Revista FH - Ed. 202

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SAÚDE SUPLEMENTAR OPERADORAS SÃO ATRAÍDAS PELO NICHO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

FOTO: RICARDO BENICHIO

E MAIS:

OS DESAFIOS DO

EM ENTREVISTA, ANDRÉ MEDICI CONTA COMO O BRASIL PODE MELHORAR O ACESSO À SAÚDE

EDIFÍCIO SAÚDE REPRESENTANTES DO SETOR ABORDAM OS PRINCIPAIS GARGALOS DAS REFORMAS NAS INSTITUIÇÕES

DA ESQ. PARA A DIR. ANA PAULA NAFFAH PEREZ - CA ARQUITETURA • GEORGE SCHAHIN - HOSPITAL SANTA PAULA | ATRÁS, DA ESQ. PARA A DIR. JOÃO CARLOS BROSS - BROSS CONSULTORIA E ARQUITETURA • RODOLFO MORE - ABECLIN • ANTONIO JOSÉ RODRIGUES - HOSPITAL DAS CLÍNICAS • SALIM LAMHA NETO - MHA ENGENHARIA

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ÍNDICE

Agosto de 2012 • FH 202

W W W . S A U D E W E B . C O M . B R

10 – CONEXÃO SAÚDE WEB

72 – ALÉM DO CORE BUSINESS

Confira conteúdos multimídia, destaques do Saúde Web e interação dos leitores

4BIO diversifica os nichos de atuação

ENTREVISTA

74 – INTERMEDIÁRIO ONLINE

16 – INOVAÇÃO EM CADEIA

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ESPECIAL EDIFÍCIO SAÚDE VEJA A COBERTURA DO DEBATE SOBRE OS DESAFIOS E TENDÊNCIAS PARA O EDIFÍCIO SAÚDE

Andre medici conta como inovar na saúde com soluções já existentes no BRASIL

Com a chegada de serviços online de agendamento de consultas ao Brasil, surgem novas questões para a relação entre planos, médicos e pacientes

HOSPITAL

PERFIL

36 –ASSISTÊNCIA ALTERNATIVA

76 – RADIOLOGIA “ON THE ROAD”

O papel dos médicos hospitalistas nas entidades de saúde

Charles Ghelfond, conta alguns episódios curiosos sobre sua carreira

SAÚDE CORPORATIVA

78 – LIVROS

40 – O FUNCIONÁRIO QUE NÃO FUNCIONA Trabalhar sofrendo de algum mal, físico ou psíquico pode trazer mais prejuízos que o absenteísmo

SAÚDE BUSINESS SCHOOL 43 – INTEGRAÇÃO ENTRE ENGENHARIA CLÍNICA E TI

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OPERADORA

80 – VITRINE

ARTIGOS 34 – GESTÃO A crise da gerência da crise

54 – ECONOMIA O caos instalado dos planos e seguros de saúde

56 –DE COMUM ACORDO Operadoras miram PMEs

60 – RH

POLÍTICA E REGULAMENTAÇÃO

Estratégia de Verticalização: a saída para um sistema mais eficiente

62 – ESTUDOS CLÍNICOS GANHAM AGILIDADE NO BRASIL

90 – PAPO ABERTO

Setor aplaude decisão da Anvisa. Brasil ganha três meses de rapidez entre a pesquisa e a aprovação de novos medicamentos para o mercado

MEDICINA DIAGNÓSTICA

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TECNOLOGIA

64 – EM NOME DO PAI A trajetória do Laboratório Marcos Daniel, que foca parte de suas operações nos hospitais

INDÚSTRIA 68 – O LADO OBSCURO DOS GENÉRICOS Os centros de bioequivalência clamam por socorro

O sucesso das redes sociais

ESPECIAL EDIFÍCIO SAÚDE 28 – PACIENTE EM EVIDÊNCIA

A arquitetura também exerce influência na recuperação do paciente

32 – ARQUITETURA DO DIA A DIA A importância da arquitetura para os hospitais dia

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ExpEdiEntE

pRESidEntE-ExECUtiVO

Adelson de sousA • adelson@itmidia.com.br

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Miguel Petrilli • mpetrilli@itmidia.com.br

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stelA lAChterMACher • stela@itmidia.com.br

COnSElhO EditORial Adelson de sousA, Miguel Petrilli e stelA lAChterMACher

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MARKETING GEREntE dE MaRkEtinG iMpRESSaS Gabriela vicari - gvicari@itmidia.com.br

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INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO

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Editorial

AdAptAr é

viver Foto: Ricardo Benichio

À

maria carolina buriti Editora IT Mídia S.A

primeira vista qualquer mudança assusta. Se adaptar a ela ou não, é uma escolha natural. A transformação é quase sempre necessária, e quando menos se espera, ela está diante de você. E não adianta fugir, pois esse é o momento de se adequar. Um dos fatores que pode agravar esse processo é a falta de planejamento e isso pode virar um fantasma muito maior. Reformas, expansão e mudanças no Edifício Saúde podem tirar o sono de qualquer gestor, afinal, está em jogo a produtividade da entidade, a segurança do paciente e a incorporação de novas tecnologias. Um cálculo errado pode resultar em recursos escorrendo ralo abaixo e em instituições que lutam por cada centavo do orçamento. Resta saber: como fazer? Sem contar as entidades centenárias que passam por constantes reformas. Também é preciso considerar as alternativas sustentáveis, humanização e tendências como a desospitalização. Não é tarefa fácil. É preciso que arquitetos, equipe médica, engenheiros clínicos e o gestor principal busquem o consenso. Essas foram algumas propostas abordadas pelo debate sobre o “Edifício Saúde”, que reuniu na IT Mídia, grandes nomes do mercado para discutir os principais gargalos e as alternativas para essas adequações tão constantes e necessárias do dia a dia. Confira nas próximas páginas. Boa leitura!

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Sua realidade. Nosso modo de viver. Para Linde, tudo relacionado a saúde deve ser tratado de maneira especial. A Linde Healthcare oferece uma ampla gama de soluções para hospitais e em domicilio com um portfolio que inclui terapias, alternativas para infraestrutura hospitalar e programas clínicos diferenciados. Conheça mais sobre as soluções Linde Healthcare em: • Oxigenoterapia domiciliar e terapias para distúrbios do sono • Ventilação para pacientes domiciliares • Anestesia com óxido nitroso • Infraestrutura hospitalar com sistemas de ar medicinal, vácuo clínico e equipamentos secundários. Linde Healthcare faz parte do Grupo Linde, uma organização internacional líder em gases e engenharia com 50.500 colaboradores em mais de 100 países em todo o mundo. Sob a sua ex-marca AGA, Linde Healthcare já estabeleceu uma ampla presença na América do Sul. Nossos produtos e serviços seguem todas as legislações locais em linha com padrões internacionais para gases medicinais.

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Foto: Divulgação

Conexão Saúde web

Negócio

BioNexo aNuNcia fuNdo private equity como sócio Cinco anos e inúmeras conversas. Esse foi o período de namoro entre a Bionexo, empresa de pregão eletrônico na área de saúde, e o fundo norte- americano de private equity, Insight Partners. Agora, o fundo é sócio minoritário (as empresas não divulgaram o tamanho da fatia e nem o valor de investimento) da Bionexo. Com o novo sócio, o objetivo da empresa de saúde, que já atua no Brasil, Argentina, Colômbia, México e Espanha, é conquistar outros mercados, pois o fundo tem operações em todos os continentes. Além disso, a Insight Partners traz o conhecimento de investimentos em empresas na área de tecnologia como Twitter, Tumblr, Photobox e outras. De acordo com o CEO da Bionexo, Mauricio De Lazzari Barbosa (foto), a empresa também conversou com outras companhias antes de fechar a parceria com o fundo.

impacto

A proibição da venda de 268 planos de saúde, de 37 operadoras, vão ter reflexos nas duas companhias do setor com ações em bolsa, de acordo com analistas. De acordo com o analista da SLW, Cauê Pinheiro, as empresas vão correr para minimizar os prejuízos e reativar as vendas. Ele acredita que deve ter algum impacto negativo para as empresas, mas diz que elas vão tentar reverter a situação e quem sabe até entrar com algum recurso judicial para reverter isso. Para o membro da equipe de análise do BB Investimentos, Mário Bernardes Júnior, a suspensão vai ter impacto na margem bruta e na margem Ebitda da empresa, com as ações sentindo isso em algum momento. As operadoras Excelsior Med e ASL Assistência a Saúde tiveram, respectivamente, 13 e 6 planos suspensos, e com isso a controladora Amil deve ser prejudicada. Outra empresa que recebeu punição foi a Unimed Paulistana, com 35 planos suspensos. Indiretamente, a Qualicorp deve ser prejudicada, uma vez que a corretora vende planos de saúde da Amil e da Unimed Paulistana.

são Luiz dimiNui tempo de espera com sistema próprio A Rede D’Or São Luiz implantou o sistema Smart Track, na unidade Anália Franco do São Luiz, Zona Leste de São Paulo. Após 30 dias de sua implantação, conseguiu reduzir para 50 minutos o tempo máximo de espera para o primeiro atendimento a pacientes de menor gravidade nos horários de picos. O tempo indicado para esse horário chegava a ser de 1h30. O motivo que levou a unidade a implantar a solução foi o volume de atendimento. Com 20 mil pacientes por mês, nos dias e horários de maior movimento, os pacientes não graves, que representam 80% dos casos, podiam aguardar por até 4h para atendimento médico. Foto: Divulgação

suspeNsão de veNda de pLaNos de saúde deve afetar amiL e quaLicorp

eficiêNcia

ajuda

BrasiL iNaugura sede de cooperação para saúde No Haiti O Ministério da Saúde inaugurou, em 18 de julho, a sede oficial das atividades técnicas e negociações do Projeto Haiti, cooperação firmada entre os governos do Brasil, de Cuba e do Haiti para fortalecer o sistema de saúde haitiano, abalado pelo terremoto que atingiu o país caribenho em 2010. O local recebeu o nome “Espaço de Saúde Zilda Arns” em homenagem à médica pediatra e sanitarista brasileira que morreu naquele país durante o desastre. Zilda Arns Neumann se dedicou a diversas causas humanitárias voltadas para a saúde da mulher e da criança, dentro e fora do Brasil.

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Foto: DaNilo SaNCHES

Nota

morre presideNte da LiNcx sistemas de saúde O presidente da Lincx Sistemas de Saúde, Silvio Corrêa da Fonseca, morreu no dia 13 de julho. Formado pela Faculdade de Medicina de Santos, Fonseca percebeu que a sua vida profissional não podia se limitar ao consultório e foi assim que idealizou e projetou a Lincx Sistemas de Saúde, que chegou ao mercado em 1994. Em maio de 2011, a companhia foi vendida para a Amil, em um negócio de R$ 170 milhões. Na época, a Lincx tinha 36 mil clientes e receita anual de R$ 220 milhões.

ti em saúde

proNta para crescer O alvo de dezenas de ofertas de negócios, finalmente, foi acertado em cheio. Quem obteve a melhor mira, dos últimos meses, foi o fundo de private equity Insight Venture Partners. A companhia americana, que administra uma carteira de mais de US$ 5 bilhões, passou a controlar 20% do capital da MV, empresa brasileira de softwares de gestão de saúde. A intenção de longo prazo e o perfil estratégico do fundo foram os diferenciais que fizeram a MV fechar o negócio, que já vinha sendo analisado desde dezembro de 2011. Com a parceria, a empresa pernambucana pretende garantir a consolidação no Brasil por meio de outras aquisições, que já estão sendo pleiteadas no mercado, e ampliar operações na América Latina. Os principais países-alvo serão Chile, México e Colômbia. “O fundo vai nos ajudar a melhorar cada vez mais a nossa governança, controladoria, visão estratégica e, principalmente, nos auxiliar nas aquisições tanto no Brasil como fora”, conta o presidente da empresa, Paulo Magnus (foto acima). Os americanos terão direito a ter dois representantes no conselho da MV, que é composto por sete pessoas. A Insight Venture Partners também anunciou, em julho deste ano, a participação no capital da Bionexo, empresa de pregão eletrônico (veja mais na página 10). Empresas como Twitter, Tumblr e Shutterstock estão presentes no portfólio da americana, que possui negócios em sete companhias brasileiras, todas pertencentes à área de tecnologia. VisãO A saúde é um dos setores mais promissores para fornecedores de tecnologia e as organizações correm para ganhar musculatura a fim de atender a crescente demanda. A operação da MV segue essa tendência, tendo em vista as aquisições de suas concorrentes Wheb Sistemas e WPD, respectivamente, pela holandesa Philips e belga Agfa Healthcare. “É muito bom poder concorrer com empresas estruturadas. Isso traz qualificação para o mercado”, afirma Magnus, ressaltando que o diferencial da MV está na geração de ganhos para as instituições de saúde e não, apenas, na automatização dos processos. Com 25 anos de estrada, a MV possui, hoje, 500 clientes, 200 mil usuários, e uma projeção de faturar R$ 150 milhões ainda este ano. Para o presidente da companhia, existem três perfis de investimentos de TI em Saúde no Brasil. A TI sendo vista de forma estratégica, acoplada à gestão, a exemplo de instituições referência. A TI a caminho deste patamar; e os investimentos voltados para a automatização, como um primeiro passo para tal evolução. Compradas recentemente pela MV, a Hospidata, especializada em ERP, e a Microdata, fornecedora de RIS e PACS, foram estratégicas para que a companhia ampliasse sua gama de serviços para todos os nichos da saúde.

Nota

morre fuNdadora do HospitaL são viceNte de pauLo Irmã Amália Jabor Salomão, conhecida como irmã Mathilde, atuava na área há 17 anos. Passou por diversos hospitais até que, em 1967, a Congreção das Filhas de Caridade a designou para fundar e dirigir o Hospital-Escola, hoje Hospital São Vicente de Paulo

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caNaL do Leitor Foto: Divulgação

profissão

carga HorÁria de mÉdicos É aprovada em 20 Horas semaNais O Senado aprovou, no dia 11 de julho, a medida provisória que altera a remuneração de diversas categorias do serviço público federal. Transformada no Projeto de Lei de Conversão (PLV) 14/2012, a MP causou polêmica desde a edição, em maio, em razão de alterações na carga horária dos médicos e veterinários, que seria dobrada de 20 para 40 horas semanais com a manutenção da remuneração. O problema foi corrigido pelo relator, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), que, após críticas de parlamentares e protestos da categoria, negociou com o governo e manteve a carga horária da categoria em 20 horas semanais, além de dobrar o valor das tabelas para a carga horária de 40 horas semanais.

Novidade (iLustra)

tempo assist LaNça pLaNo de saúde regioNaL A Tempo Saúde Seguradora, unidade de negócios de Seguro Saúde do Grupo Tempo Assist, acaba de lançar planos focados no atendimento regionalizado em grupos de municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. Dedicados a clientes corporativos de todos os portes e segmentos de atuação, a Tempo Saúde Seguradora garante atendimento nas seguintes cidades que compõem a área de abrangência dos planos. Dentre as novas áreas é possível destacar: • Arujá, Barueri, ABC Paulista (SP) • Niterói e Nilópolis (RJ) • Belo Horizonte, Betim, Contagem e Nova Lima (MG) • Salvador, Feira de Santana, Lauro de Freitas e Vitória da Conquista (BA) • Porto Alegre, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Viamão (RS).

suspeNsão

especiaLista Não descarta maNoBras que BurLem medida da aNs Na opinião do vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Seguro, Henrique Shinomata, as 37 companhias vão sentir no bolso a suspensão da comercialização de seus planos de saúde e devem reagir de diferentes formas: recorrendo à decisão, esforçando-se para cumprir os prazos em três meses ou, até, burlando a medida. De acordo com Shinomata, assim como estão ocorrendo distorções no mercado depois da lei que proibiu o cheque caução para atendimento médico de urgência em maio deste ano, é de se esperar que o mesmo aconteça depois do anúncio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e Ministério da Saúde no dia dez de julho. “O mercado sempre começa a se moldar conforme os obstáculos. Apesar disso, a medida é positiva e sinaliza mais uma ação do ministério em favor da mudança do modelo de assistência, agora, mais voltado para a promoção à saúde e qualidade de vida”, diz o especialista. Uma prática que tem acontecido com frequência no mercado, segundo Shinomata, é a cobrança do cheque caução – travestido de boleto bancário - não mais na porta de entrada da unidade hospitalar, mas na saída. O boleto, muitas vezes, é enviado para a casa do paciente, efetuando a cobrança de procedimentos que o plano de saúde não arcou.

fH traz um olhar apurado sobre as notícias do setor, sempre com a preocupação de levar ao leitor a informação de maneira precisa e atualizada. É leitura obrigatória para todos os profissionais da saúde” rafael moliterno Neto, presidente da seguros unimed.

e-maiL “Gostaríamos de parabenizá-los pela matéria onde o nosso Superintendente deu entrevista. Parabéns! - assessoria de comunicação da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, sobre a matéria “Uma luta secular”, edição 201, julho.

tWitter Fred Mendes • @SeuFred “@Saude_Web: Como a TI tem revolucionado a forma que o paciente é tratado? http://bit.ly/O1sW5K “ // Só se for nos EUA pq aqui... Jader Figueiredo • @Aguia55 Seria mais interessante pedir medidas para não haver necessidade de greves. @saude_web facebook/saudeweb editorialsaude@itmidia.com.br

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Números

vai e vem

Lucro dos pLaNos de saúde soma

r$ 1,27 BiLHão No primeiro trimestre

Com uma queda de 0,7%, o setor de planos de saúde obteve lucro líquido de R$1,27 bilhão no primeiro trimestre. No mesmo período do ano anterior essas empresas haviam registrado um lucro de R$1,28 bilhão. Os dados da ANS dizem respeito a 724 operadoras de planos de saúde e dental e representam 75% dos 64,4 milhões de beneficiários com convênio médico ou odontológico em março. A receita bruta do setor aumentou 12%, atingindo R$ 22,4 bilhões. Deste total, R$ 21,9 bilhões são provenientes dos convênios médicos e o restante, de planos odontológicos.

50%

Após ter atuado à frente da diretoria de operações técnicas, o executivo Marcello Cunha assume a diretoria executiva de operações do Grupo Fleury, com reporte à presidência. Cunha atua no Grupo Fleury desde 2007. Na nova posição, terá sob sua gestão as áreas de medicina laboratorial, centro diagnóstico e operações de atendimento.

tayla yatabe é a nova coordenadora do centro cirúrgico do Hospital san paolo

rede d´or dimiNui das recLamações com uso de taBLets A Rede D`Or São Luiz conseguiu diminuir 50% das reclamações registradas pelo serviço de atendimento aos clientes, por meio de ouvidores munidos de tablets nos hospitais para fazer pesquisas diárias de satisfação e, com base nos resultados, instituir melhorias nas unidades. Antes disso, as pesquisas de opinião sobre satisfação eram feitas uma vez por ano, pelo Instituto Ipsos. Desta forma, questões pontuais não podiam ser identificadas no curto prazo, fazendo com que as melhorias fossem mais lentas. Além disso, o gasto com estudo feito em todos os hospitais chegava a R$800 mil por ano.De acordo com o diretor de marketing da Rede D´Or São Luiz, Claudio Tonello, para implementar a pesquisa feita por ouvidores por meio de tablets a instituição investiu apenas R$60 mil.

HospitaL saNta joaNa iNveste

r$ 12 miLHões

Fleury tem novo diretor de operações

em ampLiação

Com investimento de R$12 milhões, o Hospital Santa Joana está inaugurando uma nova unidade clínico-cirúrgica (UCC). O empreendimento funciona em um prédio anexo ao principal. Além disso, a instituição também inaugurou uma nova UTI e uma Central de Material e Esterilização. As novas UCC, UTI e CME integram o projeto de ampliação do Santa Joana focado em manter-se como um centro hospitalar de referência no Nordeste.

Antes de ocupar o cargo, a profissional atuou durante dois anos e meio no serviço de controle de infecção hospitalar da própria instituição. Ela também passou pelos hospitais Sancta Maggiore e São Camilo. Tayla será responsável por uma área que realiza, em média, 400 procedimentos cirúrgicos ao mês e por uma equipe formada de 40 profissionais.

o grupo vita anuncia Flaviano Feu ventorim como superintendente do Hospital vita curitiba

O executivo é formado em administração hospitalar pelo Centro Universitário São Camilo (SP) e pós-graduado em Finanças, pelo Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa. Ventorim pretende aumentar a participação do VITA Curitiba no mercado privado de saúde da capital paranaense e região, mantendo-o como um hospital referenciado na alta complexidade.

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blogs Leia e discuta com nossos colaboradores os assuntos mais quentes do mês: www.saudeweb.com.br/blogs GestãO DO CORpO ClíniCO sAnDRO sCáRDuA A vulgarização de uma palavra O médico, especializado em Administração de Serviços de Saúde, indaga: por que somos tão brilhantes em apontar problemas e fazer diagnósticos, e tão ineptos em oferecer soluções?

teCnOlOGiA & FARmA eRiC ViniCius VieiRA neVes Fomentar debates como prioridade zero Neves acredita que trocar conhecimento é a melhor forma de enfrentar os desafios dos laboratórios farmacêuticos relacionados às Tecnologias da Informação (TI) e de Automação (TA).

FARmACOeCOnOmiA e eCOnOmiA DA sAúDe stephen steFAni O enigma de Turandot O oncologista e especialista em auditoria médica aborda o importante papel da sociedade no combate ao câncer, que tende a aumentar largamente nos próximos anos.

EnquEtE

Participe da nossa enquete! Vote em: www.saudeweb.com.br/enquete

no aR A suspensão de 268 planos de saúde vai forçar o cumprimento dos prazos por parte das 37 operadoras penalizadas? Confira o resultado da última enquete O pacote de medidas, anunciado pela Dilma Rousseff, é resolutivo no que se refere à redução da dependência nacional em relação ao mercado internacional?

40 %

40,00 % - Sim. A medida revitaliza a indústria nacional de equipamentos e ameniza a dependência do mercado internacional.

