Anais IV Simpósio de Farmácia da Newton

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ISSN 2237-5031

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IV Simpósio

Farmácia do Curso de

Centro Universitário Newton Paiva

“SERVIÇOS CLÍNICOS FARMACÊUTICOS” ANO II - NÚMERO I - 2012



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IV Simpósio

Farmácia do Curso de

Centro Universitário Newton Paiva

“SERVIÇOS CLÍNICOS FARMACÊUTICOS” ANO II - NÚMERO I - 2012


Copyright©2012 by Núcleo de Publicações Acadêmicas do Centro Universitário Newton Paiva Ano II - Número 1 2012

ISSN 2237-5031

CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA Av. Silva Lobo, 1730 - Nova Granada Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil ANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva


Expediente COMISSÃO ORGANIZADORA PROFª. MARCELA UNES PEREIRA RENNÓ Farmacêutica, Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFMG Coordenadora do Curso de Farmácia do Centro Universitário Newton Paiva PROFª. YONE DE ALMEIDA NASCIMENTO Farmacêutica, Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFMG Professora das disciplinas de Atenção Farmacêutica I e II do Centro Universitário Newton Paiva (CUNP) Farmacêutica responsável pela Clínica de Atenção Farmacêutica do CUNP Pesquisadora do Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG

EDIÇÃO - Marcela Unes Pereira Rennó REVISÃO - Mariza Mônica Santos Moura

ESTRUTURA FORMAL DA INSTITUIÇÃO PRESIDENTE DO GRUPO SPLICE - Antônio Roberto Beldi REITOR - João Paulo Beldi VICE-REITORA - Juliana Salvador Ferreira de Mello DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO - Marcelo Vinicius Santos Chaves SECRETÁRIA GERAL - Dorian Gray Rodrigues Alves

APOIO TÉCNICO NÚCLEO DE PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA http://npa.newtonpaiva.br/npa Cinthia Mara da Fonseca Pacheco EDITORA DE ARTE E PROJETO GRÁFICO - Helô Costa - Registro Profissional 127/MG DIAGRAMAÇÃO - Geisiane de Oliveira (estagiária da Central de Produção Jornalística da Newton Paiva - CPJ)

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Realização:

Apoio:

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Sumário Apresentação...............................................................9 Programação................................................................11 Introdução As práticas clínicas farmacêuticas .............................21

Palestras 1. Atenção Farmacêutica, Gerenciamento da Terapia Medicamentosa e Resultados em Saúde: Lições Aprendidas em Fairview Pharmacy Services Palestrante: Djenane Ramalho de Oliveira..........................29 2. Projeto para a readequação da dispensação nas Farmácias Populares do Brasil – Belo Horizonte Palestrante: Yone de Almeida Nascimento...........................37 3. A relação do paciente com seus medicamentos: um modelo para o cuidado Palestrante: Mateus Rodrigues Alves................................41 ANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva


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Mesas-redondas 4. Contribuições do farmacêutico clínico no âmbito hospitalar Palestrante: Josiane Moreira da Costa................................45 5. Contribuições do farmacêutico clínico no âmbito da atenção básica e secundária Palestrante: Maria Auxiliadora P. Martins.....................51 Palestrante: Letícia Gomes............................................53

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Apresentação O curso de Farmácia da Newton Paiva tem entre os seus diferenciais a oferta de atividades extracurriculares, possibilitando o enriquecimento do currículo através da discussão de temas relevantes realizadas por profissionais de alta competência. O 4° Simpósio do curso de Farmácia do Centro Universitário Newton Paiva teve seu programa composto de temas relacionados às Práticas Clínicas Farmacêuticas. O curso de Farmácia iniciou a discussão dessas práticas profissionais em 1998 e foi pioneiro ao incluir em sua matriz curricular disciplinas relacionadas a esse tema. Atualmente, percebe-se uma valorização cada vez maior dos profissionais que cuidam do binômio paciente – medicamento. A pauta do evento privilegiou a reflexão de temas atuais e inovadores, trazidos por profissionais de referência em suas áreas, possibilitando, dessa forma, incentivar a excelência na competência técnica e prática, no sentido de construir uma visão integrada e articulada dos aspectos mais relevantes e mais imediatos da nossa prática profissional.

