Geração Sustentável

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A REVISTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CORPORATIVO

[ ANO 6 • EDIÇÃO 31 • R$ 14,90 ]

2013

O ano da logística reversa Saiba o que o Governo, as entidades e as empresas estão fazendo para se adequarem à Política Nacional de Resíduos Sólidos

Marina Silva: mudanças necessárias nos padrões de produção e consumo

Cativa Natureza: cosméticos com rastreabilidade orgânica


Unimed do Estado do Paraná Rua Antonio Camilo, 283 | Tarumã | 82530.450 Curitiba - PR | Tel.: 41 3219.1500 SAC 0800 41 4554 Deficientes auditivos 0800 642 2009 www.unimed.coop.br/parana

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Paraná


A reciclagem é o destino final mais adequado para esta revista. Lembre-se: o seu papel é importante para o planeta!

Ano 6 • edição 31

12 Entrevista 04 Editorial 05 Mundo Digital 08 Sustentando 10 Evento 5 Anos 44 Evento HSBC 50 Vitrine Sustentável

16 Capa

24 Visão Sustentável

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Meio Ambiente Gestão Estratégica

Colunas

Gestão Sustentável

Cativa Natureza promete beleza de forma sustentável

30 Tecnologia e Sustentabilidade Da técnica para prática

38 Responsabilidade Social Corporativa

Relembre quais foram as ações mais importantes de 2012 para o CPCE e conheça os novos projetos

46 Desenvolvimento Local

28 36 42

O Desafio da destinação dos resíduos sólidos

A sustentabilidade como inspiração

02 09 15 23 29 34 e 35 37 43 49 51 52

Unimed Senai Senac EBS Consult Simple Clean Civitas IBF DFD Feicon Batimat

Anunciantes e Parcerias

Capa

Marina Silva

Matérias

Reciclação Expomai

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Editorial

Corresponsabilidade: Um passo importante para a logística reversa A criação de um processo para gestão de resíduos é uma etapa fundamental quando falamos no pós-consumo. Uma mobilização nacional começa a ser articulada para a aplicação da logística reversa em todo o Brasil No estado do Paraná, um fato relevante ocorreu no final de 2012. Diversas entidades setoriais foram “convocadas para apresentar e implantar um programa de gerenciamento de resíduos”. Isso mesmo, não me enganei no uso desses verbos relacionados à parte prática... Em se tratando de projetos na área socioambiental, estávamos mais acostumados a ouvir que representantes de diversas entidades estão discutindo ou analisando determinado projeto... Agora, as entidades não foram convidadas apenas para discutir, mas convocadas a dizer como implantarão. Apesar dessa relação verbal entre “convidar x convocar” e também entre “discutir x implantar”, parece que estamos saindo do discurso, que estava esgotando mais rapidamente do que muitos recursos naturais, e definindo objetivos e metas. A sociedade, de forma geral, já estava olhando com descrédito para os projetos de sustentabilidade e, em especial, os projetos de gestão de resíduos. Gerou-se um grande movimento com a Lei nº 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos) e aos poucos esse movimento foi esfriando, pois faltava essa parte prática. Agora, com toda essa articulação, na qual o foco está na articulação da corresponsabilidade entre os diversos agentes locais para pensar e gerenciar de forma coletiva os resíduos, começaremos a ver, em breve, os primeiros resultados práticos. Essa articulação será importante porque o “negócio resíduo” deverá, necessariamente, ser gerenciado. O resíduo não poderá ser desprezado e/ou considerado apenas como subproduto para descarte. Toda uma cadeia, semelhante até as cadeias produtivas, terá que ser organizada. Nesse contexto, produtores,

governo, entidades de classe, consumidores e outros agentes locais serão envolvidos. Na parte prática efetiva, provavelmente as cooperativas de recicladores estarão sendo criadas e as que já existem serão mais bem geridas... Assim veremos a logística reversa saindo do papel! Na matéria de capa desta edição, você encontrará a opinião de profissionais renomados, como o advogado paranaense Rafael Favetti, que participou da elaboração da lei nacional em 2010; o professor Nicolau Leopoldo Obladen, um dos principais consultores na área de gerenciamento de resíduos e do coordenador de Resíduos Sólidos da Sema, Carlos Garcez, além de outros profissionais que representam entidades setoriais no Paraná. Teremos em 2013 esse avanço para comemorar! Sua implantação dependeu da criação de uma lei e da regulamentação e do controle local, ou seja, não será por consciência ambiental, mas por imposição da legislação. Como cidadãos, não devemos apenas ficar na torcida para que a lei seja cumprida, mas efetivamente nos comprometermos e fazermos a nossa parte como agentes que participam de forma corresponsável. A edição traz, ainda, uma matéria sobre a Cativa Natureza, empresa que produz cosméticos com rastreabilidade. Na editoria “Desenvolvimento Local”, apresentam-se projetos de negócios associados ao WTC – Word Trade Center Business Club. No espaço Tecnologia e Sustentabilidade, a cobertura do evento de sustentabilidade da Paraná Metrologia, com a participação da Marina Silva. A matéria da editoria Responsabilidade Social Corporativa traz os resultados de 2012 e os projetos para 2013 do CPCE (Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial). Boa leitura! Pedro Salanek Filho

Diretor Executivo Pedro Salanek Filho (pedro@geracaosustentavel.com.br) • Diretora Administrativa e Relações Corporativas Giovanna de Paula (giovanna@geracaosustentavel.com.br) • Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck (marcelo@geracaosustentavel.com.br) • Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto, Ivan de Melo Dutra e Lenisse Isabel Buss • Colaboraram nesta edição Jornalistas: Bruna Robassa e Letícia Ferreira (redacao@geracaosustentavel.com.br) • Revisora Alessandra Domingues • Assinaturas assinatura@geracaosustentavel.com.br • Fale conosco contato@geracaosustentavel.com.br • Impressão Gráfica Capital • ISSN nº 1984-9699 • Tiragem da edição: 10.000 exemplares • 31ª Edição • novembro/dezembro • Ano 6 • 2012 A impressão da revista é realizada dentro do conceito de desenvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. A revista é produzida com papel certificado. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma lavanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.

Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/0001-12 - Rua Bortolo Gusso, 577 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 81.110-200 Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

www.geracaosustentavel.com.br A revista Geração Sustentável é uma publicação bimestral independente e não se responsabiliza pelas opiniões emitidas em artigos ou colunas assinadas por entender que estes materiais são de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL são terminantemente proibidos sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos.

As matérias destacadas com o selo "Parceria Geração Sustentável" referem-se à conteúdos elaborados em parceria com empresas ou instituições que possuem projetos socioambientais. Tanto a divulgação dos projetos quanto a distribuição dos exemplares são efetuadas de forma conjunta, pela revista e pela empresa mencionada


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VOLVIMENTO

O 31 • R$ 14, 90

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logística reversa

Saiba o que o Gove para se adeq rno, as entidade s e as emp uarem à Política Naci resas estã o faze onal de Resí duos Sólidndo os Marina nos padrSilva: mudanças ões de prod nece ução e consssárias umo Cativa Natu reza com rast reabilida: cosméticos de orgânica

GS capa 31 AF quarta-fei ra, 23 de janeiro

de 2013

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Sustentando

Decoração solidária Deixar a casa cheia de estilo pode contribuir para uma vida melhor a quem merece e precisa. As almofadas Solidarium são fabricadas por artesãos de fabriquetas ligadas à cooperativa Dedo de Gente, dirigidas por moças e rapazes do Vale do Jequitinhonha e norte de Minas Gerais. São dez fabriquetas: serralheria, marcenaria, bordados e arranjos florais, cartonagem, tinta de terra, casinhas para passarinhos livres e atédoces e licores. Recentemente, foram incorporadas as fabriquetas de cultura e tecnologia, com serviços na área de audiovisual e softwares. O site (www.dedodegente.com.br) informa: "(o propósito é) gerar possibilidades inovadoras de desenvolvimento humano e profissional, comprometido com os valores de nossa cultura e o ambiente em que vivemos". Aproximadamente 2 mil produtos diferentes já foram criados e 200 estão no portfólio permanente. São 85 cooperados e cerca de 70% do orçamento da cooperativa provêm das vendas. Muitos foram recrutados por empresas da região e dois montaram negócios próprios.

Recarregador limpo Uma escultura de pequenos painéis solares, desenvolvida pelo designer francês Vivien Muller (vivien-muller.fr), recarrega gadgets usando somente a energia do sol. O Electree+, em forma de bonsai –miniárvore japonesa -, é modular e suas 27 "folhas" são pequenas placas fotovoltaicas de silício numa superfície total de 1.400 cm², com altura de cerca de 40 cm. A energia produzida pelos painéis durante o dia é armazenada em uma bateria interna de 14 mil mAh, que alimenta uma saída USB. Quando completa, é capaz de recarregar, por exemplo, um iPhone 5 nove vezes, ou um Galaxy S3 três vezes ou ainda um iPad2 duas vezes. Para conseguir a carga completa, é necessária a exposição ao sol por 36 horas. Isso significa que após quatro horas de exposição ele já é capaz de fornecer a recarga para um smartphone. O designer explica a escolha do formato de árvore: “A natureza tem selecionado ao longo de milhões de anos as estruturas mais eficientes de captação de energia solar. A forma de árvore é, portanto, a mais eficiente”. Com informações do Kickstarter (www.kickstarter.com).

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Sustentando

Rio 45 graus sustentáveis Neste verão, a Princesinha do Mar do Rio de Janeiro ganha 32 duchas sustentáveis para refresco dos frequentadores. Movidas à bateria solar, bombas de sucção sob a areia levam a água do mar, além de filtrá-la por britas, até próximo ao calçadão de Copacabana. O processo garante limpeza e dessalinização suficientes para os banhos refrescantes, mas não a potabilidade, e a água jorra por cinco segundos após o acionamento do botão. A empresa responsável pelo projeto foi a Blue Sol Energia Solar, que doou os chuveiros à Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro. Há um ano, uma ducha vem funcionando como teste, com sucesso, em Ipanema, e os mesmos modelos já são usados em praias do Nordeste.

Reciclagem de eletrônicos Alguns serviços na internet indicam postos de reciclagem de lixo eletrônico no Brasil, como CEMPRE, Descarte Certo, eCycle e E-lixo Maps, este desenvolvido pelo Instituto Sergio Motta que mapeia as organizações que fazem esse tipo de reciclagem e tem quatro mil instituições cadastradas. A informação é importante porque, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, elaborado pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), 6,7 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos tiveram destino impróprio no país em 2010. O lixo tecnológico (celulares, computadores, TVs, etc.) pode conter metais pesados altamente tóxicos, como mercúrio, cádmio, berílio e chumbo que, liberados em um aterro, podem contaminar o lençol freático e, se queimados, poluir o ar. Além disso, muitos desses componentes eletrônicos podem ser reciclados. Os minerais presentes neles, por exemplo, são aproveitados e isso diminui a pressão por mineração, uma atividade econômica com potencial para causar grande dano ao meio ambiente. Com informações do Portal EcoD:www.ecodesenvolvimento.org/ posts/2012/dezembro/descarte-correto-do-lixo-efundamental-para-o?tag=rrr GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Sustentando

Passaporte verde A sustentabilidade também sai de férias com a Campanha Global Passaporte Verde, uma iniciativa da Força Tarefa Internacional para o Desenvolvimento do Turismo Sustentável, liderada pelo governo francês e composta por 20 países membros, entre eles o Brasil, representado pelos Ministérios do Turismo e do Meio Ambiente. Os ministérios brasileiros, com o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e o Ministério da Ecologia e Desenvolvimento Sustentável da França decidiram criar e implementar a campanha para promover um efeito multiplicador de metodologias e projetos estratégicos com base em padrões de consumo e produção sustentáveis entre os seus membros. Paraty, no Rio de Janeiro, foi selecionado como o destino-piloto no Brasil e será estruturado como referência para o turismo sustentável. Para a divulgação internacional foi criado o website Passaporte Verde que apresenta ao turista dicas de escolhas e comportamentos sustentáveis que respeitem e tragam benefício à comunidade visitada e ao meio ambiente.

Sustentabilidade embutida Não é somente a madeira maciça que pode ser certificada, mas materiais derivados, como MDFs, MDPs, compensados e outros, produzidos com matéria-prima e processos certificados. Podem receber certificações como o selo FSC (Forest Stewardship Council ou Conselho de Manejo Florestal), uma iniciativa para a conservação e o uso racional das florestas do mundo inteiro. O móvel que recebe o selo FSC teve sua chamada Cadeia de Custódia, certificada por rastreamento desde a colheita da matériaprima até a comercialização do produto acabado. A certificação de uma área florestal exige que os processos de produção, extração, etc. sejam ecologicamente corretos, socialmente justos e economicamente viáveis. Algumas empresas brasileiras que comercializam mobiliário feito com madeira ou derivados certificados são a Movelaria Paranista (www.movelariaparanista.com.br), Meu Móvel de Madeira (www.meumoveldemadeira.com.br), Tora Brasil (http://www.torabrasil.com.br) e outras.

