Estudo de Casos Clinicos de Freud

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ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD Por:Sílvia Santana Doutoranda em Psicologia Pela UCES - Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales, Mestrado em políticas da Educaçãopela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias,Licenciatura em Filosofia,Bacharelando em Psicologia, Especialista em Psicopedagogia, Psicanálise Clínica e Didata, Psicanalista Infantil , Hipnoterapeuta, Conferencista sobre temas ligados à Família e Comportamento da Sociedade


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD Por:Sílvia Santana Doutoranda em Psicologia Pela UCES - Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales, Mestrado em políticas da Educaçãopela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias,Licenciatura em Filosofia,Bacharelando em Psicologia, Especialista em Psicopedagogia, Psicanálise Clínica e Didata, Psicanalista Infantil , Hipnoterapeuta, Conferencista sobre temas ligados à Família e Comportamento da Sociedade


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD 

Nas Obras Completas de S. Freud encontram-se o que se convencionou chamar “Cinco Psicanálises”.

Tratam-se das análises clínicas dos casos de Dora, Hans, Schreber, Homem dos Ratos e Homem dos Lobos, através das quais Freud apresenta as estruturas clínicas da psicose e da neurose (histeria, neurose obsessiva e fobia). 


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD 

São casos analisados por ele, exceto Schreber, cuja

análise procede a partir do relato publicado pelo próprio Schreber sobre sua psicose, e Hans, cuja análise é conduzida pelo pai do paciente, sob a supervisão de Freud, vindo a constituir-se no primeiro caso de análise infantil e de supervisão da história da psicanálise.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD A elaboração teórica proposta por Freud chega a causar escândalo de tão ousada e inédita. Ele descreve um aparelho a mais a atuar no humano. Junto aos aparelhos respiratório, digestivo, circulatório etc., Freud situa o aparelho psíquico, responsável pelo funcionamento do psiquismo humano. Reino do inconsciente, sede da vida sexual infantil, esse aparelho determina de modo implacável a vida do sujeito humano, deslocando para um lugar secundário e periférico a consciência, até então prova irrefutável da existência humana em sua condição de animal pensante. Freud, com a teoria psicanalítica, dá ao psiquismo humano seu estatuto ontológico, descrevendo-lhe o funcionamento e mapeando seus territórios.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD A essa teoria audaciosa vem juntar-se uma clínica igualmente surpreendente baseada numa total inversão de lugares: o paciente fala e o psicanalista escuta; o paciente é detentor do saber, não o psicanalista; a terapêutica se faz pela fala. Contudo, o ineditismo da clínica freudiana não se reduz a essa particularidade técnica. Ela também surpreende em sua proposta terapêutica: Freud não quer curar.

Ele não objetiva a cura. Sua proposta terapêutica não visa à cura nos moldes então conhecidos pela medicina.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD A psicanálise não se propõe a remissão de sintomas, nem busca proporcionar ao paciente a felicidade suprema obtida pela supressão de todo sofrimento.

Ela não visa à restituição do estado anterior. O que quer Freud, então, com sua clínica? Quer que o sujeito se aceite. É de aceitação que se trata para Freud quando ele se põe a escutar o sofrimento do paciente.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD Os sintomas podem até desaparecer, e de fato desaparecem, mas isso é secundário para a clínica freudiana. Quanto à felicidade suprema, esse é um mito da infância que deve ser desfeito pelo processo analítico.

O paciente é levado a crescer, ou seja, a abandonar a trincheira da infância aceitando, finalmente, sua condição de ser incompleto, habitado pela angústia inerente à condição humana de ser votado para a morte, ser desejo sempre insatisfeito.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD Posto desse modo, a psicanálise pode parecer, aos menos avisados, um processo inútil através do qual o sofrimento da doença é trocado pelo sofrimento da saúde. Estaria, a psicanálise, animada por uma visão pessimista do destino humano para o qual não haveria saída? O destino humano... A este conceito Freud dará uma contribuição das mais fecundas. Para a psicanálise, isso a que chamamos destino, que nos parece inexorável e que comanda nossa vida, é fruto do recalque.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD O recalque cria o destino, e então são sempre os mesmos amores fracassados, os mesmos sintomas a nos impedir o avanço, enfim, a mesma má sorte; impedimentos de todo tipo que nos detêm e nos levam a repetir, sempre e de novo, o mesmo

padrão de dificuldade como se de fato de um destino cruel se tratasse.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD A clínica fundada por Freud, de onde surgem todas as postulações teóricas e cujo panorama as “Cinco Psicanálises” nos descortinam, vem trazer à tona a vida infantil do sujeito, justamente recalcada e portanto inconsciente, e como tal convertida em núcleo produtor de sintomas. Dessa vida o sujeito não sabe nada conscientemente e no entanto, é por ela sobredeterminado em suas ações, escolhas, sucessos e fracassos de modo sempre repetitivo. Vem daí a certeza de um destino a nos comandar de fora de nós mesmos, e contra o qual nada podemos.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD O recalque é uma defesa do psiquismo infantil diante de uma angústia insuportável, frente a um fato contra o qual a criança nada pode.

Tal fato doloroso e inevitável pelo qual todos passamos em nossa infância, e do qual nos defendemos pelo recalque, é a constatação de que não somos completos, de que somos seccionados (sexuados, diz Freud) o que nos coloca na dependência do Outro, da outra metade, do outro sexo, arrancando-nos da ilusão de completude na qual nos encontrávamos até então. Essa experiência que tanta dor causa ao narcisismo infantil constitui-se numa verdadeira castração, que embora não seja real, tem o poder de atingir a imagem psíquica do corpo real que a partir de agora estará situado num ou noutro território sexual.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD A vivência da castração é de tal sorte brutal que se constitui num trauma. Até aqui a criança vivia no paraíso da onipotência. Doravante terá que se haver com o desassossego do desejo sempre insatisfeito.

Diante da angústia desse trauma, o psiquismo defende-se recalcando essa verdade constatada. Esquecemo-nos de tudo isso que, então, passa a operar segundo as leis do funcionamento inconsciente.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD Ocorre que quase nunca, ou talvez nunca de fato, a criança aceita essa verdade da condição humana. Ela insiste em continuar vivendo a ilusão anterior em que se supunha plena e completa.

É então que um recalque, já agora secundário, entra em cena com o compromisso de realizar aquele desejo interditado, mantendo ao mesmo tempo o recalque primário. Esse compromisso é realizado pelo sintoma.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD Assim é que Dora, Hans, cada um dos pacientes de Freud e cada paciente até hoje chega ao analista: sofrendo com sintomas que os aprisionam, que os lançam numa repetição infinita de um mesmo drama sem saída.

Acreditando-se vítimas do destino, são incapazes de se reconhecer nesse sofrimento, de se subjetivar frente à sua história. São crianças assustadas que se recusam a abandonar seu esconderijo.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD A solução pelo recalque é precária e ineficaz. Ela não anula aquela verdade doída que está em sua origem, e além do mais cria um sofrimento perene e totalmente inútil.

