Guia paraproducaodeboletins cdccomunica

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Guia para produção de

boletins informativos pelos Comitês de Desenvolvimento Comunitário


Guia para produção de boletins informativos pelos Comitês de Desenvolvimento Comunitário Realização: Instituto Camargo Corrêa www.institutocamargocorrea.org.br Elaboração: Oficina de Imagens www.oficinadeimagens.org.br Coordenação: Eliziane Lara Pesquisa e redação: Adriana Mitre, Andrea Souza, Carlos Jáuregui, Carolina Silveira, Filipe Motta, Jordânia Furbino, Reginaldo Alves, Sâmia Bechelane Projeto gráfico e diagramação: Délio Faleiro Revisão: Clebson Luiz de Brito Tiragem: 500 exemplares Impressão: Gráfica Formato


Índice A importância da comunicação Proposta editorial O que é notícia?

Gêneros jornalísticos

Produzindo uma matéria: passo-a-passo Entrevista

Dicas de redação

Imagem e fotografia

Elementos gráficos da página do jornal Diagramação: dicas

Onde buscar informações sobre infância e adolescência Bibliografia

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comunicação

A importância da


N

ós, seres humanos, não vivemos sozinhos, afastados uns dos outros. É da nossa natureza estar em comunidade e com ela compartilhar o que vemos, aprendemos, sentimos e queremos.

Temos a necessidade de interagir e, para fazer isso, criamos formas de nos expressar e estabelecer vínculos uns com os outros. Daí vem a importância da comunicação. É ela que possibilita toda essa troca de saberes, emoções e desejos. É ela que nos ajuda a entender quem realmente somos. A comunicação está na “conversa fiada” com o amigo, na sala de bate-papo na internet ou na reunião de trabalho. O rádio e a TV, que emitem suas programações para milhões de pessoas, um gesto com as mãos ou um sinal de trânsito: tudo isso é comunicação. Em sua trajetória, a humanidade já inventou diversas maneiras de interagir. A comunicação é um elemento central da vida humana desde o desenvolvimento da fala, das pinturas nas cavernas e da escrita até o surgimento de tecnologias como a imprensa, o rádio, a fotografia, o cinema, a televisão e a internet.

Contar histórias Todas essas formas de comunicação servem em grande medida ao nosso hábito de contar histórias. E se você acha que não é um contador de histórias, está enganado. Quando chega em casa no fim do dia e fala sobre as novidades, está contando histórias. O relatório de atividades para o chefe, a parábola bíblica, a telenovela, a lenda da cultura popular, o poema de literatura de cordel ou a notícia do jornal são formas de contar histórias. Enfim, sempre que expomos uma sucessão de fatos (sejam eles reais ou ficcionais), sempre que falamos sobre um mundo em transformação, estamos construindo narrativas, contando histórias.

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Por que um boletim informativo? Neste manual, vamos nos concentrar em um tipo de história muito importante em nossa sociedade atual: a notícia. Mais especificamente, vamos compartilhar algumas técnicas para produzir boletins com notícias sobre os Comitês de Desenvolvimento Comunitário (CDCs). Por meio desse veículo, será possível debater temas de interesse local, avançando na promoção dos direitos de meninos e meninas e na troca de informações sobre o dia-a-dia dessas instituições. Não se trata de um curso rápido de jornalismo, mas de um material com orientações básicas para que os integrantes dos Comitês possam desenvolver seus próprios veículos de comunicação, com apoio de profissionais do jornalismo e com o máximo de autonomia e participação possível.

Proposta editorial A produção dos boletins informativos está inserida no âmbito dos programas Infância Ideal, Escola Ideal e Futuro Ideal nos municípios em que estiverem estabelecidos. Por isso, esses informativos têm dois objetivos principais: divulgar as ações e projetos desenvolvidos pelos Comitês de Desenvolvimento Comunitário (CDCs) e discutir temas relacionados aos direitos da criança e do adolescente, educação, empreendedorismo e geração de renda para jovens. Produzir e distribuir um boletim significa estabelecer uma nova forma de comunicação com a população local. Esse contato fortalece os vínculos com a comunidade e proporciona mais reconhecimento e legitimidade para a atuação do grupo. Assim, cada CDC produzirá o seu veículo, o que permitirá uma identidade própria e a abordagem de temas

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bem específicos da região em que atua. Além disso, os boletins contribuirão para que seus leitores se informem e se mobilizem em torno da defesa e garantia dos direitos de crianças e adolescentes. Com esses dois objetivos bem traçados será mais fácil decidir o que “cabe” e o que “não cabe” no informativo. Além de refletir sobre os temas que serão tratados na publicação, é importante pensar sobre as abordagens realizadas. No caso de assuntos relacionados à infância e adolescência, por exemplo, o norte deve ser as garantias já previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ressaltamos alguns cuidados necessários: os boletins não se destinam a discussões político-partidárias nem devem ser utilizados para promover ou prejudicar instituições, governos e indivíduos. O papel desse meio de comunicação é aproximar Comitês e comunidades, esclarecendo a população sobre os direitos de crianças e adolescentes e os projetos realizados pelo Comitê em sua área de atuação. Não se pode esquecer que a palavra-chave dessa iniciativa é colaboração. Todos os membros do CDC podem e devem contribuir com a elaboração de cada boletim. Esse projeto só faz sentido se puder fortalecer as trocas entre os integrantes do próprio grupo, fazendo com que cada um se sinta cada vez mais motivado a atuar para a melhoria da qualidade de vida de sua comunidade. Boa leitura e bom trabalho!

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O que é notícia?