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Evento Capa

Revista Geração Sustentável: Cinco anos e muitos motivos para celebrar Prêmio Itaú de Finanças Sustentáveis e evento comemorativo marcaram semana festiva da Revista Geração Sustentável

A

30ª edição foi um feito muito especial! Toda a equipe da Revista Geração Sustentável pode celebrar os cinco anos com a publicação desta edição. Um evento realizado no mês de novembro, que reuniu aproximadamente 120 pessoas entre amigos, colaboradores, articulistas e parceiros enfatizou que todos os envolvidos com a publicação têm muito a comemorar. Como presente para mais um aniversário, um dia antes do evento realizado no Estação Business School, a revista foi a primeira colocada na categoria Trabalhos Jornalísticos, modalidade revista do Prêmio Itaú de Finanças Sustentáveis, cuja solenidade aconteceu em São Paulo. A abertura do evento foi feita pelo Prof. Judas Tadeu Grassi Mendes, presidente da Estação Business School. A festa em comemoração ao 10

aniversário da revista ainda contou com a palestra do professor Cleuton Carrijo, que traçou um belo panorama da sustentabilidade corporativa e com uma breve e cheia de emoção retrospectiva dos cinco anos da revista feita pelo diretor executivo da publicação Pedro Salanek Filho. Histórias dos bastidores, dificuldades e conquistas foram destacadas. Também durante o discurso foram feitas homenagens à equipe de articulistas, parceiros, anunciantes, colaboradores e especialmente para as pessoas que mais inspiraram e incentivaram a continuidade da revista, entre elas Giovanna de Paula, responsável pelas relações corporativas da revista e esposa do diretor Pedro Salanek Filho. Outros homenageados foram Victor Barbosa, presidente do Conselho Estadual de Cidadania Empresarial (CPCE) da Federação das Indústrias


do Estado do Paraná (FIEP) pela árdua defesa da sustentabilidade, o articulista Jeronimo Mendes, pelos cinco anos de apoio à publicação e Marcelo Winck que atua como Diretor de Arte desde que a revista ainda era um plano de negócio. O evento foi finalizado com um coquetel e confraternização entre os presentes. “Quero agradecer a presença de cada um de vocês e também por acreditarem nesse sonho, que só se tornou possível graças à colaboração e ao incentivo de pessoas que caminharam comigo”, enfatizou o diretor.

30ª edição • A edição comemorativa de cinco anos da revista trouxe uma retrospectiva das 29 edições já publicadas nesse período, além de novas histórias e matérias que enfatizam o posicionamento da publicação, que tem como finalidade principal promover a educação corporativa do gestor em sustentabilidade. Faltaram páginas para recapitular os bons exemplos, estratégias, estímulos ao desenvolvimento de projetos, inovações, iniciativas e histórias que já fizeram parte das revistas editadas nesse período.

Pedro Salanek Filho e Giovanna de Paula da Geração Sustentável com o Prof. Judas Tadeu Grassi Mendes da Estação Business School

Prof. Cleuton Carrijo, palestrante do evento de 5 anos da Geração Sustentável

Giovanna de Paula (Diretora Corporativa) entregando o reconhecimento para Jeronimo Mendes da Consult (empresa parceira do projeto nos 5 anos de publicação)

Marcelo Winck (Diretor de Arte do projeto) recebendo sua homenagem pela parceria desde o início da revista

Presente adiantado Matéria da Geração Sustentável ganha prêmio Itaú de Finanças Sustentáveis Ao completar cinco anos, a revista Geração Sustentável foi especialmente distinguida no cenário nacional com o Prêmio Itaú de Finanças Sustentáveis 2012, conferido à jornalista Letícia Lopes Ferreira pela matéria “Saiba como andam as práticas de sustentabilidade dos bancos brasileiros”, publicada na edição 25. A reportagem foi premiada na categoria Trabalhos Jornalísticos, modalidade revista, e ficou entre três finalistas ao lado das revistas Página 22 e Capital Aberto. O prêmio foi entregue à jornalista e ao diretor executivo da revista, Pedro Salanek Filho, no dia 12 de novembro, na Fundação Itaú Cultural, em São Paulo. Realizado a cada dois anos, o prêmio é uma iniciativa do Programa Itaú de Finanças Sustentáveis e seus objetivos são estimular a produção de matérias jornalísticas e trabalhos acadêmicos nacionais sobre finanças sustentáveis, e disseminar o conceito e o debate sobre o tema por meio de uma rede estruturada com o público participante do prêmio. 11


Entrevista

Marina Silva Em Curitiba, ex-ministra e ex-senadora propõem mudança no padrão atual de produção e consumo Letícia Ferreira

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Uma revolução na maneira de os seres humanos verem o mundo, a vida, uns aos outros e a si mesmos é o que propõe como modelo de desenvolvimento sustentável para o Brasil e o mundo a ativista, ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora Marina Silva. Esse foi o tema da palestra que ela fez no Seminário Executivo de Sustentabilidade Empresarial, promovido pela Paraná Metrologia e pelo Tecpar,em dezembro, na Fesp (Faculdade de Educação Superior do Paraná), em Curitiba. Em entrevista exclusiva à Geração Sustentável, além de reafirmar esse posicionamento, falou sobre questões de sustentabilidade ligadas ao empresariado, ao pode público e à sociedade no Brasil. Marina afirmou, durante a palestra, que se não mudarmos não apenas o padrão de produção e consumo, mas a visão do que cremos ser felicidade e prosperidade, não vamos sair da crise global, que acredita sem precedentes e a que chama de crise civilizatória. Lembrando o novo bordão ecológico, disse que o ainda tão almejado padrão dos americanos, japoneses e europeus não pode ser copiado pelos países em desenvolvimento, ainda que dentro das normas do desenvolvimento sustentável, pois o planeta não comportaria, e a mudança é urgente: "Vamos chegar em 2050 com nove bilhões de pessoasna Terra e não há como manter o padrão de produção e consumo de hoje, precisaríamos de cinco planetas". A ex-ministra acredita que essa nova forma de ser, sentir e pensar gerará novas formas de conhecimento, novos produtos, materiais e empregos e, enfim, uma nova economia criativa. "Não há limites para ser mais solidário, criativo, erudito, mas há limites, sim, por exemplo, para cada um de nós termos um carro." Para Marina, a base da crise civilizatória é uma crise de valores que separa a ética da política e a ecologia da economia. Entretanto, percebe que surge uma nova forma de ativismo, o autoral: "As pessoas não querem mais ser expectadoras, mas protagonistas: um protagonismo autoral que não pode descambar para o individualismo ou para a dualidade oposição - situação, mas para ter posição", afirmou. Ela lembrou que não é errado ter interesse; todos têm, o problema é crer que o seu interesse deve prevalecer sobre o interesse do outro de forma ilegítima, pois há formas cada vez mais colaborativas em que interesses podem coexistir mediados pela ética.

Muito se fala do potencial de desenvolvimento sustentável do nosso país. Você acredita que corremos o risco de ficar só no potencial? O risco é duplo - de ficar só potencial e de destruir o potencial -, e este talvez seja o mais grave. O Brasil é o país que reúne as melhores condições para sair do padrão de consumo elevadíssimo de recursos naturais. Já há muitas empresas e negócios, em todos os setores da economia brasileira, no caminho de competir respeitando as legislações trabalhista e ambiental, e promovendo qualidade tecnológica com base em pesquisa e inovação: é o aumento de produção por ganho de produtividade criando novos produtos, novos materiais, novas oportunidades. E existem aqueles que ainda estão presos ao final do século 19 e à economia predatória do século 20. Mas o mundo do século 21 será sustentável ou não será. Você pode citar exemplos dessas empresas e negócios? Costumo não citar porque não quero fazer propaganda, mas há empresas sérias que têm o desenvolvimento sustentável como um compromisso e uma visão estratégica, e não apenas um discurso, uma forma de propaganda. Temos três níveis: aquelas que resistem e se contrapõem a essa agenda, aquelas que preferem dourar a pílula como se fosse ver-

de e aquelas que estão fazendo investimentos reais e se tornando referência de que boas práticas sem perda da competitividade são possíveis. De modo geral, apesar de ser difícil generalizar num país tão grande e populoso como o Brasil, em que nível você colocaria o empresariado brasileiro? Eu diria que temos uma parte pequena, de vanguarda, do empresariado que está fazendo seu dever de casa. E há uma maioria de espectadores observando para onde o pêndulo vai se movimentar que, infelizmente, pode estar interditando o que há de mais possibilitador nas condições do Brasil. Nosso país é uma potência ambiental e precisa sê-lo também pelas suas decisões políticas e pelos seus investimentos.

"Nos últimos dois anos, tivemos um retrocesso muito grande porque, além de não se avançar, se estão removendo as conquistas dos governos anteriores." GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Entrevista

"Há muitas empresas, em todos os setores da economia brasileira, no caminho de competir respeitando as legislações trabalhista e ambiental, e promovendo qualidade tecnológica com base em pesquisa e inovação." Você colocaria parte do poder público entre esses expectadores? Você já declarou que o governo é aquele que tem mais ferramentas e, portanto, pode mais e teria mais responsabilidade. O governo tem muita responsabilidade. No decorrer dos anos, tivemos no Brasil uma agenda de avanços, em diferentes governos, graças a uma mobilização e uma consciência da sociedade que foi, paulatinamente, conquistando avanços na legislação ambiental e mesmo em sua implementação. Porém, nos últimos dois anos, tivemos um retrocesso muito grande porque, além de não se avançar, estão removendo as conquistas dos governos anteriores. Foi o que aconteceu com o Código Florestal, o que aconteceu quando retiraram as competências do Ibama para fiscalizar o desmatamento, e quando, por Medida Provisória, deram poderes à presidente para, por decreto, diminuir as áreas de preservação criadas nos governos anteriores. Eu poderia citar um rol de retrocessos que, infelizmente, trarão um custo muito pesado na realidade do Brasil em médio e longo prazos. Você já mencionou também o poder do consumidor nas mudanças, porém, o que ainda se vê no Brasil é uma corrida consumista desordenada. Como se pode educar e motivar esse consumidor? E é nesse sentido que vai trabalhar o Instituto Marina Silva? Isso é um paradoxo. Ao mesmo tempo em que as pessoas estão sensíveis aos problemas do planeta, parecem não conseguir perceber que é o consumo doentio e tóxico que está destruindo o planeta. Para dar uma ideia, um norte-americano emite uma

quantidade de CO2 equivalente a 25 chineses. Se o padrão desse americano for generalizado, não há planeta para supri-lo, e um modelo que não pode ser universalizado não pode ser defendido. O instituto está sendo iniciado agora e a ideia é trabalhar a educação e a mobilização para a sustentabilidade. Não educação formal, no entanto. O que queremos fazer é algo como o que você está fazendo, acredito, com seus leitores. Você está informando, é uma forma de educação. Ao mesmo tempo, queremos promover a mobilização, porque não basta a consciência. Já percebo que há uma receptividade muito grande, sobretudo nos jovens, crianças e adolescentes. Tenho um amigo que diz que a nossa geração lutou pela liberdade acreditando que, com ela, construiríamos o futuro que quiséssemos, e que os jovens, hoje, têm que usar essa liberdade conquistada para lutar para ter um futuro. Isso é dramático, mas realmente acredito na mutação possibilitadora. Há um grupo muito grande, no mundo todo, que começa a se deslocar da lógica do poder pelo poder, do dinheiro pelo dinheiro, e começa a criar uma nova superfície, o que, no meu entendimento, é essa mutação que vai acontecer na economia, nos negócios e na preferência das pessoas que precisam consumir. Você acredita que o fato de estar na presidência da República poderia engessar uma pessoa que traz propostas e alega ter valores como os seus? Se você tem valores, ideais e propostas realmente vividos de forma legítima e comprometida, estes podem "desengessar" as estruturas que estão hoje engessadas.

