Loures municipal n49

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Edição n.º 49 :: Junho de 2013 :: Revista do Município de Loures

Obras Municipais em contexto escolar

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Patrícia Gomes Lucas :: 18

Vencedora do prémio Maria Amália Vaz de Carvalho – Entrevista

Loures Acessível :: 26


SUMÁRIO

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Loures Acessível

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Patricia Gomes Lucas

Aprender a Estudar... para Ganhar

: : Obras Municipais em contexto escolar

18

26

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Defesa da floresta contra incêndios

:: : : Rede AGRISOL

: : O nosso trabalho ambiental — SMAS

30 Atendimento Integrado

no Município de Loures

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34 40 46

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FICHA TÉCNICA

PROPRIEDADE :: Câmara Municipal de Loures Praça de Liberdade, 4, 2674-501 Loures DIRETOR :: Carlos Teixeira PERIOCIDADE :: Bimestral CONTACTO :: louresmunicipal@cm-loures.pt DEPÓSITO LEGAL N.º :: 183565/02 ISSN 1645-5088 | Anotada na ERC


EDITORIAL

Carlos Teixeira Presidente da Câmara Municipal de Loures

Em “vésperas” de deixar de ser presidente da Câmara Municipal de Loures, reflito, inevitavelmente, sobre a forma rápida e intensa como vivi estes 12 anos de uma missão sem paralelo no resto da minha vida. Foi uma viagem. Uma viagem que fizemos juntos. E que valeu a pena. Mesmo os que possam discordar da maioria das opções tomadas, convirão que, se porventura, recuássemos doze anos, não reconheceríamos muitos dos diferentes lugares do nosso concelho, intervencionados sob a minha liderança. Loures cresceu muito, modernizou-se, tornou-se acessível, captou investimento, atraiu habitantes, visitantes e empresas. Temos um concelho grande em território e muito heterogéneo do ponto de vista urbanístico e também social, mas nada falta às populações que aqui residem, trabalham e estudam, quer vivam na populosa zona oriental quer se mantenham nas freguesias rurais. Em diversos momentos, fiz prova da importância que sempre dei às necessidades das pessoas, coletivas ou individuais. Neste último mandato, as prioridades da minha equipa centram-se precisamente nas respostas aos problemas das pessoas que, infelizmente, têm crescido à medida que os problemas do país também aumentam. Uma conjuntura complexa mas que não ensombrou a minha forma de estar na vida autárquica nem a das pessoas com quem partilho ideais e formas inovadoras de fazer sempre mais e melhor pelos cidadãos. Nesta revista, o leitor comprovará o que digo em todas as páginas. Na área da Ação Social, orgulho-me de, contra os que me acusaram de estar a assumir competências que nunca foram dos municípios, ter optado pelo sistema de Atendimento Social Integrado como solução para as listas de espera da Segurança Social. Não era admissível que uma pessoa que se confronta com problemas graves, muitas vezes de subsistência alimentar, ficasse vários meses à espera de um primeiro atendimento. Tal como não era admissível, nem sustentável, que um cidadão fosse contar as suas adversidades a inúmeros serviços públicos e instituições sociais, que não partilhavam informações e respostas, para poder ser ajudado. Hoje, temos canais de comunicação com todos os nossos munícipes e minimizamos os seus problemas através de um conjunto de respostas céleres, de uma cadeia de ajuda que criámos. Das lojas solidárias à bolsa de manuais escolares; do Espaço VIDA – atendimento a vítimas de violência doméstica ao Banco de Ajudas Técnicas; dos CLAII – Centro Locais de Apoio à Integração de Imigrantes ao Loures Repara; tudo se organiza para ajudar construtiva e ativamente todos aqueles que nos pedem ajuda. Hoje, sinto a alegria de ter chegado ao destino projetado. Não faltaram os grandes obstáculos, é verdade. Mas também não faltaram a determinação e a vontade de fazer o melhor que sabemos. Por Loures! Agradeço àqueles que sempre me quiseram bem e me apoiaram nos bons e nos maus momentos. Mas também aos outros, aos que construtivamente me ajudaram a fazer melhor. Divido convosco os méritos. Guardo para mim o muito que não foi alcançado. Que esta despedida sirva para nos encontrarmos outra vez. Num reencontro próximo. Por Loures!

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“A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida.” John Dewey — Filósofo, Educador 1859 // 1952 — excerto de “Pedra Filosofal”

Obras Municipais em contexto escolar A minha escola é linda

A escola é a segunda casa das crianças e dos jovens. É aqui que passam a maior parte do dia, é aqui que recolhem ensinamentos para a vida, é aqui que crescem e se tornam adultos. Baseada nestes pressupostos, a Câmara Municipal de Loures tem vindo a fazer um forte investimento na construção e reabilitação dos equipamentos escolares do concelho, para propiciar as melhores condições de ensino e as melhores vivências às suas crianças. A construção da Escola João Villaret, da Escola EB1/JI da Quinta da Mós, em Camarate, da Escola EB1/JI de Via Rara, em Santa Iria de Azóia, da Escola EB1/JI da Quinta do Conventinho, em Santo António dos Cavaleiros, do Jardim de Infância de São Julião do Tojal e da Escola EB1/JI de Loures ou da Escola EB1/JI da Fonte Santa, também em Loures,

são alguns dos exemplos de grandes intervenções levadas a cabo pela autarquia em várias freguesias do concelho. Dando continuidade ao trabalho de requalificação do parque escolar, este ano o Município está a conduzir um conjunto significativo de projetos de reabilitação. Mais uma vez, com as crianças e toda a comunidade escolar no centro das preocupações, em setembro, por ocasião da abertura do ano letivo 2013/2014, estarão reunidas todas as condições para que centenas de crianças possam usufruir de instalações novas ou reabilitadas.

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No quadro seguinte, estão espelhados alguns exemplos mais relevantes do investimento que foi e será aplicado em obras de reabilitação, em 2013: DESIGNAÇÃO DA OBRA

VALOR DO INVESTIMENTO (C/ IVA)

MAIS-VALIA DA OBRA

EB1/JI São João da Talha

951 898,61€

Ampliação da área de construção dos edifícios para dotar a escola de mais salas de aula e salas de apoio; remodelação das instalações sanitárias da escola; ampliação da biblioteca escolar; ampliação do refeitório; ampliação da cozinha; construção de novas salas de Atividades Extracurriculares; remodelação integral do logradouro da escola. Contempla ainda a ampliação para Jardim de Infância.

EB1/JI de Fernando

717 567,39 €

A intervenção pretende reabilitar o equipamento escolar corrigindo as

Bulhões — Santo António

deficiências funcionais que foram sendo detetadas ao longo dos anos,

dos Cavaleiros

colmatando as patologias existentes e prolongando a vida útil do edifício em pelo menos dez anos. Para o efeito serão realizados, entre outros, os seguintes trabalhos: verificação/substituição parcial da rede de drenagem de águas residuais; reparação e execução de novas coberturas; remoção e substituição das coberturas existentes em fibrocimento; remodelação das redes elétricas e de ITED; remodelação total das instalações sanitárias; estabilização do terreno de fundação em zonas particulares do logradouro, através da injeção de resinas especiais; substituição da caixilharia; substituição de estores.

EB1 de Casainhos — Loures

581 896,22 €

A intervenção pretende melhorar as funcionalidades do edifício, reabilitando-o, ampliar o edifício para a inclusão da valência de jardim de infância e ajustar o equipamento escolar às atuais condições de

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DESIGNAÇÃO DA OBRA

VALOR DO INVESTIMENTO (C/ IVA)

MAIS-VALIA DA OBRA ensino – aprendizagem, nomeadamente através da criação de sala polivalente/refeitório, cozinha, biblioteca, instalações sanitárias para pessoas com mobilidade condicionada. Melhorar as condições do logradouro, incluindo introdução de mobiliário urbano no espaço de recreio, complemento essencial às diversas atividades da população em idade escolar, permitindo aos utilizadores uma utilização mais específica e simultaneamente dinâmica, garantindo os parâmetros de segurança exigíveis para este tipo de equipamentos. Adicionalmente, pretende-se a resolução das condições de acessibilidade universal ao equipamento em questão.

EB1/JI n.º 2 da Apelação

159 000,00 €

Requalificação do logradouro da escola que atualmente apresenta mau estado de conservação.

EB1/JI de Fetais – Camarate

127 200,00 €

Os trabalhos a executar vão melhorar as condições de habitabilidade e utilização do espaço pela comunidade escolar, bem como as condições de salubridade dos espaços interiores através da eliminação dos problemas de infiltrações diagnosticados. Contempla ainda a reabilitação do edifício polivalente.

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Entre a reabilitação das coberturas (substituição ou impermeabilização), relocalização de salas, substituição de pavimentos interiores, construção ou adaptação de instalações sanitárias, reparações elétricas, pinturas e substituição de caixilharias, as intervenções são variadas e representam um investimento global superior a três milhões de euros, pretendendo ir ao encontro das necessidades diagnosticadas em análises técnicas feitas ao longo do ano ou de necessidades específicas manifestadas pela comunidade escolar.

Entre o investimento indireto, onde se incluem obras executadas por administração direta, destaca-se o trabalho do Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares (SABE), da Biblioteca Municipal José Saramago, que coordena o processo de aquisições (fundo documental, equipamento e mobiliário) a nível de equipamentos apoiados pelas Candidaturas RBE, promovendo a articulação entre os diversos parceiros nele envolvidos: autarquia, escolas e fornecedores.

Porque, como afirmou Sir Arthur Lewis, Prémio Nobel da Economia em 1979, a “educação nunca foi despesa; sempre foi investimento com retorno garantido”.

Rede de municipal de bibliotecas escolares cobre todo o concelho O investimento municipal no parque escolar do concelho de Loures não se restringiu em exclusivo à construção e/ou reabilitação de edifícios. Antes pelo contrário, teve expressão muito mais abrangente e complementar. A criação de todas as condições para o sucesso dos estudantes é um dos objetivos mais prosseguidos e acarinhados pelo atual executivo da Câmara Municipal, sendo um dos testemunhos mais visíveis desta opção política as bibliotecas escolares que foram “construídas” e inauguradas ao longo da última década, nomeadamente desde a integração do concelho na Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) em 2001. Atualmente, este tipo de equipamentos escolares, considerados auxiliares essenciais e preciosos para alunos e professores, ascende a um total de 47 unidades, instaladas em escolas básicas integradas, escolas básicas do 2.º e 3.º ciclos, escolas secundárias e, principalmente, escolas básicas do 1.º ciclo com Jardim de Infância. Ao todo, entre livros, CD, DVD e jogos, já foram disponibilizados desta forma cerca de 70 200 documentos, que servem centenas de crianças. O valor global direto despendido pela autarquia neste objetivo, incluindo os apoios do programa RBE e do Plano Nacional de Leitura (PNL), é bastante superior ao milhão de euros, o que corresponde a alguns milhares de euros por cada biblioteca inaugurada.

