Fim

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Sumário: 2012 e o fim do mundo .................................................................................... 02 A cadeira que nunca sentarei.......................................................................... 04 O fim do mundo de Anita ....................................................................................... 04 O fim do mundo de Alice ........................................................................................ 05

A profecia .......................................................................................................... 06 O fim do mundo de Rodrigo .........................……....................................…….…....... 06 O fim do mundo de Almerlinda .......................................………............................... 07

Amou daquela vez como se fosse a última ou Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir ............................................................................. 08 O fim do mundo de Adalberto ...........................………………………............................ 08 O fim do mundo de Cacilda ..................................……….......................................... 09 O fim do mundo de Iulla ......................................……….......................................... 10

Os fins do mundo ............................................................................................... 11 O fim do mundo de Daniel ..................................................................................... 11 O fim do mundo de Luiza ....................................................................................... 12

Tudo e nada mudam ........................................................................................... 13 O fim do mundo de Luccas .................................................................................... 13 O fim do mundo de Thiago .................................................................................... 14

Finito + 01 = ao primeiro .............................................................................. 15 O fim do mundo de Taiane ..................................................................................... 15

O novo mundo de Taiane ....................................................................................... 16

Destinare ............................................................................................................ 17 O fim do mundo de Tainah ..................................................................................... 17

Editorial .............................................................................................................. 18 Como participar .................................................................................................. 18 Ficha Técnica .................................................................................................... 18


2012 e o fim do mundo:

Mexicanos temen que terremoto sea prelúdio de profecia maya Os muchos mexicanos han entrado en pânico por el reciente terremoto, pues temen que em verdad se cumpla la temida profecia maya. Según esta predicción, vários cataclismos golpearán a la tierra este año, hasta el 21 de diciembre em que se terá el final de um ciclo de 5125 años. Este anuncio há generado el interes de miles de turistas para ser testigos del “fin del mundo”. Lima, miércoles 21 de mars – Nuevo ojo

Muitos mexicanos têm entrado em pânico pelo recente terremoto, pois temem que na verdade se cumpra a temida profecia maia. De acordo com esta profecia, vários desastres golpearão a Terra este ano, até o dia 21 de dezembro em que se terá o final do ciclo de 5125 anos. Este anúncio tem gerado o interesse de milhares de turistas para testemunharem o “fim do mundo”.

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Mexicanos temem que terremoto seja prelúdio de profecia maia

Florianópolis - 21 de dezembro de 2012

Lima. Quarta-feira, 21 de março de 2012 – Nuevo ojo

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Profecia de Chilam Balam, que era cantor na antiga Mani Boa é a palavra de ânimo, Pai. Entra em seu reino, entra em nossas almas o verdadeiro Deus; mas abrem ali seus laços. Pai, os grandes cachorros tragam os irmãos, escravos da terra. Murcha está a vida e morto o coração de suas flores, e os que introduzem sua vasilha até o fundo, e os que estiram até rompê-lo, danificam e sorvem as flores dos outros. falsos são seus reis, tiranos em seus tronos, avarentos de suas flores. De gente nova é sua língua, novos seus assentos, suas vasilhas, seus chapéus. golpeadores do dia, afrontadores de noite, magoadores do mundo! Torcida está sua garganta, entreabertos seus olhos; frouxa é a boca do rei de sua terra, Pai, o que agora já se faz sentir. Não há verdade nas palavras dos estrangeiros. os filhos das grandes casas desertas, os filhos das grandes casas desertas, os filhos dos grandes homens das casas despovoadas, dirão que é certo que eles vieram aqui, Pai.

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Que profeta, que Sacerdote, interpretará retamente as palavras destas escrituras? LEON PORTILLA, Miguel. A conquista da America Latina vista pelos índios : relatos astecas, maias e incas. 2. ed. Petropolis: Vozes, 1985. 143p

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A cadeira que nunca sentarei O sol estava se pondo e, apesar do verão do dia 21 de dezembro, nesse fim de tarde me envolvia um vento gelado. Sentado sob a pedra que muitas vezes sustentou minhas dores, eu observava Anita inquieta, em minha frente, caminhando e rindo de um lado para o outro. “Você acha mesmo?” ela perguntava entre risadas “você acha mesmo verdade essa história de fim?” Não importava. “Vamos lá, levanta. Você me trouxe para cá, e não adianta me olhar com essa cara de desentendido, eu sei que esse é o seu lugar preferido no mundo. “Você só vem para cá quando a coisa é mesmo séria.” Paris. Meu lugar preferido no mundo sempre foi uma cadeira de um bar, no inverno, numa ruela em Paris. “Você nunca foi a Paris”. Dessa vez, calei, apenas encontrando nossos olhares. Preferir o futuro ao presente: cheque-mate. “Apaga esse cigarro e levanta dessa pedra logo. Hoje é sexta-feira, vamos encher a cara e nos amar até o sol nascer. E você vai ver, ele vai nascer.” Tirei do bolso meu sempre acompanhante cantil de uísque e o joguei, pela grama, em direção aos pés de Anita, enquanto, com a outra mão, acendia outro cigarro. Que ela bebesse o quanto quisesse. Que nos amássemos aqui, em cima dessa pedra. Mas eu não sairia daqui. Não hoje. “Eu odeio. Eu odeio você e essa mania de ser você mesmo.” E sentou-se ao meu lado, apoiando a cabeça na mão direita e as ideias no céu. Florianópolis - 21 de dezembro de 2012