A

principal tarefa na produção de um boletim é identificar no dia-a-dia as questões que serão transformadas em notícia. Não existe fórmula mágica, mas algumas dicas

podem ajudar bastante. 1. Em primeiro lugar, é preciso conhecer bem a proposta do boletim. Em um informativo que discute futebol, por exemplo, não há espaço para os assuntos de novela. Ou seja, a pergunta não é apenas: o que é notícia? O caminho é perguntar: o que é notícia em nosso boletim? Por isso, o projeto editorial, apresentado logo no início desta cartilha, será um guia para todo o trabalho. 2. Vemos todos os dias na televisão, em jornais e na Internet notícias sobre eventos ou fatos importantes, como inaugurações, encontros de presidentes, pronunciamentos de ministros. Esta é uma dica importante: procure ficar atento aos acontecimentos que possam interessar ao boletim, como o início e o encerramento das atividades de um projeto, as datas de reuniões importantes e de interesse do público, dentre outras possibilidades. Montar uma agenda é um bom começo. 3. Quando buscamos um noticiário, queremos saber de coisas novas. Ninguém compra jornal para ler notícia velha. Mas, se o informativo é produzido com intervalos de tempos maiores, temos um grande desafio. Não tem problema dar notícia de um evento que aconteceu há um ou dois meses, mas é preciso “requentar” a informação, agregando fatos novos e fazendo um balanço ou uma avaliação. Não basta apenas descrever o que ocorreu, pois o leitor pode ter participado da atividade e já conhecer os detalhes. Também é importante ficar atento ao que vai acontecer. Mas, para anunciar um evento, é preciso ter certeza de que o jornal vai circular antes de ele acontecer.

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4. Mas nem só de eventos vivem os veículos de comunicação. Diariamente também recebemos informações que tratam de temas que não estão diretamente ligados a um acontecimento importante. Para isso, apontamos algumas possibilidades: ö É possível falar dos desdobramentos de um projeto ou iniciativa, contando suas conquistas. ö Outro caminho é aproveitar datas comemorativas para sensibilizar a população sobre temas do nosso interesse, como o Dia de Combate ao Trabalho Infantil (12 de junho) ou o Dia Mundial do Aleitamento Materno (1o de agosto). ö No caso de um boletim ligado à temática da infância, é possível informar a população sobre documentos importantes para a área, como o Plano Nacional de Promoção da Convivência Familiar e Comunitária, ou sobre o papel das instituições na garantia dos direitos de crianças e adolescentes. Todos em sua cidade conhecem, por exemplo, o Conselho Tutelar ou o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente? 5. A última dica é olhar com atenção para toda a realidade do município. Não basta ficar atento apenas à agenda da infância. É importante lembrar que crianças e adolescentes estão na educação, na saúde, na assistência, na cultura, no esporte, na economia; enfim, em todas as áreas. A abertura de um centro cultural no município é uma importante oportunidade para crianças e jovens. As equipes de saúde podem ter dicas preciosas a dar sobre a saúde da população de 0 a 18 anos. Um campeonato esportivo pode render uma matéria interessante, falando da importância do esporte na vida de toda criança. Por isso, o que define a notícia não é só o tema, mas a forma como olhamos para ele.

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GĂŞneros jornalĂ­sticos


A

lém da habilidade para selecionar o que deve ou não ser noticiado, é importante conhecer os diferentes tipos de texto que podem ser utilizados. Em outras palavras, estamos falando dos

“gêneros jornalísticos”. A seguir, apresentamos alguns deles:

Artigo Apresenta comentários e visões que são de responsabilidade do autor do texto. Também chamado de “artigo opinativo”, ele pode ser escrito por colaboradores ou personalidades que, em geral, não são jornalistas. Algumas dessas pessoas podem ser especialistas no assunto em questão, enquanto outras simplesmente manifestam sua opinião.

Carta É o texto que dá uma amostra da opinião dos leitores a respeito dos temas noticiados ou comentados pela publicação. Pode ser enviada ao veículo de comunicação pelos correios, mas atualmente a maioria dos leitores se manifesta por e-mail. Saber como os leitores avaliaram o que foi produzido é muito importante e, por isso, todo veículo de comunicação deve oferecer-lhes um canal para que façam contato e enviem suas opiniões.

Chamada Texto curto, publicado na capa. “Chama” o leitor para o texto completo que está nas páginas internas do jornal.

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Coluna Texto que costuma sair sempre em uma mesma página, assinado pela mesma pessoa. Existem colunistas de economia, política, literatura... O estilo é mais livre e pessoal do que o do noticiário comum.

Crônica Texto que apresenta, em geral, observações ou impressões sobre o cotidiano. Pode mesclar realidade com ficção e não tem um compromisso necessário com temas da atualidade, como têm os artigos de opinião. O estilo costuma ser literário e os temas são de livre escolha do autor, que assina sua produção.

Editorial Reflete a opinião da publicação, sem ser assinado individualmente por nenhum profissional. Normalmente, o editorial traz a reflexão sobre algum assunto abordado no jornal e também tem a função de dar boasvindas ao leitor.

Entrevista Texto baseado nas declarações de alguém para um repórter. Quando tem a forma de perguntas e respostas em sequência, é chamada de “entrevista ping-pong”.

Expediente Quadro com os dados gerais da publicação. Deve apresentar, obrigatoriamente, a relação de diretores, editores-chefes, telefone e e-mail para

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contato e endereço de correspondência. Em alguns casos, é possível que traga também o nome dos repórteres que produziram as matérias.

Legenda Texto muito curto, que acompanha uma foto. Ele deve facilitar a compreensão de uma foto ao explicar a situação que ela retrata ou adicionar uma informação que não foi citada no texto.

Matéria Expressão típica (jargão) dos jornalistas, que engloba de forma geral os vários tipos de textos jornalísticos, especialmente notícias e reportagens.

Nota Texto curto que pode apresentar as informações mais essenciais sobre um fato passado ou anunciar algo que ainda está para ocorrer (um evento, por exemplo).

Notícia Relato de acontecimentos atuais de interesse da comunidade e dos leitores. Costuma ser escrita com a linguagem mais direta e impessoal possível. Com o uso das técnicas jornalísticas de pesquisa e redação, tenta-se reduzir no texto a presença da opinião do autor e da publicação.

Perfil Texto sobre uma personagem, misturando declarações dessa pessoa com observações do próprio autor do texto e de outras fontes de informação.

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Reportagem Texto resultante de um amplo trabalho de pesquisa jornalística. Precisa ser mais aprofundada do que a notícia, podendo ser mais ousada no estilo do texto.

Suíte Matéria que dá sequência ou continuidade a uma notícia que já foi publicada. Traz o desdobramento do fato com novos detalhes e informações mais recentes.

