, Dizendo que não me esqueceu E que sempre me amou? Suplica por meu amor, Implorando que eu o ame Mais uma vez? Não , isso não posso fazer. Como voltar a amar alguém, Que nunca deixei de amar? Você nunca foi esquecido, Só e sempre, a você amei. Está em mim encravado, Desde aquele passado, Que o tempo não soube apagar.

29. Se você viesse

Se você viesse... Ah... se você viesse Para estar comigo e me amar, Dar-lhe-ia o que quisesse, Faria as suas vontades Viveria fora da realidade, Tudo faria para você ficar. Se você viesse, Trazendo na sua bagagem


Amor, ternura e carinho Nem imagino O quão feliz eu seria! Se você viesse... Ah... Se você viesse! Jogar-me-ia em seus braços Sem me importar Com leis ou princípios Com moral e preconceitos. Amá-lo-ia do meu jeito E do jeito que você quisesse. Se você viesse, Eu o enredaria Numa teia de carinho Que, por mais que você tentasse, De meus braços não fugiria. Ah... Se você viesse...

30. Saudades do que ficou...

Inda guardo na lembrança Nossos encontros fortuitos, Nossos loucos abraços, Nossos beijos molhados! O pouco tempo que tínhamos, Os minutos contados! As carícias ousadas, O amor louco que sentíamos, Deixando-nos alucinados! As horas sofridas, O anseio do reencontro, O desejo que denunciava Nos olhares apaixonados, Nos dedos entrelaçados, Apertados! A volúpia da total entrega, O tremor de nossos corpos Antecipando o prazer De dar e receber!


As horas de loucura, De amor, de ternura, De encanto e de glória! Aqueles instantes roubados, Tão distantes, no passado, Tão presentes na memória.

31. Quando amo Quando amo... Entrego-me Completamente. Jogo-me de cabeça Nesse sentimento. Não calculo medidas... Não me prendo A nenhum preceito. Quando amo... Amo apaixonadamente! Quando amo... Minh ’alma Entra em transe... Viajando Em devaneios. Meus desejos Mais íntimos Afloram Sem preconceitos. Satisfaço todos Os meus anseios! Quando amo... Transformo-me Em carinho. Sou toda meiguice Para com meu amado! Sou abraço... Sou beijo... Sou fogosa... Ardente... Dengosa. Sou mulher fêmea, Sou o sabor do desejo... Com cheiro de pecado!


32. Preservando o amor Guardo teu amor, nos confins de meu ser, Não quero que ninguém o tire de mim. Teus beijos guardo nos recantos da memória Para um dia, se não mais os receber, Possa com eles sonhar E, quem sabe, fazer nosso amor ressuscitar. Esse amor lindo e terno que vivemos, Não pode se perder por aí, Precisamos preservá-lo alguma maneira E, nada melhor que enclausurá-lo, Algemado , nas celas do coração. Lá ele estará seguro, Poderemos relembrá-lo com carinho, Com a emoção com que o vivemos E, que ficarão para sempre gravadas, Em nossos mais íntimos sentimentos E, jamais desaparecerá, De nossas recordações. Não esqueça nunca De como fomos felizes, Numa época abençoada, Onde o amor existia de verdade, E, quando em nós desabrochava, Mergulhávamos na felicidade!


33. Poetizando a vida

Vive a vida bem vivida Ela não é eterna... Curte-a enquanto podes. Faz dela um poema, Usando a caneta da esperança E o papel da inspiração. Uma bela pintura, Use as tintas dos bons sentimentos E os pincéis do coração. Não te entregues a ressentimentos, Ódio ou amargura. Não te apegues ao luxo, Viva com decência E simplicidade. Assim terás encontrado A verdadeira felicidade! No dia em que partires, Deixarás com quem conviveste, Não ódio, inveja ou rancor Mas sim uma grande saudade!

34. Paixão selvagem Essa paixão avassaladora, Encantadora e, ao mesmo tempo indecente Encravou-se de um tal jeito, Como dentes pontiagudos, Acordando sentimentos Guardados há tempos no peito.


Paixão que chegou de roldão Perigosa no seu descontrole Pegou-nos desprevenidos Incendiou-nos os sentidos Chegando quase à indecência Foi logo se infiltrando Nem moral ou princípios respeitando Tornou-nos incautos amantes Paixão selvagem Que nos faz perder a razão: É loucura, insensatez, Que nos leva ao pecado, Pois pecamos por querer Querer o que não podemos Mas, que a excitação nos leva A agir com o instinto De verdadeiro animal sedento. Entregamo-nos por inteiro A essa selvagem paixão A esse amor incandescente, Que nos torna pecadores, Felizes, embora indecentes.

