Nº 4 | Revista Empty | Setembro | 2011

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Exclusivo:

Entrevista com o assessor da diretoria da Ancine, Roberto Lima sobre a aprovação do PLC 116, nova lei que reorganiza o mercado de TV paga no país.

Moda:

Bruna Caldas, direto de Salamanca na Espanha, mostra o que os jovens de lá estão usando.

Comunidades:

A galera do @descolandoideas mostram pra gente o que estão achando do recém inaugurado teleférico do Alemão.


Consolidar para crescer Editorial Revista Empty nº 4

Já são 5 edições da Revista Empty. Friso esse número porque não é fácil manter uma publicação nesse moldes. Colaborativa, horizontal e plural. Muitos saem no meio do caminho outros chegam cheio de disposição e a revista vai se adequando aos novos colabores e aos novos assuntos. A Revista Empty avançou na forma e no design, mas conceitualmente ainda não tinha definição. Faltava identidade, faltava uma cara. Mesmo com muito(a) s articulistas, muitas mãos e mentes na preparação mensal da publicação, ela ainda não tinha uma cara. O principal desafio agora é consolidar um conceito, uma identidade. A Revista Empty pretende ser uma publicação diversa do ponto de vista de temas e opiniões, e isso não quer dizer que será uma revista vazia. Para isso, nesse mês, trataremos na nossa matéria de capa da aprovação da nova lei que organiza o mercado de

TV paga no país. Teremos também uma entrevista sobre o assunto com o assessor da diretoria da Ancine, Roberto Lima. A galera do @DescolandoIdeias vai mostrar como está sendo a implementação do teleférico do Complexo do Alemão. Uma obra pujante do governo federal que ainda gera muitas desconfianças na comunidade. A seção de Moda vem mais uma vez com muitas novidades. Bruna Caldas fala um pouco do que está vendo na sua viagem à cidade de Salamanca na Espanha. Ela mostra como os jovens estão se vestindo por lá. Dentro da seção de cultura temos novidades, Thiago Abreu vai falar um pouco

sobre o cenário musical alternativo. A Banda Deluxe é o tema desse mês. Não vou me alongar mais, isso aqui é apenas um aperitivo da revista Empty nº4. Espero gostem das novidades e dos temas abordados nesse mês. Sua crítica, sugestão ou elogio são muito importantes para a consolidação e o fortalecimento da @revistaempty. [Eduardo Lurnel]


Expediente: A Revista Empty é uma publicação mensal. www.revistaempty.com www.twitter.com/revistaempty visite nossa página no Facebook e no Issuu Sugestões e críticas: revistaempty@gmail.com

Parceria:

Conselho Editorial Eduardo Lurnel Romário Regis Kerolaynne Tozo Vitor Gonçalves Tati Nantes Flávia Freitas

Tallyssa Sirino Petter MC

Diagramação Vitor Gonçalves

Comunidades Lana de Souza Raul Santiago Alice Sant' Anna Nathalia Menezes Cristiane de Oliveira

Política Eduardo Lurnel Juliana Castro Lucas César

Tecnologia Alysson Almeida Thomas Shulze

Cultura Thiago Abreu Alexandre Kley

Moda Kerolaynne Tozo Bruna Caldas


Comportatamento Profissão do mês! ...................................................................... 6

Comunicação e Tec. A era do Android ...................................................................... 14 A história das revistas de vídeo-game no Brasil ...................16

Comunidades Nova Iguaçu: Nova Iguaçu também está na luta contra a homofobia .................................................. 25 Complexo do Alemão: Teleférico ......................... 27


Política A nova lei da TV paga e a Democracia ....................... 8 Entrevista com Roberto Lima ................................... 12

Moda Blush - Dando saúde ao rosto .................................. 20 Destino: Espanha - Salamanca capital da moda ..... 22

Cultura Dulexe: Dedicação e Profissionalismo .................... 29 Poesia: Até...? .......................................................... 30


Profissão do Mês!

M

uitas pessoas sabem desde cedo que profissão e carreira desejam seguir, entretanto esta não é uma realidade para a maioria. Na era da informação, da rapidez, novas carreiras nascem e com elas a dificuldade de nortear o futuro. Pensando nesta dificuldade (que muitos de nós passamos inclusive) a Empty a partir desta edição trará para você depoimentos de profissionais de várias áreas a fim de tornar mais dinâmico e facilitado este momento tão importante na vida de todos nós. A primeira carreira que iremos abordar será “PUBLICIDADE E PROPAGANDA” com o Publicitário Hugo Rodrigues, 23 anos. Vamos lá!

“A minha escolha não foi muito fácil. Na verdade, eu fiz por eliminação de matérias. Num primeiro momento, excluí matemática e física. Depois, tirei química e biologia. Até pensei em fazer Direito. Mas a premissa de mil leituras diárias me assustavam muito para os meus 17 anos. Então, fui para Comunicação Social – e descobri que tive, e tenho, que ler tanto quanto um futuro Juiz ou advogado. Nos dois primeiros anos de Comunicação, fiquei dividido entre Jornalismo e Publicidade. Eu ia muito pelos professores que eu mais gostava. Então, em cada semestre eu queria seguir por um caminho. Por fim, optei pela Publicidade porque acho incrível o poder – se assim pode ser chamado – de tentar convencer alguém a comprar algo. Eu acho que tudo é venda. E venda é uma troca, ora justa, ora não. Então, acho divertido você ter que criar diversas formas para chamar a atenção de