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O fim do mundo de Anita Já esperei o fim do mundo por tantas vezes, aquela história de previsões e profecias ficou marcada em mim. Não porque eu acreditasse num fim do mundo, mas Rodolfo acreditava, ele fingia não acreditar. E dias antes da data marcada para o fim começou a me animar: “amanhã o sol vai nascer, e no outro dia também, e no outro dia também. Você vai ver Anita, o sol vai nascer!” Falava mais para si mesmo do que para mim. Na manhã do dia 22 de dezembro eu descobri o porquê. O sol nasceu, mas Rodolfo não acordou com ele. Uma doença terminal, foi o que me disseram quando corri desesperada atrás de informações. Ele não teve coragem de me contar, estávamos tão apaixonados. Um dia depois do fim do mundo, meu próprio mundo desabou. Depoimento transcrito por [M.B.]


Deitado agora sob cobertores que suavemente cobriam a grama, meu peito acolhe o sono de Anita. Eu já gostei de muitas pessoas. Amei muitas pessoas. Até ela chegar. Anita não entrou na minha vida. Entrou em mim. Eu não a percebi, mas demorou apenas algumas semanas para que, feito vírus, estivesse instalada em minhas células. Cada nova célula produzida vem com um pouco de Anita. As atrasadas estrelas ainda estão ali, intactas, iluminando o rumo de meu labirinto mental. É o fim. É o término de toda essa dor escura que escorre pelas veias e ruas e inunda qualquer indício de sorriso ou balão de criança voando pelo céu. É o silêncio que deixará de ser abafado pelas batidas cardíacas. É, finalmente, o antídoto que estourará essa bolha de veneno na qual respiramos e somos obrigados a sobreviver. O fim de tudo que não nos é. Noto que Anita está acordada, ela roça o nariz em minha barba mal feita, como que me chamando, e balbucia qualquer ruído. Então, com as mais interrogativas íris que já vi, indaga-me sobre o que ela mesma sempre soube. “Pra sempre é muito tempo, não é?” Era. Meu fim é dela. Seu fim sou eu. E será assim sempre. Dormimos.

O fim narrado por Mª Epítoma

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O fim do mundo de Alice Sou filha do fim do mundo. Você deveria saber já que andou conversando com minha mãe. Na época que fui concebida havia uma pequena profecia de que toda a cidade seria engolida por um tempestade terrível e que o dia não nasceria novamente. A data marcada era 21 de dezembro de 1964, minha mãe estava então com 20 anos. É engraçado, hoje termos uma profecia de fim do mundo para o mesmo dia. Meus pais ficaram juntos para esperar o fim do mundo. Meu pai dizia que aquilo tudo era bobagem e que o sol nasceria no outro dia, mas que um possível fim do mundo era uma ótima ocasião para passar mais tempo com minha mãe. Foi aquele o dia em que fui concebida! Meu pai não viu o nascer do novo dia e minha mãe ficou desolada. Semanas depois descobriu que estava grávida, ela diz que meu pai me deixou como um presente. Depoimento transcrito por [M.B]


A profecia Na soleira da porta, como na mocidade, com olhar inquieto, esperava por Ana. Queria por demais dar essa notícia a ela. – “Agora não, por favor. Vem com essa história novamente.” – Sabia que estava cansada, se era de mim ou não, ignoro. Afastou-se. No entanto, devido a uma teimosia inerente a mim, não desisti. –“Calma. Não vês que agora é sério! Será amanhã.” – Subitamente, mostrei o calendário a ela. – “Está aqui, olha.” “Aqui onde?”. Apontei e li para ela. – “21 de Dezembro de 2012.” “Poxa! Contudo, sabes que já teve várias previsões que não se cumpriram, inclusive tem uma para o ano 4772”. Apesar das palavras demonstrando negação a minha fala, percebi seu olhar incomodado, suas delicadas mãos ficaram trêmulas. De onde estava apenas a observei. Atordoada, após um tempo de assimilação, minha querida sentou-se na cadeira que outrora sua mãe sentara. Engraçado vê-la, sua feição tinha mudado, creio que sentia saudade, eu também sentia. Sua expressão era igual à dela, singela e doce. –“Venha cá.” Olhei vagamente pela janela, percebi que estava se pondo o sol, voltei, então, o olhar para a moldura que ostentava nossa foto nos idos anos 60, dois jovens cheios de vida. –“sim.” Ana nada disse, apenas olhou-me. Encostei sua cabeça em meu ombro e seus cabelos brancos brincavam por entre meus dedos, como sempre fizeram. Sua beleza sempre me desarmava. Sua feição incômoda, logo tinha se ido. Facilmente, desapegava-se.