35. Onde está minha poesia?

Voou minha inspiração! Perdeu-se entre nuvens negras Da desilusão. Não a encontro mais para minhas rimas. Meus versos que já eram quebrados. Mais quebrados ainda ficaram.


A fantasia, constante companheira, Que fazia parte de meu dia a dia, Tomou rumo desconhecido. Desencontram-se os sentimentos, Dispersam-se os pensamentos. O romantismo, Minha marca registrada, Desapareceu repentinamente, Deixando-me com a alma vazia A vagar sem rumo Nas ondas desse caos Que em mim se instalou. Onde está minha poesia, Receptáculo de meus sonhos, De minhas ilusões? Onde está minha poesia, Que em silêncio ouvia Minhas lamentações?

36. O tempo levou... Em meus pensamentos Carrego Um mundo de lembranças De meus tempos De infância e de juventude, Quando tudo era alegria, Festas... euforia. Lá não havia tristeza, Ou melancolia. E, se algo assim, aparecia, Por pouco tempo permanecia. A gente os escondia


No baú dos maus pensamentos Tudo lá ficava, trancafiado, Sem ter saída, Para nos atormentar, Atrapalhar-nos a vida, Roubando-nos a alegria de viver. Momentos de outrora, Que não mais voltarão, Pois o tempo malvado, Passou, como sempre, Voando, apressado, Levando tudo de roldão.

37. O Sonho Acabou Que amor era o teu Que só soube enganar, Só soube fingir, brincar, fugir? Abraços fingidos, beijos mentirosos, Juras sussurradas, sem nenhum valor! Eu acreditei, por isso te amei, Fui tua, pensando que eras meu! Meu amor foi imenso, puro... sincero Como um rio, caudaloso! Como o céu, infinito! Como o mar, misterioso! Como o sol, foi tão quente! Como o luar, tão bonito! Quanta loucura, quanta ternura!


Depois, a tortura, a amargura. Do teu adeus! Dos carinhos, nada restou! Os beijos, os abraços, as palavras, O vento arrastou! Hoje não resta mais nada, O lindo sonho acabou!

38. O homem que eu amo O homem que eu amo Sei que não é perfeito, É cheinho de defeitos Mas, quando aconchegado A meu peito, É delírio, é emoção, É fogo que incendeia Corpo, alma e coração. É licor que me embriaga, Que atiça meus desejos. Faz-me arder de paixão. Com defeito ou sem defeito É a ele que me entrego Nas noites de inverno ou verão. É por ele que vivo, De meu viver, ele é a razão.

39. Nota de falecimento Faleceu há poucos momentos a solidão que vivia em mim. Foi levada pelos ventos


Para o universo sem fim. Sem velório, sem anúncios, Foi-se pra não mais voltar, Deixando em seu lugar, De felicidade vários prenúncios. Não senti remorso nem dor com sua repentina partida, Pois encontro-me protegida Por um infinito, grande amor Que a meu coração deu guarida E a minha vida mais sabor.

40.

41. Meu amor... minha vida Transformou-se minha vida Desde o dia em que te conheci. Solidão e incerteza Eram minha companhia Antes de ti. Como um raio de sol, Surgiste, Para iluminar-me a vida, Pintando-a com as cores


Da esperança de ser feliz Que já havia perdido! Por isso te amo Com um amor desmedido. Teu amor é meu sopro de vida! És tu o ar que respiro! Sem ti, Não saberia continuar vivendo És, de meus dias, A esperança e a alegria! És minha força Para continuar lutando, És o estímulo, És o alento De que estava precisando, Para livrar-me da descrença Em que estava perdida! És meu tudo, Meu sempre! Serás meu futuro, Assim...como agora, És meu presente! És, enfim, Minha própria vida! 42. Loucura de amor Ao olhar o céu, nas estrelas me enlevo, Parece-me ver, nelas, teu olhar refletido. Sinto a alma tremer, penso o que não devo, Só por desejar-te, o pecado foi cometido. Procuro-te em toda aquela que vejo, Encontro-te naquela que mais resplandece, Aí, então, reacende-se o desejo, Meu corpo inteiro estremece.

Esse amor até loucura parece, Por deixar-me levar pela fantasia. Meu olhar para ti nela se engrandece E minha demência nela se extasia.