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Produzindo uma matĂŠria: passo-a-passo


P

roduzir uma notícia não é somente “sentar e escrever” e tampouco se trata de um dom que vem de nascença. É algo que exige procedimentos e técnicas para que o texto final tenha qualidade. E, quando tratamos da qualidade de uma matéria, estamos falando

do interesse que ela desperta no público, da clareza e correção do texto, além da veracidade, exatidão e cuidado na apuração e apresentação das informações ao leitor. A seguir, apresentamos o passo-a-passo da produção de uma matéria, com algumas dicas e técnicas que facilitarão esse aprendizado.

1. Pauta: um bom começo O primeiro passo na produção de qualquer matéria é a preparação da pauta, que funciona como um roteiro para todas as outras etapas desse processo. Quando se tem uma ideia inicial para uma notícia ou reportagem, é preciso refletir um pouco sobre ela e planejar como serão levantadas as informações necessárias. Por exemplo: não dá para falar tudo sobre a situação da infância e da adolescência no município em um texto de uma página. Por isso, é importante sempre fazer a matéria focada em algum aspecto do tema. Por exemplo, o papel de um determinado projeto esportivo na garantia dos direitos de meninos e meninas. Com uma delimitação clara do tema, a apuração ganha “um foco”, tornando-se mais fácil e produtiva. A pauta também exige uma pesquisa para levantar as fontes que serão consultadas, ou seja, as pessoas e os materiais que poderão contribuir com a matéria. Quais livros, documentos e sites podem ajudar na pesquisa? Quem são as pessoas mais indicadas para conceder uma entrevista?

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A seguir, apresentamos um modelo que pode ser utilizado na montagem de pautas: Nome da pauta: um nome que resuma bem o que será tratado na matéria. Resumo: deve trazer o resultado da pesquisa inicial sobre o assunto.

Abordagem: delimita a forma como um assunto será tratado e orienta a pesquisa para a produção da matéria. Questionamentos: perguntas que orientam a pesquisa e que podem facilitar o trabalho. Fontes: indicação de pessoas, documentos e outros materiais que serão consultados. É importante já colocar o nome de cada fonte e, no caso de documentos, onde eles estão disponíveis. Imagens: indicação de possíveis imagens e ilustrações para a pauta e orientações sobre como produzir esse material.

Pauta: um exemplo Nome da pauta: a segurança de crianças e adolescentes no uso da internet. Resumo: crianças e adolescentes têm acessado a internet cada vez mais cedo e, muitas vezes, eles ficam o dia inteiro em frente ao computador usando

essa ferramenta para brincar, conversar, estudar e fazer amigos. Mas, apesar de todo o avanço trazido pela rede mundial de computadores, ouve-se falar de muitos casos de violação dos direitos de meninos e meninas no meio

cibernético. Diante disso, é necessário saber como crianças e adolescentes podem usar essa tecnologia da forma mais segura possível.

Abordagem: podemos delimitar o assunto da seguinte forma: “os cuidados que pais devem tomar para manter os filhos seguros na internet”.

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Questionamentos:

1) Qual é a idade adequada para se começar a usar a internet?

2) Qual é a contribuição da internet para a formação da criança? 3) Quais são os riscos?

4) Como diminuir esses riscos?

5) Em nosso município, a quem se deve recorrer em caso de problemas que envolvam a internet e a segurança de meninos e meninas? Fontes:

1) Especialista em Internet. 2) Educadores.

3) Ministério Público.

4) Sites de organizações que trabalham com esse tema (Exemplo: Safernet). Imagens:

Foto de uma família orientando seu filho sobre o uso da internet.

Para cada edição do boletim, as propostas de pauta devem ser levantadas em conjunto por todos os membros do CDC, de forma que todos possam participar da construção da publicação. Esse processo deve considerar os gêneros textuais e a proposta editorial que foram previamente delimitados pelo grupo durante a atividade facilitada pela equipe da Oficina de Imagens. Nesse momento, revisitar a seção Proposta

editorial, na página 4 desta cartilha, também pode ajudar bastante. Definido o tema, a responsabilidade pelo detalhamento da pauta cabe a quem se prontificou a redigir o texto. É importante que o Comitê Editorial avalie essa proposta e verifique se a abordagem e as fontes sugeridas são as mais adequadas e se há algum aspecto a ser acrescentado.

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Não se esqueça também de planejar as pautas no contexto de cada número do boletim. Em outras palavras, é preciso decidir quantas matérias entrarão em cada edição, dividindo tarefas para que ninguém fique sobrecarregado e nenhuma seção seja esquecida. Atenção! Toda reunião de pauta deve necessariamente estabelecer um cronograma com prazos para o cumprimento de cada etapa da produção do boletim. Nas primeiras edições, a Oficina de Imagens ficará responsável pelo acompanhamento de todo esse processo, desde a avaliação das pautas até a edição final do texto. Para que não haja atrasos no boletim, é importante que todos se esforcem e cumpram os prazos combinados.

2. Apuração: levantamento de informações Com a pauta preparada e um “foco” para orientar o trabalho, o próximo passo é fazer a apuração, ou seja, a pesquisa das informações que entrarão na matéria. E é a partir de uma boa apuração que se garante a qualidade do produto jornalístico. Afinal, de nada adianta escrever bem quando não se tem um bom material apurado. Os métodos usados para essa tarefa são variados: entrevistas, pesquisas na internet, livros, documentos, estudos e filmes são as possibilidades mais comuns. Toda essa pesquisa deve se amparar no planejamento feito com a pauta. Com isso, é mais fácil garantir que as informações apuradas sejam relevantes e não fujam totalmente ao roteiro inicial. Mas atenção: a pauta funciona como um guia e não como uma camisa-de-força. Se informações inesperadas surgirem, elas poderão mudar os rumos da pauta, caso sejam realmente interessantes para o leitor. Uma boa apuração preza pela exatidão; por isso, é fundamental fugir dos boatos e de informações que não possam ser comprovadas. Assim, busque sempre consultar fontes confiáveis e no maior número

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possível. Um mesmo fato pode ter diferentes versões, que precisam ser consideradas e, se necessário, contrapostas. O registro dessas informações deve ser feito de forma cuidadosa, com anotações claras. Mas, se depois houver dúvidas sobre uma estatística, um nome ou mesmo sobre a declaração da pessoa, volte à fonte e confirme a informação. Outra possibilidade é gravar a entrevista. Há gravadores específicos para isso, mas até mesmo com um celular ou MP4 é possível fazer uma gravação. No caso de pesquisas em documentos, é importante anotar sempre a referência: nome certo, página ou endereço da internet. No caso do uso de informações da internet, evite ao máximo reproduzir dados de sites. Exceções são bancos de dados e informações fornecidas por páginas de órgãos oficiais, como o IBGE ou o governo federal, ou associações e conselhos de área, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Em todos os casos, deixe claro de onde a informação foi retirada.

