Revista Loures Municipal nº 48

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Edição n.º 48 :: Março de 2013 :: Revista do Município de Loures

HBA celebra um ano

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Eduardo Gageiro, o Homem por detrás do fotógrafo :: 18 Mês da Juventude 2013 :: 78


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2 :: Revista :: Loures Municipal :: Março 2013 : : Loures: a cooperar há 20 anos...

12 : : Regresso ao coração da cidade

... e homenageia Carlos Teixeira

: : Freguesias: uma espécie em vias de extinção

: : HBA celebra um ano de existência

: : Eduardo Gageiro

: : Sonhos, para que vos queremos?

SUMÁRIO

18 32 44 52


: : Uma luta perpétua

: : “Surfar” na net, sim, mas em segurança

62 68

: : Mês da Juventude 2013

: : Peça já o seu dinheiro de volta

72

: : Quase três décadas de história

nas três freguesias

: : Diminuição da criminalidade

: : O sonho para miúdos e graúdos

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Revista :: Loures Municipal :: Março 2013 :: 3


FICHA TÉCNICA

A imagem da capa foi gentilmente cedida pelo Hospital Beatriz Ângelo.

PROPRIEDADE :: Câmara Municipal de Loures Praça de Liberdade, 4, 2674-501 Loures DIRETOR :: Carlos Teixeira PERIOCIDADE :: Bimestral CONTACTO :: louresmunicipal@cm-loures.pt DEPÓSITO LEGAL N.º :: 183565/02 ISSN 1645-5088 | Anotada na ERC


EDITORIAL

Carlos Teixeira Presidente da Câmara Municipal de Loures

Este número da nossa revista oferece, mais uma vez, informação clara sobre o trabalho desenvolvido pela Câmara Municipal de Loures, nas mais diversas áreas e também sobre a atividade deste Município, face às situações que merecem a nossa luta, o nosso esforço, para que cheguemos a um estado de coisas mais justo, menos penoso para uma população já tão sacrificada pelas razões que todos conhecemos. Assim, parece-me oportuno dar conta dos desenvolvimentos (ou da ausência dos mesmos) relativamente à Câmara Municipal de Odivelas, no que diz respeito ao rompimento anunciado com os SMAS de Loures. Como presidente da Câmara Municipal de Loures, lamento que Odivelas não queira avançar para a solução de criar uma Empresa Intermunicipal englobando os dois municípios, Loures e Odivelas, já que defendo intransigentemente a municipalização dos serviços. Parece-me imoral a gestão de questões tão importantes – o fornecimento de água, o tratamento de resíduos ou a recolha do lixo – por privados. Estes serviços devem continuar a ser prestados com consciência e qualidade. A provar esta preocupação constante com o bem-estar dos munícipes, em Loures, esforçamo-nos para que os melhoramentos sejam permanentes e visíveis, sendo exemplo disso 12 novos carros do lixo e 1200 novos contentores adaptados a esses carros, recentemente adquiridos e já ao serviço das populações. Seja como for, permanece a necessidade de darmos início ao processo de partilha que evidentemente inclui os trabalhadores, sendo esta a minha principal preocupação. Os trabalhadores são parte integrante da estrutura e o seu futuro constitui a questão mais importante deste processo. Após a identificação de ativos e passivos, cada município poderia seguir o seu caminho. O que é prorrogativa de cada um. O que não é nem legal, compreensível ou correto é manter o silêncio e desrespeitar a vida de mais de quatro centenas de trabalhadores. É essa a razão por que decidimos continuar a prestar os mesmos serviços a Odivelas, no que concerne aos SMAS. Porque respeitamos os seus munícipes e, acima de tudo, porque respeitamos os homens e as mulheres que têm dado o seu melhor para prestar um serviço fundamental e que não podem, neste período difícil, ver postas em causa as suas vidas e o equilíbrio das suas famílias. Revista :: Loures Municipal :: Março 2013 :: 5


CONVERSAR

“Eles não sabem nem sonham Que o sonho comanda a vida E que sempre que um homem sonha O mundo pula e avança Como bola colorida Entre as mão de uma criança” António Gedeão – excerto de “Pedra Filosofal”

Sonhos,

para que vos queremos? Sonhos, para que vos queremos? Para fecharmos os olhos e ficarmos quietos a navegar na fantasia? Para descolar desta paralisia generalizada e voar na liberdade de um segredo só nosso? Para esquecer tudo o que nos rodeia e ficar a pairar no encantamento do improvável? Também! Mas sobretudo para preparar a viagem rumo ao que vem depois, na rota do sucesso, da sorte, do ainda intangível, mas vizinho. Errado é pensar que os sonhos são propriedade dos mais jovens, ainda que o seu habitat natural seja entre os que ainda estão para ser. Os sonhos, na sua forma mais ingénua, alimentam-se de inexperiência e de fé, de vontade e energia, de alguma credulidade e inocência, mas não só. É igualmente possível que se sustentem em fracassos, avanços e recuos; em noites sem dormir e contas por pagar e se cimentem em muitos anos de tentativas goradas, em olheiras fundas, em cansaços e memórias.

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Os sonhos são o terreno dos fortes, seja qual for a sua idade. São motores de vida, quer pressuponham pequenas realizações pessoais ou concretizações mais ambiciosas. Pessimistas por natureza, fatalistas, facilmente colhidos pelo desânimo, os portugueses apresentam pouca resiliência, deixando cair os braços face ao que, segundo a crença de muitos, decorre do destino, de um qualquer fado malfadado que persegue os que a triste sina não deixa singrar...


CONVERSAR

Há que sacudir as penas, respirar fundo, abrir as asas... e voar! O estabelecimento de objetivos e a definição de prioridades poderão estar na base do percurso que nos levará à realização. Confiar na sorte é atitude para lunáticos e não para sonhadores. Na verdade, a sorte dá imenso trabalho. A inspiração é outro ingrediente fundamental. Encontra-se,

em grande parte, na textura fina das areias douradas, na contemplação do mar, no murmúrio do vento por entre as folhas, nas gargalhadas das crianças e no sorriso saudoso dos mais velhos, mas sobretudo no saber, no conhecimento. Tal como na arte, segundo Picasso, também a realização de um sonho pressupõe cinco por cento de inspiração e noventa e cinco por cento de transpiração. Trabalhar com afinco para alcançar um objetivo, entregando-se de corpo e Revista :: Loures Municipal :: Março 2013 :: 7


Errado é pensar que os sonhos são propriedade dos mais jovens, ainda que o seu habitat natural seja entre os que ainda estão para ser. Os sonhos, na sua forma mais ingénua, alimentam-se de inexperiência e de fé, de vontade e energia, de alguma credulidade e inocência, mas não só.

atitude, incompreendidos por cada aventura, malditos pela coragem que demonstrarmos, criticados por cada decisão e, sobretudo, invejados por todos os degraus que galgarmos rumo ao nosso sonho. Não há tamanhos para os sonhos de homens e mulheres livres de pensamento e limpos de coração. E qualquer vitória será grandiosa e merecerá cânticos e danças, se a alcançarmos de consciência tranquila e, sobretudo, se encontrarmos, no fundo de nós, a razão certa para nos alegrarmos pela consecução de cada sonho.

alma, é fundamental para encurtar o caminho que nos separa do sonho e transformá-lo na vida que queremos viver. Sem metas, arriscamo-nos a viver, apenas, o dia-a-dia. E isso é pedir de menos à existência. Não há felicidade no marasmo, na vivência pairante do limbo.

E em Loures, é possível sonhar e… concretizar De que serve ter sonhos e convicções se assumirmos que nada está ao nosso alcance? Para quê ter asas, se nos quedamos presos ao solo do medo?

Construir é a palavra de ordem, ainda que tenhamos de demolir várias vezes para edificar de novo. Sem construção não há amanhã, não há depois, não há esperança. Viver é uma dádiva… mas não basta estar vivo! É preciso arrancar a força do fundo das entranhas, que nos ajudará a desbravar caminhos de medo e incerteza até chegar ao topo das montanhas que o ser vai construindo e que é imperativo vencer, passo a passo.

A Câmara Municipal de Loures dá resposta às vontades de todos aqueles que se querem lançar para lá do idealismo.

Depois? Depois é juntar as peças deste quebra-cabeças imenso que é viver e cimentar a vontade em princípios como o respeito pelos outros, alimentar a verdade, doa a quem doer, acalentar a solidariedade e dar, dar de nós, sem receio, na certeza de que seremos apedrejados por cada

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São várias as iniciativas municipais ao alcance dos munícipes, na área informativa e formativa. Sejam serviços que ajudam a percorrer caminhos, a encontrar soluções e oportunidades, ou iniciativas que pretendem contribuir para a construção de princípios e valores, nos mais pequenos e jovens, através das diferentes áreas que compõem a Câmara de Loures, constitui-se um leque variado de ferramentas que ajudam à prossecução de objetivos. Porque é obrigatório embarcar na demanda da realização pessoal.


Desde a Educação à área Social e à Cultural, passando pelas Atividades Económicas, pelo Ambiente e pela Juventude, muitas são as opções que o Município coloca ao dispor dos seus munícipes, ajudando-os a dar corpo a ideias e sonhos. Educar o sonho O Departamento de Cultura da Autarquia oferece, a todos aqueles que queiram passar uma tarde em família, sábados diferentes para os mais pequenos. São “Sábados em Cheio”! Animações divertidas, estimulantes e formativas que ajudam as crianças a compreender a matéria de que são feitos os sonhos e, por essa via, a encarar o futuro de forma mais esperançosa e estruturada. Ler é crescer e, através deste trabalho, as crianças são despertadas para a leitura e incentivadas para a descoberta dos outros e de si próprias. O sonho, como tudo o que se quer bem feito, começa-se pelo princípio; e este é um excelente começo. A Educação, componente fundamental na estrutura autárquica, é responsável por uma das áreas mais sensíveis na formação dos indivíduos, não só pelas competências que lhe estão atribuídas, mas porque opera no território de todos os sonhos: as crianças. Apenas para citar um exemplo, a Educação leva a efeito uma iniciativa que ensina a “surfar” na Internet em segurança, com ensinamentos fundamentais para que pais e educadores possam gerir o acesso dos seus filhos e educandos a essa janela com vista para toda a informação, mas que urge filtrar, para que os sonhos se formem límpidos e seguros. Fulcral, também, é a formação sustentada na educação ambiental. O nosso planeta, que é como quem diz, a nossa

Pedra Filosofal, precisa desesperadamente de vontades e ações que garantam a harmonia que nos permitirá continuar a existir. O programa de Educação Ambiental promovido pela área de Educação e Sensibilização Ambiental da Câmara de Loures pretende desenvolver, em cada um, a consciência e preocupação com o ambiente para que possa agir corretamente no seu dia-a-dia. Sonhar com um planeta melhor é meio caminho andado para a concretização dos objetivos a que nos propusermos nesta área, e daqui podemos extrapolar para o que quisermos, numa lógica de sonho-percurso-objectivo que é preciso criar nos mais novos, ensinando-lhes que o caminho se vai fazendo a andar, mas que as metas são fundamentais para que não percamos o norte. Fomentar o sonho “Não te Risques do Mundo”… um grande conceito para operacionalizar esta ideia de sonhos, vivências e realizações. Um projeto que pretende mostrar que a Câmara de Loures atende às necessidades e preocupações dos mais jovens, permitindo-lhes sonhar e vislumbrar apoio para alcançar a meta que desenharem. Ações de sensibilização sobre diversos temas sociais e educativos, que ensinam a caminhar, passo a passo, deixando para trás obstáculos e dificuldades, satisfazendo dúvidas para que possam crescer cada vez mais completos. Prolongar o sonho Reafirmando que o sonho cabe em qualquer idade, o Município de Loures acalenta os sonhos dos mais velhos. A nossa área social trabalha para dar aos seniores o acesso a conhecer novas culturas, outros países, outras histórias. Uma realidade que não era possível compaginar em outras épocas e que, hoje, é inteiramente dedicada a eles. Dão-nos Revista :: Loures Municipal :: Março 2013 :: 9


CONVERSAR tanto que está na altura de retribuirmos e oferecermos um inesquecível “presente”. Seniores sim, mas ainda tão jovens que se lançam na descoberta de outros ideais, outras paisagens, outros mundos. “Seniores à Descoberta do Mundo” é um programa que abre a porta aos sábios da vida, acrescentando-lhes tempo e alegria de viver, através da descoberta. Mostrar o sonho A cultura é tão importante para a realização de um sonho como a visão para atravessar uma rua. Sem cultura, somos cegos. Assim, a Câmara Municipal de Loures brinda-nos com exposições e outras manifestações culturais que alargam o conhecimento e fomentam a esperança num mundo melhor. Desde a exposição biográfica Eduardo Gageiro, Rapaz de Sacavém, Fotógrafo do Mundo, patente no Museu da Cerâmica, em Sacavém, até fevereiro de 2014, onde ficamos a conhecer o percurso do homem e da sua lente mágica, enriquecendo-nos e testemunhando que é possível alcançar o sonho, até à exposição do pintor Vítor Pinhão, Para volar necessitas caer (para voar é necessário cair),

Sem metas, arriscamo-nos a viver, apenas, o dia-a-dia. E isso é pedir de menos à existência. Não há felicidade no marasmo, na vivência pairante do limbo. Construir é a palavra de ordem, ainda que tenhamos de demolir várias vezes para edificar de novo. 10 :: Revista :: Loures Municipal :: Março 2013

mostra de pintura e desenho, patente na Galeria Municipal Vieira da Silva – Pavilhão de Macau, que deixa adivinhar um trabalho motivado pela esperança e pela luminosidade da vida, muitas são as iniciativas que nos mostram o lado de lá do sonho, numa afirmação clara de que a realização é possível. Realizar o sonho E por falar em realização, Loures acarinha os empresários, verdadeiros empreendedores do sonho. Através das Atividades Económicas, criou unidades como o Serviço de Apoio à Criação de Empresas e Emprego – SACE, que faz a análise objetiva dos projetos, ou o SIAI – Serviço de Informação e Apoio ao Investimento que, entre outras tarefas basilares, identifica a zona adequada para a implementação de uma empresa. Estes apoios podem revelar-se fundamentais para quem sonha criar o seu próprio negócio e tomar as rédeas do destino. Mas se o sonho nos leva para além das fronteiras do nosso país, também o Município será a porta certa a que bater para avaliar oportunidades, “fora de portas”. A forma paulatina como estabelecemos e fortalecemos laços com outros países, nomeadamente através de geminações e outras formas de relacionamento, tem aberto portas a novos empreendedores do concelho e a outros cujo sonho apenas começou. Queremos sonhos, muitos, mágicos e coloridos, fantásticos e desmedidos. É deles que nascem os projetos que nos levarão mais além. É deles que se faz a massa com que se moldam homens e mulheres felizes.

A Equipa da Revista


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FALTA

HBA celebra um an de existência ... E HOMENAGEIA CARLOS TEIXEIRA

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no

SENTIR

No dia em que se assinalou o primeiro aniversário do Hospital Beatriz Ângelo, a Espírito Santo Saúde divulgou publicamente os dados relativos ao primeiro ano de atividade e, paralelamente, homenageou o presidente do Município pelo seu esforço e abnegação para que o equipamento seja hoje uma realidade.