Como escapulir desse louco sentimento, Que me causa tamanho anseio? Penso em ti a cada momento, És meu eterno amor, meu enleio..

43. Insensatez Na insensatez desse amor Que me alucina, Faço loucuras, Jamais por mim imaginadas. Infiltro-me nos caminhos Do pecado, Sem encontrar uma saída Para essa alucinação Dos sentidos, Que me tira a razão, Leva-me a rumos desconhecidos, Aos quais jamais deveria chegar. Se creio nos bons princípios Porque, deles, devo me afastar? Necessito encontrar o caminho de volta, Esquecendo essa louca paixão, Redimir-me dos erros cometidos, Em nome desse louco amor, Que só causa, sofrimento, dor E arrependimento Pelos atos inconsequentes, A que me deixo levar. Só o que me resta, se quiser, Mesmo mudar, É a Deus, pedir perdão, Ajoelhar-me e rezar!

44. Imagem


45. Eu e o vento Abraço-me ao vento, Com ele voo pelo universo, Esqueço meus ais, As dores e o sofrimento. Vou pra onde ele me levar Seja céu, terra ou mar, O que mais desejo é, Com minha solidão, acabar. Deixando pra trás os dissabores Dos dias insípidos, que passam, Levando com eles meus amores E as emoções que me enlaçam.

Quando sinto, do vento o chamado, Voo nas asas de meus sentimentos, Para estar com ele a mim enlaçado,


Ficar com ele, mais uns momentos. O vento, meu grande parceiro, Aceita, com calma, meus lamentos. Se o chamo, vem lépido e faceiro Porque entende meu desalento... Ele dá força a meu viver, É soberano, inteligente; Leva-me nos braços, sorridente, Porque, feliz deseja me ver...

46. Esta sou eu Quando escrevo, Perco-me no mundo Da fantasia. Às vezes escrevo besteiras Em outras, sigo a realidade O preto mancha o branco Com meus ais De solidão ou saudade. Choro os sonhos desfeitos Glorifico os realizados, Aplaudo os bons sentimentos Que rolaram em minha estrada, Corro atrás do verdadeiro, O falso, enterro Na tumba dos esquecidos. No coração não guardo mágoas, Afogo-as no mar do perdão. Fraquejo nas dores do corpo, Nas da alma sou resistente, Não as sinto por muito tempo, Jogo-as para o fundo da mente, Sufocando-as para sempre...


47. És tu minha poesia Se tu não existisses, Onde estaria De minha existência, A magia? O porquê de minha vida Vazia? Seria eu, Um ser solitário, Sem sonhos e fantasias. Feneceria, em mim, A inspiração, Que alimenta meus dias, Se não tivesse Teus lábios, Rimando minhas poesias. Tua voz é, para mim, Melodia Que acaricia E enche de beleza E ternura meus dias. Se não existisses, Eu não mais saberia Como escrever um poema, Regras e rimas, esqueceria, Porque, és tu, Minha eterna poesia.

48. Entrelinhas


É nas entrelinhas Que digo o quanto te quero, Revelo-te meus segredos E meus tantos medos. É nas entrelinhas Que demonstro, por ti, Meu desejo, A sede de teus beijos E outras tantas coisas, Que a outros omiti. É nas entrelinhas Que, sedentos de amor, Minha alma e meu corpo A ti entrego. A ti confesso O que a ninguém confessei. A ti manifesto Loucuras e fantasias, Que jamais realizei. A ti, somente a ti, Nas entrelinhas...

49. Entregue

Você é fogo que arde, É vinho que me embriaga. Só você me faz vibrar Com palavras insinuantes, Que penetram meus sentidos, Fazendo-me enlanguescer. Você é a droga que me vicia, Faz meu corpo estremecer


Com suas palavras macias, Que insinuam deleites, Que me fazem sonhar, Ter desejos frementes Cuja existência eu não conhecia. Você muda meus rumos, Mostra-me novos caminhos Que nunca, percorrer, eu imaginaria. Você é a droga atrevida Que entrou em minha vida, Mudando meus conceitos De moral e retidão, Que leva às raias da ilimitada paixão. Você me rouba a decência Despe-me do livre arbítrio, A você me entrego, Sou sua propriedade Sem chance de evasão.

50. E agora?

Recostada no leito do quarto Em penumbra, Espio teu vulto que, aos poucos, Com aquele teu jeito De menino atrevido Que de cor já conheço. Sei que me olhas, adivinho, Estás sorrindo.