3) Redação: dando forma às informações coletadas Depois da apuração já é possível escrever a matéria. Para isso, é importante analisar o material apurado, buscando as informações mais relevantes e que podem chamar mais a atenção do leitor. São essas informações que devem ter mais destaque no texto, aparecendo no título e na abertura. Uma técnica valiosa é o lead (ou lide), que será abordado no capítulo “dicas de redação”. Atenção! O espaço de um boletim é limitado e uma boa apuração quase sempre produz mais informações do que o tamanho previsto para cada matéria. Por isso, tão importante quanto o bom domínio da língua portuguesa, é o planejamento do que vai ou não entrar no texto. Lembre-se do “foco” construído com a pauta, pois ele poderá ajudar a separar o joio do trigo e a construir um relato mais lógico e organizado.

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O texto jornalístico deve ser o mais claro e objetivo possível. É bom evitar frases muito longas, que dificultem a leitura, além de palavras muito difíceis ou pouco usadas no cotidiano do leitor. Também é recomendável que os textos tenham um tom próximo da linguagem que usamos no dia-a-dia, mas sem desrespeitar as normas gramaticais. Durante todo o processo de redação, tente prever a reação do seu leitor. Ele vai se interessar pelo texto? Ele vai entendê-lo?

4. Edição: ajustes do texto A edição é o processo no qual são dados os ajustes finais ao texto. O ideal é que a matéria chegue às mãos do editor o mais “pronta” possível. No entanto, algumas vezes é preciso que ela seja quase que totalmente reescrita no processo de edição. Isso acontece principalmente quando o texto está muito maior do que o previsto ou quando a pessoa que o escreveu teve dificuldades em selecionar quais são as informações mais importantes, entre tudo o que foi levantado na apuração.

5. Diagramação: inserindo os textos finais na página da publicação Quando os textos estão prontos, eles devem ser colocados nas páginas do boletim, respeitando o “projeto gráfico”, ou seja, a cara que a publicação deve ter. É nesse momento que são adicionados ao texto elementos como fotos, tabelas e infográficos. O diagramador pode e deve dar dicas para compor a página do boletim, mas o repórter é o responsável por indicar os materiais complementares ao seu texto. Inclusive, é recomendável estar atento a isso em cada uma das etapas de produção da matéria.

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É importante que, a cada nova edição, a diagramação consiga manter uma aparência mais ou menos semelhante – para que o leitor se familiarize com a publicação – e apresentar algo de novo para que o leitor possa perceber a diferença entre os números do jornal.

6. Revisão: ajustes finais no material diagramado Depois da diagramação, vale a pena fazer uma revisão final. Desta vez, os ajustes do texto têm de ser mais pontuais do que na edição (apenas pontuação e erros ortográficos). Também é preciso verificar equívocos da diagramação (imagens colocadas no lugar errado, textos que foram deixados fora das páginas, entre outros). Uma boa dica nesse momento é pedir a pelo menos duas pessoas que leiam o material. De preferência, pessoas que não participaram da redação dos textos.

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Entrevista


A

entrevista é uma das partes mais importantes da apuração e, por isso, merece atenção especial. Depois de ter escolhido as pessoas que serão entrevis-

tadas, é preciso preparar bem cada uma dessas “conversas”. Em primeiro lugar, pesquise sobre o assunto e sobre a atuação do entrevistado. Assim, você evita perguntas óbvias ou desnecessárias, ninguém perde tempo e a apuração traz informações realmente novas e relevantes para a matéria. Por exemplo: antes de entrevistar qualquer pessoa ligada à área da infância, é preciso ter uma noção mínima do significado do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei 8069/90. Quando você se prepara bem para a entrevista, fica por dentro do assunto e consegue interagir melhor com o entrevistado. Se você entende bem o que a fonte está falando, consegue formular novos questionamentos no decorrer da entrevista e aproveita melhor essa oportunidade. A seguir, apresentamos algumas dicas: ö Prepare sempre um roteiro de perguntas para cada entrevistado, assegurando-se de que não esqueceu nada. Os questionamentos construídos durante a pauta podem servir como ponto de partida. ö Não se esqueça de pedir o nome completo do entrevistado e a forma como ele gostaria de ser apresentado na matéria. Uma mesma pessoa pode ser identificada de várias formas dependendo da abordagem do texto, por exemplo: Luís Carlos Silva, técnico da prefeitura;

Luís Carlos Silva, morador do bairro Planalto; Luís Carlos Silva, psicólogo.

ö Evite perguntas fechadas, isto é, que possam gerar como resposta um “sim” ou um “não”. Dê preferência a perguntas que estimulem o entrevistado a falar mais. Vejamos o exemplo:

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Você acha importante a festa da padroeira do nosso município? (não recomendável)

Qual é a importância da festa da padroeira de nosso município? (recomendável)

ö Preste atenção ao que o entrevistado fala. Assim, você conseguirá esclarecer, naquele mesmo momento, qualquer dúvida que aparecer durante a entrevista. ö Caso o entrevistado comece a fugir do assunto, tente deixar claro o foco da entrevista. Peça com educação que ele seja mais direto. ö Faça as perguntas da forma mais educada possível. Caso o entrevistado se mostre nervoso ou desconfortável com alguma questão, reforce a importância da entrevista. ö Caso o entrevistado se arrependa de algo que falou e peça que aquilo não seja publicado, respeite a vontade dele e não publique! Nunca force seu entrevistado a dar uma informação que ele não quer dar ou que possa prejudicá-lo. Entrevistar não significa expor o entrevistado indevidamente. ö Mesmo quando a entrevista for gravada, procure anotar o máximo possível. As anotações ajudam na seleção das informações mais importantes e são a única alternativa no caso de equipamentos estragados ou perdidos. ö Dê preferência a entrevistas presenciais ou pelo telefone. Ver e/ou ouvir o entrevistado facilita a compreensão dos assuntos conversados. Entrevistas por e-mail também são possíveis, mas têm um menor potencial de interação.