"Ao mesmo tempo em que as pessoas estão sensíveis aos problemas do planeta, parecem não conseguir perceber que é o consumo doentio e tóxico que está destruindo o planeta." 14

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Capa

O desafio da destinação dos resíduos sólidos Comprometimento com a logística reversa é o primeiro passo para que Governo, entidades e empresas se ajustem à política nacional e avancem quanto à sustentabilidade de seus processos Bruna Robassa

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o dia 23 de novembro de 2012, indústrias dos mais diversos setores e representantes do comércio paranaense deram um importante passo para a correta destinação de seus resíduos sólidos e, consequentemente, avançaram em relação à busca e ao aprimoramento da sustentabilidade para seus processos e negócios. Convocados pelo edital de chamamento 01/2012, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos de significativo impacto ambiental têm como missão “implantar um programa de responsabilidade pós-consumo para fins de recolhimento, tratamento e destinação final de resíduos sólidos, indicando o conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a destinação dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para que sejam reaproveitados em seu ciclo, ou em outro ciclo produtivo, ou então para outra destinação final ambientalmente adequada”. É o que explica Luciano Henrique Busato, analista técnico da coordenação de desenvolvimento do setor de Fomento e Desenvolvimento do Sistema FIEP, entidade que, junto a sindicatos e outras associações, como a Associação Comercial do Paraná, (ACP) está envolvida com a mobilização que visa a elaboração de um plano estadual setorial de logística reversa. Após diversas reuniões e discussões sobre medidas setoriais de médio e longo prazos, foi que, no dia 23 de novembro, 62 sindicatos patronais e a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), representando outros 37 sindicatos de um total de 99 sindicatos representados, assinaram um termo de compromisso vinculado à agenda setorial para o ano de 2013. “O termo é um documento que formaliza a intenção dos setores e empresas a aderir a uma agenda de comprometimento para a realização de um plano setorial de logística reversa. Uma vez que o sindicato tem a função de articular junto aos seus associados a construção de um plano de logística reversa setorial para ser discutido pela cadeia produtiva a partir do primeiro semestre de 2013”, relata o analista.

Plano Estadual • Tanto o edital de chamamento quanto a assinatura desse termo de compromisso fazem parte do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS), que busca modificar, de forma gradual, o comportamento e os hábitos da sociedade paranaense, no que se refere à destinação ambientalmente adequada dos resíduos

sólidos. É importante lembrar-se de que o plano estadual está alinhado à política nacional (Lei n.º 12.305/2010). De acordo com o coordenador de Resíduos Sólidos da Sema, Carlos Garcez, o PERS é condição para que os estados tenham acesso a recursos da União destinados a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos a partir de 2 de agosto de 2012. “O PERS deverá abranger todo o território do estado, para um horizonte de vinte anos com revisões a cada quatro anos, observando o conteúdo mínimo definido pelo Art. 17 da Lei. Além disso, o PERS deve estar em consonância, principalmente, com os objetivos e as diretrizes dos planos plurianuais (PPA) e de saneamento básico, e com a legislação ambiental, de saúde e de educação ambiental, entre outras”, conta Garcez.

Redação da lei • O professor universitário e advogado paranaense Rafael Favetti, que fez parte do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Governo Federal por 8 e 5 anos, respectivamente, participou da redação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e conta que a temática dos resíduos sólidos foi um dos assuntos que necessitaram da participação do Ministério da Justiça, em especial quanto à verificação da legalidade do novo ordenamento proposto, enquanto o advogado lá atuava. Segundo ele, por tratar de tema atual, a lei apresenta conceitos bastante modernos em relação ao assunto. “Um destaque interessante é que a aplicação da lei ocorre tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Dessa forma, todos estão envolvidos e devem observância às diretrizes estabelecidas”, ressalta. Para o advogado, além deste, os maio-

“O Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) deverá abranger todo o território do estado, para um horizonte de vinte anos com revisões a cada quatro” Carlos Garcez, coordenador de Resíduos Sólidos da Sema

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res destaques da lei são exatamente a elaboração de um plano de logística reversa e a assinatura do acordo setorial. Favetti também conta que a lei contempla a criação de um Sistema de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos, conhecido como SINIR, que visa o auxílio das organizações na gestão dos resíduos, propiciando maior atendimento às diretrizes do plano. A discussão sobre resíduos sólidos é tema relativamente recente para o Governo. “Em 1999, foi proposto projeto de lei que objetivava regular o acondicionamento, a coleta, o tratamento, o transporte e a destinação dos resíduos de serviços de saúde. Pode-se destacar, porém, como marco inicial da criação de diretrizes sobre o assunto o ano de 2004, ocasião em que o Ministério do Meio Ambiente instituiu um grupo técnico de pesquisa sobre o tema. Então, após inúmeros fóruns de discussão e audiências públicas realizadas, foi aprovada a Lei nº 12.305, em 2 de agosto de 2010”, lembra o jurista. Muitos pontos foram ponderados durante a elaboração da lei. A principal dificuldade, segundo conta Rafael Favetti, foi justamente procurar estabelecer diretrizes que tivessem como objetivo a prática de bons hábitos ambientais, mas sem prejudicar os destinatários dela. “A adequação às diretrizes traçadas pela lei deve transpor a mera obediência, mas se tornar efetiva conscientização ambiental. Note-se que as empresas, para adequação à lei, poderão ser obrigadas a desenvolver novas práticas de atuação, no sentido de observar o que consta dos planos de resíduos sólidos”, lembra. Nicolau Leopoldo Obladen, engenheiro civil e sanitarista, ex-professor de saneamento ambiental, hoje diretor técnico da empresa Habitat Ecológico – Consultores Associados, também destaca como principais temas envolvidos com a PNRS o ciclo de vida dos produtos, correspon-

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dente ao processo de planejamento, desenvolvimento do produto, obtenção da matéria-prima e descarte final, a coleta seletiva de materiais recicláveis com a participação das associações/ cooperativas de catadores, o encerramento dos lixões até agosto de 2014, e a formalização de consórcios públicos intermunicipais.

Como se organizar • Na opinião de Favetti, as empresas, inicialmente, devem analisar seu atual modelo de gestão de resíduos sólidos. Para tanto, é necessário coletar dados sobre a geração de resíduos e determinar seus principais destinos. Por fim, é necessário estabelecer metas de redução e diretrizes para a implantação de um plano de gerenciamento que se adeque à realidade e às necessidades da empresa. O professor universitário ainda defende que, apesar de ser importante o compartilhamento de informações tanto com entidades representativas bem como com os respectivos setores para que haja convergência de opiniões e ideias, é essencial cada empresa elaborar minuciosamente seu próprio plano de gerenciamento. É como pensa também Nicolau Leopoldo Obladen. “As empresas deverão enfrentar a elaboração de seus próprios PGRS (Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos), por iniciativa própria e individualmente. Não existem possibilidades de união entre empresas, em virtude da tipicidade variada dos resíduos gerados em cada empresa com características específicas, sob a supervisão dos órgãos ambientais”, diz. Nas discussões e reuniões realizadas por conta do edital de chamamento da Sema, inclusive, atitudes das empresas que já tinham preocupação com a destinação de seus resíduos acabaram virando uma regra para outras indústrias do setor, como é o caso das indústrias de alimentos, especialmente as avícolas.


Exemplos • O investimento em cooperativas de reciclagem e a educação ambiental foram as melhores alternativas encontradas pelas indústrias do setor para o plano de logística reversa. Para Fábio Guerlles, biólogo responsável pela área ambiental do Grupo GTFoods, indústria avícola de Maringá, e um dos integrantes do grupo que representa o setor de alimentos, o retorno de embalagens provenientes das indústrias de alimentos, especialmente as avícolas é muito difícil de acontecer. “No caso da indústria de bebidas, o retorno é facilitado com a instalação de pontos de entrega voluntário, no entanto, para embalagens de isopor e plástico, como é o nosso caso, a melhor solução para viabilizar a logística reversa é o investimento em cooperativas”, explica. O Grupo GTFoods, como diversos outros abatedouros avícolas, já costuma prestar incentivo às cooperativas, trabalhando em parceria na doação de materiais recicláveis para coleta. “Ao incentivar que as cooperativas utilizem nossos materiais no processo de reciclagem, com investimentos na melhoria de sua estrutura e em equipamentos de coleta, estamos criando uma alternativa para aumentar a retirada de materiais com potencial de reutilização do meio ambiente, ou seja, estamos proporcionando a logística reversa”, explica. A Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas - Automotivos e Industriais – Abrafiltros também já tem seu plano de logística reversa. De acordo com João Moura, presidente da entidade, desde a fundação da associação, em 2006, “já antevíamos que o Brasil adotaria um modelo de ação voltado à logística

reversa em função das discussões mundiais em torno da preservação do meio ambiente”, conta. Moura ainda relata que a associação acompanhou o desenvolvimento e posterior publicação da PNRS, ao mesmo tempo em que foi buscando conhecimento acerca dos aspectos envolvidos para a instituição de um programa de responsabilidade pós-consumo para os filtros do óleo lubrificante automotivo. Por ser uma entidade nacional representativa do setor, a Abrafiltros buscou inicialmente por meio de comunicados e anúncios, alertar e conscientizar as empresas da cadeia de filtros automotivos acerca da necessidade de estabelecer um programa de responsabilidade pós-consumo, o qual a entidade denomina de “Descarte Consciente Abrafiltros”. A associação atua na gestão do programa, que iniciou em julho de 2012, e os custos são compartilhados entre as empresas participantes. O programa principiou no estado de São Paulo e será iniciado a partir de fevereiro no Paraná, conforme os termos de compromisso assinados com os governos estaduais. “Nosso programa consiste na coleta dos filtros usados diretamente nos geradores (locais onde é feita a troca dos filtros), como os postos de combustível, uma vez que o consumidor brasileiro não tem por hábito realizar a substituição em casa. Por questão de proporcionalidade, fabricantes e importadores compartilham os custos de coleta conforme o volume comercializado com marca própria em cada estado, de acordo com as metas gradativas de coleta para o setor”, explica. GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Mauro Frasson

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Assinatura do termo de compromisso para o plano setorial de logística reversa na FIEP

Em função dos aspectos logísticos e econômicos envolvidos, o projeto está sendo realizado na condição de programa-piloto para que seja possível analisar os resultados e buscar minimizar os impactos, tanto para as empresas quanto para os consumidores. “Entendemos que a logística reversa é necessária e que as empresas deverão se adaptar a essa nova realidade, ainda incipiente no Brasil, que certamente demandará uma série de ajustes entre o poder público e a iniciativa privada. Entendemos que será de grande importância que o governo federal e os governos estaduais atuem como parceiros na instituição de políticas de incentivo às empresas engajadas com a logística reversa pós-consumo”, reflete.

Dificuldades do setor • Ainda de acordo com João Moura, a principal dificuldade do setor em elaborar e cumprir um plano de logística reversa é que “diferente de outros tipos de resíduos, os filtros do óleo lubrificante automotivo não podem ser reaproveitados, por isso, tudo o que se relacione à logística reversa acaba resultando

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em custo e não há retorno direto para a cadeia de filtros”, relata. Mesmo assim, 13 empresas do setor já aderiram simultaneamente ao projeto na assinatura do termo de compromisso. “Outras empresas estão em processo de filiação à Abrafiltros para participar do programa, que está aberto a novas adesões”, convida o presidente.

Responsabilidade compartilhada • Tania Kamienski, da Associação Comercial do Paraná (ACP), defende e ressalta que tanto a ACP como a indústria e os próprios consumidores têm responsabilidade pelo destino final dos resíduos sólidos. Ela destaca, inclusive, que a responsabilidade compartilhada está prevista em lei. “A relação do comércio é direta com o consumidor, por isso teremos que atender a política em respeito ao nosso consumidor e ao meio ambiente. Levaremos algum tempo para acostumar, mas logo será rotina nas empresas”, diz. É como pensa também um dos redatores da lei. “Acredito que sempre deve haver o diálogo entre a iniciativa pública e a privada, bem como a participação de uma sociedade interessada e


“Acredito que sempre deve haver o diálogo entre a iniciativa pública e a privada, bem como a participação de uma sociedade interessada. Devemos nos conscientizar que as empresas, o governo e a sociedade são interdependentes e precisam dialogar sobre temas relevantes” Rafael Favetti, advogado

capaz de exprimir seus anseios. Devemos nos conscientizar que as empresas, o governo e a sociedade são interdependentes e precisam dialogar sobre temas relevantes”, defende Favetti. A responsabilidade deve ser compartilhada no momento de colocar o plano em prática, assim como foi na elaboração da política estadual e do plano setorial de logística reversa. Segundo conta Carlos Garcez da Sema, o plano estadual foi elaborado em um processo de discussão conjunta em oito encontros regionais com municípios, setor produtivo, sociedade civil organizada e outros atores.

Custo • Tania ainda conta que desde que a lei foi aprovada, a ACP tem participado junto à Fiep e aos sindicatos de todos os setores para que seja possível encontrar soluções que viabilizem o cumprimento da PNRS. Ela destaca, também, que o processo de logística reversa tem um preço alto. “O preço da logística reversa e o local para armazenagem dos resíduos no comércio são certamente nosso maior desafio. Muitos pequenos comerciantes não têm espaço nem para os estoques deles”, conta. O engenheiro Nicolau Obladen também aponta o alto custo como um dos principais desafios para implantação dos processos. “A lei foi muito bem trabalhada por cerca de 20 anos, mediante

ampla participação da sociedade, de técnicos da área, acadêmicos e representantes de instituições públicas e privadas envolvidas no tema em questão. Não vejo falhas, vejo dificuldades em sua implementação e, principalmente, a sustentabilidade financeira dos sistemas a serem implementados ou complementados”, analisa. Apesar do custo elevado, o comércio poderá fazer a sua parte, tanto que também firmou termo de compromisso com o Governo. “Nesse termo, estabelecemos que serão feitas parcerias com universidades para que cada comerciante possa elaborar seu plano de gerenciamento de resíduo a um custo menor. Também foi estabelecido que a ACP fará um levantamento da quantidade de resíduos e quais são eles para nortear os comerciantes a destiná-los corretamente”, conta ela.

