Geração Sustentável - Edição 34

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3, 4 E 5 DE SETEMBRO O Fórum Global de Liderança está chegando, trazendo até você ícones nacionais e internacionais em inovação e práticas de gestão organizacional como Christina Carvalho Pinto, Arnaldo Jabor, Vicente Gomes, Carlos Martins Wizard, Guilherme Cunha Pereira e Luiz Kaufmann. Para vencer, siga os líderes. Contamos com a sua presença.

INSCRIÇÕES E PROGRAMAÇÃO COMPLETA EM: vwww.forumdelideranca.com.br


Editorial

Diretor Executivo

Pedro Salanek Filho pedro@geracaosustentavel.com.br Diretora Administrativa e Relações Corporativas

Giovanna de Paula

giovanna@geracaosustentavel.com.br Projeto Gráfico e Direção de Arte

Marcelo Winck

marcelo@geracaosustentavel.com.br Conselho Editorial

Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto e Ivan de Melo Dutra Colaboraram nesta edição

Jornalistas: Bruna Robassa, Karina Kanashiro e Alexsandro T. Ribeiro redacao@geracaosustentavel.com.br Revisora

Alessandra Domingues Assinaturas

assinatura@geracaosustentavel.com.br Fale conosco

contato@geracaosustentavel.com.br Impressão Gráfica Capital ISSN nº 1984-9699 A impressão da revista é realizada dentro do conceito de desenvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. A revista é produzida com papel certificado. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma lavanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.

Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/0001-12 - Rua Bortolo Gusso, 577 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 81.110-200 Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141

www.geracaosustentavel.com.br A revista Geração Sustentável é uma publicação bimestral independente e não se responsabiliza pelas opiniões emitidas em artigos ou colunas assinadas por entender que estes materiais são de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL são terminantemente proibidos sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos. As fotos dessa edição recebem o crédito de divulgação. Tiragem da edição: 10.000 exemplares - 34ª Edição - julho/agosto - Ano 7 - 2013

As matérias destacadas com o selo "Parceria Geração Sustentável" referem-se à conteúdos elaborados em parceria com empresas ou instituições que possuem projetos socioambientais. Tanto a divulgação dos projetos quanto a distribuição dos exemplares são efetuadas de forma conjunta, pela revista e pela empresa mencionada

Sustentabilidade: vista essa camisa você também! Um tema de capa que tratasse do negócio de vestuários já estava “na fila” há muito tempo em nossa editora. Nesse período, sempre imaginávamos tratar o tema de forma bem ampla, demonstrando toda a cadeia produtiva desse setor, abordando as iniciativas e as inovações para redução dos impactos socioambientais. Na condição de consumidores, geralmente temos a impressão de que é um setor que não gera muitos resíduos no momento do pós-consumo. Não vemos, por exemplo, muitas campanhas recomendando destinação adequada dos resíduos de roupas, como geralmente encontramos nas campanhas dos resíduos de plásticos (sacolinhas e embalagens) ou até mesmo de celulares (aparelhos e baterias). Será que destinamos adequadamente nossas roupas depois do uso? Será que o processo de doação, bazar ou reuso evita que esses resíduos sejam mais expressivos e impactem no meio ambiente? Será que somos conscientes do destino dos resíduos de nossas roupas? Apesar de não existirem campanhas específicas e demonstração dos impactos gerados no pós-consumo, esses resíduos existem sim e muitas iniciativas já são positivas nesse segmento. Uma das entidades que atua em um processo de consumo consciente, mencionadas nesta edição, é o Instituto Ecotece, o qual demonstra iniciativas de reutilização para evitar a aquisição de novas peças de vestuário ou acessórios. Outras iniciativas positivas são das empresas que procuram inovar na forma de produção, como é o caso da marca paranaense Irmãs Green e da OceanoSurfwear, de Santa Catarina. Nesta edição, além das iniciativas para produtos mais sustentáveis no setor de vestuário, você encontrará também uma matéria sobre a reciclagem do gesso, por meio de um projeto inovador desenvolvido em Curitiba. No espaço Responsabilidade Social Corporativa, serão apresentadas as iniciativas estimuladas pelo CPCE (Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial) na disseminação do tema sustentabilidade dentro das instituições de ensino superior. A edição traz, ainda, duas matérias que contemplam projetos ligados à área de energia, sendo uma sobre os projetos de smart grid (redes inteligentes) e outra referente às iniciativas de entidades ligadas ao WTC Business Club. Boa leitura! Pedro Salanek Filho

Conheça o mundo digital da Geração Sustentável geracaosustentavel.com.br revistageracaosustentavel.blogspot.com twitter.com/revistageracao confrariasustentavel.ning.com facebook.com

Revista Digital

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Sumário

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Anunciantes e Parcerias

02 EBS 13 COLÉGIO SÃO LUIZ 21 FOMENTO PARANÁ 27 ONG BRASIL 29 CONSULT 35 ARQTEX 37 DFD 43 IBF 47 CIVITAS 49 FÓRUM SPED 51 UNIMED 52 ECOBIKE

03 Editorial 06 Sustentando 10 Entrevista – Lourival dos Santos e Souza 14 Capa

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Sustentabilidade além da matéria-prima Visão Sustentável Gesso reciclado vira fertilizante para agricultura Gestão Sustentável Responsabilidade Social Corporativa Educando na sustentabilidade


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Economia e Sustentabilidade Energias Renováveis Smart Grid: o controle nas mãos do consumidor Talentos Voluntários Desenvolvimento Local Eficiência energética no WTC

48 Gestão Estratégica 50 Vitrine Sustentável GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Sustentando

Emprego sustentável Desenvolvimento sustentável, responsabilidade social e qualidade de vida fazem parte do conceito de emprego sustentável adotado pela Organização Não Governamental (ONG) SORRI-BRASIL, que trabalha na inclusão de pessoas com deficiência. Esse conceito relaciona-se aos princípios do desenvolvimento holístico das pessoas e das comunidades moradoras do entorno das empresas, utilizando o tripé da sustentabilidade, pressupondo o desenvolvimento holístico da pessoa e do seu entorno. Esse desenvolvimento deve alcançar o grau ótimo de empregabilidade do sujeito, na dimensão profissional e a sua realização e satisfação na dimensão pessoal. A entidade foi criada em 1985, com o objetivo de promover e incentivar a criação e o funcionamento de novas SORRIs e organizações similares e coordenar o Sistema SORRI, garantindo o cumprimento de sua missão "promover os direitos humanos com ênfase nos direitos das pessoas com deficiência". Hoje, o Sistema SORRI conta com oito unidades nos municípios de São Paulo (SORRI-BRASIL e SORRI-SÃO PAULO), Bauru, Campinas, São José dos Campos e Sorocaba, no Estado de São Paulo, Parauapebas, no Estado do Pará e no município de Salvador no Estado da Bahia. Mais informações no sitesorri.com.br.

Prêmio Odebrecht com inscrições abertas Estão abertas as inscrições para a edição de 2013 do Prêmio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável, que propõe o desenvolvimento de projetos inéditos, viáveis e que visem à sustentabilidade econômica, à responsabilidade ambiental e a inclusão social. A competição é destinada a estudantes universitários de qualquer área, desde que um dos integrantes do grupo esteja matriculado em curso de engenharia, agronomia ou arquitetura. Ao todo, são nove temas que poderão ser abordados. Entre eles, estão: saneamento ambiental, serviços ambientais na linha de água e resíduos, reuso da água, recuperação de áreas degradadas; geração e uso de energia, energias renováveis, eficiência energética; mobilidade urbana, soluções e serviços para transportes e seus modais, incluindo rodovias, portos, logística; e edificações, conjuntos comerciais ou residenciais, instalações e complexos industriais e soluções mais sustentáveis de engenharia para infraestrutura destinada ao uso público ou privado. Os autores e orientadores dos cinco melhores trabalhos serão premiados com R$ 20 mil cada. Além disso, a universidade receberá o mesmo valor em prêmios ou em patrocínio de para o Desenvolvimento Sustentável bolsa de estudos. As inscrições ficam abertas até 7 de outubro e devem ser realizadas pelo site premioodebrecht.com. O resultado será divulgado na segunda quinzena de dezembro.

Prêmio Odebrecht Brasil | 2013

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Sustentando

Cardápio saudável Refinar os hábitos alimentares diários e praticar atividades físicas pode ajudar a prevenir doenças e estimular a melhora do funcionamento do organismo, retardando o envelhecimento, aumentando a disposição e auxiliando na perda de peso. Alinhada a essa preocupação, a Mundo Verde, maior rede de lojas especializadas em produtos naturais, orgânicos e para o bem-estar da América Latina é referência em qualidade de vida e alimentação saudável. Com o objetivo de disseminar esse tipo de alimentação entre os homens, a rede sugeriu a preparação de um menu com receitas saborosas e saudáveis no Dia dos Pais, o qual pode ser preparado em qualquer data, de preferência pelos filhos. Entre os destaques do menu estão um creme de cenoura com gengibre, pão de farinha de banana verde, bolinho de soja com ricota, risoto de arroz integral com shitake e suflê de cacau. Para acompanhar a refeição, as opções são sucos de uva e de cranberry ou vinho tinto sem álcool e orgânico. Essas bebidas são fontes de polifenois, flavonoides, quercetina, resveratrol e antocianinas, poderosos antioxidantes que varrem os radicais livres e relaxam os vasos, auxiliando no controle da pressão arterial. Para saber mais sobre a rede, acesse www. mundoverde.com.br. São mais de 200 lojas no Brasil, distribuídas por 22 estados e Distrito Federal, além de duas unidades em Portugal.

Prêmio certifica empresas com base em Metodologia do Pentágono 25 das 82 empresas que se inscreveram no Prêmio IBEF de Sustentabilidade 2013 tiveram seus cases certificados em evento realizado no último dia 30 de julho, no Jockey Club do Rio de Janeiro. Entre essas, duas em cada categoria foram as grandes vencedoras. O “Prêmio IBEF de Sustentabilidade” foi desenvolvido para orientar a atuação das empresas nos diversos aspectos que envolvem o tema, tais como: responsabilidade ambiental, justiça social, viabilidade econômica, gestão, administração de conflitos, governança e estrutura da operação. A Banca Examinadora do projeto, formada por executivos e acadêmicos de reconhecida atuação em suas respectivas áreas, analisou os cases recebidos considerando os requisitos da Metodologia do Pentágono em Sustentabilidade, com base no livro “Avaliação de Investimentos Sustentáveis”, de autoria de Marcos Rechtman, (Diretor de Sustentabilidade do IBEF-Rio) e Carlos Eduardo Frickmann, Professor da UFRJ. A metodologia busca analisar simultaneamente elementos financeiros e não financeiros que podem ter efeitos significativos para o desenvolvimento sustentável de uma empresa. Para os autores do livro, a perpetuidade das empresas está relacionada a aspectos, como valorização, gestão, governança, administração de conflitos e estrutura de operação, por isso cinco vértices são considerados para aplicação da metodologia do pentágono, sendo o1º passo: Análise de Investimento, o 2º passo: Avaliação da Gestão, o 3º passo: Governança Corporativa, o 4º passo: Conflitos Societários e o 5º passo: Estrutura da Operação. GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Sustentabilidade na prática Estimular os gestores a pensarem sobre novos caminhos e ideias no processo de alinhamento da estratégia e da gestão das empresas com a sustentabilidade e, assim, contribuir para a promoção de uma visão mais real, integral e sustentável do negócio foi o objetivo do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) ao lançar um estudo sobre como as empresas abordam, de fato, a sustentabilidade. Foram feitas entrevistas com conselheiros de sete empresas, nas quais foram discutidos aspectos, tais como o surgimento e o entendimento do tema sustentabilidade nos Conselhos e a relação entre sustentabilidade e a estratégia corporativa, assim como o impacto na cadeia de valor, nos diversos stakeholders, na gestão, na cultura interna e no estabelecimento de parcerias estratégicas. Mesmo com uma amostra reduzida, foram constatadas muitas diferenças nas estruturas criadas para lidar com o tema, no perfil dos seus membros – presença de conselheiros, executivos e especialistas externos, na denominação dos órgãos – de sustentabilidade ou não; e na coordenação dos órgãos de assessoramento. O caderno pode ser acessado pelo site www.ibgc.org.br. Fundado em 27 de novembro de 1995, o IBGC – sociedade civil de âmbito nacional, sem fins lucrativos – tem o propósito de ser referência em Governança Corporativa, contribuindo para o desenvolvimento sustentável das organizações e influenciando os agentes da nossa sociedade no sentido de maior transparência, justiça e responsabilidade.