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alguém. E criatividade não é o ponto essencial da publicidade. Vejo muita gente, hoje em dia, dizendo: “Ah, eu não sou criativo. Não posso ser publicitário”. A criatividade é um exercício diário. Ninguém cria algo do nada. A criação é uma construção de coisas que você conhece, que você vê no dia-a-dia. Se você pegar um cara muito bom de criação e colocálo para morar com os índios durante 3 meses, ele vai criar apenas coisas para índios. Então, é necessário estar no meio – ler blogs, ver propagandas – para aguçar sua criatividade. Depois da faculdade, me lancei para o mercado de trabalho. Existem milhares de micro agências espalha-


das por aí. Mas há milhões de estudantes e recém-formados. É complicado entrar nas agências sem conhecimento. Acho essencial o estudante ter seu portfólio. Mesmo com material da faculdade ou coisas inventadas. E, cada vez mais, portfólios criativos são mais importantes. Ao invés de uma pasta com seus arquivos, pense em algo maior. Algo diferente. Os diretores de criação não costumam ter muito tempo para analisar tantos materiais iguais. Outro ponto importante é saber o que quer fazer dentro de uma agência. Redação, arte, atendimento... É importante utilizar a faculdade para traçar seu perfil e escolher a área que mais você se encaixa. Se ainda há dúvida, visite as agências. Peça estágio não-remunerados. Só para conhecer mesmo. Durante a faculdade, eu fiz isso e me fez muito bem. Além de ter me dado conhecimento da área,

pude conhecer pessoas do mercado. O que é extremamente importante para futuros empregos. Na profissão, não espere ter hora para sair, nem para almoçar. E acostumese com pizzas na madrugada que te salvarão da fome nos trabalhos para última hora. E não se sinta mal se uma idéia “incrível” que você teve não foi aceita. Em reuniões em grupo é importante saber ouvir as idéias dos outros e aceitá-las, também. Ninguém é concorrente de ninguém dentro de uma agência. É importante saber disso. E não se envergonhe ao evitar qualquer brincadeira. “Reuniões de criação – brainstorm – são recheadas de idéias loucas e brincadeiras.” [Tati Nantes]

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N

o dia 16 de agosto de 20011 foi aprovado no Senado federal o PLC 116/10, que agora aguarda sanção presidencial. O citado projeto de lei visa organizar o mercado de TVs pagas, que agora tem atores de peso, as grandes empresas de telecomunicações. Desde 2007 tramita no Congresso Nacional esse projeto de lei. Havia quatro propostas caminhando paralelamente que versavam sobre o mesmo tema com perspectivas diferentes. Em meados de 2007 elas foram apensadas na Comissão de Ciência Tecnologia da Câmara de deputados federais e entregue para a relatoria do deputado Jorge Bittar do PT/RJ. Começava ali a longa história de debates e discussões do Projeto de Lei 29/07. Foi sob a relatoria de Jorge Bittar, que a lei agora aprovada, ganhou o formato atual. Ela trata da entrada das Teles no mercado de TV paga, cria novas atribuições para a Ancine e Anatel, incrementa


o FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), e cria espaço para o conteúdo nacional nos canais e pacotes das TVs pagas. O então PL 29/07 tratava não só das questões econômicas, mas também da valorização da cultura nacional. Viu-se ali, que não é possível separar o debate sobre cultura do debate de economia, não é possível separar as discussões sobre cultura dos problemas das comunicações. A entrada de novos agentes, novos canais e novos consumidores devem significar também uma maior fruição dos produtos nacionais e o fortalecimento do mercado audiovisual brasileiro Depois da aprovação na câmara, o PL 29/07 passou a se chamar PLC 116/10. Toda a tramitação do PLC 116/10 teve bastante resistência das TVs por assinatura que operam hoje e muito fortemente das organizações Globo. Com a entrada das Teles no mercado, que hoje é dominado pelo NET/SKY, a concorrência será muito maior. A situação se torna mais complexa porque gigantes como a OI e a TELEFONICA tem um poder de investimento muito maior do que as operadoras de TV por assinatura, e ainda podem oferecer outros serviços como internet em alta velocidade e telefone fixo. Com o aumento da concorrência no setor a tendência que é que em pouco tempo a TV paga tenha preços mais baixos e um serviço melhor para o cidadão. Hoje as TVs por assinatura já tem pacotes de canais que visam à classe C, contudo o que se vê ainda é uma concentração de consumo desse serviço nas classes A e B.

Quem afirma que o PLC 116/10 não foi debatido está mentindo. Foram diversas audiências públicas, seminários, congressos. O debate seguiu por quase 5 anos e passou por diversas comissões na Câmara e no Senado. O PLC 116/10 pode ser o pontapé inicial para um novo marco regulatório para as comunicações no país. A nova lei da TV paga é pequena se colocarmos do lado das grandes transformações necessárias para ampliação da democracia no país. Contudo não podemos menosprezar as conquistas realizadas com a aprovação dessa lei.

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Com o aumento da concorrência no setor a tendência que é que em pouco tempo a TV paga tenha preços mais baixos e um serviço melhor para o cidadão.


Roberto Lima é dramaturgo, desde 2007 está na agência nacional do cinema. Logo que chegou na agência participou do Grupo de trabalho que elaborou as bases conceituais da lei aprovada no Congresso que regulada o mercado de TV paga. Desde 2009 Roberto Lima é assessor do diretor da Ancine Glauber Piva. Revista Empty: Quais os principais avanços que o PLC 116 traz para sociedade? Roberto Lima: O principal avanço é iniciar a regulação dos meios de comunicação no Brasil, assim como acontece em todo o mundo. A comunicação vem se constituindo como um direito social dos mais importantes na formação da cidadania, e é algo que interfere drasticamente na formação de opinião e até mesmo do imaginário de um povo. A importância desse processo não é algo que possa ficar sob a responsabilidade exclusiva do mercado, o Estado tem que exercer seu papel regulador e indutor nesse campo, pois é um campo que envolve direitos. O PLC traz também um enorme avan-