60 %

60,00 % - Não. Mesmo com as margens, a produção local ainda é incipiente e a modernização da rede pública deve demorar para se tornar realidade.

multimídia Acompanhe entrevistas, galerias de imagens e todo o conteúdo multimídia: www.saudeweb.com.br

WEbCast EdifíCio SaúdE: “obra maiS Cara é a obra ProViSória”

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GestãO COmeRCiAl em sAúDe eniO sAlu Aumentando o Faturamento (3) Contratos, Preços e Faturamento No terceiro post da série “Aumentando o Faturamento”, Salu aborda as três bases do termo Gestão Comercial: gestão do ciclo de vida dos contratos; gestão dos preços; e gestão do faturamento.

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MUTE

De acordo com Salim Lamha, da MHA Engenharia, não chega a 10% o número de hospitais que planejam todos os aspectos de um edifício como: estrutura, arquitetura, instalações hidráulicas, elétricas, eletrônicas, de informática, gases medicinais, ar condicionado, etc

Veja na Saúde TV: hTTp://biT.ly/Qlu3a4

galERia 12 aPliCatiVoS médiCoS quE ValEm a PEna

A saúde está no meio de sua revolução móvel. Para aumentar a organização, medicos estão usando aplicativos móveis. Pacientes também aderem à prática para ter mais controle sobre sua saúde. Aqui estão 12 aplicativos que se destacam.

Veja na Galeria do Saúde Web: hTTp://biT.ly/nGiGZ3

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ENTREVISTA

INOVAÇÃO EM

CADEIA

Maria Carolina Buriti • mburiti@itmidia.com.br

Para o economista da saúde, André Medici, a resolução dos problemas do sistema de saúde no Brasil passa pela regulação do acesso, pagamento por desempenho e soluções como a telemedicina. E muito mais fácil do que olhar modelos pelo mundo, é apostar em inovações que já acontecem por aqui

N

A ERA DO CONHECIMENTO E DA INFORMAÇÃO TRANSMITIDA EM SEGUNDOS, NÃO É DIFÍCIL CONHECER EXEMPLOS DE SUCESSO DE SISTEMAS DE SAÚDE MUNDO AFORA. MAS MESMO NA GLOBALIZAÇÃO, ONDE TUDO TENDE A SE ADEQUAR A UM PADRÃO, AS BARREIRAS CULTURAIS E INSTITUCIONAIS AINDA SE MOSTRAM COMO DESAFIO. BUSCAR MODELOS FORA DO PAÍS É UMA ALTERNATIVA, MAS OLHAR PARA AS INOVAÇÕES NACIONAIS PODE SER UM CAMINHO MAIS FÁCIL. É O QUE ACREDITA O ECONOMISTA DA SAÚDE ANDRÉ MEDICI. PARTICIPANTE DO MOVIMENTO DE CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE, ELE ACREDITA QUE A GRANDE VIRADA DO MODELO SERÁ A REGULAÇÃO DO SISTEMA, NO PAGAMENTO POR DESEMPENHO E EM SOLUÇÕES COMO A TELEMEDICINA. DE SUA CASA, NOS ESTADOS UNIDOS, ELE CONVERSOU, POR TELEFONE, COM FH, SOBRE ESSES E OUTROS ASSUNTOS.

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QUEM É: André Cezar Medici O QUE FAZ: • Economista da saúde • Administrador pela FGV com mestrado em economia na UNICAMP e doutorado em História Econômica pela USP. • Autor de mais de 8 livros, o último deles “Do Global ao Local” Os Desafios da Saúde no Limiar do Século XXI”, de 2011 • Atuou como consultor em organismos internacionais e do setor privado em saúde. • Ex- presidente da Associação Brasileira de Economia de Saúde

Revista FH: Em 2010, o Banco Mundial organizou um estudo sobre modelos de remuneração. Esse assunto ainda é um grande desafio, segundo os executivos do setor de saúde brasileiro. Qual modelo se adaptaria melhor ao Brasil? O fee for service está próximo do fim? André Medici: Todos acham que tem de mudar o modelo do fee for service no Brasil. A questão e a dificuldade é como vencer a inércia em relação a isso. É muito difícil, nesse momento, criar processos para pagar pelo serviço de acordo com processos que estão vinculados a resultados. Por que isso acontece? Primeiro, porque não sabemos qual a estrutura de custo do sistema de saúde, pois o Brasil tem pouquíssimos lugares onde existe uma avaliação ou uma organização dos sistemas de custos associados a hospitais. Não se sabe, basicamente, quanto custam os procedimentos e o que está sendo pago. E, se não existe um sistema de custo, é muito difícil saber se o pagamento por meio da tabela do SUS corresponde à realidade. Na verdade, sabe-se que não corresponde. Em alguns casos, para determinados procedimentos de alta e média complexidade, são pagos valores maiores se comparado aos preços de mercado, enquanto procedimentos mais simples e de atenção básica ou média complexidade são pagos com valores abaixo do mercado. É necessária uma estruturação através da criação do sistema de informação, que permita à entidade pagadora saber quais são os custos por de trás desse processo e como é que a estrutura de custos se coloca dentro dos preceitos do mercado. Outro ponto é a reestruturação de sistemas de informação, ou seja, para ter pagamento vinculado ao desempenho é necessário um bom sistema, que permita saber se os resultados estão sendo, realmente, alcançados. Falta a criação de uma estrutura que permita elementos para que o sistema possa ser remunerado dessa forma.

FOTOS: LEANDRO GODOI/CLASSAÚDE

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FH: Mais de 20 anos após a criação do SUS, o acesso ainda é um problema. Como solucioná-lo? Medici: Existem várias questões que vinculam o tema acesso e uma delas é a falta de infraestrutura. Há muitas regiões sem estrutura suficiente para oferecer acesso a toda população. Isso é comum, por exemplo, em zonas rurais da região Norte e nas periferias de algumas áreas metropolitanas. Mas há uma série de ações, que podem melhorá-lo. A primeira delas é a estruturação do sistema em redes de saúde, pois elas permitem mapear as necessidades de saúde de uma determinada população, em um determinado lugar, e, assim, planejar os investimentos. Mas, também, é preciso ter estrutura de recursos humanos qualificados que possam chegar a essa rede de serviços. Esse é um processo bastante complicado, no caso do Brasil, temos dificuldade enorme em levar médicos a regiões mais distantes, pois não existem incentivos econômicos. Às vezes, os municípios pagam salários enormes para atrair o médico para certas regiões em razão da ausência de condições importantes para o mercado médico como aprendizado e atualização, integração com seus pares, condições para uma vida familiar e etc.; não existe esse tipo de estrutura em regiões mais pobres. Outra ação que permite aumentar o acesso é a existência de profissionais de nível médio nessas regiões. Assim, através da telemedicina, eles podem

atendidas por um especialista através de um terminal de vídeo. Essas ações têm melhorado o acesso, mas também não são as únicas e nem as mais simples, já que dependem de conectividade e, no Brasil, também falta esse tipo de coisa. FH: Quais são as inovações que estão acontecendo nos sistemas de saúde no mundo? O que poderia ser implantado no Brasil? Medici: Falamos de inovações pelo mundo, mas existem inovações dentro do Brasil que podem ser aplicadas em outras regiões. Por exemplo, o modelo de central de regulação de leitos utilizado na cidade de Curitiba (PR), é um sistema interessante que poderia ser utilizado em outras cidades. Ele permite, através de chamadas telefônicas, saber da disponibilidade de leitos, em tempo real, de toda a rede da região. Com isso, se faz uma boa triagem dos pacientes, pois, muitas vezes, as pessoas vão ao hospital e poderiam ser atendidas pelo nível mais baixo de complexidade, acaba se gastando muito com sistema. Por isso, a regulação do acesso é um dos elementos importantes e o Brasil já tem soluções para isso. É só trabalhar um pouco mais e aplicar em outras regiões. Outro exemplo importante é o pagamento por desempenho. A Bahia está criando uma fundação, onde os médicos de família são pagos por desempenho, pelos resultados alcançados com as melhorias dos indicadores de saúde das famílias atendidas por eles. Esta é uma inovação que também pode ser utilizada em outros lugares. As grandes inovações que conheço em países similares ao Brasil ainda estão muito ligadas à forma de organização do acesso por meio do pagamento por desempenho. Outro ponto importante é aumentar a possibilidade de baratear o serviço e fazê-los melhor com a contratualização. Estratégias como as Parcerias Público-Privadas e a Organização Social de Saúde (OSs) são importantes e, no Brasil, isso tem facilitado melhorias como acesso, resultado, e, de alguma forma, certo nível de controle e conhecimento dos gastos públicos.

“A questão dA judiciAlizAção pAssA pelA AceitAção e definição sobre o quê o Governo e A sociedAde brAsileirA querem finAnciAr dA sAúde. o GrAnde problemA é que A constituição de 1988 definiu um conceito de inteGrAlidAde que é Aberto” receber algumas instruções e fazer a atenção básica, pela via remota. O que tem crescido muito na América Latina e nas áreas mais rurais é a teleconsulta, processos pelos quais as pessoas vão a um estabelecimento e mesmo que não tenha médico, são

FH: Em sua opinião, entre os países que compõem os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), como o Brasil está no que diz respeito ao sistema de saúde e acesso à saúde? Qual país tem mais avanços? Medici: O Brasil tem mais avanços na comparação com o bloco. Não é o país com mais gastos, pois a Rússia e a África do Sul são os Brics que gastam mais. Mas em

qualidade relativa do acesso, ou seja, produção de serviços e acesso em relação ao nível de gasto, o Brasil tem um desempenho muito bom. Cada Bric tem seu problema, eles são homogêneos na estratégia de desenvolvimento, mas são muito heterogêneos no que diz respeito ao tamanho e aos seus problemas. A China, por exemplo, é um país onde se gasta muito pouco com saúde, mas conseguiu, de alguma forma, avançar na atenção básica, pois tem uma eficiência grande em relação ao pouco que é gasto. Mas lá há um grande problema de acesso aos hospitais e o país vai fazer, agora, um investimento de mais de US$ 200 milhões nos próximos cinco anos, para construir hospitais que permitam criar acesso. Os chineses têm problemas de asseguramento, pois depois do fim do comunismo, a estratégia de proteção à saúde foi desmobilizada e hoje em dia as populações rurais pagam pelos serviços de saúde, o que representa um custo muito grande para as famílias. A Rússia tem sérios problemas de promoção e prevenção à saúde e controle de fatores de risco como alcoolismo e obesidade. A mortalidade precoce por doenças crônicas em países como a Rússia é muito grande tanto que o país gasta muito mais em saúde do que o Brasil e tem expectativa de vida menor. Já a Índia tem avançado em sistemas de saúde com soluções bastante criativas, mas é um modelo que gasta menos de US$ 20 per capita por ano, como se pode oferecer assistência à saúde de qualidade com um gasto tão baixo? São desafios diferentes. FH: A judicialização do sistema de saúde brasileiro leva milhões de reais todos os anos, que poderiam ser mais bem distribuídos e atender a uma parcela maior da população. Por outro lado, as pessoas recorrem à Justiça por considerarem este um caminho mais eficaz para conseguir acesso a tratamentos e cirurgias. Como resolver essa equação? Medici: A questão da judicialização passa pela aceitação e definição sobre o que o Governo e a sociedade brasileira querem financiar da saúde. O grande problema é que a Constituição de 1988 definiu um conceito de integralidade que é aberto. Hoje em dia, por exemplo, existem pessoas que pedem até fraldas para bebês, no caso de São Paulo. Por isso, é preciso definir, primeiramente, qual é o conceito de integralidade. Está certo oferecer saúde completa à população, mas isso depende de vários fatores. Primeiro, é preciso definir qual é o conjunto de serviços que deve ser financiado. Existem coisas que não estão dentro desses serviços, mas estão sendo financiadas, pois não existe uma fronteira. Essa fronteira tem de ser estabelecida. Ela deve considerar a prioridade, ou seja, os principais problemas de saúde e, depois, a limitação dos recursos, pois não se pode financiar além do que é possível com a arrecadação do governo. Outro ponto é o princípio da inclusão progressiva de recursos, ou seja, toda vez que o sistema de saúde tiver mais recursos, ele vai incluindo gradualmente. Mas o que existe hoje é muito complicado. Muitas vezes, a classe média e a classe média alta exigem da Justiça o que não estão sendo financiado pelo SUS, como remédios experimentais, por

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“não se sAbe, bAsicAmente, quAnto custA os procedimentos e o que está sendo pAGo. e se não existe um sistemA de custo, é muito difícil sAber se o pAGAmento AtrAvés dA tAbelA do sus corresponde à reAlidAde. nA verdAde, sAbe-se que não corresponde” exemplo. E a Justiça dá ganho de causa, quando, efetivamente, esses recursos não seriam, necessariamente, importantes aplicados nisso. Então, o governo, o município e o estado deixam de financiar coisas importantes de saúde para pessoas que não tem “voz”- aquelas que não sabem que podem pedir os recursos na Justiça-, para financiar para àquelas, que, muitas vezes, têm capacidade de pagamento, ou, eventualmente, poderiam pagar através do seguro saúde. Por isso, vejo a necessidade de estabelecer prioridades de saúde. Primeiro, devemos saber quais são as prioridades que se deve financiar. Depois, fazer com que elas sejam cumpridas, assim, todos aqueles que demandarem na Justiça algo que está dentro dessas prioridades terão todo direito de ganhar, mas o que estiver fora do que foi definido não será financiado. E o terceiro ponto é estabelecer o limite para que se possa avançar na progressividade e chegar ao ponto, de que toda vez, quando algo novo for criado ou o houver mais recursos, o sistema possa incluir outras prioridades que não estavam contempladas naquele momento porque não eram tecnicamente viáveis ou não estavam no orçamento.

FH: Você defende um modelo de prioridades de acordo com o perfil epidemiológico da população para alocar recursos. Como funcionaria no Brasil, que ainda tem epidemias e doenças de países subdesenvolvidos, como dengue e mortes por desnutrição, e ainda enfrenta problemas de nações desenvolvidas, como obesidade, câncer e outros problemas crônicos? O que priorizar? Medici: O Brasil está progressivamente aumentando o peso das enfermidades crônicas em relação às doenças transmissíveis, mas ainda tem o que se chama de “double burden of disease”, ou seja, uma dupla carga de enfermidades, porque temos as doenças ainda associadas aos países mais pobres como: mortalidade materna, infecções de tuberculose, Doença de Chagas e malária e etc. O que é importante nesse caso é fazer estudos mais sistemáticos e periódicos sobre cargas e enfermidades, o último destes foi realizado em 1998. Está ocorrendo uma atualização desses estudos com dados de 2010, mas eles precisam ser feitos, pelo menos a cada cinco anos, para determinar quais são as prioridades, porque o perfil de um País com tantos progressos e mudanças demográficas e epidemiológicas muda rapidamente. Com o perfil é muito mais fácil pré-estabelecer quais são as prioridades, pois o governo dispõe da informação necessária para planejar as prioridades de saúde que o sistema irá apoiar e financiar. FH: No Brasil, convivemos com um sistema de saúde misto, parte público e parte privado. A Constituição de 1988 coloca a saúde como um direito do cidadão e dever do Estado, mas, em 1998, o setor privado passou a ser regulamentado. Hoje ainda há um forte embate

entre operadoras e sistema público: o SUS cobra das operadoras os atendimentos em sua rede, mas as operadoras se apoiam no argumento do “dever do Estado” para contestar a cobrança e no final os custos continuam com o governo. Qual a sua opinião sobre isso? Medici: Defendo uma integração maior entre o sistema de saúde suplementar e o SUS, as pessoas poderiam ter mais opções. Por exemplo, poderia se usar o SUS ou planos privados, as pessoas teriam essa opção, mas a regulação dos dois seria a mesma. Ou seja, se o SUS, de alguma forma, estruturasse a atenção através de planos de saúde público, de certa forma, passaria a existir um acesso regulado ao setor saúde e tornaria possível fazer a gestão da saúde. Por exemplo, uma pessoa com renda baixa, pode entrar no plano oferecido do SUS ou no plano da saúde suplementar. No SUS, de alguma forma, o estado pagaria para a pessoa. Se ela entra na saúde suplementar, o estado vai pagar a mesma coisa e ela repassará o recurso à saúde suplementar seja com um voucher ou com a transferência direta de recursos à saúde suplementar, por exemplo. Mas para ter um sistema com esse tipo de opção é muito importante estabelecer as regras do jogo para que o setor privado seja financiado adequadamente pelos serviços prestados, pois sabemos que tem muita coisa no SUS que é subfinanciado, assim como também existem muitas ineficiências dentro do SUS, que fazem com que ele gaste mais do que deveria gastar em determinadas áreas. Para isso, o país tem que avançar mais em mecanismos de gestão da saúde e isso ainda é uma discussão muito tênue no Brasil. Enfim, a solução para isso é que os dois sistemas fossem mais integrados.

sua opinião é muito importante // editorialsaude@itmidia.com.br twitter // @saude_web

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EspEcial Edifício saúdE

Construir, expandir, adequar ou reformar. não importa qual seja o seu momento ou esColha, é fundamental planejar as obras da unidade de saúde envolvendo todos os players do hospital ou laboratório para evitar prejuízos, gargalos e até Comprometer a segurança do paCiente. pelo menos essa é uma das das ConClusões do debate sobre edifíCio saúde realizado pela it mídia

Edifício SaúdE: um organismo em constante Guilherme Batimarchi • gbatimarchi@itmidia.com.br

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volução tecnológica, surgimento de novos procedimentos médicos, crescimento do mercado consumidor de saúde, mudanças no perfil epidemiológico e o envelhecimento da população são alguns dos fatores que tornam o ambiente hospitalar algo extremamente dinâmico e que, constantemente, necessita ser adaptado a novas realidades. Todos esses fatores que interferem no cotidiano do edifício hospitalar, cuja nova definição é “Edifício Saúde”, por estar em constante transformação, gera a necessidade de muito planejamento para que uma simples obra não se torne uma permanente dor de cabeça. Segundo os participantes do debate realizado pela IT Mídia, para evitar a criação de gargalos em decorrência dessas adequações, que podem prejudicar significativamente a operação do hospital, é necessário alinhar as obras ao planejamento estratégico da entidade. Projetos não podem ser elaborados apenas por engenheiros ou arquitetos. O sucesso deles está na realização de forma multidisciplinar, envolvendo todos os players da organização, da diretoria ao posto de enfermagem. O envolvimento desses profissionais proporcionará uma visão mais clara sobre os objetivos e estratégias do hospital, e auxiliará arquitetos e engenheiros a desenharem um plano diretor que contemple desde as necessidades mais básicas de um edifício de saúde até a possibilidade de acomodar novas tecnologias ainda não disponíveis no mercado, sem a necessidade de obras não previstas no projeto inicial. O arquiteto e presidente da Bross Consultoria e Arquitetura, João Carlos Bross, explica

que analisar as tendências no setor de saúde, como por exemplo, a forma como serão trabalhadas questões como a engenharia genética e diagnóstico por imagem, ajudam o profissional a produzir uma planta do edifício que suporte as futuras demandas da área saúde. “O edifício saúde está em constante transformação. Porém, o que temos presenciado é uma visão amorfa sobre o que é o prédio. A consequência disso é uma série de puxadinhos que interferem no fluxo do hospital.” Para o especialista, enquanto não houver uma visão clara do edifício saúde como embalagem do negócio e o papel dos médicos em contribuir com esse processo, não apenas focados em suas funções dentro do hospital, mas, também, de um todo, sempre haverá algum tipo de problema no planejamento de obras ou formulação de projetos. Outro desafio atrelado à falta de um plano diretor alinhado ao planejamento estratégico das instituições é a otimização dos espaços já existentes dentro do hospital. Se bem aproveitadas, estas áreas podem contribuir diretamente para o aumento do faturamento da entidade. No Hospital Santa Paula, situado na capital paulista, a otimização do espaço físico fez com que toda a área administrativa fosse alocada em outra estrutura, fora do complexo hospitalar, para que houvesse mais espaço para a área assistencial e, consequentemente, mais receita. “Antes tínhamos um Day Hospital com grande volume de pacientes, que faturava cerca de R$300 mil por mês. Hoje, no lugar dele está uma UTI com 12 leitos que fatura cerca de R$1,5 milhão ao mês”, explica o presidente do hospital, George Schahin. O projeto de um edifício saúde completo custa cerca de 6% do total empregado na construção de uma nova unidade. Essa pequena parcela do investimento pode ser a responsável por todo o sucesso do empreendimento. Um hospital funciona 24 horas por dia, durante sete dias por semana. Trabalhar nesse ambiente, mantendo a segurança do paciente, uma vez que 90% das obras na área de saúde são de expansão, é um grande desafio, pois também é necessário saber como serão dadas as condições de manutenção e como será essa dinâmica, para que durante a obra não ocorra interrupção no fluxo de trabalho do edifício. Começar uma obra sem um planejamento adequado acarretará em custos extras e demora na entrega do projeto. O plano anterior à qualquer execução gera melhor gestão de custos, evita paralisações para eventuais adequações e, o principal, tem participação fundamental para cumprimento dos prazos. Outro ponto importante na concepção de projetos, e que não é praxe, é considerar a manutenção das edificações nas plantas, para que, com o passar do tempo, ela possa ser executada sem necessidade de, por exemplo, ter de quebrar uma parede para que uma tubulação seja trocada.

o quE é o Edifício SaúdE? • Hospital em constante transformação • Planejamento estratégico está alinhado com o plano diretor. • Fluxo de trabalho dinâmico • Tem o envolvimento de equipes multidisciplinares no planejamento e obras e adequações • É sustentável e minimiza o impacto causado na região onde está

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ESPECIAL EDIFÍCIO SAÚDE

“o edifício sAÚde está em constAnte trAnsformAÇão. porém o que temos presenciAdo é umA visão AmorfA sobre o que é o predio”

F: R B

o PEsaDELo Dos PUXaDinHos Um problema que interfere diretamente no plano diretor do hospital é o interfaceamento, popularmente conhecido como “puxadinho”. Essas pequenas obras não são causadas apenas pela falta de um plano diretor, mas, também, pela adoção de novas tecnologias não contempladas no planejamento estratégico do hospital. Tais dispositivos são, geralmente, recomendados por profissionais recém chegados de congressos internacionais, vislumbrados pelas inovações apresentadas pela indústria, e que acabam sendo adquiridas. Para eliminar o problema dos puxadinhos é preciso definir claramente qual é o planejamento estratégico da empresa, e baseado nele, desenvolver o plano diretor da instituição, visando sempre o longo prazo. De acordo com o presidente da MHA engenharia, Salim Lamha, a flexibilização dos projetos arquitetônico atrelada a soluções modulares são importantes armas no combate ao “interfaceamento” dos edifícios, pois os ambientes poderão ser adaptados conforme a estratégia ou realidade do hospital com o passar do tempo. Um exemplo disso

são paredes construídas de forma que possam ser mudadas. Outro conceito apontado pelo executivo para conter os puxadinhos é a expansibilidade – conceito que projete as previsões de crescimento ou ampliações do edifício – contemplada no projeto da instituição. “A obra mais cara será sempre a provisória, ou seja, o puxadinho. Planejamento é sempre muito importante e a integração entre médico e arquiteto é fundamental para o bom planejamento da obra”, conclui Lamha. sEGUranÇa EM JoGo Um dos amigos e causadores do puxadinhos é a incorporação de tecnologias sem qualquer planejamento. Há cerca de dez anos, equipamentos de diagnóstico por imagem, como tomógrafos e ressonâncias magnéticas, realizavam, em média, um exame por hora. Com os avanços tecnológicos, o tempo do exame caiu para dez minutos, aumentando a rotatividade do equipamento e o fluxo de pacientes nos ambientes onde estão alocados. A dependência desses equipamentos por comunicação e TI também cresceu ao longo dos anos, forçando uma integração entre as áreas e

JoÃo carloS BroSS, da BroSS conSultoria E arQuitEtura

contemplando a infraestrutura de TI, como pontos de rede, cabeamento e bunkers para servidores nos projetos dos hospitais. “Hoje já se fala em cirurgia robótica feita à distância. Não há como falar de engenharia nos hospitais sem abordar a integração tecnológica entre as áreas”, complementa o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Clínica (Abeclin), Rodolfo More. Para aumentar a segurança do paciente e minimizar a incidência de erros no interior dos edifícios, além de políticas de segurança seguidas pelas equipes assistenciais, é necessária a criação de barreiras físicas que impeçam a proliferação da infecção hospitalar, e a melhoria da condição de trabalho nos ambientes. Um exemplo é a otimização da iluminação nos postos de enfermagem, que reduz as chances de troca de medicamentos.

