de universalidade aos interesses brasileiros no Atlântico Sul.
cessidades dos dois países. Inerentemente, esse contraponto
Portanto, existe o apoio ao coletivo e não ao individual, ao
foi a mola do estudo de reconhecimento da investida do gover-
consenso e não à força, que nitidamente são traços liberalis-
no brasileiro no campo da cooperação internacional, com certo
tas, conforme defendidos anteriormente.
êxito, lado a lado com o Estado sul-africano.
Além do mais, ampliar as relações do Brasil com países e
Demonstrou-se com o evento assistido pela ONG americana
regiões fora do eixo tradicional da diplomacia reforça a carac-
Blood:Water Mission que, na cooperação Norte-Sul, não somente
terística universalista da política externa brasileira. Tal estraté-
o Estado exerce fundamental participação na cooperação entre
gia chama à realidade o fortalecimento de valores e interesses
nações, com resultados transformadores que convidam e inspi-
comuns “solidários”, notadamente no eixo Sul-Sul, tanto em
ram à ação tanto indivíduos inseridos em comunidades locais, ou
aspectos culturais e históricos, como econômicos e políticos,
internacionais, como o próprio Estado, em esforços contra uma
abrindo caminho para a projeção crescente dos interesses na-
das maiores crises humanitárias da atualidade. Visto que esta pes-
cionais no Atlântico Sul, área relevante para o Brasil na etapa de
quisa se limita a exemplificar ações de atores não-governamentais
consolidação de sua hegemonia regional.
do sul, inspiradas pelas ações do Norte em favor de um terceiro
Finalmente, os benefícios obtidos na cooperação horizon-
Estado, sem contudo analisá-las com profundidade, sugere-se,
tal, assim como na vertical, são vantagens em prol da interação
primeiramente, que seja conduzida uma extensão dessa análise,
entre Estados, logo a soma e não a substituição propõe uma
todavia apoiada em ações de um Estado do sul.
nova relação triangular: Sul-Norte-Sul. Fordelone (2012) cita a tendência internacional a esse formato,
Atenção especial foi dada à independência do sul da supremacia do norte, salientando seu poder de influência, uma vez que dessa maneira promove seu crescimento e detenção do controle
O caso da cooperação triangular é mais complexo, e
de suas políticas internacionais. Concluiu-se que a consequência
a motivação que é mencionada mais frequentemente
direta desse processo é a cooperação bilateral, uma vez que as
é a possibilidade de capitalizar as vantagens da coo-
iniciativas que entremeiam as relações entre Brasil e África do Sul
peração Norte-Sul e da cooperação Sul-Sul através da
foram de teor coletivo e têm reforçado a característica universalis-
cooperação triangular.
ta da política externa brasileira, abrindo caminho para a projeção crescente dos interesses nacionais brasileiros, em uma área estratégica na etapa de consolidação da hegemonia regional do Brasil.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclusivamente, as possibilidades cruzadas oferecidas
O Brasil e a África do Sul trabalham para encontrar o cami-
por ambos os modelos são favoráveis à interação entre os
nho do desenvolvimento sustentável e a cooperação é crucial para
Estados em novo formato triangular, como meio de se capi-
transformar afinidades e interesses comuns em benefícios concre-
talizar vantagens. Portanto, um exercício de pragmatismo é
tos para ambos. Com base no referencial teórico disposto neste
efetivo ao combinar a interação Sul-Sul à Norte-Sul, resultan-
estudo, percebeu-se que as relações de cooperação entre Brasil
do no pensamento Sul-Norte-Sul.
e África do Sul se deram pela urgência histórica em se afirmarem como potências regionais, gerando ganhos mútuos.
A partir deste trabalho, pode-se inferir que é vital a manutenção dos estudos realizados pelos governos no que tange as
Pode-se inferir que a cooperação entre Brasil e África do Sul se
oportunidades de desenvolvimento que se lhes apresentarem,
apresenta como uma amplíssima saraiva de questões positivadas
com o intuito de se identificar a natureza das ações futuras a
e outras ainda a se trabalhar, isto é, um vasto campo de investiga-
serem tomadas cooperativamente, em favor do fortalecimento
ção, cujos pontos principais foram passíveis de se conferir, ainda
de seus laços.
que brevemente neste artigo, entre os quais estão as percebidas oportunidades promissoras de desenvolvimento econômico-políti-
REFERÊNCIAS
co dos “sócios” desse acordo, no cenário global.
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Conferência Nacional de Política Externa e Política Internacional - II CNPEPI “O Brasil no Mundo que vem aí”. Seminário: África. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2008.
Foi possível concluir com olhar crítico que as iniciativas de cooperação Sul-Sul somente foram consideradas efetivas, sob o escrutínio dos efeitos práticos encontrados na cooperação Norte-Sul. No entanto, priorizar o foco de cooperação horizontal
ALTEMANI, Henrique e LESSA, Antônio Carlos (Org). Relações internacionais do Brasil: temas e agendas. V.1. São Paulo: Saraiva, 2006.
não significou preterir completamente a vertical, mas a primeira também se mostrou viável, dadas as semelhanças entre as ne-
AQUINO, Edson Tomaz de. O Atlântico Sul e as Relações Brasil-África
PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 2013/2 - NÚMERO 8 - ISSN 2176 7785 l 71