Brinquedos ecológicos Os brinquedos ecológicos estão cada vez mais ganhando força no cenário de entretenimento infantil. São feitos de materiais menos agressivos ou mesmo de reciclados. Essa linha de brinquedos transmitem valores como respeito ao próximo e ao meio ambiente ou ensinam a reciclar através de jogos. Um brinquedo ecológico muito educativo é o quebra-cabeça que forma o corpo de um animal que são feitos a partir de reaproveitamento de resíduo de madeira certificada. Outro exemplo é personagem principal do "Almanaque Ecológico do Lucas" do cartunista Léo Valença ganhou agora uma versão em boneco produzido por feltro artesanalmente. Estes brinquedos são destaques da Loja Rio Eco Consciente. Saiba mais: www.lojarioeco.com.br

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Ranking Benchmarking A Itaipu está mais uma vez entre as 30 melhores práticas socioambientais do País selecionadas pelo Ranking Benchmarking. A empresa foi indicada pelo programa Sustentabilidade de Comunidades Indígenas, uma iniciativa do Cultivando Água Boa, que envolve mais de dois mil parceiros na região da Bacia do Paraná 3. As ações do programa Sustentabilidade de Comunidades Indígenas incluem melhoria da infraestrutura, produção agropecuária, fortalecimento da diversidade cultural, estímulo à formação de parcerias e seguranças alimentar e nutricional. As decisões são tomadas por um comitê gestor formado por lideranças indígenas, representantes da Itaipu e de instituições parceiras, como a Funai, prefeituras, Ministério Público, governo do Paraná, Emater, Ibama e IAP. Os interessados em se tornarem uma empresa ou um gestor Benchmarking precisam submeter os modelos gerenciais em sustentabilidade a uma comissão técnica multidisciplinar, composta por especialistas de diversos países, que avaliam as práticas inscritas sem ter acesso ao nome da organização. Cases com as melhores pontuações são considerados Benchmarking e passam a integrar um banco digital de práticas de sustentabilidade de livre acesso do país. As iniciativas mais bem avaliadas também são publicadas no Livro BenchMais, uma série quadrienal com os resumos das práticas organizadas por edições e categorias gerenciais. Fonte: http://www.itaipu.gov.br/sala-deimprensa/noticia/sustentabilidade-indigenaleva-itaipu-ao-benchmarking-2013


Entrevista

Lourival dos Santos e Souza Diretor de Energia e Florestas Engenheiro Eletricista, formado pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá – EFEI, com especialização em Engenharia de Qualidade na PUC PR, pós-graduação em Gestão de Pessoas no ISAD-PR, pós-graduação em Gestão Florestal na UFPR. Exerceu diversos cargos na sua carreira na Companhia Paranaense de Energia - COPEL. (1976 a 1999). Foi Assistente da Diretoria de Operação da COPEL (1997 a 1999). Gerente de Operação e Manutenção do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica Brasil – Argentina da Companhia de Interconexão Energética – CIEN (2000 a 2001), Consultor em Engenharia Especializada da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL (2001 a 2005), Diretor de Engenharia e Diretor de Operação da Dobrevê Energia S/A (2006 a 2011). Desde abril de 2011, é Diretor de Energia e Florestas da Ibema Companhia Brasileira de Papel. Nesta edição, Lourival falou com exclusividade para a revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL sobre as estratégias e ações de sustentabilidade da Ibema. A elaboração da entrevista contou com o apoio da Smartcom.

O tema sustentabilidade vem fazendo parte da pauta estratégica da maioria das empresas, como é o posicionamento estratégico da IBEMA em relação a esse tema? O negócio da empresa está diretamente relacionado à utilização dos recursos naturais para a produção de seu produto, por isso, a sustentabilidade ocupa um lugar de destaque no posicionamento estratégico da Ibema. Buscamos constantemente integrar a fábrica e a natureza que está ao seu redor com ações de preservação, reciclagem, educação ambiental, entre outras. Anualmente, a Ibema publica um balanço social e ambiental com as ações desenvolvidas no período e seus respectivos resultados. O material está, também, disponível no site www. ibema.com.br. 10

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Quais foram os principais projetos de sustentabilidade (social e ambiental) que a empresa tem desenvolvido? A empresa investe continuamente no desenvolvimento de melhorias de mudas, técnicas de plantio e manejo florestal, o que reflete diretamente na alta qualidade de nossos produtos. As florestas estão em constante monitoramento realizado por uma equipe altamente especializada, a fim de desenvolvê-las de forma homogênea e mantê-las longe do ataque de pragas. Para isso, a Ibema, em parceria com a Embrapa, realiza controle biológico de combate às pragas e doenças, esterilizando-as, o que evita a sua proliferação, bem como, desenvolvimento de novas espécieis florestais em áreas experimentais. Também na área ambiental, a Ibema promove ações


importantes, como o trabalho de conservação do bosque Josefat Potereiko – nome dado em homenagem a um antigo colaborador da Ibema – e campanhas de coleta de material reciclável. A empresa também atua expressivamente na área social, mantendo um centro comunitário que ajuda a desenvolver a região onde a empresa está inserida. A Vila Ibema, localizada no entorno da fábrica, oferece uma boa condição de vida aos colaborado-

res, familiares e população local. São cerca de 500 pessoas que moram em 130 casas com uma infraestrutura completa à disposição: luz, água em regime de comodato, creches e escolas municipal e estadual, um posto de saúde e comércios, como mercados, farmácias e lojas de roupas. O centro comunitário da Ibema, inaugurado em 2005, atua em quatro frentes sociais: ação social e voluntariado, capacitação profissional, educação ambiental, cultura e lazer. GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Entrevista

A Ibema é exemplo de como uma empresa pode ser competitiva sem agredir o meio ambiente. A indústria conta com uma área de florestas plantadas de mais de 3.900 hectares de Pinus, localizados entre os municípios de Guarapuava, Turvo e Pitanga, no Paraná. Como ocorre a sustentabilidade na cadeia produtiva da IBEMA? A organização respeita o ciclo sustentável que inicia no manejo consciente da floresta, passa pela produção certificada, pelas gráficas, pelo consumidor que recicla e retorna à floresta. A Ibema é exemplo de como uma empresa pode ser competitiva sem agredir o meio ambiente. A indústria conta com uma área de florestas plantadas de mais de 3.900 hectares de Pinus, localizados entre os municípios de Guarapuava, Turvo e Pitanga, no Paraná. A floresta abastece uma parte da produção própria de pasta mecânica que é complementada por outra parte da matéria-prima adquirida no mercado. Quais são os principais indicadores de sustentabilidade utilizados e acompanhados pela empresa? A Ibema é certificada pela ISO 9000 e pela FSC (Forest Stewardship Council) e seus produtos utilizam 100% de fibras virgens oriundas de florestas renováveis. A empresa divulgou recentemente que está fazendo parte do mercado livre de energia, como funciona esse mercado? O mercado livre de energia funciona quando as empresas são autoprodutoras e produzem energia além do que consomem e, então, comercializam o excedente. A Ibema produz energia a partir de duas Pequenas Centrais Hidrelétricas: a PCH Cachoeira, com capacidade instalada de 2,92 MW no Rio Cachoeira, e da PCH Boa Vista II, com capacidade instalada de

8,0 MW no Rio Marrecas, ambos no Paraná. Para entrar nesse mercado, a empresa adequou a sua rede de transmissão para a conexão ao Sistema de Distribuição da Copel, Companhia Paranaense de Energia Elétrica. De fevereiro até maio, o total de geração de energia nas duas PCHs foi de pouco mais de 23,7 mil MWh e o consumido pela fábrica e pela Vila Ibema durante o mesmo período foi de 17,8 mil MWh. Dessa maneira, sobraram 5,8 mil MWh, energia que a Ibema comercializou no mercado livre. Quais são as vantagens em atuar nesse tipo de mercado? A vantagem é capitalizar para investir em novos projetos também na área de energia renovável. A empresa classifica-se como autoprodutora, como ocorreu o processo de concessão e autorização junto à ANEEL? A Ibema desde o início de sua operação consumiu energia produzida em suas PCHs por meio de concessão da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL em sistema isolado. Em 2008, a ANEEL autorizou a Ibema a comercializar o excedente de energia e, em 2013, após as adequações necessárias, a Ibema iniciou o processo de comercialização do excedente. Considerando um atual cenário turbulento no setor de energia, que benefícios com a participação nesse tipo de mercado a IBEMA pode proporcionar para a sociedade? Apesar das turbulências do mercado de energia, os resultados têm sido positivos e, nos primeiros quatro meses, já amortizamos quase 40% dos investimentos realizados no projeto da subestação e adequações. A intenção é que até o final de 2013 todo o investimento feito para esse projeto seja amortizado. O benefício está em oferecer essa energia renovável excedente, que não estava disponivel ao mercado, bem como permitir a ampliação das PCHs e atingir o aproveitamento ótimo do potencial do rio. Que mensagem final gostaria de deixar para os leitores da revista Geração Sustentável? A otimização dos recursos renováveis da natureza é uma obrigação dos gestores das empresas sustentáveis.

A empresa investe continuamente no desenvolvimento de melhorias de mudas, técnicas de plantio e manejo florestal, o que reflete diretamente na alta qualidade de nossos produtos 12

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Sustentabilidade além da matériaprima Profissionais e empresas mostram como é possível produzir moda sustentável Bruna Robassa

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ocê já parou para pensar no impacto que o simples hábito diário de se vestir pode trazer ao meio ambiente e à sociedade? Essa até pode parecer uma pergunta sem resposta ou sem sentido para muitos, no entanto, quem tem o costume de andar na moda ou de adquirir peças com frequência, vale refletir sobre as consequências desse tipo de consumo, principalmente se não for consciente. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), o Brasil é o 5º maior produtor têxtil do mundo, tendo faturado apenas em 2012 US$ 56,7 bilhões, o que representa mais de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial brasileiro. São mais de 32 mil empresas que, juntas, produzem em média 9,8 bilhões de peças por ano. Apesar de serem números importantes para a economia do país, assim como outros segmentos industriais, esse é um setor que gera grande quantidade de resíduos. Apenas em São Paulo são cerca de 10 toneladas por mês. O correto descarte dos resíduos sólidos é essencial para o processo de reciclagem e para evitar diversos prejuízos ao meio ambiente e à população, como a poluição visual, do solo, do ar e do lençol freático, além de danos à saúde humana. O método de descarte utilizado pode fazer com que o material deixe de ser resíduo e passe a ser rejeito, quando não pode mais ser reaproveitado. Apesar da preocupação quanto a essa destinação ser antiga e recorrente, potencializada em diversos setores com a sanção da Lei nº 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os grandes focos do Governo e da mídia acabam sendo os resíduos de plásticos, vidros, papelão e dos produtos eletrônicos, como celulares. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), 6,7 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos tiveram destino impróprio no País em 2010, visto que cerca de 70% das cidades brasileiras descartam resíduos de forma incorreta, principalmente em lixões. Somente no caso dos eletrônicos, estima-se que cerca de 50 milhões de toneladas de resíduos são jogadas fora, todos os anos, pela população do mundo, apesar de haver possibilidade de reciclagem. Diante disso, apesar de não ser muito recorrente a abordagem dos resíduos da indústria têxtil e de vestuário, a produção de vestimentas e acessórios não pára de crescer, impulsionada especialmente pelas tendências da moda. Além

dos resíduos da confecção, há a questão do descarte do velho para adquirir o novo, e, com isso, aumenta também a preocupação com a reciclagem e reutilização desses produtos. Não apenas a matéria-prima e o processo produtivo utilizado na produção de vestuários e acessórios, mas a responsabilidade com os resíduos gerados e com a mão de obra empregada nesse mercado, assim como a consciência e a responsabilidade no ato de se vestir são algumas das atitudes consideradas importantes para a preservação dos recursos naturais e para a saúde do meio ambiente e da sociedade como um todo.

Vestir Consciente • Apesar de ainda estar longe do ideal, o cenário de produção e o consumo de vestuários e acessórios sustentáveis têm ganhado cada vez mais adeptos. Para Lia Spínola, diretora do Instituto Ecotece, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), cuja missão é gerar soluções criativas na moda que promovam o vestir consciente com o desenvolvimento de produtos sustentáveis e práticas educativas, o hábito de consumir roupas da moda ou de adquirir vestuários novos é natural do ser humano, no entanto é sempre importante se questionar antes de fazer uma compra – “Será que eu preciso disso mesmo?”, sugere Lia. “A roupa é um bem de consumo indispensável que pode gerar ativos sociais e ambientais. Vestir-se com roupas e acessórios sustentáveis é vestir-se de cidadania, é saber que é possível gerar uma mudança no mundo no ato da compra, na escolha do produto, nas roupas que usamos”, opina Lia.

“Ainda não existe uma consciência, de fato. São modelos de ações que as pessoas vão reproduzindo, muitas vezes sem saber a razão total de ser. Logo, isso pode variar de acordo com a cultura de cada empresa”, Keka Ribeiro,

consultora de moda sustentável

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A diretora do Ecotece sugere que há diversas maneiras de se vestir de forma sustentável que vão além da aquisição de produtos confeccionados com responsabilidade socioambiental. “Incentivamos muito o ‘Do it yourself’ (Faça você mesmo) em roupas que podem ganhar uma nova cara e com isso têm sua vida útil prolongada. Outra forma de ser sustentável é fazendo doações e organizando troca de roupas entre amigas e colegas”, sugere. Ainda segundo Lia, uma pesquisa da entidade Franklin Associates for the American Fiber aponta que 50% dos impactos ambientais das roupas são gerados durante a fase de uso do produto pelo consumidor, quando, lavam, passam, secam e descartam suas roupas. Por isso, também faz parte do hábito de vestir consciente estar atento para lavar somente as roupas que realmente necessitam ser lavadas e cuidar para que as roupas não amassem e tenham que ser novamente passadas.

