Educar 126 - Junho - Julho 2019

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Kaká e André Lobe, com seus filhos Matheus e Pedro


1 A MAPLE BEAR

2 A METODOLOGIA CANADENSE

3 NA MAPLE BEAR,

4 ODACURRÍCULO MAPLE BEAR

ESPECIALISTAS 5 OS CANADENSES

SALAS DE 6 AS AULA MAPLE BEAR

prepara seus filhos para um alto desempenho acadêmico e profissional, no Brasil ou no exterior, e para uma vida bem-sucedida em todas as suas dimensões.

é desenvolvido por especialistas canadenses e brasileiros, respeitando integralmente as exigências do Ministério da Educação.

é uma das mais bem-sucedidas do mundo, incentivando a experimentação, a descoberta, o raciocínio crítico, a solução de problemas, a tomada de decisões e a criatividade.

da Maple Bear conduzem um rigoroso programa de treinamento do corpo docente, acompanhamento acadêmico e certificação de qualidade em todas as escolas.

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Editorial

Foto: Susana Pabst

De mãos dadas e

seguindo adiante

Você provavelmente já ouviu falar sobre o autismo.

Leia nossos artigos, e entenda os mitos que cercam o

Mas se não sabe muito bem o que significa, essa edição

autismo, os sinais que devem ser observados nos be-

vai contar pra você um pouco deste distúrbio que afeta

bês e nas crianças, e saiba o que pode ser feito para que

a comunicação e a capacidade de aprendizado e adapta-

o indivíduo leve uma vida (dentro das possibilidades)

ção do indivíduo.

normal. É preciso, mais do que nunca, que todos andem

Segundo especialistas, o autismo não é doença, e sim um transtorno de desenvolvimento que pode afetar a vida dde uma pessoa, dependendo do seu grau e da forma como a condição é tratada pelas pessoas com

de mãos dadas. O autismo não tem cura, mas tem tratamento! Compreender e se inteirar sobre o assunto vai ajudar – e muito – a aumentar a autonomia das crianças autistas e facilitar sua vida em sociedade.

quem a criança convive.

Esta edição é dedicada ao autismo, mas é, também,

A edição deste mês é voltada para este tema, e traz especialmente uma família que sabe muito bem do que esse transtorno se trata. Kaká e André são pais do Pedro e do Matheus e estão aqui, na nossa capa e na matéria principal, para contar um pouco da história do seu filho Matheus, que foi diagnosticado dentro do

um convite à esperança. Porque o caminho para o autista (e para a família dele) é longo, mas tende a ficar bem – desde que haja, em nossa comunidade, três elementos essenciais e diários: o acolhimento, o respeito e a inclusão. Venha, suba à bordo, e se entregue à essa linda jornada conosco!

Transtorno do Espectro Autista quando tinha 1 ano e 9 meses. Ela alerta sobre a importância de se ter um diagnóstico precoce e de como isso pode ajudar no pro-

Com carinho e com afeto,

cesso de desenvolvimento da criança, que deve ser vista e tratada de forma única. Isto posto, gostaria de fazer a você, querido leitor(a), um convite: receba essa edição de braços abertos.

Edição 126 | ano 11 Junho - Julho 2019 Editora Priscilla Koerich CRP-12/04578 Arte Eduardo Carvalho Motta Fotos de Capa Susana Pabst www.susanapabst.com.br

Revisão Cláudia Prates Colaboradores desta Edição Auxiliadora Mesquita Drª Bárbara Brandt Cláudia Prates Claudio Moreira Fernanda Lee Fernanda Moura Kaká Koerich Lobe Maria Alice Fontes

As opiniões veiculadas nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista. Os artigos e os anúncios publicados são de total responsabilidade de seus autores e/ou suas empresas. Não é permitida a reprodução de qualquer conteúdo desta publicação sem prévia autorização da editora. Impressão

Priscilla Koerich @prikoerich

A Revista Educar, publicação bimestral da Pequeninos Revista Educativa Ltda, tem distribuição gratuita e direcionada aos pais, em inúmeros pontos comerciais e instituições de ensino de Joinville, Florianópolis e São José / SC. Para assinatura, sugestões, críticas ou elogios, envie e-mail para educar@revistaeducar.com.br

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Variedades

Por Auxiliadora Mesquita

AS NOVIDADES QUENTINHAS,

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Quem quer brincar na neve? A temporada de esqui e férias na neve começa agora no final de junho nos nossos vizinhos, Argentina e Chile. Que tal

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EDUCAR

informação útil para todos

Miopia e criança A OMS (Organização Mundial da Saúde) fez um

Que horas são?

alerta no começo desse ano para o aumento nos casos de miopia em todo o mundo. A entidade estima que, até

Com a presença constante dos celulares em nossas

2020, cerca de 35% da população mundial esteja com o

vidas, acabamos por nos esquecer de um acessório char-

problema. A miopia é uma alteração na refração do olho

moso e ainda prático: os relógios de pulso. Que, por sinal,

e a visão de longe fica prejudicada. Considerada por

as crianças adoram, mesmo quando ainda não conse-

muito tempo como uma condição hereditária, hoje já

guem ler as horas! O relógio de pulso pode até não estar

se afirma que as circunstâncias ambientais contribuem

mais em todos os braços por aí, mas continua sendo útil

bastante para o surgimento da miopia.

e pode ser bem estiloso.