É sobre esse sofrimento neurótico que a terapêutica analítica volta seu foco.

É ele que deverá ser debelado.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD O processo de análise convoca o paciente a abandonar seus dispositivos defensivos reconhecendo, naquela verdade que um dia o aterrorizou, sua própria verdade. Ao destino cruel que o paciente acredita viver, a psicanálise contrapõe um “Este é você”. E lá onde era o indefinido, o sujeito advém. Ao aceitar sua sujeição à vida, o ser humano se torna sujeito dela. Desistindo do recurso ao recalque secundário como forma de negação do primário, ele já não precisa mais de seus sintomas. A vida agora pode fluir... O sujeito tem ao seu dispor o universo infinito de possibilidades que o habilitam a inventar uma saída inédita para um destino que agora lhe pertence


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD Está é a proposta de cura que a psicanálise faz: trocar o sofrimento neurótico pela aceitação da sofrida condição de sujeito humano.

Sofrida porque castrada em seu sonho de onipotência, porque habitada por um desejo sempre insatisfeito, porque votada para a morte.

Pela psicanálise, o sujeito é levado a realizar, com esse sofrimento inevitável, a maior de todas as suas obras: sua vida.


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD Análise Fragmentária de Uma Histeria (Caso Dora) Análise da Fobia de Um Menino de Cinco Anos (Caso Hans)

Análise de Um Caso de Neurose Obsessiva (O Homem dos Ratos), Observações Psicanalíticas Sobre Um Caso de Paranóia (Caso Schreber) História de Uma Neurose Infantil (O Homem dos Lobos)


ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS DE FREUD in Freud, S. Obras Completas. Cada caso clínico foi publicado separadamente, num período que vai de 1905 até 1918.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

O presente quadro clinico é a historia de uma jovem histérica, de apenas 18 anos que Freud atendeu por apenas três meses conhecida pelo pseudônimo de Dora entre outubro e dezembro de 1900.

No inicio de 1901 ele escreveu sobre o caso, mais só foi publicado em 1905, com o titulo “Fragmento da analise de um caso de histeria”.  As informações do inicio deste caso foram cedidas pelo pai da moça. 


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) Na realidade, os pacientes são incapazes de fornecer tais relatos a seu próprio respeito, em segundo lugar parte do conhecimento amnésico que o paciente dispõe-me outras ocasiões não lhe o ocorre quando ele narra a sua historia, sem que ele tenha nenhuma intenção de retê-la, e a contribuição da insinceridade inconsciente.  Em terceiro lugar nunca faltam às amnésias verdadeiras – lacunas da memória não caíram apenas lembranças antigas como ate mesmo recordações bem recentes. 


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) Quando os fatos em si são guardados na memória o propósito as amnésia podem ser cumpridos com igual segurança, distribuindo a ligação e alterar a ordem cronológica dos acontecimentos, por assim dizer o primeiro estagio é o de recalcamento.  Depois de recorrer o tratamento, o paciente fornece os fatos de seu conhecimento.  Compete-nos o dever, em nossos casos clínicos prestar atenção a circunstâncias humanas e sociais dos enfermos, quando os dados somáticos e os sintomas patológicos. 


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

O circulo familiar de Dora incluía seu pai que era uma pessoa dominante deste circulo sua mãe e seu irmão um ano e meio mais velho que ela (Dora). Na época que Freud aceitou a jovem para o tratamento, seu pai já beirava 50 anos e era um homem de atividade e talento bastante incomum, um grande industrial, de situação econômica muito cômoda. A filha era muito apegada a ele. Essa ternura por ele era aumentada em virtude das muitas graves doenças de que ele padecia, desde que ela contava com seus 6 anos de idade.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

Nesta época ele ficara tuberculoso e isso ocasionara a mudança da família para uma cidade de clima propicio. Este lugar que Freud chamará de – B, continuou a ser nos 10 anos seguintes a residência principal tanto dos pais quanto dos filhos.  Quando o pai estava bem de saúde costumava ausentar-se temporariamente para visitar suas fabricas.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) Quando Dora tinha 10 anos o pai deve de submeter-se a um tratamento em um quarto escuro, por causa de um deslocamento de retina, em consequência sua visão ficou permanentemente reduzida, a doença mais grave ocorreu cerca de dois anos depois, consistiu em uma crise confusional, seguido de paralisia e ligeiras perturbações psíquicas.  Melhorando um pouco, o pai de Dora viaja para Viena com seu médico, para consultar-se com Freud. 


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

Foi sem duvida essa intervenção que quatro anos depois, ele apresentou sua filha, Dora, que nesse meio tempo ficara neurótica. Freud também conheceu em Viena, a irmã do pai de Dora que tinha uma grave psiconeurose, esta mulher morreu de um marasmo que progrediu rapidamente, cujos sintomas nunca foram esclarecidos, tendo também um tio de Dora que era um solteirão hipocondríaco.

Freud não chegou a conhecer a mãe de Dora, porem sabia de sua doença de Neurose obsessiva – citada por ele como “psicose da dona de casa”. A relação entre mãe e filha era muito inamistosa há vários anos.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) Dora já com oito anos começara a apresentar sintomas neuróticos e sofrer de uma dispnéia crônica.  Por volta dos 12 anos começou a sofrer de dores de cabeça, bem com acessos de tosses nervosa.  Quando aos 18 ela entrou em tratamentos com Freud, tossia novamente de maneira característica costumava também ter perda complicada da voz. 

O desanimo e uma alteração de caráter tinha tornado os principais traços de sua doença, não estava satisfeita consigo mesma, nem com a família, tinha uma atitude inamistosa com o pai e se dava muito mal com a mãe, que estava determinada a fazê-la participar das atividades domésticas.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

Dora procurava evitar contatos sociais, quando a fadiga e falta de concentração de que se queixava o permitia. Um dia seus pais ficaram alarmados ao encontrarem dentro de uma escrivaninha,uma carta em que ela se despedia deles por que não suportava a vida . Dora teve um primeiro ataque de perda de consciência – acontecimento posteriormente fora encoberto por uma amnésia. Contou-me o pai que ele e a família tinham feito amizade intima em B – com um casal ali radicado já há muitos anos – Senhor e Senhora K.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

A Sra. K, cuidara dele durante longa enfermidade, e o Sr K sempre fora amável com sua filha, levando a passear com ele quando estava em B, dando-lhe pequenos presentes, mas ninguém via nenhum mal nisso, porem Dora contara a sua mãe um tempo depois que o Sr. K lhe fizera uma proposta amorosa, depois de um passeio no lago. Chamada a prestar contas de seu comportamento ao pai e ao tio, o acusado negou, qualquer atitude de sua parte que pudesse ter dado margem a essa interpretação, levantou então suspeitas sobre Dora, pois a mesma mostrava interesse pelos assuntos sexuais e provavelmente excitada por tais leitura ela teria imaginado toda a cena que descreveu, seu pai disse que há duvidas que o Sr.K esteja certo sobre o incidentes e atitudes de Dora.Ela vive insistindo em que seu pai rompa relações com o Sr.e Sra.K,onde existe um grande laço de amizade.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

Superadas as primeiras dificuldades do tratamento Dora, comunicou a Freud, uma experiência anterior que teve com o Sr.K. Estava com 14 anos, o Sr.K combinou com Dora e sua esposa que fossem encontrá-lo em sua loja na praça principal, para assistirem um festival religioso, mas ele acabou induzindo a esposa a ficar em casa, despachou os empregados e estava sozinho,quando Dora chegou à loja.

