Nº2 | Revista EMPTY | JULHO | 2011

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EMPTY EDIÇÃO Nº2 | JULHO | RIO DE JANEIRO

Conhecimento deve ou não ser livre?

Só nos resta a liberdade

Os Bombeiros

Uma defesa aos guardiões

A Festa do Aipim

saiba mais sobre essa super festa de Nova Iguaçú

A Moda Masculina

porque estar na moda é tendência de todos

Ensaio sobre a cegueira Uma análise para além da cegueira


Comunicação e Tecnologia Só nos resta a Liberdade - Um olhar sobre o conhecimento livre .................................... 20 E3 2011 - A maior feira de video-games de mundo ................................................................. 25

Comportamento O nego é finalmente cool - O novo estio do negro ...................... 5

Comunidades Complexo do Alemão - Foto Clube Almeão ..................... 34 Duque de Caxias - O Nordeste é aqui! ............................... 35 Engenho da Rainha - Passado rico, presente pobre ......... 36 Ilha do Governador - Vâmo Kombinar ............................. 38 Nitéroi - A cultura de Niterói .................................................40 Nova Iguaçu - A Festa do Aimpim está de volta .................. 41 São João de Meriti - Latas de sardinha sobre rodas ..........42


Cultura

As noite parisienses de Woody Allen - Um parecer

sobre seu novo filme em cartaz ........................................... 45 Um ensaio sobre a cegueira - O que Saramango gostaria de mostrar com ele? ............................................................ 46 Lixo - O lixão do Gramacho e sua realidade ....................... 47 Relatos de um encarcerado - Crônica ......................... 48 Pecando é mais gostoso - Uma opção culinária ........... 50 Zé Brown apresenta - Embolada com RAP .................... 52 Sobre o tabu das coisas não ditas - Poesia .............. 53

Um meio de comunicação valioso demais para ser esquecido - O poder dos quadrinhos ............................... 55 No Ordinary Family - Seriados ...................................... 56

Moda A moda masculina não mais tabu e sim tendência o que a moda masculina tem de novo ................................ 43 Preparação da pele para receber a maquiagem - Dicas de maquiagem ............................................................... 44

Política Decifre este código - O novo código florestal .................. 8 Está pegando fogo - A luta dos bombeiros por

melhores condições de trabalho .......................................... 10 Redução da maioridade pena - Isso pode ser uma solução para quem? ................................................................... 15 O fechamento do Instituto Benjamin Constant - A sua existência e importância ................................................ 17


Editorial

A Revista Empty chega a sua segunda. Depois da nossa edição experimental conseguimos evoluir e fortalecer o modelo colaborativo de produção e divulgação. A Revista Empty está tomando corpo e criando a sua identidade. Essa segunda edição foi tão difícil quanto prazerosa. Os processos de organização e produção colaborativa ainda estão em desenvolvimento em toda a sociedade. Nós, da Revista Empty, ainda estamos desenvolvendo nossos métodos de organização. Sempre visando um conteúdo diverso, plural e moderno. A produção e a circulação de conteúdo no mundo atual é um dos temas mais nos encanta. Por isso, o tema “O Conhecimento deve ou não deve ser livre?” foi escolhido para a capa desse mês. Lembro a vocês, que mais uma vez a Revista Empty ultrapassou a marca das 1.000 (MIL) visualizações. Toda a equipe está muito feliz com os resultados obtidos até aqui. Os números atingidos pela publicação também são uma conquistas de vocês, leitores. Esperamos que gostem dessa segunda edição. Critiquem, elogiem, comentem e divulguem a @revistaempty.

Expediente

[Eduardo Lurnel | Co-editor]

Editor Chefe: Romario Regis Conselho Editorial: Eduardo Lurnel Flávia Freitas Gabriela Viana Marcio Ornelas Pedro Gabriel Tatiane Nantes Diagramação: Vitor Gonçalves Produção: Felipe Saldanha

Publicidade: Débora Nascimento Lais Gonçalves Colaboração/ Cultura: Alexandre Kley Ana Carolina Oliveira Flávia Freitas Gabriel Guimarães Lorhan Ferreira Pedro Gabriel (Petter MC) Tallyssa Sirino Thais Elethério Colaboração/ Moda: Bruna Caldas Herycka Louise Krishna Armstrong

Kerolynne Tozo Nathália Costa Colaboração/ Comunicação e Tecnologia Allyson César Eduardo Lurnel Leandro Ferra Thomas Schulze Colaboração/ Política: Bruno Carvalho Juliana Castro Lucas César Marcio Ornelas Colaboração/ Comportamento Bárbara Vieira


Cool

O Negro é (finalmente)

C

onfesso que acho, no mínimo, curioso escutar essa frase atualmente por aí. E acho não por causa da “dívida histórica”, ou a política de cotas, ou o racismo enrustido, não. Digo isso livre de pitadas políticas (se é que isso é possível). A coisa é cultural mesmo. Há, indiscutivelmente, uma “onda Black Power” que exala muito estilo. Essa frase me veio à cabeça quando o Dudu (@EduardoLurnel, que me convidou pra escrever essa coluna) me pediu que escrevesse algo, como uma “miscelânea negra”. Daí, que quando pensei nesse assunto, cheguei à conclusão, cá com meus botões: “cara, não dá pra escrever só sobre um segmento. Negro é cool em todos os sentidos!” Pra que essa “onda” tomasse força e chegasse a ser aceita em nível mundial, a cultura negra

traçou uma trajetória muito intrigante (mas isso não quer dizer que eu vá seguir uma linha cronológica e nem de acordo com a história). A primeira coisa que me vem à cabeça são os “Black Panters”, com o punho cerrado e pra cima em um pódio das olimpíadas, impondo à sociedade a importância e a relevância do negro. E aquela foto, hoje, pra mim, é como se fosse um tapa na cara da sociedade. Percebe só a diferença: aquela era uma época de bairros de brancos e de negros, e de uma série de outras restrições. Mas, muito antes disso, o negro já construía raízes fortíssimas, que seriam, muito mais tarde, exemplo e influência para os “contemporâneos”. O volume de música negra que se construía naquela época, como o jazz, por exemplo, é um grande exemplo disso. Vi muita gente chamando o cabelo crespo de ruim (sinceramente, não acho que cabelo tenha personalidade), o hennê e várias outras pastas alisando o Black Power, todas as barbies loiras durante minha infância, as boys bands recheadas de garotinhos brancos que alucinavam as meninas, Jesus Cristo Loiro, os atores negros preenchendo as vagas de empregados e motoristas na televisão. Na minha época de faculdade, durante as aulas de cultura brasileira, li textos como os de Gilberto Freyre e de outros autores e uma espécie de “teoria do embranquecimento” que tentava me enfiar goela abaixo que a miscigenação era a melhor forma de “melhorar” uma sociedade que já havia sido manchada pelas negras, que não conseguiam escapar da vontade insaciável dos seus “donos”, dada a “voluptuosidade corpórea”. E aí, apesar do racismo mascarado que encaramos hoje no Brasil, é cada vez mais comum (mesmo que algumas

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pessoas ainda encarem com certo esquisitismo) casamentos inter-raciais dando muito mais trabalho ao censo na hora de perguntar ao brasileiro qual sua verdadeira raça(tentei não citar por aqui, mas acho que não vou conseguir). E aí, comecei a vivenciar certos acontecimentos que me deixaram, no mínimo, intrigada. E voltando ao conceito dessa “onda blackpower”, que é uma coisa que não tem fronteira, nem nacionalidade. Vejo Kanye West “papando” quase todos os Grammys, e ainda arrisca de estilista; A Sexy Symbol mundialmente reconhecida hoje é Beyoncé (apesar dos rumores de que ela está clareando a pele), e Thiaguinho do Exaltasamba leva as mulheres à loucura durante os shows do grupo; O cabelo black hoje é modinha até entre os de cabelo liso; Sim, o “pegador” da novela das oito é negro; E claro, deixando de lado qualquer parcialidade política, vi Barack Obama, o primeiro presidente negro da então maior potência do planeta, estampando camisetas e (acreditem) unhas de famosos com o jargão “Yes, we can!”. É como eu disse anteriormente: estilo é o que não falta. Chego então á uma conclusão (e apesar de não querer dar pitados políticos): apesar de toda “dívida” que todo e qualquer povo possa ter conosco, acho que a resposta é sempre superior: a cultura. Não precisamos impor nada a ninguém à base da força. A relevância e a importância do negro foi e é, pouco a pouco, assimilada e reconhecida até pelos que, algum dia defenderam a superioridade de qualquer raça. Ah, e claro: ainda tem muita coisa que vai mudar. [Bárbara Vieira]

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Política

(po.lí.ti.ca) sf. 1 Arte e ciência da organização e administração de um Estado, uma sociedade, uma instituição etc. 2 O conjunto de fatos, processos, conceitos, instituições etc. que envolvem e regem a sociedade, o Estado e suas instituições, e o relacionamento entre eles. 3 O gerenciamento de uma dessas instituições ou do conjunto delas. 4 O conjunto de conceitos e a prática que orientam uma determinada forma, préescolhida, desse gerenciamento: O banco adotou uma nova política para empréstimos. 5 Habilidade de conduzir ou influenciar o governo pela organização partidária, opinião pública, conquista do eleitorado etc. [F.: Do lat. tard. politica, do gr. politiké (téchne).]


Decif ess C ódigo Florestal é o nome da novela. Não é nenhum “Rei do Gado”, mas está dando muito ibope! Em 1965 começa essa história que regulamenta a exploração da terra no Brasil, baseado no fato de que ela é um bem de interesse comum a toda a população. O código estabelece parâmetros e limites para preservar a vegetação nativa e determina o tipo de compensação que deve ser feito por setores que usem matériasprimas, como reflorestamento, assim como as penas para responsáveis por desmate e outros crimes ambientais relacionados. Sua elaboração durou mais de dois anos e foi feita por uma equipe de técnicos. De lá pra cá ele foi modificado várias vezes por decretos e medidas provisórias, formava-se aos poucos uma tsunami, que nos dias de hoje já começa a devastar os alicerces da sociedade que conhecemos. Estão no palco central arrebatando olhares e mais olhares, inclusive de muitos que a pouco tempo atrás faziam parte dos desentendidos, as Áreas de Preservação Permanente (APPs), que é o caso das margens de rios e reservatórios, topos de morros, encostas em declive ou matas localizadas em leitos de rios e nascentes; e Reservas Legais (RLs), que são os pedaços de terra dentro de cada propriedade rural - descontando a APP - que deveria manter a vegetação original para garantir a biodiversidade da área, protegendo sua fauna e flora. Assim costurada por deslizamentos, erosões e enchentes a discussão continuou e a grande e pesada força da natureza entrou diretamente em colisão com a realidade atual do nosso país, em amplo desenvolvimento econômico. Ambientalistas, ruralistas e cientistas concordaram então que o Código Florestal precisava ser atualizado, pois seria necessário algo mais 8 - Revista Empty - Julho de 2011 - Política


código.* se

fre

sólido. A partir dessa conclusão a novela em questão já passa a ser um “Vale a pena ver de novo” de diversos setores políticos, ambientais e acadêmicos. Será que não é hora de admitirmos os erros grosseiros, e crescer compartilhando: informação, respeito, experiências, amor, dignidade e acima de tudo a liberdade? Historicamente a nossa informação é manipulada, o respeito pela nossa própria espécie humana termina quando não se pode pagá-lo, e a maioria das experiências são de dor, escravidão e dizimação, de exemplo os nossos índios, que já foram 100 milhões no continente e só no Brasil chegava talvez perto dos 5 milhões e atualmente calcula-se que apenas 400 mil índios ocupam o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São verdadeiros pássaros em gaiolas, onde está a dignidade? Os negros que foram tirados dos seus lares africanos ainda precisam lutar por sua liberdade, e sobrevivência social. Não enxergo amor em nada disso... Estamos indo pelo caminho certo? Esbarramos na economia! Ela que sustenta o sistema atual. Sem dinheiro no bolso ninguém consegue o arroz e feijão de cada dia, ou o playstation de cada dia. Por tanto vamos à luta! A Câmara aprovou o novo Código Florestal, projeto proposto pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) levantando a bandeira do desenvolvimento e alegando retrocesso se não legitimado tal ato. Sem as mudanças, dizem, não conseguirão suprir a crescente demanda de alimentos e o setor agropecuário brasileiro ficaria em desvantagem no cenário mundial. Já os ambientalistas rebatem, afirmando que as terras já exploradas são suficientes para

dobrar a produção, basta aprimorar a eficiência nas lavouras e nos pastos por meio de tecnologia e uso sustentável na agricultura e pecuária. Organizações de defesa do meio ambiente - e boa parte da academia - afirmam que as mudanças no Código abrem brechas para aumentar o desmatamento e podem pôr em risco serviços ambientais básicos, como o ciclo das chuvas e dos ventos, a proteção do solo, a polinização, o controle natural de pragas, a biodiversidade, entre outros. Esse desequilíbrio prejudicaria até mesmo a produção agropecuária, que está diretamente ligada a tais fatores ambientais. E você... por qual caminho seguiria? Decifre esse código para o bem da humanidade. [Bruno Carvalho]