O menor tempo que as crianças passam em ambien-

Para os pequenos, nem precisa esperar aprender a ler

tes abertos pode desestimular a visão de longe, além de

corretamente. Se a criança já tem noção de tempo e está

diminuir a exposição à luz solar, que é um regulador da

aprendendo a contar, pode ser uma ótima oportunidade

produção de dopamina, que ajuda a controlar o cresci-

de aprender as horas também. Pode até começar pelos di-

mento do olho. Não respeitar o horário do sono e super-

gitais, mais fáceis de ler. Um relógio de ponteiro pode vir

-estimular os olhos com telas diversas também parece

depois, pois ele ajuda a memorizar e até a calcular. Mode-

contribuir para alterar a melatonina, outro hormônio

los infantis lindos é o que não falta no mercado. Ele deve

responsável pelo crescimento saudável do olho. A pre-

ser, de preferência, bem resistente. E, claro, vale lembrar:

venção? Limitar a exposição dos pequenos às telas ele-

já existem smartwatches para crianças também!

trônicas e brincar pelo menos 1 hora por dia ao ar livre.

5


Dicas de Saúde

Autismo e o tratamento odontológico Por Dra Bárbara Brandt

A maioria dos responsáveis pelas crian-

de coordenação motora podem levar estes

qual irão passar, desde o momento de co-

ças autistas encontram dificuldades no

pacientes a terem uma maior propensão

locar a pasta na escova, até um tratamento

atendimento odontológico, tanto por even-

ao desenvolvimento de problemas bucais.

restaurador; incluir o dentista na agenda

tualmente não existir cooperação por parte

Porém, entre tantas outras características a

visual do paciente, pela família, para que

da criança, mas também por não encontra-

se dar importância e serem desenvolvidas,

esta tarefa também seja treinada e desen-

rem profissionais que se habilitem para tal.

a saúde bucal acaba ficando em segundo

volvida - bem como se faz com escovar

plano no dia a dia: aí entra a importância da

os dentes e amarrar os sapatos -, será bas-

frequência das visitas ao dentista destes pa-

tante interessante para inclusão desta ne-

cientes desde cedo, bem como a forma de se

cessidade no seu repertório de atividades.

trabalhar com eles.

É importante que os pais compreendam

O atendimento odontológico para estes pacientes, muitas vezes pode se tornar desafiador, já que pode existir dificuldade na comunicação (devido a interação social), assim como a individualidade em suas ca-

Cada paciente, de forma individuali-

racterísticas comportamentais que podem

zada, vai responder ao toque, aos gestos e à

gerar alguma falta de cooperação por parte

fala de forma diferente; para tanto, é neces-

dos pequenos.

sário que haja, por parte do profissional,

Isso também pode se dar devido a dificuldade no processamento sensorial que o leva a uma super responsividade, ou seja, sensibilidade a pequenos toques, barulhos, ou até mesmo à luz. Toda essa situação pode gerar dificuldades também aos pais, na rotina diária. Também o uso das medicações que podem causar hipossalivação, a dieta rica em carboidratos e a dificuldade

bom senso e capacitação para criar o vín-

que nem sempre o tratamento será fácil e que poderá ser gerado estresse à criança, ao profissional e à própria família, porém, com carinho e paciência, sempre chegaremos ao sucesso.

culo e a confiança necessária; assim como

Como pessoas diferentes possuem di-

é interessante que a família já o familiari-

ferentes necessidades, existem sim formas

ze com os possíveis ruídos e afins, antes

de se tratar a criança autista em ambula-

de levá-lo ao ambiente. O paciente que

tório, sem nenhuma necessidade de algo

possui o Transtorno do Espectro Autista

extra; porém, caso seja necessário, existem

é bastante visual, e por este motivo utili-

algumas formas de se tratar crianças não

zamos de vários artifícios que os levam

colaboradoras, dependendo do grau dos dé-

a visualizar e entender as situações pela

ficits intelectuais, e se ele é existente ou não:

Dra Bárbara Brandt - Odontopediatra

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EDUCAR

informação útil para todos

Condicionamento: para a criação do

a dormir totalmente, então, caso ouça al-

mos machucando, será apenas algo de que

vínculo com a criança, a abordagem come-

gum barulho ou sinta algum desconforto,

seu nível cognitivo não é capaz de enten-

ça ainda na recepção, enquanto a criança

pode se sentir incomodada e não permitir

der para aquele momento.

se diverte na brinquedoteca. Vamos a

o tratamento da mesma forma de quando

conhecendo, entendendo sua responsi-

sem a sedação.

Anestesia geral: em algumas situações, a melhor forma de fazer o tratamento para

vidade e sensibilidade para saber até que ponto poderemos ir mostrando e ensinan-

Contenção protetora: em algumas si-

estes pacientes, é sob anestesia geral. O pa-

do tudo o que poderá passar, barulhos e

tuações, por mais que a criança entenda

ciente fica não-responsivo e o tratamento

sensações que poderão ocorrer. É uma eta-

tudo o que irá acontecer e se sente a von-

é realizado sem intercorrências. No en-

pa que muitas vezes não é valorizada, mas

tade na presença do profissional, e utili-

tanto, por ser um tratamento com um alto

de extrema importância, já que nós profis-

zando os instrumentais nos responsáveis

custo e riscos – por mínimo que sejam,

sionais entenderemos as particularidades

ou bichinhos utilizados para esta ludici-

nem sempre acaba sendo o de melhor es-

de cada criança e seus medos e aflições.

dade, no momento de fazer em si mesmo,

colha para a maioria dos casos.

ainda pode não haver cooperação. Muitas

Apesar de muitas vezes dificultoso, o

Sedação medicamentosa e/ou via óxido nitroso: a sedação pode auxiliar

vezes acaba sendo necessário que os pais

tratamento odontológico para os pacien-

ou responsáveis, através de um termo de

tes com Transtorno do Espectro Autista

no momento do tratamento, já que deixa

consentimento, permitam que se faça

a criança um tanto mais tranquila e com

uma contenção da criança para que o tra-

Realizando uma boa consulta inicial,

um "tempo de cadeira" mais longo. Porém,

tamento seja efetivado sem intercorrên-

o profissional capacitado estará apto para

somente a sedação pode não ser o sufi-

cias. Na grande maioria das vezes, apesar

verificar qual será a melhor forma de pro-

ciente: em algumas crianças pode existir

de a criança estar sendo “forçada” a fazer o

por o planejamento individualizado mais

o efeito contrário e deixá-la ainda mais

procedimento – que é para seu bem – não

adequado para cada caso, visando sempre

agitada. Além disso, a criança nunca chega

serão gerados traumas, afinal, não a estare-

o bem estar e a saúde do pequeno.

pode ser realizado sem intercorrências.