ço conceitual quando define claramente cada segmento desse mercado e seus principais agentes, o que servirá para orientar futuros avanços regulatórios e ações de fomento. Outra conquista foram as cotas de conteúdo nos canais que veiculam filmes e séries prioritariamente, e de canais brasileiros não ligados a nenhuma empresa radiodifusora ou distribuidora nos pacotes ofertados, pois vão permitir espaço para afirmar a economia audiovisual brasileira e buscar sua sustentabilidade. RE: Durante todo o debate a política de cotas foi muito questionada. Haverá produção nacional de qualidade para suprir a demanda? RL: Sem dúvida. Já existe essa produção de qualidade, o que não existe é escala de produção. A escala não

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existe por que não existe demanda, então as empresas que já produzem com muita qualidade não se organizam para produzir em quantidade. As cotas criam a demanda e asseguram perspectiva de escala para que as empresas brasileiras invistam, o que gera mais qualidade. A gente já viu isso acontecer na União Européia e as programadoras estrangeiras que também atuam lá sabem disso muito bem. Certa vez ouvi de um representante da Discovery que eles já haviam percebido que sua audiência melhora quando programam uma obra brasileira na sua grade. Isso é claro, basta ver que não se vende pacote de TV paga no Brasil sem carregar TV aberta também. Brasileiro gosta de ver brasileiro na telona e na telinha, nossas novelas são excelentes produtos com público fideliza-


Vimos nos preparando nos últimos anos tendo o PLC como uma perspectiva possível, mas certamente a ANCINE precisará ser reestruturada agora. do, nossos filmes retomam seu espaço junto ao público a cada ano, diversas produtoras e distribuidoras acumulam hoje um capital criativo enorme, basta que tenham espaço e conquistarão a preferência da audiência, não tenho dúvida. RE: O Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) receberá um grande incremento. Ele continuará operando dentro das mesmas bases? RL: Acho que se preserva o que se conquistou, mas será necessário pensar em como lidar com a natureza e a dinâmica da televisão. Eu defendo que o fomento ao audiovisual deveria apoiar as estratégias e os planos de longo prazo das empresas, e não projeto a projeto como é hoje, mas isso é algo que precisa ser construído ainda. RE: A ANCINE foi criada para atender as demandas do cinema. Com o PLC ela ganha novas atribuições, a agência está preparada pra isso? RL: A ANCINE não foi criada para atender demanda do Cinema, mas para apoiar o seu crescimento e alcançou

esse objetivo mesmo com limitações que ainda existem. Acho que teremos uma exposição maior também junto à sociedade, o que vai dar outra dimensão para cada ação da agência. A ANCINE tem capacidade para enfrentar esse desafio e já tem muita inteligência acumulada, precisaremos de um bom planejamento estratégico e capacidade de gestão e articulação política, mas vamos vencer esse desafio. RE: A aprovação do PLC demonstra um empenho do governo na pauta de democratização das comunicações. Você acha que o governo fará a mesma pressão quando for pautado o novo Marco Legal das Comunicações? RL: Acho. Vai ser difícil e esse é realmente um campo que envolve enormes interesses. Será preciso lidar com muita pressão, mas na história da civilização, quando acontece um avanço tecnológico das proporções que está ocorrendo com o fenômeno da convergência, todo arcabouço legal e institucional se reorganiza para tornar possíveis os novos modos de produção que se criam. A grande luta é impedir que essas mudanças continuem privilegiando poucos a concentração dos meios de produção nas mãos de poucos. Desde o governo do presidente Lula um novo projeto de nação foi deflagrado, uma nação na qual o desenvolvimento econômico é desconcentrado, onde a democracia é um valor de fato, que inclui toda a população na distribuição de riqueza e que investe em pesquisa e desenvolvimento para conquistar espaço na economia mundial. A presidenta Dilma é o emblema desse processo e está mesmo comprometida com ele. Esse projeto ainda está longe de se concluir, mas será completamente impossível de avançar minimamente sem democratização da comunicação e fortalecimento da economia da cultura. Twitter: @rogolima Facebook: http://migre.me/5CFe0

[Eduardo Lurnel]

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Android A era do

B

om, para quem não sabe, o Android é um sistema operacional móvel que roda Sobre um núcleo Linux (e ainda tem gente que não gosta do Linux), embora o sistema do Robozinho Verde seja ainda desenvolvido numa estrutura externa a Linux. Foi inicialmente desenvolvido pela Google e depois pela Open Handset Alliance, mas a Google é o grande responsável pela gerencia do produto e engenharia de processos. Mas tudo começou em 2005 quando a Google adquiriu o Android Inc., uma pequena empresa em Palo Alto na, Califórnia. O primeiro telefone lançado comercialmente foi o HTC Dreams em 2008. O Android começou a ficar realmente popular no inicio de 2010 onde começou a verdadeira invasão do Android. Primeiro com o Android 1.5 e daí em diante a plataforma foi evoluindo e conquistando mais usuários, hoje a versão mais avançada do Android é o

2.3.3 ou (Gingerbread) para smartphones e o Android 3.0 (Honeycomb) para Tablets. Um dos motivos do Android ter ganhado tanta força e se espalhar de uma maneira tão rápida é que o seu sistema é livre, isto é, não precisa de uma aparelho “próprio” como acontece no caso a Apple. Existe um infinidades de aplicativos e atualizações grátis, diferente do seu concorrente fiel, a Apple, que tem seus próprios aparelhos que suportam somente o seu sistema o IOs, e que sinceramente não são baratos, e por contar muitos aplicativos pagos. A verdade é que e a Apple ainda predomina o mercado de smartphones com sistema operacional próprio,

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porém o Android está vindo com força e com o apoio de grandes fabricantes como: Sonyericsson, Samsung , Motorola entre outras. O número de smartphones com Android vem crescendo a cada dia, então foi aí que resolvi pesquisar os números para apresentar para os nossos leitores, eis os números que o Robozinho vem conquistando: - 231 operadoras ao redor do mundo comercializam dispositivos Android; - já são 400 modelos diferentes com o sistema disponíveis ao público consumidor; - 550 mil smartphones com Android são ativados todos os dias; - já existem 250 mil aplicativos disponíveis no Android