Profª. Marcela Unes Pereira Rennó Coordenadora do Curso de Farmácia Centro Universitário Newton Paiva

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Programação


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SERVIÇOS CLÍNICOS FARMACÊUTICOS DATA: 08 E 09 DE NOVEMBRO DE 2012 Local: Av. Silva Lobo, 1730 – 4º andar (auditório)

Programação: DIA: 08/11 (TARDE) 13:00 – 13:30: Credenciamento 14:00 – 14:30: Abertura 14:30– 16:00: Palestra - Atenção Farmacêutica, Gerenciamento da Terapia Medicamentosa e Resultados em Saúde: Lições Aprendidas em Fairview Pharmacy Services PROFESSORA DJENANE RAMALHO DE OLIVEIRA: Farmacêutica clínica, educadora e pesquisadora, tendo ampla experiência com o ensino, implementação e investigação de serviços de gerenciamento integral da farmacoterapia (GTM). Ela tem PhD na área de atenção farmacêutica pela Universidade de Minnesota e trabalhou durante os últimos 5 anos como gestora de um dos mais reconhecidos programas de GTM dos Estados Unidos (Medication Therapy Management Program, Fairview Health Services, Minneapolis, Minnesota). Ela também tem inúmeros artigos publicados e 3 livros nesta área. Djenane profere palestras e cursos em vários países dos hemisférios norte e sul. Djenane é professora de atenção farmacêutica no Departamento de Farmácia Social da Universidade Federal de ANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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Minas Gerais. Ela também é professora adjunta no departamento de Pharmaceutical Care and Health Systems da Faculdade Farmácia da Universidade de Minnesota, Estados Unidos, e pesquisadora colaboradora de Fairview Health Services, um sistema de saúde do estado de Minnesota.

16:00 – 16:30: intervalo 16:30 – 17:30: Palestra - Projeto para a readequação da dispensação nas Farmácias Populares do Brasil – Belo Horizonte PROFESSORA YONE DE ALMEIDA NASCIMENTO: Farmacêutica, especialista em saúde pública (ênfase em medicamentos), mestre em Ciências Farmacêuticas e doutoranda no Programa de Medicamentos e Assistência Farmacêutica, todos pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais. Professora do Centro Universitário Newton Paiva (CUNP) das disciplinas de Atenção Farmacêutica I e II e coordenadora da Clínica de Atenção Farmacêutica desse Centro Universitário. Coordenou o projeto de implantação da Atenção Farmacêutica realizado em parceria com o Programa Farmácia Popular do Brasil (BH) e é farmacêutica clínica e pesquisadora do Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG.

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DIA: 09/11 (MANHÃ) 8:00 – 10:30: Mesa-redonda - Contribuições do farmacêutico clínico no âmbito hospitalar ÁQUILA SERBATE BORGES: Farmacêutica pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais. Pós-graduada em Farmacologia clínica pela Universidade Estadual de Montes Claros/ Associação Mineira de Farmacêuticos. Farmacêutica da Santa Casa de Belo Horizonte, atuando como Supervisora do Serviço de Farmacovigilância e Tecnovigilância, Supervisora da Farmácia do CTI clínico adulto, Farmacêutica Clínica nos Centros de Terapia Intensiva, Vice-presidente da Comissão de Farmácia e Terapêutica, Membro da Comissão de Suporte Nutricional e do Comitê de Ética em Pesquisa da Santa Casa. Atua ainda como Professora do Curso Técnico em Farmácia do SENAC-MG, Diretora Administrativa Adjunta da Associação Mineira de Farmacêuticos e Presidente da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar Regional Minas.

ALINE DE LACERDA ANDRADE: Farmacêutica pela Universidade Federal de Minas Gerais, Especialista em Farmacologia Clínica pela Associação Mineira de Farmacêuticos, Farmacêutica clínica do Hospital Madre Teresa desde junho/2009. Responsável pelo acompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes da UTI 3 e dos pacientes em uso de varfarina, pela reconciliação medicamentosa dos pacientes submetidos à Artroplastia de quadril. Membro do Time de Comunicação e Informação – Accreditation Canada. ANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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JOSIANE MOREIRA COSTA: Farmacêutica pela Universidade Federal de Minas Gerais (2003), especialista em Avaliação, Gestão e Elaboração de Projetos Sociais, pelo Departamento de Políticas Públicas da FAFICH - UFMG e mestrado em Saúde e Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG. Atualmente é professora em Cursos de Especializações em Farmacologia Clínica e Farmacologia Aplicada a Atenção Farmacêutica, além de ser Coordenadora Técnica do Hospital Risoleta Tolentino Neves onde já atuou como Coordenadora da Farmácia Hospitalar (2006 - 2012). É preceptora de estágio em Farmácia Hospitalar para alunos de graduação desde 2007, e preceptora de residentes farmacêuticos do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Idoso da UFMG desde março de 2010.