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O fim do mundo de Rodrigo Ana é minha irmã, sempre fomos ligados, desde a meninice. Há uns dez anos eu me mudei para perto da casa dela, para podermos ficar mais próximos novamente. Minha irmã tinha um fascínio pelas previsões de fim de mundo, acompanhou de perto todas as profecias que o mundo ia acabar. Quando moça, ela tinha vivido uma forte experiência de fim de mundo. Uma experiência que levou Rodolfo, por quem ela estava completamente apaixonada, e lhe deixou minha sobrinha Alice. Acho que minha irmã nunca superou aquele dia, acho que ela nunca conseguiu esquecer completamente o amor perdido. Quando minha irmã esperava as profecias de fim do mundo é como se ela esperasse que Rodolfo viesse lhe buscar. Acredito que dessa vez ele veio, minha irmã seguiu sua viagem com um lindo sorriso no rosto. Depoimento transcrito por [M.B.]


Caminhou até a cozinha com sua calma habitual. Pôs-se a cozinhar. Agradava-me seus dotes culinários, não só a mim, pois volta e meia Dona Almerlinda vinha fazer visita para aproveitar a comida posta na mesa. Não me incomodava, sentia era pena por ela ser sozinha, há mais de 20 anos. “Com licença vizinha.” “Pois entre.” Ficavam conversando por horas, mas dessa vez não se alongaram, começara a chover forte. “Que ela queria?” “Perguntou se era possível que limpasse a frente de seu pátio, respondi que sim”. Estávamos sentados e percebi que algo a intrigava. “Que houve?” “Se for amanhã como gostaria que fosse?” “E eu sei disso mulher?” Baixou os olhos. Voltou a comer. Fiquei a observar o céu até quase meia noite. “Venha cá”. Ana se encontrava deitava, pronta para dormir. “Se for amanhã...” Relampeou. Fechou os olhos. Ao seu lado, dentro do pote que Dona Almerlinda trouxe, encontrava-se uma bebida. Tentei acordá-la. Ao virá-la de lado encontrei um papel amassado escrito “O amor se constrói no silêncio”. Seus olhos não mais se abriram. A profecia estava certa.

O fim narrado por Chaves

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O fim do mundo de Almerlinda Minha vizinha querida acreditava nessa história de fim do mundo, eu nunca acreditei se é que o senhor me entende. Mas ela sim! Ela vivia para esperar o fim do mundo, foi o que ela me contou certa data. Mas era feliz, minha querida amiga Ana, e viveu uma vida de estrela. Falo isso literalmente por que minha amiga tinha uma belíssima voz, e por conta dela foi reconhecida nacionalmente. Na noite da profecia ela era esperada para um espetáculo, muito chique por sinal. Mas a profecia se concretizou e ela não pode comparecer. Alice ligou para um dos produtores do espetáculo para dar a notícia. No fim daquela noite me senti envergonhada, eu deveria ter acreditado em minha querida amiga. Eu devia ter acreditado quando Ana me falou do fim do mundo. Depoimento transcrito por [M.B.]


Amou daquela vez como se fosse a última ou Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir “Ainda ontem chamei um amigo pra tomar um chá comigo”. Essas palavras soavam em meus ouvidos. Deve ter lido em muro, qualquer muro pela cidade que aceite bem pichações artísticas. “Algumas coisas fogem de nosso controle”. Isso não soava em lugar nenhum, mas foi o que disse aquele senhor do fim da rua. Quem sabe um dia não vire pichação artística também? Ele sempre dizia alguma coisa na madrugada, debaixo das janelas acesas, quando, nas ruas desertas, aproveitava para ocupar seu espaço no mundo, e

sua garrafa-companheira, seu espaço na calçada, rolando e se espatifando em decorrência do passo trôpego do bêbado: “Algumas coisas fogem do nosso controle, minhas pernas também.” – murmurava e ria. Tinha razão, aquele homem: era essa falta de controle que fascinava e que fazia os dias serem dias e noites passíveis de surpresa. Ora, quem quer ter o controle de tudo, então que seja o Todo Poderoso – e que arque com todas as consequências. Inclusive as de impor regras, fazer previsões e atender às demandas de pedidos sem retorno. Por vezes, desconfiei de que esse Todo Poderoso estivesse de enganação pra povo desavisado, fazendo do mundo essa roda gigante sem freio e sem tino, em que ninguém sabe o que esperar do dia de amanhã, mas tem a certeza de um dia final.