Sanções • Segundo Favetti, não se tratam de sanções as consequências para as empresas que não se mobilizarem para a correta destinação de seus resíduos. Ele conta que no caso dos governos – estaduais ou municipais - a principal consequência da não adequação da lei (conforme os artigos 16 e 18) é a impossibilidade de “acesso a recursos da União, ou por ela controlados”. Em relação às empresas, por exemplo – tendo em vista o que aponta o Art. 24 – o processo de licenciamento ambiental do empreendimento ou

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“Entendemos que a logística reversa é necessária e que as empresas deverão se adaptar a essa nova realidade, ainda incipiente no Brasil, que certamente demandará uma série de ajustes entre o poder público e a iniciativa privada.” João Moura, Presidente da Abrafiltros

atividade deve conter o plano de gerenciamento de resíduos, sob pena de não ser aprovado. “Ainda é interessante lembrar que conforme o parágrafo único do Art. 29, aqueles que forem responsáveis por evento lesivo ao meio ambiente ou à saúde pública relacionado ao gerenciamento de resíduos sólidos, deverão ressarcir integralmente o poder público pelos gastos decorrentes das ações empreendidas a fim de minimizar ou cessar o dano causado”, adverte.

Avaliação • A avaliação quanto à mobilização do Paraná para adequação ao plano é bastante otimista. As empresas, cada vez mais, exercem suas atividades com responsabilidades social e ambiental, isso é uma importante constatação. “A implementação da logística reversa é fato louvável, até porque contribui de forma significativa para o reaproveitamento de produtos e materiais, diminuindo os prejuízos causados ao meio ambiente. No entanto, ainda há muito para caminhar. O desconhecimento do tema e a lamentável ausência de conscientização ambiental ainda são obstáculos a serem transpassados”, analisa Favetti. “Tenho participado da discussão nacional e acredito que no Paraná estamos avançados. Há uma união dos setores para que o PNRS aconteça de verdade e possamos dar o exemplo ao Brasil”, avalia Tania, da ACP. Ainda, segundo ela, a união de todo setor produtivo é essencial para

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barateamento dos custos. Ela também acredita que a PNRS vai ser uma grande oportunidade de geração de emprego e de criação de novas tecnologias para reciclar materiais. “Acredito que incentivos fiscais para as empresas que precisaram ser criadas para que a PNRS aconteça é essencial para toda a cadeia da reciclagem”, diz.

Próximos passos • Após a assinatura do termo de compromisso em 2012, o próximo passo para a logística reversa é o cumprimento da chamada Agenda 2013, conforme explica Luciano Busato da FIEP. “A FIEP, por meio da Coordenação de Desenvolvimento, articulará e dará apoio técnico para a realização das reuniões setoriais e cumprimento da Agenda 2013. Entre março e junho de 2013, acontecerão as primeiras 17 reuniões setoriais conforme agenda pré-definida, como resultados dessas reuniões, em 60 dias os setores apresentarão um cronograma de atividades para a elaboração, num prazo de 180 dias, de estudo e/ou plano setorial de logística reversa”, conta. “Difícil prever quando observaremos resultados efetivos. O importante é que as empresas buscam, cada vez mais, atuar de forma responsável. A intenção da Lei nº 12.305/2010 é estabelecer diretrizes gerais aplicáveis aos resíduos sólidos para orientar as empresas, os estados e os municípios na adequada gestão desses resíduos”, analisa Favetti.


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Cativa Natureza promete beleza de forma sustentável Fabricante nacional oferece cosméticos com altas concentrações de insumos orgânicos Leticia Ferreira

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abonetes, desodorantes, xampus, cremes para a pele, maquiagem, tintura para cabelo e outros produtos formam um arsenal que a maioria das pessoas usa todos os dias ou com frequência para higiene, conforto e cuidados com a aparência. Provavelmente, a maioria dessas pessoas não gasta tempo olhando os rótulos desses produtos e comparando-os com listas de substâncias de uso restrito, como conservantes (formol, derivados de petróleo, chumbo, parabenos e ureia). Muitas pessoas, no entanto, preocupam-se, pois sabem que as leis protetoras dos consumidores podem não ser tão amplas quanto deveriam e não considerar, por exemplo, que a quantidade de uma substância potencialmente tóxica é segura em um produto, mas que a avaliação da quantidade cumulativa dessa mesma substância em vários produtos de uso diário ou frequente talvez não seja tão simples. Uma opção para quem se preocupa e busca informação são produtos de higiene pessoal e cosméticos com rastreabilidade orgânica como os da Cativa Natureza que, segundo sua idealizadora, a empresária Rose Bezecry Oliveira, é a primeira franquia nacional a comercializar cosméticos com insumos orgânicos rastreados no Brasil. A primeira loja, fundada em 2008, em Curitiba, é

localizada no Setor de Orgânicos do Mercado Municipal de Curitiba, e a franquia tem lojas também em São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e outras cidades do Paraná e, com novas lojas que serão abertas este ano, chegarão também ao Rio de Janeiro. Rose conta que a marca oferece produtos livres de substâncias agressoras à saúde e ao meio ambiente, não testados em animais, cujo processos de produção, extração e processamento de matérias-primas são rastreados por institutos nacionais e internacionais de credibilidade. São também processos comercial e socialmente justos, que priorizam produções locais. Ela explica que um adulto utiliza em média nove produtos de higiene pessoal por dia, expondo-se a 126 substâncias químicas diariamente, entre as quais 1/3 com potencial cancerígeno; e que 89% dos 10.500 ingredientes utilizados em produtos de higiene pessoal não foram totalmente avaliados quanto à segurança. Já os produtos Cativa Natureza, afirma, contam com o mínimo de 70% de insumos orgânicos rastreados pelo IBD - Instituto Biodinamico. Óleos vegetais e essenciais têm 95% e até 100% de organicidade creditados pelo Sisorg (Sistema Brasileiro de Conformidade Orgânica) do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-

"Conceito não se vende, constróise", empresária Rose Bezecry Oliveira, idealizadora da Cativa Natureza

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mento). Além disso, todos os produtos de outras marcas comercializados nas lojas são certificados por outras certificadoras. O rastreamento segue até o descarte das embalagens. Após a utilização de qualquer produto Cativa Natureza, o cliente leva a embalagem até uma das lojas, deposita na urna e ganha na hora descontos na compra do mesmo produto ou qualquer outro das linhas da marca.

Produtos Cativa Natureza contam com mínimo de 70% de insumos orgânicos rastreados

Endereços PARANÁ

Mercado Municipal de Curitiba Orgânicos - Box 514 - Rua da Paz,608 - Centro - Curitiba/PR. (41) 3363-0905 Av. do Batel,1230 - Galeria loja 14 - Batel - Curitiba/PR (41) 3308-0850 Av. João Gualberto, 2049 - Loja 02 Cabral - Curitiba/PR (41) 3253-2320

RIO GRANDE DO SUL Vieira de Castro, 52 Bom Fim - Porto Alegre/RS (51) 3574-5222

SANTA CATARINA

Nereu Ramos, 31 - SL 01 Centro - Caçador/SC (49) 3567-4368

DISTRITO FEDERAL

SCLN316 - Bloco E - Loja 04 Asa Norte / Brasilia/DF (61) 3033-1869

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Lacuna • Rose conta que sempre quis investir em algo ligado à sustentabilidade e qualidade de vida e decidiu pelos cosméticos ao perceber a lacuna nesse setor no mercado brasileiro. "Quando me estabeleci em Curitiba, por ser uma cidade comprovadamente com alto nível de exigência e consciência ecológica, vi que o rastreamento daria um bom suporte para a comprovação da sustentabilidade dos produtos, porque conceito não se vende, constrói-se". Segundo a empresária, quando ela começou seu negócio, as empresas brasileiras especializadas nesse tipo de produto não investiam no mercado nacional, preferindo exportar, mas, com o advento da Cativa Natureza e seu trabalho conceitual, algumas estão se voltando para o consumidor brasileiro. "Nesses quatro anos, ampliamos nossa abrangência em 30%, com perspectivas de maior

expansão", diz. Hoje, a empresa tem parcerias com a Itaipu Binacional, na Cooperativa Gran Lago, que investe na formação de APLs (Arranjo Produtivo Local) de plantas medicinais; com produtores locais da Grande Curitiba, com a Via Sustentis, fabricante de insumos orgânicos e naturais; com a Sociedade Vegetariana Brasileira e com o Programa Gols pela Vida do Instituto Pequeno Príncipe, que tem o rei Pelé como padrinho. Além das franquias, a marca tem a Cativa Móvel, que nasceu com o propósito de levá-la a feiras e eventos. O sucesso da ideia motivou Rose a disponibilizar essa modalidade de negócio mesmo a quem não é licenciado com loja física, o que facilita para os pequenos empreendedores.

Eficácia • Rose afirma também que os produtos são eficazes, o que é 90% comprovado, principalmente, pelo retorno dos clientes que seguem voltando, pessoas que buscam qualidade de vida ou dependem desse tipo de produto porque já têm algum problema de saúde. Além disso, os preços não são mais altos do que a média dos cosméticos comuns no mercado, considerados de qualidade, e os que têm o preço um pouco mais elevado, além da compensação com tudo o que já foi mencionado, são duráveis, mesmo não contendo

www.cativanatureza.com.br


Conheça as substâncias Fabricantes afirmam que, nas quantidades em que são usadas em cada produto, as substâncias apontadas como vilãs não oferecem risco. Para quem quer saber quais são essas substâncias, no entanto, estudos publicados em periódicos científicos comprovaram a associação das seguintes substâncias e o aparecimento de doenças como câncer, dermatites e alergias: • Ureia: proibida para mulheres grávidas; • Parabenos (parabens, methylparaben, ethylparaben, propylparaben e butylparaben); • Conservantes liberadores de formol (quatérnium-15, diazolidinil hora, imidazolidinil uréia e DMDM hidantoína); • Propilenoglicol (propyleneglycol); • Óleo mineral e outros derivados do petróleo (paraffin oil e mineral oil,1,4-dioxano); • Filtros solares com benzofenonas e derivados da cânfora (benzophenone e/ou 3-(4-methyl-benzylidene); • Corantes e essências artificiais • Lanolina ou lanolin, ácido sórbico e bronopol.

conservantes, corantes e fragrâncias sintéticas. O preço um pouco mais elevado dos orgânicos se deve ao custo de produção maior e à produtividade menor. Os biofertilizantes usados para o combate de pragas na produção de orgânicos apresentam uma eficiência menor em relação aos fertilizantes químicos, porém, esses produtos deixam resíduos. Além disso, na agricultura orgânica, não se usam herbicidas para eliminar as ervas daninhas, o que exige maior utilização de mão de obra. O que pode favorecer uma redução gradual dos preços dos orgânicos é o aumento do mercado consumidor. Ou seja, quanto mais pessoas os consumirem, mais se aumentará a área produzida e, assim, os custos baixarão. Outro diferencial da Cativa Natureza, explica Rose, é o atendimento especializado e personalizado de que a empresária faz questão em todas as lojas da rede, assim como exige que o proprietário de cada loja esteja presente por pelo menos um período diário, atendendo os clientes. Todos os franqueados recebem treinamento para que as informações sobre os produtos, inclusive as técnicas, estejam sempre disponíveis para os clientes, e para que todas as lojas da marca tenham a mesma filosofia de qualidade de vida. Algumas lojas dispõem de espaços para tratamento estético e terapêutico, com utilização exclusiva dos cosméticos rastreáveis. A Cativa Natureza oferece linhas de produtos para o corpo, cabelos e rosto, o que inclui os de uso diário e óleos, sabonetes e máscaras de argila, esfoliantes, loções de limpeza, linha antiaging e até tinturas de cabelo e maquiagem. Os clientes são informados não somente do conceito dos produtos rastreáveis, como também dos ingredientes de cada um e dos resultados esperados.

Como saber que o produto é realmente orgânico? Para Rose, da Cativa Natureza, a melhor forma é verificar os rótulos e se o produto é rastreado. Há duas formas de certificação para garantir a origem orgânica do produto: a vertical e a horizontal. Na certificação vertical, uma instituição especializada é credenciada para inspeção e certificação, como, no caso dos produtores da empresa, o TecPar (Instituto de Tecnologia do Paraná), a Ecovida e o IBD. Normalmente a inspeção é feita duas vezes por ano, mas podem ser feitas inspeções surpresa. No caso da certificação horizontal, um grupo de agricultores orgânicos organiza-se para se ajudarem mutuamente e, com visitas regulares, verificam a produção de cada um.

