Revista Seller #6

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O BRASILEIRO DE 1 BILHÃO DE DÓLARES Um fenômeno que antes dos trinta anos se torna sensação no mundo da tecnologia 8 O AUTOR DE 1000 LIVROS Ele é brasileiro e está no Guinnessbook, o livro dos recordes

REVISTA

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SELLER#6


SELLER#6 Ano2/2012

By Jorge Silva


CRÔNICA 64 O BILHÃO BRASILEIRO 84 ENSAIOS 104 O HOMEM-MÁQUINA 124 CARLA GOMES 144

40 ANOS DE UM GAME 164




REVISTA SELLER

CRÔNICA

UPP - Um Presente Para... Grego? Ainda era de manhã, quando escutei alguém chamando pelo meu nome. - Seu Carlos! Estranhei. Só tenho 29 anos de idade. Sou tão novo para ser chamado de “Seu”. Tudo bem, resolvi atender. Deveria ser uma pessoa conhecida. Apesar de não ter reconhecido a voz. Quando cheguei ao portão, não identifiquei o sujeito. Meio desconfiado, perguntei: - Pois não. Posso ajudar?! - O Senhor é o Seu Carlos? - Depende. – Respondi. – se for uma notícia boa, sou eu mesmo! – Tentei ser amigável. - Aqui está o valor para o pagamento do Catnet e da Intercat. Volto mais tarde para pegar o dinheiro! O rapaz, que parecia ser, mais ou menos, da minha idade, não deu um só sorriso. Direto, ele virou às costas e se foi. Surpreso, corri para dentro de casa e passei a novidade, não tão nova assim, para minha esposa: - Renata, venha ver isto. As cobranças dos “servicinhos” continuam, mesmo com a instalação da UPP aqui na nossa comunidade! - Carlinhos, meu amor, o que você esperava?! Mesmo com a chegada da polícia, nós continuamos a usar, normalmente, a TV a cabo e a internet. É natural que a cobrança, também, continue. - Pera lá, mulher. Quem está por trás disso tudo? - Bem, amor, espere o rapaz voltar para recolher o valor e pergunte a ele. E foi, exatamente, o que fiz... Assim que o cidadão chegou, fui logo o indagando, com a cara e a coragem: - Amigo, desculpe! Mas com a instalação da UPP, quem ficou responsável pelos sinais e pela grana? - Seu Carlos, entendo que este não seja um problema seu. Sugiro que faça sua parte e continue aproveitando da melhor maneira às suas regalias. Ele não tinha a menor preocupação em ser agradável. E como bobo não sou, resolvi seguir seus conselhos. Não por muito tempo... A curiosidade falou mais alto e resolvi seguí-lo de longe. Tinha que saber onde àquilo iria dar. Após mais de três horas de andanças pelas vielas da comunidade, batendo de porta em porta, para o recolhimento das “mensalidades”, o homem retornou, enfim, ao seu Quartel General. Como houvera desconfiado, ele entrou tranquilamente, nas dependências da UPP. Pela primeira vez, pude notar um esboço de sorriso em seu rosto. Quando estava me preparando para retornar a minha casa e seguir a vida como se nada tivesse acontecido, afinal, estas foram às orientações iniciais passadas, notei a aproximação de um carro preto, com os vidros, totalmente, escuros e fechados. De seu interior, saiu um sujeito bastante conhecido da área. Era o Miltão, chefe do tráfico na região. Sem se importar em ser visto, ele subiu os poucos degraus da UPP e sumiu em seu interior. Ainda pude ouvir algumas gargalhadas. A partir daquele momento, virei minhas costas e parti. O meu já estava garantido, e parecia que o de todo mundo, também. Vida que segue...

Marcelo Lino

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dade de Polícia Nota: UPP (Uni tação de ojeto de implan Pacificadora). Pr ades id un m lícias em co unidades de po iro. ne Ja de o Ri do do carentes no esta


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REVISTA SELLER

TECNO

O BRASILEIRO DE 1 BILHÃO DE DÓLARES

J o r g e

S i l v a

Quem é esse fenômeno? 5 da Seller:

O

primeiro nome lembra o gigante dos ringues, Mike Tyson, mas a carreira meteórica, com menos de dez anos de trabalho, o brasileiro Mike Krieger, aos 26 anos, que vive nos Estados Unidos, para onde foi estudar na Universidade Stanford, dá nocautes que servem de exemplo para outros brasileiros, que vislumbram conquistar o primeiro milhão, ou quem sabe... bilhão. No dia 09/04/2012, numa segunda feira, Mike Krieger viu a sua vida dar uma volta bem ao estilo de uma montanha russa, quando o quase xará Mark Zuckerberg – fundador do Facebook – arrematou o Instagram (revolucionário serviço de compartilhamento de imagens) por 1 bilhão de dólares, algo em torno de R$ 1 bilhão e meio. A Instagram, rede social, originalmente criada para compartilhar fotos entre celulares, agora, com o Facebook, entra em um roteiro que pode acirrar ainda mais a disputa pelo mercado publicitário na internet, como já vem sido travada com a ascensão da rede de Mark Zuckerberg no Brasil, onde o Google tinha o domínio com o Orkut.