- já foram realizados mais de 6 bilhões de downloads no Android Market - já estão em circulação mais de 135 milhões de dispositivos com o sistema Android. (fonte) Números sem dúvida enormes, mas que deverão se mostrar ainda maiores em pouco tempo. No meu círculo de amigos, por exemplo, é cada vez maior a quantidade de pessoas que estão trocando seus dumbphones (os telefones celulares ‘comuns’) por smartphones com Android, números também que causaram grande dor de cabeça na Nokia, que perdeu a maior parte de seus usuários porque decidiram migrar do OVI

ou SYMBIAM e adotaram Android. E que sem duvida causará também algum desconforto ao pessoal da maçãzinha mordida (Apple). E pensar que quando a empresa comprou o Android, pequena companhia de desenvolvimento de softwares móveis, em 2005, muita gente simplesmente não entendeu direito o que se estava pretendendo. Passados seis anos da transação financeira, o Android se transformou em uma das maiores plataformas móvel do mundo. [Alysson Almeida]

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A história das

revistas de

U

video-game

m rapaz frustrado arremessa o controle do recém-lançado Super Nintendo no chão. Não acredita que está jogando a mesma fase de Super Mario World pela trigésima vez seguida sem conseguir encontrar a saída secreta. Nenhum de seus amigos conseguiu descobrir ainda que o Yoshi deve ser jogado no abismo para que, com o impulso extra, Mario consiga pular por baixo da saída normal e aterrisar em segurança do outro lado enquanto o pobre dinossauro encontra seu fim. Para piorar a situação, a internet ainda está a alguns anos de distância, o que significa que consultar dicas no youtube ou um detonado em algum portal de games está fora de cogitação. Onde obter então os tão necessários macetes para desencalhar no game? Se o quadro retratado aqui soa familiar pra você, que cresceu jogando videogame nos anos 80 e 90, então já sabe que a única solução viável era correr para a banca mais próxima em busca

no Brasil

de alguma revista de games. E eram muitas as opções disponíveis. É verdade que algumas eram de qualidade duvidosa, absurdamente amadoras, só que outras eram trabalhadas com uma seriedade digna de inspirar respeito na renomada Famitsu. O fato é que o jornaleiro era um dos melhores amigos do gamer de antigamente. E este mês a coluna retrô da sua Empty está sendo ampliada e ganhando destaque para relembrar um pouco dessa bela época e revisitar a história das publicações de games no Brasil. Ação Games, Videogame, Gamers, Game-X, PC Gamer, Super Game Power, Nintendo World, EGM... Todos são nomes que fazem parte da história do jornalis-

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mo de games no Brasil e do imaginário de todos os jogadores mais velhos. Mas você sabe onde tudo começou? "A semana em ação: Especial Games". Este descompromissado especial da revista esportiva "A Semana Em Ação", publicado em agosto de 1990, acabou servindo de ponto de partida para o estouro das revistas de videogame no Brasil. Embora tenha tido apenas mais uma edição lançada, e ter tudo para cair no esquecimento, a Editora Azul, acreditando no potencial da revista, adquiriu a marca, reduziu o título para o mais chamativo Ação Games, e passou a lançá-la mensalmente em outubro de 1991. Crescendo mais e mais e tendo um enorme carinho


Como se sabe, no início da década de 90, o mercado de videogames vivia a mais célebre disputa de sua história: Nintendo contra Sega.

dos jogadores, que estavam sempre presentes nas bancas para obter suas dicas exclusivas, a Ação Games rapidamente virou referência em truques para debulhar os jogos, se tornou a publicação mais popular das bancas, e viveu anos gloriosos. Assim como a própria indústria vivia um de seus melhores momentos. Como se sabe, no início da década de 90, o mercado de videogames vivia a mais célebre disputa de sua história: Nintendo contra Sega. A batalha entre as duas empresas dividia a preferência dos jogadores, e isso acabou sendo espelhado no mercado editorial brasileiro. Tomando partido para o lado da Nintendo tínhamos a revista Game Power, cujo conteúdo era majoritariamente dedicado ao Nintendo 8 bits e ao Super Nintendo. Já a revista Super Game cuidava da divulgação dos lançamentos para Master System e MegaDrive. Talvez o grande erro da Ação Games, então a maior revista em circulação, tenha sido tomar partido nesta guerra ao invés de se manter imparcial. Na medida em que sua credibilidade começava a ser abalada pela mudança na linha editorial, que paulatinamente se tornava mais e mais pró-Sega, surgia espaço para a criação de uma revista que falasse com todos os públicos. Foi em 1994 que a Super Game e a Game Power se fundiram pela Editora Nova Setembro de 2011 | Comunicação | Revista Empty - 17


Cultural e deram origem à Super Game Power, tida por muitos, inclusive este que vos escreve, como a maior e melhor publicação de games nacional. Batendo de frente com a grande Ação Games, a revista se destacava por não dar preferência a qualquer plataforma, além de investir muito nos detonados, outro ponto fraco da Ação Games. Destarte, estavam montadas as bases para o jornalismo sério de games no Brasil. E o mercado prosperou. O novo paradigma de qualidade na produção dos textos fez com que as novas revistas, mesmo quando voltadas para a propaganda de determinada fabricante, como era o caso da Nintendo World, conseguissem produzir uma excelente leitura e jornalismo de qualidade. Infelizmente esse bom momento foi abalado por um "problema" que afetou as revistas de videogame mundo afora: A popularização da internet. Se até mesmo a toda-poderosa revista americana Electronic Gaming Monthly não conseguiu resistir aos tempos modernos e fechou suas portas, que chance teria o relativamente jovem jornalismo de games brasileiro? Na medida em que a internet foi se popularizando, mais e mais revistas foram dando adeus às bancas. Assim, vale à pena tirar um tempo para pensar sobre o papel das revistas de game no mundo moderno. Para que elas servem? Seriam as poucas revistas ainda nas bancas uma mera injeção de nostalgia de tempos que não voltam mais? Porque a pessoa que encalha num jogo hoje não vai mais buscar socorro numa revista. Simplesmente não é prático, os tempos são outros. Análises dos jogos também podem ser encontradas de graça na internet. Artigos de opinião praticamente perderam a utilidade num mundo em que todos têm algo a dizer em fóruns virtuais de discussão. Ainda há algo além de lembranças nas revistas? O advento da internet gerou muitos alarmes exagerados, como "Os livros vão acabar, ninguém nunca mais pagará para ler"! Mas na prática não foi isso que aconteceu. Livrarias e bancas de jornal ainda possuem um papel vital na sociedade. Embora não seja possível olhar os números e dizer que as revistas de videogame ainda vendem bem, tampouco é possível dizer que elas estão totalmente acabadas. A revista mensal Playstation, por exemplo, recentemente chegou à sua edição de número 150.