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GESTÃO

SUS EN ÁVEL jerÔnimo mendes Administrador, Coach Empreendedor, Escritor e Palestrante Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE

"Pibão Grandão” requer medidas consistentes e duradouras que vão além do seu mandato e que demonstrem a seriedade de um país que ainda luta para se livrar da pecha de emergente

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O “Pibão” da Presidente Dilma

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m cerimônia realizada no Palácio do Planalto, Brasília, em dezembro, a Presidente Dilma Rousseff afirmou querer um “pibão grandão” para o Brasil em 2013, depois de o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciar uma projeção de crescimento pífio, em torno de 1% em 2012. A expectativa de um crescimento de 4% para o PIB em 2013 foi manifestada no mesmo dia em que o Banco Central reduziu, pela quarta vez no decorrer do ano, a projeção de crescimento, de 1,6% para 1%, apesar de o Ministro ter anunciado uma projeção otimista de 4,5% no início do ano. Ao se confirmar o prognóstico do Banco Central, a Presidente Dilma encerra 2012 com um “pibinho” acumulado de 1,8% desde que assumiu a presidência, mesmo tendo alcançado um índice de popularidade de 77%, segundo pesquisa do IBOPE, bem superior aos índices alcançados por seus antecessores, Lula e Fernando Henrique Cardoso, com 58% e 56%, respectivamente. Na tentativa de garantir os 4% de crescimento para 2013, o Executivo recorre mais uma vez à sua receita preferida, um pacote de incentivos com desonerações na ordem de R$ 6,8 bilhões, o qual, até o momento, tem se mostrado ineficaz, a exemplo do alardeados PAC-1 e PAC-2. Com as sucessivas prorrogações do IPI para incentivar o consumo de bens duráveis, a extensão da desoneração da folha de pagamento para o governo varejista e a prometida redução na tarifa de energia elétrica, o Governo deixará de arrecadar mais de R$ 40 bilhões em 2013. Aliado a isso, o Ministro da Fazenda anunciou para breve a simplificação do PIS/Cofins e a reforma do ICMS, a fim de colocar em discussão a guerra fiscal entre unidades da Federação com o nivelamento gradativo das alíquotas interestaduais, até chegar a 4% em 2025. Em troca, o Governo Federal se propõe a reduzir os juros das dívidas dos Estados e a formar um fundo para compensar os Estados que tiverem perdas, entretanto, a transição de doze anos é longa demais, um indicador da dificuldade política de mudar o status quo entre os governos estaduais. Há também o plano de investimentos em aeroportos anunciado na ordem de 7,3 bilhões de reais, que inclui investimentos na aviação regional, além da concessão dos aeroportos

do Galeão, no Rio de Janeiro, e de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a qual exigirá investimentos na ordem de 11,4 bilhões de reais. É esperar para ver, e torcer. Em termos práticos, na falta de uma estratégia mais adequada aos interesses do setor privado, o qual, de fato, movimenta o país, há dúvidas quanto ao fôlego e à eficácia das medidas anunciadas para mudar o padrão de crescimento pretendido em vez de apenas impulsioná-lo, temporariamente. Ainda que os juros mais baixos, mantidos sob estreita vigilância do Banco Central, auxiliem no incentivo aos investimentos e na redução do risco empresarial, as restrições continuam. Uma delas é o fato de que o Governo depende do setor privado para alcançar a meta de investimentos, embora seja difícil admitir o fato. A mais preocupante de todas é a inflação, esse fantasma que insiste em se posicionar acima de 5% e pode subir ainda mais, em caso de desaceleração do PIB, em 2013. Então, temos algo do tipo “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Não há milagre nisso. Na prática, queremos crescer mais, o que significa consumir mais e competir por recursos mais escassos sem os investimentos necessários para o crescimento sustentado. A baixa capacidade de investimentos exerce forte impacto no resultado da economia. Consequência: PIB baixo, pressão inflacionária. A expectativa do Banco Central para o PIB em 2013 gira em torno de 3,3%, ligeiramente inferior à expectativa do Ministro Guido Mantega, o qual vem desgastando a própria imagem em decorrência das sucessivas reduções de expectativa do crescimento anunciadas. Dia desses, ouvi dizer que o pessimista é um otimista bem informado, portanto, nesse caso, prefiro ser realista. Um “pibão grandão”, como almeja a Presidente Dilma, requer muito mais do que pacotes estimulados temporariamente para provocar a alegria do consumidor desinformado. “Pibão Grandão” requer medidas consistentes e duradouras que vão além do seu mandato e que demonstrem a seriedade de um país que ainda luta para se livrar da pecha de emergente. Esse é o desejo não somente da classe política, mas da classe econômica e da classe empresarial, além de ser uma necessidade permanente da classe trabalhadora.



Tecnologia e Sustentabilidade

Da técnica para a prática Seminário da Rede Paraná Metrologia expõe metodologias e exemplos do cenário atual da sustentabilidade Bruna Robassa

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL


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isseminar a temática sustentabilidade para seus associados e a comunidade em geral rotineiramente faz parte de trabalhos da Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios - Paraná Metrologia. Um seminário com a participação da ambientalista Marina Silva, promovido em dezembro de 2012, marcou essa nova proposta que faz parte da rede há pouco mais de um ano. O evento também contou com a participação de especialistas em metodologias para a aplicação e avaliação da sustentabilidade corporativa, assim como com a exposição de empresas que já adotam práticas e vendem produtos sustentáveis. “Essa iniciativa da Rede Paraná Metrologia visa trazer para a comunidade paranaense a possibilidade de contatar lideranças e experts do tema sustentabilidade, possibilitando o acesso às boas práticas, cases de sucesso e conceitos atuais que, na continuidade, podem ser inseridos no dia a dia das empresas paranaenses, uma vez que esse tipo de evento normalmente ocorre no eixo Rio – São Paulo”, relata Celso Romero Kloss, diretor superintendente da Rede. Ele também destaca que o evento teve como principais parceiros o Instituto de Tecnologia do Paraná –Tecpar, da FESP e da Revista Geração Sustentável, “sem os quais o evento não seria viabilizado”, lembra. Um dos organizadores do seminário e principal responsável pela vinda de Marina Silva a Curitiba para participar do evento, o professor, diretor e consultor da empresa de consultoria Civitas Responsabilidade Social e Sustentabilidade, Juvenal Correia Filho, alerta que o momento atual da sustentabilidade nos negócios pode ser distinguido em dois tipos de empresa. “Aquelas que seguem processos arcaicos e fadados ao insucesso e aquelas empresas atualizadas que investem numa gestão participativa e sustentável”, avalia. Essas, segundo o consultor, e muitos dos seus stakeholders já estão entendendo que a única forma de progredir e garantir a longevidade nos negócios é fomentando a sustentabilidade em toda a cadeia produtiva. “Temos clientes para os quais desenvolvemos as chamadas “’Rede de Valor”, que envolvem seu grupo de fornecedores, objetivando transferir e fomentar a importância de implantar a responsabilidade social empresarial para iniciarem sua caminhada pela sustentabilidade”, conta.

Impacto • Um dado que chama atenção do consultor quanto à medição de impacto que a sustentabilidade tem gerado nas empresas e no

mundo é o número de signatários do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). “Finalizamos 2012 com mais de 5.200 organizações signatárias articuladas por 150 redes ao redor do mundo que aderiram voluntariamente ao Pacto Global pela Organização das Nações Unidas (ONU). Só por esse dado é possível perceber o impacto que a sustentabilidade estácausando nos negócios”, avalia. O Pacto Global é uma iniciativa desenvolvida com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores fundamentais e internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção refletida em dez princípios. Essa iniciativa conta com a participação de agências das Nações Unidas, empresas, sindicatos, organizações não governamentais e demais parceiros necessários para a construção de um mercado global mais inclusivo, igualitário e sustentável.

Acesse: www.paranametrologia.org.br

Insustentabilidades • O professor nomeia como insustentabilidades os desafios para a sustentabilidade corporativa e que formam uma equação complexa de se resolver. Essa equação, de acordo com ele, no entanto, só será resolvida quando todas as lideranças e organizações entenderem e sentirem como “um problema de todos”. “Destaco, assim, a insustentabilidade da atual distribuição de riqueza no mundo. O consumo afluente de pessoas usando mais do que realmente precisam. Os norte-americanos, por exemplo, preocupados com a obesidade gastam 30 vezes mais tentando emagrecer do que todo o orçamento das Nações Unidas para mitigar a inanição”, analisa. A insustentabilidade das estruturas sociais estabelecidas, que já estão chegando ao colapso devido ao crescimento populacional, a insustentabilidade da carga humana sobre a natureza que já apresenta como resultado a curva ascendente da demanda cruzando a curva descendente dos suprimentos, também são apontadas pelo consultor como desafios para que se avance nessa área.

“Essa iniciativa da Rede Paraná Metrologia visa trazer para a comunidade paranaense a possibilidade de contatar lideranças e experts do tema sustentabilidade, possibilitando o acesso às boas práticas e cases de sucesso", Celso Kloss, Diretor Superintendente da Rede Paraná Metrologia

Protagonismo • Para derrubar esses tipos de barreiras e até mesmo incentivar cada vez mais a sustentabilidade por meio da articulação de eventos e atividades voltadas ao tema, o protagonismo de instituições, como a Paraná Metrologia, é essencial. “Ser protagonista de uma nova economia é atitude reconhecidamente louvável. Esse é o papel que a Paraná Metrologia desempenha neste GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Tecnologia e Sustentabilidade

“O momento atual da sustentabilidade nos negócios pode ser distinguido em dois tipos de empresa: aquelas que seguem processos arcaicos e fadados ao insucesso e aquelas atualizadas que investem numa gestão participativa e sustentável", Juvenal Correia Filho, diretor da Civitas Responsabilidade Social e Sustentabilidade

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

momento ao trazer o debate da sustentabilidade e registrá-lo com as palavras de Marina Silva e os outros palestrantes”, ressalta o consultor. Além da palestra de Marina Silva, o seminário contou com a exposição de casos técnicos e práticos. Uma das apresentações foi feita pelo engenheiro Paulo Vodianitskaia, que falou sobre sucesso e sustentabilidade. Ele, que também é diretor de Estratégias Sustentáveis do Instituto Antakarana, entidade que representa a organização internacional de pesquisa e consultoria The Natural Step (TNS) no Brasil, proporcionou uma reflexão aos participantes com base em sua atuação na entidade. “Quais as condições para o sucesso? São as trazidas pelos cientistas que criaram a referência The Natural Step: cuidar de como tocamos, do quanto e do que retiramos da Terra, e do que emitimos; e cuidar das necessidades fundamentais dos seres vivos. Sucesso, que é a melhor tradução de ‘Sustentabilidade’”, relata. Outra participação importante no seminário foi a do professor Cleuton Rodrigues Carrijo, com a palestra denominada Indicadores de Sustentabilidade: Matriz “Kaiños”. “Esta palavra no grego significa novo, no sentido de melhorado, elevado, de maior excelência a respeito do tema”, explica. Ainda segundo relata o professor, além das dimensões econômica, social e ambiental da sustentabilidade, a Matriz Kaiños incorpora também a dimensão cultural –“no sentido de que qualquer iniciativa empresarial dever ser ao mesmo tempo comportamentalmente transformadora, não basta tirar a pessoa da favela, é preciso tirar a favela, da pessoa – favorecendo escolhas de consumo mais conscientes, além da dimensão espacial – no sentido de que ela deve ser também ao mesmo tempo equilibradamente integradora, dentro de uma nova percepção de mundo, pois vivemos um momento de ruptura sem precedentes em toda a história da humanidade”, explica. O palestrante ainda explica que o principal objetivo desta matriz, demonstrado na palestra, é resignificar o valor empresarial,ou seja, criar valor futuro sustentável a partir de uma tomada de conscientização mais profunda, “a partir do momento em que a empresa decide galgar degraus mais elevados de maturidade organizacional começando pela excelência operacional, passando pela gestão de clientes, pela inovação em produtos e serviços até chegar num grau de maturidade em que ela incorpora a sustentabilidade em seu DNA – nas pessoas, nos sistemas e nos processos...”, conta. Entre as reflexões proporcionadas pela apresentação,Carrijo lembra: “Pare e pense:

qual o prazo de validade da sua empresa? E se ela deixasse de existir hoje, o que o mundo perderia, hein? Lembre-se: devemos SER a mudança que queremos VER. Para TER”, propõe.