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Acabámos recentemente de assistir à abertura de três novas bibliotecas escolares no concelho, a saber:

Dia 17 de maio, EB1/JI da Bobadela

Dia 21 de maio,

EB1/JI de São Julião do Tojal

Dia 5 de junho,

EB1 n.º 1 de São João da Talha


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PROTEGER

Projeto “Aprender a estudar… para ganhar” Como descobrir o excelente aluno que há em ti?!

Loures está na linha da frente no capítulo da Educação. O plano de estudos foi traçado e os agrupamentos de Loures, Portela e Moscavide, Catujal/Unhos e Santo António dos Cavaleiros aderiram a este projeto, que promete mudar mentalidades na comunidade escolar.

O Departamento de Educação da Câmara Municipal de Loures colocou em prática, em fevereiro deste ano, um projeto inovador e dinamizador que pretende revolucionar os métodos de estudo dos alunos das escolas básicas do concelho. O conceito foi conceptualizado na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa e adaptado, apenas numa primeira fase, à realidade escolar do 5.º ano. Esta iniciativa lúdico-pedagógica conta com a supervisão das técnicas superiores de Psicologia que integram os agrupamentos de escolas do concelho.

“Aprender a estudar… para ganhar” é dirigido a todo o tipo de alunos. Neste ano de implementação, foram abrangidas quatro escolas EB 2,3: Luís de Sttau Monteiro, Gaspar Correia, Alto do Moinho e Maria Veleda. As inscrições foram abertas no início do ano letivo e os encarregados de educação decidiram. Um total de 155 crianças integraram o projeto e participam nas classes de 45 minutos, com interações e exercícios estipulados pela equipa de psicólogas,definindo as estratégias de estudo. E, numa primeira abordagem, foi escolhida a ferramenta “tirar apontamentos”.

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PROTEGER Por quê esta opção? Nesta fase da vida escolar, os alunos necessitam de começar a definir uma linha de pensamento bem estruturada, precisam de ter um reforço cognitivo que não seja apenas baseado em aulas e ditados, em livros e composições. Entraram num método de ensino diferente, deixaram o primeiro ciclo e encaram agora uma nova fase do ensino básico. É preciso que percebam a importância de começarem este novo rumo com organização e metodologia. Uma alteração comportamental que tem por base a compreensão exata do estado do aluno relativamente à ferramenta escolhida: muitos não tiram apontamentos porque não sabem; outros, porque não sabem como fazer. Assim, no final desta atividade o aluno tem de saber, com total segurança, como fazer. E por quê também o 5.º ano? Para que a equipa dinamizadora possa ter um ponto de partida e proporcionar um acompanhamento durante o resto do ensino básico aos alunos inscritos neste lançamento. Pretende-se que haja uma continuidade do projeto. Para além disso e de acordo com as técnicas de psicologia, as transições de ciclo revelam-se como as mais complicadas para os alunos, aumentando as taxas de insucesso escolar. O projeto, lançado no início do ano, tem conhecido muita adesão. As sessões vão despertando ânimo crescente nos alunos e com o “passa a palavra” muitos querem integrar as turmas já criadas nas escolas selecionadas. Os grupos estipulados são heterogéneos. São meninos oriundos de turmas diversas, com o seu próprio ritmo de trabalho e forma de estar, que vêm agregar-se numa única parceria. Muitas equipas têm dezoito ou vinte elementos e em grande parte bons alunos, apesar de não ter sido determinado qualquer tipo de exigência ou requisito para integrar o projeto. O conceito implementado é assente num princípio de igualdade. Todos têm a porta aberta para o conhecimento, só é necessária a predisposição para aceitar este desafio e a recetividade para compreender a importância de um bom método de estudo, na busca do êxito escolar.

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Mas este projeto não se quer englobado num ciclo que comece e encerre no 5.º ano. A ideia de continuidade é fundamental para o êxito da iniciativa. Como tal, pretendem abranger-se no próximo ano os restantes anos de escolaridade, acompanhando os alunos que começaram de início. Da mesma forma que as ferramentas práticas aprendidas vão também sendo alteradas, consoante o ano escolar em que os alunos se encontram. Podemos associar a escola a um jogo. São vários níveis a ser ultrapassados e para conseguir é necessário muito treino, muita prática, resumindo, muito trabalho e dedicação. E para tudo isto fazer sentido, é imprescindível um bom acompanhamento, pois ninguém aprende a voar sozinho.


PROTEGER E essas técnicas têm desfrutado bastante do desafio. Da mesma forma que ensinam, também elas aprendem, regressando aos tempos de escola e à adolescência. Combinar tudo isso com a responsabilidade do ensino, torna-se difícil mas compensador: “Enquanto técnica é gratificante ir para as escolas e perceber a postura dos meninos. Percebemos que eles gostam muito de conversar, necessitam de atenção e nós disponibilizamos esse tempo”, refere Lurdes Silva, uma das técnicas de dinamização do conceito. As aulas de 45 minutos, num total de oito sessões, são dadas pelas técnicas do Município ou pelas psicólogas, que previamente definem o plano de estudos aplicado às aulas. Pretendem, portanto, desenvolver um espírito de compromisso, responsabilidade e autonomia no seio da comunidade escolar, seguindo um fio condutor de nível científico. E como tudo na escola é assente numa base avaliativa, este projeto não foge à regra!

Cientificamente falando... O projeto “Aprender a estudar… para ganhar!” é desenvolvido por sete técnicas do Departamento de Educação da Câmara de Loures e supervisionado por quatro técnicas de psicologia que integram os agrupamentos de escolas que estão, nesta primeira fase, abrangidos por este plano. No primeiro estádio, as técnicas que vão dinamizar as tarefas de grupo receberam formação básica para operacionalizar o conceito, dada pela equipa de psicólogas. Pretende-se que as dinamizadoras consigam absorver o objetivo concreto que se pretende atingir com a sua implementação no seio escolar.

É necessário haver avaliação global no final desta aplicação por parte de todos os intervenientes: Diretores de turma, dinamizadoras e psicólogas. A par desta análise, serão feitos dois questionários, um aos alunos – perceber o impacte da ferramenta aplicada nas suas vidas – e outro aos encarregados de educação – saber a sua perceção relativamente à ação. Contudo, a avaliação é ainda mais minuciosa. As técnicas não podem descurar a sua própria interpretação do que são as aulas, e por isso no final de cada interação dão azo à sua autocrítica. Por forma a não descurar o papel dos encarregados de educação nesta atividade, prevê-se a promoção de sessões de sensibilização para que os agentes educativos possam compreender a forma de ajudar a melhorar o rendimento escolar dos mais pequenos, e de como podem também eles utilizar estas ferramentas aprendidas nas sessões do projeto. Desta feita, pretende assentar-se nos alunos o sentimento de preocupação para com os estudos e a forma de apreenderem a matéria. É necessário aplicar métodos de estudo capazes de diminuir o esforço e estimular o êxito nos estudos. Reforçar Revista :: Loures Municipal :: Junho 2013 :: 15


PROTEGER em como é importante ser-se um bom aluno, preocupado, empenhado e capaz de desenvolver a competência que o futuro decerto irá exigir de cada um, são objetivos a alcançar a curto prazo. É preciso incrementar a noção de que é vantajoso aderir a estas estratégias de aprendizagem no novo mundo que é o 5.º ano de escolaridade.

Hora do estudo! Já se ouvem as gargalhadas, no corredor de acesso à sala 8 do Pavilhão C da Escola EB 2,3 Luís de Sttau Monteiro, dos pequenos estudantes que participam nesta atividade. Correria, agitação e excitação por terem saído das aulas e estarem prontos a iniciar um momento descontraído de aprendizagem, interação e brincadeira. A presença de uma jornalista na sala acabou por motivá-los e a curiosidade deu lugar a um ambiente de competição saudável, olhares atentos, participação ativa e muita jovialidade. Os dez participantes sentaram-se e depressa estavam de lápis em punho, folha branca à frente e predispostos a dar andamento ao sumário do dia: “E quando fica difícil superar obstáculos?”

Os dados foram lançados e depressa o rebuliço próprio daquelas idades deu lugar à ânsia de serem os primeiros a fazer, de acertar no exercício e de perceber o teor daquilo que a professora estava a transmitir. E a mensagem foi captada! Divididos em dois grupos, tiraram apontamentos, explicaram aos colegas uma história acabada de ouvir, cooperaram, ajudaram-se mutuamente e no fim só a vitória importava: “GANHÁMOS!” Que bonita palavra saída da boca de uma criança. É esta a motivação que as dinamizadoras pretendem incutir em cada aluno nesta nova vivência escolar. Olhos cor-de-mar, expressivos, dominantes e sorriso cativante, Alexandre Costa participava alegremente nas atividades. Nos seus onze anos, assumia uma postura de líder, um homenzinho que encarou todos os incentivos naqueles quarenta e cinco minutos como uma oportunidade de mostrar o seu valor e conseguiu! De minuto a minuto fitava a jornalista e tentava perceber se já estaria a tomar notas de todos os comportamentos expressos. Até que chegou o momento pretendido, a entrevista! Sentados os dois lado a lado, companheiros de carteira feita para pequeninos e com as perguntas à minha frente, fito o meu entrevistado e deparo-me com um olhar expectante que contemplava os riscos e rabiscos que eu tinha sobre a mesa. “Estás preparado?”, perguntei. “Sim, estou!”, ouvi numa voz forte e motivada. Comecei a puxar o assunto que ali me trouxera, tentei construir uma conversa informal, apenas de colegas de turma: “Gostei muito da sessão. Consigo perceber o que a professora explica aqui nas aulas”, diz-me o Alexandre, entusiasmado com a experiência de estar a comentar para uma revista do concelho de Loures. Mostrando-se confortável com o tema, perguntei-lhe se ele já seria capaz de tirar apontamentos: “Chego a casa e passo tudo o que aprendi a limpo. É uma forma de poupar tempo a estudar e ter mais tempo para brincar, pois na altura do teste já não tenho que escrever tudo, é só ler estes apontamentos que vou tirando.” Sorri, pois na sua idade é bom ter tempo para brincar. Para terminar referiu ainda que já teve um teste onde aplicou a ferramenta que está a aprender nestas sessões: “Ainda