Só que ela é inegavelmente uma exceção à regra. Cada vez mais o videogame está saindo do papel e indo para a internet. De fato, assim como você está lendo a sua revista Empty no computador neste segundo, um trabalho fruto da contribuição coletiva e do prazer que todos aqui têm pela comunicação, muitos jornalistas de games ou simples apaixonados por tecnologia estão usando a web para manter vivo o espírito das revistas de antigamente. Faça uma rápida “googlada” na revista Game Sênior e na Revista Arkade para entender do que estou falando. As revistas de videogame como conhecemos nos anos 90 realmente não têm mais como encontrar espaço nas bancas. Mas ironicamente, a própria internet que as matou, hoje mantém vivo seu espírito. Não é possível prever o que uma publicação deve fazer para vingar no mercado, mas imagino que para gerar uma nova e relevante revista sobre videogames, o foco da publicação deve ser alterado e modernizado. Hoje, mais do que informar, é necessário que uma revista consiga forçar a reflexão, estimular o debate. Provocar uma reação para que

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o leitor consiga terminar a leitura formando sua própria visão do assunto. E você, o que acha? Imagina que daqui a 10 anos estará dando mesada para seu filho comprar uma revista de games na banca? Consegue pensar num modo de tornar as revistas de games atrativas como eram na década passada? Ou videogames em revistas de formato físico só vão ser encontradas em sebos? Lançamento: Call Of Juarez The Cartel Quando você termina de jogar, um único pensamento passa pela sua cabeça: "O que diabos aconteceu com a franquia Call Of Juarez?". A tradicional temática de ve-

lho oeste foi quase completamente abandonada, e agora temos um game medíocre e quebrado sobre agentes infiltrados com traficantes mexicanos. Pois é. O roteiro cheio de buracos, a dublagem pífia e os personagens carismáticos como uma pêra só não piores que a jogabilidade travada, os constantes “bugs” gráficos e até mesmo no som, que chega a ter sua música engasgando ocasionalmente quando algum personagem fala.O jogo parece ignorar o conceito de diversão. E até mesmo de “cutscenes”. Por exemplo, em determinado

parte você começa uma fase e seu objetivo é andar até uma porta e abríla. E aí meça um filme explicando a missão. Qual o sentido de andar até a porta? Isso não poderia fazer parte da cena animada? Se você conseguir passar por cima dessa e de outras dezenas de decisões infelizes da equipe de desenvolvimento, após cerca de 2 horas de jogo alguns cenários conseguem proporcionar tiroteios minimamente empolgantes. Mas nada que faça o game brilhar. Em seus melhores momentos, é um FPS como outro qualquer. Nos piores-que são maioria-, você vai querer voltar a jogar um western de verdade, como o excelente “Red Dead Redemption”. [Thomas Schulze]

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Blush dando saúde ao rosto

O

blush é um dos pontos alvos na make, é ele quem dá todo o equilíbrio e a cara de vida ao visual. Mas você sabe como passá-lo de forma adequada sem ficar com cara de quem levou dois tapas? Cada um possui um formato diferente de rosto, ou seja, cada um deve passar o blush de uma forma, é simples, não existe mistério algum! Você ainda pode conciliar com a cor dos seus cabelos e da sua pele, de forma que o visual fique harmonioso. O blush foi feito pra te deixar com carinha saudável, com rostinho de quem pegou sol, de saúde mesmo! Então só carregue no blush a noite, quando for à balada. Cores fortes durante o dia não ficam legais. Se você fizer um olho lindo e carregado, deixe sua boca simples, e assim vice-versa (o mesmo serve para o blush!).

Existem vários tipo de blush: Pó compacto - todos os tipos de pele, especialmente as oleosas; Líquido, cremoso ou mousse peles secas; Mineral - todos os tipos de pele, especialmente as sensíveis; Bastão - peles secas e mistas. O importante é ter em mente que se você está sentindo-se bem, isso é o melhor! A maquiagem ideal é a que te faz bem, as dicas podem ajudar, mas o que vale realmente a pena é o que te faz se sentir linda!