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SENTIR

Ainda quanto ao primeiro ano de funcionamento do hospital, saíram do internamento 14 mil doentes e foram realizadas mais de cinco mil intervenções cirúrgicas. Para 2013, as previsões apontam para a realização de 169 mil atendimentos nas urgências, 22 mil altas de internamento e 2415 partos. “Foi um ano fantástico. Este foi o hospital que teve a abertura mais rápida, mais intensa e que está mais estruturado ao fim de um ano”, referiu o administrador da Espírito Santo Saúde, Artur Vaz. Apesar de considerar o ano positivo, o gestor reconheceu algumas limitações no funcionamento do hospital ao nível dos transportes e do preço de estacionamento no parque: “A questão dos transportes não depende de nós, mas o hospital tem encetado conversações com as autarquias e os operadores, e estamos a tentar melhorar.” Já no que diz respeito ao estacionamento no interior do hospital, Artur Vaz refere que, apesar de gerir apenas aquele equipamento de saúde, “têm tentado, juntamente com a Câmara de Loures, fazer alguma pedagogia para um preçário mais baixo”. Presente no evento esteve também Fernando Leal da Costa, secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde. Relativamente às acessibilidades, o governante referiu que, juntamente com a Autoridade Metropolitana dos Transportes da zona de Lisboa, “o Governo vai avançar no sentido de encontrar solução para as pessoas que moram mais longe, quer no concelho de Loures, quer no de Odivelas”. Mais de 135 mil urgências foram atendidas durante o primeiro ano de funcionamento do Hospital de Loures, às quais se juntam 128 mil consultas e 1580 partos. Foram estes os números divulgados no dia 16 de fevereiro pela administração do equipamento de saúde. Inaugurado há um ano, o Hospital Beatriz Ângelo (HBA) é a primeira parceria público-privada gerida pela Espírito Santo Saúde, com o propósito de servir os 286 mil habitantes dos concelhos de Loures, Odivelas, Mafra e Sobral de Monte Agraço. Para assinalar a data, a administração do HBA quis dar a conhecer publicamente o trabalho realizado, apresentando os números de 2012.

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Certa parece ser já a construção de um parque de estacionamento exterior ao Hospital, facto confirmado pelo presidente da Câmara de Loures, Carlos Teixeira: “Já encetámos negociações com o proprietário do terreno, no sentido de fazer uma parceria para que se desenvolva um parque de estacionamento no espaço envolvente ao hospital.” Sem acesso ao HBA continuam, no entanto, os cerca de 100 mil utentes das freguesias da zona oriental do concelho (Sacavém, Portela, Moscavide, Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela) que não estão abrangidos por este novo hospital, já que era suposto pertencerem ao futuro Hospital de Todos os Santos, previsto para a zona oriental do município de Lisboa. Interrogado a este propósito, Carlos


Teixeira sublinhou que a Câmara Municipal de Loures tem dado sugestões, como, por exemplo, a utilização do Hospital de Santa Maria, para que outras áreas do concelho possam utilizar um hospital com melhores acessibilidades, embora, até agora, não haja qualquer resposta satisfatória. Garantiu, no entanto, que a luta para que todos os munícipes do concelho de Loures possam ter idênticas condições no acesso à saúde, é uma constante. Acerca deste tema, Fernando Leal da Costa não deixou muita margem para dúvidas quanto à intenção do Governo: “O Hospital Beatriz Ângelo, neste momento, tem uma área de

influência que não pode ser estendida até à zona oriental de Loures. Com a sua construção tivemos de criar equilíbrios. Devo dizer que muito mais importante do que ir para Santa Maria, é fazer aquilo que o Governo vai fazer, que é tão cedo quanto possível iniciar o processo de construção do hospital oriental de Lisboa que será seguramente a melhor solução”, acrescentou o secretário de Estado. Recorde-se, porém, que a construção do já denominado “Hospital de Todos os Santos” continua adiada.

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SENTIR Homenagem ao Poder Local A comemoração do primeiro aniversário do Hospital de Loures serviu ainda de pretexto para homenagear o poder local e os autarcas que, ao longo do tempo, lutaram pela construção do HBA. Carlos Teixeira viu assim ser descerrada uma placa com o seu nome, tendo-lhe ainda sido entregue por Isabel Vaz, presidente da Comissão Executiva da Espírito Santo Saúde, a chave do hospital. “Conseguimos congregar junto das outras forças políticas o apoio para que a cedência deste terreno se efetivasse. A homenagem acaba por ser também, na figura do líder que sou eu, a todo este processo, porque nunca desisti. Numa determinada altura todos aconselhavam que devíamos voltar atrás”, recordou o presidente da Câmara. Presentes no evento estiveram ainda Pedro Farmhouse, presidente da Assembleia Municipal de Loures, os vereadores Sónia Paixão, Emília de Figueiredo e António Pombinho, os presidentes das juntas de freguesia de Fanhões, Lousa e Loures e a ex-ministra da saúde Maria de Belém Roseira, entre muitos outros convidados.

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SENTIR

Eduardo Gageiro O HOMEM POR DETRÁS DO FOTÓGRAFO

Eduardo Gageiro é um dos mais conhecidos e ilustres cidadãos de Sacavém, e de todo o concelho de Loures, a par das inúmeras personalidades públicas que, ao longo da história, se destacaram profissionalmente entre os seus pares. Nasceu e cresceu nesta cidade lourense, onde ainda continua a morar, independentemente do sucesso nacional e internacional que alcançou enquanto fotógrafo e, principalmente, como fotojornalista.

No passado mês de fevereiro, no dia 16, festejou o seu 78.º aniversário de uma forma diferente do habitual. Celebrou-o no Museu de Cerâmica de Sacavém, onde teve lugar uma homenagem pública da Câmara Municipal de Loures ao homem que, através da sua carreira e obra, levou e continua a levar mais longe o nome do concelho e a grandeza das suas gentes. Uma data especial, cheia de simbolismo para este “artista” de créditos firmados, que assistiu à inauguração da exposição Eduardo Gageiro – Rapaz de Sacavém, Fotógrafo do Mundo, numa sala previamente “batizada” com o seu nome. Trata-se da primeira mostra biográfica deste

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“caçador de imagens”, mostrando o percurso do fotógrafo multipremiado que conquistou o mundo com a sua arte e engenho, desde a juventude irrequieta, própria da idade, até ao presente. Reúne uma centena de imagens que valem por mil palavras, escolhidas de entre o seu vasto espólio, muitas delas testemunhos impressionantes da nossa história mais recente. Um retrato inédito e único deste mestre da “fotografia”, que se destacou dos demais ao apresentar a realidade com frontalidade, graça e alguma ironia. “De Gageiro se diz que descobre todos os dias Portugal, descrevendo o olhar mais íntimo de cada um de nós, portugueses” (José Cardoso Pires). Nada de mais verda-


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deiro e justo naquilo que se pode dizer, de uma forma genérica e sintética, sobre o fotógrafo que é sobejamente (re)conhecido pela sua competência e profissionalismo. Contudo, o Gageiro de hoje não surgiu do nada! É antes o resultado de uma “caminhada” com altos e baixos, recheada de situações caricatas e obstáculos que soube transformar em oportunidades, através das opções que foi tomando ao longo da vida. Uma história interessantíssima de audácia e persistência, que começou em meados do século passado e que continuará a desenrolar-se no futuro. Eduardo Antunes Gageiro, de seu nome completo, nasceu em 1935, na vila de Sacavém, sendo o terceiro dos quatro filhos de Eduardo de Jesus Gageiro e de Adelaide Afonso Antunes Gageiro. Vive hoje na Avenida do Estado da Índia, em Sacavém, num prédio edificado no local onde se situava a casa de pasto do pai. Teve uma juventude normalíssima, tendo em conta o tempo e o local onde decorreu, no seio de uma família alargada, constituída por avós, pais e irmãos, entre outros familiares. Salpicada com deslocações a Lisboa, passou-a quase sempre junto do rio Trancão e da Fábrica de Loiça de Sacavém que, aos 12 anos, se tornaria na sua primeira e mais marcante entidade empregadora. Não como operário ou fotógrafo, mas como paquete e moço de recados do escritório, posto profissional que os pais ansiavam para o seu futuro. A convivência com os artistas da fábrica despertou-lhe o gosto pela “imagem” e alimentou-lhe o entusiasmo pela fotografia iniciando uma “aventura” que marcaria presença no resto da vida. Começou por fotografar peças e colegas com máquinas fotográficas emprestadas, que lhe proporcionavam gravuras

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SENTIR sem grande qualidade técnica ou sentido estético. Não desistiu e, mais tarde, já com máquinas mais potentes e apoio dos colegas artistas, ultrapassou os obstáculos iniciais e aperfeiçoou o seu talento. Na década de 40, o pai comprou-lhe a sua primeira máquina fotográfica e, a partir daí, foi sempre em crescendo… até adquirir a sua “parceira” atual, uma Canon, sem a qual não sai de casa, acompanhando-o para todo o lado. Aliás, esta prática permitiu-lhe, por mais de uma vez, imortalizar momentos únicos fora do contexto normal de trabalho. Em 1955, Gageiro era ainda empregado de escritório, mas já candidato a fotógrafo como colaborador “esporádico” do jornal Vida Ribatejana, quando teve a primeira oportunidade para colocar à prova o seu talento num concurso realizado a propósito da comemoração do 20.º aniversário do Sindicato Nacional dos Empregados de Escritório do Distrito de Lisboa. As coisas correram bem e, de uma assentada, obteve os seus dois primeiros prémios, nas categorias «Retratos» e «Diversos», com as fotografias «Armando Mesquita, escultor da Fábrica de Loiça de Sacavém» e «Fervor Iluminado», respetivamente.

A carreira estava lançada, como se viria a confirmar tempos depois, quando lhe deram oportunidade para fazer aquilo de que mais gostava no Diário Ilustrado, onde estagiava há algum tempo. Afirmou-se pelas suas qualidades inatas e as entretanto adquiridas. Em 1960, cobre a visita dos reis da Tailândia ao nosso país e acompanha uma outra visita de Estado, desta feita a do Presidente da República do Brasil. A vida profissional corria-lhe bem e a pessoal para lá se encaminhava. No dia 19 de junho de 1960 casou com Natércia de Jesus Gouveia, a sua paixão de jovem, na Igreja de São João de Deus, em Lisboa. Foram e são felizes, pais de dois filhos que, entretanto, já lhes deram netos. Natércia destacou-se como companheira incansável, tendo sido o pilar da casa e dos filhos, enquanto o marido viajava mundo fora. Porém, esta ausência “forçada” do lar não impediu que a sua influência se fizesse notar na família. Prova disso é o facto de o filho, Rui Gageiro, ter seguido os seus passos, tornando-se fotógrafo profissional. Por estes tempos, Gageiro começava a afirmar-se no panorama fotográfico internacional. Em 1961 é definido como “um caso sério” da fotografia pela classe dos gráficos nacionais; em 1962 faz a sua primeira reportagem no estrangeiro, uma nova etapa na sua carreira. Registou a mítica vitória por 5-3 do Sport Lisboa e Benfica frente ao Real Madrid, em pleno Estádio Olímpico de Amesterdão, garantindo a atribuição da Taça dos Campeões Europeus à equipa portuguesa, ao seu clube de coração. Tudo se encaminhava no sentido certo, até que um percalço altera aquilo que parecia ser o seu destino: em 1963, na sequência do encerramento do Diário Ilustrado, fica desempregado e passa por um período difícil, chegando a receber uma carta do presidente do sindicato dos jornalistas exigindo-lhe a devolução da carteira profissional. Uns meses depois, em junho, começa a colaborar no magazine feminino Eva e, em outubro, ingressa na redação de O Século para, depois, transitar para O Século Ilustrado, a convite de Nelson de Barros. A sua carreira ligada à fotografia estava definitivamente lançada e nunca mais pararia de crescer.

obre crevendo um

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para ver o catálogo da exposição biográfica de Eduardo Gageiro

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Já habituado às luzes da ribalta, é interessante perceber que não esqueceu as suas origens, nem estas a ele, participando em diversas exposições e na vida associativa


da terra que o viu nascer, especialmente através do Sport Grupo Sacavenense e da Academia Recreativa de Sacavém. Estranho ou não, é representativo do seu modo de ser e de estar perante a vida e aqueles que o rodeiam. Em 1964, na sequência da conquista de uma medalha de ouro no IV Concurso Internacional de Fotografia de Viena, é nomeado membro de honra da Associação Austríaca de Fotografia, a primeira de muitas homenagens internacionais de que irá ser alvo. É o caso, por exemplo, do rei Balduíno da Bélgica que o agraciou por serviços prestados àquele país. A partir daqui, inicia-se um período que poderia ser descrito como uma autêntica febre de concursos e de prémios, tanto nacionais como internacionais. Nunca omitiu o seu nome, exceto quando as regras ditavam a utilização de um

pseudónimo. Aí identificava-se sempre como «De Caterina», o que acaba por ser um trocadilho com letras e sílabas a lembrar o nome da mulher, Natércia. Os concursos estrangeiros proporcionam-lhe um prazer acrescido, especialmente porque lhe permitem viajar pelo mundo fora, algo que teve o seu ponto alto em 1968. Uma oportunidade rara para poder sair de Portugal e, de alguma forma, denunciar a situação que se vivia no país “amordaçado” pela ditadura de Salazar. Quando fotografa, Gageiro também manifesta a sua opinião e a sua perspetiva da realidade, passando mensagens subliminares através das imagens. Aliás, foi esta a principal razão por que foi muitas vezes censurado pelo “lápis azul” do regime e preso, em 1965, pela Polícia de Intervenção e Defesa do Estado (PIDE). Interrogaram-no durante horas a fio, até à exaustão. Questionaram-no, nomeadamente sobre o porquê da insisRevista :: Loures Municipal :: Março 2013 :: 23


SENTIR

tência em fotografar “lugares e gente humilde”, em vez das magníficas paisagens existentes no País.

-lhe fascista, pontapearam-no e destruíram-lhe a máquina fotográfica.

A este episódio traumático também não é alheia a sua postura, audaz e irreverente, perante os acontecimentos e as reportagens que acompanha, conseguindo fotografias mais descontraídas e com menor formalidade. O hábito de fotografar no intervalo dos eventos é reflexo desta atitude: “Eu era um não-alinhado, disparava sempre nos intervalos dos outros.”

Dois anos depois, em 1977, volta a sentir na pele o flagelo do desemprego, com o encerramento do jornal O Século, onde trabalhava há cerca de 14 anos. Não desistiu, continuou a lutar e “rapidamente” volta ao topo, que provou ser o seu lugar. Começa por aceitar o desafio de ser o fotógrafo da Companhia Nacional de Bailado (1978) até ser convidado a acompanhar o general Ramalho Eanes no seu segundo mandato presidencial (1982), sem esquecer a atividade fotojornalística institucional resultante da colaboração com a Assembleia da República.

1969 foi um ano marcante na sua carreira: é considerado um dos trinta melhores fotógrafos do mundo, facto que motivou o convite para a sua participação no famoso programa televisivo Zip Zip, onde foi entrevistado por Raul Solnado e Fialho Gouveia. Em 1971 inicia uma nova etapa profissional, através da edição do seu primeiro livro – Gente –, composto por fotografias tiradas durante a década anterior, em vários pontos do país. Apesar de não se considerar um artista, as suas fotos possuem um pendor marcadamente artístico e, aqui, assume-se como um “fotógrafo de rostos”. É o primeiro de muitos… Mulher (1976), Alentejo (1988), Revelações (1995), Olhares (1998), Lisboa no Cais da Memória (2003) e Lisboa e Tejo e Tudo (2012) são apenas alguns dos títulos publicados. O seu percurso não foi linear, teve altos e baixos que lhe deixaram marcas e lembranças que conserva e não esquece. A revolução do 25 de Abril (de 1974) foi, segundo afirma, o dia mais feliz da sua vida e pano de fundo para um dos seus maiores sucessos profissionais, não obstante ter arriscado a própria vida na tentativa (bem sucedida) de documentar tudo e todos. Compreendeu mais tarde, em 1975, que não basta conquistar a liberdade, é preciso construí-la e fomentá-la entre um povo oprimido por décadas de ditadura. Durante a cobertura de uma manifestação do MRPP, em Caxias, Gageiro foi vítima de violência no exercício da sua profissão. Chamaram-

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A partir de determinada altura, mercê do seu prestígio e reconhecimento profissional, passou a ser convidado a participar ou a fazer parte do júri de alguns dos mais conhecidos e conceituados concursos de fotografia. É o caso do Concurso Internacional de Fotografia de Novisad (Jugoslávia, 1981) e da XXI Bienal da Federação Internacional de Arte Fotográfica (FIAP), que decorreu em junho de 1991 na cidade espanhola de Victoria. De resto, a presença em concursos internacionais cumpre outro desígnio pessoal: “Denunciar situações injustas”, como ocorreu no VI Festival Internacional de Fotografia de Bagdade (Iraque, 1996), onde angariou três prémios de ouro, um de prata e outro de bronze. Com tantos prémios, exposições, referências e homenagens pontuais, Gageiro já viu o seu nome associado a inúmeros eventos e efemérides. No ano de 2002, o município que o viu nascer e crescer atribuiu-lhe a Medalha Municipal de Honra, distinção atribuída aos munícipes mais ilustres. Em 2004, foi a vez de lhe ser conferido pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, criada para “distinguir quem houver prestado serviços relevantes a Portugal, no País e no estrangeiro”. A abordagem a esta história, por mais breve e despretensiosa que seja, não ficaria completa se não se referisse o drama pessoal por que passou em 2006/2008. Quando tudo


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SENTIR

indicava que já não passaria por mais períodos conturbados, foi-lhe diagnosticado um linfoma e pensou que morreria num prazo de três meses. Mas a doença não vingou. Recuperou e a perspetiva da morte inspirou-o para mais um projeto a que chamou Silêncios, um livro de recordações que acabou por ser lançado em 2008.