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PROTEGER -se comodamente a meu lado preparado para as perguntas que tinha para ele. Entusiasmado com a ideia de dar uma entrevista, cravou os olhos no meu caderno e deixou-me começar: “Passaste por uma grande mudança, passaste do primeiro ciclo para o segundo, não foi?”, perguntei para lançar o mote da entrevista que se queria informal. “Adaptei-me muito bem e não sinto muita diferença. O que se aprende agora é muito do que eu já aprendi”, respondeu com toda a prontidão e, ao mesmo tempo, com aquela doçura que lhe seria característica durante todo o tempo. Um menino que está a acumular boas notas e a manter o gosto pela escola e pelos estudos: “Costumo rever a matéria dada e tirar apontamentos. Já o fazia na primária e agora continuo a aperfeiçoar-me com este projeto.” Gosta bastante das sessões onde são ensinadas técnicas relacionadas com a ferramenta escolhida – “tirar apontamentos” – e admite que “estas aulas estão a ajudar-me, tenho melhores notas”. Esta motivação que o Aloísio transmite em cada palavra que profere é extremamente gratificante para a psicóloga que acompanha duas turmas desta escola: “A par com o Aloísio, todos os meninos são participativos, entusiasmados e ajudam-se mutuamente. Envolveram-se bastante no projeto e todos puxam uns pelos outros”, explica Mariana.

não sei o resultado, mas correu bem. Foi mais fácil assim!” A vontade de continuar no projeto é muita, o que reforça ainda mais a noção de continuidade que a equipa quer fomentar. “Foi uma grande mudança. É tudo diferente, antes tinha só um professor para o dia inteiro, agora tenho vários. Mas estou a conseguir cumprir e ainda não tive nenhuma negativa”, afiança alegre o pequeno Alexandre de olhos cor-de-mar. Da EB 2,3 Luís de Sttau Monteiro demos um saltinho à EB 2,3 Alto do Moinho, do agrupamento Catujal/Unhos, e pusemo-nos à conversa com Aloísio Martins, do 5.º D. Mariana Figueiredo, psicóloga estagiária da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, a desenvolver trabalho na Câmara de Loures, chegou acompanhada por um menino de sorriso doce e trato fácil. Aloísio, de dez anos, sentou-

O meu entrevistado manteve a postura, sempre atento às perguntas que lhe colocava. Um pequeno estudante que demonstrou, em cada resposta, toda a sua vontade em continuar a sua busca incessante pelo saber: “Não tenho dificuldade em tirar apontamentos nas aulas. Em casa, também tiro enquanto estudo. Os exercícios e jogos que fazemos nas sessões ajudam-me e aplico-os todos os dias.” Terminámos como começámos… de sorriso aberto: “Quero continuar, pois estou a gostar muito!” Perceber, no terreno, como estes meninos encaram o projeto implementado pela Câmara de Loures é uma mais-valia para a equipa, pois permite avaliar a importância da sua aplicação e sustentabilidade. E de acordo com a psicóloga Mariana Figueiredo, “este projeto vem dar resposta aos alunos que querem estudar mas não sabem como fazê-lo. Através de uma forma lúdica, dá-se aos alunos ferramentas de aprendizagem para alcançarem autonomia na forma de estudar”. Revista :: Loures Municipal :: Junho 2013 :: 17


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ENTREVISTA

Patrícia Gomes Lucas Vencedora do Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho – Jovens Talentos Poesia 2012

Patrícia chegou pontual à Biblioteca Municipal José Saramago, local escolhido para conhecermos melhor a vencedora do Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho – Jovens Talentos Poesia de 2012. Apresenta-se modesta, cordial, disponível e colaborante para uma entrevista que é uma situação nova para si. Não obstante, a conversa irá fluir de forma natural como testemunham as páginas que se seguem. Como “desbloqueador de conversa”, tínhamos-lhe pedido que trouxesse dois objetos que fizessem parte da sua vida. Como não poderia deixar de ser, Patrícia escolheu dois livros e foram eles que nos guiaram na tarde que passou quase sem darmos por isso.

Que objetos trouxe consigo e que significado têm na sua vida? Trouxe dois livros. Um deles em especial tem-me acompanhado já há uns anos: o Medo – a obra completa de Al Berto. Foi um poeta que descobri na adolescência e que tinha uma poesia muito diferente de tudo o que tinha visto e dado na escola. Fiquei atónita ao lê-lo pela primeira vez. Ao longo dos anos e, ainda agora, é um livro que eu abro aleatoriamente e leio dois ou três poemas. O outro livro é mais recente, é também uma coletânea, do Francisco José Viegas, Metade da Vida. Francisco José Viegas é um bom romancista, mas ainda melhor poeta. Gosto muito do tom da sua poesia, da paisagem melancólica sempre presente,

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ENTREVISTA

muito mar e do que está por trás dos poemas que escreve. Estes foram os dois objetos importantes que achei que deveria trazer. O facto de ter trazido dois livros traduz a grande importância que têm, na sua vida. Quer falar-nos disso? Os livros são uma espécie de passagem para o outro lado, para outro sítio qualquer. Eu gosto muito de filmes, de séries, mas os livros dão-nos a possibilidade de imaginar a partir das ideias que veiculam. Nós podemos fazer o resto. Os livros estão sempre presentes na minha vida. Tive a sorte de ter uma mãe que adora livros e que foi alimentando esta minha paixão. Tenho muitos livros em casa, às vezes torna-se difícil encontrar espaço porque se multiplicam com a maior facilidade. Sempre vivi com muitos livros por perto e sempre foram uma espécie de amigos que vão dando uma ajuda e me vão dizendo coisas. Muitas vezes respondem-me… Quem é a Patrícia Gomes Lucas? Segundo o meu Bilhete de Identidade, nasci em Lisboa, mas passei muitos anos perto da Ericeira, no campo, com o mar ao pé; nunca vivi em zonas mais urbanas, por isso o verde do campo é muito importante para mim. Depois vim para a Freixeira, Lousa, uma zona igualmente pequena, e

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acho que o facto de ter crescido nesse mundo de aldeia, de vidas pequenas, da igreja como núcleo da vila, passa um bocadinho para as coisas que eu escrevo. São as paisagens a que me habituei. De que modo é que esse ambiente de aldeia influenciou a pessoa que a Patrícia é hoje? Provavelmente ensinou-me a ser insatisfeita e a querer sair, ir mais longe. Não é que aquele mundo que é, sem dúvida, fechado, seja desagradável. Acredito que, na cidade, onde as pessoas praticamente não se conhecem, também não seja assim tão confortável. Ter vivido em espaços mais fechados, em zonas onde as pessoas sabem todas da vida umas das outras, fez-me querer sair e, também por isso, sempre tive a intenção de ir para Lisboa para a faculdade, de sair não só em termos físicos, mas também procurar outras ideias. É licenciada e tem um mestrado em História. O que a levou a fazer essa escolha? A História, grande e eterna paixão… Desde sempre quis estudar História, não havia dúvidas! É com o passado que eu trabalho. Adoro romances históricos, adoro biografias históricas. Acabei por me centrar mais no século xix em termos de estudo, mas sempre tive um gosto muito variado.


ENTREVISTA

Lugares

jornais e, ss to e o b im ch ca e d tabaco em a v sa en p ô, v a omens h o n s a se v es d m u n r sa en Quando pensa p ra como E . ge n lo o it u m s dos es ga oz ti v n , a s a fi a gr to fo s a amarelados, frio n apareciam e qu s a d a ir v re o avô. s ta ra E on . p ia ón m ri ce e d de bigode de s us casaco se os n s to ir h o it u feriam m re , a se os d to em qu a a livros de históri so tro, a pes en d or p o d a er p es ara o p es d r , sa ra ou p a to ei ir d o Desolado por fo it ento, mu z n ci e d s n to em ô, v a em voz baixa, o fotógrafo. Patrícia Gomes Lucas

Foquei-me no século xix porque, enquanto fui fazendo a licenciatura, percebi que o século xix, em Portugal, carece de estudo: não há muitos historiadores dedicados àquele período o que, eventualmente, pode ser uma oportunidade. Em minha casa há um livro das Selecções do Reader’s Digest, A Monarquia Portuguesa, que tem uma parte com a biografia dos reis de Portugal. Com 12 ou 13 anos, ficava a lê-lo, página a página, o que não seria muito comum para uma adolescente. No 8.º ano, tive uma professora de História que não repetia a mesma palavra duas vezes na mesma frase, o que me fascinava. Tinha um vocabulário e uma forma de falar muito claros. Essa clareza facilita muito a vida aos alunos. Entusiasmava-se com a informação que passava e isso fez-me decidir por História. Gostava de dar aulas no Ensino Superior. Gosto do meio académico, com todas as suas peculiaridades. É uma fase em que os alunos começam a ficar mais curiosos, mais interessados e não estão ali por obrigação.

E pensa fazer investigação? Gosto muito de fazer investigação mas, infelizmente, não é uma atividade bem remunerada. Não é fácil dependermos das poucas bolsas disponíveis, embora seja uma área de que gosto mesmo muito. Gosto de me rodear de documentos antigos, de descobrir, de fazer a narrativa. Já tem trabalhos feitos sobre o conde de Casal Ribeiro. Descobriu algum dado interessante? O conde de Casal Ribeiro estava muito pouco estudado, embora não fosse uma figura das mais importantes daquele período. Para a maioria das pessoas, Casal Ribeiro é uma rua em Lisboa… Era isso que era para mim até, por acaso, ter encontrado uma gravura do mesmo, na História de Portugal Monumental, de Damião Peres. Reparei no rosto do conde e percebi que nunca o tinha visto em nenhum manual. Fui pesquisar o nome e verifiquei que não havia praticamente nada escrito sobre ele, talvez um ou dois artigos muito curtos. Curiosamente, ele tinha escrito muitas coisas durante a vida. Estava então à procura de um tema para a minha tese e perguntei a um dos meus professores, que depois viria a ser o meu orientador, o que é que ele achava sobre o conde de Casal Ribeiro. Revista :: Loures Municipal :: Junho 2013 :: 21


ENTREVISTA O professor achou que era um tema interessante porque não havia praticamente nada feito sobre ele. Comecei a fazer a investigação e tive a sorte imensa de descobrir que existe um espólio bastante significativo do conde que está em posse de familiares, ao qual eu tive acesso. É curioso ter descoberto que o conde de Casal Ribeiro, no final da sua vida, escreveu bastante. Há imensos textos que nunca foram publicados. Há até uma biografia de um político espanhol com cerca de 300 páginas, manuscritas… Acabei por fazer uma ou duas descobertas sobre a vida política dele, foi muito interessante fazer aquela investigação porque passou do senhor que dá nome a uma rua ao pé do Saldanha para alguém com quem eu passei um ano da minha vida e que se mantém sempre presente. O que significa, para si, escrever? Eu não diria que é tão importante como respirar porque, se não tiver tempo, sou capaz de passar umas semanas sem escrever absolutamente nada. Às vezes sinto uma espécie de compulsão da escrita. Posso até nem ter uma ideia definida, mas sinto o apelo da folha em branco e logo vejo se se produz algum resultado. Dependendo do estado de espírito escrevo à mão ou ao computador. Às vezes apetece, realmente, escrever à mão, apetece o papel e a caneta ou o lápis a fazer barulho no papel. Gosto, acima de tudo, da sensação de escrever. Mesmo que depois olhe para o que escrevi e pense que podia estar melhor. Gosto da ideia de escrever, gosto da ideia de ser um bocadinho aprendiz de escritora. Quais são as suas inspirações literárias? As pessoas que me rodeiam, com quem tenho uma relação mais próxima, influenciam-me muito, às vezes de formas de que nem elas se apercebem. Por exemplo, nos textos que eu apresentei a concurso, estão referências a pessoas da minha família ou a situações que se foram alterando, entretanto; não são óbvias, mas estão lá.

uma coisa maravilhosa porque têm uma forma que faz todo o sentido. Depois, por causa das referências que o júri deste prémio fez à Maria do Rosário Pedreira, fui reler e gostei muito. São poemas muito cheios de sentimento, mas muito graves e austeros. Surpreendeu-me porque eu já não me recordava do que tinha lido dela e ao reler achei poesia de grande qualidade!