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“tínhAmos um dAy hospitAl que fAturAvA r$ 300 mil. hoje, no lugAr dele, há umA uti fAturAndo r$ 1,5 milhão por mês” gEorgE Schahin, hoSpital Santa paula De acordo com o engenheiro clínico e chefe do gabinete do Hospital das Clínicas de São Paulo, Antônio José Rodrigues, todo projeto, independente de ser novo ou antigo, tem o objetivo de eliminar erros. O aprimoramento das plantas, visando à melhoria na manutenção, onde não é necessário interromper o fluxo de pacientes, parar um centro cirúrgico para a troca de

filtro de ar condicionado ou fazer uma simples manutenção preventiva contribui significativamente para a segurança do paciente. Nesse sentido, duas áreas são fundamentais: a engenharia clínica e a de manutenção, que são facilmente encontradas em grandes centros urbanos. No entanto, em unidades de saúde mais afastadas ou de pequeno porte já não é tão comum encontrar um engenheiro clínico, que é respon“A obrA mAis sável por toda a manutenção cArA será de equipamentos do hospital. sempre A “Nos EUA, a cada cem leitos é obrigatória a presença provisóriA, de um engenheiro clínico no ou sejA, o hospital. No Brasil, não há essa cultura, e quando se fala puxAdinho. em controle de infecção ou plAnejAmento segurança do paciente, em é sempre quantos equipamentos, fora dos grandes centros, são reamuito lizadas manutenção prevenimportAnte” tiva? Hoje a saúde passa por um momento de larga expansão, e, consequentemente, por Salim lamha, uma falta absurda de mão de da mha obra qualificada”, comenta Rodrigues sobre a presença EngEnharia de engenheiros clínicos nos hospitais brasileiros. A falta de mão de obra qualificada entre arquitetos e engenheiros é outro risco à segurança do paciente, uma vez que a construção de um puxadinho, futuramente, trará algum tipo de prejuízo ao hospital. Bross reforça a ideia de Rodrigues e destaca a atenção para a concentração da atenção dos edifícios de saúde nas regiões Sul e Sudeste e a falta de acesso à informação que ocorre em outras regiões do País. Para o presidente da Bross Consultoria, de certa forma, há uma complacência das autoridades sanitárias em aprovar determinados setores do hospital. “Estes órgão fiscalizadores estão despreocupados em orientar as entidades sobre uma visão do todo, tornando o projeto do hospital uma verdadeira colcha de retalhos.” Profissionais Uma coisa é certa: dentro da construção desse novo edifício há de ter bom senso e um canal de comunicação entre as partes envolvidas, ou seja, o arquiteto e a equipe médica. O papel do arquiteto dentro do ambiente hospitalar é fundamental para definir e auxiliar a operação da unidade de saúde. Lamha ilustra

isso contando uma história protagonizada pelo arquiteto Cerqueira Cesar que, ao se reunir com médicos e gestores de saúde para a elaboração de um novo projeto hospitalar, sempre levava em seu bolso duas lapiseiras, uma com grafite 6H e outra com grafite 6B. Durante suas reuniões com os profissionais de saúde, quando um médico pedia sua lapiseira emprestada para fazer um esboço da planta do edifício, o arquiteto lhe emprestava a lapiseira com grafite 6H, que era mais rústica e não servia para escrever ou desenhar em qualquer superfície. Ao tentar desenhar o esboço desejado em uma folha de papel manteiga, o médico, sem saber, rasgava o papel e não conseguia fazer o tal desenho. Diante daquela situação, Cerqueira Cesar perguntava ao médico quais eram suas ideias e, com a lapiseira correta, fazia o primeiro esboço do que seria o edifício saúde de acordo com as orientações dadas. A história mostra a necessidade de melhorar o processo de comunicação entre médicos e arquitetos. A integração entre as especialidades médicas, operação, administração, unidades de arquitetura e engenharia clínica são, na verdade, o processo mais adequado para a elaboração de um plano diretor,

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projeto de adequação, expansão ou a criação de uma nova unidade. “Precisamos trabalhar, principalmente, dentro desse conceito, pois o edifício saúde é muito mais do que um edifício hospitalar. Precisamos focar na saúde e bem estar do paciente”, enfatiza Ana Paula. O futuro da arquitetura vai muito além de designs espaciais ou, simplesmente, edifícios verdes. Por ser um elemento urbano de alto impacto para a região onde está, o hospital precisa ser muito bem planejado, buscando minimizar estes impactos e considerando os avanços tecnológicos e o conceito de desospitalização. Os novos edifícios saúde, além de sustentáveis em relação ao meio ambiente, deverão reduzir os impactos urbanísticos em seu entorno, e serem, cada vez mais, funcionais e econômicos em relação à sua manutenção. “Em todo o processo hospitalar, o mais barato é a construção da unidade, enquanto a manutenção do hospital pode ser considerada a mais cara, chegando a custar uma vez e meia o custo da obra anualmente”, observa o diretor de engenharia do Hospital Israelita Albert Einstein, Antonio Carlos Cascão. OS NOVOS HOSPITAIS Como exemplo sobre a redução dos impactos causados pela construção de uma unidade de saúde, Cascão fala sobre o plano diretor do hospital onde trabalha. Iniciada em 2003, a ampliação da unidade Morumbi do Einstein teve seu plano diretor concluído dois anos mais tarde, e em 2006 foram iniciadas as obras de implantação. No entanto, construir novas instalações não bastava para atender a demanda, foi preciso pensar em toda a região onde está localizado o hospital, e uma das primeiras medidas foi o redirecionamento do fluxo de veículos das vias principais para vias coletoras, no entorno do hospital. Outro ponto contemplado pelo plano diretor foi a expansão do número de vagas de estacionamento do hospital, considerado um

eterno problema por gestores e administradores de todo o País. Na época, o hospital buscou minimizar o impacto no trânsito da região criando bolsões de estacionamento, chegando a um total de quatro mil vagas. Em função da dificuldade de acesso ao transporte coletivo para seus funcionários, o que fez muitos deles utilizarem carros e, consequentemente, o estacionamento do hospital, a instituição disponibilizou ônibus fretados. O que houve ao longo dessa estruturação foi a acomodação desse tipo de transporte com o objetivo de minimizar ainda mais os impactos ao trânsito local. Criando um pequeno terminal para que estes fretados pudessem embarcar e desembarcar seus passageiros sem risco nem interromper ao transito. Os hospitais que estão por vir irão priorizar o fluxo do pacientes e colaboradores dentro das edificações minimizando as distancias percorridas e o tempo de permanência. “O ambiente deverá ser totalmente humanizado, transmi-

“ENQUANTO NOS EUA, A CADA CEM LEITOS, É OBRIGATÓRIO A PRESENÇA DE UM ENGENHEIRO CLÍNICO NO HOSPITAL. NO BRASIL, NÃO HÁ ESSA CULTURA” ANTONIO JOSÉ RODRIGUES, DO HC F: R B

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ESPECIAL EDIFÍCIO SAÚDE

O PROJETO DE REDUÇÃO DE IMPACTOS NO TRÂNSITO DO HOSPITAL Albert Einstein foi inspirado no Henry Ford Hospital, de Detroit, nos EUA. O Plano de Transporte Integrado, que mais tarde foi trazido para o Brasil, consistia em suprir a necessidade por linhas de ônibus que levassem os pacientes até a entidade. Devido à grande deficiência da cidade americana em transporte publico, o hospital verticalizou algumas linhas de ônibus que transportam seus pacientes até o hospital e os levam de volta, como uma linha convencional. “Este modelo veio para o Brasil em 2003, para dar suporte ao plano diretor do hospital Albert Einstein dentro da certificação Leed Gold obtida pela entidade, complementa o diretor executivo da Kahn do Brasil, empresa especializada em engenharia e arquitetura, Arthur Brito.

tindo tranquilidade, segurança e otimizando recursos como iluminação e circulação de ar dentro do hospital que contribuem significativamente para a melhoria do paciente e reduz o tempo de internação”, completa Cascão. O terceiro ponto apresentado pelo executivo do Einstein, e que é indiscutível, é a sustentabilidade do edifício saúde. Além de reduzir os impactos ambientais da região também gera uma redução no custo operacional da unidade reduzindo o consumo de água, iluminação, energia e responsabilidade social, no que diz respeito ao fornecedor, como, por exemplo, com o uso de madeira certificada. “Não é mais possível imaginar um edifico saúde que não obedeça estes princípios.”

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“NÃO HÁ COMO FALAR DE ENGENHARIA NOS HOSPITAIS SEM ABORDAR A INTEGRAÇÃO TECNOLÓGICA ENTRE AS ÁREAS” RODOLFO MORE, ABECLIN

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especial edifício saúde

Paciente em

Patricia Santanaa • editorialsaude@itmidia.com.br

Mais do que estrutura técnica e profissional, a eficiência de um tratamento médico recebe influências de ordem comportamental e psíquica, que levam em consideração tempo e espaço. Além da humanização da saúde, nesta reportagem você confere que não existe somente a medicina baseada em evidência, mas também a arquitetura hospitalar

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medicina baseada em evidência, que alia ciência a resultados da prática clínica para orientar a tomada de decisão terapêutica, tem seu modelo replicado para outros setores do âmbito hospitalar, como a arquitetura. Nos últimos tempos, cientistas desenvolveram estudos que mensuram o impacto do design da saúde na eficiência do tratamento. Itens como leitos individuais Vs leitos compartilhados, redução de barulho no ambiente hospitalar, melhoria da iluminação, aperfeiçoamento da ventilação interna, entre outros foram comprovadamente apontados como influenciadores no resultado final da assistência hospitalar. De acordo com o estudo “The role of the Physical Environment in the Hospital of the 21 Century: AOnc in a Lifetime Opportunity”, de Roger Ulrich e Craig Zimring, é possível reduzir a taxa de infecção hospitalar através do aumento da lavagem de mãos das equipes assistenciais com ações que vão além de campanhas de incentivo. Ações como inserir depositórios de álcool gel próximos ao leito e nas saídas dos quartos, bem como pias próximas aos locais em que são administradas as medicações, contribuem para um aumento da lavagem de mãos e consequente redução de infecção hospitalar.

Para este tipo de preocupação se dá o nome de arquitetura hospitalar baseada em evidência. O termo foi criado pelo Center for Health Design, instituição norte-americana, que o definiu como sendo o “processo de basear decisões de projetos sobre o ambiente construído em pesquisas com credibilidade, para atingir os melhores resultados possíveis”. Na prática, é um protocolo completo de projeto, que tira proveito da experiência de uma equipe multidisciplinar e do corpo do conhecimento científico publicado na área de projetos, com ênfase para a busca de evidências, registro de hipóteses, mensuração e publicação dos resultados. Uma vez que as instituições hospitalares tomam consciência de que o ambiente construído influencia em larga escala a resolutividade de sua prática assistencial, a produtividade dos seus recursos e, por consequência, seu resultado financeiro, elas tendem a exigir mais segurança com relação aos resultados esperados de cada decisão de projeto. Como por exemplo, qual a influência de oferecer salas de cirurgia com antessalas de preparo de paciente para o turnover de sala. De acordo com o diretor executivo e arquiteto da Kahn do Brasil, Arthur Brito, a metodologia de um projeto baseado em evidência deve seguir os seguintes passos: • Definição do objetivo e escopo do estudo; • A busca sistemática por fontes de informações; • A interpretação de evidências; • A definição de hipóteses; • A coleta da base de dados (dependendo da metodologia de pesquisa); • O monitoramento da aderência de projeto; A medição e publicação de resultados. Assim como fazem, quando escolhem uma modalidade de investimento financeiro e posterior monitoração de resultados. Para Brito, “a intenção da metodologia é exatamente a de comprovar os casos em que a arquitetura e engenharia beneficiam resolutividade e qualidade da assistência e quando sua influência não é clara ou decisiva”. Os hospitais que tomam a decisão de adotar uma arquitetura baseada em evidência precisam envolver um grupo heterogêneo de pessoas em uma equipe de projeto que pode chegar a contar com: • Proprietário, planejador hospitalar, arquiteto e construtor; • Liderança executiva: Gestão financeira e tomadores de decisão; • Pessoal da linha de frente: enfermagem, médicos, técnicos e equipe de apoio; • Consultores: tendências e tecnologias; • Representantes dos pacientes (reais ou emulados);

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• Líderes das comunidades: quando há influência urbana e Pesquisador. Segundo o arquiteto, o hospital que aplica a arquitetura baseada em evidência se foca nos resultados das suas decisões de projeto, construção e operação. Será, portanto, muito mais provável que implemente uma solução efetiva e, certamente, terá elementos para monitorar se está atingindo os resultados esperados e antecipar uma possível ação corretiva, caso não esteja no caminho almejado. “Será um hospital preparado para os desafios do futuro”, pontua Brito. AderênciA De acordo com o diretor da Kahn do Brasil, o projeto hospitalar anseia por método e organização. “Os administradores já descobriram isto, quando buscam as certificações de qualidade (ISO, Joint Comission, ONA etc.) e são igualmente receptivos a projetos e profissionais acreditados”, sinaliza. Ter o projeto arquitetônico que comprovadamente garante mais eficiência ao tratamento beneficia as institui-

ções em acreditações. A Joint Comission, por exemplo, já tem envolvimento com o CHD, pois grande parte dos seus critérios versa sobre a segurança do paciente. “Uma vez que o a arquitetura baseada em evidência tem como agenda a busca por soluções comprovadas no tema, a certificação de edifícios projetados com a metodologia é muito fácil”, defende Brito. Para Márcio Oliveira, presidente de Desenvolvimento Técnico Científico da ABDEH (Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar), a cultura do design baseado em evidência é nova no Brasil e poucas instituições adotam, influenciadas pelos técnicos dos projetos, que entrando em contato com as metodologias, colocam isso como elemento a ser perseguido. “No Brasil não há uma divulgação de resultados, por meio de pesquisas científicas. Isto precisa ser fomentado nos hospitais”, avalia. Benefícios clínicos dA ArquiteturA Em 2009, o Hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo, desenvolveu um plano diretor, que contemplava

UTI Neurológica do Beneficência Portuguesa (SP): Após estudo, identificou-se que pacientes internados em ambiente fechado tiveram 33% mais delírio do que os que estavam em ambiente com janelas

a modernização e ampliação da estrutura com foco em humanização e eficiência da arquitetura. Fruto deste planejamento foi a reforma da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neurológica, inaugurada em 2011 com novo design e 33 leitos. De acordo com Viviane Veiga, médica intensivista e assistente da UTI Neurológica da instituição, durante o projeto de reforma e mudança, a equipe médica participou de forma ativa junto com a arquitetura para que, baseado em estudos americanos, a UTI fosse reestruturada. Como resultado, os leitos das UTI´s ganharam janelas, aumentou-se a distância entre os leitos, permitindo que a família fique junto ao paciente e criou-se uma ante-sala com televisão e sofá para a família ou acompanhantes aguardarem enquanto o paciente permanece na UTI. Para Viviane, a mudança estrutural viabiliza que a família acompanhe de forma mais confortável o paciente. “Tivemos uma mudança física e cultural, pois a equipe multiprofissional já aceita de uma forma mais natural a presença da família na UTI. E a família consegue perceber todo o processo e trabalho da equipe assistencial”, conta. Com um investimento da ordem de R$ 7,2 milhões na UTI neurológica, a instituição conseguiu identificar benefícios clínicos com essas mudanças. Foi realizado um estudo avaliando 22 leitos da instituição, dos quais 11 já tinham janelas implantadas e os outros 11 não tinham (era ambiente fechado), em um período de 15 dias, com todos os pacientes internados. Chegou-se a conclusão de que na UTI sem janelas os pacientes tiveram 33% mais delírio do que os pacientes que tinham janelas, em análise feita de acordo com a metodologia CAM-ICU. “Os pacientes que tiveram mais delí-

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especial edifício saúde

Hospital vita curitiba (Pr): construído em uma antiga estrutura de hotel, a entidade aproveitou a arquitetura hoteleira, adequando-se às necessidades médicas Foto: divulgação

rio tiveram aumento de internação na UTI e consequentemente aumento de custo”, reforça a médica. Para Viviane, a arquitetura do hospital deve ser reorganizada com olhos voltados para processos, para a área clínica e para o estético. “É preciso criar mecanismos para facilitar os processos, o tratamento, além da estética”, completa. O Hospital realizou o mesmo tipo de modernização nas áreas de hemodiálise e pronto atendimento, com um foco maior em humanização. Humanização e Arquitetura Baseada em Evidência: divididos por uma linha tênue. No processo de humanização hospitalar, a arquitetura é um dos elementos chave. Entretanto, quando se trata de um projeto de design baseado em evidência, o inverso não é verdadeiro. Os elementos adotados para ganhar em qualidade assistencial não necessariamente precisam estar atrelados à humanização do tratamento. Outra instituição que trabalha na linha tênue entre humanização e arquitetura baseada em evidência é o Hospital Vita Curitiba. Construído em uma antiga estrutura de hotel, a entidade aproveitou a arquitetura hoteleira, adequando-se às necessidades médicas. “O Centro cirúrgico foi construído próximo ao Pronto-socorro, área de exames e UTI´s facilitando a locomoção de pacientes. A UTI geral tem um acesso direto com o centro cirúrgico”, conta o superintendente da instituição, Flaviano Feu Ventorim. A arquitetura dos leitos foi mantida preservando as varandas, desta forma proporcionando uma área aberta exclusiva para cada apartamento e possibilitando espaço para o paciente tomar banho de sol com privacidade e maior espaço para acompanhantes. O hospital conta com um grupo de trabalho, chamado Time do Ambiente, formado por profissionais de diversas áreas do Vita, que estão constantemente avaliando riscos e sugerindo oportunidades de melhorias na estrutura, com o objetivo de aprimorar a qualidade e segurança assistencial. Reformas e novas áreas são planejadas conforme experiência

anterior, relatos das equipes multiprofissionais e pesquisa com os clientes. “As obras passam por avaliação da equipe médica. As sugestões e orientações da gerência médica e equipe multiprofissional, formada por psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros e nutricionistas, são fundamentais para a definição dos projetos de reformas e novas obras”, complementa o superintendente. No caso das Unidades de Terapia Intensiva, o hospital além de ter jardim de inverno, áreas amplas, os boxes contam com claridade externa, com espaço físico privativo e tons claros. Nas UTI´s geral e cardiológica é utilizada a cor azul, considerada suave, capaz de proporcionar calma, tranquilidade, afetuosidade, paz e segurança. “É conveniente utilizar o azul em locais sujeitos a muita tensão, pois esta cor também ajuda a baixar a pressão sanguínea e a reduzir o estresse e a tensão”, pontua Ventorim. De acordo com o executivo, no processo de recuperação do paciente, a iluminação pode auxiliar na orientação temporal e na manutenção do ciclo sono-vigília, já que o uso de sedativos impede que o paciente diferencie dia e noite. Com exemplos nacionais como este, a cura antes instituída exclusivamente ao tratamento médico, com o tempo vai ganhando influências de ordem comportamental e arquitetônica, mostrando que o controle sobre a eficiência de um tratamento não está somente nas mãos do médico, nem do paciente, mas também do ambiente em que está inserido.