“A roupa é um bem de consumo indispensável que pode gerar ativos sociais e ambientais. Vestir-se com roupas e acessórios sustentáveis é vestir-se de cidadania, é saber que é possível gerar uma mudança no mundo no ato da compra, na escolha do produto, nas roupas que usamos", Lia Spínola do Instituto Ecotece

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Mercado • Keka Ribeiro, docente em moda, designer e consultora de moda sustentável diz que o mercado de produção de roupas de forma sustentável é crescente, mas por enquanto evolui em ritmo lento. “Estamos vivendo um momento no qual economicamente é bastante delicado. Ao mesmo tempo em que reconhecemos a necessidade de ações mais sustentáveis, vemo-nos diante da realidade fast-fashion e da disputa com os importados chineses. Aos poucos as empresas vão se adaptando, o consumidor se conscientizando, mas tudo ainda está bem no princípio de um caminho”, analisa. O gerente de infraestrutura e capacitação tecnológica da ABIT, Sylvio Napoli, também afir-

ma que é crescente o mercado de produção de tecidos e roupas de forma sustentável, no entanto, diz que a grande preocupação é a aplicação do conceito de forma correta. A consultora Keka Ribeiro pensa da mesma forma e diz que apesar de ser um assunto bastante tratado na atualidade, práticas sustentáveis são pouco compreendidas em sua totalidade. “Ainda não existe uma consciência, de fato. São modelos de ações que as pessoas vão reproduzindo, muitas vezes sem saber a razão total de ser. Logo, isso pode variar de acordo com a cultura de cada empresa”, diz. Napoli ainda lembra que sustentabilidade não pode ser mera agente de propaganda. “É preciso afinar o discurso, não adianta só discursar sem entender do que se trata. Dessa forma, o resultado é nulo”, alerta. Entre as ações acompanhadas pela ABIT com o objetivo de orientar e padronizar ações nesse sentido está um programa de certificação de qualidade de roupas profissionais que pode ser estendido a todos os outros segmentos. Pelo programa, as indústrias interessadas seguem determinados preceitos e, com isso, obtêm um selo de certificação. A ABIT coordena as avaliações externas, no entanto, quem avalia os processos é uma certificadora acreditada pelo Instituto Nacional Metrologia Normalização Qualidade Indústria (Inmetro). O projeto teve início há cerca de seis anos e conta atualmente com cinco empresas participantes e mais 25 comprometidas. “Para que um processo seja considerado sustentável, é preciso levar em conta o respeito ao meio ambiente, a responsabilidade social, além da ética com os clientes e fornecedores e do respeito com a qualidade e com o setor produtivo”, diz.


“Já existem muitos programas de logística reversa em fase adiantada e propostas concretas, no entanto, é preciso haver um tratamento tributário especial para essas empresas”, Sylvio Napoli da ABIT

Ações • O tipo de ação desenvolvida depende do grau de maturidade da empresa. “Há empresas que têm processos definidos, mas ainda engatinham no aspecto inovação. Há outros casos em que a empresa tem no seu DNA a preocupação com o meio ambiente e a responsabilidade, mas não tem ideia de que está dando passos em relação à sustentabilidade”, analisa Napoli. Segundo avalia o diretor da ABIT, um dos grandes desafios rumo à sustentabilidade é a destinação de resíduos da indústria de vestuário. “Já existem muitos programas de logística reversa em fase adiantada e propostas concretas, no entanto, é preciso haver um tratamento tributário especial para essas empresas”, diz. Graças a atitudes louváveis, parte das sobras de algumas indústrias do setor já é destinada à produção de roupas ecologicamente corretas ou para confecção de outros acessórios e utensílios. Segundo conta a consultora em moda sustentável, Keka Ribeiro, a confecção de camisas e jeans Dudalina tem realizado um trabalho bastante interessante e até inspirador. “Apesar de seu principal insumo ser o algodão convencional, ou seja, não orgânico, a empresa tem repassado os retalhos de sua linha de produção para comunidades orientadas, que produzem belíssimos trabalhos de sacolas em patchwork, que são consumidos pela própria camisaria”, conta. Além disso, a empresa está montando um programa de reciclagem, no qual todo tipo de papel utilizado na fábrica, no escritório e nas lojas, será reutilizado na produção de materiais gráficos da própria empresa. Alguns produtos até já

calculam a emissão de CO2, o que é uma revolução. Outras grandes marcas como C&A, Adidas, Hering, entre tantas outras empresas mais, ou menos conhecidas, também realizam ações já Outro projeto de destaque nessa linha de ação, segundo a ABIT, é o “Retalho Fashion”. Lançado em 2012 pelo Sinditêxtil-SP, com o intuito de gerenciar os resíduos têxteis das confecções dos bairros do Bom Retiro e do Brás, em São Paulo (SP), a ideia é capacitar pessoas para a coleta e seleção do material com geração de emprego e renda, além de deixar de importar trapos que têmem sido jogados no lixo.

Preocupação • Roberto Chadad, presidente da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), afirma que a preocupação com sustentabilidade na indústria já existe há mais de 20 anos, no entanto, ainda falta educação e conhecimento. Ele reconhece que já existem algumas iniciativas das próprias indústrias ou de sindicatos regionais com foco na reciclagem, em que os resíduos industriais são destinados para flanelinhas ou para serem usados como pano de chão. “Ressalto que ainda falta uma coordenação das ações, e que as iniciativas são isoladas”, conta.

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Segundo informações da Abravest, em todo o Brasil são 25 mil indústrias de vestuário registradas e mais de 1,4 milhões de costureiras atuantes. Ainda de acordo com a entidade, 80% da matéria-prima utilizada na produção de vestimentas é algodão, e os 20% restantes englobam quase 10 outros tipos de materiais. De acordo com Chadad, o algodão é a matéria-prima menos prejudicial ao meio ambiente, já que pode ser facilmente reutilizado, podendo até virar novamente algodão depois de utilizado. Por outro lado, o pior resíduo é chamado de Rami – uma fibra dura e prejudicial ao meio ambiente. “Esse material, assim como os tecidos sintéticos e os feitos à base de petróleo ainda são muito utilizados porque aceitam outros componentes e porque possuem cor mais viva, no entanto, por seus resíduos serem muito prejudiciais, deveriam ser excluídos da linha de produção”, alerta.

“O nosso público é uma mulher de alma jovem que gosta de se vestir de forma diferenciada e exclusiva e que dá valor ao conceito envolvido em uma peça de roupas", Hieda Oviar da marca Irmãs Green

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Santa Catarina • Ainda segundo o presidente da Abravest, o estado de Santa Catarina é um dos maiores produtores de vestuário do Brasil e também a localidade que conta com ações sociais e ambientalmente conscientes mais evoluídas, como é o caso da Malwee, uma das principais indústrias do vestuário do Brasil, e da empresa de confecção surfwear Oceano. Há mais de quatro décadas em funcionamento, a preocupação da Malwee com a sustentabilidadejá está incorporada ao seu DNA. Entre as

ações de destaque está a utilização do fio feito de garrafa de PET em várias peças, o que já possibilitou a retirada de mais de 3,5 milhões de garrafas do meio ambiente, assim como a lavação com o uso de ozônio em peças jeans, que dispensa totalmente o uso da água. A gestão da água é outro diferencialda empresa, que busca minimizar o consumo do recurso em seus processos produtivos. Entre os produtos de destaque em responsabilidade socioambiental está a Malha Sustentável, que é produzida com uma mistura de resíduos de malha, algodão e poliéster de garrafas de PET recicladas, além da meia-malha Brasil, composta pela Fibra Brasil, oriunda do reaproveitamento de fibras de bananeira. De acordo com informações da empresa, a principal geração de resíduos da indústria do vestuário vem do setor de corte, onde as peças são dimensionadas e cortadas de forma a atender os padrões ditados pela moda. Nesse setor, em especial, a Malwee conta com um sistema totalmente informatizado, que busca otimizar o uso dos tecidos, gerando o menor resíduo possível. De qualquer forma, o resíduo gerado nesse setor é reaproveitado como matéria-prima para outras empresas, que podem produzir fios ou dar outros destinos a esse material. Para resíduos que não são reaproveitados, a empresa construiu um aterro industrial próprio, devidamente licenciado nos órgãos ambientais.


Na onda da sustentabilidade • A paixão pelo mar e pelo surf faz parte das origens da confecção de vestuários e acessórios Oceano Surfwear, empresa de Santa Catarina fundada há mais de 30 anos. Affonso Eggert Junior, diretor-presidente da marca, conta que sempre teve a preocupação em adotar ações com o objetivo de produzir vestuário se acessórios da forma mais sustentável possível. Os produtos de vestuário da Oceano têm em sua matéria-prima alguns componentes reciclados, como é o caso da malha RECICLE, que tem 50% de sua composição feita com fios da reciclagem de garrafas de PET. Também há grande responsabilidade nos processos de estamparia, no qual é reciclada a água usada para lavar os quadros, assim como no processo de sublimação. “A tinta sublimática é à base de água, não gera resíduos em grandes quantidades e o papel do processo é praticamente todo reaproveitado para usar nas impressoras normais e nos blocos de anotações”, conta Eggert Junior. A empresa também separa os resíduos industriais, além de latas, papéis em geral, retalhos de tecidos, malhas, plásticos e os vende ou doa a pessoas que reutilizam esses materiais. Alguns resíduos, como no caso da malha, já são reaproveitados para fabricação de uma nova malha com misturas de fio desfibrado, com fio de algodão cru e poliéster de garrafa de PET. “Temos uma malha com o nome de ECO RETURN utilizada em nossa nova coleção que tem essa composição e também temos fornecedores de Jaraguá do Sul que nos fornece a malha INFYNITE, que tem a mesma composição”, conta o empresário. Além do processo • E a Oceano também vai além da preocupação com a matéria-prima e com os processos produtivos responsáveis. Um dos principais lemas da marca é manter o oceano azul, o que é disseminado por meio de uma forte campanha. Mais conhecida por “Keepthe Ocean Blue”, a iniciativa tem o objetivo de promover ações para coleta de lixo nas praias, além de orientações sobre preservação da natureza. A empresa também se preocupa com a sustentabilidade econômica e por isso bonifica os colaboradores pelo Programa de Participação de Resultados (PPR). “Tudo isso, é claro, em um ambiente com muito amor, união e justiça. É o que buscamos sempre no dia a dia de trabalho, trabalhar numa comunidade, onde existe felicidade, trabalho com se fosse diversão”, destaca.

Passos para um Vestir + Consciente 1- Identificar aspectos do consumismo - Estar alerta para não agir pautado pelos estímulos da mídia e não comprar por compulsão. Identificar um desejo e necessidades verdadeiras. 2- Sempre que possível, optar por comprar roupas feitas com ativos ambientais e princípios do comércio ético e solidário. 3- Comprar produtos locais. O que é feito localmente é relevante globalmente. 4- Estar atento para lavar as roupas que realmente necessitam ser lavadas. 5- Cuidar para que as roupas não amassem e tenham que ser novamente passadas. 6- Valorizar o que é feito à mão. 7- Promover eventos de trocas de roupas. 8- Prolongar a vida das roupas – usar a criatividade e técnicas do retecer. Fonte: Instituto Ecotece

Paraná • Inspirada em cores, formas e desenhos de flores e folhagens naturais, a marca Irmãs Green, da estilista e diretora criativa paranaense Hieda Oviar, nasceu em 2010 após uma ampla pesquisa sobre o nicho da moda sustentável. “Fomos esboçando a identidade da marca que foi sendo revelada a partir do ‘insight’ que tivemos do nome, uma referência aos irmãos Grimm, escritores de fábulas que reforçam o humanismo, confiança e a esperança na vida. Esses conceitos presentes nas fábulas retratam muito a sustentabilidade presente na marca”, conta Hieda. A estilista conta que trabalhar com moda sustentável foi de certa forma um resgate da essência do seu estilo de vida na infância e juventude, já que foi criada em cidades pequenas e vivia perto do campo e da natureza.“Sinto-me realizada ao passar uma mensagem mais humanitária e coletiva de mundo por meio das roupas que crio”, relata. Todas as matérias-primas utilizadas na confecção são sustentáveis e/ou favorecem a redução de resíduos. Alguns exemplos são os tecidos e malhas recicladas mescladas ao poliéster da PET, tecidos e malhas orgânicas, tecidos naturais, como o linho e o bambu, couro ecológico e o jeans reciclado com poliéster da PET.

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“A tinta sublimática é à base de água, não gera resíduos em grandes quantidades e o papel do processo é praticamente todo reaproveitado para usar nas impressoras normais e nos blocos de anotações", Affonso Eggert Junior da Oceano Surfwear

Além desses tecidos fabricados na indústria têxtil brasileira, a Irmãs Green utiliza também off-cortes (resíduos têxteis) de tecidos e malhas reaproveitadas de coleções anteriores e também compra esses off-cortes de micro empresas familiares na região de Curitiba. “O processo criativo e de pré-produção é executado em nosso ateliê, onde posteriormente é encaminhado para ser confeccionado por facções de costura parceiras de nossa empresa. Todo esse processo é pensado para uma redução de impactos e a mão de obra que produzirá a coleção também é levada em conta, visando um comércio justo e as condições satisfatórias de trabalho envolvendo todos os fornecedores da cadeia de produção”, explica Hieda. Segundo a estilista, o interesse do público por um produto mais ético vem crescendo gradativamente, e tem sido bem aceito, pois além da estética da roupa, as clientes têm se interessado também pelo conceito do produto e procuram saber a procedência das matérias-primas presentes nas coleções. “O nosso público é uma mulher de alma jovem que gosta de se vestir de forma diferenciada e exclusiva e que dá valor ao conceito envolvido em uma peça de roupa”, conta.