Em seguida voltou e ao invés de sair voltou e estreitou subitamente contra si e deu-lhe um beijo nos lábios, sendo a primeira sensação de excitação sexual, mas Dora sentiu no momento uma violenta repugnância.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) Mesmo assim a relação com o Sr. K prosseguiu e nenhum dos dois jamais mencionou esta cena.  É preciso dizer que houve um deslocamento de sensação, ao invés de sensação genital que uma jovem sadia não teria deixado de sentir em tais circunstâncias, Dora foi tomada de uma sensação de desprazer.  A repugnância que Dora sentiu nessa ocasião não se tornou um sintoma permanente. Porem por outro lado a cena lhe deixou outra consequência disse continuar sentindo na parte superior do corpo a pressão daquele abraço.  Vale ressaltar três sintomas a repugnância, a sensação de pressão na parte superior do corpo, e evitação dos homens em conversa afetuosa. 


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) Quando retornaram a B- o pai de Dora visitara todos os dias a Sra. K em determinado horário, horário do qual seu marido estava na loja, dando grandes presentes a Sra.K.  Ficou decidido que eles mudariam para Viena.  Dora impunha ter sido entregue ao Sr. K, como premio da tolerância com relação com sua mulher e seu pai, já que o pai tornou a sentir seu estado piorado tendo que voltar para B.  Na paranóia essa projeção da censura em outro sem qualquer alteração do conteúdo, e, portanto, sem nenhum apoio na realidade, torna-se manifesta como processo de formação de delírio. 


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA)  A outra censura de que as doenças do pai eram criadas como um pretexto e exploradas em proveito próprio, coincide porem como todo um fragmento de sua própria historia secreta.  Um dia Dora se queixou de um sintoma supostamente novo, que consistia em dores de estomago dilacerantes, foi quando Freud lhe perguntou com convicção – “A que você esta copiando nisso?”, descobrindo então que no dia anterior visitara suas primas, filhas da tia que morrera, a mais nova ficara noiva e a mais velha adoecera com umas dores no estomago, Dora diz que suas dores se identificaram com a prima, talvez fosse pela inveja do amor afortunado da moça. Sem contar que Dora aprendera isso observando a Sra.K,pois quando o Sr.K a viaja esta em perfeita saúde, quando seu marido voltava encontrava sua mulher adoentada.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) Foi quando Freud começou a observar que Dora em suas próprias alterações entre doença e saúde, levando a sim a suspeitar de que seus próprios estados de saudade dependiam de alguma coisa, tal como os da Sra.K.  Quando o Sr. K estava longe e Dora tinha as suas crises de afonia, ela usava a escrita que é muito bem desenvolvido nesses casos de histeria, segundo a clinica de Charcot.  A afonia de Dora, portanto admitia a seguinte interpretação simbólica, e quando o “amado” estava longe, ela renunciava á fala, esta perdia seu valor, já que não podia falar com ele, por outro lado a escrita ganhava importância, como único meio de manter contato com o ausente. 


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) Os sintomas de histeria são psíquicas ou somáticas, admitindo-se o primeiro caso, se todos têm necessariamente um condicionamento psíquico.  Ate onde se possa ver, todo sintoma histérico requer a participação de ambos os lados. Não pode ocorrer sem a presença de certa complacência somática, fornecida por alguns processos normal ou patológicos no interior de um órgão de corpo com ele relacionado.  Tampouco no caso dos acessos de tosse e afonia de Dora nos contentaremos com uma interpretação psicanalítica, mas indicarmos que o fato orgânico de que partia a “complacência Somática” que lhe possibilitou expressar sua afeição por uma amado temporariamente ausente. 


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

Não havia nenhuma duvida, disse Freud, de que ela visava a um objetivo que esperava alcançar através de sua doença. Este não podia ser outro senão o de fazer seus pai afastar-se da Sra.K,porem se seu pai abrisse mão e fosse persuadido pela saúde da filha,ela nunca iria renunciar a doença,mais sim usaria para conquistar tudo que quisesse.

Freud diz que primeiro de tudo é preciso tentar, pelas vias indiretas da analise, fazer com que a pessoa convença a si mesma da existência dessa intenção de adoecer.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) Logo surgiu uma oportunidade de atribuir à tosse nervosa de Dora uma interpretação desse tipo, mediante uma situação sexual fantasiada, quando ela diz que seu pai era um homem de posses,que levaram a outra interpretação, que se ocultava seu oposto, ou seja, que seu pai era um homem sem recursos, recursos sexuais, ou seja, como homem era impotente, Dora confirmou essa interpretação.  Seguindo a linha de raciocínio de Freud, ele chega então ao seguinte raciocínio de que a sua tosse espasmódica, que tinha por estimulo coceira na garganta, ela representava a cena de satisfação sexual entre duas pessoas cuja ligação amorosa a ocupava tão incessantemente, ou seja, a imaginação da sucção do penes. Curiosamente pouco tempo depois de aceitar em silencio essa explicação a tosse desapareceu. 


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) A recém mencionada interpretação de sintoma da garganta de Dora também pode ar margem a outra observação, de como esse aparecimento e desaparecimento das manifestações patológicas refletia a presença e ausência do homem amado, e, portanto, no tocante á conduta da Sra. K, expressava o seguinte pensamento: “se eu fosse mulher dele, eu o amaria de maneira muito diferente, adoeceria (de saudade, digamos) quando ele estivesse fora e ficaria curada (de alegria) quando voltasse pra casa.”