O que leio é extremamente importante e, nesse sentido, há alguns poetas que me marcaram muito, alguns dos quais já não vou ter o prazer de conhecer, como é o caso do Al Berto. De um estilo poético completamente diferente, David Mourão-Ferreira, que me ensinou o manipular a palavra, a importância do seu som. Ler os poemas dele em voz alta é

Fora da poesia, não sigo autores. Há livros que me marcam. Gosto muito das Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar. É um livro sobre História e apesar de refletir um período que não domino, despertou-me um certo interesse pela História. Também me encanta A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón — uma história sobre livros que mexeu

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ENTREVISTA muito comigo. Mais recentemente li Adoecer, de Hélia Correia. Fi-lo pelo período histórico em que decorre a ação, a Revolução Industrial. Fala de um grupo de pintores ingleses que existiram de facto. A atmosfera que a autora passa, muito cinzenta, muito cheia de fumo, e a ideia da fragilidade feminina é muito bem transposta. Faz-nos sentir as descrições. Foi uma surpresa! Passando ao prémio Maria Amália Vaz de Carvalho: Quando, como e por que decidiu concorrer? Vi algures uma informação sobre a existência deste prémio. Nunca tinha publicado nada, nunca tinha enviado nada para concursos, embora tivesse mostrado algumas coisas a alguns, poucos, amigos. À família nunca mostrei nada. Só o fiz depois de ter enviado os textos para o concurso e também gostaram bastante. Quando vi as informações do Prémio, pensei que valeria a pena experimentar e que era pouca a probabilidade de ganhar com o meu trabalho de amadora. Mas concorri, na expetativa de que o júri me dissesse: “Isto não serve para nada, dedique-se a outra coisa qualquer…” A pergunta que se segue é um cliché, mas que tem de ser feita: o que sentiu quando a informaram da vitória? Foi mesmo uma surpresa, não senti qualquer tipo de pressão ou responsabilidade. Depois, nos dias a seguir, digeri melhor e senti uma espécie de alívio porque se confirmou a qualidade do que escrevo. Afinal tenho talento. Afinal, valeu a pena todo o tempo que passei à secretária a alinhavar palavras. Fiquei muito feliz. Na cerimónia de entrega do Prémio, na Biblioteca Municipal José Saramago, o júri foi bastante elogioso face aos seus trabalhos. Como sentiu esses elogios? Achei que não eram para mim. Não era de mim que estavam a falar… eu que escrevo umas coisas sem jeito nenhum, estava a ser comparada com escritores “a sério”. Ouvir dizer que há uma certa parecença entre os meus textos e os de escritores “gigantes” é avassalador. Ao mesmo tempo, sinto um certo orgulho por verem dessa forma o que escrevi.

Quando o júri se referiu ao seu trabalho, sentiu que estavam a focar aspetos que nem lhe tinham ocorrido, quando produziu aqueles textos? Eu não gostava de fazer interpretação de poesia na escola. A forma como interpretamos é muito pessoal e aquilo que significava para os professores não era o mesmo que significava para nós. Nem tudo aquilo que o júri disse era exatamente aquilo que eu tinha pensado, mas houve algumas coisas que, realmente, gostei muito de ouvir, porque os comentários vieram ao encontro dos meus pensamentos quando escrevi e fez-me pensar que consegui passar a ideia, os outros perceberam aquilo que eu queria dizer com os meus textos. Pretende passar uma ideia, uma mensagem, quando escreve? Sim, principalmente pretendo contar uma história. Numa parte dos poemas é mais evidente, na outra parte é mais subliminar, mas em geral há sempre uma história lá dentro. Fragmentos de uma história, não dá para procurar personagens… são situações, são cenários. Na maior parte dos casos, a ideia para o poema surge a partir de um objeto, uma imagem, uma frase e depois o resto desenvolve-se… às vezes de uma forma muito simples, outras vezes com imenso trabalho. As palavras exigem muito de nós… Qual é a sua relação com o que escreve? Eu gosto de ler poesia que me pareça esteticamente harmoniosa. Não tem de ser poesia com uma grande profundidade emocional. Os poemas de Fernando Pessoa de que mais gosto não são os dos heterónimos, é a Mensagem, porque é um conjunto de poemas com uma sonoridade lindíssima, quando lemos em voz alta. Se o poema estiver bem desenhado pode marcar-nos muito sem ser necessário ter uma grande ideia por trás. Eu gosto que os meus poemas me soem bem. Da mesma maneira, sinto isso em relação a poemas de outros autores. Alguns poemas marcaram-me mais porque têm um verso genial. O poeta escreveu o que eu queria ter escrito. Não tenho uma inspiração repentina para escrever, mas gosto de acabar o poema, dá-lo por acabado, tenha trabalhado muito ou tenha sido uma coisa mais simples, e gosto que me soe bem. Gosto de ouvir o que escrevo.

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ENTREVISTA

Que impacto teve este prémio na sua vida? Fez-me pensar que posso investir mais na escrita. Hoje em dia ninguém vive disso, a não ser três ou quatro escritores de best sellers, mas fez-me pensar que posso experimentar publicar, apesar de o mercado da poesia ser muito reduzido. Portugal é um país de poetas, mas quase ninguém lê poesia e isso vê-se pelas edições de poesia de 300 ou 400 exemplares… Por que é que acha que isso acontece? A poesia é-nos passada de uma maneira errada na escola. Aliás, todo o tipo de literatura nos é passado de maneira errada. Somos forçados a ler e nem sempre lemos os livros certos nos momentos oportunos. Por exemplo, gostei muito de ler o Memorial do Convento, do José Saramago, no 9.º ano, apesar de ter sido um bocadinho difícil adaptar-me à forma como ele escreve. Mas, quando entramos na história, esquecemos a forma e tudo passa a fazer muito sentido. Não gostei de ler Os Maias no 11.º ano porque não tinha a maturidade necessária para perceber a história, para perceber o retrato de época que o livro apresenta. A forma como esse livro nos é imposto aos 16, 17 anos não é interessante… Em relação à poesia funciona mais ou menos da mesma maneira: “Damos” poucos poetas, “damos” Fernando Pessoa, vezes sem conta, “damos” Camões porque não “dar” Os Lusíadas é uma espécie de sacrilégio. É uma epopeia importantíssima, mas apesar de ser uma descrição fantástica da nossa

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História, genial mesmo, é uma obra com uma densidade que nos esmaga. Não estamos preparados para ela Depois, no 11.º ano, “damos” Cesário Verde. Foi um choque para mim, porque o primeiro poema que eu li dele acaba com o seguinte verso: “[…] e o peixe podre provoca os focos de infeção.” Nunca mais fui capaz de gostar do Cesário Verde porque acaba um poema com um verso sobre “peixe podre e focos de infeção” que é algo que um adolescente ou jovem adulto não consegue entender! Depois descobri que Cesário Verde fez descrições fantásticas de Lisboa e de como era a sociedade em Lisboa à época mas, nessa altura, já a sua poesia me tinha deixado um sabor amargo de que nunca mais me consegui libertar. Presumo que isto aconteça com a maioria das pessoas. Interpreta-se a poesia segundo o modelo do manual e as pessoas acabam por ter muito pouca liberdade para sentir a poesia. Portugal tem poetas maravilhosos e poesia de ótima qualidade, mas a forma como se faz chegar a poesia às pessoas não é motivadora e, por isso, há poucos leitores que compram livros de poesia. Também não compram outro tipo de livros… O mercado é pequeno e o gosto pela leitura é reduzido, em Portugal. A taxa de analfabetismo era muito elevada, o que deixou marcas. Mesmo quem sabia ler, não tinha o incentivo necessário para pegar nos livros e se apaixonar por eles e isso tem repercussões na sociedade que, às vezes, nem


ENTREVISTA damos conta. Só nos apercebemos depois quando os livros têm tiragens muito pequenas e as pessoas desconhecem a maior parte dos autores. As pessoas não sabem quem são a maior parte dos poetas da atualidade, principalmente de gerações mais jovens. Às vezes é complicado conhecer porque a informação não está facilmente acessível. Se, por um lado, as pessoas não procuram, também é verdade que os poetas se consideram uma elite que se fecha sobre si própria, que só partilha os textos entre si. Existem os escritores “da moda” como José Luís Peixoto ou João Tordo, que toda a gente conhece, mas não existem os “poetas da moda”… Não há tanto, mas há um poeta que está um bocadinho “na moda”, Miguel Manso. Faz umas edições minúsculas. Há dois anos que se fala bastante dele. Mas porque estou atenta a meios que se debruçam mais sobre isso ou revistas ou blogues que representam um meio bastante importante para a divulgação da nova poesia. Mas, de facto, não há nomes que a maior parte das pessoas possa reconhecer por já terem aparecido na televisão. Toda a gente ouviu falar de José Luís Peixoto, porque já apareceu na televisão. Gosto dos seus romances, mas principalmente da sua poesia. Tenho sempre tendência para gostar mais da poesia dos escritores do que da prosa. E como acha que a poesia deveria ser divulgada? Gosto da ideia de misturar, cruzar diferentes áreas artísticas. Fazer um pouco o que foi feito aqui na Biblioteca com o desenho e a ligação à poesia, na Exposição Desenhar a Poesia. Tenho amigos ilustradores que me abrem horizontes para essa realidade, a possibilidade de lerem um poema que, depois, os vai influenciar no desenho. Parece-me muito interessante. A mistura de áreas poderia ser muito produtiva… talvez ainda sejam mundos separados que não se aproximaram o suficiente…

duração, mas tem sido bastante interessante. Estou a ponderar começar o doutoramento. Penso manter-me na política do século xix, mas agora vou passar para os partidos políticos, outro assunto pouco estudado, em Portugal. Acho que faz falta perceber este período. Estou também a escrever algumas coisas, a explorar algumas ideias no âmbito da poesia, para tentar publicar em livro ou em revistas da especialidade. Já enviei algumas coisas para uma editora e estou a aguardar resposta. É um processo que pode demorar meses, o que me deixa a pensar que, provavelmente, o trabalho não tem qualidade. De qualquer forma, vou continuar a tentar porque acredito que, a qualquer momento, pode haver uma porta que se abra. E a sua vida vai ser entre a História e a Poesia… Se esta experiência correu tão bem, por que não repetir? Visto que, neste momento, não se vive nem da História nem da escrita, é possível que a conjugação de ambas funcione melhor!