Numa tão longa e interessante carreira, é natural que existam muitas reportagens “especiais” e marcantes. Todas são importantes, mas algumas assumiram proporções extraordinárias, de inegável interesse público e histórico.

1968

Participa na primeira reportagem feita ao Convento da Cartuxa, em Évora, local onde não era permitido entrar porque os seus habitantes viviam em clausura monástica há oito anos, depois de este espaço ter sido deixado ao abandono em 1834.

1972

Cobre os Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha, onde, graças à sua tenacidade e “esperteza”, se tornou no único repórter fotográfico a captar imagens do cenário de terror causado pelo grupo árabe “Setembro Negro”, que matou e fez reféns vários elementos da comitiva de Israel, causando o encerramento da cidade olímpica a toda a imprensa.

1974

Torna-se no fotógrafo “oficial” do 25 de Abril, ao registar algumas das melhores fotos do dia e dos protagonistas que devolveram a liberdade a Portugal e aos portugueses. Mais uma vez, graças à sua pró-atividade e desenvoltura, conseguiu um lugar privilegiado junto de Salgueiro Maia, comandante operacional da Revolução dos Cravos. Iniciaram uma relação de amizade que se manteve até à morte do militar em 1992.

2001

Depois de se “armar” com um conjunto significativo de missivas de recomendação assinadas por altas individualidades institucionais portuguesas, efetua, ao serviço da revista Visão, uma fotorreportagem em e sobre Timor-Leste. Embrenhou-se na população e conseguiu registar a “intimidade” do povo na sua luta diária pela subsistência. Condensou mais tarde esta experiência no livro Timor ao Amanhecer da Esperança.

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SENTIR

Estes são apenas alguns dos “segredos” mais relevantes da vida deste senhor que adotou como lema: “As dificuldades devem servir de incentivo para nos aperfeiçoarmos e atingirmos o nosso fim.” Eduardo Gageiro, o rapaz de Sacavém que conseguiu transformar “fraquezas” em benefícios e que, a pulso, venceu na vida que escolheu seguir, alcançando a plena satisfação fazendo aquilo de que mais gosta – fotografar as pessoas e o mundo que nos rodeia, com a emoção e a razão que tão bem o caracterizam. Para saber mais, muito mais, sobre o homem e a obra não perca a exposição biográfica Eduardo Gageiro – Rapaz de Sacavém, Fotógrafo do Mundo, patente ao público até 15 de fevereiro de 2014 no Museu de Cerâmica de Sacavém, equipamento municipal construído em redor do forno 18 da antiga Fábrica de Loiça, onde esta história começou. Como se costuma dizer, o bom filho à casa torna.

Museu de Cerâmica de Sacavém morada

Urbanização Real Forte 2685 SACAVÉM contactos

Telefones: 211 151 082 / 211 151 083 Fax: 211 151 702 E-mail: dc@cm-loures.pt horários

Segunda a sábado, das 10h às 13h e das 14h às 18h Encerra aos domingos e feriados

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Referências de personalidades públicas

“Gageiro visto por famosos”

«Conheço o Eduardo Gageiro desde o 25 de Abril […]. É um fotógrafo, considerado sem favor como um dos melhores em Portugal, senão mesmo o melhor, como alguns dos seus próprios colegas o consideram.»

Mário Soares, antigo Presidente da República Portuguesa, 2012.

«Mais do que um fotógrafo excecional, Eduardo Gageiro é, ele próprio, um artesão da luz, da sombra, das formas. Um artista singular que transforma em encanto o óbvio e mostra, com o coração, muito para além do que os olhos veem.» Carlos Teixeira, Presidente da CMLoures, 2013.

«Gageiro, Rapaz de Sacavém, ao fotografar pessoas conta-nos histórias de vida, ao documentar acontecimentos, serve-nos o espaço para a perspetiva. Não se limitou a estar presente nos instantes, foi mais longe e participou, comprometeu-se e falou através da sua visão.» João Pedro Domingues, Vice-Presidente da CMLoures, 2013.

«Na ocasião, tive então de constatar quão ricas eram as suas aptidões, as qualidades de temperamento de Eduardo Gageiro, nomeadamente: argúcia, inteligência, capacidade de trabalho, honestidade e, ainda, aquilo que era a sua grande paixão, a fotografia.» António Ramalho Eanes, antigo Presidente da República Portuguesa, 2012.

«Com a sensibilidade que só os artistas possuem, o olhar de Gageiro, sempre alerta, captou figuras, rostos, acontecimentos, situações, recantos. E até segredos, sentimentos, desejos, indignações, pretextos. Numa palavra, captou a vida, o tempo e a alma da cidade.» Jorge Sampaio, antigo Presidente da República Portuguesa, 2003.

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«Diz que quer morrer com uma máquina fotográfica na mão. Custa-me ouvir quando ele diz isso, mas compreendo-o. […] Tenho muito orgulho no meu pai. Desde muito novo que sentiu a vontade de fotografar e lutou sempre para o conseguir. Tudo o que via o formou e inspirou.» Rui Gageiro, filho de Eduardo Gageiro, 2012.

«A Fábrica de Loiça de Sacavém produziu o pior empregado de escritório de todos os tempos e um dos maiores fotojornalistas portugueses. […] O mundo viu a miséria de bens e de espírito de uns país anestesiado e amordaçado pela ditadura.» Isabel Marques da Silva.

«Ninguém fotografou melhor certo Portugal do que o Eduardo Gageiro. […] Ver como o Eduardo trabalhava e tantas vezes parece que conseguia como que tirar água das pedras… até hoje.» José Carlos de Vasconcelos.

«Um grande profissional, um grande homem, um grande caráter, um homem sempre na disposição de ajudar, gosta de Sacavém, é sacavenense, e, portanto, é sempre um gosto imenso, um orgulho muito grande, ter um companheiro da nossa cidade […]» José Albuquerque, 2011.

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SENTIR «Eu aqui [Sacavém] sinto-me em casa! Fico contente de ser homenageado no local que tanta influência teve na minha carreira. É uma carreira de tantos anos. É a minha modesta homenagem a tanto que a fábrica me deu, os velhos operários, os velhos artistas… Estou feliz por isso.»

«Desde essa altura, até agora, ando sempre atento ao que se faz. Eu tenho 76 anos e julgo, não tenho a certeza, que não estou desatualizado. Estou sempre a ver o que há, quem é que fotografa melhor e isso é fundamental, uma pessoa não pode estagnar!»

«Foi aqui na Fábrica da Loiça, afinal, onde eu nasci fotograficamente e enquanto pessoa. A fábrica formou-me muito para eu saber apreciar as dificuldades e a luta pela vida destas pessoas que trabalhavam aqui. […] Portanto, sem a fábrica eu era outro fotógrafo e outra pessoa.»

«Procuro sobretudo incomodar as pessoas que vivem calmamente, sem a noção dos problemas reais, felizes consigo próprias, pretendendo desconhecer a existência deles.»

Eduardo Gageiro, 2011.

Eduardo Gageiro, 2011.

«As pessoas viviam miseravelmente, mas há outro mundo tão diferente. Essa diferença chocou-me tanto que eu pensei, mas como é que eu vou resolver isto? […] Pensei que ia mudar o mundo. Pensei que ia denunciar estas desigualdades sociais.» Eduardo Gageiro, 2011.

Eduardo Gageiro, 2011.

Eduardo Gageiro.

«Eu, quando morrer, quero ir com o colete da ACNUR e vestido como repórter, de ténis, vestido de maneira mais simples possível. Porque, simplesmente, foi a reportagem que não consegui fazer! Portanto, para simbolizar toda a minha profissão a que eu dei o melhor de mim.» Eduardo Gageiro, 2011.

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AGIR

Freguesias: uma espécie em vias de extinção Reorganização administrativa do território

Mil cento e sessenta e cinco. É este o número da discórdia. São 1165 as freguesias que, segundo o Governo, não reúnem os critérios de organização territorial e cuja extinção está agendada para 27 de outubro. Em Loures, a proposta prevê a redução de 18 para 10 freguesias.

Porém, no nosso concelho, todas as forças políticas falam a uma só voz. Câmara, Assembleia Municipal e assembleias de freguesia são unânimes em dizer NÃO ao novo mapa de divisão administrativa do País. A Assembleia da República votou a favor da extinção de freguesias em todo o país, mas a decisão está longe de ser pacífica. À ideia de poupar, insistentemente apontada pelo Governo, contrapõem-se os argumentos de municípios e juntas de freguesia. Serenar os ânimos parece, assim, uma tarefa difícil, já que a Lei sobre a Reorganização Administrativa do Território das Freguesias chegou mesmo a

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ser promulgada a 16 de janeiro pelo Presidente da República, Cavaco Silva, e publicada em Diário da República 12 dias depois. Para muitos autarcas, de todos os quadrantes políticos, os ganhos, a existirem com esta reforma do poder local, serão mínimos e não compensarão os prejuízos que tal medida vai causar às populações. Em Loures a proposta de extinção é clara: reduzir as atuais 18 para 10 freguesias. Assim, as freguesias de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela ficam reduzidas a uma única, o mesmo acontecendo às freguesias de Camarate, Unhos e Apelação. Juntam-se ainda Sacavém e Prior Velho


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AGIR numa freguesia e Moscavide e Portela noutra. Este será o panorama na zona oriental do concelho.

considera não justificar toda a contestação e pressão social que a lei veio causar.

Na zona ocidental, a Santo António dos Cavaleiros junta-se Frielas. Quanto aos dois Tojais, Santo Antão e São Julião, também são unidos numa só freguesia. Mantêm-se sem alterações as freguesias de Loures, Bucelas, Fanhões e Lousa.

Para o Governo trata-se de uma reforma que visa “melhorar os serviços, aumentar a eficiência e reduzir custos”, mas não há qualquer quantificação de poupanças. Segundo o “Documento Verde” que serviu de base para a discussão em volta da reforma da Administração Local, o objetivo não é a redução das freguesias numa visão puramente economicista. Passa principalmente por “dar escala e dimensão às novas unidades territoriais, reforçando a sua atuação, dando-lhe novas competências e descentralizando”.

O concelho passará assim a ter freguesias com mais de 44 mil habitantes, ao lado de outras com cerca de três mil. A maioria das novas freguesias propostas ficará com mais habitantes do que muitos dos 308 concelhos do País. As futuras dez freguesias passarão então a designar-se assim, com o seguinte número de habitantes, de acordo com os resultados dos Censos de 2011:

Os protestos já se fizeram ouvir. Além das inúmeras manifestações, multiplicam-se as providências cautelares que perpetuam a contestação por parte de autarcas e população a um processo que parece longe do seu término.

União das Freguesias de Santa Iria da Azóia, São João da Talha e Bobadela União das Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação União das Freguesias de Sacavém e Prior Velho União das Freguesias de Moscavide e Portela União das Freguesias de Santo António dos Cavaleiros e Frielas Freguesia de Loures União das Freguesias de Santo Antão do Tojal e São Julião do Tojal Freguesia de Bucelas Freguesia de Fanhões Freguesia de Lousa

44 331 34 943 25 605 26 075 28 052 27 362 8053 4663 2801 3169

A Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa do Território (UTRAT) é o organismo responsável pelo acompanhamento do processo que prevê a redução de 1165 freguesias, face às 4259 atualmente existentes. Desta unidade fazem apenas parte nomes indicados pelo PSD e o CDS-PP, já que tanto os partidos da oposição, como as próprias assembleias de freguesia e a ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias comunicaram oficialmente a sua indisponibilidade para integrar esta unidade.

A entrega de uma providência cautelar, no dia 26 de janeiro, no Supremo Tribunal Administrativo, foi o derradeiro recurso encontrado pelas 18 juntas de freguesia e pela Câmara Municipal de Loures, a fim de tentarem travar um processo que, na opinião do presidente do Município, Carlos Teixeira, não faz sentido: “Já nos tínhamos manifestado, quer ao nível da Assembleia Municipal, quer das assembleias de freguesia, e este é mais um sinal de alerta aos responsáveis políticos para que esta decisão não seja feita a régua e esquadro.”

Recentemente, a ANAFRE realizou um estudo técnico-contabilístico sobre esta matéria, que apontou para uma poupança de 6,5 milhões de euros como resultado da extinção de freguesias, poupança essa que a ANAFRE

De facto, na moção apresentada em novembro pela Câmara Municipal de Loures contra a extinção de freguesias era possível ler-se: “Esta decisão viola o princípio de autonomia das autarquias; esta resolução não tem em conta a realidade

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do concelho; esta medida vai contra as mais elementares regras de administração do território; esta determinação não reduz despesa; ao forçar o acréscimo da área e o consequente aumento de população, baixa drasticamente a qualidade do serviço prestado às populações.” Para o autarca, a agregação de freguesias “vai tornar-se ingovernável”, dando o exemplo da união das freguesias de Santa Iria de Azóia, Bobadela e São João da Talha, que terá perto de 50 mil habitantes: “Tudo isto vai ser muito prejudicial sobretudo para as pessoas, porque deixam de ter aquela proximidade a que se foram habituando ao longo de décadas, criando-se um distanciamento enorme entre os eleitos e os eleitores.”

Reorganização administrativa. E depois? Parece evidente que a alteração profunda no ordenamento territorial terá implicações a muitos níveis, principalmente no processo eleitoral que se avizinha. Na mensagem dirigida à presidente da Assembleia da República, divulgada na página de internet da Presidência da República, o chefe de Estado começa por lembrar que “em face desta alteração profunda no ordenamento territorial do País, com implicações aos mais diversos níveis – e, designadamente, na organização do processo eleitoral –, considero que deverão ser tomadas, com a maior premência, todas as medidas políticas, legislativas e administrativas de modo que as eleições para as autarquias locais, que irão ter lugar entre Setembro e Revista :: Loures Municipal :: Março 2013 :: 35


AGIR Outubro deste ano, decorram em condições de normalidade e transparência democráticas, assegurando quer o exercício do direito de voto e de elegibilidade dos cidadãos nos termos previstos na lei, quer a total autenticidade dos resultados eleitorais”, escreve Cavaco Silva. “É, assim, imperioso que a adaptação do recenseamento eleitoral à reorganização administrativa agora aprovada se realize atempadamente e que os cidadãos eleitores disponham, em tempo útil, de informação referente à freguesia onde votam e ao respectivo número de eleitor”, argumenta o Presidente. As juntas de freguesia são ainda consideradas, por muitos, enormes agentes de coesão social e de desenvolvimento. Entre os argumentos mais ouvidos contra a lei de extinção de freguesias estão o abandono de políticas de proximidade, a diminuição de eficiência e um aumento de custos para as gentes e territórios afetados. Para os defensores do atual mapa administrativo, a aplicação da lei limitaria drasticamente a prestação de serviços públicos de proximidade fundamentais, sobretudo para o dia-a-dia das populações que vivem mais afastadas da sede do concelho, onde a junta de freguesia soma às suas funções competências que a câmara municipal descentraliza, justamente pela dimensão do território. Muitas pessoas recorrem às juntas de freguesia para resolver vários assuntos, como levantar reformas e pagar contas de água e eletricidade. Milhares de cidadãos, em vez de caminharem até à sua junta de freguesia, terão agora de ir de transportes, táxi ou carro pessoal. Mais grave, estamos a falar de populações envelhecidas e de parcos proventos... Previsível será também a possibilidade de a população que vive nas freguesias a extinguir ter de suportar os custos da atualização de todos os documentos pessoais, bem como de registos de propriedades móveis ou imóveis que eventualmente possuam. A tudo isto acresce que, com a agregação, em Loures passarão a existir freguesias com mais de 30 mil eleitores, ficando o presidente da freguesia obrigado ao exercício a tempo inteiro, com todos os custos que tal acarreta. Daqui se depreende que a eventual poupança, que serve de justificação para esta medida, cai pela base, face às despesas que gerará, quer autárquica, quer individualmente.