7


Comportamento

EDUCAR

por

informação útil para todos

Fernanda Mello - Pedagoga

consciência

Educando com

V

ivemos em uma sociedade ex-

ver com ansiedade e eternamente insa-

de nossas vidas ele naturalmente se de-

tremamente competitiva e in-

tisfeitas com suas conquistas.

senvolverá. Portanto, a responsabilida-

dividualista. Não sei como era viver

Por último, é a valorização do ter ao

em outras épocas, mas pelo o que

invés do ser. Nós precisamos ter para

de do caminho que trilhamos é nossa. Partindo desse ponto de vista, parar

dizem os mais velhos, as pessoas ti-

sobreviver, isso é fato, no entanto, esta-

e repensar se a educação que estamos

nham uma relação mais humana com

mos deixando de lado a nossa essência

oferecendo aos pequenos está os au-

os outros, parece que conseguiam vi-

e o nosso desenvolvimento interno,

xiliando a se tornarem pessoas felizes,

ver com menos frieza e mais atenção.

pois a vida insana que vivemos, super-

que vão contribuir para a construção

Não estou sendo saudosista, dizendo

lotada de atribuições, não nos permite

de uma sociedade melhor, é o mínimo

que antes era melhor do que agora, era

ter tempo para isso.

que podemos fazer.

simplesmente diferente. No entanto,

Mas o que não podemos esquecer

Viver nesse mundo exigente, ágil e

acredito que estamos construindo um

é que o controle da nossa vida está em

competitivo não é fácil, mas fazer peque-

mundo perigosamente desumano.

nossas mãos. E as escolhas que fazemos

nas mudanças em nosso comportamen-

Ao pararmos para refletir sobre

dependem dos nossos objetivos. Ao

to pode fazer grande diferença na nossa

como chegamos a este ponto, não po-

darmos atenção a determinado aspecto

vida e nas vidas das próximas gerações.

demos deixar de lado a forma como estamos educando as crianças. A primeira questão a se pensar é a falta de envolvimento afetivo que permeiam as relações entre pais e filhos. Ouvir com atenção e olhar com profundidade não faz parte da rotina da maioria das famílias. Isto não permite que as crianças aprendam a cultivar relações profundas e verdadeiramente significativas. O segundo ponto é a educação com o foco em ser o melhor. A vida de ninguém se resume a isso. Vivemos em ciclos de altos e baixos, de equilíbrio e desequilíbrio, de tropeços e de acertos. Por isso, dizer às crianças que devem ter objetivos irreais só vai fazê-las vi-

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Disciplina Positiva

Os efeitos do

TRAUMA E DA NEGLIGÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO CEREBRAL E A PROTEÇÃO DAS FERRAMENTAS DE DISCIPLINA POSITIVA

U

m dos mais relevantes estudos sobre

que levou dezenas de milhares de crianças

os efeitos da negligência na infância

a orfanatos administrados pelo Estado. Nel-

foi realizado com adolescentes que pas-

son conta que os cuidadores dos orfanatos

saram por orfanatos da Romênia durante

trabalhavam em turnos curtos e as crianças

a infância. Uma nova análise mostra que

eram submetidas a até 17 cuidadores dife-

esses adolescentes que apresentam uma

rentes em uma semana. Os bebês raramen-

variedade de problemas comportamentais

te recebiam interações individuais e viviam

e cognitivos, têm menos substância bran-

em um estado de falta de estimulação.

ca em seus cérebros do que um grupo de comparação do mesmo local, mas que não vivenciaram negligência.

Por Maria Alice Fontes e Fernanda Lee

www.DisciplinaPositiva.com.br

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Mas há boas notícias! Um pequeno grupo de crianças que foram retiradas de orfanatos e se mudaram para lares adotivos aos

As regiões do cérebro afetadas incluem

2 anos de idade pareceu se recuperar, pelo

áreas responsáveis pelo processamento da

menos na estrutura cerebral. Isso reforça a

atenção, cognição geral e processamento de

ideia que as ferramentas da Disciplina Posi-

emoções. O trabalho sugere que a privação

tiva com crianças pequenas, que incluem a

sensorial no início da vida pode ter impac-

validação das emoções, o encorajamento e o

tos anatômicos graves no cérebro e pode

aprendizado da regulação emocional pode

ajudar a explicar os efeitos negativos em

estimular os cérebros das crianças peque-

longo prazo sobre o comportamento.

nas de forma muito poderosa.

O trabalho é baseado em exames de res-

"Este é um estudo interessante e importante",

sonância magnética e outras medidas feitas

diz o pesquisador da Harvard Medical School,

na Romênia por pesquisadores do Bucharest

Martin Teicher, que dirige o programa de pes-

Early Intervention Project (BEIP). O grupo,

quisa de psiquiatria no McLean Hospital em

liderado pelo neurologista Charles Nelson,

Belmont - Massachusetts. A questão crucial

da Harvard Medical School, teve a ideia de

se as crianças podem se recuperar dos con-

estudar os efeitos do colapso do regime de

tratempos da adversidade inicial não havia

Nicolae Ceauceşcu, na Romênia, em 1989,

sido respondida antes, acrescenta.