Cobertura sustentável • A Solbravo S/A também foi uma das participantes do evento. Além de fabricar um produto que promove a sustentabilidade – telhas que captam a luz solar para produção de energia – faz parte da estratégia da empresa a promoção e difusão de conhecimento sobre a energia solar no Brasil. A apresentação da Solbravo teve como foco principal a grande oportunidade que é a implantação da indústria de energia solar no Brasil. “Primeiro pela grande abundância dessa fonte de energia em todo o território nacional. Por exemplo, o pior lugar no Brasil é melhor que o melhor lugar na Alemanha. Entretanto, a Alemanha já está próxima de atingir 3% de sua energia consumida vindo de fonte solar, enquanto, no Brasil, o valor é 0,006%”, relata Rodrigo Silvestre, diretor da empresa. Alguns dos principais pontos de defesa da Solbravo quanto ao fortalecimento desse tipo de energia no Brasil estão relacionados com a oportunidade de criação de novos negócios e postos de trabalho em uma nova economia, além de, principalmente, promover uma mudança na visão de mundo dos consumidores. “É na atitude e nos hábitos de consumo das pessoas que reside o sucesso ou o fracasso da indústria de energia solar no Brasil. Isso é válido também para as outras tecnologias de baixo carbono, pois se os consumidores não estiverem dispostos a pagar mais dinheiro pelas soluções de maior valor agregado, então não haverá futuro para essas tecnologias”, analisa Silvestre.

Na prática • Atualmente, a Solbravo produz diversos modelos de telhas fotovoltaicas. Para o diretor da empresa, ao manufaturar esse tipo de produto, a Solbravo permite que as pessoas possam ir um passo além do discurso e começar a atuar sobre o problema. “Por exemplo, se quisermos sair dos atuais 0,006% da energia consumida no Brasil e chegarmos a 2% da energia, teremos que instalar 2.346.807.776 telhas (com base no consumo de energia em 2009). É pouco provável que isso possa ser feito por um único cliente ou mesmo pelo governo, mas poderia ser atingido facilmente se cada habitante instalasse apenas 12 telhas. É tudo uma questão de escolha e oportunidade. Nosso papel é construir as oportunidades e depois cabe ao consumidor essa es-


colha”, sugere o empresário. Outro exemplo prático apresentado no seminário foi sobre a Embafort, empresa de embalagens industriais e sistemas construtivos em madeira. “Apresentamos aspectos relacionados à inovação e sustentabilidade na área de construção civil a seco, utilizando materiais fabricados à base de madeira de reflorestamento certificada”, conta Carla Rabelo Monich, coordenadora de Qualidade e Gestão Integrada. A Embafort desenvolve produtos, como embalagens automotivas, embalagens para exportação, engradados e peças especiais, destinados ao transporte seguro de produtos. Além de fornecer o produto, a empresa também oferece soluções sobre qual a melhor maneira de transportar cada mercadoria. Ainda segundo Carla, a empresa está buscando cada vez mais alinhamento com os quesitos de sustentabilidade. “Temos utilizado uma abordagem por ciclo de vida de produto, indo ao encontro da Política Nacional de Resíduos Sólidos e da ISO 14025 – rotulagem ambiental”, relata.

O seminário • Formadores de opinião das mais variadas organizações participaram do seminário

promovido pela Paraná Metrologia, em dezembro de 2012. “Contamos com um público bastante eclético, não só na faixa etária como na formação acadêmica. O feedback dos participantes ao final do evento foi muito positivo”, relata o consultor Juvenal Correia Filho. Na ocasião, Marina Silva avaliou que a crise civilizatória que estamos vivendo é diferente de todas as outras ocorridas na história da humanidade, já que engloba todo o planeta. “Creio que a principal mensagem deixada pela ambientalista é que o desafio é muito maior e que a solução está na busca de um novo modelo, acabando com o modelo atual que é predatório e insustentável”, lembra. Esse novo modelo deverá buscar a sustentabilidade nas dimensões econômica, social, ambiental, cultural, estética, política e ética. De acordo com Celso Romero Kloss, da Paraná Metrologia, a Rede compromete-se em repetir este ano uma nova edição do evento. “Ocasião em que novos líderes e especialistas terão participação ativa dentro do mesmo conceito de disponibilizar boas práticas, tecnologias e casos de sucesso da implementação da prática da sustentabilidade no ambiente empresarial”, destaca.

Guilherme Spicer

“Apresentamos aspectos relacionados à inovação e sustentabilidade na área de construção civil a seco, utilizando materiais fabricados à base de madeira de reflorestamento certificada", Carla Rabelo Monich, coordenadora de Qualidade e Gestão Integrada da Embafort

Palestra de Marina Silva durante o evento de Sustentabilidade Empresarial em Curitiba

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rosimery de fátima oliveira

Meio Ambiente

Especialista em diagnóstico e planejamento sistêmico

O turista sustentável carrega poucas malas para ter mais liberdade de deslocamento e para ter a alegre sensação de não precisar escolher roupas. Ele economiza água e energia porque entende que o planeta também precisa tirar férias do ser humano.

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Turismo sustentável have you heard about it? O

conceito de turismo sustentável poderia utilizar a máxima de “visitar hoje cuidando para garantir que seus filhos e netos possam visitar o mesmo lugar no futuro tendo acesso às mesmas comodidades”. Então vejamos: se você faz turismo urbano de compras, não se preocupe. A indústria de produção de bens e serviços voltados para o pseudo prazer de dinamizar a circulação/concentração de capital dará conta do recado tranquilamente. Não há crise econômica que segure o pseudo poder sedutor de voltar de Miami ou de São Paulo ostentando dúzias de sacolas cheias de bugigangas com qualidades diversas: marcas, modelos, vaidades e alienação. Trabalhar duro durante onze meses por ano para ter direito a um mês de lazer lhe dá certos direitos, não é? O direito ao desperdício, por exemplo. Banhos diários múltiplos e demorados, roupa de cama e banho novas todos os dias, impecavelmente limpas e cheirosas. Refeições? As mais caras e exóticas que seu suado dinheirinho poupado ao longo do ano possa pagar. Durante onze meses você lutou e trabalhou duro para ter esses luxos, e ensinará seus filhos e netos a fazer o mesmo para ter o mesmo direito na fila de importados e na lista de reserva de um resort de luxo. Ter de gastar cada vez mais dinheiro com isso não importa, basta trabalhar mais (ou ser mais esperto, depende de seus valores) durante os tais onze meses. Onde ir e o que comprar? Não se preocupe. A mídia do consumo se encarregará de manter-lhes informado: você, seus filhos, netos e bisnetos. Gostou? Parece divertido? Pode até ser, mas, convenhamos, nada sustentável. Então, vamos falar sério. O turismo sustentável envolve a consciência do conceito de sustentabilidade que eu já publiquei em um artigo nesta mesma coluna (O verdadeiro profissio-

nal da sustentabilidade). Além de conhecer e praticar o conceito, temos que enredar todos os atores sociais no esforço conjunto. Parece muito complicado? Dá muito trabalho? Entendo, você está de férias, não vamos falar de obrigações. Vamos direto para alguns exemplos e como você está de férias terá tempo de sobra para adaptá-los ao seu dia a dia. O turista sustentável carrega poucas malas (na ida e na volta) para ter mais liberdade de deslocamento e para ter a alegre sensação de não precisar escolher roupas. Isso é dar férias para preocupações banais! Ele economiza água e energia porque entende que o planeta também precisa tirar férias do ser humano. Ele respeita a biodiversidade e a cultura, produzindo poucos resíduos e participando de atividades culturais locais. Compras? Apenas artesanato que favorece a economia dissipando renda. Alimentação? Apenas a básica composta ao máximo de produtos locais, que sempre envolve uma gastronomia bfarta e interessante. Escolhendo o local? Pesquise o que menos utiliza transporte com base em combustíveis fósseis. Alugar bicicletas e caminhar são excelentes opções! A economia financeira pode ser tanta que você poderá se dar ao luxo de ter esses momentos de lazer durante aqueles tais onze meses, permitindo espaços de lazer que vão agregar valor e qualidade à sua vida, fazer novos amigos e ser mais saudável o ano todo. E os outros atores sociais? Terão que se adequar ao seu novo estilo de férias. Por que no final das contas eles existem para lhe proporcionar o lazer que você espera: lazer sustentável. Então trocamos o pseudo prazer por compras pelo real prazer de contribuir para a sustentabilidade. Simples assim! Tudo bem que vamos quebrar a atual pseudo economia centralizadora e poluente. E isso não é ótimo? Boas férias para todos!


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Retrospectiva Relembre quais foram as ações mais importantes de 2012 para o CPCE e conheça os novos projetos Bruna Robassa

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esenvolvimento, inovação e criatividade são apenas algumas das qualidades utilizadas para definir o trabalho realizado pelo Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). “O CPCE foi idealizado e almeja ser um ator importante na arte do desenvolvimento, da inovação, da criatividade, da consciência ambiental, dos direitos humanos e animais, do estabelecimento de parcerias”, disse Victor Barbosa, presidente da entidade, durante discurso da última reunião de 2012, do Conselho Superior do CPCE. No decorrer do ano que passou, a entidade reforçou por meio de ações, parcerias e projetos de-

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senvolvidos o seu objetivo de educar, estimular e ajudar pessoas e empresas a tornar o mundo cada vez mais sustentável e melhor por meio de simples mudanças de hábitos e adoção de novas atitudes. O ano de 2012 foi de muito trabalho, avanços e conquistas para o CPCE. Desde cafés da manhã, diálogos, cursos, seminários, oficinas até congressos fizeram parte dos eventos da entidade no ano passado. Cada qual com seu objetivo e público, todas as ações promovidas contribuíram efetivamente para o crescimento não apenas das pessoas e empresas diretamente envolvidas com o conselho, como também para a sociedade. “Mais de 22 mil pessoas foram indiretamente


Mauro Frasson

Mauro Frasson

“A alegria de estar com esse tema nessa reunião é que conseguimos, de certa forma, fazer com que todos entrem em uma concepção efetiva de inclusão", Andrea Koppe, presidente da UNILEHU

impactadas em projetos de cidadania desenvolvidos pela entidade”, conta a coordenadora executiva do CPCE, Rosane Fontoura. Também fazem parte das conquistas e avanços de 2012 o lançamento do Portfólio de Produtos do CPCE, o fortalecimento do Núcleo Indústria e Sindicatos (NIS), a realização do Curso de Ensino a Distância (EaD) Empresário do Terceiro Milênio, as novas adesões das empresas paranaenses ao Pacto Global, a distribuição de 5.000 cartilhas sobre Incentivos Fiscais, o Programa de Qualificação do Terceiro Setor, formação da Rede Paranaense do Voluntariado, além da parceria à realização de outras ações institucionais do SESI.

Última reunião do Conselho em 2012 • A última Assembleia do Conselho Superior do CPCE do ano foi diferente das anteriores, já que Victor Barbosa optou por convidar cada um dos conselheiros a falar um pouco sobre o conselho e as ações das empresas, em vez de ele mesmo resumir essas ações. Por isso, alguns conselheiros tiveram espaço para apresentar um case do que pensavam ser as melhores práticas desenvolvidas durante o ano. “É com a visão de um Paraná de excelência, em desenvolvimento progressista, criativo e competitivo que o CPCE desenvolve e organiza os seus programas e encoraja os seus núcleos de competências a estabelecerem plataformas e a idealizarem novos projetos, integrando pequenas e médias empresas, organizações do terceiro setor e sindicatos, convidando as grandes companhias, e algumas fazem parte do nosso Conselho, compartilharem do seu conhecimento, das melhores práticas e dos seus múltiplos e proveitosos saberes. E isso está acontecendo!”, destacou Barbosa no discurso de abertura da assembleia. Pacto Global • Eduardo José Nicolau Feliz, presidente da Granotec do Brasil S.A, escolheu como case a adesão das empresas ao Pacto Global. “A primeira sensação que temos ao conhecer o Pacto Global é algo impactante. É mais que um contrato, é algo visceral, como um pacto de sangue, é um compromisso de fidelidade absoluta, e o global, então, nem se fala, pois é uma coisa planetária”, disse. GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Responsabilidade Social

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“Estamos fazendo um trabalho junto ao Congresso Nacional para conseguir mudar o espelho da declaração, para que fosse possível a destinação no ato do fechamento do imposto de renda", Maurício Roberto Candido representante do CRC/PR

“O Empresário do Terceiro Milênio é muito mais comprometido com a qualidade de vida dos seus funcionários e da comunidade, buscando sempre a inovação", Heitor Côrtes Netto da Saint Germain Alimentos

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Feliz contou que pensou em recusar o convite para adesão ao pacto, por pensar que já era grande sua dificuldade em aderir a pactos menores, imaginou o quanto seria complicado fazer parte de um pacto global. Mudou de ideia. Sua empresa tem cerca de 100 funcionários, os quais, junto de suas famílias, representam um universo de cerca de 300 a 400 pessoas que já foram impactados pelas ações realizadas. “A assinatura do pacto tem causado relevância para dar dignidade da ação do trabalho e da correlação do trabalho com a comunidade. O Pacto Global tem e merece ser divulgado de forma permanente e isso não só por parte das federações e das associações, como também por seus comportamentos do dia a dia, convidando, explicitando, e deixando claro daquilo que nós estamos fazendo. Ninguém precisa começar nada do zero, pois já existem diversas ações estruturadas de grandes empresas”, conta. Na empresa de Feliz, isso tem sido feito por meio de voluntariado interno dos funcionários e dos seus familiares.