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Apesar de o Governo alegar que a agregação de freguesias deverá “salvaguardar as especificidades locais” e “respeitar a sua identidade, a sua toponímia, bem como a sua história e cultura“, para grande parte dos autarcas a extinção de freguesias teria consequências negativas na preservação e salvaguarda da história, comprometendo as identidades locais, valores que reforçam o sentimento de pertença às comunidades. “Esta lei é um autêntico disparate” “Para a maior parte dos presidentes de junta, e como não poderia deixar de ser, em primeiro lugar está a sua terra. Ninguém anda nesta vida para fazer carreira. É justamente esse espírito de missão que querem sufocar. Querem anular o trabalho de homens e mulheres que se desdobram para solucionar os problemas que surgem todos os dias.” Presidente da Junta de Freguesia de Santa Iria de Azóia

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desde 1993, Ernesto Costa não poupa críticas ao novo mapa das freguesias. A sua principal preocupação: o fim da relação de proximidade da população com o poder local. “Um presidente de junta é abordado constantemente na rua. É alguém com quem as pessoas podem falar e até desabafar. E todos os dias as pessoas me manifestam o seu receio e desagrado face a uma lei que, neste caso, vai fundir três realidades diferentes.” A União das Freguesias de Santa Iria da Azóia, São João da Talha e Bobadela tem já definida como sede a primeira das três localizações, apesar de a lei prever que, num prazo de 90 dias após as eleições, a assembleia de freguesia possa deliberar a localização da nova sede, se for caso disso. No que respeita às restantes uniões de freguesias, as sedes ficarão para já localizadas em Camarate, Portela, Sacavém, Santo Antão do Tojal e Santo António dos Cavaleiros. “O Governo diz que quer dar escala às freguesias. Então


AGIR mas uma freguesia com 18 ou 20 mil habitantes não tem escala?”, pergunta Ernesto Costa, num exercício que sabe ser retórico. A freguesia de São João da Talha é presidida por Nuno Leitão, um jovem autarca de 39 anos. Também ele está cético face à nova lei: “Atualmente, as juntas de freguesia já não têm, em muitos casos, capacidade técnica para resolver determinadas solicitações. Com o aumento exponencial de habitantes, muito mais difícil se vai tornar.” O autarca alerta ainda para a complexidade administrativa que o novo mapa das freguesias vai causar: “Juntando todos os funcionários numa só freguesia, é óbvio que vai haver gente a mais para alguns serviços, o que pode significar despedimentos.” Mais a oriente, em Camarate, Arlindo Cardoso está sempre disponível para atender. “Às 8 horas já cá estou”, diz. Esta é a freguesia mais populosa da zona oriental do concelho de Loures. A sua proximidade a Lisboa fê-la destino de milhares de migrantes, que a partir de meados do século xx chegaram à capital. Esse período moldou definitivamente a sua morfologia urbana e social. “Esta lei é um autêntico disparate. É de loucos. Só pode vir de alguém que não conhece o território.” Para Arlindo Cardoso, não é viável a união de Camarate com Unhos e a Apelação: “São três freguesias com enormes problemas sociais. Se já temos atualmente dificuldades para resolvê-los, mais complicado será no futuro estar próximo das populações.” Entre os vários serviços disponibilizados pela Junta de Freguesia de Camarate, destaque para o atendimento integrado, psicológico e jurídico que Arlindo Cardoso ainda não sabe como se vai processar quando a união de freguesias contar com quase 35 mil habitantes. “Os transportes públicos de Unhos para Camarate ainda não são os melhores, já para não falar no aumento de custos que isso vai ter para os utentes. De qualquer forma, são as freguesias que têm de ir ao encontro das necessidades das populações, não são elas que nos têm de procurar.” Para já são demasiadas as dúvidas. Mas há quem tenha uma certeza: “A população não vai ser tão bem servida como tem sido até agora.” Esta é a convicção de António Louro, presidente da Junta de Freguesia da Apelação. Entre os receios do autarca está a perda de alguns serviços de

proximidade: “Uma das obrigações de quem está a receber subsídio de desemprego, por exemplo, é apresentar-se quinzenalmente no Centro de Emprego, ou noutro local que lhe seja indicado, neste caso, na Junta de Freguesia da Apelação. Se isso acabar, que remédio têm as pessoas senão deslocarem-se a Sacavém.” “Às vezes digo aos meus funcionários que vou sair. Teoricamente, espero não demorar mais de dois ou três minutos. Acabo por voltar meia hora – ou mais – depois! As pessoas abordam-me, falam-me daquela obra, daquele buraco, até da vida pessoal. Com esta lei tudo isso vai acabar”, lamenta António Louro. Também a presidente da Junta de Freguesia da Portela, Manuela Dias, não vê “nenhuma vantagem para a freguesia em agregar-se a Moscavide ou Sacavém”, não compreendendo como “é que se pode partir para uma união destas sem sequer ser atribuído um nome à união de freguesias”. A opinião da autarca do PSD é tão mais relevante pelo facto de ir à revelia da orientação da sua força partidária, mas está longe de ser isolada. No que a Loures diz respeito, a presença dos dois presidentes de junta de freguesia laranjas – Nelson Baptista (Lousa) e Manuela Dias (Portela) – é elucidativa da união dos autarcas do concelho: «Nos momentos importantes da vida de Loures somos “todos um”.» Ainda assim, a maioria dos autarcas de Loures tem esperança no retrocesso na lei. Até outubro está tudo em aberto e até lá muitas dúvidas terão de ser esclarecidas. “Eu acredito que esta lei não vá para a frente. Existem erros clamorosos, como é o caso de freguesias que não foram sequer incluídas na proposta de lei. Simplesmente desapareceram”, alerta Ernesto Costa. Já António Louro tem muitas dúvidas de que o Governo venha a recuar: “Seria uma derrota política.” Numa fase em que, sejam quais forem os slogans adotados pelas diferentes forças partidárias, é gritante a necessidade de salvaguardar, de facto, as pessoas – face à enorme sobrecarga de impostos que a Troika vem impondo –, urge encontrar medidas que não sacrifiquem mais ainda aqueles que estão na génese da própria existência do serviço público. Revista :: Loures Municipal :: Março 2013 :: 39


A proposta para Loures

Em Loures, o resultado da proposta de reorganização administrativa, promulgada pelo Presidente da República a 16 de janeiro, traduz-se na redução das atuais 18 para 10 freguesias, prevendo a agregação da Bobadela com São João da Talha e Santa Iria de Azóia, de Camarate com Apelação e Unhos, da Portela com Moscavide, de Santo António dos Cavaleiros com Frielas, de Sacavém com o Prior Velho e de Santo Antão do Tojal com São Julião do Tojal. Para tentar travar um processo que, na opinião do presidente do Município, Carlos Teixeira, não faz qualquer sentido, foi entregue uma providência cautelar, subscrita pelos autarcas e pela Câmara de Loures. Para o autarca, a agregação de freguesias vai pôr em causa a sua governabilidade, nomeadamente no caso da união das freguesias de Santa Iria de Azóia, Bobadela e São João da Talha, que assim formarão uma freguesia com mais de 50 mil habitantes, inviabilizando políticas de proximidade que estão na base da criação das próprias freguesias. Os presidentes das juntas de freguesia de Frielas, Álvaro Cunha, da Portela, Manuela Dias, de São João da Talha, Nuno Leitão, e de Santa Iria de Azóia, Ernesto Costa, rejeitaram em uníssono a agregação das freguesias, constituindo-se testemunhas formais da entrega da providência cautelar. Segundo um estudo da ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias, a poupança anual gerada pela extinção de cerca de mil freguesias é de apenas 6,5 milhões de euros. Loures uniu-se, no que respeita às diferentes forças políticas, na luta contra a extinção das freguesias, o que se

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comprova pela presença do Executivo Municipal na entrega da providência cautelar, assim como dos presidentes das juntas de freguesia da Apelação, Bobadela, Bucelas, Frielas, Moscavide, Sacavém, Santo António dos Cavaleiros, São Julião do Tojal e São João da Talha, todas PS, Camarate, Santa Iria de Azóia e Santo Antão do Tojal (CDU) e Lousa e Portela (PSD). Os representantes do PS e da CDU na Assembleia Municipal de Loures, respetivamente Pedro Cabeça, Bernardino Soares e Manuel Glória, também responderam à chamada juntando o seu protesto aos demais. Unidos por uma causa, os autarcas invocaram, entre outras razões para a entrega da providência cautelar, a ingovernabilidade dos territórios agregados, o desrespeito por princípios, valores e tradições que presidiram à criação das freguesias, o desprezo pelas pessoas, pelas suas conveniências e necessidades, e ainda para o falso argumento da alegada poupança que advirá dessa agregação, que se extingue em novas despesas que surgirão na sequência do corte na proximidade de eleitos e eleitores. O concelho de Loures, com uma área de 168 quilómetros quadrados, onde residem cerca de 200 mil pessoas, é hoje o sexto mais populoso do País.

“Já nos tínhamos manifestado, quer a nível da Assembleia Municipal, quer das assembleias de freguesia, e este é mais um sinal de alerta aos responsáveis políticos para que esta decisão não seja feita a régua e esquadro.” “Tudo isto vai ser muito prejudicial, sobretudo para as pessoas, porque deixam de ter aquela proximidade a que se foram habituando ao longo de décadas, criando-se um distanciamento enorme entre os eleitos e os eleitores.” Carlos Teixeira

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AGIR

“Gerir uma freguesia com quase 50 mil eleitores é impensável. As populações ficam a perder porque não será possível responder atempadamente a todas as solicitações, face à união de Santa Iria com Bobadela e São João da Talha.”

“Não faz sentido que uma freguesia com 485 anos de história seja agregada em nome de qualquer troika ou documento que imponha a união de Frielas com outra freguesia qualquer.” Álvaro Cunha

“Não vejo nenhuma vantagem para a freguesia na agregação com Moscavide ou Sacavém. Não compreendendo como se pode partir para uma união destas sem sequer ser atribuído um nome à união de freguesias.” Manuela Dias

“Não há poupança nenhuma, pois seis a dez milhões não são nada, em comparação com os gastos que as populações terão nas deslocações e nos consequentes transtornos para a vida pessoal e profissional de cada um.” Ernesto Costa

“O processo de agregação representará um rude golpe no trabalho que está a ser desenvolvido pelos autarcas. Os nossos eleitores vão ficar afastados dos autarcas e entre si, pondo em causa o princípio da proximidade que é basilar.” Nuno Leitão

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AGIR

Regresso ao coração da cidade CARNAVAL SALOIO 2013

O Carnaval é, em Loures, uma antiga tradição. Se na primeira metade do século xx a organização era informal e juntava pessoas espontaneamente, no final do mesmo século, década de 70, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Loures chamou a si a responsabilidade de organizar a folia contando sempre com a boa vontade e o voluntarismo de várias figuras da então vila de Loures. O dinheiro das entradas nos corsos foi um significativo contributo para a construção do atual Quartel dos Bombeiros. Após algumas pausas e num percurso intermitente, a Associação de Carnaval de Loures constitui-se e organiza, há 13 anos, aquela que é a Festa de Loures – um Carnaval genuíno feito pelas pessoas para as pessoas.

o segredo. Os preparativos duram meses: a Associação de Carnaval de Loures reuniu, tomou decisões, escolheu o tema e, em fevereiro, o Carnaval Saloio 2013 saiu à rua, num percurso que regressou ao coração da cidade.

Foi este o espírito que encontrámos nos preparativos, nos bailes, mas também nas ruas onde milhares de foliões deram asas à sua alegria e brincaram ao Carnaval.

Não podendo fugir à atualidade, a Associação escolheu para tema deste ano “Entroikado” – uma palavra até há pouco desconhecida, mas hoje em dia muito sentida na vida dos portugueses. “Tratou-se de um conjunto de contingências: não havia o financiamento de outros anos, por isso, ou não fazíamos Carnaval ou fazíamos recorrendo à boa vontade

Antes da festa, os preparativos Foi num pavilhão instalado nas Sete Casas que encontrámos

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AGIR dos grupos participantes que reciclaram e reinventaram roupas e carros fazendo uma restrospetiva dos Carnavais dos últimos anos”, diz-nos João Silva, presidente da Associação de Carnaval de Loures. 900 figurantes, 12 carros, 14 grupos foram o ingrediente maior para atrair tanto a população de Loures, como os visitantes, que este ano tiveram uma surpresa: pela primeira vez, o

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Carnaval Saloio de Loures foi de entrada livre. “Trata-se de um prémio para a direção que está à frente da Associação de Carnaval de Loures há 13 anos e que a fundou, é um prémio para a Câmara Municipal de Loures, para a Junta de Freguesia e para os habitantes de Loures. Queremos mostrar que com pouco dinheiro, mas com muita vontade, se conseguem fazer coisas boas e bonitas em Loures”, diz-nos Carlos Baptista, vice-presidente da ACL.


Mastronças, um negócio de família? Podemos dizer que sim, que o grupo das Mastronças do Moulin Rouge, constituído apenas por homens que todos os anos encontram um traje feminino ousado e divertido para desfilar no Carnaval de Loures, é uma grande família. Em 2013 completam 35 anos de Carnaval de Loures, e para nos falar desse aniversário receberam-nos, pai e filho, num escritório muito peculiar: o bar do carro que desfilou no Corso. Paulo Silvestre está nas Mastronças (Frenéticas, nos seus primórdios) desde o início. O seu filho desfila há 22 anos. No grupo há primos e amigos: todos se conhecem e fazem questão de cultivar, ao longo do ano, o que chamam de “espírito Mastronça”, que se traduz numa forte amizade entre todos os participantes que gostam de se divertir, não só no Carnaval, mas em outros encontros que organizam. Ponto bastante salientado é a tentativa de os novos membros recuperarem os valores com que os mais antigos iniciaram as Mastronças: diversão, mas com respeito! A solidariedade é outro dos valores que imperam neste grupo carnavalesco. Já participaram, e mostram-se disponíveis para continuar a participar, em ações de solidariedade em que a sua imagem é gratuitamente cedida com o entusiamo de quem gosta genuinamente de ajudar. Vê-se nas suas roupas de pré-carnaval: T-shirts e sweatshirts com os vários patrocínios que fazem questão de agradecer e, sempre que possível, retribuir. Para além dos corsos de domingo e terça-feira, as Mastronças organizam o seu próprio desfile na tarde de segunda-feira. É uma tradição muito antiga, à qual se perdeu já a origem, mas que está aberto a outras mastronças além das do Moulin Rouge. Em romaria pelas ruas de Loures, percorrem as capelinhas, onde os proprietários os recebem e oferecem

as típicas filhós da época. Dizem que ajuda a relaxar porque andar de vestido de mulher pode não ser assim tão fácil! Samaritanos do Barro, o peso da tradição O Grupo “Samaritanos do Barro” sai no Carnaval sob essa designação desde 1991. Mas na sua origem está alguém muito especial, João Fandango, avô da nossa interlocutora Gina Fandango e figura sobejamente conhecida das pessoas de Loures. Criou o grupo dos Saloios que ainda marca presença nos corsos carnavalescos. João Fandango tinha o Carnaval no sangue: Participou em cegadas desde os anos 40 e fez pequenas digressões por concelhos limítrofes, como Mafra ou Sintra. Não sabia ler nem escrever, mas aprendia os textos e as canções das cegadas com muita rapidez. Conta a sua neta que até aprendeu a fazer malha para melhor interpretar as cegadas. Revista :: Loures Municipal :: Março 2013 :: 47


A sua paixão pela folia correu no sangue e Gina Fandango é uma entusiasta do Carnaval Saloio de Loures. Conta-nos que quando o grupo dos Samaritanos derivou dos Saloios resolveram continuar com a designação do clube da terra que, apesar de não ter atividade, marca a sua presença em todos os carnavais de Loures. Este ano, são cerca de setenta participantes, que vão dos mais pequenos até aos cinquenta e poucos anos. Para este Carnaval responderam ao desafio da organização e apresentaram uma retrospetiva de trajes de carnavais anteriores. Além desta retrospetiva, prepararam também uma surpresa: a recuperação de uma antiga tradição de Loures – as majorettes acompanhadas pela Banda dos Bombeiros Voluntários de Loures. Este ano, como mascotes, estiveram as pequenas sobrinhas gémeas de Gina Fandango, que prometem continuar a tradição da participação dos Samaritanos do Barro no Carnaval de Loures. Bombeiros Voluntários de Loures, no princípio eram eles... Corria o ano de 2002 quando Eduardo Pedro pensou em formar um grupo nos Bombeiros Voluntários de Loures para participar no Carnaval. Em conversa com um colega bombeiro, concluiu que havia outras pessoas com a mesma vontade e assim nasceu este grupo, que recusa as plumas e as lantejoulas por considerar que não fazem parte da tradição saloia.