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

Na incessante repetição dos mesmos pensamentos sobre as relações entre seu pai e a Sr. K, possibilitou extrair da analise outro material ainda mais importante, uma sequencia de pensamentos hipervalente, hiperinteso, Dora achava, com toda razão, que seus pensamentos sobre o pai reclamavam um julgamento especial, pois ele não conseguia entender como ela não conseguia esquecer esse assunto, se ate mesmo seu irmão tinha dito que era parar de criticar, julgar e perdoar ele, mais Dora não conseguia perdoá-lo.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

Na incessante repetição dos mesmos pensamentos sobre as relações entre seu pai e a Sr. K, possibilitou extrair da analise outro material ainda mais importante, uma seqüência de pensamentos hipervalente, hiperinteso, Dora achava, com toda razão, que seus pensamentos sobre o pai reclamavam um julgamento especial, pois ele não conseguia entender como ela não conseguia esquecer esse assunto, se ate mesmo seu irmão tinha dito que era parar de criticar, julgar e perdoar ele, mais Dora não conseguia perdoá-lo.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

Freud começa neste trecho pela primeira hipótese, ou seja, a raiz de sua preocupação obsessiva com as relações entre seu pai e a Sra. K lhe era desconhecida por situar-se no inconsciente. Não é difícil adivinhar a natureza desta raiz a partir da situação e das manifestações de Dora. Seu comportamento obviamente ia muito alem da esfera de interesse de uma filha, ela se sentia mais como uma esposa ciumenta, como se consideraria compreensível em sua mãe. Por sua exigência ao pai “ou ela ou eu”,pelas cenas que costumava criar e pela ameaça de suicídio que deixou entrever,é evidente que ela se estava colocando no lugar da mãe.E se adivinhamos com acerto a fantasia de situação sexual subjacente a sua tosse,nessa fantasia ela deveria estarse colocando no lugar da Sra.K.Portanto,identificava-se com as duas mulheres a que seu pai amara.É obvia a conclusão que sua inclinação pelo pai era muito alem do que ela sabia ou estava disposta a admitir,ou seja estava apaixonada por ele,tendo neste caso o complexo de Édipo.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

Quando Freud comunica a Dora que só me era possível supor que sua inclinação pelo pai, já em época precoce, deveria ter tido o caráter de um completo enamora mento, e é obvio que ela não admtio. Por anos a fio Dora não externalizou essa paixão pelo pai, ao contrario, manteve-se por muito tempo na mais cordial harmonia com a mulher que a suplantara junto a ele, e como sabemos através de suas autocensuras, ainda facilitou as relações dessa mulher com seu pai. Não há duvidas que ela se ligue amorosamente ao pai e ao Sr. K, seu substituto psíquico. Mas o que põe em marcha a ação de Dora, exigindo o fim do relacionamento do pai com a Sr.K, é a ligação que tem com ela: “Dora continuava ternamente ligada a Sr. K, e não queria saber de nenhum motivo que fizesse as relações do pai com ela parecerem indecentes”, explica Freud. Elas tinham uma relação de intimidade: Dora ouvia as confidencias da Sra. K. Sabia o estado das relações dela com o marido. Dora se identificava também com a Sra. K. No amor por seu pai.


ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE UMA HISTERIA (CASO DORA) 

Quando Dora falava sobre a Sra. K, costumava elogiar seu “adorável corpo alvo” num tom mais apropriado a um amante do que a uma rival derrotada... Na verdade, Freud não cita nenhuma vez uma a só palavra áspera ou irada sobre essa mulher, embora, do ponto de vista de seus pensamentos hipervalentes,devesse ver nela a principal causadora de seus desventuras.

A moção de ciúme feminino estava ligada, no incosciente, ao ciúme que um homem sentiria essas correntes de sentimentos masculinos, ou melhor, dizendo, ginecofilicos, devem ser consideradas típicas da vida amorosa inconsciente das moças histéricas.


ANÁLISE DA FOBIA DE UM MENINO DE CINCO ANOS (CASO HANS) 

No histórico do pequeno Hans Freud nos mostra um caso clínico de fobia, nos proporciona uma riqueza de detalhes referentes à teoria da sexualidade infantil. Assim como deixa claro o narcisismo primário e sua evolução para a relação de objeto.


ANÁLISE DA FOBIA DE UM MENINO DE CINCO ANOS (CASO HANS) 

Hans era um menino de quatro anos e meio vivia cheio de questionamentos sobre: os órgãos sexuais, sobre as diferenças anatômicas entre o homem e a mulher. Sobre o nascimento de bebês e envolvido por uma série de fantasias ligadas a masturbação, a escopofilia, ao Édipo e ao sentimento de castração. A vivência da sexualidade infantil despertou em Hans o temor de castração e intensa ansiedade que foi deslocada para um objeto fobigeno no mundo externo e desencadeou o desenvolvimento de uma fobia. O que Freud quis enfatizar é que o conhecimento das teorias da sexualidade infantil é imprescindível para se compreender as doenças psíquicas e que sendo elas mal orquestradas formam o complexo nuclear de uma neurose.


ANÁLISE DA FOBIA DE UM MENINO DE CINCO ANOS (CASO HANS)

No presente caso Hans desde os três anos investigava sobre seu órgão sexual que chamava de pipi, o de sua mãe, comparava com o tamanho do órgão sexual de animais grandes, queria ver o pipi de sua mãe, de amigas; também gostava de ser olhado fazendo pipi, e mais tarde começou a se sentir envergonhado com esse ato o que sugere que seu exibicionismo sucumbiu a uma repressão.

Aos três anos e meio sua mãe ameaçou de cortar fora o seu pipi quando o viu se masturbando, esse acontecimento, mais tarde, somado aos fatos: de sua mãe não ter pipi e ao Édipo proporcionaram intenso temor de castração.


ANÁLISE DA FOBIA DE UM MENINO DE CINCO ANOS (CASO HANS) 

O que mais marcou Hans foi o nascimento de sua irmã o que lhe gerou imensas indagações e desconfiança de seu pai ao ser informado que foi a cegonha que a trouxe, assim como ficou tomado de ciúmes pela mesma. Com o nascimento da irmã ele se viu ocupado com a origem das crianças, além de seus interesses auto eróticos e o amor edipiano. Aos quatro anos já se interessava por meninas abraçando-as e fazendo-lhes declarações de amor, mas também já demonstrava o desejo da bissexualidade infantil, gostava muito de um amigo que também abraçava falava de seu amor por ele. Ocasionalmente Hans dormia na cama com os pais, devido o seu terror noturno, fato este que facilitou a intensificação do amor edipiano pela mãe e aumentar a hostilidade para com o pai.


ANÁLISE DA FOBIA DE UM MENINO DE CINCO ANOS (CASO HANS) 

A afeição erótica pela mãe fez com que ele desejasse que seu pai caísse e morresse como um cavalo que ele viu cair, mas ao mesmo tempo sentia culpa pela agressividade para com o pai, às vezes batia na mão dele e depois a beijava apresentando hostilidade e afeição para com o mesmo.

O que aconteceu com Hans foi que a afeição erótica reprimida pela mãe se transformou em ansiedade que foi deslocada para medo de cavalos e a hostilidade para com o pai posteriormente se transformou em medo do cavalo mordê-lo. Freud contou esse caso clínico para comprovar suas hipótese sobre a gênese e a evolução da sexualidade infantil, Aparece nesse caso o que acontece com todas as crianças umas mais cedo outras mais tarde e o que diferencia dos neuróticos é que para superar seus complexos fazem uso de substituições excessivas.