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Utilizando a entrevista na elaboração do texto Depois de concluir a entrevista, é preciso pensar sobre a melhor forma de aproveitar as informações obtidas na construção da matéria. A princípio, existem três formas de apresentar o conteúdo das entrevistas no texto. A primeira delas é a simples incorporação do discurso da fonte pelo jornal, como se o próprio veículo assumisse a responsabilidade por essa declaração. Nesse caso, a fala aparece sem aspas e sem qualquer menção à pessoa que teria transmitido a informação ao repórter. Vejamos um exemplo: Incêndio em Goiás atinge o equivalente a 100 campos de futebol.

É possível também lançar mão do discurso direto, apresentando a fala do entrevistado entre aspas. O discurso entre aspas deve ser o mais fiel possível à fala da fonte, mas o redator pode (e deve) adequar a declaração do entrevistado (oral) às normas gramaticais do português padrão (escrito). Afinal, ninguém fala exatamente como escreve. Vejamos um exemplo: “O incêndio de Goiás alcançou uma área equivalente a 100 campos de futebol”, afirma o técnico do IBAMA, Josenildo Farias.

Outra forma de se apresentar a fala de um entrevistado é o discurso indireto. Nesse caso, o redator atribui a declaração a um entrevistado, mas com uma maior liberdade para adequar o estilo da fala ao estilo do texto. Atenção: a citação indireta não permite qualquer mudança no conteúdo da entrevista. Vejamos um exemplo: Segundo o técnico do IBAMA, Josenildo Farias, uma área equivalen-

te a 100 campos de futebol já foi tomada pelo incêndio que ocorre em Goiás.

É preciso saber usar com equilíbrio essas três técnicas de redação. Quando a fonte for alguém que pode dar maior credibilidade à informação, vale a pena citá-la entre aspas. Se ela tiver muitas dificuldades para estruturar suas ideias, citações indiretas poderão dar melhor

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fluência ao texto. Caso uma declaração da fonte seja facilmente verificável e ela tenha outras falas mais interessantes, o boletim pode assumir essa fala para que o texto não se transforme num amontoado de citações. Ao inserir a entrevista no texto, é muito importante estar atento ao que o entrevistado afirmou e tomar todos os cuidados para que o trecho utilizado não apareça em um contexto que dê margem a uma interpretação oposta àquela que o entrevistado deseja. Em situações como essa, o entrevistado pode entender que sua fala foi deturpada, o que gera problemas para a fonte, o repórter e o leitor, que teve acesso a uma informação incorreta.

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Dicas de redação


E

screver um texto jornalístico exige bastante atenção. Muitas vezes, profissionais experientes que atuam em grandes meios de comunicação, como jornais, TV, rádios e portais na internet, também

encontram dificuldades para elaborar boas matérias jornalísticas. Seis perguntas fundamentais podem auxiliar no processo de redação:

O quê, quem, quando, onde, como e por quê? Essas questões são chamadas na linguagem jornalística de lide. Trata-se de uma abertura com os principais aspectos do acontecimento que está sendo narrado. Dessa forma, ao escrever, procure sempre dar prioridade às informações que são mais relevantes, colocando-as no início do texto, para que o leitor se sinta atraído e possa entender com mais facilidade o que está sendo abordado.

Lide: um exemplo Um homem de 81 anos fez o parto da neta na sua casa em Ba-

nanal, zona rural de Cláudio, Região Centro-Oeste de Minas Gerais. O bebê

nasceu nesta terça-feira, 1º de fevereiro. A mãe e a filha estão em um quarto na Santa Casa de Cláudio à espera da liberação médica.

Esse trecho foi publicado em um portal de notícias na internet. Podemos observar que o primeiro parágrafo responde a algumas perguntas: O quê (fato): homem faz parto da neta. Quem: homem de 81 anos.

Quando: terça-feira, dia 1º de fevereiro. Onde:Bananal (Cláudio – MG).

É importante lembrar que não é preciso responder no primeiro parágrafo

a todas as seis perguntas que compõem o lide. No caso do exemplo acima, as questões como e por que somente serão esclarecidas nos parágrafos seguintes.

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Linguagem clara

Além do lide, outra sugestão para elaborar um bom texto

jornalístico é utilizar uma linguagem clara e objetiva. Por mais complexo que seja o assunto, a notícia deve ser escrita de forma simples e sem rodeios, mas com todas as informações básicas para que o leitor entenda o assunto. Nesse caso, evite usar palavras difíceis. Opte por colocar termos de fácil compreensão, comuns à maioria das pessoas. Escolha sempre as palavras mais precisas, aquelas que realmente demonstrem o que você quer dizer. Expressões rebuscadas não devem ser utilizadas, pois podem confundir o leitor. Utilizar frases curtas é um ótimo recurso para fazer um texto de qualidade, pois os olhos do leitor fazem uma pausa natural após um determinado número de palavras. Confira o exemplo: Na avaliação do governo, a greve contra a reforma da Previdência

não terá fôlego para prosseguir por longo período, pois Ciro Gomes deu uma

entrevista à revista Época e disse que Lula queria implantar um novo capitalismo no Brasil com a renovação de 60% no Congresso.

Além de cansativas, as sentenças longas podem deixar os leitores perdidos no texto e sem compreender todo o seu conteúdo.