* Título da Matéria: Decifre este código

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Está pegando

FOGO

Sociedade VS Sérgio Cabral

Toda a luta dos bombeiros por condições mínimas de trabalho



C

Do Início erta vez um bombeiro me disse que Sérgio Cabral é um menino mimado, que não aceita ser contrariado. Já tinha ouvido muitos adjetivos para definir o Governador, mas esse eu achei completamente inusitado. O bombeiro em questão baseava sua opinião num evento ocorrido em 2009, essa data marca o início do desgaste dos bombeiros com o Governador do Estado. Nessa ocasião o Governador Sérgio Cabral fazia a apresentação dos bombeiros que iam atuar no combate ao mosquito da dengue, ao mencionar a gratificação que os agentes receberiam pelo trabalho, foi vaiado por duas vezes. “Se quiser desistir, tem dois mil na fila. Eu estou numa assembléia de bombeiros ou no lançamento da campanha”, esbravejou o Governador. Das palavras do Governador podemos retirar dois pontos. O primeiro é a costumeira falta de respeito e truculência com o trabalhador, atitude essa que marcou sua relação não só com os bombeiros, mas com médicos e professores. Como se não bastassem os abusos diários que sofrem, para o Governador, eles ainda têm que aturar calados. O segundo ponto é que Sérgio Cabral demonstrava desde 2009, acreditar em “conspiração política” contra qualquer manifestação pública de repúdio, argumento usado hoje para deslegitimar a resistência dos bombeiros. No entanto, não é preciso de uma “conspiração” política para perceber que a categoria dos bombeiros estava se afundando no caminho sem volta das gratificações, e nesse lamaçal os bombeiros trabalhavam muito mais para ganhar muito menos. E o que lhes estaria reservado para o futuro? Uma aposentadoria miserável baseada num salário miserável, que permanecia inalterado. Os bombeiros perceberam a armadilha e exigiram mudanças. Dos Três Erros de Cabral Nesses dois anos os bombeiros tentaram emplacar uma negociação com o Governador, estavam organizados e com lideranças bem definidas. Sérgio Cabral mentiu dizendo que 12 - Revista Empty - Julho de 2011 - Política

abriria negociações e foi adiando mês após mês. Falo isso, pois é extremamente importante frisar que a ocupação do quartel dos bombeiros não foi um ato de impulso, na verdade é um processo, fruto da insatisfação com os salários e das negativas do Governador. Fruto de mobilização. Depois de dois anos de tentativas frustradas de sentar à mesa, somente o ato extremado da ocupação do quartel deu visibilidade à luta dos bombeiros. Chamando a atenção de toda a sociedade para as suas precárias condições de trabalho, conseqüentemente a atenção do próprio Governador. O Sérgio Cabral é reconhecido por ser um político sem

“Na ocupação, junto aos bombeiros estavam suas mulheres e seus filhos. Mesmo assim, a única medida encontrada por Cabral para contornar a situação foi chamar o BOPE para invadir o quartel.” qualquer traquejo para lidar com movimentos populares. Até políticos que não admitem esse tipo de manifestação lidariam com o ato da ocupação de uma forma melhor, não é questão de generosidade e sim de inteligência. Não são poucas às vezes em que na política o melhor a se fazer é dar um passo para trás, mas o Governador confundiu um recuo estratégico com perda irrefutável de poder. Após a ocupação e sensibilização da sociedade, era o momento de recuar e enfim negociar. No entanto, para ele seria demais ceder às exigências da classe trabalhadora, quando a política de imposição das suas vontades vinha dando tão certo. Certamente não ter se proposto ao diálogo foi o seu primeiro grande erro. Na ocupação, junto aos bombeiros estavam suas mulheres e seus filhos. Mesmo assim, a única medida encontrada por Cabral para contornar a situação foi chamar o BOPE para invadir o quartel. Eles entraram usando armas letais e efetuaram disparos, usaram bombas de gás lacrimogêneo. Parecia que estavam lidando com os piores bandidos do Rio de Janeiro. Transformaram uma manifestação política pacífica num verdadeiro caos. Como se a pauta dos bombeiros fosse a coisa mais absurda já pensada na história de todo o Estado. Aliás, o direito inalienável de se protestar num Estado Democrático de Direito é repelido pelo próprio aparelho estatal. Toda a truculência da operação e os 439 bombeiros presos chocaram e revoltaram a sociedade. Cabral comete, portanto, o seu segundo grande erro. Como se não bastasse a atitude descabida, o Governador comparece a uma entrevista coletiva para justificar as suas ordens e ao mesmo


tempo reafirmar o seu poder. Mostrando total destempero, chama os bombeiros presentes na ocupação de vândalos. Tal declaração gerou perplexidade, não apenas por se tratar de um governante falando atrocidades, mas por de maneira tão cínica não reconhecer a legitimidade da causa dos bombeiros e criminalizar a ocupação, como se essa tivesse sido a primeira alternativa dos bombeiros para as suas reivindicações. O que Cabral efetivamente conseguiu mantendo a linha dura e ofendendo os bombeiros? O fortalecimento da mobilização dos bombeiros, uma aceitação enorme por parte da sociedade (poucas vezes vista) e uma perda considerável de capital político. Ele comete o seu terceiro grande erro. Da Contradição à Luta Unificada É completamente incompreensível que Cabral chame de “conspiração política” um movimento que vise aumentar a base salarial dos bombeiros, é mais inacreditável ainda ele considerar o salário base de R$ 1.031,38 (sem vale transporte) algo satisfatório. O Rio de Janeiro é o segundo Estado da Federação que mais arrecada, só perdendo para São Paulo. Os bombeiros no Rio de Janeiro recebem nada mais nada menos do que o pior salário dentre todos os 27 Estados da Federação. Sua reivindicação salarial é para que a base do vencimento aumente para R$ 2,000 com a inclusão de vale transporte, ou seja, um aumento de 100%. Não parece absurdo se considerarmos que os bombeiros do Rio ainda ganhariam menos do que os do Sergipe por exemplo. O argumento óbvio que o Governador utiliza para negar o reajuste é o inevitável desequilíbrio das contas públicas. Se já parece sem cabimento um Estado que arrecada infinitas vezes mais que o Estado do Sergipe, conseguir a proeza de pagar pior os seus funcionários públicos, a contradição aumenta se olharmos quanto o Rio de Janeiro deixa de arrecadar. Só no governo Sérgio Cabral foram mais de R$ 50 bilhões em isenção de impostos para empresas como as Barcas S/A e SuperVia. É inadmissível que o Governador diga que não tem dinheiro para reajustes salariais, quando sob sua benção o Estado concede isenções a empresas, que, diga-se de passagem, oferecem péssimos serviços à população. Por essa soma de disparates cometidos pelo Governador, os bombeiros foram ás ruas numa onda de mobilização que atingiu o Rio de Janeiro inteiro. Eles acampam na escadaria da ALERJ e ali permanecerão até que suas reivindicações sejam atendidas. E antes de aceitarem qualquer centavo de reajuste, exigem a anistia de todos os bom-


ros que foram presos. Os professores (outra categoria com salário muito defasado) entraram imediatamente em greve e se juntaram aos bombeiros na escadaria da ALERJ, assim como o movimento estudantil. Os taxistas, por exemplo, pararam e fizeram um apitaço em plenas ruas do centro. As pessoas voluntariamente colocavam bandeiras vermelhas em seus carros e casas. A sociedade rapidamente escolheu de que lado estava. O apogeu de toda essa mobilização aconteceu na orla de Copacabana no dia 12 de junho, onde o mar ficou vermelho, a passeata reuniu mais de 27 mil pessoas. Os bombeiros ainda ganharam apoio incondicional de boa parte dos deputados, que incentivaram as mobilizações e estão buscando a negociação com o Governador. Ainda deram toda a assistência jurídica no processo de soltura dos 439 presos. As diferentes categorias perceberam a importância de unificar a luta, porque de fato ela é única. Estão combatendo conjuntamente a mesma

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política de sucateamento das condições de trabalho e do arrocho salarial, que é geral no Estado do Rio de Janeiro. Do Final? Essa luta está longe de acabar, mas a mobilização parece gerar vislumbres de vitória. De concreto, os 439 bombeiros que foram presos estão soltos, embora ainda não estejam anistiados, a pressão popular torna improvável que não o sejam. Mas é preciso continuar na luta para que isso seja efetivamente garantido, nesse momento nada é mais importante do que a anistia. O Governador Sérgio Cabral acenou com uma proposta de aumento salarial, muito aquém do esperado, é verdade, mas já se colocou para diálogo. A mobilização ainda tem fôlego e a categoria não está perto de esmorecer. Os professores têm um caminho mais longo ainda para também conquistarem vitórias, assim como os servidores da saúde. Mas a grande vitória reside na derrota política incontestável que Sérgio Cabral sofreu. A mobilização de toda sociedade fez o Governador recuar, fato raríssimo nesses últimos anos. Nós precisávamos dessa vitória para dar um basta na sua intransigência permanente. Espero que agora o Governador entenda que o seu poder só vai até onde o povo permite. [Marcio Ornelas]


Redução da Idade Penal: solução pra quem?

M

uito se tem debatido sobre a redução da idade penal no Brasil de 18 para 16 anos de idade. A cada acontecimento envolvendo uma criança ou adolescente (quase sempre quando estes são autores e não vítimas de algum ato infracional) o assunto ganha as capas dos principais jornais e revistas nacionais e permanece, sob a luz do ocorrido, no topo dos assuntos mais discutidos entre aqueles que defendem a redução da maioridade e, conseqüentemente, acende a luz vermelha para aqueles que defendem o que preconiza o nosso já “crescidinho” Estatuto da Criança e do Adolescente. Infelizmente, noticiários que denunciam o envolvimento de crianças e adolescentes em casos de assaltos, homicídios, tráfico de drogas, prostituição, entre outros não são poucos nem pontuais. E na maioria das vezes, ouvimos frases que – infelizmente - já se tornaram clássicas, tais como: “se já sabe como conseguir e manusear uma arma, sabe o que está fazendo e pode assumir as conseqüências disso.” Contra argumentar tal raciocínio se torna missão difícil, pois, como não poderia deixar de ser, alguém nessa história foi vítima, e muitas vezes, vítima inocente. Conforme o Art. 227,

caput, da Constituição Federal de 1988: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU em 1949, a Declaração Universal dos Direitos das Crianças, de 1959, e a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, de 1989 também consagram o direito à proteção, indicando assim a constatação da vulnerabilidade em que se encontram submetidas, pela faixa etária, as crianças e os adolescentes. Desta forma, o outro lado da questão se sobrepõe. Mais comum do que noticiários envolvendo a participação de crianças e adolescentes em atos infracionais, são as ocorrências de negligências contra os mesmos praticadas pela família, pela sociedade e pelo Estado, ou seja, os mesmos que deveriam- por Lei- defender e garantir seus interesses e necessidades. Não pretendo aqui esgotar o assunto, muito menos minha afirmação me torna parcial o suficiente para me fazer esquecer que como resultado de um ato infracional, há uma morte, ou alguém foi lesado em seus bens. Muito pelo contrário. Pretendo chamar a atenção para a direção que tem tomado essa discussão nos meios públicos e entre a sociedade, uma vez que esse assunto só ganha a devida notoriedade quando o ato já foi cometido, fazendo assim com que as medidas punitivas sejam sempre mais debatidas do que as medidas preventivas. Nossas crianças e adolescentes vivem hoje numa sociedade que dá Política - Julho de 2011- Revista Empty - 15


mais valor ao TER do que ao SER. A necessidade de se destacar no grupo, de ser o mais bem vestido, o que joga o videogame mais caro, o que anda com o tênis mais caro, se tornou uma ideologia que, quem não segue é que está na contramão. E é essa mesma sociedade que muitas vezes clama por medidas que favorecem a ausência da garantia de direitos como o da convivência familiar ou o acesso à educação. É também essa sociedade que poucas vezes evoca o ECA quando ouve falar de uma escola no Nordeste que está fechada por falta de professores com o mesmo furor que o julga como ferramenta para se permitir a impunidade dos que muitos ainda chamam erroneamente, de “menores”. Precisamos, em caráter de urgência, começar a cobrar do poder público mais medidas preventivas às nossas crianças e adolescentes para que as medidas punitivas sejam eficazes à ressocialização dos mesmos. Reduzir a Idade Penal antes que isso seja feito, é assinar o documento em que abrimos mão dos deveres do Estado. É permitir que as crianças e adolescentes que muitas vezes não conhecemos, sejam julgadas da maneira que não gostaríamos que fossem nossos filhos. Esses mesmos filhos que não deixamos sair na noite antes de determinada idade por não saberem ainda se defender sozinhos. [Juliana Castro]

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O fechamento do

Instituto Benjamin Constant

N

o Brasil, é comum políticas de sucateamento às instituições que prestam serviços às classes mais carentes da sociedade, as ditas classes C, D e E. Têm-se como exemplo desses serviços a saúde, com os hospitais em situação deplorável e profissionais insatisfeitos com suas condições de trabalho, assim como a educação e a segurança pública. No entanto, a tentativa de fechamento do Instituto Benjamin Constant (IBC) e do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Inês) parece ter sido a gota d’ água no Estado do Rio de Janeiro. Para legitimar o fechamento do IBC e do Inês, a diretora de Políticas Educacionais Especiais do MEC, Martinha Claret, alegou que essas instituições são segregacionistas, que as crianças não podem ser agrupadas em escolas para surdos porque são surdas. Dessa forma, ela defende que essas crianças com necessidades especiais devem ser deslocadas para escolas regulares desde a sua primeira experiência social, sem passar por uma instituição especializada, promovendo, assim, a educação inclusiva. O resultado disso foi uma grande manifestação com mais de 300 pessoas em frente ao IBC, protestando contra o seu fechamento. Para evitar problemas maiores e contornar o impacto negativo das declarações de Martinha, o ministro da Educação Fernando Haddad esclareceu que não pretende efetuar o fechamento dessas instituições, mas sim promover uma ampliação de oportunidades para pessoas com deficiência, dando-lhes a possibilidade de dupla matrícula, uma na instituição especializada e outra na instituição regular e, dessa forma, estimular a educação inclusiva. A afirmação que pode ser feita é a seguinte: as escolas do ensino regular não estão preparadas para atender a demanda de pessoas com necessidades especiais e, mesmo que

seja efetuada a dupla matrícula, essa ainda não é a solução para a educação inclusiva, pois esta pode atrapalhar negativamente o tempo de aprendizado de uma criança surda-muda e/ou cega, que se dá de forma diferenciada. Além de não oferecer a infra-estrutura básica para a inclusão de pessoas denominadas especiais, as escolas com ensino regular vão tornar inviável o aprendizado dessas crianças que nem a linguagem de sinais e libras dominam direito. Deste modo, estas pessoas são formadas com uma metodologia precipitada e tendem a passar dificuldades pelo restante de suas vidas. Além disso, a má formação dos professores que trabalham com essas pessoas especiais é alarmante. Na academia não existe uma preocupação em abordar a problemática dos especiais e tentar solucioná-la com uma formação adequada do professor. Consequentemente, os alunos são seriamente prejudicados, pois os professores não conhecem o método apropriado para aplicar a essas crianças. O Política - Julho de 2011- Revista Empty - 17


professor por sua vez, mesmo na faculdade, não consegue apoio suficiente para ter esse tipo de aprendizado; na academia a importância dada à formação do ensino voltada para alunos especiais é mínima, já que a grade curricular não abrange matérias voltadas para tal assunto, havendo, apenas, na maioria das vezes, matérias optativas ou somente aplicadas no final da formação profissional. Para solucionar esse problema de segregação, o MEC deveria primeiramente cumprir com a convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência e com a Lei de Libras, que prevê a Libra como a primeira língua a ser aprendida por crianças com necessidades especiais. No entanto, o MEC não respeita essa decisão e promove dessa forma a segregação. Logo, é muito importante que estas crianças aprendam inicialmente a língua de sinais e, por conseguinte, potencializem a sua capacidade de aprendizado, como afirma a pedagoga Patrícia Rezende: “os ambientes linguísticos que favorecem a vivência de uma língua de maneira espontânea fazem com que os sujeitos se tornem mais autônomos, pois eles alcançam o conhecimento de maneira mais rápida e eficaz.” Portanto, é correto afirmar que o MEC não está respeitando uma especificidade lingüística e tão pouco sabendo lidar com 18 - Revista Empty - Julho de 2011 - Política

uma diversidade cultural, algo que no Brasil é bem comum, desde seu denominado “descobrimento”. Podemos esclarecer, então, que o IBC e o Ines são instituições necessárias para a sobrevivência da variedade cultural e da inclusão, corretamente realizada, de pessoas com necessidades especiais na sociedade. O fechamento dos institutos legitimaria todas as políticas de boicote à educação de qualidade no Rio de Janeiro. E a forma de enfrentamento contra políticas de sucateamento e decisões abruptas por parte de autoridades parece ser uma só: a movimentação popular, que se torna cada vez mais comum e necessária na atual conjuntura da política brasileira. Só com a conscientização da população sobre a importância dessas instituições para a sociedade é que se pode evitar que uma injustiça e que algo totalmente prejudicial ocorram, pois a coletividade é responsável pela criação de uma unidade de força capaz de exercer pressão sobre as autoridades que controlam a máquina governamental. [Lucas César]