Vamos terminar com outra pergunta inevitável: o que está a fazer neste momento e quais são os seus projetos futuros? De momento estou a participar num projeto de investigação sobre História Económica, na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. Infelizmente é de curta Revista :: Loures Municipal :: Junho 2013 :: 25


AGIR

Participe, vamos tornar Loures Acessível! Já experimentou passear na sua freguesia com um carrinho de bebés? Já se imaginou a circular pelas ruas da sua terra em cadeira de rodas? E de muletas? Agora, imagine que era invisual e que tinha que fazer esses percursos sem ter a possibilidade de ver por onde andava… Não é fácil, pois não? Realmente, só quando passamos por certas vivências, conseguimos avaliar até que ponto é que a construção de uma cidade não inclusiva prejudica, atrapalha e condiciona quem tem algum tipo de limitação física, seja na locomoção, na audição ou na visão, definitiva ou temporária. Assim, pode assumir-se que a acessibilidade é um direito de todos e que a mesma é um fator determinante para a participação ativa do cidadão na vida da comunidade, constituindo uma condição indispensável para o exercício dos direitos de cidadania em relação ao meio físico edificado, aos transportes e às tecnologias de informação e de comunicação.

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Consciente destas preocupações, a Câmara Municipal de Loures candidatou a elaboração do “Loures Acessível” – Plano Local de Promoção de Acessibilidade – ao RAMPA (Regime de Apoio aos Municípios para a Promoção de Acessibilidade), do POPH (Programa Operacional do Potencial Humano), no âmbito da Tipologia de Intervenção 9.6.5 – Ações de Investigação, Sensibilização e Promoção de Boas Práticas do Eixo Prioritário VI – Cidadania, Inclusão e Desenvolvimento Social. O “Loures Acessível” tem como objetivo central o estudo das melhores soluções técnicas para os problemas de acessibilidade detetados no Município, envolvendo a participação das juntas de freguesia, população, associações, agentes locais e técnicos, em ações que vão desde o diagnóstico à informação, sensibilização e formação.


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AGIR A eliminação das barreiras arquitetónicas contribuirá para a melhoria do ambiente construído e da qualidade de vida e bem-estar social dos cidadãos.

Loures Acessível – Plano Local de Promoção da Acessibilidade

O “Loures Acessível” – Plano Local de Promoção da Acessibilidade consiste num conjunto de estudos de natureza multidisciplinar, que abrange a via pública, edifícios municipais com atendimento ao público e transportes públicos rodoviários, através dos quais se pretendem identificar situações de desconformidade relativamente às normas e tipificar sistematicamente as medidas corretivas a implementar, estimando o custo e estabelecendo prioridades, de modo a programar as intervenções necessárias para assegurar a acessibilidade física nas áreas de intervenção. A análise das condições de acessibilidade será realizada através de diagnósticos, bem como de estudos prospetivos para a definição de uma Rede de Percursos Acessíveis e da intervenção específica numa determinada área e num edifício do Município. O resultado dos estudos será integrado num Sistema de Informação Geográfica (SIG) de modo a permitir a monitorização e expansão do plano. OBJETIVOS Verificar as condições de acessibilidade pedonal na via pública e no local de entrada/saída principal dos equipamentos coletivos; Verificar as condições de acessibilidade nos edifícios municipais com atendimento ao público; Verificar as condições de acessibilidade nos transportes públicos municipais; Propor medidas que visem a eliminação/correção das inconformidades detetadas, criando condições de segurança à livre circulação pedonal; Propor medidas que garantam a plena acessibilidade nos espaços públicos construídos de raiz; Sensibilizar a sociedade civil para a promoção da acessibilidade, através da informação e de ações de

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sensibilização, sobre a vantagem, a importância e a obrigação de assegurar condições de acessibilidade, dando a conhecer os direitos previstos na legislação; Iniciar a execução do plano numa área-piloto (com especial incidência na segurança rodoviária para peões) e num edifício municipal; Garantir e controlar a aplicação do Plano Local de Promoção da Acessibilidade. ÁREAS DE INTERVENÇÃO O âmbito territorial do plano abrange todas as freguesias do concelho, tendo sido definida uma área de estudo em cada uma delas, que teve em consideração os principais arruamentos dos aglomerados urbanos das freguesias e a localização de equipamentos coletivos e serviços.


FASES DO PROJETO As áreas de intervenção definidas serão objeto de levantamento exaustivo e diagnóstico crítico, com base no Decreto--Lei n.º 163/2006, de 8 de agosto, e nos princípios do Design Inclusivo, com o objetivo de operacionalizar o projeto “Loures Acessível” – Plano Local de Promoção da Acessibilidade no Município. O Levantamento consiste na identificação das barreiras físicas, urbanísticas e arquitetónicas existentes na via pública e no acesso a equipamentos coletivos, edifícios municipais (com atendimento ao público) e transportes públicos rodoviários.

Rede de Percursos Acessíveis Propostas que visem a eliminação/correção das barreiras detetadas nas áreas de intervenção identificadas para a concretização de uma rede de percursos acessíveis em meio urbano.

O Diagnóstico compreende três fases sequenciais: Análise dos dados recolhidos no levantamento, relativamente às condições de acessibilidade nas áreas temáticas definidas; Identificação dos níveis de acessibilidade (acessível ou inacessível); Proposta de medidas corretivas, com definição de prioridades e estimativa de custos de intervenção.

Proposta de intervenção numa área-piloto Elaboração de um projeto de acessibilidade para a Rua da República, entre o Parque Municipal Major Rosa Bastos e o Parque da Cidade de Loures.

ESTUDOS PROSPETIVOS Com a intenção de definir uma rede que ligue os principais equipamentos coletivos e serviços existentes nas áreas de intervenção, serão realizados os seguintes estudos prospetivos:

Proposta de Intervenção num edifício municipal Elaboração de um projeto de acessibilidade para os Paços do Concelho. Revista :: Loures Municipal :: Junho 2013 :: 29


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SENTIR

Incêndios florestais

Prevenir para evitar o pior Com a chegada do verão, nada melhor do que relembrar o flagelo que, nesta altura do ano, deve ser uma preocupação de todos – os incêndios florestais –, fazendo jus à expressão popular: “Mais vale prevenir que remediar.” Apesar dos esforços feitos todos os anos, os portugueses continuam a assistir pela televisão – especialmente nos meses de julho, agosto e setembro – ao espetáculo das chamas que devoram florestas, mudam para sempre o território, pondo em perigo pessoas e bens. E se os bombeiros arriscam as suas vidas na missão de combater os fogos, todos nós temos obrigação de evitá-los.

Todos os anos é igual. Chegamos ao pico do verão e, através da televisão, as chamas a entrarem-nos casa adentro. Apesar de todos os esforços, do reforço em meios humanos e de combate, continuamos a ver populações assustadas, vidas em perigo e muito território queimado de norte a sul de Portugal. Os incêndios florestais são das catástrofes naturais mais graves no nosso país. A frequência com que ocorrem e os efeitos destrutivos que causam levam a prejuízos económicos e ambientais enormes, além do perigo para populações e bens. Apesar de serem várias as causas para o início de um incêndio, a intervenção do ser humano está cada vez mais ligada ao aparecimento deste tipo de fenómenos. De forma consciente ou inconsciente, a ação do Homem tem sido um fator importante,

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SENTIR tanto na origem como na propagação e na extinção dos incêndios. A propagação de um incêndio depende das condições meteorológicas – direção e intensidade do vento, humidade relativa do ar e temperatura – e do grau de secura e do tipo do coberto vegetal, orografia do terreno, acessibilidades ao local do incêndio e do tempo de intervenção. Causas e efeitos As causas dos incêndios florestais são as mais variadas. Têm – na sua grande maioria – origem humana, tanto por negligência como por acidente. Queimadas, lançamento de foguetes e cigarros mal apagados são as causas mais comuns, já que os incêndios provocados por causas naturais como trovoadas fazem parte de uma pequena percentagem do total de casos. Em relação ao território nacional, o “mapa” das ocorrências é bastante sazonal, com o maior número de fogos e de área ardida a ser registado nos meses de julho, agosto e setembro. No que diz respeito aos efeitos dos incêndios, note-se que Portugal tem sido, ao longo dos últimos anos, alvo de danos significativos, quer em termos de áreas ardidas, quer em destruição de espécies singulares e que, embora difíceis de quantificar, as emissões de gases e partículas libertadas durante um incêndio podem ser responsáveis por alguns impactes ambientais. Por outro lado, a área devastada por um incêndio florestal pode mais facilmente originar deslizamentos e cheias quando sujeita a chuvas intensas. No entanto, estes não são os únicos danos. Os incêndios são também responsáveis pela morte e ferimentos em populações e animais, destruição de bens e corte de vias de comunicação.

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Conselhos úteis

Se for surpreendido pelo início de um incêndio florestal, contacte de imediato os Bombeiros, Forças de Segurança (GNR ou PSP) utilizando os números 112 ou 117; Proteja a sua habitação no caso de o incêndio se desenvolver nas proximidades, retirando os cortinados inflamáveis e fechando todas as persianas, ou coberturas de janelas não combustíveis, para tentar evitar a propagação do incêndio para o interior da casa; Feche todas as janelas e portas para evitar fenómenos de sucção; Feche todas as válvulas do gás e regue os depósitos com água; Acenda uma luz em todas as divisões para ter visibilidade em caso de presença de fumos; Remova materiais combustíveis do interior e das imediações da sua casa; Molhe abundantemente as paredes e toda a zona circundante da casa; Retire a sua viatura dos caminhos de acesso ao incêndio; Se estiver próximo do incêndio e não correr perigo, tente extingui-lo com pás, enxadas ou ramos, procurando sempre não prejudicar a ação dos bombeiros e seguir as suas instruções; Se notar a presença de pessoas com comportamentos de risco, informe as autoridades; Caso as autoridades aconselhem a sua evacuação, obedeça rapidamente, mas com calma; Esteja preparado para evacuar todos os membros da sua família, dando especial atenção a crianças, idosos e deficientes. Caso não seja possível pôr atempadamente a salvo os seus animais, solte-os.