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Eduardo Pedro lembra-se do tempo em que a Associação Humanitária organizava o Carnaval de Loures. Chegou a colaborar na preparação, tinha então uns 15 ou 16 anos. Sente essa responsabilidade. Nos anos 70, os B. V. de Loures precisavam de angariar fundos para a construção de um novo quartel e, entre iniciativas como as Melodias Pró Quartel ou as Marchas Populares, decidiram reativar a antiga tradição saloia do Carnaval. Os participantes de hoje não têm, na sua maioria, idade para se recordarem desses carnavais, mas o chefe do restrito grupo, onde só participam bombeiros, diretores, membros da Banda e familiares, passa-lhes alguns valores que têm a ver com esse espírito de voluntarismo e colaboração ativa que fizeram (e fazem ainda) parte da organização de um evento desta envergadura: “o nosso carro foi todo arranjado por um amigo, o Américo, que colabora connosco há já alguns anos. Aqui está uma equipa e no quartel estão mais duas a pintar sapatilhas e a fazer adornos para o desfile”, diz-nos o nosso interlocutor. Em ano de crise, o grupo dos Bombeiros não encontrou dificuldades, antes pelo contrário: “Puxámos mais pela imaginação, criámos um tema (Robin dos Bosques), trabalhámos sobre ele e, ao contrário de outros anos, todos colaborámos para a realização da festa.”

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AGIR Milhares “entroikaram” nas ruas de Loures No ano em que o Carnaval Saloio voltou ao coração da cidade, milhares de pessoas participaram nos vários momentos de folia que agitaram a cidade ao longo seis dias. A tradição em Loures ainda é o que era! Desde sexta-feira 8 de fevereiro, milhares de foliões participaram no Carnaval Saloio: as crianças das escolas desfilaram logo pela manhã pelas principais ruas da cidade. Na noite de sábado, o Rei e a Rainha do Carnaval Saloio foram apresentados, no Largo 4 de Outubro, numa cerimónia onde foi recuperada uma tradição: foi encenada uma cegada pelo Grupo de Carnaval da Ponte de Lousa, localidade que escolheu a família real deste ano. Daí, os reis seguiram em cortejo até ao Pavilhão dos Bombeiros Voluntários de Loures, onde foram coroados e abriram o baile ao som da Marcha de Loures, tocada pela Banda dos BVL e acompanhada por centenas de pessoas. De destacar a passagem de mais de um milhar de pessoas pelos bailes do Pavilhão dos Bombeiros nas noites de sábado e de segunda-feira, noite do Baile Trapalhão. Foram porém muito mais numerosos os que estiveram no corso de terça-feira gorda. Segundo os cálculos da Associação de Carnaval de Loures, cerca de trinta mil ocuparam, na terça-feira, as ruas da cidade para ver o corso, onde um milhar de figurantes desfilou com os seus trajes, sendo patente a alegria por S. Pedro não ter repetido a chuva de domingo obrigando ao cancelamento do corso. Cabeçudos, saloios e saloias, mestres-de-cerimónia, mastronças coelhinhas, criaturas selvagens, Robin dos Bosques e pequenas majorettes, foram apenas algumas das fantasias deste carnaval autêntico, feito pelas pessoas e para as pessoas.

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Enterro de D. Ocarário XL: falar verdade a brincar É o momento mais emblemático do Carnaval de Loures. Um registo de 1972 aponta para 11 mil pessoas no enterro do Carnaval (fontes: jornal República, álbum Os Bombeiros de Loures e facebook dos BVL). A exemplo de anos anteriores, centenas de pessoas juntaram-se, pelas 21 horas, no Largo 4 de Outubro para assistirem ao velório de D. Ocarário XL, juntamente com as viúvas, a oficial e as oficiosas. Entre o povo que carpia encontrámos populares que diziam ser este o momento preferido do Carnaval. Figuras da terra acabam também por revelar que a coisa de que mais gostam é o Carnaval de Loures. Manuel Coelho, por exemplo, diz emocionado: “Tenho muitos anos de Carnaval de Loures!” José Miguel António, funcionário dos SMAS, é o mecânico do “boneco” do Rei Momo, falecido no corso de terça-feira. Diz-se que o “boneco” foi construído pelo relojoeiro Catita há mais de 60 anos. Agora, mais sofisticado, é constituído por um conjunto de sistemas hidráulicos, elétricos e mecânicos. Quando o Carnaval se aproxima, José António voluntaria-se para lhe fazer a manutenção, carregando baterias e concertando o que for necessário. Fá-lo desde 1978, no início com o colega João Doninha. Findo o cortejo, é no Parque da Cidade que o tabelião faz a leitura do testamento deixado pelo monarca no ano anterior. Figuras e entidades locais são visadas num discurso cheio de humor e sarcasmo que mais não é que a voz do povo. Talvez por esta razão o momento alto do Carnaval termina num espetáculo de luz e cor que inunda os céus da cidade. O Carnaval de 2013 acabou. Viva o Carnaval de 2014!


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EMPREENDER

Loures: a cooperar há 20 anos... CRESCER, GEMINANDO...

A cooperar há 20 anos com os seus congéneres e a estreitar laços de amizade além-fonteiras, Loures tem sido um município de referência na área da cooperação externa. Quer ao estabelecer acordos de cooperação, quer ao criar parcerias com outros atores da sociedade civil, Loures mantém-se na linha da frente como uma referência autárquica. Somos um município de grandes apostas… O início… O conceito de cooperação para o desenvolvimento não tem uma definição única, plena e conformada com todos os contextos históricos e temporais, sendo alvo de debate desde o fim da II Guerra Mundial.

vulneráveis, marcados por um desequilíbrio na repartição dos recursos e das oportunidades a nível mundial.

A sua definição foi acompanhando a evolução do contexto internacional, adaptando-se ao pensamento e aos valores políticos que, de época para época, eram dominantes e moldavam a perspetiva sobre o desenvolvimento e a visão do relacionamento entre estados.

Neste processo, a cooperação para o desenvolvimento abrange diversas áreas de atuação, nomeadamente: Desenvolvimento Sustentável; Capacitação Técnica; Desenvolvimento Rural; Segurança Alimentar; Saúde; Educação para o Desenvolvimento; Saneamento Básico; Cooperação Descentralizada; Igualdade de Género; Direitos Humanos; Participação e Cidadania; Microcrédito; Responsabilidade Social das Empresas; Estudos e Investigação, entre outras.

Pode afirmar-se que a cooperação para o desenvolvimento visa apoiar países e comunidades que apresentam dificuldades e que estão inseridos em contextos socioeconómicos

É na área da cooperação descentralizada que se desenvolve a cooperação implementada pelas autoridades locais. Trata-se de uma cooperação caracterizada pela descentralização

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EMPREENDER

de iniciativas, pela integração e envolvimento dos atores da sociedade civil dos países em vias de desenvolvimento, e que procura dar resposta aos novos desafios das sociedades atuais.

A cooperação entre os dois municípios teve início com a realização de intercâmbios institucionais e visitas ao terreno, a fim de serem perspetivadas as áreas de atuação e os projetos a desenvolver.

A cooperação descentralizada, pela importância que assume às escalas local e mundial, agrega diferentes formas de atuação e participação, na qual os municípios assumem papel de destaque nos processos de parcerias.

O Município de Loures orientou as suas atividades de cooperação no âmbito da formação, com estágios para técnicos municipais, envio de equipamentos pedagógicos e informáticos e de viaturas de apoio ao transporte escolar.

A União Europeia reconhece o papel das autoridades locais, considerando fulcral o apoio ao desenvolvimento dos países do Sul e, simultaneamente, o papel ativo dos seus agentes locais.

Face aos constrangimentos de ordem financeira, a Câmara de Loures centrou-se na consolidação de novas parcerias, desta forma garantindo financiamento para assegurar projetos e ações de maior dimensão. Neste quadro de atuação, constituiu-se uma parceria com o Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF), com o qual Loures veio a desenvolver vários projetos:

É neste contexto que se fala em cooperação intermunicipal, na qual os municípios parceiros assumem a responsabilidade de assegurar a participação ativa em processos que promovam o desenvolvimento, nomeadamente geminações, protocolos, acordos de cooperação e colaboração em redes. Início e consolidação das geminações No início dos anos 90, o conceito de cooperação descentralizada tornou-se objeto estratégico das relações externas do Município de Loures. A existência de uma comunidade alargada de imigrantes, fundamentalmente a cabo-verdiana, tornou a cooperação numa forma de contrariar situações de exclusão social, contribuindo solidariamente para a integração e o bem-estar das populações e a melhoria das relações interculturais. Maio, Cabo Verde A diáspora nos países de língua oficial portuguesa e o passado cultural que os une deu início, em 1993, à assinatura de um protocolo de geminação e acordo de cooperação entre os municípios de Loures e do Maio (Cabo Verde), consubstanciado nas ligações estabelecidas entre as comunidades imigrantes e as locais, nos laços históricos e culturais, assim como nas relações interpessoais.

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› Criação do Serviço de Proteção Civil e do Corpo de

Bombeiros; › Projeto de Desenvolvimento Sustentado, visando a melhoria da qualidade de vida da população; › Reforço da Sociedade Civil e Criação da Rádio Comunitária; › Abastecimento de Água e Ecossaneamento. Atualmente, a cooperação com Cabo Verde assenta em projetos de reconstrução de equipamentos, redes e qualidade da água, em prol da melhoria da qualidade de vida das populações; formação ao nível dos dirigentes, técnicos e líderes associativos da autarquia, no sentido de contribuir para o fortalecimento do poder local e, consequentemente, promover a dinamização do setor socioeconómico, enquanto motor de desenvolvimento sustentável. Este projeto, denominado “Programa de Reforço dos Atores Descentralizado” a decorrer, igualmente, em Água Grande (São Tomé e Príncipe), tem o financiamento da Comissão Europeia, com a duração de três anos, com início em 2011. O impacte e o êxito da atividade desenvolvida no âmbito da


Carlos Teixeira e o presidente do município da Matola, Arão Nhancale, por ocasião das comemorações de mais um aniversário da Matola

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FALTA

Elementos da missão empresarial que acompanhou Carlos Teixeira ao município da Matola em janeiro de 2013

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cooperação intermunicipal levaram a uma dinâmica interna de valorização das parcerias com outros países “irmãos”, encetando em 1996 uma geminação com o município da Matola (Moçambique); em 1998, com o município de Diu (Índia) e, em 2011, com Água Grande (São Tomé e Príncipe). Destaca-se, ainda, a geminação com o município de Armamar (Portugal) no ano de 1993.


Matola, Moçambique No que respeita à geminação com o município da Matola, salientaram-se como áreas prioritárias de atuação a cooperação empresarial, a capacitação técnica/formação de quadros, projetos no âmbito da saúde (prevenção de doenças sexualmente transmissíveis), ações de intervenção escolar e oferta de equipamentos pedagógicos. A cooperação empresarial tem sido uma das vertentes privilegiadas nesta geminação. Apresentando Moçambique, nos últimos dez anos, margens de crescimento de 9 por cento ao ano, este país é considerado um mercado emergente, em que o clima de paz e o reconhecimento das potencialidades proporcionam grande investimento português. A organização de missões empresariais e a participação em feiras têm sido uma aposta neste país. São disso exemplo a participação na Feira Internacional de Maputo – FACIM, considerado um certame multissetorial com maior representação de empresas de vários setores de atividade, e um espaço privilegiado onde se juntam produtores, investidores, importadores, exportadores e compradores, constituindo o maior evento comercial com dimensão Na vertente do apoio ao tecido empresarial do concelho, o Município de Loures tem apostado, ao longo dos últimos anos, nestas iniciativas empresariais de promoção dos setores de atividade com maior relevo e impacte em termos de investimento, consciente de que poderá constituir mais um input ao futuro do crescimento das empresas, em que a competitividade se gere ao nível das parcerias e dos encontros bilaterais com países, como é o exemplo de Moçambique. Estas iniciativas visam consolidar os laços de parceria entre os municípios, criando dinâmicas pró-ativas entre as cidades geminadas e, desta forma, potenciar o desenvolvimento económico. Ainda nesta vertente, a verificação in loco de situações de grande carência social, como é exemplo a Escola de Tunduro, reconstruída com donativos dos agentes económicos de

“[…] A cooperação descentralizada reflecte uma nova orientação do papel do Estado, da participação e protagonismo dos beneficiários, e um maior apoio ao envolvimento da sociedade civil no desenvolvimento. Tal, determina que a Cooperação Descentralizada implique uma participação activa dos diversos agentes em todas as fases do processo e, entre outras considerações, a prioridade à capacitação institucional no sentido de incentivar a autonomia e a sustentabilidade das dinâmicas locais […].“ Ministério dos Negócios Estrangeiros

Loures e ainda hoje por eles assegurada, em material escolar e didático, tem sido uma boa prática de responsabilidade social das empresas. De referir ainda que, no passado mês de janeiro, se realizou a quarta missão empresarial a este país, enquadrada em contactos institucionais e empresariais, com grande incidência em encontros bilaterais com empresas locais, com prósperas perspetivas de criação de empresas e futura implantação no mercado moçambicano.

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PROJETOS EM CURSO

Programa de Reforço dos Atores Descentralizados localização

Cabo (ilha do Maio) e São Tomé e Príncipe (Município de Água Grande) duração

janeiro de 2011 a dezembro de 2013 objetivos

› Melhoria da qualidade de vida das populações e fortalecimento do poder local; › Reforço da participação cívica e capacitação do poder local enquanto agente de desenvolvimento; parcerias

› Execução Câmara Municipal de Loures IMVF › Parceiros Câmara Municipal do Maio (Cabo Verde) Câmara Municipal de Água Grande (São Tomé e Príncipe)

Diu, Índia A geminação com o município de Diu resultou da grande expressão da comunidade hindu residente no Município de Loures, a par da identidade linguística, cultural e patrimonial que une Loures a este país. A referência histórica traduz-se no impacte que a língua portuguesa mantém junto das populações, assim como o interesse em manter os laços através da constituição de um acervo de livros portugueses e da reconstrução do património edificado com traços de arquitetura portuguesa. O protocolo de geminação e acordo de cooperação identifica como áreas de intercâmbio o desenvolvimento económico e comercial, a educação, a cultura, o desporto e o turismo, assim como o intercâmbio de técnicos municipais. O Templo de Shiva, local de culto e convívio da comunidade hindu, construído em Santo António dos Cavaleiros em terreno cedido pela Câmara Municipal de Loures, é um exemplo da importância da cooperação em prol das comunidades locais e da sua relevância em termos de integração e vivência social.

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Água Grande, São Tomé e Príncipe Considerando a história e a cultura que ligam os municípios de Loures e de Água Grande, e a política de cooperação descentralizada que Loures tem vindo a preconizar em torno destas matérias, foi formalizado, em 2011, o acordo de geminação nas seguintes vertentes: intercâmbio de delegações institucionais, formação/capacitação técnica, colaboração e troca de experiências e informação entre serviços municipais, envio de meios técnicos e materiais para projetos e programas municipais, nas seguintes áreas: capacitação/reforço institucional, atividades económicas, cultura, educação e formação profissional, saúde, ambiente e ordenamento do território, comunidades migrantes e proteção civil.