EDUCAR

O que é considerado trauma para uma criança pequena?

co porque seus cérebros que estão em rápido desenvolvimento são muito

O trauma na primeira infância está

vulneráveis. O trauma na primeira in-

relacionado às experiências traumáticas

fância tem sido associado ao tamanho

que ocorrem entre 0 a 6 anos de idade.

reduzido do córtex cerebral, responsá-

Um crescente corpo de pesquisa de-

vel por todas as funções complexas, in-

monstra que crianças pequenas podem ser profundamente afetadas por eventos que ameacem a sua segurança ou a de seus pais e cuidadores. Esses traumas podem ser o resultado de negligência, violência intencional, como abuso físico ou sexual, incluindo a violência doméstica. Além disso, pode ser decorrente de desastres naturais, acidentes ou guerra.

cluindo memória, atenção, percepção, pensamento, linguagem e consciência. Essas mudanças podem afetar o QI e

trauma podem: • Demonstrar poucas habilidades verbais. • Apresentar problemas de memória. • Gritar ou chorar excessivamente. • Ter pouco apetite, baixo peso ou problemas digestivos.

a criança pode desencadear mais comportamentos indevidos, tendo dificuldade para se desenvolver de forma segura e de todo o seu potencial. Sem o apoio de um pai ou cuidador

venciar estresse pós-traumático em res-

de confiança para ajudá-los a regular

posta a procedimentos médicos doloro-

suas fortes emoções, as crianças po-

ou cuidadores.

Crianças de 0 a 2 anos expostas a

a capacidade de regular as emoções, e

Crianças pequenas também podem vi-

sos ou a perda súbita de um dos genitores

informação útil para todos

dem experimentar estresse intenso, com pequena capacidade de comunicar efetivamente o que pensam e

Quais são os efeitos dos eventos traumáticos na vida da criança? Os eventos traumáticos que ameaçam a segurança das crianças pequenas têm um profundo impacto sensorial. Sua integridade emocional pode

sentem. Elas frequentemente desenvolvem sintomas que os pais e cuidadores não entendem e podem exibir comportamentos indevidos que os adultos não sabem como responder apropriadamente.

ser profundamente abalada por estímulos visuais assustadores, ruídos altos, movimentos violentos e sensações associadas a um evento imprevisível e assustador. As imagens assustadoras tendem a se repetir na forma de pesadelos e medos que revivem o acontecimento. Na falta de uma compreensão precisa da relação entre causa e efeito, as crianças pequenas acreditam que seus pensamentos, desejos e medos têm o poder de se tornar reais e fazer as coisas acontecerem novamente. As crianças pequenas que sofreram trauma estão particularmente em ris-

Sintomas e Comportamentos As crianças pequenas podem desenvolver sintomas comportamentais e fisiológicos associados ao trauma, pois não conseguem expressar em palavras seus medos, angústias e

Crianças entre 3 e 6 anos de idade expostas a trauma podem: • Ter dificuldade em focar ou aprender na escola. • Desenvolver deficiências no aprendizado. • Apresentar problemas no desenvolvimento das habilidades sociais.

impotência. Podem apresentar difi-

• Imitar o evento abusivo ou traumático.

culdade de enfrentar novas situações,

• Ser verbalmente abusivas.

serem facilmente assustadas, difíceis

• Ser incapazes de confiar nos

de consolar, agressivas e impulsivas. Elas também podem ter dificulda-

outros ou de fazer amigos. • Acreditar que elas são as culpadas

de para dormir, perder habilidades

pelo evento traumático.

adquiridas recentemente e mostrar

• Ter pouca autoconfiança.

regressão no funcionamento fisioló-

• Ter dores de estômago

gico e comportamental.

ou dores de cabeça.

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Disciplina Positiva

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Quais são os fatores de proteção para aprimorar a resiliência? Os efeitos das experiências traumáticas em crianças pequenas são preocupantes,

informação útil para todos

Como a Disciplina Positiva pode ajudar?

mas nem todas as crianças são afetadas da mesma maneira, nem no mesmo grau. Crian-

A Disciplina Positiva oferece

ças e famílias que possuem suas próprias possibilidades de enfrentamento, de acordo

uma série de ferramentas que po-

com seus recursos psicológicos, sistema de suporte e capacidade interna de resiliência.

dem ser úteis para as crianças que

A Disciplina Positiva pode ajudar as crianças traumatizadas a recobrar suas conexões

passaram por situações traumáti-

cerebrais através da estimulação da linguagem das emoções, da pausa positiva e do en-

cas. A relação nunca deve ser humi-

corajamento das capacidades internas, desde que sejam usadas de maneira genuína,

lhante, gerar culpa ou vergonha.

consistente e previsível.

Preste atenção para os “não”:

Embora o trauma na infância possa ter efeitos graves e duradouros, há esperança. Com apoio e adultos atenciosos, as crianças podem se recuperar de acordo com as seguintes dicas:

não puna, não seja permissível, não

1

re privilégios como punição.

Identifique os gatilhos do trauma. Fique atento ao que você está fazendo ou dizendo em sua casa, que pode desencadear lembranças traumáticas.

7 Evite qualquer tipo de punição e recompensa, foque em soluções.

8 Estabeleça limites razoáveis e con-

É importante evitar padrões de comportamento e reações que reativam a

podem ser os gatilhos.

2

O que deixa seu filho ansioso que rede seu filho a evitar respostas exacerbadas que desencadeiam memórias

bre seus sentimentos sem julgamento.

10 Não evite temas difíceis ou conver-

sas desconfortáveis. Mas não force

agem de maneiras a promover a distância dos adultos. Ofereça atenção, conforto e encorajamento, passando tempo junto com afeto e amor.

4

Reserve tempo para ficar no mesmo nível dos olhos dos seus filhos, ouça primeiro e fale por último, valide os sentimentos, sem tentar resgatar ou consertar. Seja solidário, permita escolhas.

5 6

as crianças a falar antes que elas estejam prontas.