Palavras perigosas Evite o uso das seguintes palavras, pois elas podem conferir imprecisão ao texto: ö “uns” e “umas”: em um texto informativo, é importante passar a ideia de quantidade e exatidão, como vemos na seguinte frase: 20 mil pessoas receberão donativos no Rio de Janeiro.

ö “seu” e “sua”: essas palavras podem fazer com que a frase tenha duplo sentido, pois “seu” e “sua” podem se referir a ele ou a você. Confira o exemplo: Fábio usou os recursos do seu celular.

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ö “aquela”, “aquele” e “aquilo”: podem ser substituídos pelos pronomes “o” e “a”, pois deixam as frases mais leves. ö dia, mês e ano: no texto informativo, não é necessário escrever “no dia 20 de janeiro” e “no ano de 1996”. O correto é: “em 20 de janeiro” e “em 1996”.

Adjetivos Outra sugestão é evitar o uso excessivo de adjetivos. Tais palavras só são bem-vindas quando tornam um substantivo mais detalhado ou quando dão credibilidade à informação. Veja os exemplos: Atacante do São Paulo marcou três gols maravilhosos contra o

adversário.

Presidente Lula fecha excelente acordo internacional com a Itália.

Nas frases acima, observa-se o uso desnecessário dos adjetivos “maravilhosos” e “excelente”. Essas palavras mostram claramente a avaliação do repórter sobre as informações. Como já mencionamos, o texto jornalístico deve buscar ser o mais objetivo e impessoal possível. Sugerimos: Atacante do São Paulo marcou três gols contra o adversário. Presidente Lula fecha acordo internacional com a Itália.

Repetição de palavras e rimas Repetir palavras, usar frases parecidas e estruturas sempre semelhantes podem tornar o texto chato e cansativo para o leitor. Também é preciso ter cautela com o uso de palavras que possuam a mesma terminação. Para evitar que esse tipo de situação ocorra, leia os textos após redigi-los, de preferência em voz alta. Veja o exemplo: O cidadão deve prestar atenção na regularização da Constituição.

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É importante lembrar que redigir qualquer tipo de texto é uma tarefa que exige tempo e atenção. Leia-o quantas vezes forem necessárias e, quando possível, peça que alguém leia o que você escreveu. Caso tenha alguma dúvida sobre o significado de alguma palavra, consulte o dicionário.

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imagem e fotografia


Enquadramento Você provavelmente já abriu um álbum de fotografias e percebeu que algumas pessoas saíram sem cabeça ou que as figuras principais de uma foto estavam muito pequenas, enquanto outros elementos ficaram enormes. Esses erros bastante comuns se devem a um descuido com o enquadramento da imagem. Como o próprio nome diz, enquadramento é a forma como emolduramos as imagens quando tiramos uma foto. Vejamos a seguir como uma mesma imagem pode mostrar informações diferentes, dependendo do enquadramento escolhido:

Enquadramento orginal

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Outros enquadramentos possíveis

Com este exemplo podemos perceber que, da mesma maneira que a câmera registra uma imagem, ela “apaga” tudo o que está em volta do seu enquadramento. Saber enquadrar é saber “recortar” aquilo que é importante na foto de uma forma agradável para quem vê.

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O ideal é que as fotos estejam sempre bem enquadradas. Embora em alguns casos seja possível fazer um novo recorte para as fotos no computador, deve-se evitar isso, porque a resolução e a proporcionalidade da imagem podem ser comprometidas. Um problema de enquadramento bastante comum é bater uma foto com muito teto ou muito chão. Vejamos a seguir um exemplo: Não recomendável (com muito teto e muito chão)

Recomendável

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Foco É o elemento mais importante na produção de uma fotografia. Sem o foco, não há programa de computador que consiga “consertar” uma foto. Vejamos os exemplos a seguir: Com foco

Desfocado

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A maioria das máquinas digitais funciona com um ajuste automático de foco. Para usar esse recurso, você centraliza a câmera no objeto ou pessoa que quer destacar e dá um leve toque no mesmo botão que é usado para disparar a foto. Depois é só apertar o botão com mais força e a foto será disparada.

Texto X Imagem As imagens que aparecem em um jornal não são escolhidas por acaso. Em primeiro lugar, elas precisam ter alguma relação com o conteúdo dos textos. O ideal é que elas não apenas ilustrem a matéria, mas que também tragam alguma informação nova. E lembre-se de uma regra fundamental: foto jornalística sempre tem legenda! Quando for redigi-la, evite descrever de forma óbvia o que se pode ver na foto. Na legenda, tente contextualizar a foto, adicionando alguma informação que faça o leitor entendê-la melhor.

Resolução Não é qualquer tipo de imagem que pode ser impressa no jornal. É preciso que ela tenha boa qualidade e definição ou, em termos técnicos, uma resolução adequada. Quando for tirar fotos, uma câmera de 3 megapixels é suficiente. Menos do que isso, podem surgir dificuldades se a imagem for usada em tamanho grande. Mais do que isso, o arquivo fica muito pesado para ser enviado pela internet.

Imagens da internet Se você for usar no jornal imagens encontradas na internet, a atenção tem de ser redobrada, porque a maior parte do material que circula na rede não tem resolução suficiente para impressão.

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Para saber se uma imagem de computador tem boa resolução, você pode simplesmente fazer um teste e imprimi-la. Também é possível fazer isso em softwares para edição de imagens (Paint e Photoshop são os mais comuns). Você abre o programa, seleciona a alternativa “dimensão” (image size) ou “atributos” (image quality) e verifica se a resolução é maior do que 300 dpi (dots per inch = pontos por polegada). Se a resolução for menor do que 300 dpi, a imagem poderá ser usada somente em tamanhos reduzidos.

Créditos Não se pode esquecer que as imagens têm autoria. Por isso, devemos creditá-las, ou seja, deixar claro quem é o fotógrafo ou instituição que produziu a imagem ou detém os direitos dela. Por exemplo, quando uma fotografia encontrada em algum jornal, site ou livro for usada, o ideal é pedir autorização e colocar junto dela, em letras pequenas, o nome do fotógrafo e/ou instituição que possuem os direitos da imagem. Assim, processos judiciais poderão ser evitados.