Comunicação

(co.mu.ni.ca.ção) sf. 1 Conceito, capacidade, processo e técnicas de transmitir e receber ideias, mensagens, com vistas à troca de informações, instruções etc.: A comunicação é um pré-requisito para a formação e consolidação de uma sociedade. 2 Ação ou resultado de comunicar(-se), de transmitir e receber mensagens: Esta empresa precisa melhorar a comunicação com as filiais. 3 A mensagem transmitida ou recebida, oral ou por escrito: Chegou uma comunicaçãoda matriz. 4 O conjunto de conhecimentos, técnicas e procedimentos sobre essa transmissão e recepção de ideias, informações e mensagens, ministrado como disciplina: Ela estudou comunicação.


resta S贸 nos

a liberdade


C

onhecimento o poder de controlar nações, ou uma pequena sala de aula, a ferramenta que faz com que um filho se sinta protegido pelo pai ensinando como viver uma vida de disputas afoitas no meio de um lugar agressivo que é o mundo, momentos de prazer perante uma simples roda de conversa entre amigos, controle de situações de risco meio ao caos comunitário. Agilidade, divisão, igualdade, ego, etc. Conhecimento pode dirigir, encaminhar e criar várias situações, mais o prazer de dividir, é que deveria de voltar as raízes humanas, retornar ao cru, o principio de compartilhamento de conhecimento. Em algum momento desandou, em algum momento isso se tornou finito! Será que ter liberdade de conhecimento é algo negativo? Vamos colocar uma hipótese, a maioria das pessoas possuem luz na sua casa ou pelo menos deveria, de repente, após muito uso umas das lâmpadas queima, você sem problema nenhum troca por outra, de forma natural,

até ai tudo bem, mais acontece que a lâmpada queima novamente, e a partir dai nenhuma lâmpada que é enroscada funciona, todas acabam no mesmo triste fim, você se preocupa e pode ter algumas opções, chamar um técnico ou simplesmente quebrar sua parede e verificar por conta própria, você tem liberdade de escolha, se você aprendeu como trabalhar com eletricidade, você simplesmente pode resolver o problema e ensinar seu filho ou quem estiver perto no momento como resolver aquele problema, perfeito! Mais o que isso tem a ver com liberdade de conhecimento, bem imagine se uma empresa a muitos anos atrás resolveu comprar ou registrar o conhecimento de “luz”, ou seja


tudo que se refere desde a criação, fornecimento até de produtos derivados e relacionados a “luz”, então a partir do momento que sua lâmpada queimou, você ligaria para um suporte e solicitaria a mudança todo o serviço, e se por um acaso você tivesse lâmpadas em excesso em casa e quisesse emprestar para o vizinho, não poderia, por que esse conhecimento seria fechado e só as pessoas que controlam esse conhecimento poderiam fornecer tal coisa para seu vizinho, e formaria uma rede de fornecimento de “lâmpadas piratas”, veja que em nenhum momento tento incentivar a pirataria, ou até mesmo criticar as empresas que distribuem luz, mais mostro que se um conhecimento que é de todos fosse comprado na época das mãos de Thomas Edson, com os princípios de hoje, talvez aquilo que eu aprendi na escola, juntando circuitos e fazendo um pequena lâmpada acender em 22 - Revista Empty - Julho de 2011 - Comunicação

cima de um pequeno pedaço de madeira, eu só poderia aprender se comprasse um certificação em uma empresa de treinamento. Como mudar esse quadro? Muitas pessoas dizem que o custo é muito alto, outras falam em baixar impostos, para que aquele software, filme, ou livro seja mais barato, para que uma instituição de ensino não precise gastar mais de 200mil reais em licenciamento de programas, veja digo licenciamento, em nenhum momento disse em comprar, pessoas confundem, principalmente no Brasil acham que comprar um programa, um jogo, um filme ou algo do gênero, é se apropriar de algo, na verdade todos compramos licenças de direitos de uso, o que isso quer dizer? Bem, quando se compra um jogo ou um programa, na verdade se compra o direito de todos clicarem no botão da interface ou o direito de pular de uma fase para outra, e até mesmo o direito de


“A liberdade de redistribuir cópias deve incluir formas binárias ou executáveis do programa, assim como o código-fonte, tanto para as versões originais quanto para as modificadas.” você eliminar alguém, desde que seja em dentro do mundo do jogo. Ninguém pode ter certeza, do que está sendo passando para o computador de cada um, por trás daquela interface, não se sabe também o que eles estão tirando de informação do seu computador, portanto toda segurança e privacidade em geral esta parcialmente comprometida, mais tudo bem não tem problema quando eu compro o programa eu tenho que ler uma licença de umas 10 páginas, e nela vem dizendo que ninguém fará nada com minhas informações, eles juram que tudo dará certo!! As operadoras de celular também, os bancos, os prefeitos, servidoras de telefonia, a sua sogra, etc. Tudo bem estão nos privando de parte de nossa liberdade intelectual, mais existem soluções alternativas que podem sim mudar a visão de mercado a visão social e cultural, todas elas com uma mesma base de filosofia e metodologia, seguindo certos preceitos vistos no software livre. Software livre Nós mantemos esta definição do Software Livre para mostrar claramente o que deve ser verdadeiro a respeito de um dado programa de software para que ele seja considerado software livre.

"Software Livre" é uma questão de liberdade, não de preço. Para entender o conceito, você deve pensar em "liberdade de expressão". "Software livre" se refere à liberdade dos usuários executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software. Mais precisamente, ele se refere a quatro liberdades, para os usuários do software: - A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade no. 0); - A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptálo para as suas necessidades (liberdade no. 1). Aceso ao códigofonte é um pré-requisito para esta liberdade; - A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo (liberdade no. 2); - A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade no. 3). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade. Um programa é software livre se os usuários possuem todas estas liberdades. Portanto, você deve ser livre para redistribuir cópias, seja com ou sem modificações, seja de graça ou cobrando uma taxa pela distribuição, para qualquer um em qualquer lugar. Ser livre, entre outras coisas, significa que você não tem que pedir ou pagar pela permissão. Você deve também ter a liberdade de fazer modificações e usá-las privativamente no seu trabalho ou lazer, sem nem mesmo mencionar que elas existem. Se você publicar as modificações, você não deve ser obrigado a avisar a ninguém em particular, ou de nenhum modo em especial. A liberdade de utilizar um programa significa a liberdade para qualquer tipo de pessoa física ou jurídica utilizar o software em qualquer tipo de sistema computacional, para qualquer tipo de trabalho ou atividade, sem que seja necessário comunicar ao desenvolvedor ou a qualquer outra entidade em especial. A liberdade de redistribuir cópias deve incluir formas binárias ou executáveis do programa, assim como o código-fonte, tanto para as versões originais quanto para as modificadas. De modo que a liberdade de fazer modificações, e de publicar versões aperfeiçoadas, tenha algum significado, deve-se ter acesso ao código-fonte do programa. Portanto, acesso ao código-fonte é uma condição necessária ao software livre. Para que essas liberdades sejam reais, elas tem que ser irrevogáveis desde que você não faça nada errado; caso o desenvolvedor do software tenha o poder de revogar a licença, mesmo que você não tenha dado motivo, o software não é livre. Entretanto, certos tipos de regras sobre a maneira de distribuir software livre são aceitáveis, quanquando redistribuindo um programa, você não pode adicionar restrições para negar para outras pessoas as liberdades principais. Esta regra não entra em conflito com as liberdades; na verdade, ela as protege. PorComunicação - Julho de 2011- Revista Empty - 23


tanto, você pode ter pago para receber cópias do software GNU, ou você pode ter obtido cópias sem nenhum custo. Mas independente de como você obteve a sua cópia, você sempre tem a liberdade de copiar e modificar o software, ou mesmo de vender cópias. "Software Livre" Não significa "não-comercial". Um programa livre deve estar disponível para uso comercial, desenvolvimento comercial, e distribuição comercial. O desenvolvimento comercial de software livre não é incomum; tais softwares livres comerciais são muito importantes. Regras sobre como empacotar uma versão modificada são aceitáveis, se elas não acabam bloqueando a sua liberdade de liberar versões modificadas. Mas também existe software livre que não é copyleft. Nós acreditamos que hajam razões importantes pelas quais é melhor usar o copyleft, mas se o programa é free-software mas não é copyleft, nós ainda podemos utilizá-lo. Às vezes regras de controle de exportação e sanções de comércio podem limitar a sua liberdade de distribuir cópias de programas internacionalmente. Desenvolvedores de software não tem o poder para eliminar ou sobrepor estas restrições, mas o que eles podem e devem fazer é se recusar a impor como condições para o uso dos seus programas. Deste modo, as restrições não afetam as atividades e as pessoas fora da jurisdição destes governos. Quando falando sobre o software livre, é melhor evitar o uso de termos como "dado" ou "de graça", porque estes termos implicam que a questão é de preço, não de liberdade. Existem hoje vários exemplos de licenças como as licenças creative commons, onde o próprio governo brasileiro assumiu como política de estado desde 2003 e foi um dos primeiros países do mundo a fazer isso, essa licença ajuda na distribuição e autorização de uso, como se fosse um atestado, você tem opções nos textos das licenças onde pode se escolher que caminho seguir, que restrições serão feitas às obras e o que será liberado. Temos também a Licença da Arte Livre que

autoriza você a copiar livremente, distribuir e transformar trabalhos criativos sem infringir os direitos do autor. A Licença da Arte Livre reconhece e protege estes direitos. Sua implementação foi reformulada no sentido de permitir que todos utilizassem das criações do intelecto humano de uma maneira criativa, independentemente de seus gêneros e formas de expressão. Enquanto o acesso do público às criações intelectuais é frequentemente restringido pela lei do copyright, com a Licença da Arte Livre o acesso é incentivado. Esta licença se propõe a permitir a utilização dos recursos que constituem uma obra; estabelecer novas condições para a criação no sentido de amplificar as possibilidades da criação. A Licença da Arte Livre permite o uso das obras e reconhece o direito do autor, os direitos dos receptores e suas responsabilidades. Todas elas possíveis soluções ou se não simples opções, para um problema que aflige todo nosso cotidiano a falta de opções para se chegar a uma liberdade limpa e sincera. Nesse ano que o sistema LINUX faz 20 anos em outubro, o percursor de todo esse processo junto com a licença GNU, digo que só nos resta a liberdade. [Leandro Ferra]

24 - Revista Empty - Julho de 2011 - Comunicação


E3 2011 A maior feira de video-games do mundo

A

h, Los Angeles... Terra dos Lakers, de Hollywood, e da mansão da playboy. Lar dos jogos olímpicos de 1932 e 1984, e da Copa do Mundo FIFA de 1994. Mas o mais importante para a nação gamer: É a sede da Electronic Entertainment Expo, tradicionalíssima feira de video-games na qual, anualmente, os maiores nomes da indústria se reúnem para revelar o que jogaremos nos próximos meses. E como tivemos novidades este ano! Foram games multiplataforma para todos os gostos. Fãs de FPS puderam finalmente ter um gostinho do novo Call Of Duty Modern Warfare 3, que deve levar o realismo da guerra a níveis jamais vistos. A galera que cresceu jogando playstation pôde matar as saudades da musa Lara Croft no novo Tomb Raider, que conta com gráficos embasbacantes. Quem curte super-heróis terá em Batman – Arkham City um prato cheio, ainda mais com a inclusão da Mulher Gato como personagem jogável. Mas nada foi tão impressionante quanto