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O fim do mundo de Adalberto Desde o início do ano os jornais vinham anunciando, mas eu não acreditei. Todos diziam o fim está próximo, mas não poderia ser verdade. Naquela noite de 21 de dezembro, vesti minha mais aprumada roupa pra assistir ao espetáculo. Por anos eu vinha esperando aquele grande dia, nem havia me dado conta que aquela seria uma noite de profecias. 21 de dezembro passaria tão desapercebido assim como todos os outros dias desse ano que correu contra o tempo. Eu tinha conseguido uma cadeira na segunda fileira, de onde eu conseguia ler no chão o nome A-N-A, reservando a cadeira da fileira da frente. Eu estaria tão próximo dela, minha heroína da música brasileira. Mas Ana não apareceu e a cadeira continuou vazia durante toda a noite. Já no final do espetáculo, com o coração na mão, recebi a notícia: Ana não copareceria aquela noite e em nenhuma outra a partir dali. No fim, ela estava certa e as profecias também. Depoimento transcrito por [M.B.]


A vizinhança ficava esperando, como que desavisada, a surpresa que o senhor do fim da rua traria a cada noite: “essa rua é tão escura e atraente quanto os olhos castanhos de Ana” – disse no dia seguinte. Quem era Ana, acho que ninguém sabia, pouco se importava em saber, mas parecia que aquele homem dava o “toque de recolher”, o sinal de que era hora de dormir e de que o Homem e a Rua estavam bem, ricos em suas mudanças para o próximo dia, embora desconfiássemos – todos - de que estavam pobres de humanidade. Se dizem que a vida é uma obra coletiva, que se desenvolve para um futuro comum, através de atos e reatos cênicos ou diabólicos, penso que esse homem sabia bem seu papel.

Ele fazia à noite, o que ninguém poderia ver durante o dia, entretendo um público cativo, que possivelmente se libertava durante o espetáculo. Tinham [os espectadores] o status de conhecer o homem do fim da rua e comentar no dia seguinte no trabalho os fazeres dele. Se fosse espetáculo pago agregaria, com total certeza, muitos expectadores interessados em esquisitices. “Isso de querer ser realmente aquilo que a gente é, ainda vai nos levar além.” Foi o que li, outro dia, possivelmente em outro muro. “Golpeadores do dia, afrontadores de noite, magoadores do mundo!” – foi a abertura do espetáculo da noite de 21 de dezembro. Cenicamente, uma cadeira era incorporada e as letras A N A eram escritas no chão.

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O fim do mundo de Cacilda A noite do espetáculo foi uma grande confusão. Ana era esperada como artista convidada, ela cantaria a última canção. Mas a estrela não chegou no início do espetáculo, metade da noite já havia passado e nenhuma notícia tínhamos dela. O produtor já estava quase arrancando os cabelos, quando finalmente seu telefone tocou. Era a filha de Ana, com a trágica notícia. No fim Ana não apareceria mesmo. Ninguém tinha coragem de dar a notícia ao público, Ana era o motivo de grande parte dos expectadores estarem ali. Não o espetáculo, não a atração principal, mas Ana. Subi no palco ainda trêmula, quando peguei o microfone minha voz quase não conseguia sair. A notícia foi dada, e depois disso uma grande confusão, parecia até que o mundo estava mesmo acabando. Parece que acontecera um acidente bem na frente do teatro. Se Ana estivesse ali vendo aquela cena diria que era o mundo se despedindo. Depoimento transcrito por [M.B.]


Notei que mais janelas se acendiam nos prédios para ver a performance, embora se tratasse de uma sexta-feira, noite em que a maioria das pessoas já se permite iniciar as festas de final de semana. Esse senhor era um deles, pois uma garrafa era emborcada docemente, um sorriso satisfeito no canto esquerdo do lábio, um risco odor de fósforo acendia o cigarro, aproveitado-o como se fosse sábado – ou príncipe, ou daquela vez como se fosse a última. “Magoadores do mundo”, repetiu, jogando fumaça para o alto. “Fogem de controle”, balbuciou, enquanto displicentemente apagava seu cigarro na cadeira coberta de bebida. As letras A N A acenderam-se em chamas com o fogo, a fumaça vinha janelas a dentro, pulmões a dentro. Dado o toque de recolher, fim de espetáculo de vida; as luzes se apagaram, ouvindo-se apenas sirenes distantes. “Morreu na contramão atrapalhando o público”, foi o que li no dia seguinte – não no muro de pichação artística, mas no jornal local.

O fim narrado por [H.]

