Revista DOT 5° edição | DOT#5

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Cores Assim como as cores são importantes em qualquer peça gráfica, seu uso no cinema também é feito de maneira cuidadosa, devido a sua capacidade de sintonizar as sensações que pode se passar ao espectador. Cada cor transmite uma informação, sensação ou emoção diferente, e isso depende da cultura do público, do contexto, ou até mesmo das outras cores com a qual ela é combinada. A cor aplicada de maneira correta possui o poder de deixar uma cena mais alegre, deprimente, excitante, romântica, misteriosa e assim por diante. A prática de ajustar as cores de um filme chama-se “correção digital de cor” (digital color correction), comumente usada pelos cineastas. Hoje em dia o filme todo é ambientado digitalmente com auxílio de softwares especiais, mas antigamente essa técnica era feita através da utilização de filtros na câmera, luzes especiais (ou alguma outra técnica de exposição de imagem). Era um processo caro, difícil e muito limitado, pois exigia profissionais extremamente qualificados para a tarefa. Já reparou que certos gêneros de filmes geralmente possuem as mesmas características, em se tratando de cor e ambientação? Filmes de terror costumam ser todos em tons de azul, reforçando o ambiente sombrio e a tensão das cenas. Filmes de faroeste e/ou deserto tendem a possuir o amarelo como principal cor. A cor, associada aos cenários, passa a impressão de um ambiente quente, “empoeirado” e pouco habitado.

A cor cinza juntamente com outros tons “lavados” é comumente associada a filmes apocalípticos, tornando o ambiente ainda mais caótico e depressivo. Alguns filmes que possuem realidade alternativa ou psicológica são caracterizados por possuir a cor verde como principal. Essa característica de separar gêneros de filmes por cores não é uma regra, pois existem várias exceções. Por outro lado, existe uma técnica que é tão utilizada ultimamente que já se tornou clichê, podendo ser encontrada em muitos dos atuais blockbusters. Essa técnica é a aplicação do contraste azul e laranja que chega a aparecer em filmes inteiros. Utilizar cores contrastantes resulta em uma filmagem de cenas com bastante apelo visual. É escolhida uma cor que mais se aproxima com a da pele dos humanos (deixando todos os atores com um tom laranja-bronzeamento-artificial) e todo o resto (roupas, cenário, objetos) é deixado na cor oposta, de maior contraste, que no caso são os tons azulados e cianos. Isso direciona e prende o olhar do telespectador para os elementos que se quer um maior destaque (seja o ator ou objeto) que são colocados em tom laranja, destacando-os do restante, que está azulado. Muitos criticam essa prática, pois seu abuso está levando alguns gêneros do cinema à homogeneização. A correção digital de cor é uma ferramenta poderosa quando usada de um modo criativo e bem pensado, porém deve ser utilizada com cautela para evitar o excesso de semelhança como ocorre hoje em alguns gêneros.

Filme: A Origem Diretor: Christopher Nolan

Filme: Jogos Mortais I Diretor: James Wan

Filme: Django Livre Diretor: Quentin Tarantino

A excessão da regra: Ao contrário de “Matrix” e “Clube da Luta” que são caracterizados pela cor verde, “A Origem” também possui uma realidade alternativa, porém a cor amarela predomina.

No filme a cor azul representa as cenas de maior tensão.

“Django” é um exemplo de filme de faroeste em que a cor amarela é predominante.

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