Desafios • Apesar de ser um mercado crescente, Hieda acredita que existem três grandes desafios a serem superados. O primeiro é a quebra do paradigma consumista "fast-fashion" que ficou enraizado na moda, em que a indústria lança novas tendências muito rapidamente e incentiva o consumidor a comprar mais do que o necessário. O segundo é aliar o crescimento ao consumo sustentável. O terceiro é a concorrência com os produtos importados que possuem baixos custos devido à mão de obra e matérias-primas mais baratas e a fabricação em larga escala. “Esse último é um desafio da indústria de moda brasileira em geral e não só da moda sustentável. Para uma microempresa como a Irmãs Green, esses desafios são ainda maiores, mas 20

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continuamos acreditando em um produto mais ético e diferenciado e as pessoas têm se identificado com a nossa proposta, o que nos leva a concluir que estamos no caminho certo”, avalia. Para a consultora em moda sustentável Keka Ribeiro, a criação de uma nova cultura, de consciência verdadeira, é o grande desafio. “Ainda estamos no processo onde repetimos ações ideais, mas a consciência mesmo, ou seja, a inteligência essencial pela sustentabilidade ainda não existe. Quando nossa sociedade estiver culturalmente educada por pensamentos sustentáveis, as ações serão naturais, contínuas e engajadas, não será mais uma questão de escolha, mas escolhas naturais”, reflete.

Presente e futuro • Apesar dos desafios para que se alcance o cenário ideal na produção de vestuários de forma sustentável, já e possível notar um novo estilo de vida sendo adotado pelas indústrias, profissionais e pelas pessoas. A valorização de produtos que reduzem ou eliminam a agressão ao meio ambiente está cada vez mais notável nos hábitos de consumo das pessoas e com a moda não é diferente. Segundo sugere a estilista Hieda, é importante que as pessoas procurem saber a procedência dos produtos que estão vestindo, a começar por perguntar a si mesmo questões simples e relevantes. A empresa que fabricou a roupa polui o meioambiente? O tecido foi fabricado visando à redução de resíduos? A mão deobra que a confeccionou foi explorada? “Ao conhecerem mais profundamente o que estão levando para a casa, as pessoas vão conseguir quebrar as barreiras que as impediam de vestir com mais consciência, afinal somos o que vestimos não só esteticamente, a moda sustentável nos trouxe além da estética o conceito de ética para a roupa. A sustentabilidade quer trazer um futuro melhor para as novas gerações e isso traz benefícios pessoais e também coletivos para quem opta por esse tipo de produto”, finaliza.


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Visão Sustentável

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Gesso reciclado vira fertilizante para agricultura Tecnologia patenteada por empresa paranaense garante destinação correta do resíduo da construção civil Bruna Robassa

E

m vez de prejudicar o meio ambiente com a contaminação dos solos e dos lençóis freáticos, algo que é causado quando há o despejo dos resíduos de gesso em aterros, esses detritos da construção civil podem ser utilizados para deixar as terras mais férteis e saudáveis. A transformação do gesso em fertilizante só é possível devido à tecnologia e logística utilizada por duas empresas paranaenses preocupadas com a destinação ambientalmente correta do rejeito. Motivados pela modificação na legislação e movidos pela oportunidade, esses profissionais buscaram conhecimento para reaproveitar o que antes era descartado. Originário das regiões Norte e Nordeste, o gesso é um mineral que vem sendo cada vez mais utilizado no rebaixamento de tetos, em forros, sancas, molduras ou na composição de divisórias drywall (gesso acartonado). Dados da Associação Brasileira do Drywall apontam que a utilização desse sistema no mercado brasileiro continua crescendo acima dos índices de expansão da construção civil. No período de janeiro a março de 2013, em comparação com o mesmo período de 2012, foi registrada alta de 13,5% no consumo de chapas de drywall, principal indicador de desempenho do segmento, somando 10,4 milhões de m2.

“A lei deve ser cumprida, a sociedade não mais tolera desmandos com a natureza, as empresas devem ter responsabilidade socioambiental. Quanto mais reciclamos esse material menos retiramos matériaprima da natureza. Os recursos naturais são finitos", Odair Sanches da OK Ambiental

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Visão Sustentável

As regiões Sul e Sudeste concentram o maior volume de consumo do sistema drywall, respondendo por

80 24

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%

Graças à resolução nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, desde 2011 o gesso faz parte da classe B de resíduos e por isso sua reciclagem é obrigatória. Tal resolução foi na mesma direção da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Principal impactado pela mudança, o setor da construção civil, ainda está se adaptando às novas normas. Pela logística reversa, o rejeito de gesso (pedra de gipsita) do Norte e Nordeste deveria retornar para o local onde foi extraído, mas essa é uma opção inviável, visto que o valor do frete para percorrer os cerca de três mil quilômetros, a partir da capital paranaense, não é viável. Mais um motivo que fortalece a necessidade de reciclagem. Mas, afinal, quem é o responsável pela correta destinação do resíduo? Segundo a PNRS, todos os envolvidos na cadeia. O gerador, o construtor, o consumidor, todos têm a sua parcela de participação, o que é chamado de responsabilidade solidária ou corresponsabilidade. Apesar da obrigatoriedade, a falta de informação, conscientização e fiscalização ainda permite que 90% dos resíduos de gesso gerados na construção civil sejam destinados para aterros clandestinos ou industriais. O descarte incorreto traz sérios problemas ambientais, como contaminação do solo e dos lençóis freáticos.


Responsabilidade • No Município de Curitiba, desde 2004, para que obras sejam aprovadas pela Prefeitura e pela Secretaria do Meio Ambiente, obtendo assim o Certificado de Vistoria e Conclusão de Obra (CVCO), antigo “Habite-se”, o construtor precisa apresentar uma série de documentos, entre eles um plano que comprove a destinação correta dos resíduos gerados no empreendimento. “Algumas grandes construtoras já estão adaptadas, mas ainda recebemos apenas 10% de todo o material gerado em Curitiba e Região Metropolitana”, explica Odair Sanches, advogado, engenheiro agrônomo e um dos sócios da OK Ambiental, que, junto a uma empresa parceira, recebe, separa e recicla o gesso proveniente das construções e reformas. A empresa está em funcionamento há pouco mais de seis meses. Em sua sede, recebe por mês cerca de 100 toneladas de gesso e destina para a transformação em fertilizante. “Estamos amparados legal e tecnicamente para esse tipo de reciclagem. O gesso é recebido em uma Área de Transbordo e Triagem (ATT), onde passa por um processo de separação/limpeza/preparação e adequação para só depois ser encaminhado para a reciclagem que é feita pela Caliça Engenharia Ambiental. A capacidade de operação das empre-

sas é de 2 mil toneladas por mês”. “A lei deve ser cumprida, a sociedade não mais tolera desmandos com a natureza, as empresas devem ter responsabilidade socioambiental. Quanto mais reciclamos esse material menos retiramos matéria-prima da natureza. Os recursos naturais são finitos”, lembra Sanches.

Tecnologia • O engenheiro e diretor comercial da Caliça, Fauáz Abdul-Hak, buscou inspiração na Europa, onde, segundo ele, já existe grande preocupação na reciclagem desse minério. Lá o material reciclado é novamente incorporado ao gesso puro. A empresa é única detentora dessa tecnologia patenteada no Brasil, que pode transformar em fertilizante tanto o gesso puro como o drywall. O importante é que quando o material entra nas máquinas para a transformação ele esteja livre de outros resíduos de obra, trabalho que é realizado na ATT da OK Ambiental. “Quando o resto de gesso sai da obra, ele é um resíduo, após a reciclagem torna-se novamente um minério, o sulfato de cálcio, que, por conter cálcio e enxofre em sua composição, é a matéria-prima ideal para produção de fertilizante”, explica. O produto final já é regularmente comercializado e tem autorização do Ministério da Agricultura e certificação internacional.

“Quando o resto de gesso sai da obra, ele é um resíduo, após a reciclagem tornase novamente um minério, o sulfato de cálcio, que, por conter cálcio e enxofre em sua composição, é a matéria-prima ideal para produção de fertilizante", Fauáz Abdul-Hakda da Caliça Engenharia Ambiental

100 toneladas de gesso ao mês já são recicladas em Curitiba

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Visão Sustentável

Cerca de 3% das placas de drywall e 20% a 25% das placas de gesso destinados a rebaixamentos de teto e sancas, viram rejeitos Além de fertilizante, o pó originado da reciclagem poderia voltar a ser gesso, mas o custo por enquanto não compensa.

“A mudança de mentalidade e de atitude infelizmente só vai acontecer se as autoridades fizerem a parte delas e se os construtores tiverem consciência", Theodoro Lipinski Neto da OK Ambiental

Descarte ilegal • Segundo explica Theodoro Lipinski Neto, também diretor da OK Ambiental, para que um construtor possa descartar o gesso na ATT é preciso que tenha todas as licenças ambientais exigidas pela prefeitura para realização da obra ou reforma. “É feito um contrato para descarte, e com isso os resíduos deixam de ser enviados para aterros”, ressalta. Para Abdul-Hak, o custo dessa operação não deve ser visto como um empecilho, já que o descarte incorreto gera custos e torna a obra e o profissional ilegais. “Além de contaminar o solo e os lençóis freáticos, o descarte em aterros clandestinos incentiva a invasão e gera um ciclo vicioso prejudicial para toda a sociedade”, destaca. Segundo ele, o construtor já paga e paga mal pelo destino incorreto. O gesso absorve muita água e, por isso, quando descartado incorretamente se acumula em córregos e traz graves consequências. Na reciclagem, o resíduo de gesso pode ser 100% apro-

veitado, e o resultado é mais barato que o gesso virgem, podendo ser utilizado praticamente da mesma forma.

Consciência • A consciência ainda na obra, com a separação dos resíduos tanto por parte do gesseiro quanto do instalador de drywall, facilita e otimiza a reciclagem, já que o custo para descarte do material limpo é mais baixo, do que quando o gesso vem misturado com outros resíduos de obras. “Além de deixar de prejudicar o meio ambiente e de preservar os recursos naturais, que são finitos, quem faz a destinação correta do gesso ainda está gerando valor agregado para o produto que se transforma em fertilizante”, ressalta Sanches. Certificação • Ao ser enviado para a OK Ambiental, o construtor recebe a documentação necessária para a comprovação correta de destinação do resíduo. “O Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR) é chancelado, recebe um selo antifraude e o Certificado de Recepção de Resíduos (CRR). Posteriormente, a Caliça Engenharia Ambiental emite um Laudo de Destinação. Fecha-se, assim, o ciclo de sustentabilidade”. explica Sanches. Tecnologia móvel • O aparelho utilizado para reciclar o gesso é móvel. “Nós temos o resíduo e temos a tecnologia para transformá-lo novamente em matéria-prima. O que falta é cumprir a legislação. A mudança de mentalidade e de atitude infelizmente só vai acontecer se as autoridades fizerem a parte delas e se os construtores tiverem consciência. Quem for esperto. vai sair à frente”, orienta Lipinski.

Os idealizadores do processo de reciclagem mostram resíduos de gesso antes da transformação 26

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL


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O sonho acabou?

H Uma nação é construída com muito mais ações do que palavras

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

á pouco tempo escrevi um artigo para esta mesma coluna com o título Brasil: emergente para sempre? O artigo fazia referência ao editorial da Revista The Economist, publicado em 12.11.2009, no qual o Brasil foi elogiado de maneira efusiva pela condução da política econômica durante o Governo “Lula” e, na sequência, pelo Governo Dilma. O mesmo editorial afirmava que o maior risco para o grande sucesso da América Latina era a prepotência dos seus governantes, empolgados com o crescimento econômico, mesmo sem atentar para as bases do desenvolvimento. Trata-se de uma política bem mais populista e protecionista do que econômica, diziam os autores. Em 2011, dois anos depois, o mesmo editorial colocou em xeque o crescimento sustentado dos quatro países do BRIC ao compará-lo com o de países como Cingapura, Malásia, Coreia do Sul, Taiwan e Hong Kong, os únicos que conseguiram sustentar bons índices por quatro décadas seguidas. Na edição de julho, novamente, dois anos depois, a capa da revista britânica traz uma avaliação negativa sobre a economia no bloco dos chamados BRIC, composto por Brasil, Rússia, Índia e China. A revista mostra uma ilustração com atletas dos quatro países afundando na lama e o lamentável título “A grande desaceleração”, em que o Brasil aparece como o mais afundado. Segundo o editorial, publicado na edição de 26.07.2013, após uma década de forte crescimento, durante a qual os países emergentes ajudaram a impulsionar a economia mundial e a segurar os efeitos da crise econômica, eles dão os primeiros sinais de que a recuperação pode estar perdendo o fôlego. A China terá sorte se conseguir gerenciar a economia para alcançar uma taxa de crescimento em torno de 7,5%. Na Índia, com 5%, e no Brasil e na Rússia, ambos com 2,5%, o

crescimento não representa metade do que foi alcançado durante o boom da economia antes da crise instalada a partir de 2008. A grande desaceleração dos BRIC representa o fim do sonho de posicionamento dos países emergentes no Primeiro Mundo? Seremos emergentes para sempre! Segundo a The Economist, sem uma recuperação econômica mais forte na América, principalmente, nos Estados Unidos, e no Japão, aliada a uma renovação na Zona do Euro, o crescimento da economia mundial não deverá ultrapassar a 3%. Dessa forma, as coisas tendem a caminhar vagarosamente. Em relação ao Brasil, há um longo caminho pela frente. Torço para que o país não tenha perdido o bonde da história. Não se trata de exaltar os problemas, mas de fazer uma profunda reflexão a respeito do que precisamos e do tipo de governantes que devemos eleger para conduzir o futuro do país. É inegável o fato de que a economia do país acelerou nos últimos dez anos com a estabilização da moeda, exportação das commodities e o crescimento do consumo interno incentivado pelo impulso ao crédito. Contudo, indiferente ao primeiro alerta da revista em 2009, o Governo se descuidou das bases do desenvolvimento. Infelizmente, a inflação cada vez mais presente no cotidiano do país, combinada com a desaceleração do crescimento e a visível ausência da infraestrutura, demonstra que o fôlego da expansão é bem mais lento do que a gente pensava. Por fim, em vez de críticas e depoimentos exaltados contra o editorial da revista, como aconteceu nas duas edições anteriores, está mais do que na hora de os governantes olharem para o próprio umbigo e lembrarem-se de que uma nação é construída com muito mais ações do que palavras. Quando o corporativismo predomina, o sonho da maioria termina.