InIcIatIvas que deram certo

Adoção de quArtos individuAis redução de stress

Controle dA quAlidAde do Ar redução de infecção

iluminAção redução de queda de pacientes

uso de distrAções positivAs elementos Como quAdro, nAturezA, Aquário, etC. Fazem a pessoa pensar em outro item além da doença e auxilia na aceitação do tratamento

distribuição espACiAl reduz as distâncias percorridas pela equipe de enfermagem (este profissional é um dos principais elos da cadeia de saúde e a estrutura deve ser desenhada respeitando-o e valorizando-o)

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ESPECIAL EDIFÍCIO SAÚDE

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Procedimentos mais simples e em um tempo máximo de 24horas para internação fazem com que hospitais exijam de seus projetos arquitetônicos mais eficiência nos ambientes e no fluxo de pacientes

desospitalização é um conceito cada vez mais presente no cotidiano do setor de saúde. A adoção de novos protocolos e tecnologias contribuem, consideravelmente, para que o tempo de internação seja cada vez menor. Outro fator que estimula para esse conceito é o hospital dia, que possui a arquitetura como grande aliada para a redução no tempo de permanência no ambiente hospitalar. O conceito surgiu na década de 30, na extinta União Soviética, como hospital para o tratamento de pacientes psiquiátricos. Ao longo do tempo, esse tipo de unidade de saúde foi se espalhando pelo mundo e abrangendo outras especialidades até chegar ao Brasil, na década de 90. Atualmente, dos sete mil hospitais brasileiros, 365 são hospitais dia, sendo 41 públicos, sete filantrópicos e 317 privados, de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes). Como grande aliada dessas instituições, cujo período de internação é de, no máximo, 24 horas, a arquitetura reúne conceitos de humanização do ambiente, organização do fluxo de pacientes e equipes assistenciais, além de tornar o edifício saúde uma construção atraente para a captação de clientes, sejam eles, médicos, operadoras ou pacientes.

ARQUITETURA DO

DIA A DIA Guilherme Batimarchi • gbatimarchi@itmidia.com.br

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De acordo com o presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (Abdeh), Fábio Bitencourt, a arquitetura tem a função de abrigar novas tecnologias e oferecer elementos de conforto necessários para a recuperação do paciente. “O cuidar, o tratar e o curar não se processam apenas com medicamentos. Outras características fazem parte deste processo e a arquitetura, certamente, é uma delas, além de simplificar fluxos e eliminar barreiras que possam dificultar o acesso do usuário.” Direcionado a um curto período de internação, os hospitais dia são dispostos de duas maneiras: em unidades próprias ou dentro de centros médicos. Independente do modelo, é importante que estas instituições tenham planejamento na hora de executar obras de adequação ou expansão. Para esse tipo de unidade operar com eficiência, planejar as obras pensando no ambiente como um todo é fundamental. Entre os pontos contemplados pelo projeto, devem ser considerados: fluxo, acesso e humanização do ambiente. Para facilitar este fluxo, essas unidades devem ser alocadas na região térrea dos hospitais, vizinho aos ambulatórios, unidades diagnósticas e farmácias – um dos serviços do hospital dia é a aplicação de medicamentos, como quimioterapia, por exemplo , além da localização próximas aos estacionamentos, para que não ocorra a necessidade de circulação por todo o edifício.

“O HOSPITAL DIA É UM CONCEITO NOVO NO BRASIL, SURGIDO NA DÉCADA DE 90”

Na contramão do cenário brasileiro, os hospitais dia norte-americanos investem significativamente em arquitetura para tornar as instituições mais atraenFÁBIO BITENCOURT, ABDEH tes para o consumidor de saúde e aumentar o fluxo de paciente. Segundo a arquiteta Patricia Biasi, que baseou sua tese de doutorado neste tema, é muito comum encontrar no País salas coletivas para infusão de medicamentos, por exemplo. “Nos EUA, uma das grandes diferenças nesses ambientes é a divisão das salas em pequenos compartimentos, sendo uma cortina hospitalar ou box, que criará um ambiente privativo de atendimento. Ou seja, você tem o salão coletivo que proporciona um acesso visual às equipes assistenciais, transmitindo mais segurança ao paciente, ao contrário dos quartos privativos.” Como parte dos hospitais dia brasileiros estão alocados em instituições públicas, que não foram projetadas para comportar esse tipo de serviço, os problemas com manutenção, disposição espacial e falta de ambientes para armazenagem de insumos, por exemplo, são recorrentes. Um dos maiores problemas apontado pelo estudo da arquiteta é a falta de dimensionamento do espaço hospitalar, que não comporta a crescente demanda para este tipo de serviço, ocasionado pela falta de planejamento em longo prazo por parte dessas unidades. Outro fator que dificulta a criação de ambientes coletivos nos hospitais dia brasileiros é o comportamento de consumo do cliente de saúde. Para o presidente do Hospital Paulista, especializado em otorrinolaringologia e hospital dia, Braz Nicodemo Neto, o cliente mede a qualidade da instituição de saúde de acordo com ambiente onde é internado, e valoriza muito mais quartos individuais do que salas coletivas. Há três anos, a entidade iniciou suas obras de adequação. Nicodemo explica que o principal objetivo do projeto arquitetônico foi a humanização do ambiente hospitalar, principalmente nos leitos de internação, e a criação da UTI como retaguarda para as equipes médicas. “Fizemos um esboço de uma sala coletiva, com diversos boxes, no entanto, achamos que a cultura do País ainda não está adequada a este padrão, pois o paciente quer conforto e um leito privativo”. No plano diretor, elaborado pelo hospital, ainda está previsto um terceiro andar, que mudará a configuração da unidade, transferindo todo o setor de diagnóstico e ambulatório para este novo ambiente e deixando as atuais instalações, ARQUITETURA ALIADA AOS HOSPITAIS DIA no térreo da unidade, para a construção de mais leitos. “O Paulista é um hospital hori• Humanização do ambiente zontal, o que facilita o fluxo das operações • Priorização do fluxo de pacientes e reduz o custo. Nosso plano diretor está • Otimização da infraestrutura alinhado com o planejamento estratégico e • Aumento da rotatividade de pacientes pode sofrer alterações caso ocorra alguma • Capacidade de atendimento mudança nos planos do hospital.”

• Redução de custos com serviços e manutenção

NOS EUA, AS UNIDADES DE HOSPITAL DIA INVESTEM MUITO EM PROJETOS ARQUITETÔNICOS QUE CONTEMPLAM, DESDE A HUMANIZAÇÃO DOS AMBIENTES ATÉ O EXTERIOR DO PRÉDIO. PARA TRAZER MAIS CONFORTO AOS PACIENTES, ALGUNS DESSES CENTROS AMERICANOS TÊM REVISTEIROS, COPA PARA O PREPARO DE REFEIÇÕES PELOS PACIENTES E SEUS FAMILIARES, SALA DE ESTUDO, BRINQUEDOTECA, CAPELA, CAFÉS, LOJAS E RESTAURANTES. FUTURO O modelo de atendimento oferecido por essas unidades se enquadra na tendência de desospitalização, que toma conta do mercado de saúde, seja por questão de custo operacional das unidades ou perfil de doenças . Bitencourt acredita que o número de hospitais dia deve triplicar nos próximos anos, enquanto o crescimento dos hospitais convencionais será menos significativo. Para Patricia, a simplificação das tecnologias aplicadas às práticas assistenciais, da relação entre espaço e custo e de determinados procedimentos médicos proporcionará a recuperação do paciente em menor tempo, reduzindo também o risco de infecção. Isso permitirá a aplicação de uma arquitetura mais enxuta, simplificada e que priorize o fluxo de pessoas e a segurança do paciente em ambientes menores. “Esta lógica é o caminho para o futuro das instituições.”

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GESTÃO

A CRISE DA

GERÊNCIA DA CRISE

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GENÉSIO KORBES Sócio-diretor da Korbes Consulting Diretor-associado da NP Consulting

á havia preparado um esboço do artigo desta edição, em sua diária superior aos preços acima citados. Lembrando continuação ao tema da Governança, abordado no mês que o aposento do hotel é utilizado somente para o despassado, quando me deparei com o título do editorial canso do turista ou do profissional em viagem de negócios, do jornal O Estado de S. Paulo, de 27 de julho: “A crise da enquanto o do hospital, além de servir cinco refeições por gerência da crise”, que tomo a liberdade de reproduzir aqui dia e ter em média 5 a 7 funcionários por leito à disposição pelos motivos que exporei logo abaixo. Dois dias depois, do seu “hóspede”, concentra investimentos diferenciados ao ler na mesma seção do Estadão de domingo o texto “A nas instalações e na infraestrutura, necessários para o funagonia das Santas Casas”, finalmente decidi abandonar cionamento do hospital. temporariamente o rascunho já elaborado e abordar, em Se levarmos em conta, ainda, que para cada R$ 100 gasseu lugar, a grave crise em que estão mergulhadas as Santas tos o hospital recebe do SUS o valor de R$ 65, num déficit Casas e os hospitais filantrópicos brasileiros. operacional de 35%, chego à conclusão de que é urgente O valor da dívida das instituições filantrópicas do Bra- encontrarmos respostas para esta situação de calamidade sil é, atualmente, de R$ 11 bilhões, segundo o relatório da antes que tenhamos que ser verdadeiros gerentes da crise, Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos ao invés de cuidarmos do negócio e oferecermos soluções Deputados. Um valor certamente impagável e que, segundo para as necessidades dos pacientes. o mesmo relatório, crescerá para R$ 15 bilhões em 2013. Proponho a discussão de algumas alternativas: Sem desejar polêmica, mas apenas a título de reflexão, Revisão imediata da tabela de preços do SUS para o pacoloco: se uma parcela do que está previsto para ser gasto gamento dos serviços prestados por médicos e hospitais na promoção da Copa do Mundo de Futebol de 2014 fos- com o aporte do valor correspondente à União, conforme se direcionada para este pagamento, o débito deixaria de previa a redação original da Emenda Constitucional 29, ou existir. Quais as raízes desta situação catastrófica? Recursos seja, 10%, vinculada às mudanças na gestão dos hospitais, mal distribuídos e mal empregados através de técnicas e ferramentas gee gestão amadora. A consequência? renciais eficientes e eficazes. A dificuldade de acesso ao sistema. Participação da sociedade na O VALOR DA DÍVIDA DAS INSTITUIÇÕES Não é de hoje que a má gestão dos manutenção dos serviços, através FILANTRÓPICAS DO BRASIL É, hospitais brasileiros, públicos e partida participação no custeio, sendo culares, é alvo de críticas de entidades responsável direta por parte das ATUALMENTE, DE R$ 11 BILHÕES, diversas. Ainda em 2008, especialistas despesas médico-hospitalares. Além SEGUNDO O RELATÓRIO DA COMISSÃO do Banco Mundial (Bird) reprovaram de minimizar as agruras das instituiDE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA DA essas instituições devido à ineficiênções, a coparticipação serviria de moCÂMARA DOS DEPUTADOS cia, ao mau emprego dos recursos e nitoramento do custo da assistência. conseqüente encarecimento dos custos hospitalares. Certamente, essas alternativas encontrarão significativa Reformas têm sido defendidas deste então. Eu também oposição e é provável que sua implantação seja extremaas defendo, porém, é preciso aprofundar a reflexão e voltar mente difícil, pois vem recheada de ingredientes ideológicos novamente à questão do ovo e da galinha. As entidades marcantes, no caso da primeira, ou prejudicada pela dififilantrópicas não podem ter finalidade lucrativa, mas têm culdade financeira que impedirá boa parte da população de prestar serviço de qualidade. Como prestar serviço de de honrar seus compromissos, no caso da segunda. qualidade sem dinheiro? Contudo, uma certeza está rapidamente amadurecendo: Como um hospital pode funcionar recebendo do Siste- a permanecer o status quo vigente, o sistema nacional de ma Único de Saúde (SUS) R$ 480 por um atendimento no saúde não sobreviverá à próxima década, apesar de sua pronto-socorro e R$ 150 pela diária de um leito na Unida- excepcional concepção conceitual. de de Tratamento Intensivo, conforme questionado pelo Superintendente da Santa Casa de São Paulo nas páginas *A propósito, o título deste artigo relata a dificuldade do governo da última Revista FH? federal de gerenciar um sem-número de seus projetos do PAC 2, Vamos raciocinar juntos, prezados leitores. Qualquer principalmente no Departamento Nacional de Infraestrutura de hotel de média categoria em São Paulo tem o preço de Transportes (DNIT), do Ministério dos Transportes.

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Primeiro Primeiro o negócio Primeiro o negócio sustentável, o negócio sustentável, depois o edifício sustentável, depois o edifício depois o edifício

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hospital

AssistênciA

alternativa Verena Souza • vsouza@itmidia.com.br

Instituições de saúde buscam eficiência, segurança do paciente e redução de custos por meio da medicina hospitalar. Modelo mostrase mais adequado ao perfil de hospitais que atendem ao SUS ou pertencentes a operadoras

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H

á três dias você deu entrada em um hospital apresentando os seguintes sintomas: náuseas, vômitos, fortes cólicas abdominais e diarreia. Devido ao mal estar generalizado e intenso cansaço, o médico do pronto - socorro optou pela internação. No dia seguinte, você foi direcionado para um gastroenterologista, que deu sequência aos procedimentos realizados na emergência; e prescreveu mais alguns exames como endoscopia, ultrassom, entre outros. Os exames ficaram prontos no período da tarde do mesmo dia, mas o médico especialista, que trabalha em consultório e mais dois hospitais, acabou analisando os exames apenas no dia seguinte. Com um diagnóstico de gastroenterite – tratado com um regime alimentar, ingestão de líquidos e alguns medicamentos -, o médico concedeu-lhe alta 16 horas depois dos resultados estarem prontos e da normalização do quadro clínico. O exemplo acima ilustra o modelo de assistência tradicional no qual a maioria das pessoas está submetida, em que o médico passa uma vez por dia em determinados horários e prescreve o tratamento. Entretanto, em caso de intercorrências ou mesmo uma simples avaliação para a liberação, o responsável pelo doente pode estar longe do hospital, impactando, muitas vezes, os custos hospitalares e a eficiência assistencial. Em meados da década de 90, um modelo alternativo começou a surgir nos Estados Unidos. Sob o nome de medicina hospitalar, o conceito, além de propor outra dinâmica assistencial, contemplava uma nova área de atuação médica, conhecida como médico hospitalista. O termo hospitalista, cunhado pela primeira vez em 1996, pelo MD (Doctor of Medicine), professor e chefe do Departamento de Medicina da Universidade da Califórnia (São Francisco), Robert Wachter, foi utilizado para descrever o modelo onde o médico, com formação clínica, faz carreira dentro de uma instituição hospitalar e assume

a liderança assistencial, garantindo o cuidado de todos os pacientes ali internados. Esse tipo de medicina começou enquanto aumentava a preocupação com os custos hospitalares e com a segurança do paciente. “O cuidado na internação é equivalente ao da terapia intensiva. Essa é a lógica. Assim, há sempre um médico disponível para pedir exames, avaliá-los no mesmo dia, reavaliá-los, etc. A partir deste profissional muda-se ou não a conduta junto ao paciente”, pontua o presidente da Sociedade Pan Americana de Médicos Hospitalistas, Guilherme Barcellos, que defende o modelo tendo em vista o envelhecendo da população e o aumento da complexidade dos doentes no Brasil. Segundo Barcellos, não existe um padrão pronto. Cada hospital organiza o modelo de acordo com suas necessidades, mas o ideal, na opinião do especialista, é de que a equipe de hospitalistas permaneça no hospital das 8h00às 18h00, havendo escala para a cobertura à noite. E as EspEcialidadEs médicas? Traduzindo em miúdos, todo o paciente submetido à internação ficará sob a responsabilidade de um hospitalista, espécie de “orquestrador” do cuidado, liderando equipes multidisciplinares e envolvendo-se em processos administrativos vinculados à internação. O médico especializado muitas vezes é chamado para uma segunda opinião, atuando como um consultor. No Hospital Paulistano (SP), da Amil - um dos pioneiros do modelo no Brasil, implementado há 12 anos -, 70% dos pacientes são coordenados pela equipe de hospitalistas, que atualmente possui 33 médicos. “Cerca de 20% são pacientes vistos em conjunto com outras especialidades. Todos fazem. Todos se ajudam. Mas o hospitalista é quem fica como coordenador do cuidado, mesmo que ele tenha um cirurgião acompanhando ou neurologista”, conta o diretor médico do hospital, Márcio José Cristiano de Arruda, acrescentando que entre os médicos da equipe de hospitalistas existem reumatologistas, infectologistas, geriatras, entre outros. pErfil do profissional E mErcado Diferente da medicina tradicional, duas características são essenciais para esse profissional: disponibilidade presencial nas unidades de internação e o vínculo institucional. De acordo com a Sociedade de Medicina Hospitalista (Society of Hospital Medicine), a especialidade é a que mais cresce na história da medicina moderna (veja tabela abaixo/ao lado). “Tem um aspecto que o médico tem que topar. Saber que ele vai atuar como clínico, mesmo se for um

Márcio Arruda, Hospital Paulistano: Independente da especialidade, profissional deve ter a visão do clínico Foto: Divulgação

reumatologista. Tem que ter a visão do clínico geral, algo que fomos perdendo com o tempo. A segunda coisa é querer se integrar aos processos do hospital como, por exemplo, acreditações”, afirma Arruda. A qualidade do Paulistano é reconhecida pela Joint Comission International (JCI). A cordialidade entre os profissionais e a visão de equipe é um dos aspectos mais delicados, segundo Barcellos. “Em muitos casos que acompanhei percebi que existe uma certa dificuldade entre os médicos na hora de entregar o paciente para o hospitalista. A internação tem de ser aceita por todos: médico do paciente, paciente e grupo de hospitalistas. Onde tentou-se fazer isso na marra, deu errado”, diz Barcellos, exemplificando uma situação mais rotineira em hospitais particulares, onde a probabilidade do doente ter um médico de “longa data” é maior do que por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

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hospital

penetrAção de hospitAis com grupos de hospitAlistAs

hospitAis com hospitAlistAs projeção

29%

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2003

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hospitAis com menos de 200 leitos

Visão do paciEntE “A percepção está mudando. Não existe mais a visão de um ser sozinho resolvendo o problema. O cuidado do paciente hospitalizado é complexo o suficiente para requerer equipes. O clínico responsável tem a visão holística do cuidado, ele não vai prescindir do endócrinologista, do neurologista”, afirma de forma categórica Barcellos. Arruda compartilha que as maiores dificuldades do Paulistano estão na relação entre médico clínico e médico cirurgião. “Quando a cirurgia necessita de uma avaliação do clínico, o cirurgião acha que não

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Veja mais: http://bit.ly/Ouzwti

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profissionais hospitalistas

profissionais hospitalistas

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hospitAis com mAis de 200 leitos

deve continuar acompanhando o caso. Ele tende a querer olhar apenas na eminência da cirurgia”. Os números da Sociedade de Medicina Hospitalista apontam que, em geral, os médicos dos EUA gastam apenas 12% de seu tempo com pacientes hospitalizados. No sentido contrário, a figura do hospitalista foi idealizada para proporcionar uma experiência única ao internado devido à profunda compreensão de internação, expertise em diagnosticar distúrbios, anteciparproblemas e responder rapidamente às mudanças das condições do doente. Dessa forma, a avaliação dos pacientes, segundo estudo da Sociedade, é positiva por causa do atendimento 24/7 e também pela familiaridade com o médico responsável. frutos A Sociedade de Medicina Hospitalista estima que a redução no tempo de permanência do paciente pode chegar a 30% e os custos hospitalares em 20%. O Hospital Pompéia, entidade filantrópica localizada no município de Caxias do Sul, (RS), é outro exemplo brasileiro de ganhos com a medicina hospitalar. Com um perfil diferente do Paulistano, o Pompéia aderiu ao modelo, em 2011, para os pacientes do SUS. E, apesar do pouco tempo, a média de internação diminuiu de oito dias e meio para seis dias na comparação entre os semestres do ano passado; o índice de infecção hospitalar caiu de 5,2% para 2,8%; a mortalidade decresceu de 34,5 óbitos, a cada mil dias de internação, para 28,5.

2010

2012 Fonte: Sociedade de Medicina Hospitalista (EUA)

Entretanto, depois dos resultados, a gravidade dos pacientes aumentou de 2,5 para 3,3 (índice CHARLSON). “A Secretária do Estado escolheu o hospital como referência para direcionar os casos mais graves”, conta o hematologista Tiago Daltoé, que integra e coordena a equipe de quatro hospitalistas do hospital Pompéia, de 300 leitos. tEndência É consenso entre os profissionais do setor ouvidos pela FH de que o modelo é mais adequado a instituições que atendem ao SUS e hospitais pertencentes a operadoras. “Um hospital que depende da ocupação total do seu leito para ter um faturamento adequado não está tão empenhado em reduzir o tempo médio de permanência. Eles precisam ter gente ocupando para poderem faturar no fim do mês”, opina Arruda. Outro aspecto ponderado pelo mercado é de que os médicos que atendem em clínicas particulares não abrem mão de tratar o paciente, quando internado, com sua equipe. Daltoé vislumbra um modelo misto, de convivência mútua. “Não sei se é uma tendência que vá mudar o mercado, mas cada vez mais os hospitais vão optar pela medicina hospitalar. O dia a dia fica mais fácil. Todos sabem utilizar os sistemas melhor, sabem agilizar os processos, a equipe passa a ter um entendimento financeiro do hospital, o que é raríssimo”, comenta com entusiasmo.

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Somos a maior instituição hospitalar privada da América Latina. Há 153 anos difundimos a inovação, o conhecimento e a excelência médica. Somos uma “cidade” que presta atendimento a mais de 1,5 milhão de pessoas por ano, número equivalente à população de grandes capitais brasileiras, como Porto Alegre ou Belém, por exemplo. Contamos com os melhores profissionais em mais de 60 especialidades e estamos preparados para atendê-lo em nosso pronto atendimento ou em situações mais complexas da cardiologia, ortopedia, neurologia, gastroenterologia e oncologia. Somos a Beneficência Portuguesa de São Paulo, uma cidade dedicada à saúde.

Bairro da Bela Vista

Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo

Bairro da Bela Vista

Hospital São José

Somos o Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, o Hospital São José e o Hospital Santo Antônio.

Hospital Santo Antônio Bairro da Penha

www.bpsp.org.br

Bem vindo à Beneficência Portuguesa de São Paulo Uma cidade dedicada à saúde.

Responsável Técnico: Dr. João Carlos Salvestrin – CRM 15835. Representação dos hospitais meramente ilustrativas.