Já debaixo do cobertor logo sinto teu calor E, quando me tocas, estremeço... Gemo... Enlouqueço...


E, nesse turbilhão de emoções, Abraço-te e beijo! Entrego-me à doçura dos carinhos teus! Tudo mais esqueço! Estou em teus braços, Transformada em desejo. Nem mais sei o que faço! Sinto frio, de repente. Onde está teu corpo quente? Que é de teu abraço? Foi sonho... Tudo falso! Em desilusão me desfaço! E agora, como me refaço?

51. Dize-me... Dize-me, por favor, onde não estás, Para que eu não vá lá te procurar. E, por onde quer que vás, Não me contes, só Irás me maltratar. Não quero perde-me em fantasias, Por isso, dize-me onde posso não te ver. Perdi da vida, toda minha a alegria, Mas já consigo sem ti viver? Se de ti não devo guardar lembranças, Dize-me, onde posso dormir sem te lembrar? Se preciso viver sem nada de esperanças O que faço, se um dia te encontrar? Vivo só, sem ti há muito tempo. Vou levando a vida, assim à toa. Preciso encontrar, em algum momento, Um jeito de relembrar, sem que me doa...

52. Dias sem luz


Não encontro mais os Canteiros, onde Semeava meus versos, Que saiam de minha Alma quando era feliz E Iluminada de amor. Devo tê-los perdido Pelos caminhos da Desilusão, Por onde tenho passado Nesses dias Desencontrados, Sem nenhuma luz A iluminar minha inspiração. Espero que uma nova luz Surja em meu coração E devolva com redobrada Força minha inspiração perdida E, com ela, venha A alegria de reencontrar Meus canteiros de versos, Enterrados no tempo.

53. Delírio Perdida no teu abraço Sinto o corpo vibrar. É o amor que chegou para ficar Dando a minha vida mais cor e espaço. Se estou em teus braços Esqueço o mundo lá fora Só vejo diante de mim teus traços Perco a noção das horas. Entrego-me a sonhos devassos, Deliro em desejos insanos, Flutuo no tempo e no espaço, Esqueço dias, meses e anos. Que te amo com delírio, confesso.


Até esqueço os amores de outrora. Confia em mim, te peço: Para mim, só existe o agora.

54. Deixa comigo Se um dia você partir, Deixa comigo algo de ti, Mesmo invisível, mas que Eu saiba que está ali. Pode ser teu perfume, Tua essência, seja o que for. Será sempre uma lembrança De teu amor. Se quiseres deixar algo concreto, Deixa uma fotografia, Com aquele sorriso bonito, Que por demais me fascina E faz-me sorrir também. Deixa um pedacinho de teu viver, O palpitar de coração, Que será como ouvir, Do amor a mais bela canção. Deixa comigo Qualquer coisa pra eu recordar. Deixa tua lembrança, Pra em minha alma morar Só não me deixe sem nada, Seria maldade tua, para comigo , Que demasiado te quero E vivo para te amar...

55. Dançando


A mágica melodia Romântica, toda harmonia Penetra nossos ouvidos, Hipnotizando nossos sentidos. O ritmo caliente, Convida a nos enlaçarmos E sairmos dançando, A passos lentos, pelo salão Quase vazio. Enlaçados, rostos colados, Corpos apertados, Ofegantes, Perdidos de paixão... Coração batendo acelerado Em ritmos desencontrados, Embalamo-nos De olhos fechados, Sem sairmos do lugar! É como se o tempo tivesse parado! Estamos soltos no espaço E, como almas enamoradas, Voamos nas asas da canção! Ninguém e nada mais veem, Somos só os dois e nossa emoção!

56. Curvas do tempo Foge de mim a inspiração, Penso e repenso Em sobre o que escrever: Nada vem à tona. Devo estar sendo abandonada Pela poesia, Ou eu a estou deixando De lado. Eu, que era fã. Dos poemas românticos, Já não os leio com O mesmo entusiasmo de antes.


Enroscou-se Em mim a apatia, Nada mais me atrai, Daquilo que antes me atraia. Sinto-me vazia, Despida de sentimentos, Não sou mais aquela Que, em lágrimas, se desfazia, Ao ler uma bela poesia, Sentindo o que o poeta sentia. Perdi-me nas curvas do tempo, Não encontro mais o caminho, Que me levava até o romantismo, Onde me perdia, inventando poesia.

57. Contigo sou feliz Porque meu hoje é feliz? Porque me tiraste do ontem Onde eu mergulhava em ondas De sofrimento, mágoa e solidão. Foste chegando de mansinho... Com meiguice e carinho Enchendo-me de esperança Num futuro de calmaria Felicidade e alegria.