Responsabilidade Social

c o r p o r a t i v a

Educando na sustentabilidade Instituições de ensino superior do Paraná são destaque na preparação de universitários e profissionais para os desafios do mercado de trabalho Bruna Robassa

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inimizar os impactos ambientais, comprar matérias-primas, produzir e distribuir de forma sustentável, ter capacidade de liderança e de superar desafios, inovar e trazer soluções rápidas aos problemas são apenas algumas das aptidões exigidas dos profissionais que almejam posições de destaque no mercado de trabalho. Para isso, é essencial que contem com uma educação alinhada a essas novas tendências. No Paraná e, em especial pelo Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), da Federação das Indústrias do Estado do Paraná

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

(FIEP), busca-se desenvolver projetos que envolvam o setor empresarial, a sociedade civil e organismos de governo com o objetivo de promover a educação em suas diversas frentes em prol da sustentabilidade. Com o objetivo de sensibilizar as instituições a respeito da sustentabilidade nas estratégias de ensino, foi criado Movimento Paraná Educando na Sustentabilidade que nasceu como resultado de toda uma reflexão que teve início a partir de 2006 quando foi criado o Núcleo das Instituições de Ensino Superior pelo CPCE. “Entre os objetivos do Movimento está a necessidade de ampliar as


“Sabemos que esse é um processo lento e gradual e que não depende apenas das IES. Elas são formadas de pessoas, que têm uma cultura e que atuam em empresas, em indústrias, em comunidades cuja cultura é ainda pouco sustentável", Nilson Izaias Pegorini, coordenador do Núcleo das Instituições de Ensino Superior no CPCE

Faculdade Maringá

discussões e práticas sobre o tema da sustentabilidade nas suas diferentes dimensões, levar as instituições de ensino a serem signatárias do Pacto Global e ou dos Princípios para a Educação em Gestão Responsável (PRME) e engajar seu corpo docente, discente e funcionários em tais metas, valores e princípios”, resume o professor Nilson Izaias Pegorini, coordenador do Núcleo das Instituições de Ensino Superior no CPCE. Para embasar o movimento, estão sendo seguidos os Princípios para a Educação em Gestão Responsável (PRME na definição em inglês), braço do Pacto Global específico para instituições de

ensino superior incluírem a sustentabilidade no plano pedagógico, preparando, assim, os universitários para o mercado de trabalho em empresas que exigem esse pensamento diferenciado. “Ou seja, o Movimento está em sinergia com os princípios, a partir do momento em que possui um propósito claro com relação à sustentabilidade, facilita o diálogo, estimula as parcerias, engaja-se com a promoção de pesquisas, estabelece um método para a promoção do desenvolvimento sustentável e inspira a adoção de novos valores”, explica Pegorini.

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Responsabilidade Social

c o r p o r a t i v a

"Segundo, aderir às iniciativas da ONU possibilita a uma instituição de ensino superior um diferencial competitivo devido ao reconhecimento no mercado que considera a sustentabilidade um valor inexorável na formação de gestores", Claudio Marlus Skora da Unibrasil

Força do Paraná • A rede brasileira do PRME conta com 20 instituições signatárias, das quais 11 são instituições de ensino do Paraná. ”Isso demonstra o compromisso regional com a construção de um futuro mais bem lastreado nos valores e princípios da sustentabilidade”, diz Norman de Paula Arruda Filho, presidente do ISAE/FGV, membro da diretoria do Comitê Brasileiro do Pacto Global, um dos mobilizadores dos Princípios para Educação Empresarial Responsável da ONU no Brasil, e professor do Mestrado Profissional em Governança e Sustentabilidade do ISAE. O PRME é um conjunto de diretrizes para instituições que compartilham da visão sobre a importância de desenvolver líderes responsáveis. “Assim, cada Instituição desenvolve seu plano de implantação, de acordo com a sua estrutura, cultura e realidade. E isso é extremamente positivo, uma vez que, dessa forma, contamos com um leque enorme de boas práticas voltadas para a sustentabilidade corporativa tendo a educação como um vetor dentro desse cenário”, diz o presidente do ISAE/FGV, instituição que é signatária do PRME desde seu início em 2007. “O PRME é um dos protocolos que, por meio

de seus princípios e de seus mecanismos de articulação entre as instituições signatárias inspiram e impulsionam o Movimento. Diríamos que o PRME, e com ele a Carta da Terra, são como a espiritualidade, a mística ou a base de valores, de ideias e princípios que mantêm e nutre o Movimento Paraná Educando na Sustentabilidade”, ressalta Pegorini. Diferenciais • Instituições de Ensino Superior signatárias desse movimento têm como motivadores a inquietação e a insatisfação. Mesmo estando ainda presas e dependentes de um modelo de pensar, de produzir e viver pouco sustentável, estão abertas e dispostas a um novo horizonte, a um novo paradigma. Reconhecimento no mercado, que cada vez mais vai se alinhando aos princípios e valores que estão sendo construídos globalmente, a articulação e o diálogo com uma rede de instituições que perseguem os mesmos valores e princípios, o reconhecimento da comunidade por estar contribuindo na construção de um mundo mais justo e sustentável estão entre vantagens ou diferenciais de uma instituição signatária ao PRME. “Profissionais formados com base nesses valores

“Adotou-se a postura de trabalhar todas as ações de acordo com a proposta da educação para sustentabilidade orientada e postulada pelo PRME", Charlanne Kelly Piovezan da Faculdade Maringá

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL


e princípios estarão mais aptos à inovação e de se alinharem ao mercado global em transformação”, destaca Pegorini. Para Arruda Filho, os grandes benefícios da adesão ao PRME são a possibilidade de agregar mais valor aos produtos da organização, melhorar a reputação institucional, atrair melhores parcerias e oportunidades de negócio, assegurar a competitividade e sobrevivência em longo prazo, ter acesso à rede internacional, eventos, pesquisas e estudos sobre o tema, e o relacionamento com uma rede global de instituições que possuem experiências e informações valiosas para serem trocadas.

Capacitação

“Meu sonho é que pessoas e instituições compreendam a abrangência do que vem a ser esse tipo de educação a tal ponto que se torne algo tão incorporado que não precise constar como uma diretriz curricular”, Mari Regina Anastácio da PUC-PR

Para educar o aluno é preciso que o professor esteja capacitado, por isso o Movimento já realizou cursos de capacitação e teve a aula inaugural com Leonardo Boff e com a participação do Presidente do CPCE, Victor Barbosa. A professora Mari Regina Anastácio, coordenadora do Núcleo de Projetos Comunitários da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) foi coordenadora pedagógica da proposta, onde constavam os princípios fundamentais daquilo que ela acredita ser uma efetiva educação voltada à sustentabilidade. Segundo ela, deveria ser um dever das instituições educacionais estarem preocupadas com o tema e direcionarem suas reflexões a ações nesse sentido, uma vez que elas estão formando as mentes e os corações que guiarão o nosso futuro. “Não é novidade que estamos vivendo, na condição de espécie, a maior crise da nossa história. E esse tema não pode estar fora do cenário educacional. Todavia, ressalto que em grande parte, as próprias instituições educacionais não têm clareza do seu significado efetivo e conse-

quentemente de sua amplitude”, reflete. A professora entende que sustentabilidade vai além dos aspectos sociais, ambientais e econômicos. “Envolve aspectos culturais, éticos e por que não dizer espiritualidade, entre outros. Além do que não é possível trabalhar educação na sustentabilidade sem trabalhar educação integral. Meu sonho é que pessoas e instituições compreendam a abrangência do que vem a ser esse tipo de educação a tal ponto que se torne algo tão incorporado que não precise constar como uma diretriz curricular explícita”, diz.

União de esforços • Sob o ponto de

vista dos princípios do Pacto Global, as instituições signatárias ao PRME deixam de ser concorrentes para serem parceiras no mesmo objetivo. É o que pensa Arruda Filho. “Nesse momento, deixamos de ser concorrentes e nos tornamos uma rede em prol do mesmo objetivo. Prova disso são os constantes encontros para troca de ideias e experiências sobre conquistas e dificuldades na sensibilização diária de estudantes e professores, que realizamos com instituições muitas vezes consideradas nossas concorrentes diretas”, defende.

Cases • Como forma de reunir as melhores iniciativas educacionais voltadas para a promoção da sustentabilidade,o PRME lança a cada dois anos o “PRME Inspirational Guide”. Os cases publicados no documento são selecionados entre as melhores práticas da rede global de signatários do PRME. A primeira versão do guia foi lançado na Rio+20. Considerado um dos cases de sucesso do PRME e percussores também do Movimento, a UniBrasil conseguiu engajar os alunos sobre a GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Responsabilidade Social

c o r p o r a t i v a

“Nesse momento, deixamos de ser concorrentes e nos tornamos uma rede em prol do mesmo objetivo.”, Norman de Paula Arruda Filho, presidente do ISAE/FG

importância do programa. Mais de 25 trabalhos de conclusão de curso, envolvendo cerca de 100 alunos foram realizados tendo a sustentabilidade como elemento basilar da pesquisa. Questionado sobre a instituição ser referência no projeto, o professor coordenador do curso de Economia, Claudio MarlusSkora,citou a resposta dada por uma aluna quando submetida à mesma questão: “Por que a UniBrasil buscou a adesão aos princípios junto à ONU após comprovar que eles foram internalizados por nossos professores e alunos. Não é marketing professor, é atitude”. Segundo Skora, aderir às iniciativas da ONU possibilita a uma instituição de ensino superior um diferencial competitivo devido ao reconhecimento no mercado que considera a sustentabilidade um valor inexorável na formação de gestores. “Ainda, há troca de experiências por meio do contato com a rede global que trabalha a educação voltada para a sustentabilidade corporativa e, o objetivo maior, o legado na construção de um futuro suportado por bases mais sustentáveis”, diz. A Unibrasil participa do Movimento Paraná Educando na Sustentabilidade desde 2009, quando puderam conhecer os princípios do PRME, que foram incorporados às ações que eram desenvolvidas desde 2007. Como forma de aplicar o conhecimento na matriz curricular, a instituição passou a incorporar as disciplinas de Responsabilidade Social, Sustentabilidade e de Governança Corporativa. “Após, nas demais disciplinas, os docentes passaram a abordar a sustentabilidade como uma preocupação cotidiana dos gestores. Em marketing, aborda-se o marketing verde; em Recursos Humanos discute-se a diversidade no ambiente de trabalho; em Administração da Produção enfoca-se na logística reversa, para citar alguns exemplos”, conta o coordenador. Cada instituição pode aplicar os critérios do PRME de acordo com sua forma de gestão e realidade. “Sabemos que esse é um processo lento e gradual e que não depende apenas das IES. Elas são formadas de pessoas, que têm uma cultura e que atuam em empresas, em indústrias, em comunidades cuja cultura é ainda pouco sustentável. A mudança será fruto da implementação de projetos maiores com impactos também maiores e será fruto também das pequenas mudanças de atitude das pessoas em níveis individual, familiar, comunitário e coletivo”, explica Pegorini.

Aproximação com a indústria • A aproximação das universidades com a indústria é uma

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

das maneiras para que os universitários estejam preparados para os desafios que estão sendo propostos. As experiências proporcionadas pelo setor são capazes de contribuir com a formação do profissional. Isso pode ser constatado pelas ações implantadas pelo ISAE/FGV, também case de sucesso, e que traduz o PRME por meio do seu programa educacional “Perspectivação”, no qual os alunos têm a oportunidade de vivenciar a realidade de grandes empresas. “Um dos diferenciais do Perspectivação é que, além de colocar o aluno em contato com as tendências do mercado, ele estimula o desenvolvimento de valores sustentáveis nos alunos. É uma oportunidade de desenvolvimento das capacidades de líderes em busca de resultados cada vez mais sustentáveis”, conta o presidente da instituição. Também como forma de aproximar a indústria com a academia, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Social da Indústria (Sesi) também são signatários do PRME e atuam para integrar a sustentabilidade dos futuros profissionais.