Esteja física e emocionalmente disponível. Algumas crianças traumatizadas

Seja paciente e dê o modelo de equilíbrio. Pergunte, não mande ou reaja. Quando seu filho está chateado, faça o que puder para manter a calma: abaixe a voz, reconheça os sentimentos, seja reconfortante e honesto.

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Ajude a criança a se sentir aceita e importante;

ma pessoal. Permita que a criança fale so-

traumáticas.

3

síveis, usando poucos elogios e

9 Nunca leve os comportamentos de for-

sulta em uma birra ou explosão? Aju-

11

Foque nos “sim” e aja sempre de forma positiva: Seja gentil e firme ao mesmo tempo;

portamentos desejáveis.

o seu tom de voz e expressões faciais

conserte, não isole a criança, não reti-

sistentes, com expectativas plaumuitos encorajamentos para com-

situação traumática. Preste atenção se

ofereça recompensas, não resgate ou

Entenda que os resultados virão em longo prazo; Ensine habilidades sociais e de vida; Incentive a criança a sentir o quanto é capaz e a usar seu potencial de forma construtiva. Com a Disciplina Positiva podemos prevenir e tratar crianças que passaram por situações traumáticas a reconectarem seus cére-

Corrija qualquer desinformação so-

bros e se desenvolverem de forma

bre o evento traumático, e assegure-

mais saudável.

-os de que o que aconteceu não foi culpa deles.

12 Ajude seu filho a aprender a relaxar

e incentive praticar respiração lenta, ouvir música tranquilizadora ou dizer coisas positivas.

13 Seja consistente e previsível. Desenvolva uma rotina regular para as refeições, para o tempo de brincar e para a hora de dormir. Previsibilidade é chave para uma criança mais estável. a criança antecipadamente 14 Prepare para mudanças ou novas experiências.

BIBLIOGRAFIA: • Glaser D. The effects of child maltreatment on the developing brain. Med Leg J. 2014 Sep;82(3):97-111. • Teicher MH. Childhood trauma and the enduring consequences of forcibly separating children from parents at the United States border. BMC Med. 2018 Aug 22;16(1):146. • Disciplina positiva: O guia clássico para pais e professores que desejam ajudar as crianças a desenvolver autodisciplina, responsabilidade, cooperação e habilidades para resolver problemas. Editora Manole (2015).

12


Turma da Cuca apresenta

Charme não tem idade

coleção

Inverno 2019 Venha conferir





Capa Autismo

Autismo CONHECER, INCLUIR, RESPEITAR

Por: Auxiliadora Mesquita

Eles estão à nossa volta: são nossos filhos, sobrinhos, netos. Vizinhos e alunos. Colegas e coleguinhas. E há quem afirme que muito antes de receberem esse nome, já existiam pessoas com as características próprias do autismo. Hoje, com suas histórias cada vez mais conhecidas, estão começando a receber o respeito e a acolhida que merecem.

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Respeito e acolhida são a base de tudo, para qualquer ser humano. Todos nós temos particularidades e necessidades específicas, assim como aqueles que estão dentro do Espectro Autista. E que precisam do apoio de todos que os cercam para que possam desenvolver o seu melhor. Por isso é tão importante conhecer e se informar para que a convivência seja cada vez mais feliz e produtiva para todos. A primeira vez que a palavra foi usada foi em 1943, pelo psiquiatra Leo Kanner. A condição observada por Kanner já havia sido descrita antes, mas era quase sempre classificada como esquizofrenia. Foi esse médico, de origem austríaca e que trabalhou nas mais importantes instituições pediátricas dos Estados Unidos, que utilizou o termo para designar um conjunto de sintomas que se repetiam em algumas crianças. Mas ele mesmo alertou para o fato de que, por mais que o diagnóstico tivesse evoluído, cada criança deveria ser sempre vista e tratada como única.

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Capa Autismo

Muitos autismos diferentes Na verdade o termo Autismo não é o mais correto, pas-

E quanto às vacinas: não, elas não causam autismo

sando a ser denominado “Transtornos do Espectro Autista”,

e isso sim já foi cientificamente comprovado. Um es-

ou TEA. A expressão "espectro" indica bem a variedade de

tudo publicado há mais de 20 anos lançou essa falsa

graus e de características que podem ocorrer em quem é au-

ideia, que se espalhou como pólvora. Já na época o

tista. No entanto, permanecem como centrais três áreas em

jornal e os co-autores se retrataram publicamente e o

que as crianças são afetadas: a comunicação, a socialização e

médico responsável perdeu sua licença, mas infeliz-

o comportamento.

mente o mito ainda persiste, causando epidemias de

Na comunicação, o TEA se caracteriza por dificuldades na fala e na expressão de ideias. Pode ocorrer desde um simples atraso, a completa falta de comunicação verbal, como também o uso de repetições na linguagem ou fala não usual. Ini-

doenças que já haviam sido exterminadas!

Quem é autista?

Em primeiro lugar, deve haver um diagnóstico fei-

ciar ou manter um diálogo também costuma ser difícil e em

to por um profissional capacitado. Normalmente, os

percentual menor do que as crianças típicas.

pais observam que algo está diferente no desenvolvi-

Na socialização, há uma dificuldade da pessoa com TEA

mento do bebê ou da criança (veja nosso quadro abaixo).

de interagir com as pessoas, o que inclusive causa um dos

Então, faz-se necessário buscar a orientação de um

traços mais conhecidos do transtorno, a falta ou diminui-

neuropediatra ou de um psiquiatra infantil especia-

ção de contato visual. E no comportamento, existe a pre-

lista em atraso do desenvolvimento.

sença frequente de padrões repetitivos e de um interesse

O diagnóstico médico é feito a partir de exame clí-

intenso e específico por uma coisa ou assunto. Estima-se

nico, ou seja, da observação da criança. Testes também

também que apenas a minoria dos autistas apresentem al-

são aplicados, assim como exames que podem ser pe-

gum déficit intelectual.

didos para descartar ou confirmar outras condições,

De fato, todas as características citadas podem ir de leve

doenças ou síndromes.

a muito graves, daí a ideia de um espectro – o transtorno não

O objetivo do profissional de saúde é estabelecer

resulta num quadro único mas num leque de combinações e

o diagnóstico confirmando a alteração no desenvolvi-

graus que podem afetar a criança autista, dando a ela sua con-

mento das três áreas – a comunicação, a socialização

formação única.

e o comportamento. O bom profissional também irá buscar estabelecer o grau do transtorno que afeta

Por que isso acontece?

cada criança em particular.