Da memória Apaguei o passado Mergulhei nesse presente iluminado


Um regalo ofertado por ti E, que deslumbrada, recebi, Sentindo-me, amada, Querida, desejada. Meu hoje é diferente, Porque te amo imensamente, Nada mais para mim importa A não ser amar-te E fazer-te feliz, tão intensamente, Quanto tu o fazes a mim...

58. Confesso Confesso que amo e desejo Aquele a quem não devo. E peco por estar amando A quem sei que me é proibido. Como Eva, estou pecando Ao viver nesse paraíso Por mim idealizado, Provando a todo instante O fruto que me é negado. Confesso Que, mesmo de meu erro, Estando ciente E da lei Divina ser temente, Continuarei amando, Enquanto meu coração bater E a vida, em mim, Continuar latente.

59. Ciclo de vida A vida Não é uma experiência sofrida.


É, isto sim, Uma aventura Uma viagem com inesperadas Surpresas. Ninguém chega ao mundo Com um manual de sobrevivência. A experiência, Aos poucos, vai surgindo E nos indicando O caminho a seguir. Inicialmente esse caminho Poderá ser árduo Com vários impecílios, Difícil de prosseguir, Mas que, aos poucos, Com coragem e perseverança, Iremos vencer. Por ele seguiremos, Até que nossa jornada, Nosso ciclo de vida chegue ao final.


60. Busca Nas noites de insônia, Em meu leito de solidão, Com os olhos abertos,. Procuro teu vulto Na densa escuridão! Inutilmente te chamo Em pensamento! Insegura, te busco Dentro da saudade Que mora em meu peito. Ilusão de meus sentidos, Que se acham perdidos Nas profundezas da imaginação! Jamais foste meu, Nem eu fui tua

O tempo vai passando, A juventude acabando E nossos destinos Cada vez mais distanciados, Perdem-se na amplidão! Sonho contigo, somente. Um sonho sem esperança De realização. Um sonho que morre, Pouco a pouco, Dentro de meu coração!

61. Até quando irá minha inspiração? Até quando irá minha inspiração? Sinto que a estou perdendo. Cansada, ela voa para infinito, Esvaindo-se como o tempo.


Não mais encontro o caminho Dos versos, Que antes fervilhavam Em minha mente. Vinham fáceis Como invisíveis vertentes. Nasciam de repente, Jorrando de meu interior, Frementes de anseios, De sentimentos. Encadeavam-se os versos, Enfileiravam-se as rimas Em diferentes cadências. Voavam felizes, gerando fantasias que eu transformava em poesia. Hoje, tudo está diferente, Já não sinto o prazer de antes, Revelando o que sentia...

62. Assim é a natureza Ontem, O dia se deitou emburrado... Em nuvens negras, embrulhado. A noite surgiu vestida de negro, Tal viúva, desfilando seu sofrimento. Não demorou, o céu deixou escorrer Um rio de lágrimas, Que penetrou a terra num estupro violento. O vento uivando, lobo faminto, Enchendo de pavor o arvoredo, que tremia, numa dança desenfreada. De repente, a chuva amainou, O vento escondeu-se envergonhado Sob as saias de uma leve brisa.


Hoje, o dia despertou lindo, Igual moça bonita, Sorrindo para o namorado. O sol, radiante, Brilhando mais que diamante lapidado. Assim é a natureza, Mulher caprichosa fazendo o que quer Sem pensar se é certo, ou errado.

63. Andanças Nas noites de insônia, Em que fico a rolar na cama, Olho para a janela e penso: Porque não possuo asas, Para voar como o vento?

Poderia sair por aí, Com toda a liberdade, Visitar jardins floridos, Aspirar o perfume das flores, Apreciar a beleza da rosa Do jasmim, das margaridas... Deslizar entre o arvoredo, Ver todos aqueles verdes Que moram na natureza... Planar sobre os mares, Admirar a dança das ondas, Aspirar o odor da maresia. Depois subir até o céu, Banhar-me no brilho da lua Colher punhados de estrelas Para iluminar, da volta, o caminho... Ver o sol despontando,


Mostrando toda beleza Que tem um dia nascendo... E, ao regressar, De minhas loucas andanças, Guardaria em segredo, Aquilo que vi e senti, Na gaveta das lembranças... Ah... mas isso é utopia Puramente fantasia, Imaginação de poeta Tentando escrever poesia...