ANÁLISE DA FOBIA DE UM MENINO DE CINCO ANOS (CASO HANS)

Em suas teorias sobre a sexualidade Freud nos diz:

a) Sobre o auto-erotismo - De início toda criança é autoerótica se satisfaz consigo mesma, o prazer é nas zonas erógenas do corpo. O de Hans era no pênis e na excreção anal. b) Sobre a bissexualidade – Toda criança está sujeita à ela e todos um dia na vida fizeram em seu inconsciente uma escolha de objeto homoerótico, pois de início a criança tanto faz ser cuidada por uma figura feminina ou masculina o prazer será mesmo, por isso Hans gostava de meninas e meninos.


ANÁLISE DA FOBIA DE UM MENINO DE CINCO ANOS (CASO HANS) 

c) Dos instintos componentes – Hans vivenciou os instintos de exibicionismo e escopofilia que é o prazer de ser visto realizando funções excretoras e o de olhar, esses instintos são o caminho mais frequente à excitação sexual em suas formas passiva e ativa. Outro instinto componente que apareceu no caso Hans foi o agressivo, o sadismo que mais tarde foi substituído pelo instinto de compadecimento. Quando ele via um cavalo ser maltratado se penalizava, também quando batia no pai logo o beijava, mostrando a transformação do ódio em amor, a troca dos impulsos hostis pelo de afeição. d) As manifestações sexuais masturbatórias – consistem na natureza dos instintos que surgem das zonas erógenas, o de Hans era o pipi e o anal, o primeiro levou a um temor de castração e o segundo a teoria cloacal que era a fantasia que sua irmã era o simbólico de um bolo fecal (parecido com um lunf)


ANÁLISE DA FOBIA DE UM MENINO DE CINCO ANOS (CASO HANS) 

e) As pesquisas sexuais infantis – o que leva ao instinto do saber e Hans investigava toda a sexualidade, fazia comparação, indagava a origem de sua irmã e isso o levou a desacreditar e a desconfiar que seu pai mentia quando lhe disse que sua irmã fora trazida pela cegonha, pois ele percebeu a alteração na sua mãe grávida.

f) A descoberta das diferenças anatômicas – primeiro Hans negou a ausência de um pênis na mãe, pois se a mãe não tinha pênis é porque perdeu e ele também poderia perder o seu, o que intensificava a ameaça de castração, só mais tarde ele pode elaborar e aceitar essa diferença.


ANÁLISE DA FOBIA DE UM MENINO DE CINCO ANOS (CASO HANS)

g) O Édipo – Na infância as meninas se apaixonam pelos pais e querem se desfazer das suas rivais, as mães, e os meninos pelas mães e disputam com seus vivais, os pais, e Hans se apaixonou pela mãe e desejava inconscientemente que seu pai morresse, mas esses sentimentos aumentou o seu temor de castração o que levou a reprimir a corrente erótica para com a mãe e ao mesmo tempo a corrente hostil para com o pai. Hans deu uma saída mais saudável para o conflito edipiano quando fantasiou que ele se casaria com a mãe e teria filhos com ela e o pai se casaria com sua avó paterna.


ANÁLISE DA FOBIA DE UM MENINO DE CINCO ANOS (CASO HANS) 

Quando ele se fazia de cavalo e mordia o pai nas brincadeiras já expressava alí uma tentativa de identificação com o mesmo. Ele abriu mão do amor edipiano, voltou-se para seu pai e se identificou com ele, fez assim a saída do Édipo e evoluiu para a escolha de objeto.

No narcisismo primário Freud nos diz que de início a libido do indivíduo é investida em si mesma, é auto-erótica, não necessita de objeto, acontece no momento em que a criança é narcisizada, ela é o centro das atenções, tudo gira em torno dela e para ela, mas depois tem que ir para a relação de objeto para não ficar patológico, e foi o que aconteceu com Hans na medida que ele vai se voltando para as meninas parte de sua libido era investida na relação de objeto.


ANÁLISE DA FOBIA DE UM MENINO DE CINCO ANOS (CASO HANS) 

A fobia de Hans era produto de uma deformação, um deslocamento do medo de ser castrado. Na fobia a angústia vai fazendo deslocamentos e quando encontra um objeto que tenha uma representação psíquica ele foca o medo para esse objeto, fantasiando assim que controla o medo. O medo de cavalos impunha uma restrição da liberdade, impediu de sair à rua mas obtinha com isso o lucro secundário da doença ficava mais perto da mãe.

A angústia do fóbico tem a ver com a angústia de aniquilamento que para o homem equivale à perda do pênis.


ANÁLISE DA FOBIA DE UM MENINO DE CINCO ANOS (CASO HANS) 

Todo tratamento de Hans foi realizado por seu pai, Freud o viu apenas uma vez, Hans foi um caso de tratamento psíquico bem sucedido. 

Crítica :

A obra O Pequeno Hans com suas idéias, ainda atuais, e consistentes lança uma luz, fazendo-nos compreender melhor o psiquismo infantil para análise da patologia de crianças, para a construção de propostas pedagógicas empregadas nas escolas e também para os pais curiosos que desejam educar os seus filhos organizando melhor o aparelho psíquico dos mesmos, coerente com o que lhe é peculiar.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) Freud tratou um jovem cujo trabalho foi publicado com o título o "Homem dos Ratos“ (1909) (Vol. X da Coleção das Obras Completas de Freud da Editora Imago). Procurou formular, a partir do estudo do caso, uma explicação sobre a neurose obsessivo-compulsiva à luz da teoria psicossexual do desenvolvimento. Segundo sua teoria a neurose obsessiva se originaria em razão de conflitos inconscientes não resolvidos situados na fase analsádica dos desenvolvimento psicossexual.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) Para tanto, realizou uma descrição rica e precisa de rituais e obsessões que seu paciente apresentava, buscando interpretá-los à luz de sua teoria. Tal concepção prevaleceu até pouco tempo atrás, quando novos fatos vieram modificar essas concepções.