ODM nas empresas e sindicatos • A aplicação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) nas empresas e nos sindicatos foi o case escolhido por Rui Gerson Brandt, presidente do Sindicato das Indústrias de Papel e Celulose do Paraná (Sinpacel). Desde o ano passado ele assumiu o papel de diretor executivo do Sinpacel e passou a olhar os aspectos que ficam em torno das empresas de uma forma diferente. “Principalmente a questão da sustentabilidade, porque o setor de papel e celulose normalmente é um setor em evidência quando se fala em meio ambiente”, analisa. O empresário ainda faz questão de esclarecer que existe um mito em relação à produção de papel. Ele se refere especialmente às pessoas e empresas que utilizam frases de rodapé junto à assinatura de e-mails com mensagens negativas sobre a impressão. “Florestas usadas para a fabricação de papel são florestas plantadas dentro de requisitos básicos, principais, fundamentais, especiais, de proteção ao meio ambiente”, esclarece.

Entre as ações do sindicato, que atende aos ODM, está a mobilização para criação de um projeto que vise à logística reversa. “Trabalhar com a geração de renda(ODM1) e a reciclagem(ODM7) são algumas das ações mais efetivas nesse sentido”, explica Brandt.

Inclusão de PcDs no mercado de trabalho • Andrea Koppe, presidente da Universidade Livre para Eficiência Humana (UNILEHU) destaca a inclusão da Pessoa com Deficiência (PcD) no mercado de trabalho como case. Ela comenta que a inclusão da pessoa com deficiência como tema estratégico do CPCE a deixa triste e contente ao mesmo tempo.Isso porque ainda existe a necessidade de colocar isso como um problema social que deve ser tratado prioritariamente e, geralmente, com um esforço muito grande. “Por outro lado, a alegria de estar com esse tema nessa reunião é que conseguimos, de certa forma, fazer com que todos entrem em uma concepção efetiva de inclusão.Pois, o que estão trabalhando com as empresas é que elas se transformem em ambientes coorporativos inclusivos, e não tentem fazer com que as pessoas com deficiência adaptem-se ao mundo que não foi feito para elas”, relata.

Movimento Paraná Educando na Sustentabilidade • O coordenador geral dos cursos de administração, economia e turismo das Faculdades Integradas do Brasil (UNIBRASIL), Claudio Skora, narrou sua experiência no Movimento Paraná Educando na Sustentabilidade. Na escola de negócios, que contempla vários outros cursos além de administração, estão sendo implantados, gradativamente, os princípios do PRME. Segundo Skora, “a reciclagem da mentalidade dos professores, alunos e da instituição precisa ser constante”.

Destinação de Incentivos Fiscais • Já o representante do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRCPR), Maurício Roberto Candido, deu destaque para a destinação de incentivos fiscais, trabalho que tem sido feito em nível nacional com relação a voluntariado e incentivos fiscais.


“As instituições de assistência social têm desenvolvido a campanha de mobilização, distribuição de cartilhas patrocinadas pelo CPCE e orientando o profissional da classe contábil. Também estamos fazendo um trabalho junto ao Congresso Nacional por cerca de quatro anos para conseguir mudar o espelho da declaração do imposto de renda, para que fosse possível a destinação no ato do fechamento do imposto de renda”, relata.

Outros cases de 2012 • A Responsabilidade Socioambiental Corporativa, o Curso EaD Empresário do Terceiro Milênio, Parcerias Estratégicas e Observatório Brasil foram mais alguns dos cases destacados na última reunião do Conselho. Para Karina Martins, da Robert Bosch Ltda., falar da responsabilidade socioambiental coorporativa da Bosch é também falar um pouco da história da empresa. “É um tema extremamente importante, porque isso está no DNA da empresa. Robert Bosch, quando fundou a empresa há 125 anos, disse que a companhia dele teria que promover educação, saúde, reconciliação dos povos”, conta. O presidente da Saint Germain Alimentos Industrializados, Heitor Côrtes Netto, falou sobre o Empresário do Terceiro Milênio. De acordo com ele, esse profissional é um empresário muito mais comprometido com a qualidade de vida dos seus funcionários e da comunidade, buscando sempre a inovação. Também foram apresentadas a atuação do Observatório Social do Brasil, pelo presidente Ater Cristófoli, a parceria entre a Secretaria de Estado para Assuntos Estratégicos e o CPCE, pela Chefe de Gabinete da Secretaria de Estado para Assuntos Estratégicos, Clecy Maria Amadori Cavet. O case “Sustentabilidade, um caminho para inovação”, foi apresentado por Leticia Passini, do marketing da região sul da Natura Cosméticos.

2013 • Se o ano de 2012 foi de muito trabalho e conquistas para o CPCE, 2013 não vai ser diferente. Como principais parcerios para o desenvolvimento no ano que passou,a coordenadora do CPCE destaca o SESI e a contribuição efetiva de diversas empresas que fazem parte do conselho, principalmente aquelas que têm como os seus dirigentes os vice-presidentes do CPCE: PlantBemFertilizantes (Sérgio Luiz Baccarin – Maringá), Instituto Atsushi e Kimiko Yoshii (Kimiko Yoshi – Londrina), Bresolin Ind. e Comércio de Madeiras (Guido Bresolin – Cascavel) e Ney da Nobrega Ribas (IPrintCampos Gerais) e os representantes dos núcleos de competência: Ezilda Furquim – Núcleo de Competência Indústria e Sindicatos; Dauro Bond - Núcleo de Competência Comércio e Serviços; Sonia Ana Charchut Leszczynski - Núcleo de Competência Instituições Ensino Superior; e Nilda Mott Loiola - Núcleo de Competência Organização do Terceiro Setor. Entre os principais objetivos a serem alcançados neste ano, ainda de acordo com a coordenadora Rosane Fontoura, estão aimplantação do Portal Sustentabilidade, a realização de quatro encontros sobre a Sustentabilidade da Indústria e Sindicatos (NIS), iniciar as ações do Núcleo Saúde e Segurança (NSS) e o lançamento do Catálogo das Boas Práticas. “Além disso, em 2013, pretendemos aumentar, incrementar e ampliar diversas ações que já estão em andamento, como é o caso do Movimento Paraná Educando na Sustentabilidade, Reatiba, Campanha de Incentivos Fiscais, Diálogo de Parcerias Sustentáveis (NCS) e do apoio ao Voluntariado”, conta. Victor Barbosa, presidente do CPCE, também almeja o desenvolvimento de outros projetos. “Alcançaremos novos voos em 2013 e alinharnos-emos aos projetos de maior envergadura do Sistema FIEP, particularmente do SESI”, prevê.

“A primeira sensação que temos ao conhecer o Pacto Global é algo impactante. É mais que um contrato, é algo visceral, como um pacto de sangue, é um compromisso de fidelidade absoluta, e o global, então, nem se fala, pois é uma coisa planetária", Eduardo José Nicolau Feliz, presidente da Granotec do Brasil S.A.

Conheça mais algumas ações do CPCE para 2013 • Incrementar a divulgação da Destinação dos Incentivos Fiscais • Realizar o VI Reatiba – Inclusão de Pessoa com Deficiência; • Incrementar as ações do Movimento Paraná Educando na Sustentabilidade com adesão de instituições de ensino ao PRME e ao Pacto Global; • Promover o voluntariado no Estado do Paraná; • Fortalecer a capacitação das organizações do Terceiro Setor; • Promover a Responsabilidade Socioambiental Corporativa e Responsabilidade Social Sindical; • Fortalecer as ações das regionais dos Campos Gerais, Oeste, Londrina e Maringá; • Incentivar o debate dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio; • Aumentar a interatividade nas redes sociais, entre outras, e dar continuidade aos outros projetos.

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Hugo Weber Jr.

Gestão Estratégica

Consultor em Marketing Ambiental e Sustentabilidade. Diretor da AGRESSOR ZERO – Sustentabilidade Corporativa

Todo produto é constituído somente por duas coisas: cérebro e matériaprima. Quanto mais cérebro for usado menos matéria-prima será preciso

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O marketing e o ciclo de vida sustentável de produto

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uando um profissional de Marketing vai lançar um produto novo no mercado, ele deverá estabelecer estratégias que contemplem o ciclo de vida deste produto. A empresa produtora desse novo produto espera que ele tenha vida longa e produtiva. Embora não espere que o produto vá durar e vender para sempre, deseja obter lucro razoável para cobrir todos os esforços e riscos investidos. Os padrões de venda e lucro em um típico Ciclo de Vida de um Produto (CVP) são marcados por cinco estágios, assim definidos: a) Desenvolvimento do produto: começa quando a empresa descobre e desenvolve uma nova ideia para um produto; b) Introdução: o período em que é introduzido no mercado; c) Crescimento: é o período da rápida aceitação no mercado; d) Maturidade: quando alcançou a aceitação da maioria dos compradores em potencial, e) Declínio: quando já está em obsolescência, as vendas caem e o produto pode sumir do mercado. Esse é o Ciclo de Vida do Produto trabalhado pelo Marketing tradicional. Quando esse mesmo produto é desenvolvido pelo Marketing com a visão da sustentabilidade, o Ciclo de Vida Sustentável de Produto é estabelecido em nova dinâmica, tais como: a) Projeto de produtos: São consideradas em seu projeto todas as variáveis da Sustentabilidade nos diversos estágios do Ciclo de Vida desse Produto, apoiando as decisões com respeito à composição de todos os componentes específicos do produto; b)Matéria-prima e insumos: são os produtos primários que comporão o novo produto mais os insumos, energia, água, manutenção, transporte, embalagens, etc. São tratados com os critérios da sustentabilidade, inclusive os produzidos por fornecedores e terceiros em todas as suas variáveis ambientais, sociais, econômicas, culturais e conjunturais; c) Processo de produção: é a manufatura desses produtos dentro da fábrica, os diversos insumos e produtos sendo trabalhados a fim de originar o novo produto, incluindo aí também o trabalho realizado e seus aspectos laborais e legais; d) Uso e consumo: são considerados os aspectos de uso e consumo desse produto, se sua utilização é ou não impactante ao meio ambiente, à saúde, bem como suas implicações sociais, legais, etc.; e) Disposição final: analisa-se a dis-

posição final, o destino de suas embalagens e todos os seus componentes, sua reaplicabilidade, condições de reaproveitamento póstumo e, ainda, sua conversão em outros produtos. Agora, também, deverão ser observados mais dois aspectos, de suma importância, inclusive com implicações legais, tal como a logística reversa (Lei 13.205), que é dar solução e retorno ao fabricante ou a empresas constituídas do produto obsoleto ou fora de uso, de suas embalagens e seus componentes para que sejam dispostos de modo responsável no meio ambiente e que ainda tenham um fluxo social e serem tratados como uma nova atividade econômica pelos seus captores. Outro aspecto primordial nessa nova questão é a manufatura reversa, que é a desmontagem do produto e de seus componentes, de modo que, após a logística reversa, eles sejam manipulados, desmanufaturados e dispostos de maneira ambientalmente responsável, impedindo assim a colocação inadequada e em locais impróprios e serem reaproveitados/ reutilizados de maneira mais nobre, criando um novo ciclo social e econômico. Esses subsídios às estratégias de Marketing das empresas são baseados em análises mais amplas do sistema de produção, identificando oportunidades de melhoramentos nos aspectos ambientais, na sua performance como produto e, principalmente, no seu posicionamento perante seu mercado consumidor, com a marca expressiva da sustentabilidade. Os novos profissionais de Marketing em negócios sustentáveis podem aprender essas habilidades no decorrer de anos de trabalho e experiências acumuladas. Outra opção cada vez mais aceita é acelerar o conhecimento participando de programas de pós-graduação ou MBA executivo, cujo foco é a sustentabilidade no Ciclo de Vida de Produto. Os melhores entre esses programas são conduzidos por reconhecidos especialistas que compartilham não só seus conhecimentos, mas também sua visão e suas experiências para auxiliar outros profissionais a desenvolverem suas competências, orientando-os a navegar pelas complexidades sociais, ambientais, culturais e econômicas, rumo a um futuro melhor e mais saudável para toda a humanidade.



Evento

Coral do HSBC faz o público sonhar em evento natalino O tema “vem sonhar com a gente” marcou as apresentações no Palácio Avenida no final de 2012

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s apresentações do Coral do HSBC tiveram a participação de 120 crianças, com idade entre 7 e 13 anos, nas festividades do último Natal. Em 2012, que marca o vigésimo primeiro ano que o espetáculo é realizado em Curitiba, o tema foi inspirado na cultura brasileira. Por meio de personagens, como soldadinhos de chumbo, fadas e anjos, o público pode apreciar o encanto promovido, em mais um ano, pelo Instituto HSBC. O tema “vem sonhar com a gente” caracterizou-se por uma encenação com a leitura de diversos pedidos, realizados pelas crianças para o Papai Noel, que foram encontrados dentro de um baú. Entre uma leitura e outra das cartinhas, o co-

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ral cantou músicas natalinas brasileiras. O evento contou, ainda, com efeitos de luzes e sombras nas janelas do Palácio Avenida, criado por 16 artistas curitibanos, que geraram ainda mais encanto para as apresentações. O coral faz parte do Programa HSBC Educação e tem no coral formado pelas crianças sua principal atração de final de ano. O evento ainda conta com a participação de voluntários, chamados de Anjos de Natal, que auxiliam as crianças durante os espetáculos. O Instituto HSBC Solidariedade trabalha em prol do desenvolvimento socioambiental baseado em três pilares: Educação, Meio Ambiente e Geração de Renda para as comunidades.