64. Amor platônico

Para amar-te Não preciso olhar-te Não preciso de ti por perto Amo-te na distância Que separa nossos corpos Mas, que nunca irá separar Nossas almas e nossos corações Mesmo sem ver-te Posso sentir teu amor no ar Que respiro No gorjear de um pássaro No marulhar das ondas do mar. Sinto-te Até mesmo no sol que desponta E infiltra-se em meu quarto, Todas as manhãs.


Com o pensamento eu te abraço, Aconchego-me a ti Sinto teu cheiro, vindo de longe, De mãos dadas com a brisa refrescante E que me embriaga De desejo . Desejo que satisfaço Em meus sonhos noturnos Quando me enrosco em teus braços. Mesmo à distância Somos um só em nossa dolorida, Solitária paixão Em nosso platônico amor.

65. Amor discreto Amor de minha vida, Se queres dizer que me amas Fala ao pé de meu ouvido, Dize isso, bem baixinho, Não espantes o passarinho Que ama, também, no gramado. Sê discreto, não faças alarde Vem, abraça-me apertado, Faze vibrar minha alma Mas, tudo em silêncio, com calma. Fecha, devagar, as cortinas, Não chamemos a atenção De passantes curiosos, Pois o amor é sempre invejado,


Necessita de todo cuidado...

66. Amor de outono Numa tarde cinza de outono, Surgiste na minha vida. Foi uma tarde encantada, jamais por mim esquecida. Folhas amareladas Enfeitavam o chão E, nelas tu pisavas , Sem prestar atenção Só tinhas olhos para mim, Assim como eu para ti.

Ah... como eras lindo, Vindo em minha direção, Com teu porte garboso Encantou-me, enfeitiçou-me Perdi-me de paixão. O outono trouxe-te até mim E, desde então, Nosso amor não teve mais fim!

67. Amor de almas Em meus dias solitários e tristes, Peço ao vento que me leve a teu encontro, Busco-te no perfume das flores, Nas águas claras do riacho, No dia quando morre,


Cedendo lugar à escuridão da noite. Com certeza, estás ali, oculto Nas sombras, também a me procurar, Porque nosso amor é mútuo É especial Amor de almas, não só amor carnal. Basta para nós estamos juntos Sem precisarmos nos tocar. A brisa acaricia-me as faces, Sinto-te ali, tão próximo Será tua alma a tocar minha Com a suavidade de um beijo Celestial? Serás para sempre meu abrigo, Estejas tu onde estiveres. Minha alma será sempre tua E, espero que a tua, Também seja minha...

68. Ainda resta tempo O vento da lembrança Chega até mim, Causando-me arrepios Fazendo-me sentir saudade Daquilo que sonhei, Para minha vida desejei E que ficou para trás, Sufocado pela penumbra Do tempo. Mas a noite fria e chuvosa, Espiando pela vidraça De Minh’ alma, Queda-se deslumbrada, Ao ver o brilho da esperança Que dentro dela cintila, De que os sonhos perdidos


Encontrem uma brecha Luminosa, ressurjam das cinzas Do passado, Voltem para mim e se realizem enfim! Ainda resta tempo Para ser feliz!

69. Agora sei Agora sei O que é amar de verdade... Viver esse sentimento Entregar-se a uma paixão! Ao mesmo tempo sentir Felicidade E melancolia! De alegria... Chorar com a chegada... Na partida... Gemer de aflição! Agora sei o que é sentir saudade! Descobri que a ausência Faz doer o coração! Agora sei Quão longos os dias são Sem a amada presença... e a mágoa profunda Que causa a separação! Agora sei o que é sofrer por amor... Sentir-se sozinha... perdida... Lambendo as feridas... Sem encontrar paliativo Para acalmar essa dor! Agora sei Como dói a solidão!


70. Meu jardim Quando entro no meu jardim Busco o perfume das flores, Corro atrás das borboletas, Embrenho-me na ilusão, De, também, encontrar. Perfeitos amores. Fujo da falsidade Desvio-me dos espinhos da roseira Só quero colher as rosas E guardá-las com carinho Junto às jardineiras. O perfume dos jasmins Entontecem, inebriam. Os cravos também fazem parte De meu passeio entre os canteiros. Espio o beija-flor Esvoaçando de flor em flor Com beijos, sugar seu néctar E fugir lépido e faceiro. No jardim de meus sonhos Existe tudo que almejo, Borboletas, beija-flores... Até mesmo insetos bisonhos.


FIM




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