O paciente, um jovem de educação universitária, apresentou-se a Freud com a queixa de obsessões desde sua infância, mas com uma maior intensidade nos últimos 4 anos de sua vida. Sofria de TEMORES de que algo acontecesse a duas pessoas de quem mais gostava - seu pai e uma jovem a quem admirava.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) Além disso, tinha consciência de IMPULSOS COMPULSIVOS - tais como, por exemplo, de cortar sua garganta com uma navalha -, produzindo posteriormente PROIBIÇÕES, muitas vezes em conexão com coisas triviais, como no dia em que a jovem de quem gostava ia partir, tropeçou numa pedra na rua em que caminhava, e foi obrigado a afastá-la do caminho, pondo-a à beira da estrada, pois lhe veio a ideia de que o carruagem dela iria passar e poderia bater na pedra e acidentar-se. Contudo, minutos depois pensou que a ideia era um absurdo, e sentiu-se obrigado a voltar e recolocar a pedra à sua posição original.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) A experiência que precipitou a primeira consulta do paciente com Freud ocorreu quando estava em manobras em uma unidade militar. Um oficial descrevera uma forma de tortura que muito o impressionara: o prisioneiro ficava sentado nu, amarrado sobre um recipiente contendo ratos, que buscavam escavar seu ânus em busca de uma saída. Tal pensamento passou a invadir sua mente sem que fosse capaz de evitá-lo, causandolhe grande aflição. Daí a denominação de “ O Homem dos Ratos”.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) Achava ainda que isso poderia acontecer com a jovem de quem gostava e com o pai, já falecido há 9 anos. Como forma de evitar a referida obsessão, empregava uma fórmula particular, dizendo a si mesmo: "Mas", acompanhado por um gesto de repúdio, e depois: "O que é que você está pensando?" . O jovem passou anos combatendo essas e outras ideias, conforme relatou, perdendo, deste modo, muito tempo de sua vida. Vários tratamentos haviam sido tentados, com nenhum efeito positivo.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) A análise de Freud concentrou-se na ambivalência do paciente para com seu pai e a jovem a quem cortejava, originada em sua sexualidade precoce e intensa e sentimentos antigos de raiva contra seu pai - que haviam sido severamente reprimidos. O símbolo do rato levou Freud e o paciente a uma série de associações que incluíam erotismo anal, lembranças de excitações anais quando o paciente em criança eliminava lombrigas (que Freud interpretava como simbolizando um pênis), e o fato de ter sido espancado pelo pai aos 4 anos de idade por ter mordido uma pessoa.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) Associou ainda com problemas antigos do pai do paciente com o jogo (em alemão, um jogador é uma spielratte - ou rato-do-jogo), a ideia infantil do parto anal e a própria experiência real de haver tido verminose quando criança. Após um ano de análise, o paciente curou-se de seus sintomas e, nas palavras de Freud, "o delírio dos ratos desapareceu".


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) De uma forma muito rica e detalhada Freud descreveu os sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo (até bem pouco: neurose obsessivo-compulsiva) e que de certa forma são válidas até hoje: obsessões e compulsões, rituais de anulação que procurou interpretar à luz de seu modelo psicossexual do desenvolvimento.

Particularmente são ricas suas descrições sobre a forma de pensar do paciente obsessivo-compulsivo modernamente retomadas e valorizadas pelas teorias cognitivas do TOC: responsabilidade exagerada, exagerar o risco, exagerar o poder do pensamento e a necessidade do seu controle, a dificuldade de conviver com a incerteza, , o perfeccionismo.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) Freud destacou ainda o isolamento dos afetos em relação às ideias, a ambivalência, a anulação, o superego severo, como fenômenos associados à neurose obsessiva e em função dos sintomas do seu paciente supervalorizou os sintomas relacionados com ânus, fezes, defecação e sadismo, que no seu entender apoiavam sua teoria.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) O Homem dos Ratos é um exemplo da capacidade de Freud para captar e descrever fenômenos clínicos, e ao mesmo tempo de vieses nos quais incorria em função de tentar compreender os fatos à luz de suas próprias teorias às quais tentava encaixar, e de fazer generalizações a partir de um único caso clínico. De qualquer forma sua descrição detalhada dos fenômenos clínicos e sua explicação à luz de suas próprias ideias, prevaleceram por quase um século como teoria sobre a origem do transtorno obsessivo-compulsivo, embora a psicoterapia baseada no seu modelo nunca tenha sido comprovado como efetiva no tratamento do TOC. 


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) Em “O Homem dos Ratos” Freud nos deixou transcrições de todas as sessões da terapia o que torna o caso particularmente de grande interesse. Entretanto a teoria de Freud como explicação para os sintomas OC nunca foi comprovada.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) Nunca ficou comprovado, por exemplo, que existam conflitos inconscientes causadores dos sintomas OC, nem se justifica o temor que existia de que um paciente pudesse ter graves desequilíbrios caso se abstivesse de executar seus rituais (modificação do equilíbrio precário entre impulsos e mecanismos de defesa), ou de que determinados pensamentos intrusivos indesejáveis pudessem ser expressão de desejos inconscientes, ou ainda de que os sintomas tenderiam a recidivar caso não fossem abordados em mais profundidade os conflitos subjacentes.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) Por exemplo, na terapia de exposições e prevenção de respostas nem os pacientes tem severos desequilíbrios com a abstenção de realizar rituais, e os pacientes permanecem por longos períodos de até cinco anos ou mais sem recidivas.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) Atualmente, o transtorno obsessivo-compulsivo é visto como um transtorno neuropsiquiátrico, para cuja origem concorrem fatores de ordem biológica, como vulnerabilidade genética ou disfunções cerebrais. Embora não se tenha uma explicação convincente sobre a origem das obsessões, sua manutenção tem sido explicada de forma convincente pelo fato de os rituais e as evitações provocarem alívio dos sintomas, o que exerce uma importante função de reforço.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) 

Acredita-se que a relação funcional que existe entre as compulsões e as obsessões ou seja o fato de o paciente descobrir (aprender) que os rituais aliviam a ansiedade associada às obsessões seja a principal razão da sua perpetuação. O grande argumento a favor dessa explicação é a efetividade reiteradamente comprovada da terapia de exposição e prevenção de rituais.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) 

Tem sido também destacadas determinadas avaliações e interpretações erradas sobre o significado dos pensamentos intrusivos bem como crenças errôneas como a avaliação irreal do risco, a importância exagerada que estes pacientes dão aos seus pensamentos e de controla-los, o perfeccionismo, e importância de ter certeza entre outros. Acredita-se que essas crenças disfuncionais tenham um papel importante na modulação dos sintomas OC. Seu tratamento, em função desses novos fatos, passou a ser a farmacoterapia associada à terapia cognitivo comportamental, e não mais a psicanálise.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) 

Tem sido também destacadas determinadas avaliações e interpretações erradas sobre o significado dos pensamentos intrusivos bem como crenças errôneas como a avaliação irreal do risco, a importância exagerada que estes pacientes dão aos seus pensamentos e de controla-los, o perfeccionismo, e importância de ter certeza entre outros.


ANÁLISE DE UM CASO DE NEUROSE OBSESSIVA (O HOMEM DOS RATOS) 

Acredita-se que essas crenças disfuncionais tenham um papel importante na modulação dos sintomas OC. Seu tratamento, em função desses novos fatos, passou a ser a farmacoterapia associada à terapia cognitivo comportamental, e não mais a psicanálise.