Nova signatária • A Faculdade Maringá é uma das mais novas signatárias do PRME. No entanto, segundo conta a coordenadora do curso de Administração, Charlanne Kelly Piovezan, a instituição já trabalha com ações sustentáveis na educação desde 2004. A política educacional da faculdade já previa ações voltadas para meio ambiente, sustentabilidade e ação social. “O que mudou foi que, a partir do momento em que a faculdade participou o ano passado do primeiro diálogo sobre o PRME, adotou-se a postura de oficializarmos todas as ações que tínhamos e trabalhar em outras de acordo com a proposta da educação para sustentabilidade orientada e postulada pelo PRME”, relata. As expectativas da instituição são as melhores possíveis. A partir do 2º semestre, a Faculdade Maringá terá parcerias para captação de lixo eletrônico e visitas técnicas na empresa parceira responsável pela reciclagem, visita técnica na Binacional Itaipu para apresentação do projeto de educação corporativa fundamentada na sustentabilidade, um curso de extensão em saneamento ambiental direcionado para a formação de técnicos em Meio Ambiente em parceria com escolas estaduais da cidade de Maringá, entre outras ações que já estão sendo fomentadas. Para conhecer mais sobre o PRME, acesse http://www.unprme.org/ e/ou www.cpce.org.br



Daniel Thá

Economia e Sustentabilidade

Mestre em Economia Ambiental e Economia Internacional, consultor

É um erro técnico utilizarmos o PIB como mensurador do total da riqueza produzida em um país durante determinado período. O PIB é uma variável-fluxo enquanto a riqueza é uma variável-estoque.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

O Mito do PIB Por que o santo graal da economia não deveria sê-lo

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stamos viciados no hábito do crescimento exponencial", disse o economista ambiental Herman Daly, em 1974. Visto sob a ótica da estabilidade social, tal vício torna-se salutar à medida em que substitui a igualdade de renda. “Enquanto se cresce se tem esperança, e ela faz tolerar grandes desigualdades de renda”, na tradução livre das palavras de outro economista, H. C. Wallich. Qualquer problema induzido pelo crescimento é solucionado por mais crescimento. E assim, nessa tentativa de moto contínuo, estamos crescendo sem distribuição de riquezas e rumando - a largos passos - ao colapso ambiental. A inverdade de welfare (ou bem-estar social) crescente trazida pelo PIB crescente é uma peça chave na resolução dos problemas ambientais. O PIB significa o valor, a preços de mercado, de todos os bens e serviços produzidos em um país dentro de um determinado intervalo de tempo. O PIB aumenta quando danos ambientais e à saúde ocorrem, além de não mensurar a distribuição da riqueza. Ademais, o PIB soma custos e receitas - se um contador fizesse isso para uma S/A seria demitido e expulso do CRC! Em um discurso na Universidade do Kansas, em 18 março de 1968, Robert Kennedy (Senador Americano por Nova Iorque), explicou o que o PIB mensura: "O produto nacional bruto não considera a saúde de nossas crianças, a qualidade da sua educação, ou a alegria de suas brincadeiras. Não inclui a beleza de nossa poesia ou a força de nossos casamentos; a inteligência do nosso debate público ou a integridade dos nossos funcionários públicos. Ele não mede nossa inteligência nem nossa coragem; nossa sabedoria e nossa aprendizagem; não mede nossa compaixão, nem a nossa devoção ao nosso país. Mede tudo, em suma, exceto aquilo que faz a vida valer a pena". (tradução livre) É um erro técnico utilizarmos o PIB como mensurador do total da riqueza produzida em país durante determinado período. O PIB é uma variável-fluxo enquanto a riqueza é uma

variável-estoque. Comparativamente, é como confundir o estoque de água num reservatório em dado instante com os fluxos de entrada e saída de água desse reservatório num dado período de tempo. Uma floresta virgem significa riqueza, ou capital natural. Não é contabilizada, uma vez que não existem fluxos financeiros oriundos de sua exploração. Se cortada e exportada... aí sim a "floresta" conta para o PIB. Apesar de ser uma distinção simples, o que separa essas variáveis de fluxo e estoque são visões quanto à incorporação de expectativas do futuro econômico sobre as decisões de produção e de investimentos no presente. Os estoques não precisam ser necessariamente explorados no presente, tal como a floresta exemplificada. São componentes de um capital intangível- capital ambiental. O prêmio Nobel de Economia, Amartya Sen, argumenta que a prosperidade se faz de forma distinta de crescimento. Para prosperar, é necessária uma combinação de estoques e fluxos - não só um, não só outro. Argumenta ainda que o valor do capital social (empreendedorismo, cidadania, cultura etc.) é peça chave e não mensurada pelo PIB. O mesmo paralelo deve ser feito para o capital ambiental - mensurá-lo na nossa medida de desenvolvimento. Um reservatório é alterado pelo fluxo da entrada e saída de água, mas é composto igualmente pelo seu estoque. Quando deixamos de contabilizar nosso estoque de riquezas, ambientais e sociais, deixamos de considerá-los na tomada de decisões! Devemos reformular nossa medida “mor” de crescimento. Uma das maneiras de fazê-lo seria deduzirmos do PIB as reduções irreversíveis nos estoques de recursos naturais. Podemos ir além e deduzirmos: i) os custos incorridos pela poluição e degradação ambiental; ii) os gastos com defesa; iii) gastos com tratamentos de saúde; iv) custos sociais, tais como manutenção de cadeias, divórcios, etc. Após esses ajustes, teríamos, enfim, uma medida de welfare, ou desenvolvimento.



Energias Renováveis

Smart Grid

O controle nas mãos do consumidor Controle do consumo de energia elétrica e venda de energia às concessionárias, essas são algumas das funcionalidades anunciadas com aplicação do conceito de Smart Grid, que promete revolucionar a distribuição de energia elétrica no Brasil

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Alexsandro T. Ribeiro

o campo da telefonia, tamanho foi o avanço tecnológico a ponto de Graham Bell, se vivo, ser incapaz de reconhecer os dispositivos celulares como uma evolução de sua principal criação, o mesmo não se pode dizer dos sistemas de distribuição de energia elétrica e seus idealizadores. No entanto, no Brasil, algumas pesquisas têm buscado a revolução das redes de distribuição com o uso do conceito de Smart Grid. Já consolidado e com aplicação em prática na Europa, Japão e EUA, segundo Maria Tereza Vellano, Diretora de Tecnologia e Serviços da AES Eletropaulo, empresa paulista maior distribuidora de energia da América Latina, o Smart Grid caracteriza-se como uma nova forma de gerenciamento de redes elétricas. “O Smart Grid, por meio da tecnologia da automação e de telecomunicações, possibilita um fluxo de dados bidirecionais para monitorar e controlar os equipamentos instalados na rede elétrica e os medidores inteligentes instalados nas residências dos clientes”, afirma Maria Tereza. Num investimento de mais de R$ 70 milhões, a AES Eletropaulo pretende, até 2015, implantar em Barueri, região metropolitana de São Paulo, um projeto de Smart Grid que contemplará 60 mil clientes, beneficiando cerca de 250 mil habitantes.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL


Para o Gerente do Departamento de Eletrônica e Tecnologia da Informação do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento do Paraná (Lactec), Carlos Ademar Purim, quando se fala no uso de redes inteligentes, deve-se focar na rede de distribuição de energia, uma vez que a geração, há anos, conta com total automação. “Não houve grande alavancagem na distribuição de energia elétrica. Do ponto de vista tecnológico, o setor continua sendo algo bastante conservador. Até agora, essa última etapa do caminho da energia, até a chegada ao consumidor, não tinha automação e monitoramento tecnológico algum. Estamos no século XXI e se o consumidor não ligar para a concessionária relatando a falta de energia, por exemplo, ela não fica sabendo”. Centro de pesquisa independente, o Lactec é responsável pelo projeto de Smart Grid desenvolvido para a Light, empresa de energia elétrica no Rio de Janeiro. Segundo Purim, o projeto promete muito mais do que sanar o problema de comunicar a falta de energia. Por meio de um medidor inteligente instalado na residência do consumidor, este poderá ter informações instantâneas de seus gastos com energia elétrica, além de poder programar suas metas de consumo, e receber comunicados das concessionárias.

Furto de energia, o principal motivo do uso do Smart Grid no Brasil • Apesar de quase massivamente aplicado no gerenciamento de redes de energia elétrica, o conceito de redes inteligentes é muito mais amplo, sendo também empregado em redes de distribuição de água, gás e até na idealização de sistemas de comunicação de gestão energética em cidades consideradas modelos. Dessa forma, as prioridades e os diferentes focos da aplicação do Smart Grid, serão fundamentais para o desenvolvimento e a aplicação das tecnologias viabilizadas pela aplicabilidade do conceito de redes inteligentes. Na Europa, por exemplo, as redes inteligentes estão, em sua maioria, vinculadas ao sistema 3x20,

que, segundo o gerente do Departamento de Manutenção de Subestações e Automação da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), Júlio Omori, representaria o incremento de um total de 20% da matriz energética com geração renovável, a redução de 20% de emissão de CO2, a partir da fonte de geração de energia, e a redução de 20% do consumo de energia com a adoção de soluções do ponto de vista da eficiência energética. Mesmo com crescente preocupação com a questão ambiental e com a sustentabilidade, no Brasil, o vetor da transformação é outro. “O país tem uma incidência de furto de energia bastante elevada, e isso é um dos principais vetores da aplicação das redes inteligentes. Se houvesse a sincronização de todas as informações do consumidor até os pontos de geração de energia, você conseguiria mapear os pontos e as áreas em que há desvio de energia”, critica Omori.

Benefícios para os usuários e para as concessionárias • Embora a relação não seja direta entre o uso das redes inteligentes e a preservação ambiental, na opinião do professor do Departamento Acadêmico de Eletrotécnica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Elói Rufato Junior, a aplicação do conceito de Smart Grid pode viabilizar significativos avanços ambientais, sobretudo em um panorama de âmbito nacional. De acordo com Rufato, o Smart Grid possibilita economia na construção de fontes de energia de grande porte, responsáveis por grandes impactos ambientais, problemas de licenciamentos, e o risco de atingir comunidades, como as indígenas e quilombolas. Além disso, a substituição de grandes usinas por fontes de energias renováveis instaladas diretamente nos pontos de consumo possibilita uma série de benefícios. “O resultado está na economia na construção de sistemas elétricos de potência, no incentivo à indústria nacional para o desenvolvimento e a produção de equipamentos e sistemas para integrar as redes de Smart Grid”, aponta Rufato.

“O Smart Grid, por meio da tecnologia da automação e de telecomunicações, possibilita um fluxo de dados bidirecionais para monitorar e controlar os equipamentos instalados na rede elétrica e os medidores inteligentes instalados nas residências dos clientes” Maria Tereza Vellano, diretora de tecnologia e serviços da AES Eletropaulo

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Energias Renováveis

Sistema desenvolvido pela AES Eletropaulo possibilita o controle e acompanhamento de consumo não apenas pelo medidor, mas também em ambiente virtual ou integração com dispositivos móveis

“Estamos no século XXI, e se o consumidor não ligar para a concessionária relatando a falta de energia ela não fica sabendo”, Gerente do Departamento de Eletrônica e Tecnologia da Informação do Lactec, Carlos Ademar Purim

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

O controle de consumo com tarifa diferenciada também é um diferencial da aplicação do Smart Grid. De acordo com a Aneel, a partir de 2014, o consumidor poderá optar por um modelo de tarifa com preços diferenciados, dependendo da hora do dia. Dessa forma, a energia elétrica terá um preço maior nos horários de pico, das 18 às 21 horas, e custos diferenciados nos outros horários. No entanto, para que seja possível uma leitura específica de cada residência, há a necessidade da instalação de medidores inteligentes em cada ponto de consumo. No projeto desenvolvido pelo Lactec para a Light, seriam dois aparelhos, um medidor, instalado no poste de energia, e um leitor, a ser alocado dentro da residência do consumidor. Com comunicação de curta distância, o leitor recebe e emite informações ao medidor, como a leitura parcial de consumo e as metas de gastos. Além disso, o dispositivo de leitura contém uma linha de iluminadores que indicará, para cada cor diferente, qual é o valor de tarifa energética que sobra para cada hora do dia. Segundo Carlos Purim, isso será um benefício não apenas para o consumidor, mas para as geradoras também, uma vez que possibilita a melhor distribuição do consumo nos horários de pico. “Há um consumo elevado de energia no momento de pico, que normalmente é das 18 às 21 horas. Quando a concessionária faz um projeto de rede, ela deve considerar, com folga, o fluxo de energia desse horário de pico. Isso gera um gasto elevado para um curto período de tempo. Com a tarifa diferenciada, pode-se fazer um balanço, jogando parte do consumo de horário de pico para outras horas

em que não há um consumo tão alto assim, o que refresca os gastos com investimentos na rede”.