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[Kerolaynne Tozo]


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Destino:

Espanha Salamanca capital da moda

S

alamanca é uma charmosa e aconchegante cidade, localizada no noroeste da Espanha, na Comunidade de Castela e Leão, a 212 quilômetros de Madri. Uma pequena cidade que conta com mais de 160.000 habitantes e com uma numerosa população estudantil estimada em 35.000 estudantes. Inúmeras celebridades históricas como Frei Luís de Leon, Nebrija e Miguel de Unamuno passaram pela cidade, todos nos campos universitários e artísticos, deixando suas marcas de conhecimento nesta bela cidade. Salamanca tem a segunda mais antiga universidade do mundo (1215). É uma cidade verdadeiramente estudantil e isto acrescenta emoção e brilho ao ritmo diário. Os estudantes são atraídos pelo castelhano perfeito, de qualidade, sem sotaque. Estas são algumas das razões pelas quais os estudantes escolhem esta cidade para aprender o espanhol. E com isso a vida noturna de Salaman-

ca é uma das mais agitadas possíveis, muitos bares e boates em todas as esquinas e ficam distribuindo cupons de bebida de graça na Plaza Mayor. Pra quem gosta de uma boa festa e quer unir isso aos estudos, Salamanca pode sim ser o lugar ideal! Mesmo com um verão muito quente e principalmente seco, a moda está muito presente na pequena cidade de Salamanca. Os jovens que vivem na cidade devido às universidades, poderiam dar a Salamanca o título de capital da moda urbana muito facilmente. Inúmeros estilos, tendências, combinações, tudo presente pelos becos da Idade Média fazendo um contraste perfeito entre o passado e o contem-

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porâneo. Do básico ou alternativo, do latino ao asiático, você encontra tudo ali, reunidos, em sua grande maioria, na Plaza Mayor. Essa mistura de nacionalidades causa um efeito encantador pelas ruas e faz dessa pequena cidade um grande centro cosmopolita. A moda jovem realmente impressiona, entretanto o mais fascinante é ver como a terceira idade, ou melhor, los mayores se relacionam com a moda. As senhoras se vestem como fossem a uma grande festa quando na verdade vão apenas a Plaza tomar um helado. Muita maquiagem, salto alto e roupas finas fazem parte do dia-a-dia das senhoras, mesmo nos dias quentes do verão espanhol. Isso nos mostra que não é porque a idade chegou que não devemos mais cuidar de nossas aparências. Uma grande lição! Até as crianças não escapam! Foi notável como as mães gostam de vestir seus filhos com as mesmas roupas, não foi só um caso ou dois, e sim vários que presenciei, durante três semanas. Isso talvez cause uma revolta nelas no futuro, como causou em mim e na minha irmã, mas enfim, não estou aqui pra falar dos meus traumas de infância e sim de moda! Mesmo sendo verão, não consegui enxergar a grande aquarela de cores presente no verão brasileiro. Sim, eles usam vermelho, amarelo, laranja, mas não é como aqui no Brasil, com misturas de cores numa peça só. É quase um color blocking, mas também não seja a ser assim. Presença marcante em todos os looks tanto masculinos, quanto femininos são as calças coloridas, vermelhas, verdes, azuis, amarelas, que aqui no Brasil foram rebaixadas e quem usa é rotulado como fã de Restart. Estas peças davam um ar moderno, colorido e fashion para os looks. Os acessórios são claramente parte importantíssima na composição de qualquer look, mas na Espanha esses itens são muito bem valorizados e trabalhados desde os mínimos detalhes. Pulseiras, anéis, relógios, cordões de todos os tipos e tamanhos, cintos, bolsas. Uma sandália com um fecho diferente, uma cor. Tudo para dar um diferencial no seu look. Mais um episódio a parte é a maquiagem, as espanholas podem ir na padaria, mas estarão sempre super bem maquiadas, com sua pele impeSetembro de 2011 | Moda | Revista Empty - 23


cável e os olhos bem definidos. Para mim ficou claro que a preferência delas são os olhos, a boca às vezes é trabalhada, mas apenas quando elas saem pela noite. Para os amantes da arquitetura, a Espanha é o paraíso e Salamanca conforme já disse acima é riquíssima em construções de estilos variados, que vão desde o medieval, passando pelo renascimento e barroco, e possui um equilíbrio visual decorrente da adoção da pedra em cor amarelada, quase bege, que predomina na

cidade, fazendo Salamanca ser conhecida também como a “Cidade Dourada”. Tem um centro histórico muito bem preservado e a expansão urbanística acontece fora da zona monumental, onde também se encontram grandes lojas de departamentos. Como já havia dito, Salamanca é incrível, abrange todos os gostos, literatura, história,

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arquitetura, moda, línguas, culinária... Está tudo presente. De pequena só de tamanho, porque de resto é uma cidade gigantesca, vale a pena uma visita! Desfrute de Salamanca! [Bruna Caldas]


Nova Iguaçu também está na luta contra a homofobia.

H

á dois meses eu estive na 8º Parada LGBT aqui de Nova Iguaçu. Sempre tive vontade de estar em um evento como esse, há alguns anos eu estive em uma "parada" em Belford Roxo, mas cheguei um pouco tarde e o que encontrei foram poucos amigos lanchando em uma barraca de cachorro quente de uma praça da cidade. Estava eu, então, na Via Light, região central de Nova Iguaçu. Muita gente fantasiada, muitos jovens e muitas famílias. Subi em um dos trios informando aos organizadores que eu faria uma matéria para uma revista on-line, peguei uma credencial e lá estava eu: com uma visão previlegiada do evento. Só eu sei o quanto aquele momento foi de superação para mim. Estar ali, em cima do trio foi alucinante, minhas pernas estavam trêmulas, minhas mãos geladas e eu suava frio. Só quem sofre desse medo sabe do que eu estou falando. Ali eu ouvi algumas vozes de conhecidos dizendo assim: “se solta, dança, se diverte um pouquinho...” O fato é que esses conhecidos não me conheciam o suficiente, porque os amigos e pessoas mais próximas entenderiam minhas reações. Eu queria olhar pra baixo,

queria sentir a energia dos quarenta mil presentes, mas isso me causava um pavor maior ainda. Apesar do medo, eu arrisquei algumas olhadas e pude assim perceber um grupo que chamou a minha atenção: “HÉTEROS”, dizia a camisa de cada um deles! Achei engraçado, divertido e muito criativa a iniciativa do grupo. Era como se eles dissessem: estamos aqui porque apoiamos e acreditamos na causa, somos héteros e conscientes dos NOSSOS direitos enquanto seres humanos e cidadãos, somos iguais, apesar das diferentes orientações. Naquele instante me identifiquei, aí pensei: que maravilha, que ótima ideia, acredito que a minha passagem em cima do trio teria sido menos traumática se na minha camisa estivesse escrito: *ACROFÓBICA! Bom! Fim do evento. Certa de que sobrevivi e feliz por