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  Em 1903, ao publicar as Memórias de um doente dos nervos, Daniel Paul Schreber acreditava que seu trabalho era uma valiosa contribuição para a pesquisa científica.  Doente dos nervos, sim, mas não uma pessoa que sofre de turvação da razão. "Minha mente é tão clara quanto a de qualquer outra pessoa." (07: M., p. 366). Esperava que o leitor confiasse na honestidade da sua palavra e na seriedade das suas intenções: "... pretendo que me sejam reconhecidas duas capacidades: por um lado, um inquebrantável amor à verdade, e por outro um dom de observação fora do comum" (08: M., p. 234).


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  A família Schreber  Daniel Paul Schreber (1842-1911) provinha de uma família de burgueses protestantes, abastados e cultos, que já no século XVIII buscavam a celebridade através do trabalho intelectual.

Muitos de seus antepassados deixaram obra escrita sobre Direito, Economia, Pedagogia e Ciências Naturais, onde são recorrentes as preocupações com a moralidade e o bem da humanidade.


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  Os livros de seu bisavô tinham por lema a frase "Escrevemos para a posteridade". Seu pai, Daniel Gottlieb Moritz Schreber (1808-1861), era médico ortopedista e pedagogo, autor de cerca de vinte livros sobre ginástica, higiene e educação das crianças. Pregava uma doutrina educacional rígida e implacavelmente moralista, que objetivava exercer um controle completo sobre todos os aspectos da vida, desde os hábitos de alimentação até a vida espiritual do futuro cidadão.  Acreditava que seu trabalho contribuiria para aperfeiçoar a obra de Deus e a sociedade humana. 


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  Para garantir a postura ereta do corpo da criança em todos os momentos do dia, inclusive durante o sono, D. G. M. Schreber projetou e construiu vários aparelhos ortopédicos de ferro e couro. A retidão do espírito era fruto do aprendizado precoce de todas as formas de contenção emocional e da supressão radical dos chamados sentimentos imorais, entre os quais naturalmente todas as manifestações da sexualidade.


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  Schreber, o jurista  A carreira de Schreber como jurista, funcionário do Ministério da Justiça do Reino da Saxônia, evoluía regularmente, com promoções sucessivas obtidas por nomeação direta ou eleição interna.  Seu primeiro cargo foi o de escrivão-adjunto, passando a auditor da Corte de Apelação, assessor do Tribunal, conselheiro da Corte de Apelação.  Em 1884, torna-se vice-presidente do Tribunal Regional de Chemnitz. Sua ambição provavelmente requeria algo mais, pois no dia 28 de outubro de 1884 concorreu às eleições parlamentares pelo Partido Nacional Liberal. Sofreu uma fragorosa derrota.


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  Schreber, o jurista Tinha 42 anos, estava casado há seis e tinha dezenove anos de carreira jurídica. Num jornal da Saxônia saiu nessa ocasião um artigo irônico sobre sua derrota eleitoral, intitulado: “Quem conhece esse tal Dr. Schreber?” Para quem fora criado no culto orgulhoso dos méritos dos antepassados e fora testemunha da celebridade do pai, este artigo trazia impressa, como um insulto, a face pública do seu anonimato.


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  O encontro com Flechsig A 8 de dezembro de 1884 Schreber foi internado na clínica para doenças nervosas da Universidade de Leipzig, dirigida então pelo Prof. Paul Emil Flechsig, uma das maiores autoridades da Psiquiatria e da Neurologia da época.

Nas Memórias é breve a referência a este episódio. Schreber menciona uma crise de hipocondria com idéias de emagrecimento, "sem qualquer incidente relativo ao sobrenatural". 


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  O encontro com Flechsig Hoje, sabemos que o quadro era mais grave, com manifestações delirantes não sistematizadas e duas tentativas de suicídio.

Era sua primeira internação, mas não a primeira crise hipocondríaca: há referências vagas a um episódio de hipocondria em 1878, por ocasião do casamento. A ciência do Prof. Flechsig tratou o drama de Schreber com os recursos medicamentosos da época: morfina, hidrato de cloral, cânfora e brometo de potássio.


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  O encontro com Flechsig  Schreber seguia os passos do pai. Em 1893, aos 51 anos, recebeu a visita de um ministro que lhe anunciava pessoalmente sua iminente nomeação para um cargo vitalício que representaria, para ele, o ponto máximo e último de sua carreira, e que, apesar de honrá-lo, lhe trouxe preocupação: “Esta tarefa se tornava mais difícil e também impunha maiores esforços de tato no relacionamento pessoal pelo fato de que os membros do colégio (formado por cinco juízes), cuja presidência eu devia assumir, me ultrapassavam de longe em idade e além do mais estavam, pelo menos em certos aspectos, mais familiarizados do que eu com a prática do Tribunal no qual eu estreava” (Schreber, 1903/1985, p. 60).


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  O encontro com Flechsig 

O relato autobiográfico de Daniel Paul Schreber se tornou um dos recursos mais utilizados para o estudo da psicose, visto que seus delírios são descritos de forma muito detalhada.

A princípio, Schreber apresentava fraqueza intensa que dificultava sua locomoção e uma sensação de ataque cardíaco iminente. Passou então a se sentir perseguido por Flechsig, médico por quem nutria, até então, imensa gratidão.


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  O encontro com Flechsig 

Achava que o mundo tinha se acabado e somente ele sobrevivera como homem. Em seguida, Deus assumiu o papel do inimigo que exigia sua emasculação: teria que se transformar em mulher, ser fecundado por raios divinos e criar uma nova raça de homens. Por inspiração direta de Deus e baseado na Ordem das Coisas, deveria redimir o mundo e devolver-lhe o estado perdido de beatitude.


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  De como seria bom(belo) ser mulher Uma vez tive uma sensação que me perturbou da maneira mais estranha quando pensei nela depois em estado de vigília. Era a ideia de que deveria ser realmente bom(belo) ser uma mulher se submetendo ao coito. Essa ideia era tão alheia a todo o meu modo de sentir que, permito-me afirmar, em plena consciência eu a teria rejeitado com tal indignação que de fato, depois de tudo o que vivi nesse ínterim, não posso afastar a possibilidade de que ela me tenha sido inspirada por influência de forças exteriores.[36] (Capítulo IV das Memórias).


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  De como seria bom(belo) ser mulher  O pensamento de que “deveria ser realmente bom(belo) ser uma mulher se submetendo ao coito”, é uma ocorrência (Einfälle) que remete à angústia de não saber.  O outro sexo se inscreve na série das quatro últimas coisas que nos é vedado saber. E aqui reportamos o leitor aos afrescos de Signorelli sobre o juízo, o céu, o inferno e o paraíso.  O que significa o transformar-se em mulher nesse contexto? E quais as relações dessa fantasia e o desejo daqueles que querem mudar de sexo? Significaria ser cativado pelo Outro como objeto?


