Resumo Seminário Rede AmLat - Julherme José Pires

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IX Seminário Internacional Metodologias Transformadoras Quito – Equador – 10, 11 e 12 de novembro de 2015.

Disposições culturais e de gênero no Brasil e no Vietnã: apropriações de Jogos Vorazes no contexto das globalizações1 Julherme José Pires2 Universidade do Vale do Rio dos Sinos RESUMO Num mundo em que várias globalizações atuam ao mesmo tempo, as disposições culturais e identitárias se complexificam. A partir da intersubjetividade provocada por um processo de midiatização intenso, diferenças entre territórios distantes começam a se derreter. O objetivo deste trabalho é fundamentar a problematização para pensar apropriações culturais num país latino-americano e em um do sudeste asiático, suas diferenças e semelhanças, suas conexões e suas barreiras. O estudo utiliza como pano de fundo a inscrição da série estadunidense de filmes e livros, Jogos Vorazes, no Brasil e no Vietnã. O olhar privilegiado é para a opressão e normatividade impostas e os retratos de fuga de apropriações, tendo como linha essencial, um estudo de gênero. 15 mil quilômetros separam Brasil e Vietnã. Países que têm histórias muito diferentes, mas que no contexto do século XXI se aproximam e suas culturas se entrelaçam. Após tantos movimentos históricos, chegamos à era da globalização, ou melhor, do que Santos (2008) defende, globalizações. Trata-se de um atravessamento entre dois tipos desse fenômeno, o hegemônico e o contra-hegemônico. Pensar no contexto desses dois países é pensar na influência desses dois sentidos simultaneamente. A mensagem em si, a dos filmes e livros, perpassa cenários e épocas, precisam ser contextualizados. Além disso, “a inter-relação entre as práticas sociais midiatizadas [...] e as estruturas das formações sociais nas quais esses processos comunicativos acontecem” (MALDONADO, 2014, p. 17) formam a ambiência necessária para entender um fenômeno de recepção. O filme Jogos Vorazes estreia no Brasil em que condições? O filme Jogos Vorazes não estreia no Vietnã em que condições? Para responder a essas perguntas, é preciso a construção de um método personalizado capaz de situar o pesquisador no campo. Ou, melhor, nos campos. Jogos Vorazes em si e em contato com os países onde é distribuído inscreve-se na atmosfera do hibridismo. Para Hall (2009, p. 75), o hibridismo é “um processo através do qual, se demanda das culturas uma revisão de seus próprios sistemas de referência, normas e valores, pelo distanciamento de suas regras habituais ou ‘inerentes’ de transformação”. Um aspecto que se apresenta na complexificação da produção de sentido neste século. Canclini (1998, p. 346) defende que não há dominação completa no ambiente híbrido. “O que sabemos hoje sobre as operações interculturais dos meios massivos e as novas tecnologias, sobre a reapropriação que diversos receptores fazem deles, afasta-nos das teses sobre a manipulação onipotente dos grandes conglomerados metropolitanos”. Isso, segundo o autor, acontece porque as referências usadas pelos artistas nos momentos de criação das obras são das mais variadas naturezas, “tomadas de diversos territórios”. Este é o ambiente de inserção de Jogos Vorazes, esperando para ser compreendido. Espaço natural para o nascimento de uma metodologia transformadora. Palavras-chave: mídia; mulheres; apropriações; globalizações; cidadania. Referências bibliográficas 1 2

Trabalho submetido para o IX Seminário Internacional Metodologias Transformadoras. Estudante de Mestrado da Unisinos. E-mail: Julherme.pires@gmail.com.

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IX Seminário Internacional Metodologias Transformadoras Quito – Equador – 10, 11 e 12 de novembro de 2015.

BOURDIEU, Pierre. La reproducción. Barcelona: Laia, 1977. CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão. 2 ed. São Paulo: EDUSP, 1998. CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 1994. CORTINA, Adela. Cidadãos do mundo: para uma teoria da cidadania. São Paulo: Loyola, 2005. HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte/Brasília: Editora UFMG/UNESCO, 2009. MALDONADO, Alberto Efendy (Org.). Panorâmica da investigação em comunicação no Brasil. 1 ed. Salamanca, Espanha: Comunicación Social Ediciones y Publicaciones, 2014. PERUZZO, Cicilia M. Krohling. Desafios da Comunicação Popular e Comunitária na Cibercultur@: Aproximação à proposta de Comunidade Emergente de Conhecimento Local. Versão revista e ampliada do trabalho apresentado no Grupo de Trabalho “Comunicación Popular, Comunitaria y Ciudadania”. X Congresso Latinoamericano de Investigadores de la Comunicación. Bogotá: Universidade Javeriana, 2010. SANTOS, Boaventura de Souza. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2008.

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