O papel do Serviço Municipal de Proteção Civil Sendo Loures um concelho com extenso território e vasta zona florestal – principalmente na zona norte – ganha especial relevo o trabalho do Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) no que toca à prevenção e combate aos incêndios florestais. Apostado em salvaguardar a riqueza do concelho através da prevenção da ocorrência de fogos na sua área florestal, a Câmara Municipal de Loures, por intermédio do SMPC, tem protocolos de colaboração com as diversas corporações de bombeiros do Município, Associação de Radioamadores da Vila de Moscavide, Agrupamento de Escuteiros – Núcleo Moinhos de Vento, Associação de Caçadores de Loures e Brigada Autónoma de Resgate com Cães. Contactos: Serviço Municipal de Proteção Civil Morada: Rua da Carapuça, Casal das Lajes 2670-424 Loures Telefone: 211 151 471 Linha SOS – 24h – 800 966 112

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AGIR

Loures com Atendimento Social Integrado

Portas abertas a todos

O aumento do número de famílias a precisar de apoio social é uma das principais consequências da severa crise que Portugal atravessa. Loures não é exceção – e uma das principais medidas para fazer face à conjuntura e estreitar laços e meios de comunicação com os munícipes em situação socioeconómica mais vulnerável é a melhoria da qualidade do atendimento e do acompanhamento social. A este nível, Loures é hoje um exemplo nacional. E pelas melhores razões.

Desde abril de 2011, o Município vem desenvolvendo um esforço para acompanhar os problemas das famílias mais de perto. Através de um protocolo entre o Instituto da Segurança Social, Câmara Municipal, juntas de freguesia e instituições de solidariedade social, foi possível alargar o modelo de Atendimento Integrado (AI) a todo o concelho. Desta forma, Loures deu largos passos na melhoria da qualidade do atendimento e no acompanhamento aos munícipes em situações de risco e de exclusão social ou a necessitar de outro tipo de respostas específicas. Mas não só. Esta rede descentralizada de apoio caracteriza-se por um atendimento personalizado – através de um “gestor de caso” – que acompanha a família nas suas diversas problemáticas e propõe, se necessário, uma estratégia de intervenção concertada que possa, com maior rapidez e eficácia, minimizar os problemas e definir um rumo para cada um dos membros do agregado familiar.

Além disso, o respeito pela individualidade de cada utente, a diminuição dos tempos de resposta e a qualificação da intervenção – procurando respostas globais para as necessidades das famílias – são os principais objetivos desta metodologia de apoio social. Os números não mentem Os dados referentes ao ano de 2012 são reveladores do êxito deste projeto. De janeiro a outubro, os 22 técnicos que asseguram este serviço – divididos pelas equipas territoriais norte e oriental – realizaram um total de 4445 atendimentos. Estes números – apresentados no plenário do Conselho Local de Ação Social de 7 dezembro – revelam ainda que entre os problemas mais comuns estão a ausência total ou os baixos rendimentos, os problemas de saúde, a monoparentalidade, a habitação e a dependência. Revista :: Loures Municipal :: Junho 2013 :: 35


AGIR Os principais grupos de risco são desempregados, idosos e famílias monoparentais, em grande parte encaminhadas para os apoios disponibilizados pelo Instituto da Segurança Social, para os centros de emprego e formação profissional, Banco Alimentar, Espaço Vida – Centro de Atendimento à Vítima de Loures, lares e centros de dia, apoio domiciliário, ajudas técnicas, apoio psicológico, institucionalização de menores, centros de saúde e apoio jurídico.

Nas 18 freguesias do concelho Locais, horários e contactos do Atendimento Integrado Junta de Freguesia da Apelação 1.ª, 3.ª e 4.ª quartas-feiras do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 473 102

Junta de Freguesia da Portela 2.ª e 4.ª quartas-feiras do mês 9h30 – 12h30s Marcações: 219 446 417 Junta de Freguesia do Prior Velho 1.ª e 3.ª terças-feiras do mês 2.ª e 4.ª quintas-feiras do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 423 617

Junta de Freguesia da Bobadela 1.ª e 3.ª sextas-feiras do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 959 410

Junta de Freguesia da Sacavém Todas as quintas-feiras do mês 9h30 – 12h30 | 14h30 – 17h30 Marcações: 219 497 020

Junta de Freguesia de Camarate Todas as segundas-feiras do mês Todas as quintas-feiras do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 484 160

Junta de Freguesia de São João da Talha 1.ª e 3.ª quartas-feiras do mês 2.ª e 4.ª sextas-feiras do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 554 525

Junta de Freguesia de Moscavide 2.ª e 4.ª quartas-feiras do mês 1.ª e 3.ª sexta-feira do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 458 670

Junta de Freguesia de Santa Iria de Azóia Todas as terças-feiras do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 533 580

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Junta de Freguesia de Unhos Todas as terças-feiras do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 428 690 Junta de Freguesia de Bucelas 1.ª e 3.ª terças-feiras do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 694 353 Junta de Freguesia de Fanhões 2.ª e 4.ª terças-feiras do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 749 774 Junta de Freguesia de Frielas 1.ª e 3.ª quintas-feiras do mês 14h30 – 17h30 Marcações: 219 883 073 Loures – Associação Luís Pereira da Mota Todas as quartas e quintas-feiras do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 838 910

Junta de Freguesia de Lousa 1.ª quinta-feira do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 750 540 Junta de Freguesia de São Julião do Tojal 1.ª e 3.ª quartas-feiras do mês 2.ª quinta-feira do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 738 580 Junta de Freguesia de Santo Antão do Tojal 1.ª, 2.ª e 3.ª segundas-feiras do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 749 071 Centro Cultural e Social de Santo António dos Cavaleiros (CECSSAC) Todas as segundas, terças e quartas-feiras do mês 1.ª, 3.ª e 4.ª quintas-feiras do mês 9h30 – 12h30 Marcações: 219 898 780 (CECSSAC); 219 898 420 (Junta de Freguesia)

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AGIR Respostas sociais perto de si

Além dos agregados familiares de baixos rendimentos identificados pelos técnicos do Atendimento Integrado ou por outros parceiros da Rede Social de Loures, podem aceder a estas lojas pessoas em situação de desemprego prolongado, doença ou separação, vítimas de violência doméstica ou abandono, idosos com fracos recursos económicos e crianças e jovens que apresentem necessidades básicas de subsistência.

O Atendimento Integrado não é mais do que uma rede descentralizada de apoio, um projeto útil e inovador ao serviço dos cidadãos com vista à coesão social e à efetiva igualdade de oportunidades. Neste âmbito, um leque variado de respostas sociais está ao dispor dos munícipes. Saiba quais.

Se pretende ter acesso às lojas ou doar bens, contacte o Departamento de Coesão Social e Habitação, através do telefone 211 150 792 ou do correio eletrónico: lojassolidarias@cm-loures.pt

Lojas Solidárias de Loures Criadas para estar no centro da rede de apoio social do concelho, as Lojas Solidárias de Loures são estruturas de gestão de bens doados, por particulares ou empresas, que visam suprir as necessidades imediatas dos indivíduos ou famílias carenciadas, sobretudo ao nível dos bens de primeira necessidade.

ESPAÇO VIDA – Centro de Atendimento à Vítima de Loures Para dar resposta à problemática da violência doméstica no concelho, foi criado, em abril de 2010, o Espaço Vida — – Centro de Atendimento à Vítima de Loures. Atua ao nível do atendimento e proteção das vítimas, da prevenção, informação e comunicação e do acompanhamento psicossocial dos agressores, funcionando como um serviço de retaguarda da rede de atendimento social e das forças de segurança na sinalização precoce das situações, intervenção e encaminhamento adequado a cada caso.

Se precisar de ajuda, sabe onde dirigir-se?

Em dezembro de 2010, abrimos a primeira Loja Solidária em Sacavém e, em setembro de 2011, a segunda em Moscavide. Mais recentemente foi aberta a Loja Solidária de Camarate. Dispõem de um Banco Solidário, onde os utilizadores têm acesso a vestuário, calçado, brinquedos, livros, material escolar, produtos de higiene e artigos de puericultura, e ainda de um Banco de Bens Alimentares que disponibiliza alimentos doados ou angariados em campanhas de solidariedade.

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Na sequência do trabalho do EV e tendo como objetivo desenvolver respostas concertadas entre as entidades que acorrem a estas situações, a Câmara de Loures estabeleceu também um protocolo de cooperação com o Ministério Público, a Guarda Nacional Republicana, a Polícia de Se-


AGIR gurança Pública, o Agrupamento de Centros de Saúde de Loures e Sacavém e a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, que estabelece o trabalho de uma Rede Municipal de Intervenção na Violência Doméstica.

Banco de Ajudas Técnicas Este Banco promove o empréstimo temporário de artigos de apoio a pessoas com incapacidade e/ou mobilidade reduzida – cadeiras de rodas, camas articuladas, andarilhos, auxiliares para cuidados domésticos, etc., evitando o investimento – na maior parte dos casos sem qualquer viabilidade – por parte dos utentes.

Coesão Familiar Integrado no Plano de Desenvolvimento Social, é um serviço de terapia familiar criado para ultrapassar dificuldades relacionais, que muitas vezes dificultam a resolução dos problemas familiares e a sua inserção social.

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EMPREENDER

Rede AGRISOL Aproveitar onde sobra para distribuir onde falta

Na sua grande maioria, os produtos alimentares não comercializáveis são destruídos, facto que, em tempos de recessão, pode ser considerado moralmente inaceitável. Para os agricultores, a finalidade da sua ação económica é conseguir colocar os produtos na mesa do consumidor. Para que esse circuito não seja inviabilizado à nascença, um grupo de agricultores do concelho de Loures abraçou uma causa nobre: Doar excedentes agrícolas e frutícolas aos mais carenciados.