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  De como seria bom(belo) ser mulher 

O delírio de emasculação a princípio é motivo de grande injúria para Schreber, e tais ideias só podem ser externas a ele; num segundo momento tal delírio passa a ser aceito, mas por se tratar de uma grande causa: no momento em que Schreber passar a ter um corpo feminino, poderá ser a Mulher de Deus, e assim gerar uma raça de novos homens, todos possuidores e nascidos do espírito de Schreber.

Ora, essa nova humanidade será concebida por um milagre, em uma fecundação sem relação sexual.


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  De como seria bom(belo) ser mulher Schreber obteve sucesso na carreira de jurista.  Nesse tipo de cargo, é exigido que se “julgue” os fatos literalmente, de acordo com a lei.  Dessa forma, as resoluções que o indivíduo irá tomar já estão todas previstas, basta apenas aplicá-las. 

É interessante notar que, no momento em que é nomeado presidente do tribunal, a crise apresenta-se: nesse cargo, Schreber precisaria pensar o texto da lei, e não apenas aplica-lo. 


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  O caso Schreber de Freud 

“E o paranóico constrói de novo o mundo não mais esplêndido, é verdade, mas pelo menos de maneira a poder viver nele mais uma vez.

Constrói com o trabalho de seu delírio, esta formação delirante que presumimos ser o produto patológico, é, na realidade uma tentativa de restabelecimento, um processo de reconstrução. Tal reconstrução após uma catástrofe é bem sucedida em maior ou menor grau, mas nunca inteiramente.


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  O caso Schreber de Freud 

Nas palavras de Schreber, houve uma grande mudança interna no mundo. Mas o indivíduo recapturou uma relação e frequentemente uma relação muito intensa, com as pessoas e as coisas do mundo, ainda que esta seja agora hostil, onde anteriormente fora esperançosamente afetuosa.” (Freud, 1911)


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  O caso Schreber de Freud Freud faz uma análise do caso Schreber, a partir do qual também funda sua teoria acerca da psicose.  Ele inovou ao considerar o delírio como uma forma de reorganização do aparelho psíquico, no sentido de uma tentativa de cura, concepção hoje tão estabelecida. 

Freud (1923) mostrou que delírios e alucinações não são efeitos imediatos de uma dada causa, mas uma defesa do Eu, na tentativa de se livrar de uma representação inassimilável, ameaçadora.


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  O caso Schreber de Freud  Essa representação que ameaça o Eu está ligada à experiência de castração. Esse registro da experiência de castração é o que Freud denomina “representação intolerável”, e é contra essa representação que o Eu se defende pela foraclusão. 

Inicialmente, Freud testou a hipótese do desejo homossexual projetado no outro como causa do delírio de perseguição na paranóia. Mais tarde, Freud propõe que se avalie as condições para o recalque das representações de desejo.


OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE UM CASO DE PARANÓIA - (CASO SCHREBER)  O caso Schreber de Freud 

Para que haja recalque se supõe um acolhimento primordial, uma Bejahung. É preciso uma acolhida inicial da palavra dirigida por um semelhante (cuidador), para que, em relação a essa palavra, o sujeito exerça um ato: “não quero isso”. Esse ato primordial de negação é o recalque originário.  Nessa negação primordial, o sujeito admite que a palavra que lhe é dirigida tem existência. Sem acolhimento primordial dessa palavra, não há o recalque da mesma. O que foi internamente abolido


HISTÓRIA DE UMA NEUROSE INFANTIL: (HOMEM DOS LOBOS) Conhecido como o homem dos lobos, um dos casos freudianos mais famosos, ele procurou Freud em 1910 e sua análise durou mais de quatro anos. Ainda que sua doença inicial fosse gonorreia, ele acabou ficando deprimido, sendo diagnosticado como portador de distúrbio maníaco-depressivo. Em seu relato de caso, Freud enfatizou muito um sonho que o paciente recordava ter tido aos quatro anos de idade. Ele, no sonho, se lembrava de que estava dormindo em sua cama quando a janela se abriu de repente, vendo horrorizado, aproximadamente sete lobos brancos sentados em uma árvore do jardim.


HISTÓRIA DE UMA NEUROSE INFANTIL: (HOMEM DOS LOBOS) Os lobos eram muito brancos e tinham caudas grandes como as de raposas; estavam calmos e olhavam para Serge atentamente. Aterrorizado pelo medo de ser comido, acordou gritando. De acordo com a análise de Freud, realizada ao longo de alguns anos, o sonho era a versão mascarada de uma cena primitiva traumática. Os seis ou sete lobos representavam os pais do paciente (a diferença numérica teria sido produzida pelo inconsciente para mascarar o verdadeiro sentido do sonho). A tranquilidade dos lobos é uma referência invertida aos movimentos violentos do ato sexual. A brancura dos animais remete à brancura dos pais sem roupas.


HISTÓRIA DE UMA NEUROSE INFANTIL: (HOMEM DOS LOBOS) Os lobos olhando para a criança representam outra inversão, cujo verdadeiro sentido é a criança observando os pais. O tamanho de sua cauda significa, da mesma forma invertida, uma cauda que foi cortada – a ideia que, por sua vez, está associada ao medo de castração. Essas e outras estratégias interpretativas permitem a Freud afirmar que o sonho era, realmente, uma lembrança mascarada da ocasião em que, aos dezoito meses de idade, o jovem Serge acordou de seu sono em uma tarde de verão no mesmo quarto em que seus pais haviam se recolhido, seminus para uma sesta. O garoto então testemunhou, por três vezes consecutivas, seu pai tendo relações sexuais com sua mãe, que estava de quatro.


HISTÓRIA DE UMA NEUROSE INFANTIL: (HOMEM DOS LOBOS)

Ao expor tal interpretação do sonho, Freud esperava ter descoberto o incidente primitivo traumático que originara doença. No entanto, constatou que o paciente não estava fazendo progressos. Em uma tentativa de quebrar essa “resistência”, determinou uma data para o fim do tratamento. Foi depois disso, segundo o relato do caso, que, após quatro anos de análise, emergiu alguma lembrança de que, em idade muito precoce, o paciente deve ter tido uma babá à qual era muito ligado.


HISTÓRIA DE UMA NEUROSE INFANTIL: (HOMEM DOS LOBOS)

Quando Serge tinha dois anos, ele a vira limpando o chão. Ele então urinou e ela o ameaçou com a castração. No entender de Freud, quando Serge observou a moça esfregando o chão, de joelhos, com as nádegas para cima, ele se viu mais uma vez diante da postura que sua mãe assumira na cena da copulação. Para ele, a babá transformara-se em sua mãe, e isso provocou uma excitação sexual. Assim como seu pai, como sua ação ele interpretou como uma micção se comportou do mesmo modo diante dela. Sua micção no chão foi uma tentativa de sedução, e a garota reagiu a isso com uma ameaça de castração.



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