Já se sabe que a causa do autismo é genética e que sempre

ocorre na fase intrauterina, mas ainda não há estudos confiáveis que definam que fatores desencadeiam o transtorno. Muita pesquisa tem sido feita, caminhos diversos têm sido trilhados. E, infelizmente, muito rumor, ideias sem fundamento científico e até mesmo fraudes, também! Já foram identificados mais de 1.000 genes relacionados ao transtorno. Acredita-se que outras causas podem incluir complicações na gravidez, intoxicações ou infecções. Mas ainda não há conclusão definitiva e científica para nenhuma das causas estudadas. O cérebro do autista é fisicamente diferente, isto é, apresenta características que o distingue do cérebro de um neurotípico (não-autista).

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Sinais importantes para observar nos bebês: • Ausência de balbucio e de linguagem nãoverbal (apontar, dar tchau) até os 12 meses. • Ausência de palavras simples até os 18 meses. • Ausência de combinação de 2 palavras até os 2 anos. • Pouco ou nenhum contato visual com os pais. • Perda das habilidades sociais com qualquer idade.


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informação útil para todos

O que pode ser feito?

Até o momento, autismo não tem cura, mas

TEM TRATAMENTO! E quanto antes iniciadas as intervenções, melhor o prognóstico. Por isso, o acompanhamento precoce e bem feito é tão importante no sentido de dar ao portadores do TEA a possibilidade de desenvolverem ao máximo suas capacidades, melhorando sua autonomia e bem estar. O ideal é que uma equipe multidisciplinar possa acompanhar a criança. O tratamento que apre-

Convivendo com o TEA

A orientação e o conhecimento são a melhor estratégia

senta melhores resultados comprovados cientifi-

para tornar a vida mais feliz e prazerosa para os portadores

camente são as terapias comportamentais (ABA),

do transtorno e para quem está à sua volta. A maioria dos

que é a recomendação da Organização Mundial de

autistas aprecia rotina e a habilidade de prever resultados.

Saúde. Para melhoras efetivas no desenvolvimen-

Quem consegue prover isso na vida deles está ajudando-os

to, que aumenta até mesmo o QI (quociente de in-

a se sentirem mais seguros e tranquilos.

teligência) da criança, as terapias comportamentais

Por outro lado, os especialistas recomendam esticar aos

devem ser intensivas, pelo menos 15h semanais e

poucos a zona de conforto do autista, para que ele se sinta

podem ser aplicadas até mesmo pelos pais em casa,

mais à vontade em situações diversas e se torne mais autô-

mediante treinamento.

nomo e independente. Mas é importante fazê-lo gradativa-

Além disso, são recomendados fonoaudiólogos,

mente e respeitar seus limites, lembrar que a super-estimu-

atividades físicas e terapeutas ocupacionais especia-

lação costuma não trazer boa resposta dos portadores de

lizados em integração sensorial, pois o transtorno

TEA – som alto, ambiente agitado, cheiros ou outros estímu-

sensorial é muito comum, ou seja, quando a criança

los muito fortes podem gerar aflição, raiva e até tristeza.

tem uma resposta muito fraca ou muito exagerada aos estímulos sensoriais do ambiente. Os terapeutas ocupacionais auxiliam também na melhora das ha-

Muito caminho a trilhar

Dos anos das primeiras descobertas até hoje, muito

bilidades de coordenação motora fina e ampla e da

tem sido estudado sobre o autismo e muitos Direitos fo-

percepção de si mesmos.

ram conquistados.

O acompanhamento médico deve ser constante

O diagnóstico e a INTERVENÇÃO PRECOCE de

e pode incluir medicação. Embora ainda não exista

QUALIDADE e INTENSIVA fazem toda diferença no

medicação para o Autismo, pode ser benéfica para

prognóstico e podem mudar completamente a vida dessas

alguns sintomas que podem ou não estar presentes,

crianças para melhor. Com essas medidas, por exemplo,

como Hiperatividade, Déficit de Atenção e outros.

um autismo severo pode se tornar leve e, e nos casos mais

Melhorando tais questões, as terapias serão melhor

leves é possível inclusive sair do Espectro (3% a 5%), ou

aproveitadas, mas sem as terapias, não haverá melho-

seja, os sintomas passam a ser tão sutis, que não prejudi-

ras no tratamento do Autismo propriamente dito.

cam mais o desenvolvimento da criança. Por isso, mesmo

Existem várias opções atualmente. O importante é lembrar que a colaboração com o médico é

quando houver dúvida no diagnóstico, é importante iniciar as intervenções imediatamente.

fundamental: como se trata de um espectro e cada

Infelizmente muitos profissionais, por desconhecerem

criança é única, pode demorar algum tempo até que

os sintomas, afastam o diagnóstico nos primeiros anos de

se chegue ao tipo e dosagem ideal de medicamen-

vida, impedindo uma intervenção precoce justamente nos

to para cada caso. Paciência, observação detalhada,

casos leves, onde o tratamento traria melhores resultados! É

acompanhamento constante da criança e boa comu-

preciso avançar, principalmente no acolhimento, respeito e

nicação entre família e médico são essenciais para a

inclusão que essas crianças (e adultos) merecem do mundo

escolha funcionar.

ao seu redor.

www.RevistaEducar.com.br

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Capa Autismo

Kaká e André

A superação de

Lobe com os filhos Matheus e Pedro

Por: Claudia Prates Fotos: Susana Pabst

A palavra “resiliência” pode ser traduzida como a capacidade de uma pessoa lidar com seus problemas e desafios, vencer obstáculos e não ceder à pressão, seja qual for a situação.

