principais grupos sociais da sociedade do conhe-
que podem ser transformados em documentos, rotinas e treina-
cimento serão os “trabalhadores do conhecimento”
mentos. O conhecimento tácito é mais difícil de registrar, docu-
– executivos que sabem como alocar conhecimento
mentar para ensinar a outras pessoas, como por exemplo, a ca-
para usos produtivos (...) (DRUCKER, 1993).
pacidade de liderança que, embora seja claramente identificada em determinadas pessoas, é de difícil transmissão ou descrição.
Vivemos a era do conhecimento, e como tal o investimento
TERRA (2003) defende que o conhecimento tácito dos co-
na inteligência é essencial. TERRA (2003) aborda que na era in-
laboradores é a principal forma de riqueza organizacional, que
dustrial os esforços eram voltados a melhorar os processos pro-
é desenvolvido ao longo da vida e é influenciado pela cultura e
dutivos. Na era do conhecimento existe o desafio de influenciar
valores, acesso à informação e a experiências vivenciadas.
a condução desses processos. O autor acrescenta que a com-
FLEURY e OLIVEIRA (2002) afirmam que devido ao papel
petitividade é manifestada de forma crescente em função da ca-
do conhecimento, que atualmente ocupa uma posição central
pacidade do ser humano de agregar inteligência aos processos
e estratégica nos processos econômicos, os investimentos em
de trabalho. Assim, dentro de um contexto amplo dos desafios
ativos intangíveis crescem mais rápido que os investimentos em
da competitividade, o significado da gestão do conhecimento
ativos físicos ou tangíveis, de tal forma que as empresas e os
torna-se mais evidente e estratégico. “A gestão proativa do co-
indivíduos que detém um maior conhecimento são mais bem
nhecimento adquire um papel central para a competitividade,
sucedidos, produtivos e reconhecidos.
tanto das empresas como dos países” (TERRA, 2005). Para DAVENPORT e PRUZAK (1998, p. 23), “Conhecimento
PERSPECTIVA ORGANIZACIONAL TRADICIONAL X SISTÊMICA
não é dado nem informação, embora esteja relacionado com
De acordo com HAMMER (2003), as antigas as teorias da
ambos e as diferenças entre esses termos sejam, normalmente
organização abordam aspectos como divisão do trabalho, hie-
uma questão de grau”.
rarquia administrativa, controle minucioso, departamentos iso-
MERLO (2005) afirma que é fundamental o repensar dos fato-
lados. A ótica é a de que cada executivo deve preocupar-se
res críticos e competitivos, deparando-se com a valorização de um
exclusivamente com sua própria função e atividades derivadas,
ativo “intangível” como componente de um modelo emergente de
não percebendo as demais. Desse modo, as responsabilidades
gerenciamento. Trata-se de um modelo que despreza a visão de
principais se perdem na lacuna entre departamentos funcionais
controle e poder ao passo em que prioriza e promove a criação de
e os gestores não conseguem perceber a relevância e a inter-
uma cultura de interação, participação e transparência
face entre todas as áreas da organização e sua relação com o
Em complementação às conceituações mencionadas, STEWART (1998) assinala que “a informação e o conhecimento são as armas termonucleares competitivas de nossa era”.
ambiente no qual está inserida. Já a visão sistêmica de uma organização, conforme HAMMER (2003), retrata um enfoque exigido pela dinâmica da sociedade atual, que impulsiona a melhoria do desempenho no atendimento
Conhecimento Tácito e Explícito
ao cliente, ao considerar um mercado competitivo, globalizado e
Para melhor caracterização do conhecimento é importante
com variações no comportamento do consumidor.
a diferenciação do conhecimento tácito e explícito, conforme
A perspectiva sistêmica enfoca que as organizações traba-
NONAKA e TAKEUCHI (1997): o conhecimento tácito é a experi-
lham com processos integrados e não fragmentados, de forma a
ência, o poder de inovação e habilidades para realizar as tarefas
propiciar uma visão global e mais ampla do trabalho. Além disso,
do dia-a-dia. O conhecimento explícito são os procedimentos,
parafraseando HAMMER (2003), a cultura deve ser baseada na
banco de dados, patentes, relacionamento com clientes (sof-
cooperação, no trabalho em equipe e com foco no cliente.
twares de última geração que conseguem realizar com rapidez
A teoria tradicional das organizações (o enfoque mecâni-
o que o ser humano levaria muito tempo para fazer: processar
co), apresenta o caráter fechado das estruturas sociais. Por sua
grande massa de dados e tirar dela informações importantes
vez, a teoria da visão sistêmica enfatiza a necessária dependên-
para o sucesso do negócio).
cia de organização em relação ao sistema de valores do meio
FLEURY (2001) caracteriza o conhecimento explícito como
ambiente (interno e externo).
um conhecimento transmissível em linguagem formal e siste-
Nessa perspectiva sistêmica, OLIVEIRA (2002) define as
mática e o conhecimento tácito com uma qualidade mais pes-
organizações como um sistema aberto, dinâmico e com um
soal, tornando sua formalização e comunicação mais difícil.
continuo processo de entradas, transformações e saídas. As
Segundo BEAL (2004), conhecimentos explícitos são aqueles
entradas incluem pessoas, matérias-primas e energia; que são
20 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 2013/2 - NÚMERO 8 - ISSN 2176 7785