Autorização do uso de imagem Sempre que alguém aparecer com muito destaque em uma foto, o ideal é solicitar autorização de uso de imagem. Afinal, ninguém é obrigado a ter seu rosto veiculado em meios de comunicação. No caso de multidões e/ou fotos em que não há ninguém em evidência, não existe essa necessidade.

Fotografando crianças e adolescentes É comum ver jornais e emissoras de televisão exibindo imagens de crianças e adolescentes em situação de extrema pobreza, vítimas

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de violência, suspeitas ou autoras de atos infracionais. Essa atitude é inadequada porque, além de expor meninos e meninas de forma negativa, não traz qualquer contribuição para um debate qualificado sobre os direitos da infância. Risque esse tipo de imagem de suas possibilidades, o que não significa que situações de violação não devam ser debatidas. Esses casos devem ser abordados, mas é preciso ter muito cuidado ao retratá-los para que meninos e meninas não sejam revitimizados. É importante também, sempre que possível, discutir as soluções para os problemas debatidos. Em todas as situações, é preciso ter um documento assinado pelos pais ou responsáveis autorizando a utilização da imagem daquela criança.

Outros recursos Além de fotografias, as matérias jornalísticas podem ser acompanhadas por infográficos, tabelas e ilustrações que têm por objetivo enriquecer e complementar o texto escrito. A confecção de recursos como esses demanda o manejo de programas de design gráfico (Corel Draw, por exemplo) para que os dados sejam traduzidos de forma clara e coerente.

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Elementos grรกficos da pรกgina do jornal


C

omo já vimos, uma das etapas finais da produção de um jornal é a diagramação, que consiste na distribuição dos textos e elementos visuais no espaço da página do jornal ou da revista. A seguir,

apresentamos uma breve explicação sobre os elementos mais importantes da página do jornal.

Box Caixa de texto que vem destacada do restante da matéria. Pode ser separado por fios ou outras formas geométricas (quadrado, retângulo, círculo...). Traz informações que mantêm relação com o texto mais longo, mas merecem alguma ênfase.

Cabeçalho Fica na extremidade superior da página e é muito importante para construir a identidade do jornal. Ele aparece maior na capa do que no interior da publicação e costuma trazer a logomarca do veículo, o nome da seção e, às vezes, o número da página.

Coluna Os textos são normalmente divididos em colunas para facilitar a leitura. Assim, as linhas de texto têm um comprimento menor e o leitor não se confunde quando pula do fim de uma linha para o começo de outra. Jornais de formato grande podem ter 5 ou 6 colunas. Já veículos produzidos em folhas menores (A4, Carta ou Ofício) normalmente não possuem mais de 3 colunas.

Crédito Assinatura que informa a autoria de imagens e textos.

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Defesa / respiro Espaço em branco entre os diferentes elementos da página. É importante para não cansar o olhar do leitor.

Imagem Pode ser uma fotografia, uma ilustração ou até mesmo um infográfico. Tem várias funções: trazer novas informações para o texto, comprovar uma informação pelo meio visual ou simplesmente ilustrar a página para torná-la “mais leve” e “simpática” ao leitor.

Infográfico Um esquema que envolve imagens e pequenas informações escritas, facilitando a compreensão do tema da matéria.

Fio Linha usada para separar elementos na página do jornal. Muitas publicações optam por não usá-la, preferindo um simples espaço em branco entre os blocos de texto ou elementos gráficos.

Legenda Texto que acompanha as fotografias.

Margem Espaço em branco situado nas extremidades de uma página.

Olho Frase que ganha destaque em uma matéria. Vem em letras maiores que o restante do texto.

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Rodapé Aparece na extremidade inferior da página. Deve dialogar com o cabeçalho na construção da identidade da publicação. Costuma trazer a numeração da página.

Tipografia (ou fonte) Refere-se aos tipos de letra usados no jornal. Tem muito a ver com a cara que se deseja dar para a publicação.

Títulos Têm como função principal identificar os textos e diferenciá-los uns dos outros. Também são importantes atrativos para o conteúdo do boletim. Existem vários tipos de título, que são apresentados a seguir: Título da matéria: é a frase que identifica o texto e chama o leitor para a leitura. Bigode: Jargão jornalístico usado para o subtítulo. Costuma ficar abaixo do título e complementa suas informações. Editoria: nome da seção de um jornal especializada em um determinado assunto. Chapéu: também chamado de antetítulo, o chapéu é a palavra, nome ou expressão que aparece sobre o título de uma matéria. Normalmente o chapéu faz um recorte temático mais específico do que a editoria. Vejamos um exemplo: Editoria (seção): Esportes

Chapéu (antetítulo): Futebol Brasileiro

Título da matéria: Clube Atlético Mineiro é o que mais contrata jogadores em 2011

Bigode (subtítulo): Com contratações de peso e comissão técnica preparada, torcedores confiam na conquista de títulos.

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Além desses quatro tipos de título, existem os intertítulos, que são colocados no interior do texto para indicar uma pequena mudança de tema e deixar a leitura mais fácil. Também existem as manchetes, que indicam as notícias mais importantes do jornal, de uma página ou editoria.

cabeçalho fio

fotografia legenda manchete bigode chamada

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Diagramação: dicas


P

ara diagramar, é necessário certo conhecimento técnico sobre programas de design gráfico como o Corel Draw, Publisher, InDesign ou o Scribus. No entanto, existem algumas noções básicas que ser-

vem para qualquer programa e são muito valiosas na hora de diagramar.

O equilíbrio da página Composta por blocos de texto, imagens e outros elementos, a página precisa ser bem organizada para ficar mais amigável ao leitor. Por isso, é importante sempre encontrar um bom equilíbrio entre os diferentes componentes dela. A concentração de muitos elementos em um determinado lado da página gera incômodo e prejudica seu visual. Vejamos alguns exemplos: Recomendável

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Nรฃo recomendรกvel

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O equilíbrio da página pode se dar com a colocação de elementos no centro da página ou com a distribuição deles nos lados ou nos cantos. Vejamos: No centro da página

Nos lados da página

É preciso, entretanto, evitar o meio termo na diagramação. Se um objeto centralizado ficar um pouquinho para a direita ou para a esquerda, isso parecerá um erro. Se um elemento colocado em um lado ou outro da página “tender” para o centro, também causará incômodo. Vejamos:

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Recomendável

Título e imagem estão centralizados.