Bioshock Infinite, que abocanhou o prêmio de melhor jogo da feira em grande parte dos sites e revistas especializados. Com sua hitória de derrubar queixos, sistema de combate envolvente, e direção artística soberba, a Irrational Games parece estar prestes a entregar um dos melhores jogos de todos os tempos. Mas o que todo mundo sempre se perguta é como foram as conferências das maiores empresas, e quem levou a melhor na disputa pelo coração (e pelo bolso) dos jogadores. A apresentação da Microsoft foi bastante burocrática, e a companhia usou o show deste ano para continuar promovendo o Kinect, seu sistema de controle de movimentos lançado para o Xbox 360 no final de 2010, e que ainda não conseguiu emplacar. Para reverter o quadro, foram revelados jogos como Kinect Sports Season 2, Kinect Star Wars, e Mass Effect 3. A EA Sports garantiu suporte ao Kinect em seus próximos lançamentos, então podemos esperar um FIFA jogado sem joysticks num futuro próximo. No entanto, nada disso pareceu empolgar muito os jogadores, que preferiram voltar suas atenções aos mais tradicionais Forza Motorsport 4 e Gears Of War 3, indiscutivelmente o lançamento mais promissor do ano para o console. Apostar na popularização do Kinect acabou sendo muito pouco em um evento concorrido como este. Já a Sony, que tinha tudo para entrar em campo abalada pela recente crise que passou com sua Playstation Network, (que você deve ter lido Comunicação - Julho de 2011- Revista Empty - 25


sobre na edição passada da Empty) deu um belo espetáculo. Exclusivos como Infamous 2, - que já está nas lojas neste segundo - Resistance 3, e Sly Cooper parecem bastante promissores. Mas nada se compara ao blockbuster Uncharted 3, que chega às prateleiras em novembro. A nova aventura de Nathan Drake deve levar o Playstation 3 ao seu potencial máximo, e as sequências de ação reveladas fazem o trem pendurado de Uncharted 2 parecer um passeio no parque. Além de grandes games, a Sony também revelou seu novo hardware, o console portátil Playstation Vita. Com suporte à Playstation Network, gráficos dignos da atual geração, e um preço competitivo (estimados 250 dólares), o portátil dedicado exclusivamente a jogos impressionou a todos, e vai ser sensacional poder jogar Uncharted – Golden Abyss em qualquer lugar. Finalmente, a Nintendo mostrou mais uma vez porquê voltou a ser a maior vendedora de consoles do mundo e trouxe uma verdadeira avalanche de novidades. Para o portátil 3DS, lançamentos como Kid Icarus Uprising, Mario Kart 3DS, Luigi’s Mansion 2, e Super Mario 3D, que parece unir os melhores elementos de Mario Bros. 3 e Super Mario Galaxy. Infelizmente os donos de Wii foram deixados um pouco de lado, e têm apenas o interessante Legend Of Zelda – Skyward Sword no horizonte. Isto porque foi revelado um novíssimo console! Batizado de Wii U, o novo sistema da Nintendo conta um controle similar a um tablet, que permite transportar o que se vê na televisão para seu visor, como vocês podem ver na foto que ilustra a matéria. Com sensor de movimento, câmera e microfone embutidos, as possibilidades de jogabilidade são ilimitadas. O lançamento do Wii U deve ocorrer apenas em 2012, mas é bom saber que até lá teremos muita, muita coisa para jogar.

atmosfera da época é perfeitamente retratada nesta história noir memorável e de roteiro muito inteligente. Fazendo uso de locações reais, que mostram o quanto a equipe de desenvolvimento mergulhou fundo em suas pesquisas, o jogador controla o detetive Cole Phelps, que deve escalar no departamento solucionando crimes. O grande trunfo do jogo é a investigação envolvente, que faz uso da mais avançada tecnologia de escaneamento facial até hoje. A captura de movimentos é a melhor já vista, o que é essencial no momento de interrogar os suspeitos. O jogo pode parecer um pouco linear demais, mas é repleto de momentos memoráveis. Retrô – Jogos de detetive L.A. Noire pode ser muito impressionante, mas não é o primeiro game a despertar o investigador dentro de nós. Nos anos 80, jogos como Dick Tracky e Who Framed Roger Rabbit forneciam mundos abertos (Ou simplesmente caóticos e ruins. Chame como quiser.) onde era necessário falar com pessoas e coletar pistas para prosseguir com o jogo. O PC, através do gênero adventure, incrivelmente popular nos anos 90, levou a investigação a um novo patamar com narrativas muito bem escritas. Grandes exemplares do gênero são Grim Fandango e Sam & Max. Nos anos 2000, até mesmo consoles portáteis apostaram na diversão de desvendar casos e enigmas, e a franquia Professor Layton foi um estrondoso sucesso de vendas no Nintendo DS. [Thomas Schulze]

Lançamento – L.A. Noire Aproveitando o clima de Los Angeles, vamos à análise do novo game da Rockstar, famosa por seus GTAs. Desta vez, saem as metrópoles modernas, entra a Los Angeles dos anos 40. A 26 - Revista Empty - Julho de 2011 - Comunicação


Moda

(mo.da) sf. 1 Maneira, estilo de viver, vestir, comportar-se, escrever etc. predominante numa determinada época ou lugar (gíria fora de moda); VOGA. 2 Restr. Arte e técnica do vestuário (moda feminina). 3 A indústria e/ou o comércio dessa arte: Gostaria de trabalhar com moda. 4 Modo, maneira: Preparou a massa à moda italiana. 5 Gosto, maneira ou modo distinto e peculiar, ger. habitual, de cada um: Trabalha à sua moda. 6 Uso ou prática corrente, generalizada; FIXAÇÃO; MANIA: Usar telefone celular virou moda. [F.: Do fr. mode ‘costume, hábito, maneiras, uso’.]


A moda masculina e sim tendência.

não mais tabu

J

á foi o tempo que os homens andavam todos iguais com calças, sapatos, camisas. Todos idênticos. O que vemos hoje é uma moda funcional, os homens mais ligados à moda, as tendências, ou melhor, vemos homens abertos a novos conceitos. O ritmo de vida deles é tão moderno quanto as suas roupas e por isso eles gostam de estar em sintonia com o mundo da moda, onde buscam novos experimentos levando em conta o seu gosto pessoal. Nessa busca no mundo da moda vemos homens que não abrem mão dos acessórios e complementos como chapéus, óculos escuros, gravatas, bolsas, sapatos, cintos, lenços e cachecóis. Valorizam bons cortes e adoram tecidos tecnológicos. Claro que nós, mulheres de bom gosto adoramos essa mudança no armário deles, um homem bem vestido, sabendo fazer as combinações certas dá uma ótima impressão. Afinal de contas, quem disse que só as mulheres devem se vestir bem? E já que estou falando de moda masculina, vamos atualizar nossos queridíssimos dando algumas notícias sobre as tendências da moda primavera-verão 2012 apresentadas no Fashion Rio que aconteceu no início de Junho. Uma das grandes apostas é algo não muito novo, nada muito diferente e sim que está presente no armário de todos os seres humanos, o jeans, sim, o jeans, nosso bom e velho amigo. O look total jeans, que já apareceu há algumas temporadas, voltou ainda mais forte, com um corte de alfaiataria e diversos tons num só look. 28 - Revista Empty - Julho de 2011 - Moda


Outra grande aposta são as estampas e os grafismos, que não podem faltar nos desfiles que acontecem em uma das cidades mais quentes do país. Aposte nas listras e nas flores.O color blocking (que é a mistura de cores vibrantes em um só look) não ficou de fora, foi muito bem interpretado pela British Colony. Por mais que o homem seja moderno, ele gosta de praticidade, então vou resumir as peças coringas que não podem faltar no guarda-roupa masculino segundo o Fashion Rio: Calças pregueadas, blazers coloridos, jeans com jeans (em tonalidades diferentes), espadrilhas, sungas largas e muita, mais muita cor, afinal já é verão (pelo menos no mundo fashion). Vamos lá meninos, “use e abuse” do mundo da moda, ele não pertence mais apenas a nós meninas. Espero que tenham gostado e aguardem pelo próximo editorial. Até a próxima. [Bruna Caldas]


Preparação de O

lá pessoal, hoje vou falar sobre como preparar a pele pra receber a maquiagem e também umas dicas e truques pra fixar a maquiagem por mais tempo. E como todo mundo sabe, uma boa maquiagem não é nada sem uma pele muito bem preparada. Siga essas dicas e deixe seu make ainda mais incrível! Limpeza: Limpar o rosto é super importante para que sua pele receba muito bem as texturas e pigmentos da maquiagem que vem a seguir. 1. Use um sabonete neutro ou adequado para o seu tipo de pele. 2. Após lavar, passe uma loção tônica adstringente para fechar os poros. Hidratação: Uma pele hidratada absorve e fixa a maquiagem 1. Aplique um hidratante. É ele que vai fazer a maquiagem durar mais sem agredir sua pele. Use creme hidratante, se você tem a pele seca. Se sua pele for oleosa ou mista, prefira um gel ou loção hidratante oil-free. 2. Com a ponta dos dedos, faça uma massagem facial para melhorar a circulação no rosto. Remoção da maquiagem: 1. Molhe os dois lados de um chumaço de algodão com um demaquilante específico para a região dos olhos. Posicione-o logo abaixo da sobrancelha e faça um movimento descendente até a ponta dos cílios. Repita 2. Com os olhos abertos, vire o algodão e passe rente aos cílios inferiores, indo do canto externo para o interno do olho. Repita até tirar todos os resíduos. 3. Coloque um pouco de demaquilante em um lenço de papel para retirar a base e o blush. Passe do centro para fora do rosto: na testa, nas bochechas e até no pescoço, se estiver maquiado. 30 - Revista Empty - Julho de 2011 - Moda

Pele


para receber a

Maquiagem


4. Lave o rosto com um sabonete apropriado para seu tipo de pele. Ele deve sempre vir por último, pois é o responsável por retirar a sujeira e a oleosidade, enquanto o demaquilante remove os pigmentos de cor.

Fixação: dicas, truques, e produtos para deixar o make intacto! Gelo: é um velho aliado na hora de fechar os poros e fixar a maquiagem. Enrole um pouco de gelo numa toalha ou tecido e passe em todo o rosto. A pele leva um susto com o choque térmico e os poros se fecham. Passe longe: Nunca, nunca, nunca passe gelo diretamente sobre a pele. O frio em excesso pode gerar queimaduras. Primer: é como se fosse a base antes da base, já que ele fecha os poros, controla a oleosidade e preparar a textura da pele para receber e fixar o make. Confira os tipos de primer e suas finalidades: Facial: deve ser espalhado por todo o rosto, de forma homogênea, como se fosse um creme. Deixe a pele absorvêlo por uns minutinhos e aí comece a se maquiar. Labial: é quase como uma base para a boca, que hidrata sem deixar os lábios oleosos e faz o batom durar mais depois. Para a área dos olhos: aplicado nas pálpebras, ele intensifica a cor e a durabilidade das sombras. Há versões em bastão, creme, líquido… tudo para valorizar seu look! Pó: o verdadeiro coringa da maquiagem. Pode ser aplicado depois da base em todo o rosto ou em pontos específicos, para fixar ainda mais o make. Antes de passar lápis de olho ou delineador, a dica é aplicar um pouco de pó solto nas pálpebras. Ele vai ajudar a segurar a oleosidade na região e impedir que o make borre depois. [Herycka Louise]

32 - Revista Empty - Julho de 2011 - Moda


Comunidades

(co.mu.ni.da.de) sf. 1 Qualidade ou condição do que é comum; COMUNHÃO: comunidade de objetivos. 2 Concordância, harmonia (comunidade de opiniões, comunidade de sentimentos) 3 Conjunto das pessoas que partilham, ger. em determinado contexto geográfico ou num grupo maior, o mesmo habitat, religião, cultura, tradições, interesses etc.: a comunidade judaica: a comunidade da zona oeste. 4 P.ext. Lugar em que se situa esse conjunto de pessoas. 5 Restr. Grupo de indivíduos que partilham os mesmos objetivos e crenças, ou o lugar ou o meio em que eles interagem: a comunidade dos amantes da natureza 6 A sociedade; COLETIVIDADE: regras para a convivência em comunidade. [F.: Do lat. communitas, atis.]


o t Folube C

o ã m Ale

B

ecos e vielas do Complexo de favelas. Estes são os cenários perfeitos para a turma do Foto Clube Alemão. O grupo é formado por fotógrafos profissionais e amadores. O objetivo é disseminar o prazer da fotografia entre os interessados. O Foto Clube é um projeto que existe em diversas regiões do Brasil, cada um se organiza de um jeito diferente. O Foto Clube Alemão, foi criado após o fotógrafo Dhani Borges dar aulas no Projeto Memórias do PAC. Neste projeto ele conheceu Bruno Itan, um jovem talento morador do Complexo e apaixonado pela fotografia. “Decidimos criar o Foto Clube Alemão para incluir as pessoas que faziam parte do projeto e pessoas que têm vontade de aprender mais sobre a fotografia aqui no Complexo do Alemão” Disse Dhani Borges Dhani percebeu que dentro da comunidade poderiam existir outras pessoas interessadas em fotografia e que apenas não tinham como aprender. Assim surgiu o Foto Clube Alemão. Hoje eles se organizam em saídas semanais pela favela, abertas ao público que deseja conhecer mais sobre como registrar uma boa imagem. Já com 5 meses de existência o grupo colaborou na organização de uma intervenção fotográfica que aconteceu no alto do morro do Alemão. Nesta intervenção que reuniu fotógrafos, amadores e profissionais, de vários locais do Rio de Janeiroaconteceram algumasexibições de imagens. Dentre elas: 34 - Revista Empty - Julho de 2011 - Comunidades

Favela em Foco, exibindo o trabalho "imPACtos"; Foto Clube Alemão, com "Fé no Alemão"; Imagens do Povo, com "Todo dia é dia de viver”; O Estendal, com "Pinto no Lixo"; Totem Art, com "Limite". Estúdio do Afeto, apresentando um estúdio aberto onde os participantes podem escolher alguém de seu afeto para fotografar. O evento teve participações dos amigos do Descolando Idéias, Priscila do PAC Manguinhos e um dos pioneiros na fotografia no Complexo do Alemão o ilustre Seu Rodrigues. Quando os moradores da favela veem o local onde moram sendo valorizado por sua beleza, eles também se sentem mais valorizados, mas bem vistos. O Foto Clube Alemão tem essa mágica, de transformar o olhar das pessoas, de mostrar um novo olhar para o que durante anos foi desvalorizado. Quer conhecer mais sobre este projeto? Eles estão nas redes sociais: Facebook: Foto Clube Alemão Twitter: @fotoclubealemao [Descolando Idéias]


Forró na feira é o point do momento em Caxias

A

cultura nordestina sempre bateu forte no coração do caxiense. E nada melhor do que um espaço que reúna forró e boa comida para alegrar essa gentecabra da peste. Estou falando do famoso Forró na Feira (Centro Cultural Nordestino Jackson do Pandeiro). Conheça o melhor do local com a Empty, a sua revista on-line mensal. Você não vai ficar fora dessa, vai? Localizado no bairro 25 de Agosto, oEspaço Cultural foi entregue à população no dia 3 de julho de 2009, e já na primeira semana de programação atraiu mais de dez mil pessoas. Segundo a Prefeitura de Duque de Caxias o Forró na feira conta com um espaço de dois mil metros quadrados, 17 barracas com comidas variadas e mais de 500 cadeiras para “achegar” opúblico. “Não perco um fim de semana sem me divertir. Adoro vir aqui para “um rala coxa”, diz animada a dona-de-

casa aposentada de 60 anos, Júlia Pinheiro. Considerado a segunda maior programação nordestina do estado, perdendo apenas para o evento do Pavilhão de São Cristóvão, na Capital, o projeto da Secretaria de Cultura e Turismo da cidade recebe hoje cerca de cinco mil pessoas nos fins de semana. “São moradores e famílias que curtem o autêntico forró pé-de-serra, apresentado por grupos e bandas locais e músicos de outras regiões”, diz entusiasmado Carlos Lima, um dos fundadores do projeto. É lei! A lei municipal 1.831, de 13 de agosto de 2004, tornou o Forró na Praça oficial, que se popularizou com o nome de Forró na Feira. Além da autêntica música nordestina, o público pode saborear comidas típicas como buchada de bode, carne-de-sol com aipim e manteiga de garrafa, queijo coalho, sarapatel, muitos doces, entre outros pratos da culinária regional. Quem gosta de uma caninha pode escolher entre muitas marcas para saborear.