“Uma vez que todos vivemos no mesmo planeta, é justo que os mais ricos ajudem os mais pobres. Cada um à sua maneira.” Comissão Europeia para o Desenvolvimento e Ajuda Humanitária

Tanto a cooperação como todas as ações inerentes têm por objetivo o progresso mútuo de ambos os povos, assentes numa base de interesses e opções de cada município e de acordo com as capacidades financeiras existentes. Como referido anteriormente, o “Programa de Reforço dos Atores Descentralizados” tem permitido colmatar lacunas ao nível das competências dos quadros autárquicos, fomentar a melhoria do fornecimento de serviços base de apoio às populações, promover o crescente envolvimento dos cidadãos nos processos de decisão locais e a dinamização do tecido económico. As ações enunciadas têm conhecido grande participação da sociedade civil em ambos os países, grande impacte ao nível da melhoria da qualidade de vida das populações e da modernização de equipamentos de saneamento, iniciando um caminho de preservação do meio de ambiente, que poderá levar no futuro ao desenvolvimento sustentável e integrado do território. No seguimento da estratégica para a cooperação descentralizada em que o Município de Loures tem vindo a pautar a sua atividade, considera-se pertinente continuar a assegurar as atividades e os projetos em curso, desta forma se configurando um modelo integrado de intervenção municipal com incidência relevante ao nível das comunidades envolvidas, em termos técnicos, políticos e institucionais.

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FALTA

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CONVERSAR

O sonho para miúdos e graúdos “NÓS SOMOS SUPER-HERÓIS”

Numa altura como a que o País atravessa, que bom é podermos falar de otimismo, perseverança, garra e vontade de vencer. Melhor ainda é combinar tudo isto com a vitória. “Nós somos Super-Heróis” é uma iniciativa que se revela uma janela aberta para os mais pequenos e que gera um conjunto de emoções capazes de entregar um sorriso à criança de hoje, homem de amanhã.

SUPER-HERÓIS, UM ÍCONE COM VIDA A partir do final dos anos 30, início da Segunda Guerra Mundial, as gerações mais novas começaram a descobrir personagens com superpoderes que detinham uma liderança fora do comum. Contudo, o surgimento de heróis fantasiados remonta ao início do século xx, com personagens como Zorro

ou Tarzan, entre outras, que despontavam em programas de rádio, séries ou banda desenhada. Ao falar com os avós de todo o mundo, decerto encontrarão, nas histórias contadas aos netos na infância, alusões a heróis que faziam toda a diferença, e cujas aventuras e façanhas se refletiam nas conversas e nas brincadeiras de miúdos. Encontramos, por exemplo, o tão famoso e aclamado Capitão América, um Revista :: Loures Municipal :: Março 2013 :: 61


CONVERSAR ícone no mundo da ficção, um ídolo que marcou os primeiros passos destas figuras na história. Mas, afinal, o que é um super-herói? Uma personagem fantástica que assume um papel direto no crescimento de uma criança. Não há ninguém que, em alguma altura da sua vida, não se tenha deixado encantar por um homem de capa esvoaçante, ou por outro com uma máscara que apenas deixava perceber o brilho dos olhos, todos eles com superpoderes, permitindo uma abordagem tão ilusória da vida mas tão real ao mesmo tempo, se decalcarmos os seus feitos nos que homens e mulheres de todo o mundo levam a cabo diariamente, tantas vezes no anonimato. Traduz-se num elemento, comum às três últimas gerações, que passa de uns para os outros sempre com o entusiasmo que só a inocência da infância consegue conservar. Nas demais definições encontramos que super-herói “É uma personagem fictícia sem precedentes das proezas físicas dedicadas aos atos em prol do interesse público”, com o objetivo da defesa do bem, da paz, o combate ao crime, e que assume a responsabilidade de ser protagonista na luta do bem contra o mal. Temos como exemplo o Super-Homem, um herói que passou de geração em geração, chegando inclusive aos dias de hoje, tal como Tim Tim e até Astérix e Obélix, reféns de uma poção mágica que aterrorizava os Romanos e fazia rir todos os que aderiam à banda desenhada de Goscinny e Uderzo. Isto para não falar em príncipes que derrotavam dragões e salvavam princesas encantadas… Várias são as histórias que, atualmente, abordam estas personagens míticas que fazem sonhar qualquer menino, com toda a fantasia que lhe é característica. Fazem com que cada criança tenha um sonho, que se pode transformar em objetivo que o crescimento molda e centra, adequando-o à realidade, mas não lhe retirando nunca o sabor mágico do fantástico. Quantas crianças, impelidas pelas aventuras do Super-Homem, não levaram o secreto desejo de voar para uma carreira ligada ao espaço aéreo?! E mesmo que, na idade adulta e já consciente da impossibilidade de, literalmente, se lançar nos ares na demanda dos “malvados”, apenas voe em sonhos, convicções, momentos e lutas, poderá combater o que de mau lhe surja no caminho e enfrentar, com coragem, a tristeza e a adversidade. E nesta atitude adulta estarão

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presentes os momentos alucinantes em que, agarrado a um livro ou preso a um ecrã de televisão, voou mais alto com o seu herói, guardando, no seu coração de criança, a magia da inocência… que fará dele um homem melhor. Foi baseado neste paradigma que surgiu o projeto “Nós Somos Super-Heróis”. Uma ação lançada pelo Centro UNESCO – A Casa da Terra, o primeiro centro nacional de iniciativa municipal, que se focou na abordagem dos comportamentos dos jovens, das escolas do Município de Loures, visando a desmontagem de preconceitos através do contacto com personalidades que possam servir de exemplo aos mais novos. COMO SURGE? Para entendermos melhor esta iniciativa de caráter juvenil, é preciso desmembrarmos o início de tudo, já que o Centro UNESCO – A Casa da Terra e os Super-Heróis são indissociáveis. A Casa da Terra, criada em 2010, pretende gerar sistemas de comunicação entre as comunidades mais diversas, de modo a realçar a importância da cultura num processo digno de inclusão. Este projeto municipal foi implementado sobre uma política de salvaguarda dos patrimónios linguístico e imaterial das comunidades imigrantes, fomentando a defesa dos valores do pluralismo e diversidade cultural exaltados pela UNESCO. Assim, torna-se imprescindível recorrer a ações que de alguma maneira possam impulsionar os princípios inerentes à proclamação dos Direitos Humanos Universais, numa base de igualdade, na obtenção dos objetivos de cada um, não obstante a sua condição económica, social, o género ou a etnia. “Nós Somos Super-Heróis” é uma dinâmica que segue a linha de pensamento desta abordagem universal, que se baseia nos direitos de todos aqueles que vivem em comunidade, promovendo dessa forma a multiculturalidade, já que a UNESCO foi criada com o propósito de “promover, através da educação, da ciência, da cultura e da comunicação, os fundamentos de uma paz internacional duradoura, fundada na solidariedade, e moral da humanidade”. Neste sentido, a Casa da Terra fomentou uma via para chegar


aos mais novos de forma a relembrar os heróis adormecidos no subconsciente de cada um. Mas, desta vez, foram heróis de carne e osso que conseguiram, sem qualquer poder, alcançar o bem na sua vida. OS HERÓIS DA HISTÓRIA DA GENTE Várias personalidades de diversas áreas visitaram os alunos das escolas das freguesias de Apelação, Camarate e Sacavém e, de uma forma ou de outra, partilharam experiências, emoções e lutas diárias que culminaram numa vida mais realizada. Este projeto começou por surgir de uma reflexão sobre a matéria dos heróis que se traduzem em exemplos para os mais pequenos. Conversas com os jovens que embarcaram neste projeto deixaram a ideia de que, herói, era algum amigo ou familiar que, por diversos atos, emanava uma heroicidade não autenticada. E, com esta teoria, paginou-se esta ação para contrariar esta definição e mostrar que heróis são aqueles que vencem na vida por um caminho de bem, produtivo, positivo e, mais importante, com uma grande dose de determinação e trabalho. O objetivo desta iniciativa é incutir nestes meninos valores e modelos de referência que quotidianamente lutam pelos seus objetivos, sonham e concretizam, perseguem um ideal e vencem com uma força dotada de um espírito altruísta e verdadeiro, mesmo perante as maiores adversidades. Pretende-se, então, a criação de uma nova tipologia da palavra herói, para todos aqueles jovens que conheciam esta palavra associada, apenas, a comportamentos inusitados. A comunicação social detém um papel fundamental nesta parábola. É ela que contribui para a imagem daqueles que passam de anónimos a conhecidos, tornando-se personagens imprescindíveis e características, também, do mundo infantil. Contudo, essa construção da nova identidade terá de ser bem estruturada, pois a vida social dos mais jovens é grupal e tendem a seguir padrões de comportamento. Muitos foram os heróis, de carne e osso, que presentearam as centenas de alunos com contos reais do que têm sido as suas vivências, o que tiveram de ultrapassar para seguir os

seus sonhos, deixando alguns conselhos que se basearam em algumas destas expressões: “Há três características essenciais para se ser campeão: superação, conhecimento e solidariedade, respeitando sempre os outros e a nós próprios”; “Somos aquilo que fazemos da própria vida”; “Apesar de haver super-heróis, temos de ser nós a resolver os problemas”; “Heróis são todos aqueles que conseguem dar a volta por cima”; “Ajudando os outros colegas estão, também, a ser super-heróis”; “Sejam vocês mesmos. Sejam únicos”; “É nos pequenos gestos que está o ato de heroísmo”; “Paciência, dedicação, empenho e trabalho são fundamentais na vida”; Temos de ter vontade de vencer através das nossas capacidades”; “Ser super-herói é sermos capazes de ser melhores para nós e para os outros”. Resumindo numa expressão que foi inequívoca nas sessões “Qualquer um de nós pode ser um super-herói”. Esta iniciativa teve início em 2012 e já completou um ciclo de sessões. Este ano, está em curso o segundo com a mesma dinâmica, a mesma entrega e a mesma vontade em mudar mentalidades, em entregar oportunidades e fazer crer, a todos os jovens, que o futuro está nas suas mãos, através da presença de heróis que contam um pouco do que foram e do que são. Não escondem, nestas conversas abertas e informais, os obstáculos e as barreiras que tiveram de ultrapassar de forma a elucidar cada pequeno, que também eles o podem conseguir. São heróis sem vestes fantásticas, sem capas que os façam voar, sem máscaras que causam curiosidade ou forças invisíveis que fazem todos sonhar um pouco com mover montanhas. São pessoas com uma vida cheia e que lutaram para tê-la. E são estes exemplos que se pretendem passar aos mais novos, mostrando-lhes que são capazes de conseguir alcançar o que mais anseiam, através do melhor dos caminhos e sem maus comportamentos que prevaleçam. Eles têm de perceber que, no ajudar, no retribuir, no acreditar é que está a chave para o sucesso. E esse objetivo está a ser cumprido, aos poucos, e cada vez que se olha nos olhos de uma criança tocada por este projeto.

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AGIR

Uma luta perpétua CHEIAS

Quando as cheias acontecem, procuram-se culpados, apontam-se dedos, crucificam-se pessoas e instituições. As cheias são, antes de mais, um fenómeno natural, numa zona propensa à sua ocorrência e que o homem potencia pelo simples facto de existir. Ao Município cabe prevenir, tentar minimizar, apoiar as vítimas e trabalhar sempre para que, na impossibilidade de irradicação, as cheias sejam um mal menor.

Os rios de Loures As cheias são um fenómeno natural, decorrente de uma série de parâmetros biofísicos (em particular da ocorrência de chuvadas intensas), que têm sofrido intensificações por ação humana. À semelhança do que se verifica em várias outras regiões do país, o concelho de Loures apresenta elevada vulnerabilidade a cheias e inundações. Atendendo às características naturais da rede hidrográfica do concelho, com troços iniciais das linhas de água de acentuado declive e com as três maiores linhas de água (rios Trancão e de Loures e ribeira da Póvoa) a convergirem praticamente no mesmo local, as cheias têm um carácter muito intenso e repentino, em particular na zona terminal da bacia, a várzea de Loures. O rio Trancão nasce no alto do Casal, perto da povoação da Malveira, e desenvolve-se ao longo de cerca de 30 quiló-

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metros, indo afluir à margem direita do estuário do Tejo, junto a Sacavém. A bacia hidrográfica, com cerca de 288 quilómetros quadrados de área, em forma de leque, abrange grande parte do concelho de Loures e ainda dos concelhos de Sobral de Monte Agraço e Arruda dos Vinhos, a norte, de Sintra e Mafra, a oeste, de Odivelas, Lisboa e Amadora, a sul, e de Vila Franca de Xira, a oeste. A capacidade de vazão dos leitos menores, confinados por diques/motas em praticamente toda a zona fluvial da bacia hidrográfica, é manifestamente insuficiente. De facto, basta que atinjam caudais com valores superiores aos verificados em cheias associadas a períodos de retorno da ordem dos dois a três anos, para que ocorram galgamentos em alguns troços dos diques confinantes, provocando inundação incontrolada das planícies adjacentes às linhas de água.


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AGIR A elevada probabilidade de rutura dos diques, aliada à topografia e à ocupação desordenada dos leitos de cheia feita no passado, aumenta significativamente os danos provocados pelas cheias. Acresce que os troços iniciais das linhas de água proporcionam condições necessárias ao arrastamento de materiais grosseiros, e mesmo de blocos de razoáveis dimensões, que se vão depositar em zonas de menores velocidades/declives. Durante grande parte do ano o caudal circulante nos cursos de água é praticamente nulo, e mesmo nos meses mais chuvosos esses caudais são em geral baixos pouco tempo após o termo das chuvadas. Porém, quando ocorrem chuvadas intensas, geram-se cheias com caudais de ponta bastante elevados, que têm conhecido consequências gravosas, tanto em termos materiais como humanos. Os exemplos mais recentes destes fenómenos são as cheias de 1967, 1983, 1996 e 2008.

Adicionalmente às adversas condições naturais da bacia, o intenso processo de crescimento urbano e industrial que se tem observado nas últimas décadas e as modificações introduzidas no revestimento e na ocupação e no uso do solo potenciam, não só a intensidade das cheias, mas também significativamente a capacidade de vazão da rede hidrográfica (obstáculos e obstruções nos leitos de cheia, agravamento dos fenómenos de erosão do solo e, consequentemente, maior afluência de caudal sólido às zonas de deposição). Neste sentido, o trabalho do Departamento de Ambiente e Transportes Municipais passa por acompanhar as limpezas das linhas de água existentes nos aglomerados urbanos. Esta tarefa desenrola-se em duas fases: a Divisão de Sustentabilidade Ambiental desenvolve estudos e estabelece o diagnóstico da situação, e nessa sequência a Unidade de Serviços Públicos Ambientais procede às necessárias intervenções. Protocolo com a Associação de Beneficiários de Loures A Câmara celebrou um protocolo de colaboração com a Associação de Beneficiários de Loures, em vigor desde 2008, para limpeza de linhas de água, aproveitando a sua experiência e meios mecânicos. Esta associação, além das limpezas de linhas de água protocoladas, tem como responsabilidade a gestão de troços de linhas de água na várzea de Loures. Estando a decorrer o quarto ano de parceria do protocolo, importa dar conta do trabalho desenvolvido, em particular do último período de vigência (2011/2012), a saber: › Troço da ribeira de Fanhões, Santo Antão do Tojal (remoção de sedimentos). › Troço da ribeira da Mealhada, Loures/Parque da Cidade. › Troço de afluente da ribeira da Póvoa a jusante do campo de futebol de Frielas. › Troço da ribeira da Póvoa, UNOR/Ponte de Frielas. › Troço do rio de Loures, junto à nova ponte (remoção de sedimentos). No total, foram limpos 2440 metros de linhas de água, 200 dos quais foram também desassoreados, tendo esses sedimentos sido utilizados na beneficiação de caminhos agrícolas na várzea de Loures.