Não recomendável

(simulação feita a partir do exemplo anterior) O título está situado em um meio termo entre “centralizado” e “alinhado à esquerda”.

A fotografia está situada em um meio termo entre “centralizada” e “alinhada à direita”.

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Alinhamento Diferentes elementos da página devem estar alinhados para não criar “dentes”, que ficam feios e incomodam a leitura. Vejamos: Recomendável

Não recomendável

Os itens da página estão alinhados uns com os outros e, por isso, não apresentam “dentes”.

Existem “dentes” entre elementos que não estão alinhados.

Defesa / respiro É importante que os espaços entre os elementos da página não sejam muito grandes nem muito pequenos. Quando o texto de um box fica muito grudado nas extremidades dele, a leitura fica difícil.

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Vejamos: Recomendável

Não recomendável Há excesso de espaço entre os dois blocos de texto presentes na faixa.

Quase não há espaço entre o limite da faixa e elementos como texto e imagens.

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Tipografia O tipo de letra (também chamado de fonte) tem tudo a ver com a cara da publicação. Vejamos alguns exemplos: Arial – É uma letra básica e muito usada em textos para serem lidos no computador, mas é cada vez mais presente no papel. Por não conter serifas (pequenos detalhes nas extremidades da letra), tem uma leitura fácil em monitores. Existem muitas outras fontes que seguem este estilo: Verdana, Calibri, Tahoma, Trebuchet MS... Comic Sans – Para muitos, é a chamada “fonte proibida”. Embora pareça simpática, ela não combina com textos sérios e profissionais. Por ter sido muito usada no início da popularização da internet, ela ficou estigmatizada como uma fonte “rudimentar” e “ultrapassada”. Cursiva – Existem muitas fontes assim. São mais comuns em convites de casamento e outras peças desse tipo. Normalmente não são usadas em jornalismo, porque prejudicam a leitura e deixam a página “pesada.” Quando o assunto é relativo ao tema da educação, alguns diagramadores lançam mão deste recurso para aludir ao processo de “leitura e escrita” ou ao quadro negro. Times New Roman – É a fonte mais clássica e a maioria dos jornais utiliza letras semelhantes a esta. Algumas fontes que seguem um estilo semelhante são a Garamond e a Century. Ao contrário da fonte Arial, estas fontes têm serifas e, por isso, são mais indicadas para leitura no papel do que no monitor.

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Os efeitos de estilo

É muito importante não abusar dos efeitos de estilo como o negrito, o

itálico e o sublinhado. Eles devem ser usados pontualmente e toda publicação tem de criar normas para isso. Algumas, por exemplo, colocam os títulos em negrito, palavras estrangeiras e nomes de livros em

itálico e, a princípio, não usam palavras sublinhadas. A combinação dos efeitos não costuma ser uma boa ideia, porque dificulta a leitura e deixa a página “suja” e “pesada”.

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Onde buscar informações sobre infância e adolescência


N

os sites abaixo é possível encontrar importantes informações sobre a infância e adolescência no País. Você pode consultá-los para conhecer melhor quais os direitos de meninas e meninos,

acessar notícias atualizadas sobre a área, participar de fóruns e consultas públicas, dentre outras atividades. Isso vai ajudá-lo a estruturar as pautas para o jornal do CDC! Use e abuse dessas informações e, em caso de dúvidas, solicite o auxílio da equipe da Oficina de Imagens.

Sites governamentais Nessas páginas, é possível acessar dados oficiais e estatísticas de cada setor, além dos marcos normativos que regulam as diversas áreas relativas a crianças e adolescentes. Ministério da Saúde – www.saude.gov.br

Ministério da Educação – www.mec.gov.br Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – www.mds.gov.br

Ministério da Cultura – www.cultura.gov.br

Ministério do Esporte – www.esporte.gov.br

Ministério do Meio Ambiente – www.mma.gov.br

Conselho Nacional de Juventude – www.juventude.gov.br

Portais especializados

Portal dos Direitos da Criança e do Adolescente Tem por objetivo dar visibilidade às ações de promoção dos direitos das crianças e adolescentes. É fruto de parceria entre o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e a Rede ANDI Brasil. www.direitosdacrianca.org.br

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Portal Pró-Menino

O Portal Pró-Menino é uma iniciativa da Fundação Telefônica que busca contribuir para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes por meio da disseminação de informações e do apoio às organizações que lidam com essa temática. www.promenino.org.br

Articulações Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes www.comitenacional.org.br Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente www.forumdca.org.br Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil www.fnpeti.org.br Rede Nacional de Defesa do Adolescente em Conflito com a Lei (Renade) www.renade.org.br GT Nacional Pró Convivência Familiar e Comunitária www.gtnacionalpcfc.org.br

Realizadores desta iniciativa Instituto Camargo Corrêa www.institutocamargocorrea.org.br Oficina de Imagens www.oficinadeimagens.org.br

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Bibliografia JÁUREGUI, Carlos. Considerações sobre a discursividade dos títulos de jornais impressos. Inédito. JÁUREGUI, Carlos; GUERRA, Adriano; KIMO, Paula. Rádio Escolar: guia para professores e estudantes. Organização Oficina de Imagens. Belo Horizonte, 2010. LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record: 2009. MAGALHÃES, Naiara et al. Guia do Professor: produção de jornais escolares. Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. MARQUES. Luís Henrique. Teoria e prática de redação para jornalismo impresso. Bauru, SP: EDUSC, 2003. MIRANDA, Flávia; JÁUREGUI, Carlos; SANTOS, Victor; VIEIRA, Renata. Apostila Irradiando. Edição: Edilene Lopes. Organização Oficina de Imagens. Belo Horizonte, 2010. MOLL, Jaqueline (org.). Macrocampo Comunicação e Uso de Mídias. Série Mais Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação. Inédito. TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo. A tribo jornalística – uma comunidade interpretativa transnacional. 2. ed. Florianópolis: Insular, 2008.

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