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SAÚDE CORPORATIVA

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Insistir em trabalhar mesmo com pequenos males, preocupações familiares e financeiras podem ser algumas causas do fantasma do presenteísmo, um mal que gera prejuízos maiores do que o absenteísmo

O FUNCIONÁRIO

QUe nÃo FUncionA Gilberto Pavoni Junior • editorialsaude@itmidia.com.br

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I

r trabalhar mesmo doente pode parecer um ato de comprometimento de um funcionário que veste a camisa da empresa, mas não é isso que especialistas acham. Exercer suas rotinas normais sem estar nas condições ideais é considerada a nova doença corporativa que limita a produtividade e prejudica trabalhadores. Batizado de presenteísmo, esse mal vem ganhando estudos e espaço nas agendas de gestores de saúde e executivos. Calcula-se que ele é mais danoso do que o absenteísmo, que é quando a pessoa falta. “É onde menos se sabe a respeito e onde mais se tem prejuízo”, argumenta o diretor da CPH Health, Ricardo De Marchi. Um estudo feito pela consultoria mostra várias faces do presenteísmo. Cerca de 56% dos trabalhadores possuem baixa qualidade nutricional, 75% almoçam inadequadamente, 15% possuem enxaqueca, 11% têm dores nas costas, 49% sofrem de estresse e 48% de ansiedade. Mesmo assim, eles estão em seus locais de trabalho comprometendo suas performances. Alguns custos já calculados mostram que o presenteísmo evapora anualmente 225 bilhões de euros na Alemanha e US$ 150 bilhões nos Estados Unidos. Em outras partes do mundo, o fenômeno também aparece. Na Austrália, o Medibank calculou que são perdidos seis dias e meio de trabalho produtivo todo ano por trabalhador. Esse prejuízo

na economia chega a US$ 34,1 bilhões, o que equivale a 3% do PIB local. O estudo australiano identificou os principais males que fazem o trabalhador ir à empresa e não ter total produtividade. Entre eles estão alergias, asma, hipertensão, desordens respiratórias, torcicolos e problemas na coluna. Especialistas costumam incluir nessa lista depressão, desânimo, estresse e mesmo problemas pessoais como dificuldades financeiras e crises familiares. Tudo que tira a cabeça do trabalho tem sido levado em conta por quem tem se dedicado ao tema. “O presenteísmo pode estar intimamente relacionado a distúrbios psicológicos ou psiquiátricos, podendo ser secundários aos problemas orgânicos de saúde do funcionário ou de seus dependentes”, exemplifica o diretor médico da Funcional, Gustavo Guimarães. Ele alerta que o problema, apesar de conhecido, recebe poucas ações efetivas. “Na prática, as empresas têm dado muito pouca atenção, pois geralmente demanda discutir temas complexos e abstratos como clima organizacional, plano de carreira, rotina de trabalho, autonomia do funcionário, benefícios voltados para qualidade de vida, gestão e prevenção de saúde e entretenimento laboral”, diz. Fazer algo sobre o presenteísmo parece ser o principal problema, já que detectá-lo é relativamente fácil com algumas perguntas. Foi o que fez a Universidade de Concordia, em pesquisa publicada no Journal of Occupational Health Psychology. Um levantamento descobriu que os trabalhadores insistem em praticar o presenteísmo. Os mais de 400 pesquisados admitiram trabalhar, mesmo com algum problema, em pelo menos três dias durante um semestre. Nesses dias, tiveram sua produtividade reduzida. Já as faltas por motivos de saúde foram de apenas 1,8 dias nesse período de seis meses. Segundo o estudo, esse comportamento é mais comum em funcionários envolvidos em projetos interdisciplinares e em equipes. Outros recentes estudos europeus mostram que o medo de perder o emprego é o principal fator que faz o trabalhador insistir em não tirar uma folga para cuidar de seus problemas e ir trabalhar a meia-carga. Culpa também é das empresas Para a vice-presidente de Projetos da Associação Brasileira para Qualidade de Vida (ABQV), mesmo com a economia brasileira em boa fase e com um cenário de mais vagas do que trabalhadores,

Ambiente contAminAdo Quando um funcionário vai trabalhar doente, ele pode contaminar a produtividade de empresas com lentidão e desânimo, mas também há o perigo de se espalhar doenças e infectar equipes inteiras. Uma pesquisa feita em hospitais americanos mostrou que 77% dos residentes foram trabalhar mesmo com sintomas de gripe em 2011. Os riscos dessa atitude também ficaram evidentes. Cerca de 9% admitiram que poderiam passar a doença para pacientes e 21% para colegas. A enquete foi feita com questionários anônimos com 150 médicos do Massachusetts General Hospital, Harvard Medical School e University of Chicago.

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SAÚDE CORPORATIVA

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oS PReJUÍZoS eScondidoS

O presenteísmo não é um problema invisível. Suas causas e prejuízos estão na frente de gerentes e gestores de saúde corporativa. Identificá-los é primordial para a produtividade. Do contrário, em vez de um ou dois dias de dispensa na equipe, a empresa poderá se deparar com um trimestre fraco.

• DOENÇA EM CASCATA Os funcionários vão trabalhar mesmo com alguma doença. No ambiente corporativo podem espalhar os germes para todo departamento ou em outras áreas da empresa.

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• GARGALOS Um trabalhador com indisposição por um malestar ou com a cabeça em outros problemas impede que o fluxo de trabalho ocorra de forma correta. • LESÕES COMPLICADAS Uma dor nas costas ou muscular que poderia ser curada com um dia de descanso pode transformar-se em uma lesão maior e deixar o funcionário vários dias parado. • AINDA MAIS COMPLICADAS Trabalhadores que operam máquinas e ferramentas precisam de concentração. Se estão desatentos por qualquer motivo, um acidente não é difícil de ocorrer.

esse quadro está se repetindo no Brasil. “Vivemos muito tempo com desemprego e isso se tornou um medo comum mesmo que a estatística mostre o contrário”, analisa Samia Simurro. Ela alerta que existem também funções que sofrem constante pressão de desemprego e alto desempenho. E são essas as mais afetadas por esse novo mal corporativo. “Trabalhadores que preci-

sua opinião é muito importante // editorialsaude@itmidia.com.br twitter // @saude_web

sam estar cem por cento para resolverem problemas e usar a criatividade são as que mais praticam o presenteísmo e as que mais perdem produtividade com essa atitude incorreta”, alerta, Samia. Mas, para ela, as empresas também têm culpa na situação. “Empresas são pessoas e cuidar da qualidade de vida, e não apenas de planos de saúde, traz benefícios a todos”, enfatiza.

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MANEIRAS DE IDENTIFICAR O PRESENTEÍSMO NA EMPRESA

Relógio – funcionários preocupamse mais com as horas que faltam para acabar o expediente do que em suas atividades.

Reuniões improdutivas – dispersão demasiada e discussões internas exageradas nesses encontros.

Desânimo e falta de atenção geral – indicam que funcionários estão presentes, mas não 100% produtivos.

Desmotivação pontual – quando a equipe está coesa, mas há uma exceção, há presenteísmo a resolver.

Descuido na aparência – é variável e subjetivo, mas quando ocorre repentinamente pode ser sinal de depressão. Males constantes – aumento do número de dores de cabeça, nas costas etc podem ser sinais de falta de qualidade de vida na empresa.

Trabalho acumulado – mesas e caixas de correio lotadas de pedidos e há pouca liberação.

Queda na produtividade – mesmo sem faltas, a equipe não rende o planejado.

Clima Organizacional ruim – pesquisas internas começam a apontar quedas incongruentes nos índices.

Estress alto – elevação anormal do índice de estresse vem seguida de muito presenteísmo.

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Saúde BuSineSS School Os melhOres cOnceitOs e práticas de g e s t ã O , a p l i c a d O s a O s e u h O s p i ta l

módulO 08

A integrAção entre engenhAriA clínicA e ti patrocínio:

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introdução depoiS do SuceSSo doS primeiroS Saúde BuSineSS School continuamoS com o projeto. eSte ano, falaremoS SoBre tecnoloGia da informação em Saúde na busca por auxiliar as instituições hospitalares em sua gestão, trouxemos no terceiro

na organização de seus departamentos de ti e na interação da

ano do projeto saúde Business school

área com os stakeholders.

o tema tecnologia da informação em

em cada edição da revista Fh, traremos um capítulo sobre o

saúde. ainda que exista literatura sobre

tema, escrito em parceria com médicos, professores, consultores

o tema, a nossa função aqui é construir

e instituições de ensino, no intuito de reunir o melhor conteúdo

um manual prático para a geração de um

para você.

ambiente de tecnologia hospitalar mais

Os capítulos, também estarão disponíveis para serem baixados

seguro, que auxilie e oriente as equipes

em nosso site: www.saudeweb.com.br

o projeto envolve oS SeGuinteS temaS: módulo 1 - infraestrutura de ti nos hospitais módulo 2 - O papel do ciO módulo 3 - governança de ti nos hospitais módulo 4 - erps módulo 5 - segurança dos dados módulo 6 - terceirização de ti em hospitais módulo7 - prontuário eletrônico módulo 8 - a integração entre engenharia clínica e ti módulo 9 - ris/ pacs módulo 10 - gestão dos indicadores módulo 11 - mobilidade nos hospitais módulo 12 - cloud computing

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a inteGração entre enGenharia clínica e ti donizetti louro e rodolfo more

inovação, tecnoloGia e Sociedade a inovação e a tecnologia são partes da mesma realidade em instituições hospitalares e clínicas especializadas. enquanto uma alcança as reengenharias de processos em projetos audaciosos a outra busca otimizar estas condições. condições estas que permeiam as necessidades inerentes às instituições na procura de seu diferencial competitivo em suas formas de excelência com resultados de sucesso. a evolução tecnológica dos equipamentos médicos e o aumento da demanda por ti e comunicação têm se tornado cada vez mais importantes e presentes na estratégia de negócios das instituições de saúde. até o fim dos anos 70, a tecnologia da informação (ti) estava restrita às grandes empresas, universidades e filmes de ficção científica. podemos perceber a efervescência que alimenta os desejos de todos os povos. a interação homem-máquina é cada vez maior e para acompanhar esta evolução é necessário que haja uma compreensão dos alicerces do conhecimento, permitindo as oportunidades que a tecnologia oferece. ao longo destas décadas a ti aumentou a participação nas relações humanas, científicas e corporativas. não obstante, alcançar o alinhamento estratégico de uma instituição da saúde é uma tarefa complexa e exige o apoio de um modelo que permita gerenciar, controlar e monitorar os processos tanto internos quanto externos, cada vez mais importantes nos objetivos do setor. antes de continuarmos com as particularidades desta situação é importante ressalvar que a área de tecnologia da informação compreende os campos da ciência da computação, sistemas de informação e engenharia da computação. desta forma, ampliamos um pouco mais a reflexão e o alcance prático que esta área nos permite. considerando que, o desenvolvimento de softwares embarcados em dispositivos médicos, e o pensamento sistêmico na gestão de processos com o equilíbrio financeiro apontam para um futuro repleto de alternativas e segurança nas atividades e rotinas diárias dentro das instituições de saúde. O desenvolvimento humano especializado baseado nas competências dos profissionais de cada área devem definir os processos para a aquisição de dispositivos médicos. com esta premissa, a sociedade educacional brasileira investiu em suas iniciativas de formação profissional em universidades e centros técnicos vislumbrando um cenário de mudanças marcado por fortes tendências na utilização de alta tecnologia nas áreas da medicina diagnóstica, monitoramento, e dispositivos móveis principalmente. como

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referência a estas iniciativas, podemos citar o curso de engenharia biomédica com uma vocação convergente às demandas geradas nesta oportunidade. a consideração acima alcança uma subárea chamada engenharia clínica que atua, também, em estabelecimentos de saúde que desenvolvem atividades baseadas nos conhecimentos de engenharia e de gerenciamento aplicadas às tecnologias de saúde. este profissional, engenheiro clínico, conforme definição do ministério da saúde atua na gestão de tecnologias médico-assistenciais. no nível micro, diretamente com equipamentos utilizados no atendimento ao paciente. no nível macro a atuação é, por exemplo, no planejamento, definição e execução de políticas e programas para incorporação de tecnologias para a saúde. estendendo esta formatação, entendemos que este profissional alcança também uma participação mais efetiva no planejamento e desenvolvimento de equipamentos, suas relações de interação homem-máquina, usabilidade e formação continuada, além de ser uma coluna na contribuição aos determinantes de processos regulatórios junto a órgãos de controle e validação de produtos.

inteGração Quando conjecturamos as atividades do engenheiro clinico com conhecimentos e práticas em sistemas de informação, procuramos contemplar a necessidade de interação entre as áreas, uma vez que os processos de controle e planejamento envolvem decisões e ações destinadas a promover a efetividade, conforme a citação do ministério da saúde, em resultados obtidos versus esperados e segurança baseada na relação risco versus benefício do uso das tecnologias que está condicionado por uma série de recursos, dentre eles os respectivos equipamentos e acessórios; recursos humanos e sua capacitação; infraestrutura, suporte técnico, insumos e informações para realimentação do processo. este é, a priori, um vetor de responsabilidades e que contemplam a gestão da tecnologia nas instituições da saúde, com métricas e monitoramento em tempo real de todas as atividades e processos internos e externos à organização. a área de ti significa hoje uma contingência

estratégica em todos os setores da sociedade, logo não poderia ser diferente em saúde. com esta preocupação, esses profissionais da engenharia clínica com conhecimentos híbridos deverão ocupar cargos de decisão nestas instituições, com visão sistêmica do processo assistencial da saúde para a tomada de decisão e planejamento de risco com oportunidades. Os níveis de abrangência desta atividade alcançam: hospitais, clínicas ou postos de saúde, indústrias (processo produtivo) e comércio (propaganda, treinamento, suporte pós-venda, assistência técnica), enquanto o nível macro refere-se aos órgãos de fins regulatórios (anvisa / tecnovigilância); normativos (aBnt); resolutivos (ms, cns, ses, órgãos de classe profissionais), ou financiadores (sus, saúde suplementar, etc.), além de planejamento de produtos para as indústrias fundamentando inovação e tecnologia. a longevidade, proveniente destes avanços, requer uma sociedade preparada para esta nova forma de pensar e agir, pois surge a necessidade de estabelecer norteadores e indicadores que sejam suficientes para consolidar a sustentabilidade neste processo. a evolução tecnológica dos equipamentos médicos se vê na telemedicina e robótica, nas simulações computacionais de órteses e próteses, em implantes com inteligências e modelos computacionais para o domínio cognitivo humano. são muitas as contribuições destas ciências na área da tecnologia da informação. entender como a tecnologia pode estar a serviço das organizações e dos gestores neste cenário significa planejar novas formas de competências dos profissionais de cada área na definição de processos para a aquisição de dispositivos móveis ou não, mas com incrementos de inteligência computacional. desta forma, um pouco mais orientado deve ser o vetor que determina como deve ser feita a transição para a integração do negócio no hospital e em clínicas do setor público e privado. sustentar-se de forma planejada, pois o que facilita a vida dos profissionais é ter algo que atenda a necessidade deles e não soluções altamente complexas que dificultam as suas tomadas de decisão. principaiS pontoS que devem Ser aBordadoS por GeStoreS para que a inteGração Seja Bem Sucedida: 1. O planejamento como estratégia de processo; 2. a gestão de processos, pessoas e tecnologias; 3. ambientes conexionistas: tecnologia e ser humano; 4. tecnologia da informação: área mediadora e inovadora; 5. usabilidade: Obstáculos de aprendizagem e ausência de processos; 6. tecnologia e sociedade: a tecnologia da informação e engenharia clínica; 7. gestão e controle na utilização de sistemas de informação em processos; 8. estratégia e gestão: Visão sistêmica do processo assistencial da saúde.

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evitando reSiStênciaS Os obstáculos epistemológicos surgem, neste cenário, com a ausência de processos. essa ausência demonstra a necessidade da facilitação, em termos de inteligência, dos modelos pensados para a usabilidade de equipamentos médicos e, neste caso, o profissional se vê desconfortável com a nova tecnologia e volta às ferramentas já consolidadas, imediatamente, tornando-se assim resistente as mesmas. a tecnologia discutida aqui por dispositivos médicos deve atender as demandas específicas de maneira eficaz e eficiente, o que pressupõe um planejamento estratégico de pessoas para pessoas, pois não importa apenas “passar” uma informação sobre as aplicabilidades das ferramentas, ou de como a ferramenta funciona, e sim se trata de consolidar os conhecimentos tecnológicos emergentes, com filosofia própria de cada organização aumentando o grau de satisfação e sucesso na tomada de decisão dos gestores, médicos, enfermeiras, atendentes e todo o corpo de colaboradores dentro destas instituições. Finalizando, a tecnologia pode, e deve, estar a serviço das organizações de saúde, após estudos e aplicação, específicos, que atendam primeiramente aos recursos humanos como veículo transformador e gestor da transferência de tecnologia em implantação ou otimização nos processos de serviços ou produção. a tecnologia e o ser humano estão interligados em ambientes conexionistas que desenham novas formas para a tomada de decisão em todo o cenário de gestão da inteligência, humana ou computacional. logo, essas estruturas abstratas nos possibilitam a interação em um mundo onde a otimização se faz presente. a atividade diária de um profissional de ti e de engenharia clínica tangencia a experiência em processos com a utilização de equipamentos e ferramentas que aperfeiçoam suas aplicações. entre essas atividades encontram-se técnicas de produção de imagens, entre outras, que se destacam com os métodos radiológicos (raios X simples e contrastado, ct, mri, imagens de medicina nuclear, tomografia pet; ultra-sonografia, ecocardiografia), micrografias, exames anatomopatológicos, endoscopias, análises cromossomiais, fotografias e exames relacionados a especialidades em particular, como a oftalmologia. não teríamos condições aqui de elencar todas as formas de diagnósticos possíveis, tampouco as intervenções advindas com as anamneses.

a medicina caminha de mãos dadas com a inovação e a tecnologia trazendo todas as possibilidades de ampliar sua contribuição às bases de pesquisa para que este ciclo de conhecimento resulte em novos processos e que encontre novas formas de otimizar suas incursões. em meio a tantas situações emergenciais e de extrema condição crítica, o profissional da saúde de maneira geral não tem tempo suficiente para pensar em situações de controle e monitoramento que atendam desde a lógica operacional dos equipamentos em suas organizações, assim como suas condições de uso e preparação preventiva de ações baseadas em inteligência computacional, para garantir o bem estar físico e mental de todos os envolvidos neste setor. por exemplo, o trabalho com imagens médicas pode ser dividido em categorias: aquisição de sinais e transformação em imagens, geração e captação de imagens, tratamento de imagens por morfologia computacional, análise de imagens, gerenciamento de imagens, e gerenciamento de informações contidas nas imagens, entre outras que se desdobram ancoradas nas demandas específicas de cada área. a utilização das informações com escalabilidade chegaram para facilitar as consultas em tempo real com algumas garantias de segurança que antes não era possível, os dispositivos com mobilidade que gerenciam informações em tempo real e os robôs de monitoramento conquistaram os médicos e administradores hospitalares. em cada uma destas tarefas é possível o uso do computador e customizá-los para as tarefas pessoais.

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traBalho em equipe O desenvolvimento de novas competências para solucionar as dificuldades inerentes ao avanço das tecnologias aplicadas à saúde é emergencial porque suas raízes encontram-se na inovação como processo de sustentabilidade e, neste âmbito, a governança da saúde, em específico de ti e engenharia clínica, permitem o gerenciamento, o controle e a utilização de sistemas de informação na gestão de projetos, e nas decisões com o objetivo de agregar valor e apoiar a estratégia corporativa da organização. com estas prerrogativas pode-se delinear a importância da integração para o negócio do hospital, clínicas e sistemas de saúde como um todo. mais ainda, o desenvolvimento estratégico das empresas se situa na análise perceptiva e no perfil cognitivo de seus funcionários e colaboradores, como estudo prévio, para a melhor utilização e gestão dos processos. com este norteador, argumenta-se uma formação contínua. as máquinas podem receber inferências de transformação por códigos em inputs lógicos, de forma rápida e eficiente, mas os humanos ainda não desenvolveram ressonâncias para adaptações de processos desta natureza. desta forma, a ti nas suas condições de área mediadora e inovadora auxilia as incursões mais complexas, mas sempre começa com o planejamento das condições mais simples e imediatas do conhecimento e especialidades humanas.

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caSo de SuceSSo inteGração eStratéGica prOjetO iniciadO há três anOs Fez cOm Que hOspital sãO jOaQuim, da BeneFicência pOrtuguesa mOdernizasse parQue tecnOlógicO e aumentasse a capacidade de atendimentO às demandas de seus clientes internOs Guilherme Batimarchi – gbatimarchi@itmidia.com.br as novas tecnologias, especialidades e procedimentos médicos tornam o hospital um edifício dinâmico e em constante transformação. essa evolução do setor de saúde faz com que instituições centenárias, como o hospital são joaquim, da Beneficência portuguesa de são paulo, com 150 anos, tenham de se adaptar a esta realidade sem interromper seu fluxo de atendimento. mas, para isso, não basta simplesmente adquirir equipamentos digitais, servidores ou monitores de última geração, pois é necessário que a tomada de decisão e o processo de implementação dessas novas tecnologias ocorram em conjunto, abrangendo todas as áreas envolvidas. principalmente, quando se trata da engenharia clínica, responsável pelas tecnologias de saúde, e a ti, dedicada à gestão da informação, armazenamento de dados e sua infraestrutura da instituição. diante disso, há três anos, o são joaquim iniciou o processo de integração entre essas duas áreas, começando pela implementação de um sistema de pacs (picture archiving and communication system) para gerenciar todas as imagens diagnósticas geradas na instituição a partir dos novos equipamentos digitais de diagnóstico por imagem. O processo de integração entre a engenharia clínica e a ti demorou cerca de dois anos para se concluir e, além do envolvimento de ambas as áreas, corpo diretor e corpo -clínico, foram estabelecidas metas que contemplavam: integridade da informação, otimização dos processos envolvidos, avaliação da melhor infraestrutura disponível para acomodar os dispositivos, avaliação da relação custo- beneficio das tecnologias disponíveis para atingir as metas e a integração de equipes multidisciplinares. atualmente, as equipes de engenharia clínica e ti contam com cerca de 70 profissionais, responsável por todo o parque tecnológico da instituição, que vai da área de radiologia digital à criação de indicadores que auxiliam na estratégia da instituição. segundo o gerente de engenharia clínica da Beneficência portuguesa de são paulo, marcos iadocicco, a convergência entre os departamentos foi fundamental para a estratégia do hospital, e o principal benefício dessa integração foi colocar o são joaquim rumo ao conceito de hospital inteligente, onde foram integradas diversas tecnologias médicas de forma organizada e acessível para o cliente interno da instituição. “desta forma, temos como resultado um hospital seguro e com facilidades que são atrativas também para os pacientes.”