A Revista Educar foi

Em 2014, logo depois de ter recebido a notícia de que seu filho Matheus (na época

conhecer a história do

com 1 ano e 9 meses) se incluía no Transtorno do Espectro Autista, a mamãe Kaká e o

pequeno Matheus, hoje

papai André foram logo se informar sobre tratamentos que pudessem fazer com que ele

com 6 anos de idade, que foi diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista) quando tinha 1 ano e 9 meses. EDUCAR | informação útil para todos

levasse uma vida normal. Segundo Kaká, “Havia milhares de depoimentos, estudos sobre as

causas, sintomas, mas nada sobre tratamentos. Não encontrava respostas sobre o que eu poderia fazer para estimular meu filho, nem tampouco qualquer perspectiva sobre recuperação ou melhora. Me esbarrava sempre na frase: Autismo não tem cura.” Nesse primeiro momento, Kaká e André ficaram muito assustados, acharam que Matheus seria incapaz de falar, de levar uma vida social ativa, de atender a certos comandos. André, lembra: “Me incomodava


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muito o fato de que, ao chegar em casa, ele não

semanais, Fonoaudiólogo, Terapia Ocupacio-

vinha me abraçar. O primeiro médico falou que

nal e outros.”

eu tinha que me acostumar com essa situação, que eu teria que me acostumar com o fato de que ele não iria me beijar, abraçar e que iria sempre correr de mim, e que ele não iria socializar; foi o maior impacto.”

tão cedo foi crucial para o desenvolvimento de seu filho. Com tantas ferramentas a seu favor, Matheus foi evoluindo a cada dia e, depois de dois anos

Eles sabiam que o caminho seria ár-

intensos de tratamento, e um pouco antes de completar 4 anos, recebeu alta de

sito e dedicação.

seu neuropediatra e saiu do Espectro do

ram incontáveis consultas com pediatras especializados, terapias comportamentais, aulas de musicalização, estímulos na rotina e várias outras intervenções que passaram

Autismo. Tudo foi se desenvolvendo de forma gradual e constante, e deixou para trás apenas alguns resquícios do autismo, os quais ele continuará tratando por meio de terapias adequadas.

a fazer parte da vida dele, e da família, a fim

E sabe aquela história sobre “propagar a

de auxiliá-lo na estimulação da linguagem e

informação”? Foi exatamente isso que Kaká

interação. “Cerca de 6 meses depois, conhece-

fez: criou um canal que, além de muito espe-

mos a Mayra Gaiato (São Paulo), atualmente

cial, tem como objetivo principal ajudar os

o maior nome do tratamento do Autismo no

pais que se encontram na mesma situação

Brasil, mas que na época era pouco conhecida!

em que ela e sua família se encontravam.

Assim que começamos a ser instruídos por ela,

O site www.autistologos.com, no qual ela

realizando a maior parte das terapias em casa,

disponibiliza todas as informações sobre o

inicialmente por mim mesma, o Matheus teve

assunto, o passo a passo do tratamento do

uma evolução incrível! Começou a falar, inte-

Matheus, para que os interessados possam

ragir, deu um salto no seu desenvolvimento!”,

reproduzir em suas casas. O “Autistólogos”

relata Kaká.

indica também filmes, livros, aplicativos,

E Kaká tinha em mãos, também, uma ferramenta poderosa, que decidiu usar como propósito, após presenciar os resultados de Matheus: a propagação da informação. Para ela, o diagnóstico de seu filho e todo seu tratamento poderia ajudar outras famílias

oferece entrevistas, matérias, direitos e muito mais. Porque, neste caso, menos não é mais. E também, é a prova de que a informação em abundância serve de guia para muitos que se veem num caminho que, a princípio, se mostra escuro.

sobre a importância do diagnóstico precoce

“Ainda que seja raro sair do Espectro, um

e da imediata iniciação do tratamento. Para

tratamento adequado e intensivo certamente

ela, “Todo conhecimento adquirido sobre o TEA

é capaz de mudar o futuro de nossas crianças,

e o tratamento do Matheus devem ser compar-

amenizando e revertendo grande parte dos sin-

tilhado com todos, pois, quanto mais pessoas

tomas.” , ressalta Kaká.

souberem, mais crianças e famílias poderão se beneficiar e se desenvolver ”. E completa: “Infelizmente até mesmo grande parte dos profissionais não está atualizado, acabam fazendo o diagnóstico tardiamente. E o pior, muitas vezes limitam o tratamento ao uso de medicamentos. O mais recomendado são as terapias comportamentais (Aba/Denver), pelo menos 15h

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Ela alerta que receber o diagnóstico

duo, mas eventualmente, cheio de propóA partir do diagnóstico de Matheus, fo-

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Não é sobre

vencer, é sobre

superar desafios diariamente.

Kaká Lobe (mãe do Matheus)

O que Kaká compartilha em seu site - e em vídeos de seu canal no youtube (procure por Autistólogos) – serve para todos que buscam uma forma de se jogar na batalha e se fortalecer, com o intuito de aprender a lidar e se adaptar à situação apresentada. Para essa mamãe carinhosa e muito esperta, a resiliência não é teoria, é AÇÃO.

Saiba mais: Site: www.autistologos.com Youtube: AutistologosAutismo Instagram: @autistologos_autismo



Interação entre pais e filhos

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Música Texto: Auxiliadora Mesquita - Ilustração: Cláudia Prates

A música é a favorita! Dentre todas as artes, ela com certeza é a que está

conectados a todas as invenções musi-

do um hormônio chamado dopamina.

cais que surgem ou são redescobertas.