é aqui!

O Nordeste

quecer de que sempre quandofor beber o melhor é ir para casa de taxi ou transporte público. Falando nisso, o acesso também é um dos pontos positivos do local: ao lado da estação de trem de Duque de Caxias, próximo da rodoviária, pontos de ônibus e das principais viasdomunicípio caxiense. Além é claro, de contar com banheiros químicos e policiamento, garantindo assim o conforto e a segurança de quem vai se divertir no local. Tá esperando o quê? Arraste o pé até Duque de Caxias e aproveiteo melhor que o Nordeste tem a oferecer. Anote aí, o Forró na feira acontece todos os Sábados, a partir das 18h, indo até às 2 da manhã, e domingos, a partir das 11h, indo até às 21h. [Fernando Borges]

Só não pode abusar hein gente... e nem esComunidades - Julho de 2011- Revista Empty - 35


Engenho da R

A

história começa contando que inicialmente a área do Engenho da Rainha era habitada pelos índios Tamoios. No Séc. XIX, a então Rainha de Portugal e Imperatriz do Brasil, D. Carlota Joaquina mandou construir uma fazenda ali, com o objetivo de nela descansar. Possuía um engenho de cana-de-açúcar que era explorado através da mão-de-obra escrava, responsável pela economia rural. Os escravos, quando punidos pelos seus senhores, embrenhavam-se na mata à oeste, a Serra da Misericórdia, onde hoje é o Complexo do Alemão. Hoje integrante da XIII Região Administrativa da cidade e vizinho de Inhaúma, Pilares, Tomás Coelho, além do próprio Complexo do Alemão, o bairro suburbano foi reduto de ícones da música popular brasileira, embora nunca tenha recebido o seu devido valor cultural. Por suas ruas passaram o maestro Alfredo Viana da Rocha Filho, o Pixinguinha, os sambistas Zé Kéti, Clementina de Jesus e Dona Ivone Lara, além de Carlos Cachaça, um dos fundadores da Estação Primeira de Mangueira. Outra personalidade conhecida do público e que ainda hoje é moradora do Engenho da Rainha, é o folclórico ajudante de palco da TV Globo, Antonio Pedro de Souza e Silva, conhecido como Russo. 36 - Revista Empty - Julho de 2011 - Comunidades

Há cerca de quatro décadas, o Engenho da Rainha recebeu investimentos, principalmente no ramo imobiliário e de transportes. A região se favoreceu da construção de conjuntos habitacionais populares e da chegada da linha 2 do Metrô. No entanto, essa última obra criou um paradoxo, uma vez que proporcionou a integração dos moradores com o Centro e a Zona Sul da cidade, mas resultou na divisão geográfica do bairro, tornando as ruas ermas, escuras e aumentando os índices de criminalidade. Este fator inclusive foi responsável pelo esvaziamento das poucas fábricas que existiam na localidade, resultando na degradação, carência e aumento das duas comunidades locais: a Favela da Galinha e o Morro do Engenho. As manifestações populares eram fortes até o começo dos anos 90. As principais eram as festas juninas, promovidas nos Conjuntos Residenciais Cidade do Som (Músicos) e Parque Residencial Estrada Velha (PREV) e os


Rainha: passado RICO, presente POBRE

Bairro suburbano de estreita relação com a Família Imperial e casa de alguns ícones da cultura brasileira, sofre hoje com políticas públicas deficientes.

bailes estilo “disco”. Outras eram clandestinas: como os grandes festivais de balões e competições automobilísticas conhecidas como “pegas”. Todos esses eventos reuniam grandes multidões. Hoje, principalmente em função da violência, são raríssimas as expressões ao ar-livre. No campo da educação, atualmente o bairro conta com nove escolas municipais, sendo que nenhuma é bem posicionada no ranking das melhores da rede pública. O único posto de saúde do bairro não funciona à noite e nem nos finais de semana. Os pontos de cultura e lazer são restritos: não existem livrarias, salas de cinema ou teatros. Somente pode se obter acesso através dos shoppings localizados nos bairros próximos, considerados emergentes da Zona Norte: Vila da Penha, Del Castilho e Cachambi. Mas os moradores acreditam em possíveis melhorias. A prova disso é o Sr. Moacir Gon-

dim, torneiro-mecânico aposentado, de 55 anos e residente do bairro desde 1980. Ele diz que “o renascimento do bairro está por vir. Com a sensação de segurança no entorno, além dos eventos previstos na cidade, acho que investimentos privados serão realizados em toda a região, melhorando a qualidade de vida de quem mora aqui”, acredita. Já a funcionária pública aposentada, Penha Rodrigues, de 75 anos, moradora do Engenho há exatos 30, é mais cética. Ela afirma que “é preciso não ter uma cultura imediatista. Obras, como as que estão ocorrendo no Complexo do Alemão, além do recente recapeamento do asfalto das principais avenidas do bairro, resolvem somente a metade dos problemas. Há que se investir pensando nas próximas gerações. Tenho uma sobrinha-neta de 16 anos que estuda numa das escolas aqui do bairro. Quase sempre ela chega em casa contando algum problema. Faltam professores, as aulas são desanimadas, faltam instrumentos de ensino. Para o lazer, não há facilidade. Ela precisa sair daqui, ir longe e isso me preocupada, já que sou uma das responsáveis por ela. É bom conhecer novas realidades, mas gostaria muito que ela tivesse direito de escolha, que demonstrasse orgulho pelo bairro onde vive”, finaliza. [Fagner Torres]

Comunidades - Julho de 2011- Revista Empty - 37


Vâmo

Kombi

S

empre morei em Madureira, e depois alguns anos no Méier. Nesses bairros existem várias opções de transporte: Trens, ônibus, tranporte alternativo. Mas, existem linhas de ônibus para vários lugares do Rio. Quando se mora nesses bairros, da Zona Norte – e o mesmo acontece em Bangu, Cascadura, Tijuca (que possui a opção do metrô) – nos acostumamos com as variedades e passamos autilizar os transportes de acordo com critérios de horário, trânsito, rota, que nos pareçam mais convenientes. Além disso, as rotas são variadas. Se a “Suburbana” está engarrafada, podemos tentar a Av. Brasil, ruas internas, para ir ao Centro ou outros bairros. Imagine agora um bairro sem trem, ônibus com poucas rotas, poucas empresas de ônibus (na verdade, duas) e apenas UMA (sim) uma única rota para ir a QUALQUER LUGAR que você queira ir. Bem vindo à Ilha do Governador. Porque não falei do serviço das Barcas? Os insulanos nem sabem os horários. Se pesquisassem, saberiam, e também não usariam. De meia em meia hora pela manhã e de uma em uma hora o resto do dia, com serviços encerrando as 19h. Piada. A verdadeira piada interna. 38 - Revista Empty - Julho de 2011

nar?

Acredito que a estrutura urbana da Ilha, quando idealizada, tinha por objetivo abrigar quartéis e o aeroporto. E os que morassem na Ilha seriam poucos, e preferencialmente pessoas que não trabalhassem fora Ilha, ou não estudassem fora da Ilha, ou não tivessem vida social fora da Ilha. Quase um Tom Hanks em o “Náufrago”. Se você quer morar numa Ilha, isole-se. Afinal, para quê serve uma Ilha? Talvez o poder público tenha levado isso muito à sério e, no bairro que liga o mundo ao Rio de Janeiro, através o aeroporto internacional, não tem ligações da Ilha com Copacabana, logo ali. Se eu fosse morar numa Ilha deserta o que levaria? Um ônibus. E um trem. Percebi que havia problemas no transporte público da Ilha nas primeiras horas morando nela. VI que as Kombis eram em maior número que seres humanos. E que eram a PRINCIPAL opção, não a ALTERNATIVA, como é no “continente”. Cheguei, como todo carioca, arredio às Kombis. Mas, o tempo e as circunstâncias me fizeram assíduo cliente.


As duas principais empresas de ônibus da Ilha fazem os mesmos itinerários há décadas, apesar do crescimento da cidade e da Ilha. E não estamos falando de um lugar ermo e de pouca renda. Apesar de ser uma ilha, não é inóspita, com um Robson Crusoé comendo côco na beira da praia. Alguns bairros da Ilha possuem colocação no IDH (Indice de Desenvolvimento Humano) maior que do Leblon e Barra da Tijuca. O Jardim Guanabara é um exemplo disso. Terceiro bairro mais rico do Rio, ajuda a manter altos os índices gerais de desenvolvimento urbano na Ilha, que são também relativamente altos para os padrões de Zona Norte. Apesar disso, a Ilha passa hoje por um colapso no transporte coletivo. As empresas de ônibus, devido ao crescimento dos bairros e dos centros de comércio nos últimos 10 anos, não atendem a população de forma pontual. Nesse contexto apareceram as primeiras Kombis, exatamente há 10 anos atrás. Grande parte delas sem licença para o transporte. Os motoristas, no entanto, se organizaram em linhas, passaram a encontrar itinerários onde não havia ônibus e se

integraram aos bairros. A maior quantidade de carros torna os horários de rush desumanos na única saída da Ilha, o que reflete no trânsito dentro dela. Ao decidir mostrar um pouco da realidade do transporte alternativo na Ilha do Governador, mostramos também histórias de pessoas que fazem da adversidade seu ganha-pão. O vídeo entrevista Jairo, Aguinaldo e Levi, profissionais do transporte alternativo, que falam do seu dia a dia e das dificuldades em se manter nas ruas, esperando por novas licitações da Prefeitura. Quer ver mais? Acesse http://www.youtube.com/ watch?v=Xb18Bt-TIsI [Anderson Dinho]

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A cultura

de Niterói

N

iterói, cidade metropolitana do Rio de Janeiro. População aproximada de 500 mil habitantes. Um dos maiores índices de IDH do Brasil. Dois cinemas, quatro teatros, alguns museus e uma quantidade de livrarias que se conta nos dedos. De vez em quando ficava me perguntando qual parcela dessa conta estava errada, pois é uma contradição uma cidade ter uma população com tão alta escolaridade e renda e consumir tão pouca cultura. Por alguns momentos achava que a proximidade ao Rio de Janeiro era a razão para essa quantidade irrisória de atividades, por outras achava que a cidade investia pouco na cultura. Mas de um tempo pra cá cheguei à conclusão de que essa relação entre dinheiro e cultura não existe. Acho que a população da cidade pouco se importa com cultura e muito menos com a cultura que acontece na cidade. No final de semana do dia dos namorados, tiveram em cartaz na cidade seis espetáculos, distribuídos entre os quatros teatros que funcionam com freqüência. A julgar pela qualidade artística, podemos dizer que desses seis espetáculos, quatro eram o que chamamos no cinema de “enlatados” e não são “enlatados” baratos, muito pelo contrário. Mas por incrível que pareça, as platéias ficam cheias. Na sexta-feira, esteve em cartaz o espetáculo “Cidade das Donzelas”, que fez única apresentação no SESC Niterói. O ingresso para estudantes, idosos, menores de 21 anos era de R$ 6,00. Um preço acessível a quase todos. Comerciários pagavam R$ 3,00, um preço quase simbólico. O espetáculo da Troup Pas D’Argent recebeu, desde sua estréia, mais de 50 prêmios, entre eles o Premio Europeu Compasso Di Argento 2010, uma indicação ao Prêmio Shell, além de viajar pela América do Sul e Europa. Um espetáculo incrível, feito por atores vigorosos e inteligentes, divertido e criativo... Uma verdadeira bênção! Na plateia, 24 pessoas. 40 - Revista Empty - Julho de 2011 - Comunidades

Esse caso, que alguns podem pensar ser isolado, é mais freqüente do que se imagina. Há alguns anos, presenciei momentos parecidos com apresentações e temporadas de grupos consagrados como o Grupo Galpão e o Armazém Cia de Teatro. Companhias de teatro consagradas, atores e diretores premiados, preços acessíveis e platéias vazias. Para os pequenos, há alguns anos acontece a Mostra CBTIJ (Centro Brasileiro de Teatro Infanto-Juvenil), também no SESC Niterói. A mostra, destinada ao público infanto-juvenil, leva a inúmeras cidades do Rio de Janeiro apresentações de espetáculos que passam por uma rigorosa seleção e são, em sua maioria, premiados e de uma qualidade ímpar. Os trabalhos, com ingressos a preços “simbólicos”, também vive vazia. Não estou recriminando aqui os espetáculos destinados ao puro entretenimento, mas é tão duro ver trabalhos tão bons de artistas igualmente bons, feitos para uma platéia vazia. Muitas reclamações podem ser feitas ao governo e suas políticas, mas hoje o acesso à cultura é possível. Temos tantas possibilidades boas a preços acessíveis (por vezes até gratuito) que não consigo entender o desinteresse do público. Muito menos em uma cidade que deveria respirar cultura. Talvez, todo esse ‘desinteresse’ seja o responsável pela cidade estar tão abandonada quanto às cadeiras de seus espaços. Até hoje, a cidade não aprovou uma lei de incentivo cultural apesar dos milhões arrecadados de impostos e vê, a cada dia, mais um espaço cultural fechando as portas. Afinal, já que ninguém vai, pra que manter aberto? [André Valim]


A tradicional

Festa do Aipim está de volta!