O aproveitamento dos excedentes provenientes da agricultura é uma tendência atual resultante de alguma adaptação das mentalidades. Face à conjuntura e à evolução dos novos paradigmas de desenvolvimento, esta medida parece ser uma opção racional, tanto para os agricultores, que veem os seus produtos escoados ao invés de acabarem no lixo, como para a população mais carenciada que, através de instituições de solidariedade social, recebe alimentos para o dia-a-dia. É já conhecida a dinâmica da Câmara de Loures no apoio ao setor primário com vista à promoção do desenvolvimento

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socioeconómico do território, da atividade produtiva local e da sustentabilidade ambiental. Graças aos esforços do Município através da Área de Apoio à Agricultura Sustentável, foram sendo criadas relações de proximidade e confiança com os produtores locais, fruto das quais podemos nomear o Mercado Agrobio de Loures, a Feira Rural ou a “Viagem pela Agricultura Lourense”. Essa troca de experiências foi determinante para a identificação de preocupações dos agricultores, entre as quais podemos citar os produtos que permanecem nos campos por dificuldade de escoamento, falta de valor comercial ou


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EMPREENDER outras razões, acabando destruídos e incorporados no solo ou simplesmente abandonados. Uma solução com futuro Desafiados pela autarquia, alguns agricultores meteram mãos à obra e decidiram criar uma organização para fazer chegar produtos frescos aos que mais precisam, resolvendo assim o seu próprio problema de excedentes – a Rede AGRISOL. Porque a pretensão deste projeto é essencialmente o escoamento dos produtos frescos, escolheram como destinatários Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), locais com trabalho desenvolvido na área da distribuição social de alimentos, beneficiando da metodologia implementada junto desta população-alvo, bem como das condições logísticas para a conservação desses produtos. Presentemente, a Rede AGRISOL conta com a participação de uma dezena de produtores do concelho, entre eles João Matias, proprietário da exploração agrícola “Origem do Campo”, no Tojalinho, criada em janeiro de 2001. Paulo e João Matias aproveitaram a estrutura montada pelo avô materno, candidataram-se a fundos europeus e transformaram a pequena exploração numa empresa rentável que, nos meses de inverno, exporta parte da sua produção. Um terço da área da exploração é composto por estufas, nas quais se produz um pouco de tudo, principalmente alface, couve e espinafre. No verão, as culturas mais comuns são a courgette, o pepino e a beringela. O principal cliente são os hipermercados Continente, que asseguram 80 por cento da produção. O remanescente vai para o mercado europeu, sobretudo para a França e a Bélgica que, nos meses de inverno, não produzem devido às baixas temperaturas. Exportam alface, espinafre e pepino. Mas, mesmo assim, debatem-se amiúde com a dificuldade em escoar os excedentes: “Se não apanhar os produtos acabo por ter de os enterrar, pois os custos seriam maiores se os colhesse. Ora, se não os consigo colocar no mercado nem valorizá-los, por que não dar a quem precisa?”, diz-nos João Matias. O agricultor de Loures diz que assim que recebeu o desafio da Câmara de Loures, acedeu prontamente, até porque “é positivo para todos. Numa altura em que estamos cada

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EMPREENDER vez mais sensibilizados para causas nobres como esta, era impossível virar a cara. Ganham os agricultores e ganha quem recebe produtos frescos de qualidade”. Mas para dar é preciso haver também quem receba. Sendo um projeto-piloto, considerou-se, no primeiro ano de realização, abranger apenas duas instituições: uma da zona oriental e outra da zona norte, sedeadas em freguesias com mais de 15 mil habitantes e com experiência na distribuição de produtos do Banco Alimentar, de forma a garantir equidade territorial na abrangência do projeto. A escolha recaiu sobre a Associação Filadélfia (Camarate) e o Centro Cultural e Social de Santo António dos Cavaleiros (CECSSAC). O modo de atuação é simples. Sempre que haja um alerta de excedentes por parte dos produtores, as instituições deslocam-se às explorações agrícolas, em transporte próprio e com uma equipa de voluntários. “Faz todo o sentido que sejam as instituições a deslocarem-se junto dos produtores. No caso da Origem do Campo, até são os próprios voluntários que retiram os produtos da terra. Na primeira colheita gerou-se uma grande dinâmica e correu tudo muito bem”, referia João Matias. “Não tenho dúvidas que este projeto tem pernas para andar. É certo que com o passar do tempo muitos acertos ainda terão de ser feitos, mas se continuar a correr como até agora, a tendência é para que mais produtores e associações se juntem a esta causa.” Por enquanto não existe regularidade determinada para a colheita de excedentes nem quantidades predefinidas: “Não nos podemos comprometer com datas nem com quantidades. É conforme o que tivermos disponível. Em abril doámos cerca de 700 quilos de alfaces. Não posso prever a próxima colheita”, acrescentou o produtor. E alfaces são o que mais se pode encontrar. “Dentro de meio hectare de estufa, produzem-se dez mil alfaces por semana de sete espécies diferentes.” João Matias falava da sua unidade de produção hidropónica, a primeira em Loures e, segundo o proprietário, “seguramente uma das maiores do País”. A hidroponia é um sistema de cultivo, dentro ou fora de estufas, onde as plantas não crescem fixadas ao solo. Os

nutrientes de que precisam para se desenvolver e produzir são fornecidos somente através da água. São cultivadas em canais ou recipientes por onde circula uma solução nutritiva, composta de água pura e nutrientes dissolvidos, de acordo com a necessidade de cada espécie. “Decidimos apostar neste sistema porque se trata de uma planta de elevado consumo. Os custos de produção são menores, a produtividade é maior, possibilita a utilização racional da água e o cultivo onde a terra não é produtiva, dando origem a um produto mais limpo e de maior qualidade”, refere João Matias. Vocação para servir Após a recolha dos produtos, as instituições envolvidas têm apenas de garantir o seu encaminhamento, em boas condições de conservação, exclusivamente para famílias necessitadas. A Associação Filadélfia está envolvida no serviço à comunidade nas diversas áreas: infância, jovens, idosos, e ainda no apoio a famílias através do Banco Alimentar e do Rendimento Social de Inserção, perfazendo um total de cerca de 450 famílias apoiadas. «O nosso lema é: “Vocação para Servir”», afirmou João Paulo Costa, vice-presidente da instituição. “Estamos vocacionados para servir e apoiar cidadãos desfavorecidos, promovendo respostas que visem a integração social e a contribuição para uma comunidade mais solidária, de acordo com valores cristãos.” Sobre a Rede AGRISOL, João Paulo Costa é perentório: “Foi ouro sobre azul. Apesar de trabalharmos com o Banco Alimentar, não conseguimos dar resposta a todas as famílias, até porque tem havido um crescimento substancial da procura.” E dá um exemplo: “Todas as quartas-feiras distribuímos sopa gratuitamente. Os produtos hortícolas que chegam até nós através desta rede são uma ajuda imprescindível.” Rita Gonçalves, responsável pela operacionalização da rede dentro da Associação Filadélfia, refere que tem notado uma redução nos géneros alimentares frescos recolhidos no Banco Revista :: Loures Municipal :: Junho 2013 :: 43


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Alimentar. “Estamos com cada vez maiores dificuldades em distribuir este tipo de alimentos pelas 110 famílias que apoiamos. O facto de haver produtores disponíveis para nos dar hortícolas e frutícolas vem ajudar a colmatar essa lacuna.”

de que elas precisam”, explica Carla Machado. “Todos os meses preparamos aquilo a que chamamos a box mensal e semanalmente distribuímos cabazes de frescos – pão, bolos, saladas, sopas e legumes. Já estamos ansiosos pelas próximas deslocações às explorações agrícolas.”

Seguindo na direção norte, o Centro Cultural e Social de Santo António dos Cavaleiros é uma IPSS que pretende, nas suas instalações e com o seu potencial humano, dar resposta a vários problemas existentes no tecido humano, social, cultural e comunitário da freguesia.

A ideia de que o futuro parece estar na utilização dos recursos disponíveis aparece cada vez mais generalizada entre as pessoas que começam a dar importância a alguns valores e princípios que haviam esquecido. Do mesmo modo, o aproveitamento dos recursos, por oposição ao desperdício, apresenta-se como uma opção sensata e sustentável, viabilizando os territórios rurais e potenciando o bem-estar de gerações atuais e vindouras.

Por isso, integrar a Rede AGRISOL foi natural. “Sem dúvida que é uma grande mais-valia para nós. Apesar da parceria com o Banco Alimentar e com o Pingo Doce, através do Movimento Zero Desperdício, este tipo de ajudas são sempre bem-vindas”, afirmou Carla Machado. É ela, juntamente com Célia Lopes, quem assegura o bom funcionamento da rede por parte do CECSSAC. “Apoiamos 150 famílias em Santo António dos Cavaleiros e em Frielas. Apesar de haver muitas famílias carenciadas, felizmente não temos lista de espera. Mas esforçamo-nos constantemente por dar a estas famílias os alimentos

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A Rede AGRISOL contribui: Para o aproveitamento de produtos hortofrutícolas frescos de qualidade, evitando o abandono de produtos nos campos e seu desperdício, trazendo benefícios ao ambiente e a quem os quiser aproveitar; Para suprir a necessidade de produtos hortícolas frescos a distribuir pelas IPSS do concelho a cidadãos carenciados; Para o aumento do consumo de produtos hortofrutícolas frescos, pela população local; Para divulgar os produtores e a produção hortofrutícola do concelho; Para incentivar os circuitos curtos de comercialização e valorizar a atividade agrícola por parte da população local.

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Pelo futuro das novas gerações O nosso trabalho ambiental

No presente, os efeitos nocivos dos nossos comportamentos ambientais já se fazem sentir. A escassez de recursos e matérias-primas, o aumento dos gases de efeito de estufa e a poluição crescente levam a uma degradação do ambiente à escala global. Neste sentido, é emergente uma mudança de atitude e alteração de comportamentos para salvar o que ainda nos resta e deixar um legado mais saudável para as próximas gerações. Assim, assumimos como uma das nossas prioridades a aposta em ações de sensibilização e educação ambiental diversificadas, procurando levar a nossa mensagem ambiental a um maior número de pessoas.

Os Serviços Municipalizados de Loures têm vindo a assumir papel fundamental na Educação e Sensibilização Ambiental dos mais jovens nos concelhos de Loures e de Odivelas. No presente, temos dois programas em execução, relacionados com as temáticas da Água e dos Resíduos Urbanos, assim como uma parceria com a Câmara Municipal de Loures no projeto “Não te Risques do Mundo”.

Programa de Educação Ambiental para os Resíduos Urbanos Este programa, que já conta com dez anos de existência, foi criado e desenvolvido em parceria com as escolas dos municípios de Loures e de Odivelas, a Valorsul, as juntas de freguesia e outras empresas com intervenção na área do ambiente, tendo como objetivo a educação e sensibilização da população escolar e da comunidade envolvente para a temática dos resíduos urbanos, e a consequente mobilização da mesma na separação seletiva multimaterial. Revista :: Loures Municipal :: Junho 2013 :: 47


PROTEGER Sabemos que um programa como este pode trazer benefícios para a comunidade local a curto, médio e longo prazo. A médio e longo prazo porque acreditamos que as crianças e os jovens com as quais trabalhamos, agora, serão daqui a uns anos cidadãos com um papel mais ativo, com um comportamento ambientalmente mais sustentável e com maior espírito de cidadania. A curto prazo porque conseguimos mobilizar a população adulta para a separação dos resíduos, a qual, já motivada pelos mais jovens, passa a interiorizar a sua atitude face a esta temática. As ações dirigidas por técnicos dos SML são realizadas nas escolas inscritas no Programa, desde o ensino básico ao 2.º e 3.º ciclos, sendo ainda proposta a sua participação num concurso realizado durante o ano letivo, culminando em junho num evento especial onde serão revelados os vencedores e atribuídos os merecidos prémios.