SoBre o autor autoreS

donizetti louro - professor e diretor da agência de inovação e transferência de tecnologia da pontifícia universidade católica de são paulo. diretor de inovação e tecnologia da associação brasileira de engenharia clínica. coordenador de centro de tecnologia da informação, dispositivos médicos e assuntos regulatórios – cetidar. rodolfo more - professor da pontifícia universidade católica de são paulo e presidente da associação Brasileira de engenharia clinica – abeclin.

SoBra a aBeclin

fundada em outubro de 2003, a associação Brasileira de engenharia clínica (abeclin) tem o objetivo de promover a divulgação da engenharia clínica no Brasil, incentivar o desenvolvimento, aprimoramento e divulgação da engenharia clínica, mediante realização de debates, conferências, reuniões, cursos e congressos.

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Saúde BuSineSS School

saúde Business school é uma iniciativa da it mídia. todos os direitos reservados.

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Em nome da Agfa HealthCare parabenizo a IT Mídia pelos 15 anos de inovação em relacionamento e geração de negócios que tem garantido seu sucesso nos setores de Saúde e da Tecnologia da Informação. A IT Mídia vem conectando a cadeia produtiva da Saúde de forma exemplar. Com seriedade, profissionalismo e coerência tem desenvolvido as comunidades de negócios fazendo com que os profissionais destes setores estejam mais próximos e novas ideias sejam criadas. Continuem Sonhando e Realizando, pois, este é o super jeito IT Mídia de ser. José Laska Diretor Geral Agfa HealthCare do Brasil

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O Grupo IT Mídia, em seus 15 anos de existência, seguiu uma trajetória de empreendedorismo calcada na informação de qualidade e na credibilidade de seus veículos e profissionais. A IBM compartilha desses valores e reconhece o importante papel da IT Mídia para a difusão da informação em nossa indústria. Por isso, desejamos que o Grupo siga seu caminho de sucesso e compromisso com seus clientes e parceiros, tendo sempre em vista a excelência, a inovação e a contribuição para uma sociedade melhor. Ricardo Pelegrini Vice-Presidente de indústrias e iniciativas estratégicas na organização de mercados emergentes IBM Brasil

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economia

O caOs instaladO dOs planos e seguros de saúde

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Maria Cristina aMOriM economista, professora titular da puc-sp

EduardO PErillO médico, mestre em administração, doutor em história econômica

peradoras de telefonia celular e de planos às consultas, exames e demais procedimentos não de saúde foram recentemente punidas pelas são casualidades e, muito menos, recentes. respectivas agências (Anatel e ANS): ficaDuas forças poderiam obrigar as operadoras ram proibidas de comercializar seus produtos até de planos de saúde a atender corretamente: a que entreguem — pasme o leitor — tudo quanto competição entre empresas e a lei. No âmbito da já venderam (e faturaram, é claro). A situação competição, há cada vez menos empresas para explodiu, os clientes pagam planos de saúde e ofertar os serviços, todas atendem mal (menos de não conseguem atendimento. 40 têm mais de 50% do mercado: como no caso das O modelo de regulação do setor, a fragilidade do operadoras de celular, não há para onde correr). consumidor e a redução da competição do merca- Como chegamos a esse estado? Em parte, por obra do (induzida pelo Estado regulador) explicam o da ANS, cujas regras de regulação promoveram a caos. Para dimensionar o problema não é preciso redução drástica do número de operadoras, mais buscar indicadores da ANS ou do Procon, basta de 800 delas deixaram de operar desde 2000. uma rápida consulta ao redor: O mercado de planos de saúalguém está satisfeito com seu de cresceu 13,4% em 2010, o Duas forças poDeriam obrigar as plano ou seguro saúde? Pode faturamento aumentou 11,7% apostar, todo mundo tem uma em 2011 e a receita que, em operaDoras De planos De saúDe a história de horror para contar. atenDer corretamente: a competição parte deveria ser repassada As empresas de planos e para os hospitais e clínicas entre empresas e a lei seguros de saúde têm uma para induzí-los a ofertar mais lógica peculiar, quando comparada a outros se- serviços, não o foi. As operadoras não aumentam tores da economia. Primeiro, são depositárias da a remuneração dos serviços comprados dos hospoupança do consumidor; quando vai à falência, pitais ou, quando possuem rede própria, não se o cliente perde tudo quanto pagou (e não neces- arriscaram a investir na ampliação. sariamente usou), o cidadão não pode calcular o No âmbito da lei, capenga tanto o direito do risco financeiro do adoecimento, por isso mesmo, consumidor quanto a regulação econômica. O só gente muito pobre ou muito rica não tem plano leitor já experimentou a via crucis de procurar ou seguro saúde. ajuda no Procon? Há mais de uma década as As empresas, gerenciando milhões de clientes, de- operadoras são campeãs de reclamações nos veriam ser capazes de arrecadar as mensalidades e (parcos) órgãos de defesa; se a ANS tivesse agido entregar os serviços quando necessários. Segundo, adequadamente, não estaríamos na situação de vendem para não entregar, isto é, quanto menos os hoje. Por que o xerife demorou tanto a entrar usuários utilizarem os serviços, maior o lucro. Assim, em cena? Afinal, a quem serve a regulação do as imensas dificuldades dos clientes para terem acesso setor de planos de saúde?

sua opinião é muito importante // editorialsaude@itmidia.com.br twitter // @saude_web

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Augi Marketing C

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A Canon possui soluções completas para o ambiente hospitalar. São equipamentos de impressão e digitalização integrados com softwares, que permitem gestão de documentos, redução de custos, controle e segurança. Desde a entrada até o final de seus processos a Canon contribui para que seus projetos se tornem realidade, facilitando a sua rotina. MUDE PARA A CANON E DESCUBRA O QUE ANTES ERA IMPOSSÍVEL, HOJE É APENAS UM DETALHE.

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operadora

Cínthya Dávila • cinthya.davila@itmidia.com.br

acordo

O faturamento das pequenas e médias empresas representa 20% do PIB nacional. De olho nesta fatia de mercado, as operadoras de planos de saúde enxergam este público de forma promissora e capaz de manter a sustentabilidade do sistema no futuro. Da mesma forma, as companhias veem de forma vantajosa e menos onerosa investir na saúde dos funcionários

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esponsável por medir as taxas de empreendedorismo mundial, o estudo Global Entrepreneurship destacou que nos últimos anos o brasileiro passou a investir mais na abertura de novos negócios. De acordo com a pesquisa, o Brasil é o terceiro no mundo em números de empresas, atrás apenas da China e Estados Unidos, e ocupa o nono lugar no ranking de localidades com maior número de pessoas que abrem negócios no mundo. Com 27 milhões de pessoas envolvidas em um negócio próprio, essa realidade aponta que as pequenas e médias empresas (PMEs) vivem um momento de profissionalização e busca pela competitividade e permanência no mercado. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que essas companhias representam em média 20% do PIB brasileiro e são responsáveis por 60% dos 94 milhões de empregos no Brasil. A maior parte dos negócios locais estão na região sudeste, com quase três milhões de empresas e o setor preferencial é o comércio, seguido de serviços, indústria e construção civil. Desde o início desta década, a participação das PMEs vem obtendo mais destaque. No primeiro semestre de 2010, a receita real registrou um aumento de 10,7% comparado ao mesmo período de 2009. De acordo com o estudo, este indicador aponta que esses empreendimentos superam o ritmo de crescimento da economia brasileira. Atento ao crescimento e consolidação deste nicho de mercado, o setor suplementar brasileiro vê neste

segmento uma rica fatia de consumidores para oferecer planos de saúde. “As empresas estão com foco nesta área e brigando por ela, pois há uma diretriz de que passem a atuar mais com planos empresariais para pequenas e médias empresas. Além disso, os empregadores estão mais interessados em cuidar do bem-estar de seus funcionários”, afirma o sócio gerente da Contatto Consultoria, João Júnior. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que os planos coletivos com menos de 30 vidas representam 86,25% dos contratos de planos do País. Somando aproximadamente dois milhões de usuários, o que representa 11,73% do total de beneficiários. Desde o ano de 2005, a Bradesco Saúde tem se dedicado apenas à comercialização de planos coletivos. “O Brasil é o país latino-americano no qual as empresas oferecem mais benefícios aos funcionários e o plano de saúde é o segundo item mais desejado pelo consumidor brasileiro”, afirma o diretor técnico e operacional da Bradesco Saúde, Flávio Bitter. Fatores como esse foram importantes para que a operadora direcionasse sua atuação para atender às empresas. A SulAmérica também atuante apenas no nicho empresarial enxerga o ramo de pequenas e médias empresas como um foco de muitas oportunidades. “O número de PMEs aumenta anualmente. Além disso, a preocupação pela retenção de funcionários não está mais condicionada apenas as grandes corporações. E cada vez mais, o plano de saúde torna-se um aliado dessas companhias”, explica o diretor técnico e de produtos da SulAmérica Saúde, Maurício Lopes. O motivo principal para que as operadoras optem por planos coletivos é o fato de praticamente não haver regras para esta modalidade. De acordo com João Júnior, vale o que estiver no contrato da operadora com a empresa, sindicato, associação ou cooperativa. “O contrato não se submete aos limites de aumento estipulados pela ANS. E os rejustes são estabelecidos por meio de negociação entre as partes, possibilitando que a rescisão do documento seja feita unilateralmente pelas operadoras”. Ele complementa ao dizer que, em consonância com esta tendência, para os consumidores esses planos também são mais interessantes porque são vendidos por preços mais baixos do que os planos individuais.

Planos corPorativos, clientes autônomos Em junho de 2012, a carteira de pequenas e médias empresas da Bradesco Saúde (Segmento de Seguro para Pequenos Grupos “SPG” – que compreende de 04 a 99 vidas) atingiu o número de 520 mil vidas. Mostrando um crescimento de 35,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Flávio Bitter, Bradesco Saúde: O Brasil é o país latino-americano no qual as empresas oferecem mais benefícios aos funcionários e o plano de saúde é o segundo item mais desejado pelo consumidor Foto: Divulgação

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Já a SulAmérica, registrou no primeiro trimestre deste ano mais de 280 mil beneficiários de planos de saúde na categoria PME. E alcançou um crescimento de 21,1% no número de beneficiários, em comparação com o primeiro trimestre de 2011. Sozinho este segmento representa 17,3 % dos prêmios de saúde, informa Lopes. O que tem acontecido, de acordo com João Júnior é que, diante das facilidades apresentadas por estes planos, os profissionais liberais estão optando pelo corporativo ao invés do familiar. “Se ele for comprar um plano familiar vai pagar mais alto que o empresarial. E para a operadora é mais vantajoso oferecer um plano empresarial, uma vez que as pessoas estão vivendo mais e utilizando com mais frequências os serviços de saúde suplementar. Com o passar do tempo, os pacotes familiares vão trazer prejuízos para as empresas de saúde suplementar”. Com os planos empresariais é mais fácil para as operadoras oferecerem promoção e prevenção de saúde para os beneficiários, pois é possível direcionar os cuidados para um nicho específico dentro de uma companhia. Lopes conta que a SulAmérica possui opções voltadas para o tratamento de doenças crônicas. Ele conta que como as companhia têm o interesse de cuidar da saúde de seus funcionários, a operadora responde a essa demanda elaborando ações para estimular a qualidade de vida destes funcionários. “No futuro, se compararmos uma operadora A com um milhão de vidas atuando em planos particulares e uma B atuando com um milhão

de vidas em planos corporativos, daqui a 15 anos, a A terá problemas de sustentabilidade nos negócios, enquanto a B não, pois tem a possibilidade de fazer mais manobras do que a outra”, conta João Júnior. O superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), Luiz Augusto Carneiro, completa, ao dizer, que nos planos coletivos empresariais é mais fácil implantar programas como esses, pois são grupos fechados e com menor rotatividade. “Grande parte dos clientes que fazem planos individuais saem no primeiro ano por não utilizarem ou por não conseguirem pagar. Nos planos coletivos, essa desistência é menor”. Diferencial Ainda que o segmento de pequenas e médias empresas tenha começado a crescer no início da década, os planos direcionados para este público existem desde a década de 90, antes mesmo da criação da ANS. No geral, não existem muitas diferenças de benefícios como rede credenciada e facilidades entre estes pacotes e os direcionados para as grandes empresas. O diretor técnico e de produtos da SulAmérica Saúde afirma que a operadora possui uma rede de

reembolso no Brasil e exterior adequada ao plano do contratado, com preços regionalizados. A empresa instituiu esse serviço devido aos diferentes perfis de clientes que possui. Bitter fala que a Bradesco Saúde oferece a possibilidade de reembolso de procedimentos, reemissão em caso de falecimento do titular e assistência pessoal. Bem como produtos de abrangência nacional e outros com atendimento regionalizado. na cola Das oPeraDoras Com mais de 70% de beneficiários nos planos coletivos, a ANS quer regular os reajustes em planos desse segmento com menos de 30 beneficiários. Por isso, a Agência criou uma proposta para mudar as regras de reajustes destes planos. “O objetivo é fazer com que cada operadora tenha um único percentual de reajuste para toda a sua carteira de planos independente da região”, diz Carneiro. Ele alerta para o fato de que essa iniciativa pode engessar o mercado levando a uma desmotivação do setor e possível diminuição dos planos de saúde. Diante desta realidade, o executivo alerta que as operadoras têm de ser transparentes no momento de apresentar o

PMES EM núMERoS • RepResentam ceRca de 20% do pIB BRasIleIRo • ceRca de 60% dos 94 mIlhões de empRegados BRasIleIRos tRaBalham em pmes • planos coletIvos com menos de 30 vIdas coRRespondem à 86,25% dos contRatos de planos de saúde no país • as pmes são ResponsáveIs poR 520 mIl vIdas na caRteIRa da BRadesco saúde. • na sul améRIca, as pequenas e mIcRo empResas RepResentam 280 mIl BenefIcIáRIos

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operadora

Maurício Lopes, Sul América Saúde: A preocupação com a retenção de funcionários não está mais condicionada apenas as grandes corporações Foto: Ricardo Benichio

reajuste e explicar o motivo das mudanças nos custos. “Deve-se entregar mais informações para que a empresa se sinta segura e não pense que os planos de saúde são caixas pretas.” A agência está fazendo uma consulta pública que iniciou no dia 1º de agosto e vai até o dia (30/08), para fixar as regras sobre o cálculo dos reajustes. As sugestões à proposta de Resolução Normativa podem ser encaminhadas por meio do site da ANS. Carneiro mostra-se preocupado em relação ao futuro das operadoras. E alerta que é preciso que as operadoras incentivem seus funcionários a economizarem enquanto são jovens para ter dinheiro para gastar com saúde no futuro. “A população de idosos mais do que triplica enquanto a de jovens vai diminuir. Esse fenômeno deve ser observado com cuidado”. Ele encerra ao dizer que a melhor forma de se preparar para as próximas décadas é poupar e investir na própria saúde.

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RECURSOS HUMANOS

ESTRATÉGIA DE VERTICALIZAÇÃO: A SAÍDA PARA UM SISTEMA MAIS EFICIENTE

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RODRIGO ARAÚJO Sócio-Diretor Sênior responsável pela Especialização em Ciências da Vida e Saúde Korn / Ferry

sistema de saúde privado no Brasil ainda é extre- custos, pois o valor médio deste paciente é significamamente fragmentado, com 1.372 operadoras de tivamente maior que o de um “sadio”. planos de saúde, sendo que apenas 16% destas Com a estratégia de verticalização, as empresas concentram 80% dos clientes e 75% apresentam me- passam a ter mais controle sobre estes custos devinos de 10 mil funcionários. Esta característica mostra do ao aumento do poder de compras (especialmente o alto risco da maior parte dos negócios do setor, a insumos), maior poder de negociação em função da sua grande dificuldade de negociar com prestadores menor dependência do mercado e possibilidade de de serviços e de viabilizar investimentos em serviços direcionamento dos pacientes aos seus serviços própróprios. Para solucionar este desafio, as empresas prios. No entanto, apesar do benefício econômico ser estão adotando, cada vez mais, modelos de integração o grande impulsionador desta estratégia, as vantagens horizontal (consolidação de empresas da mesma etapa competitivas também são de alto impacto como barda cadeia produtiva) e integração vertical (associação reiras de entrada para novos competidores. de empresas de etapas distintas da cadeia). Este fenômeno pode gerar grandes oportunidades Há muitos anos, a integração vertical tornou-se uma para o sistema de saúde e implicações para os seus solução muito utilizada por empresas de diversos jogadores e lideranças. O desafio de todos está no setores da economia como ferramenta para viabili- desenvolvimento de um modelo que, quando bem zação do negócio e sustentação de seu crescimento. administrado, gere grandes benefícios para todos No entanto, na indústria da saúde este arranjo tem os stakeholders. se firmado recentemente e apresenta, basicamente, O ponto de equilíbrio do mercado está relacionado dois padrões: grupos de prestaà manutenção da qualidade do dores de serviço, principalmente serviço prestado aos beneficiários/ hospitais, que desenvolvem suas pacientes. Com uma cultura focada PARA O SUCESSO DESTA ESTRATÉGIA próprias empresas operadoras de na redução de custos, podem ser É NECESSÁRIO QUE A EMPRESA planos de saúde para atender as adotados protocolos clínicos muito TENHA UMA EQUIPE COM ALTO GRAU suas demandas; e operadoras de rígidos e que não atendam às neDE CONHECIMENTO SOBRE TODOS planos de saúde que, pressionadas cessidades dos clientes. O Brasil OS SEGMENTOS, E SEJA CAPAZ DE pelo grande aumento dos custos, precisa de empresas eficientes e passam a oferecer serviços próprios economicamente saudáveis, mas ENCARAR ESTE NOVO DESAFIO DE para os seus beneficiários, princio foco deve ser sempre a saúde FORMA CRIATIVA palmente hospitais e laboratórios. e o bem estar do paciente, acima Líderes do segmento da saúde apontam que os de qualquer coisa. Estes protocolos, também podem crescentes custos da indústria estão relacionados, interferir na autonomia e remuneração dos médicos, principalmente, à utilização inadequada dos recursos mas o limite deve estar na qualidade do tratamento disponíveis (aumento da sinistralidade). Com maior prestado por eles. número de beneficiários, houve aumento de consultas Para o sucesso desta estratégia é necessário que a médicas desnecessárias. Outro fator importante foi o empresa tenha uma equipe com alto grau de conhedecréscimo da remuneração por procedimento para o cimento sobre todos os segmentos, e seja capaz de médico, que passou a solicitar uma quantidade maior encarar este novo desafio de forma criativa, buscande exames/procedimentos aos seus pacientes visan- do soluções não tradicionais que impactem de forma do ao aumento do volume e, consequentemente, da positiva toda a cadeia. Desta forma, o sinergismo será receita. Além disso, a elevada quantidade de idosos compensado e a população terá acesso a um sistema e pacientes com doenças crônicas também refletiu nos de saúde muito mais eficiente.

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política e regulamentação

Estudos clínicos ganham

agilidade no Brasil Gilberto Pavoni Junior • editorialsaude@itmidia.com.br

País ganha pelo menos três meses de rapidez entre a pesquisa e a aprovação de novos medicamentos para o mercado. Setor aplaude decisão da Anvisa, mas já se prepara para novas batalhas para agilizar ainda mais os resultados

O

s estudos clínicos devem ficar pelo menos três meses mais rápidos no Brasil e isso irá beneficiar diretamente a capacidade do País de desenvolver e comercializar novos medicamentos. A mudança é fruto de decisão recente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de agilizar análises em pesquisas que já tenham sido aprovadas previamente em órgãos reconhecidos como o americano Food and Drug Administration (FDA) e a European Medicines Agency. Antes da decisão o processo da entidade demorava cerca de seis meses. A medida foi aplaudida pelo setor e pesquisadores. “O principal ganho nesse momento não é em termos de tempo, o importante é que a Anvisa deu o primeiro passo e mostrou para o mercado que está decidida a mudar a lentidão que existia”, comenta o diretor da Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisas Clínicas (Abracro), Charles Schmidt. Para ele, ainda existem processos a serem melhorados no sistema que inclui o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que ainda contam com morosidade, falta de recursos e duplicidade de atribuições. “A associação e outros representantes do setor irão reforçar o trabalho para mostrar que existe necessidade de descentralizar e melhorar os processos eletrônicos adotados recentemente que ainda apresentam falhas”, diz, referindo-se à Plataforma Brasil, um sistema digital para cadastro e envio de estudos que começou a funcionar no começo de 2012. Esse será o próximo passo do setor na tentativa de melhorar a posição do Brasil no mercado internacional de estudos clínicos. “Não queremos fragilizar o conteúdo ético das decisões desses órgãos,

queremos apenas melhorar estrutura e processos”, adianta o presidente executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Antônio Britto. A entidade também aplaudiu a decisão da Anvisa de agilizar as aprovações de estudos e chegou a mandar oficialmente os parabéns para a agência. O entusiasmo da Interfarma, mesmo com o pouco desperdício de tempo eliminado, é explicado pelas oportunidades futuras que as pesquisas ganharam e pelo sinal claro que o Brasil decidiu avançar na rapidez. A entidade participa a pelo menos três anos de reuniões para tomar medidas que agilizem os estudos clínicos. A nova decisão da Anvisa de aceitar os processos de aprovação internacionais e evitar que as pesquisas tenham um recomeço do zero no Brasil foi considerada um sinal de entendimento e força do setor. “O País estava perdendo oportunidades futuras de mercado consumindo pelo menos o dobro do tempo de outros países para as aprovações”, comenta Britto. A expectativa do setor é que a medida adotada inicie um efeito cascata e beneficie todos os envolvidos nas pesquisas. “Não temos importância somente pelo mercado consumidor, mas também temos excelentes pesquisadores e perfil genético e demográfico que são muito ricos para a realização de estudos clínicos”, enfatiza Brito. Segundo ele, estudiosos, voluntários das pesquisas e consumidores devem ser os principais beneficiados. Atualmente no Brasil, 80% dos estudos de pesquisa clínica para desenvolvimento de novos medicamentos são conduzidos por empresas multinacionais. O perfil de pesquisa clínica de medicamentos no País, divulgado pela Anvisa em setembro de 2011, aponta

que a agência autoriza a realização, em média, de 200 estudos clínicos por ano. No período entre 2003 e 2010, 80% dos pedidos foram autorizados. As atividades de pesquisa clínica, no Brasil, estão concentradas em estudos da fase III. São aqueles realizados em grandes e variados grupos de pacientes com o objetivo de determinar o resultado em termos de risco e benefício das formulações do princípio ativo a curto e longo prazo. Cerca de 60% estão nesta categoria. As pesquisas atuam de forma decisiva no desenvolvimento de nações, trazendo benefícios diretos e indiretos. O País também se beneficia de investimentos feitos em pesquisadores e no mercado consumidor, trazendo divisas não só para a produção, mas também para a comercialização, aberturas de vagas e divulgação. O fenômeno da globalização das economias tem pressionado os órgãos regulamentares de vários países a seguir padrões internacionais de rapidez e qualidade nos estudos e liberação de resultados. Mas os sistemas de saúde complexos e desenvolvidos de forma independente por vários países ainda não adotaram por completo essa tendência internacional. O setor envolvido com pesquisas no Brasil espera que a partir da decisão da Anvisa outras mudanças comecem a surgir no horizonte. “Hoje os conselhos de ética chegam a interferir na logística dos estudos e isso é uma decisão do pesquisador, baseada em todo seu conhecimento”, aponta o pesquisador e autor de livros sobre estudos clínicos, Daniel Rossi. Para ele, a decisão da Anvisa foi um passo adiante para resolver o cenário de morosidade que impedia o avanço das pesquisas no Brasil. “O desafio agora é trazer o mesmo avanço para as decisões sobre ética”, diz.