E

sse é um período tipicamente festivo, os meses de junho e julho são conhecidos por festas, sejam religiosas ou não, em várias regiões do nosso país, não é para menos, tem São Pedro, São Paulo, Santo Antônio, São João Batista; E tudo vira festa: é tomate, é banana, é laranja e porque não aipim!? Segundo o blog oficial do evento (http:// festadoaipim.blogspot.com) esse ano a Festa do Aipim se dará nos dias 07, 08, 09 e 10 de julho e contará com todas tradições culturais comuns ao evento. Quem já experimentou o famoso licor de aipim sabe do que eu estou falando. A festa que acontece no longínquo bairro de Tinguá em Nova Iguaçu e é sem dúvida uma das mais esperadas da região desde sua primeira edição em 2004. A ideia surgiu em 2003, quando um grupo de moradores da região decidiram organizar um evento que convidasse moradores de outras comunidades dentro e fora da Baixada Fluminense a conhecerem um bairro que ainda guarda características de vida interiorana e que esconde maravilhas naturais belíssimas como a reserva biológica do Tinguá. Se engana quem imagina que esse pacato bairro de 3 mil habitantes não possui estrutura para atender os quase quinze mil visitantes esperados na sétima edição do evento. Segundo os seus organizadores essa previsão é compatível com o cro-

nograma que oferece atividades 24 horas, proporcionando atrativos para toda a família nos quatro dias, o que faz com que os habitantes de comunidades distantes procurem abrigo nas pousadas da região, movimentando consideravelmente a economia da região. É claro que as acomodações não são semelhantes a grandes e caríssimos hotéis fazendas, mas não deixam nada a desejar quanto ao atendimento, acolhimento e serviços básicos, afirmam os mais exigentes frequentadores. Esse é o tipo de iniciativa que todo mundo lucra, seja de forma direta ou indireta, seja o produto material ou imaterial a cidade inteira ganha com os quatro dias de festejos da região. São realizados vários concursos que vão desde rainha da festa ao tradicional concurso gastronômico, que impressiona na variedade de pratos doces e salgados preparados com a raiz comestível cultivada na região. Há também a oferta de atividades recreativas voltadas para o público infantil, além de peças artesanais e manifestações culturais desenvolvidas por artistas locais. E já que por aqui nessa época quase tudo acaba em mandioca e até cachaça se faz, se engana quem pensa que os apreciadores, rainhas e princesas do evento se importam com os trocadilhos que por ventura venham a ocorrer, ao contrário, quem conhece o evento garante que as piadinhas fazem parte e que tudo é maravilhosamente recompensado pelas atrações e principalmente por toda diversão e socialização que é garantida nessa grande festividade cultural. É importante informar que no ano de 2010 sem grandes explicações a festa foi cancelada, poucas semanas antes da data de realização, o que causou grande tristeza em grande parte da população que aguardava ansiosa pelo evento. “Em 2011 faremos um evento que Nova Iguaçu se orgulhará de Tinguá, podem esperar”, prometeram os organizadores ao noticiarem o fato. Então, venha conhecer Tinguá, um lugar de belezas naturais encantadoras com rios cristalinos, belíssimas cachoeiras, fauna e flora abundante e um povo muito acolhedor e festeiro, capaz de fazer maravilhas com a mandioca!!! Att, [Cristiane de Oliveira]

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Latas

de

sardinha com rodas.

“A condição dos carros de muitas empresas é algo completamente precário, muitos estão completamente pixados por conta de nossos queridos estudantes, o futuro de nosso país(...)”

A

ssim é o transporte público aqui em São João. Não há números de ônibus suficientes para suprir a maior população por metro quadrado DA AMÉRICA LATINA! É interessante notar também que o estado que esses ônibus se encontram atualmente não é muito lá essas coisas, até porque, as empresas não se preocupam com quem são seus clientes, é difícil também encontrar alguém com quem fazer uma reclamação formal, é um jogo de “vai-e-vem” que não termina nunca. Dizendo isso como usuário diário da linha 109 (São João – Caxias) da empresa Flores, TODOS os dias eu pego o ônibus lotado. São milhares de estudantes e muitas pessoas que assim como eu se dirigem ao Metrô da Pavuna (que diga-se de passagem, é pior que ônibus) para chegarem aos seus destinos. A locomoção daqui é ainda muito precária, não há um terminal rodoviário centralizado (o que tem em Éden está longe de ser um terminal rodoviário de verdade e o da Vila Rosali só param os ônibus da Flores, praticamente) que possua toda locomoção para áreas mais

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distantes do Rio. O Vilar dos Teles seria um local ideal pra isso devido a sua amplitude de espaço e pelo fácil acesso de todos os outros bairros daqui do município. É interessante que para se chegar, por exemplo, em Jacarepaguá são necessárias 2 ou 3 conduções dependendo da sub região ao qual você for. É interessante mencionar que não há ainda uma proposta pronta em relação a isso, por parte das autoridades competentes e se há, ela fica arquivada num fundo de gaveta e sem previsão para ser colocado em prática. Muitos já se manifestaram, mas nunca resolveram, na realidade, ninguém jamais quis resolver esse problema, não há um fluxo constante de pessoas de foram que vêm até o nosso município para visitas, porque não há nada de interessante nele. A condição dos carros de muitas


empresas é algo completamente precário, muitos estão completamente pixados por conta de nossos queridos estudantes, o futuro de nosso país, que tratados com muito descaso nas escolas ao qual estudam acabam absorvendo um pouco da cultura do vandalismo, ou será que eles querem se expressar artisticamente, mas, não entendem a filosofia de um bom grafite? Isso também é culpa do município/ estado que não oferece opções para esse pessoal. Além falar um pouco sobre o transporte (lata de sardinha) público de São João é legal lembrar as ruas que se encontram em péssimo estado de conservação, sim, estou generalizando porque a situação é geral. Não quase nenhuma rua que se permita andar sem chacoalhar ou ainda ficar a mercê dos “motoristas malabaristas” que fazem inúmeras estripulias para desviarem-se de imensas crateras que surgem principalmente em dias de chuva. Ainda falta a chamada Engenharia de Tráfego, onde eu tenho quase certeza que as poucas obras que são feitas, não possuem essa ciência, que faz o estudo do fluxo de transportes de uma forma geral e consegue fazer um escoamento por ruas próximas tentando ao máximo minimizar o tempo gasto a mais para percorrer o mesmo trajeto por outra rota, diminuição do tempo gasto em engarrafamentos e ainda o escoamento dos carros de grande porte para vias estaduais e federais.

Não entra na minha cabeça coisas que são tão simples de se conseguir, que resolvem milhares de problemas e que não são empregadas ou se são, elas estão nas piores condições possíveis. Então fica claro aqui o meu protesto, espero que as autoridades competentes de São João estejam lendo, ou mesmo que não, mas que o povo e principalmente o jovem se mobilize por isso, que busque tentar resolver esse impasse de que é o interesse de todos. Muitos pensam como eu, que o transporte é ruim, que é isso ou o aquilo, mas até hoje não vi ninguém se mobilizando para resolver o problema e finalmente acabar com esse conceito de “enlatados”, logo, espero que isso cause algum resultado e que todos vigiem a quem deve ser vigiado. [Vitor Gonçalves]

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Cultura

(cul.tu.ra) sf. 1 Soma das informações e conhecimentos de uma pessoa, ou de um grupo social: Era homem de grande cultura. Aquela gente lia muito, tinha cultura. 2 Conjunto de costumes predominantes num grupo ou classe social [Cf.: contracultura.] 3 Antr. Tudo o que caracteriza uma sociedade qualquer, compreendendo sua linguagem, suas técnicas, artefatos, alimentos, costumes, mitos, padrões estéticos e éticos (cultura ianomâni/neolítica). 4 Panorama de um país no que se refere ao movimento da criação e divulgação das artes, da ciência e das instituições a elas concernentes: Naquelas décadas, a cultura decaiu. 5 Antr. Conjunto dos valores intelectuais e morais, das tradições e costumes de um povo, nação, lugar ou período específico (cultura asteca/celta/mediterrânea); CIVILIZAÇÃO. [F.: Do lat. cultura.]


As noites

parisienses de Woody Allen

S

abe aquela sensação de inadequação que você sente de vez em quando? Ao pensar que seria melhor ter nascido em outra época, namorar outra pessoa, viver em outro país... Idealizações, meu caro leitor. Graças a isso, estamos muitas vezes insatisfeitos com a vida. Alguns mais, outros menos, mas acontece. E é delas que Meia-Noite em Paris trata. Gil Pender (Owen Wilson) vive de idealizações. No seu sonho de escrever um romance, não apenas de roteiros hollywoodianos que é sua profissão, não percebe estar preso a um ideal agravado pelo seu sonho de viver na Paris da década de 20. Esse desejo se torna um bloqueio para sua própria escrita. Então, após ser convidado por um grupo de pessoa a entrar num carro, a ele é dada a oportunidade de viajar no tempo, para a época que tanto amava. Lá pode conhecer Scott Fitzgerald, Hemingway, T. S. Elliot e outros artistas renomados. Quem não gostaria? E antes que fique de mimimi questionando como isso seria possível, um dos maiores dos méritos do filme é não se preocupar com essa questão, ganhando ares surrealistas que combinam com o tom da narrativa. É comum nos trabalhos do diretor que o próprio encarne um personagem com características bem conhecidas e marcadas ou que ao menos um ator tome esse papel. Nesse filme, foi a vez de Owen Wilson. Ele, além de interpretar um dos melhores papéis de sua carreira, apresenta aqui e ali maneirismos do diretor, desde certo hesitar ao falar até frases que soam bem ao tom do Woody Allen como “Your father defends the right wing of the republican party and I happen to think that you almost have to be like a… demented lunatic.". Além dele, o filme ainda conta com um Corey Stoll como um incisivo Hemingway e Tom Hiddleston aproveitando a oportunidade de encarnar o boêmio Fitzgerald. E a Adriana de Marion Cotillard... Musa inspiradora de diversos personagens, surge etérea, quase celestial. Fica fácil entender porque todos os artistas se apaixonavam por ela.

Paris é um espetáculo à parte. A cidade, que aparece em imagens clichês logo no começo da projeção como a visão de um turista, depois é filmada com tamanha familiaridade que não estranhamos a empreitada de Allen em outro ambiente que não Nova Iorque. E apesar de estarmos falando do mesmo espaço, não é apenas com os cenários que a diferença das épocas é marcada, mas os próprios tons das cores nos dizem em que lugar estamos. Há um tom cinza, frio para o presente refletindo a inadequação de Gil, e um sépia para o passado, dando um ar de filme antigo já que aquele não é o seu tempo. Costumo dizer que um filme do Woody Allen se paga simplesmente pelos créditos iniciais ao som de alguma música bem selecionada, que só isso seria preciso para fazer com que saísse feliz do cinema. É mentira. Até hoje espero meu dinheiro de volta por Você vai conhecer o homem dos seus sonhos e um ressarcimento com juros pelo terrível Scoop – O Grande Furo. Mas, não sendo injusto, ele também trouxe o magnífico Match Point há não muito tempo. Isso me faz lembrar que estou ficando velho. Enfim, Meia-Noite em Paris pode não figurar entre os trabalhos mais marcantes da extensa carreira do cineasta, mas está acima da média de muitos dos seus últimos filmes e fez com que eu aceitasse de bom grado ter pagado exorbitantes nove reais e cinquenta centavos pela entrada. [Pedro Gabriel]

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Um ensaio E

sobre a cegueira

m 1995 José Saramago publicou um livro que analisava a maldade humana (ou seus instintos naturais) e os valores sociais diante de uma situação ineviSeria um caso simples de filme com bandeira ou até mesmo um curta tável: a cegueira que acomete toda a populaque receberia amplos prêmios de critica, mas estaria relegado a um ção. Na obra e a partir do ponto de vista de público ínfimo, não fosse um detalhe: a cegueira do governo e da Igreuma única pessoa livrada da cegueira, somos ja sobre assuntos que não lhe dizem respeito. Explico-me: apresentados a uma sociedade que vai se torDesde 2010 o curta vem recebendo diversos prêmios nacionais sennando caótica de acordo com a progressão da do exibido em várias mostras. Por este e alguns outros motivos, foi doença, e se criando uma “nova sociedade” incluído no projeto Cine Educação, programa este que leva as redes e com suas próprias regras (definidas muitas veensino do Brasil curtas que englobem os direitos humanos para serem zes pelo medo) e finalmente a insurreição dos exibidos em aula e debatidos com os alunos. Há algumas semanas, que não aceitaram a ditadura. Um paralelo inpor escolha de uma professora, o curta foi exibido em uma escola do teressante à política e à religião. Acre e foi aí que começou a crise coletiva de cegueira. Alguns alunos Em 2008 foi lançado um filme sobre a obra. De atingidos pela cegueira "confundiram" o curta com o material do "Kitprodução americana e direção de Fernando Homofobia" recentemente vetado pelo governo. Estes alunos, muniMeirelles, o filme conta com um elenco multidos das melhores intenções, mas cegos, levaram o caso a seus lideres cultural interessante. Um filme dramático, vioreligiosos que já de muito tempo contaminados com a cegueira levaram lento e depressivo com uma trilha angustiante suas reclamações aos líderes políticos locais que por pura falde Marco Antônio Guimarães que leva o espectador a reta de vontade de abrir os olhos, se mantiveram cegos e simfletir sobre um dos sentidos mais simples e mais profundos plesmente proibiram não somente a exibição do curta, mas da vida: a Visão. todo o projeto Cine Educação em território Acreano. Alguns outros filmes tratam da mesma matéria, como DiriEm carta distribuída à imprensa, os produtores do filme gindo no Escuro, de Woody Allen, que mostra os tropeços Diana Almeida e o próprio Daniel Ribeiro - desabafam: "Mais de um cineasta esquecido que adquire uma cegueira psiuma vez no Brasil, a educação perde a batalha contra o poder cológica após receber uma segunda chance de um estúdio. assustador das bancadas religiosas e conservadoras.". Ou À Primeira Vista, romance com Val Kilmer e a ganhadoEstaria Saramago sendo profético ou apenas analisando ra do Oscar Mira Sorvino sobre um homem cego de infânalgo que está na nossa frente, mas não conseguimos ver? cia e que ganha a oportunidade de enxergar por meio de Somos todos nós de certa forma cegos por não ver o ineviuma cirurgia, tendo então de se adaptar ao novo mundo tável? A sociedade é um organismo vivo e tentar tolher o de imagens que lhe foi oferecido. desenvolvimento ou o direito de escolha de seus integranRecentemente, um curta metragem brasileiro tratou do tes apenas atrasa seu desenvolvimento. mesmo assunto de forma sensível usando a cegueira Mais do que minha pobre opinião pessoal, fica a dica de como metáfora para explicar que o amor é cego. Eu Não filmes que nos ajudam a enxergar melhor o mundo em Quero Voltar Sozinho, de produção da Lacuna Filmes e que vivemos. Mas lembrando sempre de que ter sua prócom roteiro e direção de Daniel Ribeiro, é um curta mepria opinião sobre qualquer assunto é retirar a trave que tragem que trata de um curioso triângulo amoroso em sela os olhos em cegueira. [Alexandre Kley] um colégio qualquer de uma cidade qualquer, onde um aluno cego encontra sua própria sexualidade ao conhecer um aluno novo de sua classe. 46 - Revista Empty - Julho de 2011 - Cultura