isso (rsrs), descobri que cobrir o evento e relatar aquele dia inesquecível seria pouco, diante da amplitude e da importância do assunto. Decidi, então, escrever sobre o Movimento LGBT em Nova Iguaçu. Foi aí que percebi que apesar de simpatizante e apoiadora do fator igualdade e respeito, não obtinha conhecimento algum sobre, embora tenha alguns amigos homossexuais. Necessitava conhecer alguém que pudesse me ajudar, alguém que pudesse esclarecer minhas dúvidas e fornecer informações suficientes para escrever uma boa matéria. Nessas horas eu reconheço a importância do Facebook! Foi na rede social que eu encontrei a Marisa Justino, militante e atuante nesse movimento há cinco anos. Por meio dessa nova amiga constatei que essa é uma luta árdua e antiga, pois, é uma busca incessante por

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direitos que já deveriam ser assegurados, afinal, homossexuais ou não, somos todos cidadãos. Um dos precursores do movimento LGBT na cidade, Neno Ferreira, promove e defende os direitos desse grupo desde a década de 80, ele é o fundador e presindente da Associação de Gays e Amigos de Nova Iguaçu - AGANI - que hoje já não luta sozinha, são três ONGs atuantes pela mesma causa o que possibilita maior visibilidade ao grupo, presentes nos conselhos, conferências, fóruns, seminários e debates. “Nós existimos e não tem como 'esconder' isso. Somos milhares e estamos em todos os lugares.” afirma Marisa. Muito já se conquistou, mas ainda há muitas barreiras à serem transpostas: O casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e as uniões homoafetivas passaram a ser tratadas como um novo tipo de família; Direito à pensão por morte; Pensão e partilha de bens; Os (as) detentos ( as) homossexuais têm direito à visita íntima nos presídios de todo o país; Há um projeto de Lei da Câmara - PLC 122/2006 – que propõe a criminalização da homofobia, pleiteando a alteração da Lei nº 7.716, de 5 de Janeiro de 1989, tornando crime a discriminação por ORIENTAÇÃO sexual, enquanto esse projeto não é aprovado, o movimento conta com a Lei Estadual Nº 3406/2000 que determina sanções às práticas discriminatórias em estabelecimentos comerciais e órgãos públicos no estado do Rio de Janeiro. A grande verdade é que, apesar da resistência de alguns religiosos e de grupos mais conservadores os LGBTs, são parte do nosso convívio social e encontram cada vez mais apoio em sua luta. Obviamente ainda há muita discriminação, mas aos poucos a maioria da população está percebendo que re-

mente não é a orientação sexual que determina caráter, conhecimento e/ou humanização, o que vem possibilitando uma maior integração, locais anteriormente destinado aos LGBTs são frequentados por héteros que elogiam a forma descontraída e tranquila dos mesmos se divertirem. “Eu prefiro ir à uma boate LGBT do que à uma casa de shows hétero. Na boate a diversão é garantida e o respeito também”, diz Patrícia, hétero e simpatizante do movimento. Se considerarmos que anteriormente a homossexualidade já foi considerada um distúrbio mental tratado à eletrochoque nós avançamos, mas a discussão ainda é vista com muita complexidade no mundo inteiro, as Paradas LGBTs de hoje são continuidade

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de uma ação que teve início há quatro décadas. Este ano, aqui em Nova Iguaçu, quarenta mil pessoas entre homossexuais, héteros e simpatizantes se reuniram mais uma vez para pedir um basta a intolerância, acreditando que um dia todos os cidadãos iguaçuanos serão respeitados com igualdade e desejando que em cada cidade da Baixada Fluminense, do Estado do Rio de Janeiro, que cada lugar desse imenso Brasil, e por que não dizer que em cada canto desse mundo. TODOS temos o direito a manifestar as nossas diferenças, até porque sem elas não poderíamos ser considerados humanos. [Cristiane de Oliveira]


Teleférico E

nfim foi inaugurado o teleférico no Complexo do Alemão. Uma obra que no começo muitos não acreditavam que poderia sair do papel. As estações ligam 5 pontos da FAVELA com o privilégio de visualizar toda a expansão de área do Alemão, adjacências e de outros pontos do Rio de Janeiro. A inauguração aconteceu no dia 07/07 onde a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff esteve na comunidade juntamente com o Governador Sérgio Cabral, o vice Pezão, o Prefeito Eduardo Paes e outros membros do poder público do Brasil e carioca. Dilma conheceu o Alemão pelo alto ao dar um passeio no teleférico, no mesmo dia da inauguração do teleférico, a presidenta inaugurou na estação Alemão um CRJ, “Centro de referência da Juventude” e também pode ver a uma exposição de fotografia na estação Adeus, do fotógrafo Bruno Itan que reside na comunidade. A cerimônia aconteceu na manhã de um dia frio e chuvoso, o que não impediu que uma multidão fosse ao

local do discurso feito pela presidenta e outros membros políticos. Quanto ao Teleférico em si, as opiniões dos moradores ainda são muito variadas; entre ser útil, não ser, ser marketing governamental, ter andado, ter medo de andar... Alguns dos colaboradores do Descolando ideias usaram o Teleférico e contam para vocês o que sentiram da viagem e o que pensam sobre esta obra. Lana de Souza Quando eu cheguei à estação do Adeus, estava morrendo de medo, mas sabia que teria que encarar, entrei na Gôndola, e sentei o mais rápido possível por que achei que fosse mais tranquilo, depois da primeira balançada, eu me acalmei e acabou sendo uma viagem muito tranquila. Agora, lá de cima a gente consegue

ver coisas que talvez ainda fossem ocultas para muitos; esgoto a céu aberto, lixões e etc... Será apenas mais uma obra para inglês ver? Ou será bom pra favela? Ainda preciso de um tempo para responder essa dúvida que existe na minha cabeça! Mas o passeio por si só é muito gostoso!! Raul Santiago Curti bastante o passeio no teleférico, posso dizer que veio para somar na evolução de nossa favela e que será muito útil aos que residem na parte alta. Com certeza também será um grande atrativo na área do turismo, pois o passeio em si é muito interessante, eu e muitos outros que habitam o Complexo do Alemão sempre tivemos a curiosidade de ver a nossa favela do alto, ter noção da dimensão disso aqui.