Pedro Salanek Filho da revista Geração Sustentável com a Superintendente do Instituto HSBC - Claudia Malschitzky

Giovanna de Paula da Revista Geração Sustentável com o Diretor Executivo do Instituto HSBC - Helio Duarte GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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desenvolvimento local

A sustentabilidade como inspiração Associados do WTC contam de que forma aplicam esse conceito em seus negócios Bruna Robassa

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ão é de hoje que o tema sustentabilidade faz parte dos grupos de discussões do mercado corporativo. Além de ser discutida, a temática já serve de inspiração para criação de novos negócios. É o caso da Madeplast – Madeira Ecológica, que surgiu depois de ser incubada em uma universidade de Curitiba em 2008. “Desde sempre o que motivou o desenvolvimento da empresa foi a sustentabilidade”, conta Guilherme Bampi, superintendente da empresa. O empresário relata que a equipe responsável pela ideia tinha em mente desenvolver um produto ecológico substituto da madeira nobre extrativa. “Como a Madeplast faz parte de um grupo de empresas que surgiu no ramo florestal em 1945, já possuíamos o conhecimento sobre a madeira e sobre a quantidade de resíduos que sobra na

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serraria. Nossa ideia era plastificar os resíduos e dar a durabilidade do plástico à madeira. Tudo isso com resíduos tanto da madeira quanto do plástico”, conta. A Madeplast é uma das 54 empresas e mais de 200 empresários que fazem parte do World Trade Center Business Club (WTC) em Curitiba, entidade que tem como objetivo aproximar pessoas e empresas para o desenvolvimento de novos negócios. Entre as atividades realizadas pelo WTC para possibilitar o networking e a troca de ideias estão workshops, mesas redondas, minicursos, ações culturais e atividades lúdicas. A entidade também possui a preocupação de disseminar conceitos que permeiam o mercado corporativo, entre eles a sustentabilidade. Organizações como a TOTVS (software), o IBQP (produtividade e qualidade), a Itaipu Bina-


PRIME FINEP do Ministério de Ciência e Tecnologia, SENAI Inovação e CNPq RHAE Pesquisador na Empresa. Esses prêmios viabilizaram a concretização da empresa. Fomos graduados na incubadora e começamos a comercializar as primeiras peças no final daquele mesmo ano”, conta o superintendente da empresa. Entre 2010 e 2012, a Madeplast desenvolveu seis linhas de produtos com aplicações para deck modular, deck básico, deck estruturado, passarela, pergolado e revestimento. O alvo da empresa é atender o segmento de construção civil de alto padrão. Os principais clientes da fábrica são as construtoras e as revendas, tanto os revendedores especializados que vendem o produto instalado quanto as revendas de materiais de construção (bricolagem). O público-alvo dos produtos são os consumidores de produtos sustentáveis e de alto padrão. “Atualmente, os consumidores têm cada vez mais buscado soluções sustentáveis e muitas construtoras têm procurado atingir esse público, adquirindo produtos ecológicos para seus empreendimentos. A conscientização sobre a sustentabilidade é feita por meio dos materiais de divulgação do produto, da publicidade espontânea e do boca a boca”, conta.

cional, AG7 Partners (construção civil) e a Madeplast estão entre as empresas de destaque no quesito sustentabilidade, segundo Luiz Alberto de Paula Lenz Cesar, diretor regional do World Trade Center. “Não somos uma consultoria, trabalhamos para aproximar empresas com o objetivo de promover a integração e a troca de ideias. Para isso, criamos fóruns e espaços para que os associados apresentem seus cases financeiros, alternativas de mercado, sustentabilidade, entre outros, para que sirvam de exemplo e inspiração uns para os outros”, relata.

Madeira + Plástico • Depois de incubada na universidade, a ideia de criação da Madeplast foi submetida na forma de projeto para diversas entidades que fomentam a inovação no Brasil. “Em 2009, fomos agraciados com três prêmios:

Sustentabilidade além do produto • Além de desenvolver um produto sustentável, a Madeplast desenvolve um trabalho social importante por meio da aquisição da matéria-prima 100% reciclada, fomentando assim cooperativas de catadores e de separação dos resíduos. “A Prefeitura Municipal de Curitiba há décadas tem um programa de separação do lixo que é referência no Brasil e no mundo. Aproveitamos essa cadeia de reciclagem e utilizamos os insumos reciclados, em especial o plástico que é obtido das embalagens de produtos de limpeza. Essa matéria-prima, somada à madeira moída, é o principal componente da Madeplast. Geramos um produto sustentável com responsabilidade social”, explica. Para este ano, a empresa planeja maior investimento em cooperativos focado em capacitação ou em integração com a sociedade.

“O fato de o IBQP estar conectado a um espectro amplo de empresas e organizações, que fortalecem nossa cadeia de valor, é fator fundamental para sermos associados ao WTC”, Sandro Vieira do IBQP

Conquistas • A atuação inteligente da empresa rendeu dois importantes prêmios no quesito sustentabilidade no último ano, o Selo Verde da Master Ambiental, que consiste em ampla auditoria efetuada na fábrica e nos fornecedores, para assegurar que o produto seja 100% ecológico, e o Prêmio Selo Verde do Instituto Chico Mendes, um reconhecimento público de que a Madeplast atua GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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desenvolvimento local

com um substituto ecológico da madeira. “Além disso, tivemos a honra de representar o Paraná no maior evento de sustentabilidade do mundo, o Rio+20, a convite do Sebrae Nacional”, conta.

Desafios • O grande desafio da empresa é baixar o custo do produto mantendo a mesma qualidade. “Não temos escala de produção suficiente para fazer frente ao custo da madeira extrativa que ainda existe no mercado, então o produto acaba saindo mais caro do que a madeira natural. Para bater o preço, precisamos sacrificar nossa pequena margem de resultado ou até mesmo baixar o preço abaixo do nosso custo para entrar em obras referenciais”, conta Bampi. Ele também reclama que ainda não há incentivo fiscal por parte do Governo Federal em relação aos tributos.

Outros exemplos • O Instituto Brasileiro de Qua-

“Como a Madeplast faz parte de um grupo que surgiu no ramo florestal em 1945, nossa ideia era plastificar os resíduos e dar a durabilidade do plástico à madeira. Tudo isso com resíduos tanto da m­adeira quanto do plástico”, Guilherme Bampi, superintendente da empresa

lidade e Produtividade (IBQP) é outra entidade de destaque no quesito sustentabilidade, segundo o WTC. “O IBQP vem evoluindo ao longo dos últimos anos na articulação de projetos e programas que tem como orientadores estratégicos a sustentabilidade e responsabilidade social. De forma mais intensa, nos últimos cinco anos, por intermédio do programa Movimento Paraná Competitivo, realizado pelo IBQP em parceria com diversas organizações, o tema de responsabilidade social tem sido mais apropriadamente desenvolvido”, conta Sandro Nelson Vieira, do IBQP. As ações diretas em sustentabilidade e responsabilidade social do IBQP têm sido executadas em parcerias e alianças estratégicas com entidades do terceiro setor, tais como o Instituto Arayara, que é focado na educação para sustentabilidade e IPD – Instituto de Promoção do Desenvolvimento, onde ações de desenvolvimento local, ORBIS (Observatório de Indicadores de Sustentabilidade) e ODMs (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) que são executados em cooperação com o SESI. “A principal conquista do IBQP, como entidade mobilizadora/estimuladora desses temas tem sido o interesse que outras empresas e organizações têm mostrado em relação ao assunto”, comemora. A empresa de software, serviços e tecnologia

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

TOTVS também é considerada um destaque em sustentabilidade para o WTC. Segundo conta o CEO da TOTVS Curitiba, Claudinei Benzi, a empresa tem suas ações voltadas à sustentabilidade e responsabilidade social desde 1998. “Em Curitiba, iniciamos os trabalhos em 2009, em formato adaptado à realidade regional. Nosso alvo é a inserção de jovens no mercado de trabalho, com formação básica de conceitos e práticas tecnológicas em sistemas de gestão. Nesse sentido, obtivemos nos últimos três anos em nossa região o índice de mais de 50% de jovens formados inseridos no mercado de trabalho. Os principais beneficiados do projeto, além dos jovens, são nossos clientes e a própria unidade da TOTVS em Curitiba”, conta.

WTC • O Clube de Negócios WTC é integrante da rede internacional da World Trade Centers Association, que se estende por mais de 300 cidades, em mais de 100 países. Fazer parte desse seleto clube tem como principal benefício “a oportunidade de relacionamentos profissionais que o clube fomenta”, segundo diz o superintendente da Madeplast. “Surgem ideias e negócios das conversas. O grupo da WTC é bastante seleto e envolve grandes empresários, isso é excelente para o networking. Os temas abordados nas reuniões também são muito relevantes para os negócios”, relata Bampi. Para Sandro Vieira do IBQP, “a possibilidade de estar conectado diretamente em uma rede de relacionamento forte que o WTC estabelece é o principal benefício de ser um associado. O fato de o IBQP estar conectado a um espectro amplo de empresas e organizações, que fortalecem nossa cadeia de valor, é fator fundamental para sermos associados”, conta. O CEO da TOTVS Curitiba conta que o WTC tem apoiado a empresa na busca de sinergia entre instituições de ensino associadas e o mercado. “O que nos ajuda a multiplicar nossas ações, buscando a manutenção do índice de inserção, porém com aumento do número de participantes nas diversas camadas, jovens, empresas contratantes e instituições de apoio”, comemora.



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fio porque ainda não existe um consenso universal sobre o real significado do termo e os assuntos que estão inseridos no conceito ainda estão em construção. De fato, nós da ISO temos dado uma contribuição a este debate por meio do grupo de trabalho sobre Responsabilidade Social que desenvolve a futura norma ISO 26000 para orientar esse tema tão variado, complexo e quase sempre controverso.

• A L A N B RY D E N

Secretário-geral da ISO – International Organization for Standardization

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Responsabilidade social, empresarial e empresa sustentável

Se a abordagem usada pelos autores é muito abrangente, na intenção de refletir sua complexidade, corre-se o risco de tratar o tema com superficialidade. Se os autores focam demais em uma questão ou em um grupo pequeno de temas, fica difícil transmitir uma visão geral da ampla gama de conceitos envolvidos. Entretanto, os autores deste livro foram hábeis em evitar essas duas armadilhas e conseguiram comunicar toda a riqueza que o verdadeiro entendimento do conceito de responsabilidade social requer, tanto na profundidade quanto na abrangência.

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Responsabilidade Social Empresarial e Empresa Sustentável Da teoria à prática

José Carlos Barbieri é mestre e doutor em Administração, é professor do Departamento de Administração da Produção e Operações da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP-POI) desde 1992. Foi professor em renomadas instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). É professor do programa de pós-graduação stricto sensu da EAESP, da linha de pesquisa em gestão ética, socioambiental e de saúde. Pesquisador e coordenador de diversos projetos de pesquisa nas áreas de gestão da inovação, do meio ambiente e da responsabilidade social. Coordenador do Centro de Estudos de Gestão Empresarial e Meio Ambiente da FGV/EAESP. Membro do Fórum de Inovação da FGV/EAESP. Participou da comissão do INMETRO para criação de normas sobre certificação de sistemas de responsabilidade social. Participa de comitês científicos de diversas revistas e congressos científicos, nacionais e internacionais, e de várias agências de fomento. CONTATO COM O AUTOR:

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E EMPRESA SUSTENTÁVEL José Carlos Barbieri e Jorge Emanuel Reis Cajazeira

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Jorge Emanuel dos Reis Cajazeira. Engenheiro mecânico pela Universidade Federal da Bahia,mestre e doutor pela FGV/EAESP. Executivo da área de competitividade da Suzano Papel e Celulose, onde trabalha desde 1992. Eleito pela revista Exame, em 2005, como um dos quatro executivos mais inovadores do Brasil. Foi expert nomeado pela ABNT para a redação das normas ISO 9001 e ISO 14001 (1995-2004), coordenou os trabalhos para a criação da norma NBR 16001 – Responsabilidade Social e presidiu a comissão do INMETRO para criação de um sistema nacional para certificação socioambiental. Em 2004, foi eleito o primeiro brasileiro a presidir um comitê internacional da ISO, o Working Group on Social Responsibility (ISO 26000). É membro do comitê de critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), coordenador do comitê de inovação e ativos intangíveis (FNQ) e ex-presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). CONTATO COM O AUTOR:

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