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medicina diagnóstica

em nome

do pai Cínthya Dávila • cinthya.davila@itmidia.com.br

Com uma gestão familiar, o laboratório Marcos Daniel, do Espírito Santo, foca parte de sua atuação dentro dos hospitais. Mesmo que seus gestores vejam essa demanda de mercado como uma área de muito trabalho, acreditam que ela contribui para a instituição ganhar maior projeção no setor. Sem se intimidar diante das fusões e aquisições da área, a empresa quer ser referência além do Estado

que você faria se alguém lhe pedisse para atuar em um segmento do setor da saúde onde se tem muito trabalho e pouco lucro? Certamente a maioria dos players não se arriscaria em um negócio com tais características. No entanto, para um bom administrador, o improvável é só uma questão de direcionamento de foco e quem tem vontade de prosperar consegue ver no desafio uma oportunidade. Esse é o pensamento do diretor executivo, Ricardo Neander e do diretor técnico, Marcos Daniel de Deus Santos Filho, do laboratório Marcos Daniel, localizado no Espírito Santo. O laboratório foca parte de sua expertise atuando em parcerias dentro dos próprios hospitais.“Atualmente são poucos os laboratórios que se disponibilizam para realizar atendimento dentro dos hospitais. Esse nicho demanda muito trabalho e pouco lucro. Além disso, as fontes

pagadoras não fazem distinção entre um exame realizado por um laboratório fruto de uma verticalização ou um terceirizado”, afirma Neander. O Marcos Daniel foi fundado em 1968 pelo hematologista Marcos Daniel Santos dentro do Hospital Santa Mônica, em Vila Velha (ES). Em 1995, Ricardo Neander e seu irmão Marcos Daniel Filho, já à frente da companhia, homenagearam o pai colocando o seu nome na instituição. No ano de 2006, Marcos Daniel Santos faleceu e deixou em seus filhos não apenas o DNA genético, mas também o de negócios. Hoje, além do Santa Mônica, a marca realiza exames de análises clínicas em mais dois hospitais e em 14 postos de coleta formando uma rede de 17 unidades de negócio espalhados por Vitória, Serra, Guarapari e Cariacica no Espírito Santo. “Herdamos a vontade de trabalhar do nosso pai. E esse é um dos fatores que nos motiva a atuar junto aos hospitais, pois isso faz com que o laboratório fique conhecido entre os profissionais do setor e alavanque o nosso negócio”, afirma Neander. Melhorias O aumento pela busca da acreditação também é um fator positivo para o laboratório atender essa demanda de mercado. Isso porque os laboratórios também são avaliados pelas entidades acreditadoras, e os hospitais

estão vendo que para conseguir esse selo é importante possuir um departamento qualificado para a realização de exames."Na minha opinião, os hospitais não devem fazer exames laboratoriais. Um departamento como esse merece atenção e não deve ser visto como a última "salinha" da instituição", diz o executivo. “Os laboratórios possuem grande importância no processo de certificação. Dentro do Manual de Acreditação existe um conjunto de normas e padrões específicos para laboratórios clínicos”, afirma o coordenador de educação e diretor de relações institucionais do Consórcio Brasileiro de Acreditação, Heleno Costa Júnior. O executivo conta que as exigências para esses serviços são altas, pois têm total importância no processo de avaliação do paciente. Isso porque é muito difícil uma pessoa dar entrada no hospital e não precisar de um exame clínico” Na contramão das tendências de mercado, Neander acredita que mais do que robustez de equipamentos, uma instituição dessa área precisa ser veloz para atender às demandas dos hospitais e pacientes. No intuito de aprimorar a gestão de processos da instituição, o laboratório renovou o seu parque de servidores e investiu mais de R$100 mil na conexão de todas as unidades. A empresa também está buscando maior segurança e interconexão em sua estrutura de TI. No último semestre, o laboratório começou a atuar ativamente junto às redes sociais para aumentar sua

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Laboratório Serra • 4 unidades Vitória • 3 unidades Caricácia • 1 unidade Guarapari • 1unidade

LoCaLização dos CENTros dE CoLETa

Marcos daniel Projeção de faturamento para 2012: R$ 25 milhões Número de funcionários: 210 Exames: 160 mil / mês Total de Unidades: 17 Centros de Coleta: 14 Unidades dentro de hospitais: 3 Hospitais onde atua: Central Integrada de Assistência à Saúde – Unimed em Vitória, Santa Mônica em Vila Velha, Hospital Metropolitano em Serra (ES).

Foto: Divulgação

Vila Velha • 5 Unidades

credibilidade perante o público. “Realizamos ações no Facebook, Twitter, blog e até mesmo no Instagram. Queremos oferecer um canal aberto com o público. E procuramos dar um feedback para as solicitações que recebemos em no máximo três horas”. O conteúdo divulgado nas redes sociais engloba diferentes assuntos de saúde, mas, vale lembrar que esses itens passam por uma triagem da equipe para evitar a publicação de alguma mensagem equivocada. Projeções Fomentar uma participação nas redes sociais está atrelada à estratégia da empresa de faturar R$ 25 milhões este ano. Mas Neander sabe que não só de tecnologia se faz uma boa gestão. Para ele, o fato de dividir a administração do laboratório com seu irmão tem sido um fator qualitativo para a história do Marcos Daniel. “Quando o fio tem mais cordas não arrebenta facilmente. Meu irmão é mais focado nas questões relacionadas à medicina e eu atuo ativamente na administração, juntos fazemos gestão em saúde”. Nos últimos três anos, o laborató-

Marcos daniel Filho e ricardo Neander: marca dentro dos hospitais alavanca negócios rio aumentou de 60 para 210 funcionários e ultrapassou 160 mil exames de análises clínicas/mês. O executivo atribui esse resultado a uma política de trabalho onde os funcionários são capacitados e tratados de forma humana e profissional, junto de uma gestão transparente e focada em melhorias. Atualmente o laboratório atende somente saúde suplementar e particular, mas há pretensão de atuar junto ao SUS. Além disso, o Marcos Daniel está estudando

as propostas que recebeu para levar sua marca para além das fronteiras do Espírito Santo. Os executivos são confiantes em afirmar que mesmo com o grande número de fusões e aquisições no mercado laboratorial, conseguem se manter competitivos fazendo uma gestão familiar. Marcos Daniel explica que os resultados produtivos da instituição vão além de administração. “Temos Deus e Santos no nosso sobrenome, estamos protegidos.”

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indústria

O ladO ObscurO dOs

genéricos

Enquanto as vendas crescem acima dos 20% ao ano e movimentam bilhões, os centros de bioequivalência- parte fundamental para a produção dos medicamentos - clamam por socorro frentes aos concorrentes internacionais Verena Souza • vsouza@itmidia.com.br

O

ano de 1999 foi marcado pela implantação da política que regulamenta os genéricos, fiscalizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A partir de então, o governo investiu no setor para fomentar a produção desses medicamentos no País que, nos seis primeiros meses deste ano, movimentaram R$ 5,1 bilhões – um salto de 34,2% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos). Os resultados do segmento evidenciam um mercado promissor, em que as vendas em volume crescem acima dos 20% ao ano, impulsionando, dessa forma, o acesso da população a remédios que custam em média 50% menos do que os chamados de referência. Nesse contexto, onde a projeção de vendas de 2012 está na casa dos 25%, há uma realidade de números decrescentes devido à contração de demanda. Tão incentivados, há décadas pelo poder público, os centros de bioequivalências nacionais – responsáveis por testar a eficácia e qualidade dos medicamentos – estão minguando ao concorrer com os centros internacionais, principalmente os indianos. Com o introdução dos genéricos, a Anvisa registrou centros fora do Brasil para agilizar o abastecimento do mercado e, segundo o presidente da Associação Brasileira de Centros de Biodisponibilidade e Bioequivalência (ACBIO), Eduardo Abib, essa prática foi se consolidando até que, em 2011, o número de centros internacionais autorizados pela Anvisa ultrapassou os nacionais (veja tabela).

No último ano, pelos menos três unidades brasileiras fecharam as portas, o que representam 15% do mercado. E, junto com tais estabelecimentos, vão-se também “investimentos em alta tecnologia, profissionais especializados e conhecimento científico”, diz Rafael Eliseo Barrientos, gerente de análises bioquímicas da Magabi Pesquisas Clínicas, pertencente ao grupo Eurofarma, e vice-presidente da ACBIO. A demanda, por exemplo, do Núcleo de Bioequivalência e Ensaios Clínicos (Nubec), vinculado à Universidade Federal de São Paulo, caiu 80% no último ano. “Os tributos aqui no Brasil são elevadíssimos, não conseguimos concorrer com os indianos em termos de tecnologia e infraestrutura”, comenta a gerente de projeto do Nubec, Mineko Tominaga. Para Barrientos, dois são os motivos que geram as dificuldades enfrentadas pelos centros. O primeiro deles é consequência da adequação da produção de medicamentos similares nos mesmos moldes dos genéricos - regra estabelecida em 2003, com obrigatoriedade até 2013. “Houve um boom por causa da necessidade de se adequarem, mas, agora, 90% já estão em conformidade com a normativa”, explica. A concorrência internacional é o segundo. “Há um ano, os centros internacionais passaram a ser mais competitivos devido ao artifício cambial. O real estava desvalorizado em relação ao dólar”, afirma Barrientos, completando que esse cenário está mudando em favor do Brasil. Outros fatores que contemplam o chamado Custo Brasil deixam as unidades nacionais

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Três fases para O TesTe

Centro de bioequivalência Magabi em sp: Custo Brasil deixa as unidades nacionais em desvantagem Foto: Divulgação

BiodisponiBilidade e Bioequivalência 25 centros nacionais certificados Ceará UNIFAC – Universidade Federal do Ceará Universidade / Unidade de Farmacologia Clínica Goiás ICF - Instituto de Ciências Farmacêuticas de Estudos e Pesquisas S/S Ltda Minas Gerais Cebio- Centro de Pesquisa em Biotecnologia Ltda Instituto Hermes Pardini Ltda Paraná Biocinese - Centro de Estudos Biofarmacêuticos Ltda - ME PernaMbuCo Universidade Federal de Pernambuco/ Núcleo de Desenvolvimento Farmacêutico e Cosmético - Nudfac rio de Janeiro Programa de Biofarmácia e Farmacometria da Faculdade de Farmácia/Universidade Federal do Rio de Janeiro - PBF rio Grande do sul Universidade Federal de Santa Maria/Centro de Estudos de Biodisponibilidade e Farmacocinética - Cebifar são Paulo Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina – SPDM / Núcleo de Bioequivalencia e Ensaios Clínicos - Nubec Bioagri Laboratórios Ltda Biocrom - Unidade de Farmacocinética/Associação Fundo de Pesquisa a Psicofarmacologia Casa de Nossa Senhora da Paz - Ação Social Franciscana/Unifag Centro Avançado de Estudos e Pesquisas Ltda – Caep Core Pesquisas ClínicasLtda Faculdade de Ciências Farmacêutica de Ribeirão Preto - USP Fundação Instituto de Pesquisas Farmacêuticas - Fipfarma/ Laboratório de Biofarmacotécnica - Biofar/FCF/USP Galeno Desenvolvimento de Pesquisas LAL Clínica Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Ltda Magabi Pesquisas Clínicas e Farmacêuticas Ltda Maxilabor Diagnósticos S/C Ltda MCM Análises Laboratoriais S.A. – Chromanalysis Scentryphar Pesquisa Clínica Ltda Statpharm Consultoria Científica Ltda Scentryphar Analítica Synchrophar - Assessoria e Desenvolvimento de Projetos Clínicos S/C Ltda T&E Analítica Comércio e Análises Químicas Ltda

1 - Clínica: estabelece-se o protocolo clínico, onde as responsabilidades do patrocinador do estudo e do centro são atribuídas. O documento é submetido à autorização do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Inicia-se a internação dos voluntários pessoas sadias, que se submetem ao teste. Coleta das amostras de sangue para verificar se houve absorção do princípio ativo no corpo do genérico, na mesma proporção do medicamento referência. 2 - Analítica: Envio do laudo para a análise estatística. Um software faz o cálculo da bioequivalência, expressa em números. Para a comercialização dos genéricos dois critérios precisam ser atendidos: quantidade e velocidade liberadas do fármaco no corpo iguais aos do medicamento referência. 3 – Estatística: Resultado da bioequivalência. Se está de acordo com os parâmetros estabelecidos pela Anvisa. *Média de três anos para colocar um genérico no mercado. Anvisa leva, em geral, um ano para aprovar o dossiê enviado pelos centros.

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indústria

em desvantagem como, por exemplo, o alto custo da mão de obra local, tendo em vista o perfil de mestres e doutores necessários para a área; 35% de tributos durante o processo de importação do Espectrômetro de Massas (LC-MS/MS) – equipamento para a bioequivalência -, em comparação à taxa de 10% da Índia; e preços elevados com manutenção, já que não existem no País os aparelhos específicos para os testes e nem técnicos qualificados. Além disso, um centro indiano cobra, em média, US$ 30 por amostra, preço 45% menor do que o brasileiro. “Há 12 meses, praticávamos preços por volta de R$ 70 por amostra, hoje é muito difícil passar de R$ 55”, lamenta o executivo da Magabi. “Vários centros estão migrando para outro ramo de atividade, como análises clínicas, ou fazendo dosagens de aditivos na área de alimentos. Isso reflete uma perda em investimentos e recursos humanos ao longo dos últimos dez anos”, diz Mineko. Ao que tudo indica a oferta de genéricos não sofrerá impactos, já que os laboratórios continuam a fabricá-los e testá-los, seja dentro ou fora do País. Os critérios analisados por uma indústria farmacêutica na hora de escolher um centro são: prazo, preço e qualidade. Na visão dos especialistas, o quesito preço é o grande responsável pela contração da demanda. “Cada empresa escolhe de acordo com sua estratégia. O que importa é se elas estão cumprindo a legislação”, afirma a presidente da Pró-Genéricos, Telmas Salles. PaPel da anvisa Apesar de existirem mais de 20 centros certificados pela Anvisa fora do País, a Agência não possui nenhum controle dos processos no exterior – diferentemente da realidade local, em que tudo é computado em um sistema integrado. De acordo com Barrientos, depois de muitas tentativas junto ao órgão em defesa dos centros, a Anvisa sinalizou que os sistemas online para a submissão dos dossiês nacionais são priorizados em relação aos internacionais, que chegam em papel, por correio. “Isso gera uma vantagem competitiva para nós. Esse sistema é relativamente novo, cerca de um ano, e ainda não mensuramos se isso é verídico”. Com o novo sistema, a redução de tempo para a liberação do produto, de acordo com o órgão regulador, seria de 50%, ou seja, de um ano para seis meses. A preocupação de Abib, presidente da ACBIO, reside no potencial que esses estabelecimentos representam para a credibilidade do Brasil no exterior, na possibilidade de conhecimento científico e tecnológico e desenvolvimento de projetos complexos. Algo que certamente deva interessar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, afinal, esses possíveis ganhos poderiam ser a vitrine de seu trabalho. Entretanto, devido ao período de greve no mês de julho, a agência não concedeu entrevista à FH.

“Os iMpOsTOs aqui nO Brasil sãO elevadíssiMOs, nãO COnseguiMOs COnCOrrer COM Os indianOs eM TerMOs de TeCnOlOgia e infraesTruTura” MInEkO tOMInAgA, dO nUBEC

26 centros internacionais de BiodisponiBilidade/Bioequivalência certificados arGentina Diffucap - Eurand S.A.C.FI. austrália Q-pharm Pty Limited Tetraq Quality Preclinical Solutions Canadá Algorithme Pharma Inc. Anapharm Inc. eslovênia Lek Pharmaceuticals D.D estados unidos Bioanalytical Systems Inc (BASI) Índia Accutest Research Laboratories (I) Pvt Ltd Axis Clinical Ltd. Bombay Bioresearch Center (BBRC) Clinsys Clinical Research Ltd Fortis Clinical Research Limited Glenmark Generics Research Center GVK Biosciences Pvt Ltd. Lambda Therapeutic Research Pvt. Ltd. Lotus Labs Pvt. Ltd. Macleods Pharmaceuticals Limited. Ranbaxy Research Laboratories Reliance Life Sciences SUN Pharmaceutical Industries LTD Torrent Pharmaceutical Ltd Veeda Clinical Research Pvt. Ltd. Zydus Research Center itália Mader S.R.L. R&D LABS. irlanda do norte MDS Pharma Services GB Limited

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indústria

Verena Souza • vsouza@itmidia.com.br

Além do

Core Business Como uma empresa relativamente nova no setor e com um vasto mercado ainda a ser galgado – o de medicamentos especiais - tem crescido 60% ao ano? A resposta parece estar em sua capacidade de inovar e apostar em novos nichos

A

Além dA distribuição

sociedade que se informa, se agita e se transforma será uma sociedade cada vez mais exigente em termos éticos. A inovação será o elemento definidor entre vitoriosos e derrotados. Nesse mundo fantástico de descobertas diárias, haverá quem delas participe ativamente, capacitando melhor seus profissionais, atendendo primeiro, e melhor, a seus pacientes, gerando conhecimento, descobertas e, a partir delas, viabilizando resultados, inclusive econômicos para países e instituições.” O trecho, de autoria do presidente-executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfama), Antônio Britto, escrito especialmente para a FH, encaixa-se perfeitamente com

as diretrizes da 4BIO, que começou sua atuação como distribuidora de medicamentos especiais e hoje já está até no mercado de home care. “Atender bem e agregar serviços percebendo as necessidades do mercado são os nossos objetivos”, conta o sócio-fundador André Kina, que enxergou, durante um MBA, uma grande oportunidade no segmento de medicamentos de alta tecnologia. Assim, em 2004, criou a distribuidora que cresce em média 60% ao ano e, hoje, fatura R$ 43,5 milhões e projeta alcançar a casa dos R$ 100 milhões em três anos - impulsionada por um portfólio em expansão. “Nosso objetivo é ser a maior em medicamentos especiais do setor privado brasileiro”, enfatiza Kina, ressaltando que a companhia é, hoje, líder de mercado no segmento de infertilidade e contraceptivos de alto custo. Considerando a receita das empresas com esse perfil, a Oncoprod, atualmente, é quem ocupa a primeira colocação entre as empresas de logística de medicamentos, com um faturamento em torno de R$ 1 bilhão. Entretanto, a companhia atua também na esfera pública, distribuindo medicamentos fabricados por mais de 50 laboratórios farmacêuticos nacionais e estrangeiros. Entre os medicamentos especiais, que requerem armazenagem e transporte diferenciado, estão os biotecnológicos. Estes movimentam cerca de R$ 3,8 bilhões por ano, sendo que cerca de 60% das empresas fabricantes dependem de financiamento do governo. Apesar disso, de acordo com Kina, a tendência - com o avanço desses medicamentos no País - é que o governo elimine o distribuidor, efetuando a compra diretamente do laboratório. Por este moti-

Cursos online gratuitos de gestão de clínicas e consultórios para médicos e profissionais na saúde

Departamento de uso contínuo para doentes crônicos: uma equipe de call center faz o acompanhamento ativo, receptivo e envio dos medicamentos especiais

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vo, o executivo prefere deter-se apenas ao segmento privado, pulverizado por natureza. Para se ter uma ideia, os principais lançamentos da indústria farmacêutica nos EUA são provenientes da biotecnologia, que utiliza as células e outros organismos vivos para tratar doenças. “A expectativa de participação dos biotecnológicos no mercado americano é de aproximadamente 25% do total. No Brasil não existem dados oficias, mas sabemos que as indústrias e seus lançamentos estão a caminho”, afirma o executivo. A criação de duas superfarmacêuticas, especializadas em biotecnologia e financiadas em R$ 500 milhões cada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) denotam os esforços do governo em incentivar as pesquisas nessa área. Uma é formada pelos laboratórios Aché, EMS, Hypermarcas e União Química, e outra pelo Biolab, Cristália, Eurofarma e Libbs. Home Care Depois de pesquisar modelos semelhantes nos EUA e perceber a demanda por parte de operadoras brasileiras surgiu a 4BIO Home Care, com o intuito de auxiliar os pacientes na aplicação de medicamentos. Em parceria com o Saútil, a ideia saiu do papel e já é possível agendar a visita de um enfermeiro até o domicílio do cliente. O serviço está sendo ofertado tanto para clínicas, operadoras e pessoas físicas. “Um dos pacotes que fizemos para a Tempo Saúde gerou uma economia para a seguradora de quase 20%”, conta Kina, lembrando que o preço de um serviço como esse é de R$ 200.