Lixo “

Não é só uma paisagem desoladora. O Aterro Sanitário Metropolitano do Jardim Gramacho é o quadro das péssimas condições de vida, saúde, alimentação e tantos outros problemas acarretados pelo acumulo de lixo em demasia.” Por trás da frase de quem a diz está uma situação que devemos estar atentos. São 2,5 mil catadores de lixo, registrados, retirando de “nossos problemas” o sustento de suas vidas. Até 2012. Depois de ver o documentário “Lixo Extraordinário”, com Vik Muniz e direção de Lucy Walker, tive ainda mais vontade de conhecer esse que é um dos maiores lixões do mundo. E que fica na minha cidade. Estava então fazendo uma matéria sobre o lixo que se acumulara em Duque de Caxias e que incomodava toda a cidade. Recebemos várias reclamações e pedidos para que se fosse feita uma matéria sobre o assunto. A cidade estava literalmente entregue às moscas em todos os quatro distritos, inclusive o centro que, recentemente, comemorou o dia de seu padroeiro, Santo Antônio (13/06). Encerramos a matéria e fomos ao lixão de Gramacho para, enfim, eu poder conhecer o lugar que deu origem ao documentário que citei anteriormente. Até então eu passava pela Rodovia Washington Luís (BR040) e via a montanha de “barro” que crescia ao longe. Não é nada comparado ao tamanho dela de perto. Muita gente deve passar pela rodovia desde 1976, quando o lixão foi “inaugurado”, olhando o “morro laranja” distante como algo corriqueiro. Fomos de carro pelas ruas do bairro em direção ao aterro. No caminho se via apenas cami-

nhões de lixo, indo e voltando, e indústrias de reciclagem. Depois de um tempo as pessoas começaram a surgir, denunciando a proximidade do local que trabalham. Montes de lixo pegavam fogo em um canto, pessoas carregavam sacolas imensas nas costas enquanto cavalos – doentes - andavam a esmo pelas ruas. Na porta do aterro sanitário, perto do que parecia ser um bar escuro, paramos. A hora já estava avançada demais e o nosso tempo estava curto. O cheiro ácido entrava no carro com o ar-condicionado ligado. Demos meia volta e filmei alguns poucos minutos daquela cena caótica. Pena não ter registrado o mais impressionante. Em meio ao lixo, que confundia ao longe consigo mesma, uma mulher ria descontraída. Lembrei do Lixo Extraordinário e também das minhas próprias reclamações ao lixo acumulado na porta. E, em meio aquele cenário, alguém ainda ri e tira o seu sustento - e de sua família - do que o Rio

de Janeiro julga imprestável. São várias famílias que encontram no lixo a esperança de um amanhã. Porém, com a desativação do aterro, prevista para 2012, e ativação do CTR (Centro de Tratamento de Resíduos) em Seropédica, os catadores apenas receberão um fundo de amparo. Isso leva a me perguntar se esse fundo será eficiente para o catador que dependia do emprego. Claro que a implantação de um CTR é favorável à reutilização de matéria orgânica como fonte de energia etc, mas o que não deve acontecer é o descaso às pessoas que até então, além de atuar de modo indireto na preservação ao meio ambiente, viam no lixo possibilidade de dias melhores. [Flávia Freitas]

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A

bro os olhos e vejo uma mistura de vazio e multidão. Cela apertada, gente demais, mas ninguém ali era conhecido meu. Todos desfocados pelo suor de um cubículo sem ventilação; todos unidos pelo crime, cometido ou não. Alguns são tão pobres que nem o nome sabem escrever. Outros têm dinheiro bastante para sair dali na próxima semana. Nunca se sabe quanto tempo se fica e em quanto tempo se sai. A cela é uma inexatidão. Tento me mexer, a cama geme, todos me olham, e logo desisto. Nem pra me virar dá. O estômago grunhe, grita por comida. Mais tarde tem sopa se eu me comportar. Minutos depois ele embrulha, porque o amigo do outro lado resolveu usar o “banheiro”, e o cheiro inundou o lugar. Pior é depois do jantar. Descarga é só em casa de rico, na cadeia, a merda fica lá. Penso no mundo lá fora, na família que deixei em casa. Minha mulher deve estar preocupada, ou acampada em algum lugar, lutando por nós. Na tevê devem estar falando mal da gente, como sempre, né? Ou será que estão agindo contra o Senhor Executivo? Não, acho que não. Eles nunca fazem isso... Meus filhos devem estar assustados, minha mãe... Pelo menos quando eu sair daqui eles terão orgulho de mim. Terão? O sinal toca. Hora do banho de sol. Todos logo se amontoam. Esse é o momento que sempre dá confusão. Afinal, é a única hora em que a gente pode sair, mesmo que só por pouco tempo. Lá fora já estava lotado, acho que fomos os últimos dessa vez. Bolas de futebol improvisadas faziam a alegria dos aspirantes a Romário. Mas eu, não. Fico num canto e volto a pensar. Tenho pensado muito nessa semana. Pensei nos meus companheiros de corporação. Metade presos por não acatarem ordens absurdas. Lembrei do meu superior, 62 anos, o maior exemplo que eu tive na vida. Ouvi que foi preso um dia depois de mim, e que alguns companheiros que ainda estão soltos estão ajudando no Ato. O Ato. Não sei ao certo o que é. Queria saber o que tá acontecendo lá fora. Nunca prestaram atenção 48 - Revista Empty - Julho de 2011 - Cultura

de

Relatos


um

encarcerado no salário da categoria, como é que vão brigar por mim? Acho que ninguém tá dando bola. Acho que eu mesmo não daria. Olhei pros caras que estavam presos comigo. Quantos dali também seriam inocentes? Quantos estariam ali porque não têm dinheiro pra pagar o juiz? Joca disse que nem tem previsão pra sair dali só porque mora em comunidade e foi pego roubando leite pra dar pro filho. O salário mínimo no bolso não deu nem pro aluguel e agora ele tá aqui, sabe-se lá até quando. Absurdo. E ainda tem o Zé, que matou o cara que tentou abusar da filha dele e tá aqui há cinco anos. Deve ficar mais uns dez. Olho pra eles e percebo que eu nunca saberia disso se não estivesse aqui. Nunca me identificaria com um ladrão, se eu não soubesse o motivo que o levou a roubar e que, no fundo, ele é um pai de família. O sinal toca de novo. Nossa, já passou uma hora? Todos fazem fila pra entrar na cela, enquanto um carcereiro separa uma briga começada do outro lado do pátio. Na cela, me espremo na parede do outro lado da cama. Rodízio. Agora é a minha vez de ficar em pé. Só vou sentar de novo amanhã. O jeito é dormir em pé.

diz: “Parece que soltaram vocês”, e o meu coração deu um pulo. Andar pra fora da cadeia, depois de tanto protocolo e burocracia, foram os minutos mais longos da minha vida. Eram tantos flashes, microfone no rosto que nem pude ver de onde eles saíram, só sei que não conseguia ver ninguém. Demorei uns três minutos até ver minha mulher. Estava abraçada com a Denise, mulher do Beto, reconheci pela foto, e veio correndo na minha direção. Depois vi os meninos, e minha mãe. Nenhum abraço ou beijo podia reduzir a falta que eu sentia deles. Tudo era por eles, e eu faria tudo de novo. Olhei em volta e vi uma multidão de faixas, blusas, carros passando com fitas vermelhas, e sabe o que fiz? Chorei. E sorri. E abracei. E beijei. E ali eu percebi que a gente só aprende mesmo a ajudar alguém quando é a gente precisa de ajuda. Ver famílias de tantos colegas unidas, e pessoas que nem tem nada a ver com a gente, fazendo campanha pra que a gente fosse solto mexeu comigo. Minha mulher falou: “Agora vem, vamos pra casa”. E eu disse: “Não, vou esperar todo mundo sair. A gente entrou junto, vai sair junto”. Rumo à dignidade. [Ana Carolina de Oliveira]

TERÇA.... QUARTA... QUINTA... SEXTA. Manhã. Os carcereiros andam pelo corredor com o rosto diferente. Parecia um sorriso, mas não posso confirmar. Chamaram alguns nomes e abriram as celas. A gritaria e os aplausos começaram, mas, ninguém sabia o que estava acontecendo. Pereira, o mais alto, Cultura - Julho de 2011- Revista Empty - 49


E

streando aqui na Empty a coluna mais gostosa do Rio de Janeiro. Sim, eu não sou humilde quando o assunto é comida. Disso eu entendo. Confesso que tive minhas dúvidas sobre o que iria servir de pauta para esse meu début. Por isso mesmo vocês não tiveram o prazer de minha presença na primeira edição, mas vamos lá, sempre vale a pena esperar pelo que é bom. Afinal, quem nunca passou horas com a barriga roncando aguardando o almoço de domingo na casa da vovó (esta que com certeza é a melhor comida do universo!) Então, separem um guardanapo, lambam os beiços e preparem-se. Esse é o início do resto de suas vidas gastronômicas. E como sei que esse povo adora uma novidade vou começar falando de um boteco que abriu há menos de 6 meses em Niterói. Tratase do Cervisia 1516. Perdido no centro de Niterói, o Cervisia é a descoberta mais interessante que fiz nos últimos tempos. E, para os que não me conhecem, eu simplesmente adoro descobrir lugares geniais só para poder dizer que descobri antes de todo mundo. Como disse, eu não sou humilde, sou chata e exigente, então, para aparecer aqui o restaurante tem que ser mais que bom, tem que matar a pau minhas papilas gustativas. E foi isso que este restaurante fez, um nocaute. Experimentei dois pratos deste lugar. E, juro, darling, não sei dizer qual é o mais delicioso, mais bem executado! Na primeira vez experimentei o Maravilha de Bacalhau. Uma maravilha, certamente. Perfeito bolinho de bacalhau, sem batata (ainda descubro a receita e passo aqui). E quando falo de bacalhau eu tenho autoridade. São 23 anos de adoração por qualquer prato a base deste peixe. E pelo menos 5 anos de especialização na confecção do melhor escondidinho do universo, a receita fica para a próxima edição. Mas então, esse bolinho me fez mais feliz, com um azeite português de qualidade (afinal, uma casa que não ofereça um bom azeite não merece meu respeito) não tem pra ninguém. Foi 50 - Revista Empty - Julho de 2011 - Cultura

Pecan

é mais go escolhido oficialmente por mim o melhor bolinho de Niterói. E sim, em uma cidade que tem o Seu Antônio do Bacalhau e Caneco Gelado do Mário este título é grande honraria. Pensando que o restaurante já não teria como bater o sucesso da Maravilha eles me surpreenderam mais uma vez. Desta vez a escolha foi uma costelinha suína ao molho barbecue. Dos deuses! Senhores, ninguém deveria morrer sem antes dar uma mordida neste pedaço do paraíso. Até o porquinho ficaria feliz se soubesse a delícia que viraria nas mãos do chef deste restaurante. São duas porções de costela suína escolhidas a dedo, quase só carne, batatinhas rústicas deliciosas e para completar o molho barbecue... Ah, que molho barbecue! Eu citei o fato de que no Cervisia eles têm uma maravilhosa carta de cervejas? Não? Pois é, até isso ficou em segundo plano para mim. E olha que uma cervejinha nunca fica em segundo plano, não para a pessoa que vos escreve! São bebidas de mais de 10 países. Tem para todos os gostos.


ndo

ostoso

Os preços são salgados, mas vale a pena, e como vale! Agora, se gula é pecado, quem for a este restaurante vai marcar seu cartão para o inferno. E o pior de tudo, vai pro inferno feliz, muito feliz. Quer saber onde fica? R. Visconde de Sepetiba, loja 103, Niterói. Podem procurá-los no Facebook também: C e r v i s i a 1 5 1 6 ( h t t p : / / w w w. fa c e b o o k . co m / p a ge s / C e r vsia-1516/148059018585292) [Thaís Elethério]

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A

coluna de rap nacional desta edição traz e irreverência nordestina do rapper pernambucano Zé Brown. Zé Brown se considera MC e repentista ao mesmo tempo. O artista carrega dentro si o que a cultura brasileira tem de mais rica. A musicalidade encontrada na mistura de forró com repente, xaxado e batida pesada de rap, acentua a regionalidade como referência desse caos criativo. Há uma grande força que torna sua músicas exemplo de originalidade e versatilidade dentro do rap brasileiro. Cada faixa de uma música sua é um capítulo novo de uma hitória que nos leva a uma reflexão sobre o povo nordestino, sua cultura, anseios e a sua força para lutar contra as adversidades. Eu sou nordestino e sempre adimirei as rodas de embolada formadas nas calçadas e praças da minha cidade natal, Campina Grande – PB. Pensava comigo mesmo como seria se um rapper misturasse as batidas pesadas com os pandeiros de repentistas. Achei isso muito louco. Vários anos depois, eu vejo vários artistas executando com maestria essa nova sonoridade do rap. Há pouco tempo Zé Brown chamou a minha atenção por causa de um videoclipe gravado no centro de São Paulo. Ele simulou uma batalha de ebolada com o título “Desafio Zé Brown vs Léo”, um personagem criado por ele mesmo. Da mesma forma que os MC's começaram as primeiras batalhas de rima no Brasil ali nas ruas do centro de São Paulo, ele iniciou a primeira batalha de rap com embolada nas ruas do centro de São Paulo. Suas rimas são muito divertidas ao passo que também são sérias e contudentes. A força dos tambores, o lamento sertanejo num cenário seco povoado por carcaças, poeira e de um marrom avermelhado de secar a garganta.