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O fim do mundo de Iulla Janelas abertas, o sol se pondo. Olho, pela última vez, minha cama desarrumada, como sempre. Tanto agüentou minhas dores, e agora, pela primeira vez, anoiteceria e ela não precisaria sustentar o peso de minha dor. Bato a porta em minhas costas com os bolsos vazios. Ruas vagas. Casas deixadas para trás com portas abertas. Não há ninguém. Caminho em direção ao nada, automático e sem parar, como quem rebobina uma fita cassete. Estou voltando ao início, ao escuro, rebobinando a vida. Não é o fim que chega, somos nós que findamos. Depoimento transcrito por Mª Epítoma


Os fins do mundo Certa feita, Cirilo conversava com seus velhos amigos sobre as diversas vezes em que o homem tentou adivinhar o fim do mundo. A ameaça do Cometa Halley, a virada do ano 2.000, o descobrimento de algum asteroide em um futuro não muito distante, mas que nunca chegou à Terra, os filmes tentando representar possibilidades de catástrofes, seja por falta de alimentos, vírus que transformam em zumbis ou um dilúvio para dar um caráter bíblico. As possibilidades de imaginação são vastas. Cirilo nunca foi de ficar tripudiando nas crenças alheias, porém, em conversa vai e conversa vem com seus amigos,

a reflexão pipocou na cabeça de cada um, qual o significado da expressão “fim do mundo”? Além das tentativas da humanidade em tentar acertar o próprio fim, existem os finais do mundo mais subjetivos. Para Antonio, um dos amigos da roda, o mundo acabou quando Ayrton Senna morreu em 1994 em Ímola na Itália. Para Jorge, outro amigo da roda, o mundo acabou quando George W. Bush se reelegeu à presidência norte-americana em 2004, já Artur relacionava o fim do mundo com o fim da União Soviética em 1991. “Finais” de mundo um tanto individuais, todavia, finais que seriam mais bem significados se reempregados com a palavra mudança. No caso de Cirilo, sua curta e insignificante existência na terra poderia ser representada por ciclos temporais amorosos, onde o eixo norteador dessa temporalidade seriam obviamente suas paixões. Não seria cortês entrar nos pormenores das paixões de Cirilo, pois seria uma grande injustiça esquecer alguma de suas divindades. Florianópolis - 21 de dezembro de 2012

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O fim do mundo de Daniel Há um tempo andei discutindo com alguns amigos a respeito do fim do mundo. Apesar das opiniões diversas todos acreditavam de certa forma que o mundo não ia acabar, alguns falaram de ciclos e outros falaram da morte do Ayrton Senna, não entendo como a morte de um ídolo pode representar o fim do mundo. Mas as coisas são assim e as opiniões sempre são diversas. Fim do mundo? Cada um tem o seu, talvez um dia todos tenhamos o nosso, ou talvez não. Nesse momento prefiro acreditar o no início do mundo, já que o ano está acabando e um novo ano começa. Novo ano é uma vida nova (pelo menos nesse ano farei com que seja) e vida nova é um mundo novo, de alguma forma. Mas agora já começo a ficar confuso, assim como o meu amigo que disse que o mundo dele acabou quando o Senna morreu e é melhor parar a conversa por aqui. Depoimento transcrito por [M.B.]


Cirilo, pois seria uma grande injustiça esquecer alguma de suas divindades. O que mais importa aqui, é que o ciclo de amores de Cirilo foi quebrado, e isso representou uma nova

era, uma nova mudança, e não necessariamente o fim. Como todo tempo cíclico, busca-se uma explicação que dê funcionamento a estrutura temporal, o combustível amoroso que até então era o sol deste sistema, foi então substituído por uma série de conceitos e regras que se encaixam no que se chama de lógica científica. A nova lógica científica passou a ser o novo norte na vida de Cirilo, uma lógica que buscava explicações epistemológicas e empíricas. A antiga bússola temporal de Cirilo se pautava em suas Deusas, seus amores, no mito da paixão, desgastou-se. O mundo da Fórmula-1 pós-Senna mudou ganhando no quesito segurança, assim como o mundo pós União Soviética criou uma nova hierarquia mundial, e o próprio Estados Unidos da América teve mudanças com um novo presidente Democrata e negro. Questões permeadas pela mudança e não pelo drama da palavra “fim”, colocada pelos amigos de Cirilo. O tempo cíclico e individual de Cirilo, obviamente não pode ser comparado e equiparado ao calendário Maia que representava uma vasta civilização na meso-América, todavia, findar uma era, findar uma fase, não significa a concretização do tão sonhado arrebatamento cristão. Se o tempo cíclico amoroso de Cirilo chegou ao seu fim, a Era Jaguar também tem o seu direito de mudança.