O bem-estar que sentimos é real. E a

mais presente no dia a dia das pessoas.

O motivo para ela estar por todo o

música certa na hora certa pode animar

Nos momentos mais variados, ela

lado? Ela faz bem, muito bem. Ela ativa

ou relaxar, estimular a memória ou a ati-

acompanha, ajuda e marca, para sem-

os centros de prazer do cérebro, liberan-

vidade física, e até ajudar a curar.

pre, as lembranças da vida. E é claro que existe música para todos os gostos. Ao redor do mundo, os sons foram surgindo e sendo escolhidos por cada povo do lugar. Notas se misturaram de maneira única em cada canto do planeta. Hoje, com a comunicação instantânea da internet, esses sons se espalharam e estamos cada vez mais

Tanto poder tem que ser bem usado, não é mesmo? Oferecer às nossas crianças músicas variadas, que façam (e promovam) o bem já é uma excelente forma de iniciar o caminho. Incentivar as crianças a experimentar o “fazer música”, ainda melhor. No mais, é deixar a música rolar...

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Interação entre pais e filhos Achei pra você O urso barulhento, de Nick Bland (Editora Brinque- Book)

Cinema

Nesse livro divertido e original, um

O Rei Leão

A versão em live action é

urso ouve o som de uma banda na

dirigida por Jon Favreau (de

floresta e quer participar da música

Homem de Ferro), Rei Leão

também. E sai experimentando os

segue a mesma trama da animação: Simba idolatra seu pai, o

instrumentos para ver qual é o som

rei Mufasa. Quando seu tio Scar trama a morte do soberano e

que vai combinar com ele. O livro

coloca a culpa no sobrinho, o leãzinho deixa o reino, crescendo

fala de sons e música, mas também

longe de tudo que ama - até que decide recuperar o que é seu

de habilidades e persistência.

por direito. Previsão de estreia: 18 de Julho de 2019

Os Músicos de Bremen, Irmãos Grimm (Ed. Paulus) Nesse conto clássico alemão que o mundo inteiro conhece, quatro animais vão se encontrando e terminam por se unir para tocar música na cidade. Mas isso tudo com muita aventura pelo caminho...

Cinema

Toy Story 4

Na nova história, Woody,

Buzz e outros brinquedos vão para o norte em uma viagem de carro com a nova dona deles, Bonnie. No novo lar eles encontram Forky, construído a partir de um garfo, que está decidido a fugir de lá. Previsão de estreia: 20 de Junho de 2019

Meu primeiro livro de música, Donatella Bergamino (Ed. Girassol) Para as crianças maiores e com um interesse mais forte em música, vale

Teatro

Frozen - O musical

A peça musical conta a

a pena esse guia bem completo. Vem

história das irmãs Anna e Elsa.

com instrumentos musicais, expli-

Dedicado a todas as idades,

cações sobre o que é melodia, ritmo,

com efeitos especiais, projeções e todas as canções cantadas ao

harmonia e muitos outros assuntos

vivo. Além disso, será uma produção acessível em libras.

relacionados. Tudo fácil de enten-

Onde: Teatro Pedro Ivo - Florianópolis

der e bem ilustrado. Dá até dicas de

Quando: 23 de Junho, Domingo, às 16h00

como fazer instrumentos musicais.

Ingressos: www.ingressorapido.com.br

Berçário • Educação Infantil • Ensino Fundamental 1 • Período Integral • Educação Bilíngue

MATRÍCULAS ABERTAS Rua Itapuã, 398 - Parque São Jorge - Fpolis

Tel.: (48) 3334-1155

/escoladoparquefloripa www.escoladoparque.com.br


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“Qual é a música?” PEDRO E PIPOCA SÃO OS MELHORES AMIGOS DO MUNDO! CERTO DIA, PEDRO CHEGOU DA ESCOLA MUITO CHATEADO. PIPOCA LOGO VIU QUE PRECISAVA AJUDAR.

QUANDO PEDRO ACORDOU, JÁ ESTAVA MELHOR. E TEVE UMA IDEIA: PIPOCA, VAMOS JOGAR BOLA? OS DOIS FORAM PARA O QUINTAL E LIGARAM O SOM COM UMA MÚSICA BEM ANIMADA. ÔBA, É GOOOOL!!!

Unidade 1: BABY - Rua Santo Inácio de Loyola, 118 • Centro • (48) 3223.0405 Unidade 2: INFANTIL - Rua Almirante Alvim, 415 • Centro • (48) 3223.1871 Unidade 3: PRIME - Rua Alves de Brito, 303 • Centro • (48) 3223.1898

COM A PATINHA, COLOCOU UMA MÚSICA BEM CALMA. AH, QUE COISA BOA. PEDRO ABRAÇOU A AMIGA E ACABOU DORMINDO, BEM TRANQUILO.

DEPOIS DO JANTAR, A MAMÃE CHAMOU TODO MUNDO PARA A SALA. E FALOU ASSIM: HOJE, NÃO VAMOS LIGAR A TV. QUE TAL OUVIR UM SONZINHO GOSTOSO? PIPOCA E PEDRO BATERAM PALMAS. E SÓ QUERIAM SABER: MAMÃE, QUAL É A MÚSICA?

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Galeria

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Nossa cara #Revista

otávio

Laura Rojek da Costa

Catarina

Valentina Luiza Santana

Você também pode participar por e-mail. Envie sua foto para: nossacara@revistaeducar.com.br Na mensagem, escreva o nome completo e idade da criança + cidade e nomes completos dos pais.

imprimindo qualidade (47) 2106-9000 | www.impressul.com.br

Quer ver a foto do seu filho nas páginas da Educar? Escreva #revistaeducar na legenda de sua foto, no facebook ou no instagram

ENZO MARÇAL Revista Educar

@RevistaEducar




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