Kina, da 4bio: empresa projeta faturamento de R$ 100 milhões impulsionada pela expansão do portfolio

DiferenCial Atenta ao crescimento orgânico e ao desenvolvimento da indústria farmacêutica brasileira, a 4Bio tem investido em serviços que complementam a distribuição que, por si só, exige alta expertise em tecnologia. Um exemplo disso é a nova câmara-fria com um chip capaz de monitorar a temperatura do produto que, em geral, varia de 2 a 8 graus Celsius, a fim de preservar as propriedades terapêuticas do medicamento. A aplicabilidade dos produtos especiais destina-se a diferentes áreas como: Reprodução humana, Endocrinologia, Oncologia, Pediatria, Neurologia, Oftalmologia, Urologia, entre outros. A logística para a distribuição de tais produtos exige avançado sistema de rastreabilidade e monitoramento 24 horas. De acordo com Kina, a 4BIO realiza entregas em todo o Brasil em até 48 horas por meio de parceiros estratégicos. A companhia é aúnica do seguimento que possui a certificação de qualidade ISO 9001:2008.

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Serviços de home care: disponibiliza gratuitamente em seu website vídeos explicativos para auxiliar o manuseio e aplicação de alguns medicamentos; equipe de enfermagem preparada para sanar eventuais dúvidas; e para pacientes que necessitam de assistência sobre os produtos adquiridos, um profissional da saúde desloca-se até a residência do paciente para auxiliá-lo na aplicação

Vendas online (e-commerce) e alertas via SMS com informações sobre os pedidos realizados e confirmação das entregas; além de cotação de preços via tablets e smartphones

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tecnologia

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onda de relacionamento e interatividade da internet está incrementando a relação entre pacientes e médicos. Pelo menos cinco sites de agendamento de consultas online foram lançados no País recentemente: YepDoc, AvalDoc, Go2Doc, ConsultaClick e Dr. Busca. Planos de saúde estão, aos poucos, aderindo à ferramenta. A referência para o serviço é o portal norte-americano ZocDoc. Fundado em 2007, o site informa a disponibilidade de 7 milhões de horários, procurados por cerca de 1,2 milhão de usuários por mês. O modelo de negócios costuma basear-se na oferta do agendamento online gratuitamente para o público, que pode buscar um médico ou outros profissionais de saúde por especialidade, local e operadora/plano. O faturamento vem de mensalidades pagas pelos médicos e profissionais cadastrados e, em alguns casos, de serviços complementares e publicidade online. "Começamos com o agendamento, dentro da cultura de aproximar pacientes e profissionais da saúde. Futuramente, trabalharemos com publicidade contextualizada e conteúdo, tanto para usuários como profissionais", conta o sócio fundador e diretor

executivo da ConsultaClick, João Paulo Nogueira Ribeiro. O médico e empreendedor projetou o negócio em parceria com um sócio português e a empresa foi inaugurada em Portugal em junho de 2011, chegando ao Brasil em novembro. A companhia também está presente na Espanha e Romênia, com negociações avançadas para entrar na Bélgica. Ribeiro aposta no potencial de mercado para o agendamento online. "Além do modelo já validado pelo ZocDoc, nos Estados Unidos, já expandimos as operações para outros países", observa. No Brasil, há cerca de 400 mil médicos, sem contar os outros profissionais que entram na conta de potenciais pagantes das assinaturas. "Agora vemos muitos sites sendo lançados, mas há espaço para alguns players, que devem se consolidar, além de provedores voltados a nichos de mercado", avalia. Uma das estratégias de divulgação do serviço no Brasil foi a criação de uma página no Facebook. "Em três meses, tínhamos 160 mil seguidores", afirma Ribeiro. "A campanha de marketing, de fato, terá início em julho. Nossos dados preliminares indicam crescimento de 100% a 120% ao mês na base de usuários", comenta.

Ligia Sanchez • editorialsaude@itmidia.com.br

IntermedIárIo

online

Sites de agendamento de consultas médicas pela internet começam a operar no País, trazendo novas questões para a relação entre planos, médicos e pacientes

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Inaugurado em maio, o AvalDoc tem cerca de 350 profissionais cadastrados, a maioria médicos. "Temos uma média de quatro mil usuários por dia, quase 100 mil por mês", afirma o sócio David Pares. O Yep Docs, lançado em abril, utiliza a métrica de horários disponíveis para consulta para avaliar o desempenho do negócio. "Começamos a operar com 20 mil horários disponíveis. A meta era chegar ao fim do ano com 500 mil, mas já atingimos 300 mil, o que levou a nova projeção de 800 mil", afirma o sócio e fundador Paulo Picini. Pares, do AvalDoc, afirma que o site de agendamento online não influencia o relacionamento de médicos e pacientes com as operadoras de planos de saúde. "Quem escolhe seus parceiros e preenche o cadastro no site é o próprio profissional." Ribeiro ressalta as vantagens do serviço para médicos, principalmente autônomos: aumento de visibilidade, maximização da agenda, redução de gastos com telefonia (confirmação de consultas por SMS e email), otimização do trabalho das secretárias e exposição para iniciantes. CAUTELA Com a novidade do serviço e do modelo de negócios, a relação dos planos de saúde com os sites de agendamento não está consolidada. A Unimed BH oferece, desde 2011, o agendamento online

de consultas em seu portal. “Desenvolvemos uma ferramenta inteligente e segura, baseada na premissa de oferecer segurança e simplicidade a médicos e pacientes”, afirma o diretor de Provimento de Saúde da Unimed-BH, Luiz Otávio Andrade. O resultado da iniciativa está de acordo com a aposta dos novos players: crescente adesão de médicos, com 1,3 mil cadastrados, de um total de 4 mil potenciais - da rede da operadora. “Temos 180 mil usuários, de um universo de 1 milhão de clientes na região metropolitana de Belo Horizonte, onde o serviço está disponível. O nível de satisfação é de mais de 90%”, relata Andrade. O diretor declara que a Unimed BH tem acompanhado com preocupação o movimento dos sites de agendamento online. As principais questões são a segurança dos dados e a regulamentação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) referente à relação médico-paciente. “Nosso diferencial é que o sistema de marcação utiliza nossa base de dados. Quando um paciente agenda um horário, o médico tem certeza que é um cliente ativo”, afirma. Picini, da YepDoc, afirma que sua plataforma utiliza sistema de segurança da informação de servidores e dados encriptados. “Os profissionais de saúde só têm acesso a dados de quem marca consulta com eles. Por contrato, não divulgamos histórico e detalhes de marcação, são dados restritos”.

"COMEÇAMOS COM O AGENDAMENTO, DENTRO DA CULTURA DE APROXIMAR PACIENTES E PROFISSIONAIS DA SAÚDE. FUTURAMENTE, TRABALHAREMOS COM PUBLICIDADE CONTEXTUALIZADA E CONTEÚDO, TANTO PARA USUÁRIOS COMO PROFISSIONAIS" JOÃO PAULO NOGUEIRA RIBEIRO, DA CONSULTACLICK

o SUS nA ReDe O sistema público de saúde também ganhou uma forcinha da internet. Não para marcar consultas, mas para disseminar informações. O projeto Saútil, lançado em janeiro de 2011, oferece um banco de dados atualizado diariamente com informações dos serviços e produtos oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). É possível consultar informações sobre mais de 2,4 mil itens de medicamentos, 3,5 mil exames, 80 de equipamentos e 110 de consultas nas capitais e principais cidades do País, num total de 3,8 mil municípios. O site utiliza mecanismos simples de busca, pelas categorias de medicamentos, vacinação, consultas e exames, equipamentos e oxigênio e unidades de saúde. O serviço gratuito para a população tem por trás um modelo de negócios estruturado, com metas agressivas. “O projeto é bem escalável. A previsão é de receita de R$ 350 mil neste ano, com projeção de faturar R$ 12 milhões em três anos”, afirma Fernando Fernandes, um dos quatro fundadores. O modelo de negócios baseia-se em patrocinadores; um serviço de concierge, voltado a empresas, pelo qual orienta funcionários a obter serviços de saúde; projetos para a indústria farmacêutica e planos de saúde, além de programas personalizados, de geolocalizaçao.

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Radiologia

“on the road" O presidente dO CentrO de MediCina dr. GhelfOnd, Charles GhelfOnd, nãO é dO tipO que surpreende, para ele nãO existeM Muitas COisas na vida diGnas de lhe Causar espantO. eM sua estrada de vida, história de exaMes realizadOs sObre rOdas, assaltO de equipaMentOs e ultrassOM de baleia perMeiaM as difiCuldades de uM Grande eMpreendedOr Cínthya Dávila • cinthya.davila@itmidia.com.br

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eu jovem, eu aconselho você a não fazer medicina. O setor está cada vez mais mercantilizado e menos personalizado. Você não vai gostar”. Esse foi o conselho dado ao, na época, vestibulando Charles Ghelfond, por um médico italiano radiologista amigo de seu pai. Contrariando a recomendação, Ghelfond se formou em medicina e decidiu que além de cuidar de pessoas, sua especialidade também seria surpreender as expectativas. Vale lembrar que a segunda característica ele só iria descobrir depois. Para contar sua trajetória, o médico recebeu a reportagem da revista FH, em seu laboratório, na capital paulista, numa manhã de julho. Voltando ao início da história. Para se ter uma ideia de como o médico italiano era contrário a ideia de cursar medicina, Ghelfond conta como foi a recepção. “Os meus pais haviam organizado uma festinha para mim quando souberam que passei no vestibular. Esse amigo deles foi a nossa casa vestido de preto dizendo que estava de luto por causa da minha decisão”. No entanto, o amigo da família fez a única recomendação que futuramente seria atendida pelo médico: “já que você quer fazer medicina, pelo menos se especialize em radiologia”, disse ele em tom enfático, quase como uma ordem. Ele seguiu o conselho, mas esse foi um dos poucos que Ghelfond adotou em sua vida. Não por birra ou por se gabar, mas porque a prática de ouvir os seus instintos tem sido a mais eficaz diante dos fatos que a vida lhe mostrou. O interesse pela área de imagens surgiu no terceiro ano da faculdade. Naquela época, aos finais de semana quando deixava a sala de aula da PUC-SP, em Sorocaba, no interior do estado, ele voltava para casa, na capital paulistana, visitava o amigo dos pais no consultório dele. “O que me levou a gostar de radiologia era que não havia distinção entre os pacientes que eu via na faculdade e os atendidos no consultório particular. Os dois tinham de ser atendidos da mesma forma e com a mesma máquina”, conta Ghelfond. Formado, ele foi fazer residência em radiologia no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. No fim da sua residência, começou a trabalhar no consultório do médico italiano, onde ficou por dois anos. “Era atendimento para doentes privados, não havia nenhum convênio com operadoras ou seguradoras”. O radiologista sabia que seus dias trabalhando em uma clínica particular eram contados. Isso porque ele previa que ocorreria um fim do perfil do doente particular e que as pessoas migrariam para um modelo de convênio ou seguradora de saúde. Em meados de 86, Ghelfond deixou o trabalho com o médico italiano e abriu seu primeiro consultório na Avenida Angélica. “Era uma sala com 40m², onde, inicialmente, se fazia somente ultrasson pela falta de espaço e também recursos financeiros, pois eu não tinha dinheiro para comprar um raios-X ou algo maior”. Na época, Ghelfond também não tinha dinheiro para comprar um aparelho de ultrassonografia, mas sabia se virar. O primeiro equipamento foi comprado de um fornecedor que lhe concedeu crédito visto que o profissional provia de recursos nem para pagar a primeira parcela. “Ele acreditou em mim. Tínhamos um acordo de pagar em 12 parcelas. Depois de três meses, eu quitei a dívida total, pois tinha conseguido trabalhar e o mercado estava ávido por ultrassonografia”. Médico sobre rodas As coisas iam bem no consultório de Ghelfond, mas sua agenda ainda não estava completamente preenchida. Então, marcava os exames nos hospitais e clínicas de São Paulo e redondezas e colocava seu aparelho de ultrasson móvel no porta malas do seu Opala azul. “Eu chegava aos hospitais e as pessoas diziam: o médico sobre rodas está chegando”. Assim ele fez a sua fama, mas um dia roubaram o seu carro com o equipamento dentro do veículo. Ele se emociona, dá um longo gole d´água, e conta que ficou de-

sesperado. Por sorte, uma semana depois, o carro foi encontrado e o equipamento estava intacto no porta-malas. Em 1988, ele conseguiu fazer o que chama de “colcha de retalhos” e fundou o Centro de Medicina Diagnóstica Dr. Ghelfond e em 1990 foi para o prédio também na Avenida Angélica, ocupado pela instituição até hoje. Em outra situação, novamente teve seu equipamento roubado. O executivo emprestou o carro a um assistente que foi assaltado. Levaram o carro e o aparelho, mas por sorte, Ghelfond, já estava melhor posicionado no mercado, e possuía outras unidades. atendendo baleias Atravessar a cidade em um Opala azul, com equipamento de ultrasson no porta-malas e ser roubado duas vezes não é algo que fuja do comum para o radiologista. Da mesma forma, fazer um ultrasson em uma baleia no parque de diversões Playcenter, suspeita de ter engravidado em cativeiro não é algo digno de espanto. “Periodicamente em São Paulo, havia um show de baleias adestradas. O encantador dava um comando por apito e fazia um circuito. Em um dado momento o mamífero não atendeu aos comandos. Havia uma dúvida: a baleia estava grávida ou doente?”. O veterinário do parque sugeriu um ultrasson na baleia. Entraram em contato com Ghelfond que topou a tarefa de fazer o exame no animal. No primeiro momento, ele tentou passar um pouco de gel, mas como o paciente em questão era uma baleia, utilizou todos os galões de gel e com um esfregão o líquido era passado e o médico seguia atrás com o aparelho. De fato a baleia estava grávida. “A única coisa que realmente me surpreendeu foi o fato de ter sido o primeiro caso de uma baleia ter reproduzido em cativeiro”. É assim que o presidente do Centro de Diagnóstico Dr. Ghelfond se posiciona diante da vida. Seja um paciente em tratamento particular ou uma baleia em cativeiro, ele segue com seu propósito de início de carreira: tratar todos os pacientes da mesma forma. Hoje, ele não se aproxima mais de aquários, a não ser para olhar, e não entra mais no Opala azul para visitar pacientes. Mas continua dando expediente em seu centro de diagnóstico na capital paulista.

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LIVROS

Manual prático de arquitetura hospitalar

O livro destaca o planejamento e as formas de financiamento, no cenário brasileiro, incluindo normas do Ministério da Saúde que regulamentam as construções hospitalares. Entre os temas abordados, estão: Evolução histórica do hospital; Rede de atendimento de saúde no Brasil; Abordagens preliminares; Conceitos; Critérios para projetos; Unidades especiais; Novas formas de ver a Arquitetura; Aspectos a considerar; Histogramas.

Do planejamento ao controle de gestão hospitalar

Autor: Ronald de Góes Editora: Edgard Blucher Número de páginas: 286 Preço sugerido: R$84,50

O título mostra todas as etapas da elaboração de como um planejamento precisa ser elaborado, desde a visita técnica, até a avaliação dos planos de ações imediatos. Destinado principalmente a gestores, administradores, profissionais da saúde. Este livro apresenta um conjunto de materiais para estudo e aplicação prática no processo de gestão de unidades de saúd, com enfoque nos instrumentos básico, controladoria hospitalar, ferramentas essenciais de diagnóstico situacional, planejamento estratégico e controle da gestão, com apresentação dos instrumentos modelos para aplicação imediata.

Comunicação em saúde – estratégias para promoção de saúde

A obra explora pesquisas e práticas de saúde e examina o conhecimento e as habilidades necessárias aos profissionais do setor com o objetivo de promover e melhorar a saúde da população. “Comunicação em Saúde - Estratégias para Promoção de Saúde” conecta a teoria da comunicação com a implementação de políticas de saúde e contém exemplos práticos para traçar campanhas eficientes. Tradução: Livia Faria Lopes dos Santos Oliveira Organizador: Nova Corcoran Editora: Roca Número de páginas: 240 Preço sugerido: R$70

Logística Hospitalar

O livro apresenta conceitos de gestão eficazes e modelos destinados a racionalizar as operações e otimizar resultados no processo do hospital. Grande parte dos temas abordados na obra também são aplicáveis às organizações de outros segmentos econômicos, podendo ser utilizado nas seguintes disciplinas: administração de materiais e recursos patrimoniais, administração hospitalar e logística. O livro conta, também, com uma série de materiais de apoio para auxiliar o leitor.

Autor: Valdir Ribeiro Borba Editora: Qualitymark Número de páginas: 248 Preço sugerido: R$62,90

Autor: Claude Machline Autor: Jose Carlos Barbieri Editora: Saraiva Número de páginas: 336 Preço sugerido: R$92

Gestão de operações em saúde para hospitais

Inovação na atenção primária à saúde

Autor: Libania Rangel de Alvarenga Paes Editora: Atheneu Número de páginas: 192 Preço sugerido:R$ 92

Autor: Cristine Hermann Nodari Editora: Edgard Blucher Número de páginas: 154 Preço sugerido:R$ 229,50

Neste volume, são abordados temas sobre gestão de operações, tais como, logística de materiais, processos e administração de capacidade e de recursos apresentando exemplos para a área da Saúde. Como coordenar as equipes? Como evitar filas? Como garantir que os insumos estarão à disposição dos profissionais, sem prejuízos para a organização? Responder essas perguntas é o papel do gestor de operações hospitalares.

Esta obra apresenta um estudo, cujo objetivo é a identificação das inovações na APS do Sistema de Saúde de Caxias do Sul (SSCX). Os resultados demonstraram que a APS desse sistema exibiu inovações evidenciando um ambiente de mudanças e promovendo condições de saúde e de desenvolvimento humano mais equitativo na estratégia da administração pública das ações em saúde.

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• Orçamento e controle de custos • Coordenação de engenharia • Suprimentos • Gerenciamento de obras • Gestão de riscos São Paulo Avenida Maria Coelho Aguiar 215 Bloco F 8° andar Centro Empresarial de São Paulo 05805-000 São Paulo SP Brasil tel +55 11 3747 7711 fax +55 11 3747 7700 www.mha.com.br mha@mha.com.br

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Foto: Magdalena Gutierrez

Papo Aberto

O sucesso das redes sociais

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or que as redes sociais fazem tanto sucesso a ponto de hoje definirem formas de agir, locais interessantes e marcas que devem ser rechaçadas pelas pessoas? Elas simplesmente viraram o grande ponto de encontro de pessoas que têm algo em comum, seja o que for, que as faz convergir para um determinado local alimentando a necessidade do ser humano interagir. É incrível como as pessoas se expõem nas redes falando sobre onde estão, o que estão fazendo, o que pensam a respeito de determinado assunto movidas por esta necessidade de troca ... A primeira rede social, apesar desta nunca ter recebido este nome, é a família, e o grande momento de interação acontece nos almoços de domingo que trazem à tona os assuntos da semana. E voltando no tempo, o que antes acontecia nas Ágoras, ou praças públicas da Grécia Antiga, local de debates, cerimônias, eventos e acordos políticos e econômicos, ganhou um novo palco, a internet e as redes sociais. Com um adicional, nas redes você pode convidar para fazer parte do seu grupo as pessoas de quem você gosta e, por meio destas,

chegar a outras de quem você havia se distanciado ou mesmo perdido por completo o contato. Como? O Facebook que o diga, mas antes dele vale lembrar da chamada Teoria dos Seis Graus. Comprovada cientificamente, a Teoria dos Seis Graus, desenvolvida por um psicólogo americano na década de 30, mostrou que com a intermediação de seis pessoas uma carta ou encomenda chegava a seu destino, em qualquer país do mundo. A teoria foi a base utilizada pelo engenheiro de software Orkut Buyukkokten para a criação do Orkut. Hoje, a distância dos seis pontos caiu para pouco mais de quatro elos e com a crescente adesão às redes sociais e ao que elas representam em termos de interação e de troca esta distância deve ser rapidamente reduzida enquanto a socialização terá seu crescimento exponencialmente agilizado proporcionando um significativo aumento do conhecimento entre comunidades, seja lá qual for o elo que as una. Stela Lachtermacher Diretora Editorial IT Mídia stela@itmidia.com.br

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O ATENDIMENTO AOS PACIENTES, EM 2025, VIRA SINÔNIMO DE TRANSPARÊNCIA E TORNA A PREVENÇÃO MUITO MAIS EFICIENTE COMO É O ATENDIMENTO AO PACIENTE?

A CONFIANÇA QUE O PACIENTE NECESSITA.

Um prontuário eletrônico unificado e completo, disponível em qualquer clínica, hospital ou até mesmo em dispositivos móveis, não é apenas uma visão do futuro. É uma realidade. O médico agora pode fazer o acompanhamento de seus pacientes, mesmo que não participe do caso desde o início.

O PEP NET possibilita ao paciente a criação e gestão do seu Prontuário Clínico Eletrônico Pessoal, que internacionalmente se designa por Personal Health Record (PHR). A solução possui ferramentas que apóiam o monitoramento de aspectos relacionados à saúde e qualidade de vida.

A solução ALERT Benner permite o compartilhamento do Prontuário Eletrônico entre os pacientes e os serviços de apoio, ou a interoperabilidade entre as diferentes entidades de saúde por meio da plataforma HIE (Barramento Clínico). Utiliza nesse processo de registro, pesquisa e troca de informações, que obedecem padrões mundiais de comunicação (CDA, HL7, DICOM). Todos os processos adotados no HIE são certificados pela Integrating the Healthcare Enterprise. • • • •

Com um portal on-line, o paciente acompanha com 100% de transparência: • • • •

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