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Está prevista a limpeza dos seguintes troços de linha de água durante o período de vigência (2012/2013): › Troço da ribeira da Mealhada, Loures/Parque da Cidade. › Troço de afluente da ribeira da Póvoa a jusante do campo de futebol de Frielas. › Troço do rio de Loures, junto à nova ponte (com remoção de sedimentos). › Troço de afluente da ribeira de Fanhões junto ao café Golo. › Troço do rio Trancão junto à FAPAJAL. › Troço do rio Trancão entre a ETAR de Bucelas e a confluência com a ribeira do Boição. Um total de 3289 metros de linhas de água, 100 dos quais a desassorear. Limpezas manuais Nos termos da legislação em vigor, a limpeza das linhas de água é responsabilidade dos proprietários dos terrenos confinantes, mas à Câmara Municipal de Loures cabe limpar as linhas de água em zonas urbanas e quando os terrenos confinantes são municipais. Em 2012, através dos meios municipais, foram limpas 38 linhas de água, das quais 16 sofreram mais de uma intervenção. Nestas ações cortam-se matos e canas e retiram-se do leito os mais variados resíduos aí depositados ilegalmente, sendo posteriormente retirados pela equipa operacional da Unidade de Serviços Públicos Ambientais. São exemplo disso pneus, para-choques e resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos. Embora se trate de atividade diária do Departamento de Ambiente e Transportes Municipais, o envolvimento de todos nós, enquanto munícipes ativos, é fundamental para a identificação de situações de risco, no sentido da salvaguarda de pessoas e bens. Ajude-nos a continuar a prestar um serviço de qualidade. As informações e/ou sugestões com que possa contribuir são preciosas para a realização do nosso trabalho e para o bem de todos. Contacte-nos no site www.cm-loures.pt ou na página de facebook, https://www.facebook.com/ MunicipiodeLoures?fref=ts Revista :: Loures Municipal :: Março 2013 :: 67


PROTEGER

“Surfar” na net, sim, mas em segurança CRIANÇAS e jovens aprendem a proteger-se dos perigos das novas tecnologias

A Internet é vista, hoje em dia, como uma janela para o mundo. Fonte inesgotável de informação, possibilita também diferentes formas de interação. Jogos, utilização de e-mails, troca de mensagens instantâneas e participação em salas de chat, fóruns e redes sociais são apenas algumas das atividades em que o perigo espreita. Aprenda a proteger crianças e jovens desses riscos.

É cada vez maior o número de crianças e jovens que acedem à Internet. O fenómeno da democratização da utilização da net está, hoje em dia e de forma crescente, enraizado nas famílias portuguesas. Praticamente já ninguém consegue passar sem ela. Seja para procurar informação, entrar em contacto com novos e velhos amigos, os portugueses já não passam sem uma conta de e-mail, outra de Facebook, e uma visita diária aos seus blogues favoritos. A Internet faz por isso parte de todas as áreas da sociedade e é já muito importante na educação de crianças e jovens

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porque as auxilia na procura de informação, realização de trabalhos, entre outras tarefas. Contudo, existem muitos perigos à espreita. Saber gerir o acesso à Internet dos mais novos é, cada vez mais, um requisito essencial de pais e professores, para que a “navegação” seja feita em total segurança. Foi precisamente a pensar nos perigos que a Internet pode representar que a Câmara Municipal de Loures lançou, há quatro anos, o projeto “Aprender a Caminhar na Internet”,


(...) existem muitos perigos à espreita. Saber gerir o acesso à Internet dos mais novos é, cada vez mais, um requisito essencial de pais e professores, para que a “navegação” seja feita em total segurança.

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(...) passar horas e horas na Internet, nas salas de chat ou nas redes sociais pode ser muito prejudicial para as crianças. Elas não sabem quem está “do outro lado” e podem ser facilmente enganadas por pessoas com más intenções.

Dia da Internet Segura O Município de Loures comemorou, a 5 de fevereiro, o Dia da Internet Segura, data que assinalada com iniciativas abertas aos alunos, professores e comunidade em geral. A Biblioteca Municipal José Saramago serviu de palco às sessões de esclarecimento, que juntaram duas centenas de alunos de diversas escolas do concelho, e cujo tema foi a “Internet Segura”, visando esclarecer os agentes educativos sobre os principais riscos de “surfar” na net. Protocolo com a Microsoft Portugal

com a realização de sessões dirigidas aos alunos do 5.º ano de escolaridade de diversos agrupamentos escolares do concelho. As sessões desta iniciativa têm a duração de aproximadamente três horas, desdobradas em duas sessões de 90 minutos cada, e realizam-se nas salas TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) ou nas bibliotecas dos estabelecimentos de ensino envolvidos, desde que disponham de equipamento informático. Enquanto meio privilegiado de comunicação e informação, este projeto tem como principal objetivo preencher a lacuna no programa educacional dos primeiros anos do segundo ciclo do ensino básico no que respeita às novas tecnologias. É intenção do Município levar até aos alunos de 5.º ano workshops que os auxiliem nos seus primeiros passos na Internet, fornecendo-lhes as competências básicas necessárias à recolha segura e válida de informação para trabalhos escolares, identificando assim os riscos da navegação na net, e munindo os alunos de práticas e estratégias adequadas para uma melhor conduta diária no que respeita à utilização das novas tecnologias.

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No mesmo dia, foi celebrado com a Microsoft Portugal um protocolo de cooperação visando apoiar a integração das tecnologias de informação e comunicação nos processos de ensino, através da dinamização do projeto “Internet Segura”, dirigido aos alunos do primeiro ciclo do ensino básico da rede escolar pública. No âmbito deste protocolo, a Microsoft, além de disponibilizar os seus recursos pedagógicos, formará voluntários da Câmara Municipal de Loures, que se deslocarão às escolas aderentes ao projeto, ou a outras entidades que requeiram informação sobre a temática, como associações de pais e encarregados de educação e parceiros das atividades de enriquecimento curricular. Riscos e dicas Pais e agentes educativos estão cada vez mais despertos para as questões que uma simples conexão à Internet pode levantar. A Internet é vista presentemente como uma janela para o mundo. Fonte inesgotável de informação, possibilita também diferentes formas de interação. Jogos, utilização de e-mails, troca de mensagens instantâneas e participação em salas de chat, fóruns e redes sociais são apenas algumas das atividades em que o perigo espreita. São muitos os riscos que se encontram à distância de um click. Fique a saber quais são os maiores perigos e as formas mais simples de os evitar. Maiores riscos – Acesso a websites que promovem o ódio, a violência e a pornografia: na Internet, muitos dos websites existentes não


devem ser frequentados pelas crianças, por exemplo os de cariz sexual e os que fomentam o ódio, o preconceito e a violência; – Publicidade não solicitada: a publicidade não solicitada pode atrair as crianças com a promessa de ofertas gratuitas de produtos em troca de informações pessoais ou familiares; – Adesão a um grupo ou clube: as crianças podem ser convidadas a aderir a um determinado grupo ou clube para encontrar um amigo, mas podem também estabelecer contacto com alguém que procura desenvolver um relacionamento impróprio;

O que fazer

– Salas de chat e redes sociais: passar horas e horas na Internet, nas salas de chat ou nas redes sociais pode ser muito prejudicial para as crianças. Elas não sabem quem está “do outro lado” e podem ser facilmente enganadas por pessoas com más intenções.

› Sente-se com o seu filho quando ele está online; Grave nos favoritos os melhores sítios de nave›gação; › Use motores de busca com controlos parentais; Não autorize a utilização de e-mail, mensagens ins›tantâneas, salas de chat ou fóruns de mensagens a crianças com menos de dez anos de idade;

Ensine ao seu filho o conceito de privacidade. As ›crianças nunca devem fornecer informações sobre si mesmas nem sobre membros da família;

Mantenha, se possível, o computador ›central da casa e não no quarto da criança;

num local

regras familiares em relação ao tempo ›que Estabeleça a Internet pode ser utilizada e qual a informação que pode ser pesquisada;

Reveja o que os seus filhos viram e pesquisaram na ›Internet; Crie uma conta secundária de e-mail para os seus ›filhos navegarem na Internet. Assim, protegerá o verdadeiro endereço de e-mail do correio eletrónico não solicitado;

às crianças que qualquer coisa que é publicada ›na Lembre Internet é acessível a qualquer pessoa e pode ficar disponível online durante vários anos, ou para sempre;

Insista em aceder às contas de e-mail, perfis nas ›redes sociais e mensagens instantâneas das crianças

para saber com quem elas estão a falar; explique-lhes que, embora tenham direito à própria privacidade, a interferência dos pais apenas serve um propósito: protegê-los enquanto não forem capazes de o fazer autonomamente. Ensine as crianças a terem um comportamento ›responsável. Existem ficheiros, textos e imagens na

Internet que têm direitos de autor que devem ser sempre respeitados. Por outro lado, lembre-lhes que nem tudo o que veem na Internet é verdade, pois há muita informação errada e incompleta.

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PROTEGER

Diminuição da criminalidade em três freguesias contrato local de segurança de loures

No último ano, os roubos por esticão diminuíram 50 por cento na freguesia de Sacavém e 30 na de Camarate. Na Apelação, registou-se uma redução de 10 por cento nas queixas de violência doméstica mas um aumento da mesma ordem percentual nos crimes de ofensa à integridade física, resultante do aumento da denúncia deste tipo de crime à PSP.

A redução da criminalidade geral em 10 por cento, relativamente aos dados do último relatório da criminalidade nas três freguesias de intervenção do Contrato Local de Segurança de Loures – Apelação, Camarate e Sacavém – foi confirmada pelo comandante da Divisão da PSP de Loures, António Resende, na 4.ª reunião do Conselho Consultivo do CLS, realizada a 21 de fevereiro de 2013 no Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte, em Loures, evento que contou com a presença da vereadora da Câmara Municipal de Loures responsável pelo CLS, Sónia Paixão, e de representantes dos 68 parceiros locais deste

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contrato. O Ministério da Administração Interna (MAI) esteve representado pelo técnico da Direção-Geral da Administração Interna, Pedro Barreto. Destaca-se também a diminuição do número de ocorrências nas carreiras da Rodoviária de Lisboa (RL) que circulam nas três freguesias, 52 por cento relativamente ao ano de 2009 (antes da adesão da RL ao CLS, firmada em abril 2010). Em 2012, a RL e as equipas do CLS e a PSP desenvolveram um conjunto de ações de informação sobre segurança nos transportes públicos nas principais escolas das freguesias,


deram continuidade ao projeto “A Polícia ao encontro dos Cidadãos” no interior dos autocarros e lançaram ainda uma campanha de comunicação para sensibilizar para a importância de adotarem comportamentos de segurança e cidadania nos transportes públicos. Além da avaliação dos projetos e das iniciativas desenvolvidas no último ano e do seu impacte na ordem pública e no sentimento de segurança existente no território de intervenção, Sónia Paixão aproveitou a reunião deste órgão alargado do CLS para informar todos os parceiros da situação de indefinição que o atual Governo mantém relativamente ao CLS desde que assumiu funções, “levando a autarquia a definir as políticas de intervenção e a desenvolver sozinha os principais projetos de promoção da coesão social e de prevenção da criminalidade e delinquência juvenil”.

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SENTIR

Quase três décadas de história troféu “corrida das coletividades do concelho de loures”

O atletismo é uma modalidade com grande tradição no concelho de Loures. Uma tradição que, ao longo dos anos, se tem mantido graças ao empenho e dedicação dos vários clubes e coletividades que continuam a apostar na formação de jovens atletas e na organização de eventos desportivos nesta modalidade. Foi precisamente a crescente importância da atividade física regular, a par da diversidade e desigualdade na organização das provas, que esteve na origem da criação do Troféu “Corrida das Coletividades do Concelho de Loures”. Implementada em 1984 pela Câmara Municipal de Loures, esta iniciativa tem como objetivo calendarizar, regulamentar e uniformizar todos os eventos da modalidade. Veio ainda permitir o acesso a apoios técnicos, financeiros e logísticos por parte do movimento associativo, o que veio aumentar significativamente a qualidade organizativa destas provas.

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O quadro normativo criado para este troféu veio também garantir que as juntas de freguesia ou as associações desportivas possam organizar competições de estrada, corta-mato ou estafeta, de acordo com os regulamentos oficiais da modalidade, nomeadamente no que diz respeito a escalões etários e a formas de pontuação. Até então, cada


Foi a crescente importância da atividade física regular, a par da diversidade e da desigualdade na organização das provas, que esteve na origem da criação do Troféu “Corrida das Coletividades do Concelho de Loures”.

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SENTIR entidade organizadora definia os seus próprios regulamentos, sem obedecer às normas da Federação Portuguesa de Atletismo. Após 28 anos de existência, este evento já se encontra perfeitamente consolidado junto do movimento associativo e, apesar do atual contexto económico (que conduziu a uma redução dos apoios do Município), tem sido possível manter os níveis de qualidade e exigência da competição.

Arrudense a conquistar sempre o primeiro lugar na classificação por equipas. As formações desportivas do nosso concelho têm também conseguido bons resultados, garantindo a presença de, pelo menos, duas a três equipas nos dez primeiros lugares.

Para esta 29.ª edição estão agendadas oito provas pontuáveis A e uma especial, a Corrida do Oriente, uma das mais participadas e importantes do troféu, que na época 2011/2012 contou com a adesão de cerca de 1700 participantes.

O Município Loures continua, assim, na prossecução do seu objetivo, que é manter viva esta prova, com quase três décadas de história, assegurando os apoios financeiros e logísticos às entidades organizadoras. Fá-lo sempre numa perspetiva de incentivo à formação desportiva junto do movimento associativo, nomeadamente através do apoio à organização de iniciativas da modalidade, que poderão identificar, de forma mais eficaz, novos valores para o atletismo local e nacional.

Este ano já foram cumpridas as primeiras três provas do calendário, com uma participação média de mais de 300 atletas por prova, com o Clube Recreativo e Desportivo

Venha ao concelho de Loures assistir às provas desta competição e apoiar os atletas, que de corpo e alma se dedicam ao atletismo.