Programa de Sensibilização Ambiental “Água... Pequenos Gestos, Grandes Conquistas” Criado em 2006, o programa de sensibilização para a temática da água nasceu com base na ideia mundialmente partilhada da necessidade de preservação deste bem essencial à vida. Os seus objetivos passam por explicar aos mais jovens o percurso que a água faz até chegar às nossas casas, dicas para a poupança de água e apelar à correta utilização dos esgotos. Ao longo destes sete anos já sensibilizámos mais de 10 500 crianças, em estabelecimentos de ensino básico dos concelhos de Loures e de Odivelas, e sentimo-nos orgulhosos por saber que o esforço realizado tem dado resultados, muitas das vezes superando as nossas expectativas, com base nas declarações dos professores que nos abordam para informar que a mensagem foi bem transmitida, tendo chegado também aos familiares das crianças sensibilizadas. Estas ações são igualmente dirigidas por técnicos dos SML durante o ano letivo, terminando com um evento alusivo à temática da água que, por norma, envolve todas as escolas

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que participaram no programa, sendo desenvolvidos jogos lúdico-pedagógicos criados especialmente para esse dia e atribuídos prémios às equipas vencedoras. Mas não nos deixámos ficar por aqui e fomos mais além, quebrámos as barreiras geográficas de atuação, enquanto empresa prestadora de serviços, e investimos numa comunicação mais global, comunicando para fora num claro desafio nacional e internacional, aliando a nossa responsabilidade social a uma melhoria substancial da qualidade de vida dos habitantes do nosso planeta. Assim, em novembro de 2008, numa óptica de cooperação com a Câmara Municipal do Maio em Cabo Verde, levámos a efeito uma ação de sensibilização nas escolas da ilha do Maio, onde foram abordados os temas da água, do saneamento e dos resíduos sólidos, adaptados à realidade da população local.

Não te Risques do Mundo No decorrer deste ano letivo, decidimos aceitar o desafio proposto pela Câmara Municipal de Loures e associámo-nos ao projeto “Não te risques do Mundo” com duas ações distintas: “Água… um bem para a vida”, ação que consiste numa abordagem interativa sobre a água, as águas residuais e a “Qualidade da água” — apresentação baseada no trabalho desenvolvido no Laboratório de Águas, tendo como público-alvo alunos do 3.º ciclo e do secundário.


PROTEGER No Futuro À semelhança do trabalho que tem vindo a ser efetuado, queremos manter no futuro a realização de ações localizadas nas escolas, com apresentação oral e jogos didáticos sobre as temáticas relacionadas com as nossas áreas de atuação. É nossa vontade continuar a dar formação pessoal e social a crianças e jovens, incentivando-os a assumirem um compromisso ambiental, incutindo-lhes simultaneamente um sentido de responsabilidade. Deste modo, e por forma a alargar o leque de acessibilidade por parte das escolas públicas e privadas, assim como jardins de infância e outras instituições de cariz social, às ações de sensibilização desenvolvidas, irá brevemente ser disponibilizado um novo conjunto de ações, denominado “Encontros Ambientais”, compostos por apresentações lúdico-pedagógicas referentes às nossas áreas de atuação. O sucesso da aposta dos Serviços Municipalizados de Loures na sensibilização e na educação ambiental é comprovado pela participação das escolas nestes programas e no elevado grau de comprometimento por parte de toda a comunidade escolar, agrupamentos, escolas, professores, auxiliares e alunos. Esta é uma aposta de médio e longo prazo, porque sabemos que estas matérias nunca se esgotam, e que existem sempre novas crianças e futuros cidadãos a quem queremos transmitir esta ideia de preservação e respeito pelos nossos recursos naturais.

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II Mostra de Música Moderna de Loures

Loures inaugura Adira à fatura Oficinas de 43.ª biblioteca eletrónica Desenho no escolar do concelho Pavilhão de Macau

Câmara de Loures cria cartão de descontos para maiores de 65 anos

No dia 23 de março o palco do Pavilhão de Macau encheu-se de música rock com a segunda edição da Mostra de Música Moderna de Loures.

“Ler Castelinhos” é o nome escolhido pelos alunos para a Biblioteca Escolar da EB1 Dr. Catela Gomes, em Moscavide, que abriu portas em dia 23 de abril.

A Galeria Municipal Vieira da Silva, no Parque da Cidade de Loures, recebeu, no dia 30 de abril, a última sessão das Oficinas de Desenho para crianças e jovens.

Este ano, a fase final foi disputada entre três bandas de rock – No Rain, Voidness e Atua – sendo que os primeiros foram os grandes vencedores deste desafio lançado no âmbito do Mês da Juventude.

A inauguração deste novo equipamento, apadrinhado pela escritora Margarida Fonseca Santos, contou com a presença do executivo da Câmara Municipal de Loures e da comunidade escolar, constituindo um dia memorável para todos os protagonistas que nele participaram, incluindo alunos e professores.

A iniciativa teve início no final do ano passado e revelou-se um êxito entre o público mais jovem que, por sua vez, trouxe mais vida e animação a este equipamento cultural, onde está sedeada a exposição Para volar necesitas caer, que serviu de base às atividades desenvolvidas na maior parte dos workshops.

A Câmara Municipal de Loures criou, em rede com entidades públicas, instituições e empresas do concelho, o cartão Geração S para proporcionar aos seus utilizadores descontos em produtos e serviços importantes para a sua saúde, autoestima e bem-estar social e financeiro, como a isenção de taxas nos processos de obras de reabilitação de edifícios, descontos nos títulos de estacionamento da Loures Parque, nas atividades da GesLoures, em diversos estabelecimentos comerciais do concelho, centros clínicos e de reabilitação, oculistas, cabeleireiros, centros de estética, pronto-a-vestir, ginásios, entre outros.

Os No Rain são uma banda com pouco mais de um ano, constituída por cinco elementos, que conseguiu surpreender o júri com a qualidade e a originalidade do seu repertório, onde se refletem as influências musicais de cada um.

Esta foi, sem dúvida, a melhor maneira de assinalar e comemorar o Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor em Loures… com muitos livros, CD, DVD e jogos.

A noite foi animada e ficou marcada pelos elogios que os participantes teceram ao Município de Loures, louvando o facto de, apesar de todos os constrangimentos financeiros, a autarquia continuar a apostar nos jovens e na música. Loures sente a Juventude…

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Com estas ações, dinamizada pela Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Loures, todos ganharam: o equipamento experimentou uma dinâmica diferente do habitual e os participantes adquiriram competências a nível do desenho, ficando com noções básicas de composição, textura, movimento, ritmo, proporção, profundidade e perspetiva.

1 tonelada de papel = abate de 15 a 20 árvores; 66 kg de papel = 13 200 folhas; 1 Árvore = 66 kg de papel; 1 Árvore = 550 faturas em papel. Abatemos mensalmente 310 árvores, para emitir a sua fatura. Por si, por um melhor ambiente, adira à fatura eletrónica! Para mais informações, consulte a nossa página de internet em: www.smas-loures.pt.

Podem aderir a este cartão os cidadãos maiores de 65 anos residentes no concelho de Loures, que se encontrem na situação de reformado, pensionista ou aposentado. Antigos funcionários da Câmara Municipal de Loures que residam fora do concelho também terão acesso a este serviço.


POST-IT

Loures Gym

o Pavilhão Paz e Amizade acolheu, no passado dia 17 de maio, a 5.ª edição do Loures Gym, um sarau de ginástica que pretendeu dar visibilidade ao trabalho desenvolvido pelas associações e coletividades ao longo da época desportiva.

Uma noite no Museu 2013

No sentido de dar continuidade a uma iniciativa que tem tido um enorme sucesso junto dos nossos munícipes, o Museu Municipal de Loures deu início a um novo ciclo desta atividade noturna que pretende dar a conhecer factos e as melhores estórias do concelho, através de recriações históricas Este ano, além das classes do protagonizadas por técnicos do Departamento de Cultura, nosso concelho que habitualmente nos brindam com Desporto e Juventude. as suas excelentes “Gala dos melhores performances, estiveram momentos da História de presentes três formações de Loures (alguns vá…)” foi o nome renome nacional nesta escolhido para a nova temporada modalidade: Clube Oriental que, no passado dia 1 de junho, de Lisboa, Sport Lisboa e Benfica encheu os corredores da Quinta e o Ginásio Clube Português. do Conventinho, em Loures. No entanto, a grande Foram cerca de duas horas de surpresa deste ano foi, sem momentos inesperados e dúvida, a participação dos alunos interessantes que marcaram da EB1/JI do Fanqueiro que mais um serão agradável, quiseram associar-se a este naquele que é eleito por evento, demonstrando a sua muitos como o grande qualidade técnica e o espaço cultural de referência conhecimento de valores no Município. importantes no desporto Fique atento! A próxima como o espírito de equipa, a solidariedade e a tolerância. sessão é já no dia 6 de julho.

2.ª sessão do projeto “Sucesso passo a passo”

Festival do Caracol Saloio

Feira do Parque

No âmbito do projeto municipal “Sucesso passo a passo”, realizou-se no dia 27 de maio de 2013, na EB1 n.º 3 de Unhos, a segunda sessão para a sensibilização de alunos e respetivos pais e encarregados de educação sobre as dinâmicas educativas. Este encontro é entendido como mais uma estratégia para a transmissão de competências e informações, seguramente importantes, para um processo “Entre a Família e a Escola” bem-sucedido. Novamente com a colaboração da Associação EPIS – Empresários pela Inclusão Social, a avaliação dos participantes foi muito positiva, retomando-se esta metodologia de intervenção grupal no ano letivo 2013/2014.

é um evento com características únicas, proporcionando aos visitantes um leque variado de pratos destes gastrópodes, desde o tradicional caracol cozido/ /caracoleta assada ao mais elaborado, servidos por tasquinhas presentes no certame em representação de alguns dos mais afamados restaurantes do concelho de Loures.

Todos os últimos domingos do mês, entre maio e outubro, a Feira do Parque regressa ao Parque da Cidade de Loures. Este evento tem como objetivo divulgar o que de melhor se produz na área do artesanato urbano e tradicional, dos produtos agrícolas e vinícolas, da doçaria e das velharias e antiguidades.

Data: De 12 a 28 de julho

Datas: 26 maio; 30 junho; 28 julho; 29 setembro; 27 outubro

Local: Loures, junto ao Pavilhão Paz e Amizade.

Horário: maio, setembro e outubro: 11h00 às 18h00; junho e julho: 11h00 às 19h.

Porque é assim que Loures sente o Desporto…

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