Comunicação: a chave para as redes inteligentes • Para que a aplicação das redes inteligentes na distribuição da energia seja uma realidade, é preciso grandes investimentos em comunicação, elemento chave para o bom funcionamento do Smart Grid. Para Purim, há dois momentos do Smart Grid no Brasil. O primeiro é o das automações das gerações, como é o caso da Copel, no Paraná, cujas 400 subestações de distribuição são automatizadas. Num segundo momento, seria o da aplicação do conceito nas redes de baixa tensão até a residência, possível hoje pela redução de custos de comunicação no país. Há dez anos, afirma Purim, uma comunicação de dados era muito cara. Após isso, deu-se uma queda dos custos, além do surgimento de tecnologias móveis, como o Zigbee, para comunicação de curta distância com baixíssimo consumo de energia. “Com essa possibilidade de levar comunicação, o universo do Smart Grid cresce muito, sobretudo na possibilidade de se monitorar muito mais do que a falta de energia e o balanço energético. Você pode trafegar, por exemplo, informações sobre cortes de energia para manutenção de redes. Isso permite que você veja no display do medidor as mensagens das concessionárias, ou ainda pode programar metas de consumo, traçando uma curva de tendência para saber se você conseguirá atingir a meta ou se vai extrapolá-la”. Em tese, a comunicação utilizada nas redes inteligentes é realizada entre os medidores residenciais e um acumulador, alocado em um ponto


próximo aos pontos de consumo, responsável por receber as informações e encaminhar à central de operação da concessionária. Os medidores desenvolvidos pelo Lactec para a Light atuam em um sistema de comunicação de rede que trabalha na emissão de dados de curta distância de forma integrada com outros medidores, prevendo a possibilidade de ruídos na comunicação. “Se o concentrador, ponto em que precisamos encaminhar as mensagens, está fora do alcance do medidor, este se comunica com o medidor do vizinho ou com o mais próximo, que passará as informações para frente, trabalhando como uma malha de informações. Ou seja, os medidores se conversam, identificam-se automaticamente uns aos outros, atuando de forma roteada”, afirma Purim.

Microgeração para subsistência e comercialização de energia produzida em casa • Com a instalação de redes inteligentes, abre-se o caminho para o consumidor produzir a sua própria energia, com o objetivo de subsistência de sua residência, e, caso haja um excedente de produção, disponibilizar energia para a rede. Com isso, seria possível, por exemplo, a instalação de placas fotovoltaicas nas residências ou empresas, para captar a luz solar e transformá-la em energia elétrica, não apenas para consumo próprio, mas também para comercializar com a concessionária. Regulamentado pela Aneel desde 2012, com a resolução 482, a minigeração trabalharia com uma sistemática de compensação, em que o consumidor poderá até zerar sua conta de energia elétrica. “Hoje, qualquer consumidor que queira instalar uma geração de pequeno porte para compensar sua conta de energia elétrica já é respaldado. As concessionárias do Brasil todo têm que encontrar soluções técnicas para que isso aconteça”, afirma Júlio Omori, da Copel. Para que isso seja possível, há a necessidade da instalação de um medidor inteligente na residência para contabilizar entrada e saída. Além isso, a concessionária terá que adaptar a distribuição, prevendo um fluxo inverso de energia. “Alguns equipamentos precisam ser adaptados e algumas tecnologias precisam ser alteradas, pois isso gera, em alguns casos, um aumento de risco de operação do sistema”, comenta Omori. Num primeiro momento, pode parecer que

isso não seja interessante economicamente às geradoras de produção de energia distribuída. Porém, segundo Omori, isso não se caracterizará como um risco de negócio, ao contrário, ajudará todos os agentes do sistema elétricos, inclusive as geradoras, com a postergação de investimentos na ampliação da rede para comportar o crescente consumo. Além disso, Omori aponta para o risco do iminente racionamento energético. “Temos grande dificuldade de recompor todo o quadro de geração de energia. Chegamos neste ano a uma situação bastante alarmante, com a religação, inclusive, de todas as termoelétricas possíveis, sobretudo aquelas mais sujas, que queimam óleo derivado do petróleo e carvão. Tiveram que ser ligadas porque o risco de se ter o racionamento é iminente”, alerta. Para minimizar esse problema, toda e qualquer microgeração que, não apenas sustente o consumo próprio, mas disponibilize energia no sistema estará ajudando a mitigar o problema de um possível racionamento. “Como existe esse problema da previsão bastante realista da entrada dessa microgeração, imagino que não é algo que atrapalhará o mercado das grandes geradoras. Nunca vi uma situação com redução drástica de consumo de energia. Todas as grandes geradoras atuais já têm toda a sua energia vendida em grandes contratos. É um mercado bem estável, com um risco bastante pequeno, o que vai comprometer os futuros empreendimentos”, afirma Omori.

Medidores desenvolvidos pelo Lactec para a Light se comunicam de forma integrada, formando uma rede que possibilita troca de informação entre os aparelhos

“O país tem uma incidência de furto de energia bastante elevada e isso é um dos principais vetores da aplicação de redes inteligentes no país. Gerente do Departamento de Manutenção de Subestações e Automação da Copel, Júlio Omori

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Rafael Giuliano

Talentos Voluntários

Voluntário e pesquisador de novas interações de aprendizagem

O voluntariado é muito mais do que “boas ações” para um modelo de marketing 3.0. Ele serve ao propósito de envolver as pessoas com a cultura e os valores de uma marca ou organização, mais do que simplesmente mostrá-los.

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Oportunidade e realização!

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stive recentemente num encontro em que participaram gestores de diversas organizações, profissionais envolvidos com finanças, inovação e a gestão de pessoas. O tema central foi a demanda por ações de desenvolvimento sustentável em suas diferentes áreas de atuação, focando na perenidade de seus negócios, o potencial de gerar prosperidade em longo prazo. Logo no início, nas tradicionais apresentações do tipo quem sou e o que faço, veio a pergunta: “por que uma coluna sobre voluntariado numa revista dedicada à sustentabilidade?” Expliquei que existem diferentes conceitos e abordagens quando se trata de teorias e práticas de sustentabilidade, abrangendo hoje dimensões para além daquelas propostas pelo Tripé da Sustentabilidade (Triple Botton Line Social, Econômico e Ambiental) e que, na verdade, independentemente da “escola” ou da “corrente teórica”, o elemento determinante sempre será o fator humano, a importância do envolvimento de pessoas em ações concretas, na mudança de hábitos e comportamentos. A perenidade de uma empresa requer a criação de uma cultura de pertencimento e engajamento que envolva seus stakeholders na consolidação de sua Visão, Missão e seus Valores. E essa é, talvez, uma das maiores contribuições do voluntariado para a prosperidade do planeta, de pessoas e também dos negócios. Observo que as ações voluntárias com maior significado, tanto para a organização e seus voluntários quanto para as pessoas e instituições impactadas, são aquelas que alinham a Proposta de Valor do negócio com a causa apoiada. A missão da empresa, sua visão e seus valores precisam convergir com o propósito dos projetos em que a organização se envolve. Um bom exemplo é o projeto Dom, iniciativa do Grupo Fleury voltada à capacitação de ONGs que atuam ou possuam ações na área de saúde. A empresa, que é provedora de soluções para a gestão da saúde e bem-estar, traz em seus valores o compromisso de compartilhar

conhecimento nas áreas de medicina e saúde, ciências humanas e gestão. O projeto seleciona instituições que se candidatam espontaneamente e, quando selecionadas, participam de três dias de uma capacitação especial feita na sede em São Paulo, tendo todas as despesas pagas. Este ano, serão doze instituições sociais de seis estados. Entretanto, o mais importante está em quem ministra essas capacitações! Todos voluntários, colaboradores de diferentes áreas e setores do grupo. Essas pessoas apoiam a execução do projeto e, ainda mais importante, contribuem para a consolidação de uma cultura voltada à “saúde e ao bem-estar para a plena realização das pessoas”, que é a visão da empresa. Segundo Cláudia Giovana José Perretto, Analista de Sustentabilidade, cada voluntário “se realiza com aquilo que faz”. Ela conta que todos os envolvidos sempre demonstraram a vontade de fazer algo em que pudessem contribuir com o social e que a empresa passou a criar essas oportunidades por meio de uma série de iniciativas de voluntariado, que contam com grande adesão. O voluntariado é muito mais do que “boas ações” para um modelo de marketing 3.0. Ele serve ao propósito de envolver as pessoas com a cultura e os valores de uma marca ou organização, mais do que simplesmente mostrá-los. Colaboradores, clientes, fornecedores e a própria sociedade têm a oportunidade de se reconhecer na missão e visão de empresas, fazendo parte da mudança que o mundo precisa. Se considerarmos a sustentabilidade organizacional como um conjunto de iniciativas que permitem a prosperidade e perenidade de negócios em todos os setores da economia, atendendo às necessidades atuais sem comprometer as futuras gerações, o voluntariado é a forma de envolver as pessoas nesse mesmo propósito. E o que tenho percebido é que as pessoas ainda têm muito potencial para criar e implementar soluções, disseminar conhecimento e se realizar, basta que sejam criadas oportunidades de valor. E este continua sendo nosso maior desafio: criar oportunidades de valor.



desenvolvimento local

Eficiência energética no WTC

Karina Kanashiro

Sustentabilidade é uma das metas do Business Club, que reúne várias empresas que buscam proteção ambiental por meio de boas práticas

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WTC Business Club é um dos maiores clubes de negócios do mundo, está presente em mais de 300 cidades, em mais de 100 países, com o objetivo de criar uma grande rede que facilite o contato para negócios tanto nacional quanto internacionalmente. Para atingir essa meta, o WTC tem três pilares: Networking, Conteúdo e Internacionalidade. Pontos considerados fundamentais para a prosperidade dos negócios. Mas o WTC também está interessado em como as empresas estão crescendo, como estão tratando a sustentabilidade no seu processo de prosperidade. Tanto que o Club tem dezenas de comitês permanentes, que promovem cerca de 300 eventos por ano, e entre eles está o Comitê de Sustentabilidade, que promove a discussão das sustentabilidades social e ambiental, um dos assuntos mais falados dos últimos anos e que, cada vez mais, faz parte do desenvolvimento estratégico das empresas. “Mensalmente são realizadas reuniões do grupo que compõe esse comitê nacional. Fazemos inclusive, esforços para que os associados de outros WTC regionais possam participar e contribuir com suas experiências, assim como buscar nesse grupo versátil novas informações e novos conteúdos para suas gestões”, explica o Luiz Alberto de Paula Lenz Ce-

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

sar, diretor regional do WTC Curitiba. O Comitê de Sustentabilidade discute vários temas focados no crescimento sustentável e reúne empresários, executivos das grandes empresas e representantes do poder público em palestras gratuitas e eventos especiais com conteúdo exclusivo para os participantes do clube de negócios. O comitê trata, ainda, da preservação ambiental como parte da imagem que a empresa passa para o público e para o mercado. Nesse contexto, a eficiência energética tem se tornado um dos pontos principais. Atividades que promovem a economia de energia fazem parte tanto grandes quanto de pequenas empresas que já compreenderam que a redução dos custos com energia elétrica é essencial para manter a competividade. Segundo o diretor regional doWTC Curitiba, as empresas que atuam com essas determinações tecnológicas e sustentáveis vem ao encontro dos conceitos do WTC, que aproxima empresas com tendências inovadoras e modernas, visando a melhoria de produtividade na governança corporativa, vislumbrando economia e maior interatividade. “Temos acompanhado a evolução das empresas de um modo geral, entendendo que esse tema deve ser parte integrante de suas agendas corporativas. É um caminho necessário a ser traçado em suas gestões e inclu-


“O Sebrae/PR também iniciou um estudo para a implantação de iluminação led, com lâmpadas eletrônicas e com capacidade de 50 mil horas, que, num futuro próximo, pode representar mais economia”, Roberto Tioqueta, diretor-superintendente ídos junto a seus stakeholders. Um caminho sem volta, apenas para reforçar os passos dados”, comenta Alberto de Paula Lenz Cesar. Entre os associados do WTC Curitiba, encontramos ótimos exemplos de eficiência energética, entre eles a HAG Consulting, que traz soluções e oportunidades para o mundo corporativo e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae/PR), que adota boas práticas para a economia de energia.

De olho no mercado • Por 22 anos, Rodrigo Alvarenga atuou em várias áreas estratégicas de grandes corporações financeiras e uma das suas principais funções era ajudar os clientes a identificar oportunidades, avaliar condições de crédito e optar pela melhor forma de obter apoio financeiro. Nessas duas décadas, Alvarenga colecionou lições, uma das mais importantes segundo ele foi perceber que as empresas que pensam e agem de forma mais sustentável apresentam melhor resultado em longo prazo. Foi com essa premissa na cabeça que, em 2010, Alvarenga fundou a HAG Consulting, em parceria com sua esposa. “Criamos a empresa com foco nas questões estratégicas de gestão, desenvolvimento e treinamento de pessoas de forma a incorporar a sustentabilidade aos negócios ou ainda desenvolver negócios que atuassem nos mais variados aspectos da sustentabilidade, como eficiência energética, gestão de resíduos, etc”, explica. No ano passado, a convite do diretor do WTC/ Brasil, Diego Petinazzi Alvarenga passou a acompanhar os eventos promovidos pelo WTC Club, em Curitiba, e logo se tornou associado. "Participar do WTC Club foi fundamental tanto para construir e reforçar o networking com empresas, empresários e executivos, como também pela oportunidade de contribuir, por meio dos eventos e fóruns, com a troca de ideias, experiências, identificação de problemas e oportunidades comuns, mas principalmente construir um grupo que pode e deve buscar

mudar a cara e o jeito de se ver e construir o Brasil de forma mais sustentável”, afirma o empresário. Um dos projetos viabilizados pela HAG é a ACS Energia, que entrou no mercado em fevereiro deste ano para atuar no segmento de eficiência energética e representa no Brasil algumas empresas e marcas alemãs como Sweet Light e GFR, cujas tecnologias visam fornecer diferentes e complementares benefícios aos clientes, desde adaptadores/reatores para lâmpadas T5, que economizam de 20 a 62% de energia, até hardware e softwares de automação predial que permitem controlar todos os equipamentos de ar-condicionado, iluminação, controles de entrada e perimetrais de forma a otimizar o uso de energia reduzindo o consumo em até 40%, conforme pode ser verificado nos vários cases de sucesso já implantados na Europa. “A HAG procura prestar assistência e apoio aos clientes empreendedores, bem como aos projetos nos quais participa. Podemos afirmar que existe uma demanda reprimida enorme no Brasil para esse tipo de solução, tanto para os mercados de energias renováveis como de construção sustentável, nanotecnologia, entre outros”, comenta. Com um mercado tão promissor, Alvarenga diz que a ACS Energia é apenas o primeiro projeto da HAG Consulting, que muitos outros já estão no “forno”, entre eles energias renováveis como biogás e projetos de inovação e biosegurança, para os quais o empresário ainda está avaliando potenciais investidores.