A 29.ª edição do Troféu “Corrida das Coletividades” conta com 1033 atletas inscritos, em representação de 56 equipas de vários pontos do país. 76 :: Revista :: Loures Municipal :: Março 2013


20 JAN 2013 2.º Corta-Mato da Freguesia de S. João da Talha Org. JF SJ Talha/ CA Vale Figueira /ADR B.º Fraternidade (Prova Pontuável A) 27 JAN 2013 13.º Circuito do Centenário da Coop. A. Sacavenense Org. Coop. “A Sacavenense” (Prova Pontuável A)

Calendário de provas

2013

03 FEV 2013 15.º Corta-Mato de Santo António dos Cavaleiros Org. Junta de Freguesia de Santo Ant.º dos Cavaleiros (Prova Pontuável A) 14 ABR 2013 18.ª Milha Urbana de Moscavide Org. Grupo de Atletismo Super-Estrelas (Prova Pontuável A) 25 ABR 2013 14.ª Milha Urbana “Fonte das Almoinhas” Org. ACR da Mealhada (Prova Pontuável A) 05 MAI 2013 2.ª Corrida “Rota do Queijo” de Lousa Org. Junta de Freguesia de Lousa (Prova pontuável A) 19 MAI 2013 2.ª Corrida “10 km de Bucelas Capital do Arinto” Org. ARCD Vila de Rei (Prova Pontuável A) 02 JUN 2013 12.ª Corrida do Oriente Org. Fábrica da Igreja N.ª S.ª Navegantes (Prova Pontuável Especial) 10 JUN 2013 Rampa do Moinho Org. A. Desp. Leões Apelaçonenses (Prova Pontuável A)

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Mês da Juventude 2013 LOURES DESAFIA-TE

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AGIR

Março é, por excelência, o mês da juventude em vários concelhos do país e o Município de Loures não é exceção. Há mais de 20 anos que esta autarquia assinala o Dia Nacional da Juventude, 28 de março, através da dinamização de um conjunto de iniciativas destinadas ao público jovem. Representando uma parte significativa da população do nosso concelho, a Câmara Municipal tem vindo a reiterar a sua aposta nas políticas de juventude, que assentam essencialmente na promoção do crescimento integral dos jovens, ao nível da aquisição e do desenvolvimento de competências pessoais e sociais. É com base nestas políticas, e tendo também em conta as alterações de hábitos e necessidades dos jovens de hoje, que todos os anos comemoramos o Mês da Juventude, desafiando os jovens a participar em atividades desportivas, culturais e socioeducativas, preparadas e acompanhadas por equipas multidisciplinares da autarquia. Com um público cada vez mais exigente e diferenciado, também este programa teve de acompanhar a evolução, saindo de um registo marcadamente cultural e recreativo, para apostar numa vertente mais formativa, sempre associada a atividades de âmbito cultural, ambiental, social e desportivo. Atualmente, com jovens mais preocupados com o seu futuro pessoal e profissional, são muitas vezes as associações e as coletividades que assumem o papel de formador, desenvolvendo atividades lúdico-culturais que estimulam

a aprendizagem não formal, abrindo espaço a novas perspetivas de vida, assim como à tomada de posições e decisões mais conscientes e responsáveis. É este movimento associativo, parceiro privilegiado do Município em várias áreas, que todos os anos se associa ao Mês da Juventude, contribuindo com o seu know-how para o sucesso deste evento, através de workshops e outras atividades de caráter cultural. A edição deste ano abriu oficialmente, no dia 1 de março, com uma sessão extraordinária do Conselho Municipal de Juventude, órgão consultivo do executivo camarário que se constitui sempre como uma importante mais-valia na tomada de decisões no âmbito das políticas de e para jovens. O primeiro fim de semana, 2 e 3 de março, ficou marcado pelo concerto dos “Strugglaz”, um projeto de dois velhos conhecidos, Marcus Harris e Hipots, que representa a cultura urbana e funde dois estilos musicais distintos, o reggae e o hip-hop. Nos dias 14 e 15 de março irá decorrer, na Escola Secundária Dr. António Carvalho Figueiredo, em Loures, um dos mais aguardados destaques desta edição: o Young Revista :: Loures Municipal :: Março 2013 :: 79


AGIR Market, que contempla palestras na área da formação, feira de oportunidades profissionais e um espaço dedicado ao voluntariado. Até final do mês ainda decorrerão inúmeras outras iniciativas, espalhadas por diversos locais do concelho. Concertos, workshops, percursos pedestres, espetáculos de música e dança, atividades desportivas, entre outros. Difícil, vai ser escolher!

concertos Dia 2 Strugglaz Dia 16 Hiper Space Dia 22 SFUP | Orquestra Ligeira Bora Nessa | Bala Stars | HP&FS Dia 23 Final da Mostra de Música Moderna de Loures

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desporto DiaS 3, 10, 17 e 24 Tardes Desportivas Dia 16 Torneio de Futebol 7 DiaS 16 e 17 Torneio de Futebol, Basquetebol e Voleibol Dia 22 Caminhada Noturna Dia 23 Atividades Radicais Dia 24 Pedalar e Caminhar em família para criar mais sorrisos


espetáculos DiaS 8 e 9 Mostra de Teatro e Artes Performativas Dia 9 Gala do Espaço AGITA Centro de Artes Dia 17 Academia de Dança de Loures Dia 24 Hip-Hop no Parque

workshops DiaS 5 e 12 Teatro e Interpretação DiaS 6 e 20 Técnica Vocal e Canto DiaS 8, 15 e 22 Ioga Dia 10 Fotografia Digital DiaS 11 e 16 Técnicas Circenses e Expressão Dramática Dia 16 Maquilhagem DiaS 16 e 23 Guitarra Clássica Dia 18 Reutilizar para criar Dia 23 Escrita Criativa

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PROTEGER

Peça já o seu dinheiro de volta! DEVOLUção de cauções aos consumidores de serviços públicos essenciais

Pode ser uma ajuda preciosa neste tempo de crise. Falamos da devolução das cauções cobradas ilegalmente em contratos de água, eletricidade e gás – na sua maioria anteriores a 2009 – e que podem agora ser reclamados até ao final do ano. Saiba como!

E se de repente lhe dissessem que poderia reaver algumas dezenas de euros com os quais já não estava a contar? Em tempos difíceis como os que vivemos, esta é uma boa notícia para milhares de famílias. Numa altura em que os euros são contados cêntimo a cêntimo até chegar o fim do mês, esta pode ser uma ajuda importante. A verba cobrada pela caução dos contadores da água, da eletricidade e do gás foi considerada ilegal e os consumidores têm direito a pedir o reembolso desde 2007, mas o facto é que, passados todos estes anos, poucos foram aqueles que o fizeram. Por desconhecimento, simples inércia dos contribuintes ou ainda por dificuldades dos prestadores de serviços em contactarem os consumidores, o certo é que milhões de euros estão ainda por ser devolvidos.

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A caução era uma verba pedida na altura da realização do contrato, uma garantia da empresa para o caso do não cumprimento de uma obrigação contratual. Em causa estão, na base, contratos realizados até 1999, mas há situações em que após essa data a caução continuou a ser cobrada. Se está nesta situação ou precisa saber se tem direito à devolução, o melhor mesmo é entrar em contacto com a Direção-Geral do Consumidor (DGC), entidade que procede, desde 2008, à restituição das cauções dos contratos de fornecimento de serviços públicos essenciais. Os pedidos de devolução de cauções são tratados por ordem de chegada à DGC, exigindo em muitos casos a realização de contactos adicionais com os consumidores,


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PROTEGER com vista à obtenção de esclarecimentos e informações que são necessários à correta análise das situações. Com o objetivo de simplificar todo o procedimento, a DGC disponibilizou também um formulário eletrónico próprio no Portal do Consumidor, em www.consumidor.pt Gabinete de Apoio ao Consumidor da autarquia dá uma ajuda Se tiver dúvidas sobre qualquer parte do processo de requisição do reembolso, saiba que pode contar com a ajuda do Gabinete de Apoio ao Consumidor (GAC) da Câmara Municipal de Loures. Este serviço está a auxiliar no preenchimento dos formulários, fornecendo ao mesmo tempo todas as informações necessárias e esclarecendo ainda dúvidas relacionadas com os processos de restituição das cauções. Esta ajuda pode ser prestada por telefone ou de forma presencial nas instalações do GAC.

Recorde-se que o GAC tem como principal missão promover e proteger os interesses dos cidadãos consumidores, desenvolvendo nos munícipes uma maior consciência do exercício de cidadania. Este serviço insere-se nos objetivos dos serviços de descentralização aos cidadãos, assentando numa filosofia de solidariedade institucional, numa postura de abertura, transparência e recetividade aos problemas dos cidadãos consumidores dos municípios, estabelecendo com eles uma nova relação, por forma a reforçar a eficácia do seu agir e a garantir a informação e a participação dos mesmos. Os grandes objetivos e as estratégias deste Gabinete passam pela existência de um serviço público, que desenvolve junto da comunidade o acesso efetivo a uma justiça de proximidade, pelo melhoramento do nível de proteção dos consumidores, no âmbito da prestação de informação, servindo de mediador e conciliador nos litígios entre consumidores e fornecedores de bens e serviços. Salienta-se, ainda, a resolução dos processos entrados neste Gabinete – reclamações, pedidos de informação e de “casos-problema” –, sem recurso aos tribunais judiciais, traduzindo-se numa maior rapidez e sem custos económicos para os consumidores. No Gabinete de Apoio ao Consumidor o atendimento é gratuito. Como exigir o reembolso

GABINETE DE APOIO AO CONSUMIDOR contactos

Rua Dr. Manuel de Arriaga, n.º 4 – 2.º 2674-501 Loures Tels.: 211 150 992 / 211 150 993 Fax: 211 151 755 E-mail: gac@cm-loures.pt horários

9h00 às 12h30 / 14h00 às 17h30

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Existem várias formas de efetuar o pedido de reembolso das cauções cobradas indevidamente. Contudo, a forma mais fácil e eficaz é através da Direcção-Geral do Consumidor, que disponibiliza um formulário a partir do qual pode fazer automaticamente o pedido. Também a DECO tem no seu sítio uma carta-tipo. Questões práticas Como saber se tem direito a receber alguma caução? Para saber se tem direito a receber alguma caução terá de formalizar o seu pedido através de um requerimento sobre a restituição/devolução da(s) caução(ões), dirigido ao/à Diretor(a)-Geral do Consumidor, onde deverão constar alguns dados sobre o contrato e cópia de alguma documentação.


Que dados e documentos devem constar do requerimento? › Identificação do titular do(s) contrato(s); › Entidade(s) fornecedora(s) do serviço; › Número(s) do(s) contrato(s); › Morada(s) de fornecimento; › Número de identificação bancária (NIB) do requerente. No caso de contratante e requerente não serem a mesma pessoa, deverá ser indicada a qualidade em que fazem o requerimento (grau de parentesco, habilitação de herdeiros, conforme aplicável). Para além destes dados, e caso julgue conveniente, poderá enviar fotocópia/digitalização legível do comprovativo do pagamento da caução ou do(s) contrato(s). Os requerimentos deverão ser acompanhados dos seguintes documentos: fotocópia/digitalização legível do Bilhete de Identidade do requerente e fotocópia/digitalização legível do cartão de contribuinte do requerente. A restituição da(s) caução(ões) será efetuada, por transferência bancária, para o NIB indicado pelo consumidor. Como fazer chegar o requerimento à Direcção-Geral do Consumidor? Por correio postal para a seguinte morada: Praça Duque de Saldanha, n.º 31, 3.º, 1069-013 Lisboa, por Fax: 213 564 719, ou ainda por correio eletrónico, para o e-mail: caucoes@dg.consumidor.pt Até quando pode ser pedida a devolução da caução? Se a caução não tiver sido restituída pelas entidades que asseguram o fornecimento de serviços públicos essenciais, o consumidor pode reclamar o respetivo montante junto da Direcção-Geral do Consumidor nos cinco anos subsequentes ao termo do prazo estabelecido no n.º 8 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 100/2007. O prazo termina no final de 2013.

A verba cobrada pela caução dos contadores da água, da eletricidade e do gás foi considerada ilegal e os consumidores têm direito a pedir o reembolso desde 2007, mas o facto é que, passados todos estes anos, poucos foram aqueles que o fizeram.

Se tiver dúvidas sobre qualquer parte do processo de requisição do reembolso, saiba que pode contar com a ajuda do Gabinete de Apoio ao Consumidor (GAC) da Câmara Municipal de Loures.

Existem várias formas de efetuar o pedido de reembolso das cauções cobradas indevidamente. Contudo, a forma mais fácil e eficaz é através da Direcção-Geral do Consumidor, que disponibiliza um formulário a partir do qual pode fazer automaticamente o pedido. Também a DECO tem no seu sítio uma carta-tipo.

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POST-IT

Natal Ambiental

Projeto Seniores

Património de Loures em debate

Campanha municipal de reutilização de livros escolares

Garantida manutenção de apoios

Cerca de uma centena de crianças de jardins de infância e instituições infanto-juvenis do concelho de Loures teve oportunidade de viver um “Natal Ambiental”. Ateliês diversos como decoração de anjos natalícios e elaboração de crachás de Natal e insufláveis fizeram as delícias dos mais jovens que nos dias 18 e 19 de dezembro de 2012 se dirigiram ao Parque Municipal do Cabeço de Montachique.

Cerca de 150 utentes de instituições de idosos do concelho de Loures participaram entre novembro e dezembro de 2012, numa ação de sensibilização sobre reciclagem subordinada ao tema “A Política dos Três R’s” que desperta consciências para a separação dos resíduos. Após aprender o que devem ou não reciclar e partilhar experiências diárias neste domínio, os seniores puseram à prova os seus conhecimentos através de jogos didáticos. Foram quatro as instituições visitadas pela Divisão de Sustentabilidade Ambiental.

O Arquivo Municipal de Loures tem vindo a receber um conjunto de debates inseridos na exposição “Caminhando pelo património arquitetónico de Loures”. Até final de maio, o Município levará ainda a cabo outros encontros sobre a arquitetura religiosa do século xx, viver o património de Loures ou o barroco no concelho. O Arquivo tem também realizado visitas aos imóveis mais marcantes do concelho, como aconteceu no dia 2 de março, tendo mais de meia centena de pessoas conhecido o Palácio do Correio-Mor. Consulte aqui toda a programação.

Esta campanha faz chegar às escolas manuais escolares, incentivando à poupança de recursos válidos, pelo ambiente e auxiliando as famílias com maiores dificuldades. Entre 2012 e 2013 o Agrupamento de Escolas Maria Veleda e a Escola Secundária José Cardoso Pires, em Santo António dos Cavaleiros, receberam cerca de 500 manuais. As escolas interessadas deverão contactar o Município, através do 211 151 185 ou email dsa@cm-loures.pt Os manuais deverão ser entregues nos GAJ, na Esc. Sec. José Afonso, no Refeitório Municipal de Loures ou no Centro Cultural de Moscavide.

A 28 de fevereiro o Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) assinou protocolos com os Bombeiros Voluntários de Loures e as associações de Caçadores de Loures, Brigada Autónoma de Resgate com Cães, Radioamadores de Moscavide e o Corpo Nacional de Escutas – Núcleo Moinhos de Vento, para a criação de melhores condições para uma resposta ágil e eficaz, em caso de catástrofe. Apesar da difícil situação económica que o país atravessa, a autarquia manteve os valores atribuídos no ano passado, numa demonstração clara da importância conferida pela Câmara a esta área de atividade.

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Aprender a envelhecer ativamente

Feira da Ladra mais perto de ti

XXI Torneio de Futebol Infantil da Ponte de Frielas

Música na Capela

Sessão de encerramento do Euroscapes

“Saber Envelhecer” é um programa da Câmara Municipal de Loures para a qualidade de vida e bem-estar dos lourenses, incluindo projetos e atividades para a população sénior no âmbito da promoção da saúde. A 25 e 28 de fevereiro dezenas de munícipes participaram nas ações de informação e sensibilização sobre “Visão e Envelhecimento”, nos polos de Loures e de Sacavém da Academia de Saberes. A 7 de junho disponibilizar-se-ão rastreios visuais gratuitos, na sede da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa. Inscrições pelos telefones 211 150 151 e 211 150 856.

A edição 2013 da Feira da Ladra Jovem trouxe novidades! Tornou-se itinerante e está a percorrer o concelho. Bucelas e Frielas já receberam a visita desta feira, que estará no Parque da Cidade de Loures, durante o mês de março. Por isso, se tens entre 16 e 35 anos de idade e queres vender artesanato ou objetos usados, aproveita esta oportunidade! Consulta o calendário em www.cm-loures.pt e inscreve-te já pelos telefones 211 151 390 / 211 151 491 ou no email dj@cm-loures.pt Podes ganhar dinheiro com as tuas vendas ou encontrar aquilo que procuras… Estamos à tua espera!

O Sporting Clube de Portugal venceu a XXI Torneio de Futebol Infantil da Ponte de Frielas, que decorreu entre os dias 9 e 12 de fevereiro. A final foi disputada pelos eternos rivais, Benfica e Sporting, tendo este último saído como vencedor, num recinto repleto de público entusiasta. Nesta edição, apadrinhada pelo comendador Rui Nabeiro, a grande surpresa foi a Seleção de Loures que conquistou o quarto lugar demostrando, desta forma, a evolução do futebol de formação do nosso concelho.

No passado dia 3 de março, a noite da Quinta do Conventinho animou-se com os sons do concerto intimista do Instituto de Música Vitorino Matono. Não foi uma invasão! Foi antes mais uma sessão da iniciativa “Música na Capela”, que todos os meses convida a população de Loures a usufruir momentos únicos e especiais no Museu Municipal de Loures. “Uma experiência a repetir” era o comentário mais ouvido entre os participantes. O próximo concerto é já no dia 6 de abril…

No dia 20 de fevereiro, o Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte, em Loures, assistiu à sessão de encerramento do projeto Euroscapes. Foram abordadas algumas das ações propostas para a operacionalização da estratégia de gestão do território, resultante do diagnóstico levado a cabo no âmbito deste projeto. Acompanharam Maria José Festas, a presidente da Conferência da Convenção Europeia da Paisagem, o vice-presidente da Santos, de Bucelas, Santo Antão do Tojal, Lousa e Fanhões, além de cerca de 130 pessoas.

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