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O BOM MENINO

F

ala de Mark Zuckerberg no seu perfil no facebook: “Nós achamos que o fato de que o Instagram está ligado a outros serviços além do Facebook é uma parte importante da experiência. Planejamos manter características como a habilidade de postar em outras redes sociais, a capacidade de não compartilhar suas Instagrams no Facebook, se quiser, e a capacidade de ter seguidores e seguir as pessoas separadamente de seus amigos no Facebook. Estas e muitas outras características são partes importantes da experiência Instagram e nós entendemos isso. Vamos tentar aprender com a experiência Instagram para construir características semelhantes em nossos outros produtos. Ao mesmo tempo, vamos tentar ajudar o Instagram continuar a crescer usando Facebook, equipe de engenharia e infra-estrutura forte. Este é um marco importante para o Facebook porque é a primeira vez que ele já adquiriu um produto e empresa com tantos usuários”. Chamada de capa da edição 5 da Seller:

Mike Krieger, cofundador do Instagram. Abaixo, seu perfil no twitter

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ENSAIOS

LADO A 10


LADO B rge Silva , Fotos: Jo o Grande em Camp a ru o a ir m U Jane te Rio de Zona Oes

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J o r g e S i l v a

LETRAS

O HOMEM DOS MIL E

le é uma máquina de escrever desde os anos 1980, pois já ultrapassou a marca de 1000 livros escritos e publicados. No total são 1.104 obras escritas. Embora seu nome de autor Ryoki Inoue transpareça ser de estrangeiro, sua brasilidade pode ser traduzida pela sua verdadeira identidade: José Carlos Ryoki de Alpoim Inoue. Esse brasileiro entrou para o Guinness Book of Records, o livro dos recordes, como o escritor com maior número de publicações em todo o planeta. Antes dessa empreitada no mundo das letras, Ryoki transitou pela medicina, sua área de formação até abandonar a carreira médica em 1986, ano inicial do desenvolvimento de pockts-books (livros de bolso), para uma editora que aprovou seu estilo de escrita. Com essa mudança radical na vida profissional, investindo em uma carreira não tão promissora, a princípio, no mercado editorial brasileiro, onde o acesso aos livros para grande parte da população é restrita por inúmeros fatos, como a falta de livrarias em todo o território nacional, Ryoki imprimiu um jeito de produzir fenomenal para sobreviver da sua literatura no país. Na entrevista para a revista Seller, o mestre na arte de escrever um livro a cada dois dias responde a algumas perguntas, que podem inspirar novos autores a trilhar uma trajetória de sucesso a exemplo desse gênio dos romances e novelas. Jorge Silva – Sua formação é na área de medicina. Por que o senhor preferiu seguir pela literatura? Ryoki Inoue – Sempre gostei de escrever. Surgiu a oportunidade justamente quando a medicina não estava mais me satisfazendo do ponto de vista financeiro. Minha esposa, Nicole, que é artista plástica e também escritora, fez uma venda grande quadros para uma cadeia de hotéis de Campina Grande e, com isso, possibilitou-nos o apoio material para eu poder chutar o balde. Escrevi um pocket-book para uma editora do Rio de Janeiro e eles disseram que tudo quanto eu escrevesse eles comprariam. Não perdi a oportunidade e deu no que deu. J. S – Naquele período, nos anos 1980, época que o senhor embarcou na produção de livros de bolso, o Brasil estava recém-liberto da Ditadura Militar (1964-1985). Qual era a perspectiva para um escritor brasileiro ser bem-sucedido nesse cenário tão conturbado politicamente? Ryoki Inoue - Primeiro, não considero ditadura. Não há ditadura com o Congresso aberto. Segundo, um regime militar nada tem a ver com a literatura, especialmente literatura de lazer. Não interferiu em nada.

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M -MÁQUINA LIVROS J. S – Há escritores que produzem a partir de suas experiências de vida; outros autores buscam inspiração na imprensa; ou o mundo dos sonhos reflete uma grande obra. Escrever vários livros é questão de técnica ou uma dádiva divina? O senhor poderia apontar alguns exemplos da sua atividade profissional? Ryoki Inoue – Sempre busquei as idéias no dia-a-dia e em minhas experiências pessoais. A intenção sempre foi transmitir algo que pudesse interessar o leitor, contar uma história que fosse no mínimo atraente. Acho que consegui. J. S – O mercado editorial norte-americano encara a produção literária como indústria. No Brasil, esse modelo parece inviável quando se vê nas livrarias uma enxurrada de autores estrangeiros. O senhor fundou uma editora e tem uma equipe, incluindo agente literário, para apoiar novos autores. Qual a perspectiva da produção literária no Brasil, hoje, com a internet popularizando cada vez mais o acesso aos livros? Ryoki Inoue – As perspectivas são boas. O país cresce e amadurece. O mesmo se dá com os leitores. E, com o advento da Internet, as coisas tendem a melhorar.

Ryoki Inoue

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POESIAS... REVISTA POESIA SELLER

TENTARAM ME CALAR Tentaram me calar Tentaram calar meu sorriso, meu rebolado, o meu canto E me encheram de pranto Hoje eu só trabalho Não balanço mais os meus chocalhos Vivo na corda bamba Meu avô já viveu de samba Hoje eu sou criticada, xingada Sem cultura! Neguinha safada! Humilhada Humilhada por quem deveria me ajudar, me apoiar, mas se cala! Criticam, riem dos sons dos tambores Dos meus cabelos crespos Das mãos calejadas de meus pais E me julgam incapaz Sei que essa história se repete Como um espelho que se reflete Mas se dá que algum tempo O meu sacrifício compensar É sinal que hoje vale a pena lutar

Carla Gomes

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twitter.com/revistaseller


POPCULT

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Para os apaixonados por games, a Atari, famosa nos anos 1980 ao desenvolver o primeiro console de renome no Brasil, completou 40 anos no último 27 de junho. No infográfico, disponível no site www.atari.com da empresa, reproduzido aí ao lado, podese acompanhar a evolução da computação e, claro, dos games.

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O Atari

Clássicos do Atari

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Tá sem tempo pra se divertir? Acesse o blog do Jorge Silva Lá você pode curtir: Literatura, Jornalismo e... Aí depende da sua autoestima

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