Medidas simples • No Sebrae/PR - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná, a economia de energia é obtida com atitudes simples e inteligentes. Há anos a entidade adota boas práticas relacionadas à eficiência energética, como o gerador movido a biodiesel, que foi instalado na unidade em Curitiba, em 2009, para evitar a suspensão de atividades durante blackouts, o que evita imprevistos e gastos extras. Segundo Vitor Roberto Tioqueta, diretor-

“Temos acompanhado a evolução das empresas de um modo geral, entendendo que o tema sustentabilidade deve ser parte integrante de suas agendas corporativas. É um caminho necessário a ser traçado em suas gestões e incluídos junto a seus stakeholders”, Luiz Alberto de Paula Lenz Cesar, diretor regional do WTC Curitiba

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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desenvolvimento local

“Participar do WTC Club foi fundamental tanto para construir e reforçar o networkingcomo também a oportunidade de contribuir com a troca de ideias, experiências e identificação de problemas e oportunidades comuns”, Rodrigo Alvarenga da HAG Consulting

-superintendente do Sebrae/PR, a iniciativa tem garantido a proteção de dados e o funcionamento regular do sistema de informática que interliga a entidade em todo o estado, mesmo durante interrupções de energia. “O equipamento é moderno, possui catalisadores e filtros que neutralizam poluentes, não emite a fumaça e o cheiro característico dos motores diesel comuns. Optamos por um sistema que não agride o meio ambiente, e, ao mesmo tempo, nos dá mais segurança de trabalho”, explica. Para reduzir a conta de energia elétrica, a mais largamente utilizada pela indústria e pelo comércio, o Sebrae/PR ainda executa outras ações complementares. A entidade implantou em todas as unidades do Paraná sensores de presença, com o quais o uso de energia só ocorre quando necessário. Outra atitude pensando na eficiência energética é o uso de torneiras de pressão, que evitam o desperdício de água, que também é fonte de energia. As ações não param por aí. O Sebrae/PR está conseguindo evitar o desperdício de energia com a redução da quantidade de impressoras, que passaram a ser instaladas em áreas comuns, para que vários setores dentro da entidade possam usá-las. O resultado até agora foi a redução do número de impressões. Uma ação que exigiu um pouco mais de investimento foi a substituição de

Quer conhecer mais sobre o WTC Curitiba? Entre em contato no telefone (41) 4141-1020 ou pelo site: www.wtcclub.com.br.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

coberturas por telhados com isolamento, o que diminui o uso do ar condicionado, pois o ambiente se mantém climatizado mesmo com o aparelho operando em uma potência menor. “O Sebrae/PR também iniciou um estudo para a implantação de iluminação led, com lâmpadas eletrônicas e com capacidade de 50 mil horas, que, num futuro próximo, pode representar mais economia”, comenta o diretor-superintendente. Segundo Tioqueta, a entidade não tem estimativas em números com relação à economia gerada por essas ações, mas ele garante que a consciência do uso racional de recursos naturais é cada vez maior. Mesmo com a redução de alguns equipamentos, como no caso das impressoras, o diretor-superintendente afirma que o Sebrae/PR está conseguindo fazer as mesmas coisas, algumas vezes até mais, utilizando menos recursos. “A eficiência energética e a adoção de boas práticas são fundamentais nos tempos de hoje, em que o planeta precisa mais do que nunca ser preservado. O Sebrae/PR, que apoia o empreendedorismo e as micro e pequenas empresas, precisa dar o exemplo. Temos responsabilidade nesse processo, razão pela qual iniciamos – e prosseguimos – com uma política de preservação e de boas práticas que, mesmo simples, podem fazer a diferença”, comemora Tioqueta.


DHARMA

CIVITAS Responsabilidade Social

“Responsabilidade Social não são palavras. São ações”. Instituto Ethos

A Responsabilidade social é diferencial competitivo na estratégia de negócio de uma organização bem sucedida e orientada para o desenvolvimento sustentável. A Civitas Consultoria e Treinamento, pode ajudar a orientar e implementar a gestão em Responsabilidade Social na sua empresa e seus respectivos projetos. Se você está pensando em seguir este caminho, fale conosco e veja de que forma podemos construir valor para seu negócio. Nossos serviços:

Diagnóstico, Treinamento e Gestão em Responsabilidade Social

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Hugo Weber Jr.

Gestão Estratégica

Consultor em Gestão Verde. Diretor da AGRESSOR ZERO – Sustentabilidade Corporativa

“Alguns países já são obrigados a escolher entre produzir alimentos ou levar a água para a população beber”

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Água: a crise e a

inércia política global “A água de boa qualidade é exatamente como a saúde ou a liberdade: ela só tem valor quando acaba” João Guimarães Rosa - escritor

A

UNESCO divulgou oficialmente um relatório cujo teor é a ameaça de redução das reservas mundiais de água em cerca de 1/3 nos próximos 20 anos. Esse documento adverte os governos sobre a “inércia política” que só agrava a situação, marcada pela permanente redução dos mananciais do planeta, pelo grau de poluição e pelo aquecimento global, e deixa claro que não há água suficiente para a agricultura, que hoje se tornou a maior consumidora de água no mundo (a irrigação responde por 70% do consumo). O estudo coordenado pela UNESCO é o maior já realizado sobre a disponibilidade de água doce no planeta, e demonstra que a meta mundial em erradicar a fome até 2020 é impossível de alcançar, sendo necessários pelo menos 30 anos a mais para que esse objetivo seja alcançado. O motivo é a falta de água para a produção de alimentos. Segundo esse relatório, o maior obstáculo ao combate da crise da água é a vontade política. “De todas as crises sociais que enfrentamos, a da água é a que mais afeta nossa sobrevivência e a sobrevivência do planeta, Nenhuma região será poupada dessa crise, que abala desde a saúde das crianças até a capacidade das nações assegurarem comida aos seus cidadãos. Globalmente, o desafio é político. É preciso consciência para mudar os padrões deconsumo de água’’ disse o diretor da UNESCO Koichito Matsura. Os números mostram que a humanidade nunca consumiu e sujou tanta água. Desde 1950, o consumo mundial quase dobrou e a poluição aumentou drasticamente. Hoje há mais água poluída do que o conjunto das dez maiores bacias hidrográficas do planeta. Mesmo em países como o Brasil – que abriga a maior bacia hidrográfica do mundo, a bacia Amazônica – não estão livres da escassez, já que as maiores reservas de recursos hídricos ficam distantes dos grandes centros urbanos e das zonas agrí-

colas, onde são mais necessárias. Matérias sobre o relatório publicadas nos principais jornais mostram que 20 dos 180 países cobertos pelo estudo usam mais de 40% de seus recursos hídricos renováveis em irrigação. “Alguns países já são obrigados a escolher entre produzir alimentos ou levar a água para a população beber” destaca o relatório. A pior situação é prevista para o Sul da Ásia, o Oriente Médio e o Norte da África. Outras regiões, entretanto, poderão nos próximos 30 anos, ver sua fronteira agrícola expandida e o combate à fome intensificado, já que contam com boas reservas de água. São elas a América Latina, o Leste da Ásia e a África Subsaariana. Uma das metas assumidas pela comunidade internacional é reduzir à metade a proporção de pessoas do mundo que não tem água potável e saneamento básico. No Brasil, 92,7% das residências têm rede de água potável, segundo o Ministério das Cidades, mas no Nordeste o sistema de abastecimento não consegue garantir água todo dia. No que diz respeito à rede de esgotos, a situação é oposta. Apenas 37,7% dos domicílios estão ligados à rede de coleta. O resto do esgoto é lançado nos rios e no mar. É essa poluição – somada aos dejetos industriais – que está na base da crise da água. Atualmente, estima-se que haja 120.000 Km3 de água contaminada no mundo – uma quantidade maior do que o total existente nas dez maiores bacias hidrográficas do planeta. Se o ritmo de contaminação não se alterar, esse número pode chegar a 180.000 km3 em 2050. Ainda segundo a ONU, um litro de água com dejetos contamina oito litros de água pura. De uma coisa poderemos estar certos: se a água se transformar numa espécie de commodity, não pagaremos por ela o que pagamos agora. O padrão de consumo não poderá ser mantido e gastadores terão grandes dores de cabeça e nem poderão esfriá-la com uma “ducha de água fria” porque sairá muito caro.



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Biblioteca

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escolhas sustentáveis Discutindo biodiversidade, uso da terra, água e aquecimento global rafael morais chiaravalloti e cláudio valadares pádua editora urbana

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Sustentabilidade planetária, onde eu entro nisso? Fabio Feldmann terra Virgem Editora

CIÊNCIA AMBIENTAL Terra, um Planeta Vivo daniel b. botkin e edward a. keller ltc editora

José Carlos Barbieri Jorge Emanuel Reis Cajazeira

Responsabilidade social, empresarial e empresa sustentável

fio porque ainda não existe um consenso universal sobre o real significado do termo e os assuntos que estão inseridos no conceito ainda estão em construção. De fato, nós da ISO temos dado uma contribuição a este debate por meio do grupo de trabalho sobre Responsabilidade Social que desenvolve a futura norma ISO 26000 para orientar esse tema tão variado, complexo e quase sempre controverso.

• A L A N B RY D E N

Secretário-geral da ISO – International Organization for Standardization

Conheça o site do livro e as demais novidades do nosso catálogo no endereço:

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Responsabilidade social, empresarial e empresa sustentável

Se a abordagem usada pelos autores é muito abrangente, na intenção de refletir sua complexidade, corre-se o risco de tratar o tema com superficialidade. Se os autores focam demais em uma questão ou em um grupo pequeno de temas, fica difícil transmitir uma visão geral da ampla gama de conceitos envolvidos. Entretanto, os autores deste livro foram hábeis em evitar essas duas armadilhas e conseguiram comunicar toda a riqueza que o verdadeiro entendimento do conceito de responsabilidade social requer, tanto na profundidade quanto na abrangência.

José Carlos Barbieri Jorge Emanuel Reis Cajazeira

Escrever sobre Responsabilidade Social é um verdadeiro desa-

Responsabilidade Social Empresarial e Empresa Sustentável Da teoria à prática

José Carlos Barbieri é mestre e doutor em Administração, é professor do Departamento de Administração da Produção e Operações da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP-POI) desde 1992. Foi professor em renomadas instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). É professor do programa de pós-graduação stricto sensu da EAESP, da linha de pesquisa em gestão ética, socioambiental e de saúde. Pesquisador e coordenador de diversos projetos de pesquisa nas áreas de gestão da inovação, do meio ambiente e da responsabilidade social. Coordenador do Centro de Estudos de Gestão Empresarial e Meio Ambiente da FGV/EAESP. Membro do Fórum de Inovação da FGV/EAESP. Participou da comissão do INMETRO para criação de normas sobre certificação de sistemas de responsabilidade social. Participa de comitês científicos de diversas revistas e congressos científicos, nacionais e internacionais, e de várias agências de fomento. CONTATO COM O AUTOR:

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E EMPRESA SUSTENTÁVEL José Carlos Barbieri e Jorge Emanuel Reis Cajazeira

barbieri@editorasaraiva.com.br

Jorge Emanuel dos Reis Cajazeira. Engenheiro mecânico pela Universidade Federal da Bahia,mestre e doutor pela FGV/EAESP. Executivo da área de competitividade da Suzano Papel e Celulose, onde trabalha desde 1992. Eleito pela revista Exame, em 2005, como um dos quatro executivos mais inovadores do Brasil. Foi expert nomeado pela ABNT para a redação das normas ISO 9001 e ISO 14001 (1995-2004), coordenou os trabalhos para a criação da norma NBR 16001 – Responsabilidade Social e presidiu a comissão do INMETRO para criação de um sistema nacional para certificação socioambiental. Em 2004, foi eleito o primeiro brasileiro a presidir um comitê internacional da ISO, o Working Group on Social Responsibility (ISO 26000). É membro do comitê de critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), coordenador do comitê de inovação e ativos intangíveis (FNQ) e ex-presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). CONTATO COM O AUTOR:

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