Zé Brown apresenta:

rap com

embolada embolada com rap

Como ele diz: “é bom lembrar da cultura tradicional e contemporânea O efeito da emoção é instantânea Herança da terra Mãe, África, Senhor Sua benção eu pelo em louvor Aqui estou, sou o próximo personagem Seguindo com muita fé, determinação e coragem Nessa viagem musical cheia de emoção Finalizo apostando na sua diversão”

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Convido geral a conhecer esse universo particular! Mais sobre Zé Brown: Videoclipe “Desafio Zé x Léo” http://www.youtube.com/ watch?v=9iop9nPLpA8 www.myspace.com/repentistazebrown [Pedro Alan (Petter MC)]


Sobre o tabu

das coisas

Eu te amo Dói tanto assim ouvir? É assim tão horrível? Eu te amo Mas não pode falar É errado perguntar Não pode querer Evite dizer Por que, camarada? Você quer que eu te odeie? Ou só vai me amar quando eu não mais te quiser? Quando as suas palavras eu já não desejar ouvir? Quando nada seu eu anseie? A gente ouve tanto por aí que é sempre muito cedo pra dizer “eu te amo” Mas, às vezes, é só aquela porra daquele “eu te amo” que exprime Tudo aquilo que a gente sente, naquele momento Naquele exato momento. Dizer que gosta não adianta Dizer que adora não adianta Dizer que gosta o bastante pra não querer ninguém mais não adianta Não adianta porra nenhuma E, ás vezes, eu te amo, sim Não é sempre, mas eu amo Naqueles momentos em que você se mostra tão frágil E tão à mercê do que eu possa ou não oferecer que eu tenho que te amar Eu te amo quando a distância dói Tanto que eu preciso te amar pra não te largar por causa dela

não ditas

Eu te amo quando eu desejo tanto estar do seu lado Que só te amando eu consigo ficar longe Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo pra caralho Mas não é sempre, não Nem vou amar pra sempre, também não Só enquanto você me fizer feliz do jeito que faz Só enquanto ficar do meu lado do jeito que está Também não vou te dizer Enquanto você não me disser E, pode ser que a gente cometa o erro louco do tabu das coisas nunca-antes-ditas Como é o caso desse tal “eu te amo” Que todo mundo diz que não pode dizer assim tão cedo Que se constrói E blá-blá-blá Nada a ver isso de se estabelecer o que é e quando vem esse tal de amor... Se a gente esconde uma palavra Tão bonita E tão querida Por muito tempo Quando um dos dois resolve dar o primeiro passo e falar Como essa palavra tão linda e bem quista ficou sendo guardada por tantos momentos Essenciais em que só ela dizia o que tinha que ser dito A gente esquece que também não é “oi” e desanda a falar Pra por pra fora o que guardou ali no peito tanto tempo O que segurou na despedida por telefone tantas vezes O que quis ouvir primeiro e não disse até ouvir

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Ou não aguentou e disse mesmo sem nem primeiro ouvir “E eu te amo porque você me acha linda” “Eu te amo porque você me pegou café” “Eu te amo porque você vai desligar o telefone” “Eu te amo e já nem sei o seu nome”

mos dizer” Pra não exagerar na dose depois Nem deixar esses momentos de amor pra um depois que pode não chegar. E eu te amo, porra.

E se a gente falasse Quando tivesse que falar E ninguém se assustasse Quando tivesse que ouvir

Tallyssa Sirino escreve prosa contemporânea em verso sem métrica pra expressar as questões que lhe transpassam a alma esperando que mais gente se identifique com isso tudo.

Não seria bem bom? E a gente não falaria isso tão menos pra coisas banais? Só usaria naqueles momentos em que é o que se quer e que se tem que dizer Por que naquele momento é só isso que desabafa o coração

E só pra constar, eu não preciso ir descalça à China pra amar Nem dar todo o dinheiro que eu não tiver Muito menos perdoar tudo o que me fizerem Eu amo daqui mesmo com sinal em todos os cantos desse Brasil e do mundo Meu amor não tem fronteiras, porque amor não é nem nunca vai ser traduzido em espaço físico Amar a gente ama e ama e ponto. [Tallyssa Sirino]

Não quer dizer que você me tem nas mãos Nem que sem você eu não vivo Só quer dizer que com você eu vivo mais alegre E que naquele momento eu estou feliz por ter você comigo Então abaixo o tabu das coisas não-ditas E levantemos a bandeira do “vamos dizer o que precisa-

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V

ivemos hoje na era da comunicação. Com o avanço da tecnologia indo a passos largos e a aceleração da via da informação nos suportes digitais, cada vez mais pessoas estão tendo acesso aos conteúdos midiáticos, que, por muito tempo, não tiveram. Com isso, o papel dos meios de comunicação na vida em sociedade começou a mudar, e a forma como estes são vistos, também. Uma vez que a produção audiovisual provocou mudanças estruturalmente essenciais na construção da vida moderna ao longo de todo o Século XX , muitos de seus recursos foram adaptados para o novo mercado eletrônico, cumprindo a função de agregador a um conteúdo que antes seria de teor meramente textual. Esse dinamismo adquirido pela internet é o que move quase que a totalidade de serviços oferecidos hoje no mercado, e já está provocando consideráveis reações dos produtores de conteúdo tradicionais. O mercado livreiro talvez seja o mais afetado por essa mudança, e, por isso, seus profissionais estão em contínua procura por novas formas de alcançar o público leitor. Entretanto, algo que parece passar despercebido por muitos é que essa interação gráfico-textual não ocorre de maneira inteiramente harmoniosa. Por mais que possam haver interações nos novos formatos e suportes, sempre um desses dois recursos sobrepõe o outro, ao invés de ambos se unirem em sua essência. Há, porém, um meio de comunicação que é comumente esquecido, mas cuja origem está justamente nessa fusão entre a imagem e o texto. Esse meio, utilizado pela primeira vez como elemento de massa em 1895, o mesmo ano em que o cinema surgiu, enriqueceu a cultura popular em níveis que muitos não conseguem compreender claramente, e, até os dias de hoje, luta por uma valorização digna. Tendo este sido o meio escolhido para que talentosos artistas como Windsor McCay, Will Eisner e Milton Caniff pudessem imortalizar sua contribuição para a cultura artística e intelectual geral, as histórias em quadrinhos têm muito mais a oferecer do que a maioria presume. Tão dividida em gêneros e estilos como a literatura tradicional e de tão fácil identificação com o público como o cinema e a televisão, os quadrinhos já foram palco para grandes mestres e

de grandes histórias, e isso não deve ser menosprezado. Assumindo uma nomenclatura diferente em cada país onde são encontrados, os quadrinhos, fumetti, banda desenhada, mangá, linhuanhua, entre muitos outros nomes, continuam a representar grandes obras para quem lhes dá a chance de mostrar todo seu potencial. O criador da tirinha de jornal Calvin e Haroldo, Bill Waterson, uma vez disse que as histórias em quadrinhos podem ser qualquer coisa que a nossa mente puder imaginar, e ele está certo. Joe Sacco transformou seus quadrinhos em reportagens sobre o Oriente Médio e outras áreas afetadas por guerras, Hugo Pratt narrou através de seu personagem Corto Maltese suas experiências como marinheiro e andarilho, Stan Lee trouxe por meio de seu Surfista Prateado todo um questionamento ético sobre a relação entre a vida do homem e o mundo em que habita, entre tantos outros. Hoje, os quadrinhos são uma das principais fontes de material para Hollywood, além de ser tema de vários livros que tentam compreender toda a sua gama de assuntos e abordagens, elementos que até o momento não conseguiram ser estudados de forma plena, e nunca serão, pois estes são apenas limitados pela imaginação dos seus criadores. Com a revolução digital que está acontecendo, os quadrinhos também foram afetados, e as editoras mais tradicionais do ramo já estão se movimentando para manter o rico legado que traz esse meio de comunicação. Entretanto, mais do que apenas mantê-lo, é necessário que este seja lembrado e destacado, para que essa fonte tão rica de elementos culturais jamais seja esquecida, mas sim respeitada como, de fato, merece ser. [Gabriel Guimarães]

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Recomendo:

No Ordinary Family I

magine fazer uma viagem com sua família e sofrer um acidente de avião no meio da floresta amazônica. Meio louco, né? Pois imagine então se após esse acidente você adquire super poderes de forma misteriosa. É, bem mais louco. Agora tente imaginar descobrir que além de você mesmo, todos os outros membros da sua família também descobriram ter habilidades sobre-humanas. Não, não é uma nova história em quadrinhos da Marvel criada por Stan Lee. Esse é o enredo de No Ordinary Family, série produzida pela ABC Studios que estreou no dia 28 de Setembro do ano passado nos Estados Unidos e vem sendo transmitida aqui no Brasil pela Sony, toda sexta-feira às 21h. Os Powell são uma típica família de classe média alta dos Estados Unidos que embarcam em uma viagem pela América do Sul organizada pelo patriarca Jim (Michael Chiklis - Quarteto Fantástico, The Shield) numa tentativa desesperada de restaurar seu equilíbrio familiar após uma série de crises pessoais tais como a queda da relação com sua esposa Stephanie (Julie Benz - Jogos Mortais 5, Angel, Taken) após 16 anos de casamento na rotina e o afastamento de seus filhos adolescentes Daphne (Kay Panabaker Summerland) e JJ (Jimmy Bennett - Star Trek, A Órfã, O Expresso Polar) devido à dificuldade de balancear sua vida profissional com a pessoal. Durante a viagem, o avião em que estavam sofre um acidente e cai no meio da floresta tropical brasileira, onde são expostos à uma misteriosa substância brilhante e posteriormente eles descobrem que ganharam super poderes. A partir daí, surge outro dilema na família (enfrentado por pelo menos 90% dos superheróis): usar os dons adquiridos para ajudar as pessoas ou permanecer no anonimato como 56 - Revista Empty - Julho de 2011 - Cultura


se nada tivesse acontecido? Enquanto Jim sente-se útil e muito mais vivo enquanto faz justiça com as próprias mãos defendendo a cidade de pequenos delitos criminosos, Stephanie insiste em dizer que essa é uma atitude arriscada e que pode acabar colocando não só a vida de seu marido, como a de toda família em risco. No entanto, após algumas situações que os forçam a trabalhar juntos como heróis, ambos terminam por perceber que o incidente acabou restabelecendo a conexão familiar que havia sido perdida e a chama do casamento foi finalmente acesa novamente. Quando os Powell percebem que não os únicos com habilidades sobre-humanas, porém, surge outro problema: uma possível experiência vem sendo realizada com pessoas comuns que têm sua estrutura genética modificada artificialmente para que desenvolvam habilidades especiais. É aí que assumem de vez o papel de super-heróis com o intuito de preservar a vida das pessoas que os cercam, bem como descobrir de vez o que houve com sua família e como ganharam seus dons. As habilidades especiais: Jim Powell: O pai, policial responsável por desenvolver retratos falados de criminosos que ganha super força e semi-invulnerabilidade. Consegue realizar saltos incrivelmente altos por cima dos prédios, erguer grandes quantidades de peso e é resistente ao fogo. Seu ponto fraco é a synocsate, uma substância química que anula seus poderes.

Stephanie Powell: A mãe, cientista que trabalha na Global Tech. Possui o dom da supervelocidade, o que a permite percorrer grandes distâncias em pouquíssimo tempo. Também tem um metabolismo acelerado, o que a faz se curar rapidamente de ferimentos. Daphne Nicole Powell: A filha do casal. Possui habilidades telepáticas tais como o dom de ler a mente das pessoas e até mesmo a alteração das memórias através do contato físico com elas. Jim Junior "JJ" Powell: O filho, apresenta o dom da superinteligência. É possível que leia em alta velocidade e retenha facilmente uma grande quantidade de informação apenas olhando as páginas, embora só consiga se lembrar do que absorveu por mais ou menos 6 horas. Também é possível que aprenda outros idiomas rapidamente e perceba o ponto fraco de seus inimigos antes de atacá-los através de uma rápida análise dos mesmos. É exímio em problemas matemáticos e questões que envolvam física ou mecânica, o que o torna um excelente estrategista. Como fã assumido de super-heróis, preciso dizer que estranhei um pouco esse tema numa série de TV, mas ao mesmo tempo fiquei bastante animado e resolvi conferir antes de formar qualquer opinião. O resultado não poderia ter sido mais positivo e surpreendente e, após alguns episódios, me vi inteiramente viciado na série. Apesar do conceito ser bastante batido em HQs, desenhos ou filmes, não é o tipo que se aborda em seriados de TV. As atuações não são das melhores, mas até que convencem. A direção, no entanto, é bem conduzida e adiciona à trama uma série de sensações mistas tais como suspense e até mesmo comédia, da forma mais descontraída possível. No Ordinary Family é um programa divertido e inovador. Mas, acima de tudo, é um presente bem legal pros HQ maníacos que adoram ver o tema que mais amam ser abordado de forma séria e com o respeito que merece. [Lorhan Ferreira]


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