O fim narrado por Cevador de Solidões Florianópolis - 21 de dezembro de 2012

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O fim do mundo de Luiza De longe, eu ouvia ondas. Ondas que cresciam – ou cresciam o som delas? Andei até a mureta que separava o cimento da areia, a fronteira do nosso mundo e o mar. As águas vinham até ali, com o susto, acordei. Acordei num dia de Sol e névoa no horizonte que dividia os dois azuis. Lembrando-me vagamente do sonho, recorrente sonho, lembrei também que deveria estudar para uma das últimas provas do semestre. Foi impossível não divagar: se os deuses, como contaram o povo sobre o qual lia naquela longa fotocópia, acabariam logo com a humanidade como já haviam feito, por vento, fogo, água ou animais, do que adiantaria perder meu tempo estudando, enquanto queria mesmo estar na praia? Poucos minutos depois cedi àquele intrínseco desejo. Lia na mureta, até que ondas e mais ondas vieram. Vi só um azul e mais nada. Depoimento transcrito por [Talia]


Tudo e nada mudam De onde viemos, onde estamos, para onde vamos? Eis a fundação da filosofia. Religiosidades à parte, afinal deixaremos a delicada questão da origem do universo para os que ousam responder a tal façanha, voaremos com Fernão Capelo Gaivota para regiões também remotas, onde está outro mistério até então pouco esclarecido. Para tanto, será preciso fazer o exercício de pensar em voz alta: e se houver um fim? Novamente será deixada de lado a questão de vida ultra-terrena, pois não nos prenderemos às tentações da Besta. No dia-a-dia, há pressões externas que forçam fins, que não necessariamente justificam os meios. Términos de relacionamentos, o final de um ciclo espiralado etc. Há uma tendência humana para o fim. Ser humano é, em outras palavras, querer fins. A libertação, como produto dessa incessante busca, não é propriamente o fim. Libertar-se é aprender a arte do (re)começar e, como cediço, não está intrinsecamente relacionada à alguma divindade.

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O fim do mundo de Luccas Alcaloides prometem um fim, daqueles que não se consegue imaginar. Vegetam aqueles que tragam – hermanos também tragam - substancias vegetais. Osmose, um modelo ideal para a aprendizagem – que, na ideia de Vygotsky, deve antecipar o desenvolvimento. Já não chegamos a um fim? Não precisaria marcas temporais para decretar a existência de autores defuntos e defuntos autores. O fim esta entre nós, o fim são fins e o problema, como diria o Mestre Chico Science, são problemas demais. Quem dá mais? Dizem que o dinheiro é o de menos, mas será? O que será, o que será....? O que seria da barbaridade se não houvesse primatas civilizados? O tempo é escatológico, filho de deuses pródigos, senhor da civilização. Fim. Depoimento transcrito por L!


Com o que foi dito, desloca-se a questão do fim do mundo - até então comentada, em linhas gerais, em termos apocalípticos - para um plano mais mundano. Se a modernidade nos deixou mais individualistas, por que nos preocupamos com o fim da humanidade? Não estaríamos, para sermos mais sinceros quiçá menos injustos, preocupados tão somente com o nosso fim? O que o calendário Maia teria a ver com os nossos calendários - que, aliás, estão cheios de compromissos - em nossos celulares de última geração? Será que chegaremos a conhecer o I-phone 6 ou o mundo acabará antes?

É necessário, para fins não acadêmicos, evocar aquele que nos condenou a ser eternamente responsáveis por aquilo que cativamos, Exupéry, caso se queira esclarecer as nossas distrações: "Nada mudou, todavia tudo está mudado."

O fim narrado por L!

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O fim do mundo de Thiago O fim chegava calmamente, gélido, soturno, com ares de quem seria impiedoso a todos aqueles que não acreditavam ou zombavam de sua existência. Ele não tinha chifres ou cheirava a enxofre, muito pelo contrário, sua aparência beirava a serenidade e a mocidade. Apontava uma a uma as pessoas que lhe fizeram mal ou que se omitiram quando podiam lhe ajudar. De um ressaltou a recusa por um prato de comida, de outro o olhar de asco com um misto de medo. Assim aquela imagem serena separava o que era joio e o que era trigo. Os últimos dez dias de sua estada na Terra serviram para formar dois grandes exércitos, dois exércitos que iriam se enfrentar dia após dia durante os próximos milênios. Assim começava a batalha do fim, assim começava o fim de um mundo sem flores e sorrisos. Assim o mensageiro se obrigou a fazer... Depoimento transcrito por [Cevador de Solidões]