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Mas não posso deixar de dizer que a noção observatória de que tudo é perfeito quando vemos de cima, é completamente diferente da realidade difícil que vivemos aqui em baixo. Não adianta olharmos para o alto e vermos um gigante que nos torna pequenos, uma estrutura funcional e exata, se começa de baixo para cima e não ao contrário, tenhamos fé e lutemos por aquilo que acreditamos. Alice Sant' Anna Bom o meu passeio no teleférico foi muito interessante, pois eu pude conhecer a comunidade do alemão do alto e outros pontos do Rio de Janeiro também. Logo eu que tinha medo de andar nele, mas foi muito bom. Eu

acho que o teleférico é bom apenas para alguns moradores. Ele é flexível para uns e não flexível para outros, pois quem trabalha no centro da cidade ou na zona sul tem a integração na supervia. Aí vale a pena. Temos que preservá-lo é claro, pois ele está dentro da nossa comunidade, mas na minha opinião isso não foi feito para dar mais flexibilidade, acho que não foi feito para nós, os moradores, mas sim para sociedade e para os estrangeiros verem como o Governo do Rio de Janeiro investe nas comunidades, mas eu acho que eles teriam que investir em EDUCAÇÃO E SAÚDE pois é disso que o Rio de Janeiro o Brasil precisam, não precisamos de coisas para mostrar para o mundo a fora que eles sabem investir. Mas fazer o quê? (Parece que) o dinheiro é deles e eles fazem o querem né!

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Desde o dia da inauguração, o passeio no teleférico está liberado gratuitamente para todas as pessoas sendo moradores ou não. A liberação superou as expectativas de todos, pois muitas pessoas estão querendo conhecer o passeio e a favela pelo alto, o que tem sobrecarregado o serviço, causando transtorno, por diversas vezes o sistema do teleférico para e as filas tem sido enormes. Não podemos negar que sendo bom ou sendo ruim (com o tempo descobriremos) o Teleférico é um marco importante para a história dessa favela. [Descolando Idéias]


Deluxe: Dedicação e Profissionalismo

D

eluxe, talvez você já tenha escutado falar neste nome, mas hoje iremos falar é da banda Deluxe, formada por jovens músicos, que se conheceram no colégio (como a grande parte de bandas independentes), influenciados por Weezer, Blink 182 e Paramore, a banda que tem um pouco mais de 1 ano e que mantém a formação original diz não ter um gênero musical específico, porém podemos classificá-la como uma novidade do pop rock. A banda é formada por Mariana Chevrand que tem uma voz graciosa e impossível de não se apaixonar, além dos vocais ela é a principal compositora, suas letras nos conta experiências reais de sua vida e seus desabafos; as guitarras rápidas, porém melódicas, encaixam perfeitamente no som e no propósito da banda e ficam por conta de Bruno Santos e do compositor das melodias Victor Vasconcellos; o baixista Pedro Moraes cumpri com o seu pa-

pel muito bem, baixo muito presente e acordes nítidos; Arthur Luna apesar da pouco idade (18 anos, idade comum aos demais integrantes) toca a 5 anos e foi aluno de Cesinha Lacerda (hoje baterista de Maria Gadú), o que explica o seu talento e sua criatividade, suas levadas empolgam e preenchem maravilhosamente as musicas da Deluxe. Podemos ter a certeza que os integrantes da Deluxe estão dedicando-se totalmente ao projeto e ao lançamento de seu primeiro CD, a banda que já tocou em lugares famosos no Rio de Janeiro como Teatro Odisséia e Clube dos 500, em pouco tempo já demonstra uma evolução musical e profissionalismo,

que é comprovado pelo grande trabalho de gravação e edição do primeiro clipe oficial da banda, que mostra momentos de descontração e a amizade dos músicos, e pode ser visto no canal da Deluxe no You Tube, a música de trabalho chamase “O pedaço que faltava”, você escutará falar ainda mais em Deluxe. [Thiago Abreu]

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Até...? Churrasco Largo da Ordem Caminho pra minha casa “Filme” na sua “Vai um chocolate aí? Cai bem agora” você me disse E eu quis o seu corpo só pra mim pra sempre Um poema que não era seu Um engano me apaixonar assim Outro engano me dar tão fácil assim Muitos enganos tentar prender o que eu não precisava prender Outro engano a gente achar que podia com a distância. Mas antes dela veio o Botânico Veio também nossos quatro dias de amor em Curitiba Veio ainda outro fim de semana O da despedida A Rodoviária, antes dela o táxi, antes dele seu banho, antes dele nós dois Teve também o hippie e o nômade Tem agora meu coração quebrado que 30 - Revista Empty | Cultura | Setembro de 2011


Ilustração: Leandro Ferra

não sabe se canta a liberdade ganha ou se chora o amor que perdeu O amor que diz não ser mais amor E será que a culpa não foi minha? Mas também é sua ao achar que me deixando vai conseguir apagar quem nós somos um na vida do outro Me desculpe, mas eu vou chorar Me ligue se eu não te ligar É tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher toda a vida, quanto dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma música. (Balzac) Não suporto essa solidão. [Tallyssa Sirino]

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