Finito + 01 = ao primeiro Eu sinto, com certa frequência, medo do fim. Para falar a verdade, a sensação que me invade é um misto de temor e admiração. Esses anos de cinema e literatura me fizeram chegar a conclusão de que o final é uma parte primordial de uma trama. É ele quem separa uma história dos adjetivos: ruim e bom. No meu caminho de escritora procuro dar atenção dobrada aos finais. Porque no final, o que importa é como termina. E ainda assim o fim me parece levemente assustador, creio que seja por causa da mente cartesiana que por muito tempo esteve acostumada a pensar linearmente. Mas, e

se enxergássemos de uma forma diferente? Há tempos, em um sonho, recebi a seguinte fórmula: o finito mais um é o primeiro. Certamente para um engenheiro ou um matemático isso não faça o menor sentido. Por ventura, também não faça para um pseudointelectual acostumado com a linearidade do pensamento ocidental. O fato é que mesmo depois de acordada passei inúmeras horas do meu tempo pensando no assunto; e de completamente incompreensível isso passou a parecer extremamente plausível. Gosto de pensar na vida como um ciclo, ou como ciclos que

terminam e reiniciam constantemente. Nesse sentido o final de um ciclo é necessariamente o início de outro, pois estamos em contínuo movimento. Bem, essa me parece uma forma bem melhor de encarar os finais!

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O fim do mundo de Taiane E hoje o tempo me faz pensar no fim, e tem como falar do fim sem falar do tempo? O tempo dos homens os levou acreditar que poderiam prever um fim: 21 de dezembro de 2012. Como já tinham previsto em outros momentos: 11/11/11, ou o bug do milênio na virada para o ano 2000. O fim nunca veio, como o convidado principal de uma festa que na hora h desiste do convite. O nosso tempo está tão saturado de fins que me faz crer que o temido fim do mundo é praticamente um desejo do homem moderno. Os Maias, e seu belíssimo calendário, previram fins de ciclos – o fim do mundo é acréscimo dos homens de nossa época. Talvez o fascínio dos homens pelos fins dos tempos revele outra coisa. Talvez o fascínio pelo fim revele um desejo quase incontrolável de um novo começo, de um novo mundo, de um novo tempo. Depoimento transcrito por [M.B.]


Agora andam falando por aí que o mundo vai acabar. Aliás, existem profecias e mais profecias predizendo este fim. Eu mesma, já perdi as contas de quantas vezes o mundo acabou; ou quantas vezes ele deveria ter acabado, segundo os profetas. Felizmente, até agora, sobrevivi a todos estes fins. E se, no lugar de procurar uma data certa para o fim do mundo, preocupássemos mais com o seu início. Ou (re)início? Ou (re)começo? E se a humanidade se preocupasse mais com o (re)começo de si própria? A renovação de valores, a preocupação e o respeito pela natureza, o respeito pelo seu semelhante – que somos todos nós. É, eu sei, agora começa a parecer papo de eco chato. Mas e se o eco não fosse tão chato assim? E se o bem prevalecer? E se amizade crescer? E o amor vencer? E se o fim for um começo? Que dia 22 de dezembro de o início de uma nova era... ...em nós!

O fim narrado por Maria Bonita

Florianópolis - 21 de dezembro de 2012

Travessa em Três Tempos

Ano III N° 13

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O novo mundo de Taiane És um senhor tão bonito, compositor de destinos, tambor de todos os ritmos. És um dos deuses mais lindos, és o tempo, tempo rei, tempo lei. O homem ousa desafiar os toques no tambor do tempo e predizer um fim. Mas o tempo é sábio e as coisas só acontecem quando o tempo for propício. Os Maias sabiam, assim como tantos outros povos – que o fim é apenas um começo. Nosso tempo cronológico navega em direção ao fim, assim como as embarcações do século XIV que navegavam até a borda de um mundo que era finito. Felizmente Copérnico nos contou que a Terra era redonda, e os Maias nos contaram que o tempo é uma composição de ciclos. Finda-se um ciclo, inicia-se outro. Que uma nova era seja bem-vinda, que um novo mundo se faça. E que seja cheio de amor. Depoimento transcrito por [M.B]


Destinare Quando enxergasse a estrela de calor e fogo nascendo da terra - como os astecas sabiam que seria depois de tanto sangue e de cada noite escura - ela teria a certeza de que era o tempo de levantar-se, colocar os pés sobre a grama muito verde, tomar algum café, quem sabe, e deixar que as pernas passeassem, ela sentindo o mundo inteiro abaixo. A passagem de Apolo nos céus em sua carruagem - como os greco-romanos contavam que seria durante o dia - permitia caminhar até o que o esqueleto leve cansasse e então ela quase desmaiaria em algum campo imenso de flores que existe por esse mundo-aqui-agora, infinito e com cores que os humanos não conseguiriam catalogar e se sentiriam frustrados por isso. As nuvens acima dela a acolheriam graciosamente, dançariam em círculos imitando os ciclos da vida, e contariam mil histórias de outros povos, celtas, maias, cherokees, ijós, efiques, egípcios... dançando de mãos dadas. As tantas nuvens falariam dos tempos anteriores, antes dos rios do sol se derramarem sobre o que existe por cima do solo, contariam que pensavam que o céu explodiria. A noite seria anormalmente iluminada, mas sem estrelas e lua, porque elas morreriam. Tudo morreria também, disseram. O fim do mundo, anunciaram. Mas era a dança do círculo fechando, tu vês? Mais um giro da roda que dança. Ela viu. Ela era só mais um serzinho fraco, que diziam que viveria por apenas mais 24 horas ou menos. Mas onde ela estava, o mundo-aqui-agora, o relógio não existia... e quem falaria as horas quando a hora de morrer chegasse?

O fim narrado por Raio de Sol Florianópolis - 21 de dezembro de 2012

Travessa em Três Tempos

Ano III N° 13

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O fim do mundo de Tainah Cresci diante de um discurso que me mostrava as coisas como irrepetíveis, a linha reta do tempo sendo desenhada na minha vida e na minha mente, e na de muitíssimos de nós. E aí eu conheci o ciclo do tempo dos antiguíssimos. E conheci o tempo em espiral dos africanos. E percebi os ciclos do ao redor e aprendi os vários ciclos naturais... e isso tudo me pareceu tão mais bonito e com mais sentido do que o simples e definido “aconteceu e acabou”. Depois que passei a ter crença nesse tudo em ciclos, reparava nos meus próprios. Meus eternos retornos, mas de formas diferentes, a tudo o que me encanta. Um ciclo de renovação a cada minuto que eu passo respirando. Em mim perdura essa crença bem da mesma forma que perdura a crença que 2012 é mais um ciclo que se fecha... E que se abrirá outra vez. Quem sabe depois de tanta expectativa, os ciclos do mundo e da vida façam um milhão de floreios enquanto se acontecem, pra todos nós. Seria lindo... né? Depoimento transcrito por [Raio de Sol]


Editorial: Olá! Nós somos a Revista Travessa em Três Tempos. Ouve-se pelos corredores que o âmago desta idealização nasceu despretensiosamente, em blog, com o objetivo de três autores-amigos pass[e]arem pelos três tempos históricos, tendo a travessa como cenário, sem ser revisitada. De mais, “não sei, só sei que foi assim...” Hoje, somos um projeto de extensão do Laboratório de Imagem e Som da UDESC. Nos definem como revista histórico-literária e dizem que nosso objetivo é o entretenimento do público em geral ao brincar com as diferentes versões da história. Bem, concordamos com isso! Porque, como bem sabemos, na história não existe uma verdade, mas várias. E é por isso que a gente se propõe a colocar a imaginação – histórica ou não - pra funcionar e criar novas versões dos fatos trazidos prontos pelos documentos históricos. Assim, a revista se forma, com várias possibilidades para a história principal. Dizem que dá um bom resultado. Confira!

Como participar: Um ou mais contos antes que o mundo acabe Que a Travessa em Três Tempos é uma revista que narra a história de todas as formas possíveis você já sabe. O que talvez você não saiba, é que pode participar disso e contar a sua versão – como você gostaria que a História se desenrolasse? Você é quem tece: damos o tema, a fonte, alguns fatos. A você cabe inspirar-se e escrever! No endereço http://revistatravessaemtres tempos.blogspot.com.br/, você pode acompanhar os editais e mandar sua história! Conte, reconte, aumente quantos pontos quiser – desde que sua narrativa não tenha diálogos e tenha a ver com o documento (para mais detalhes, consulte os editais). E então? Não vai escrever antes de o mundo acabar?


Ficha Técnica: Atenção! As historietas e depoimentos contidos nesse exemplar são todos fictícios. Documento Base: Charge retirada da internet; recorte do jornal Nuevo Ojo – Lima, Peru; LEON PORTILLA, Miguel. A conquista da America Latina vista pelos indios : relatos astecas, maias e incas. 2. ed. Petropolis: Vozes, 1985. 143p

Autores Participantes: Carlos Chaves, Hellen Martins Rios, Iulla Portillo, Thiago de Oliveira Aguiar Textos de Redatores: Luccas Neves Stangler – Luiza Tonon – Taiane Santi Martins - Tainah Lunge

Capa:

Revisão: Luiza Tonon

Foto: Taiane Santi Martins

Edição e Diagramação:

Arte e design: Taiane Santi Martins

Taiane Santi Martins Equipe Travessa em Três Tempos: Ana Terra de Leon - Luccas Neves Stangler Mariana Rotili – Luiza Tonon Taiane Santi Martins - Tainah Lunge Idealização: Taiane Santi Martins Apoio: Laboratório de Imagem e Som – LIS Orientação: Profa. Mariana Joffily Endereço para contato: revistatravessa@gmail.com @revistatravessa http://revistatravessaemtrestempos.blogspot.com


Idealização: Taiane Santi Martins

Apoio:


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