SUELLEN PEGNOLATO: Farmacêutica pelo Centro Universitário Newton Paiva. Já foi farmacêutica do Programa Farmácia Popular do Brasil de Belo Horizonte e atualmente é responsável pela assistência farmacêutica e implantação do serviço de farmácia clínica, farmacovigilância e técnicovigilância, com auditoria de prescrição e acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes no Hospital Infantil São Camilo.

VANUSE DE PAULA RAMOS BARROSO: Farmacêutica pelo Centro Universitário UMA de Belo Horizonte, Especialista em Farmacologia Clínica pela Associação Mineira de Farmacêuticos de Minas Gerais. Farmacêutica clínica do Hospital Madre Teresa desde maio de 2011. Responsável pelo acompanhamento farmacoterapêutico dos pa16

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cientes da Unidade Coronariana e dos pacientes em uso de varfarina, pela reconciliação medicamentosa dos pacientes submetidos à Angioplastia eletiva. Membro do Time do Paciente Cirúrgico - Accreditation Canadá. 10:30 – 11:00: intervalo 11:00 – 12:30: Palestra - A residência multi profissional: uma perspectiva de qualificação para o farmacêutico

ÂNGELO GUSTAVO VENÂNCIO DE LIMA: Psicólogo, formado pelo Centro Universitário Newton Paiva, pós graduando em Psicologia Hospitalar pela Santa Casa BH. Atualmente atua como Analista de Ensino no Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa BH onde participa e desenvolve a coordenação acadêmica dos médicos residentes e especializados da Santa Casa de Belo Horizonte e organiza projetos de residência médica e multiprofissional na Instituição. Atua também como Psicólogo Clínico em consultório particular. 12:30 – 14:00: intervalo – almoço

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DIA: 09/11 (TARDE) 14:00 – 16:00: Mesa-redonda - Contribuições do farmacêutico clínico no âmbito da atenção básica e secundária

ANDREZA RAQUEL: Farmacêutica pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG (2007) e especialização em Farmacologia (2011) pela Universidade de Lavras. Atualmente é mestranda em Medicamentos e Assistência Farmacêutica – UFMG. Farmacêutica no Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; membro do Grupo de Estudos em Atenção Farmacêutica (GEAF) da UFMG e é colaboradora da disciplina de Cuidado Farmacêutico ao paciente com tuberculose da Faculdade de Farmácia da UFMG.

LETÍCIA GOMES: Farmacêutica, formada pelo Centro Universitário Newton Paiva, em dezembro de 2006. Especialista em Farmacologia Clínica pela Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES. Farmacêutica do Núcleo de Apoio a Saúde da Família- NASFdesde julho de 2008.

MARIA AUXILIADORA P. MARTINS: Farmacêutica, Doutora em Infectologia e Medicina Tropical pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Adjunto da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, nas áreas de Farmácia Hospitalar e Farmacologia Clínica, Coordenadora do Projeto de Extensão intitulado “Cuidado Farmacêutico a Cardiopatas 18

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Chagásicos e Não Chagásicos Atendidos em Clínica de Anticoagulação do Hospital das Clínicas da UFMG.

SORAYA COELHO COSTA: Farmacêutica do Programa Mais Vida do Instituto Jenny de Andrade Faria de Atenção a Saúde do Idoso do Hospital das Clínicas da UFMG, Mestre em Ciências da Saúde Infectologia e Medicina Tropical pela Faculdade de Medicina da UFMG, preceptora da Residência Multiprofissional de Atenção a Saúde do Idoso do Hospital das Clínicas da UFMG. 16:00 – 16:30: Intervalo 16:30 – 17:30: Palestra - A relação do paciente com seus medicamentos: um modelo para o cuidado

PROFESSOR MATEUS RODRIGUES ALVES: Farmacêutico graduado pela Universidade Luterana do Brasil, Canoas/RS, em 2002. Especialização em Farmácia Hospitalar pelo Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde, Porto Alegre/RS, 2003. Farmacêutico Hospitalar no Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre/RS, 2000 a 2005. Coordenador Adjunto da Política de Assistência Farmacêutica da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre/RS, 20042004. Consultor Técnico do Ministério da Saúde no Departamento de Assistência Farmacêutica, Brasília/DF, 2005-2007. Doutor em Farmácia Social pela Universidade de Minnesota/ USA, 2008-2012. Atualmente, Professor Substituto na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais. 17:30h - Encerramento ANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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Introdução As práticas clínicas farmacêuticas


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A saúde é fundamental para a satisfação e bem-estar da população e os medicamentos são parte essencial dos serviços de atenção sanitária em todas as culturas e sociedades. Entretanto, existe uma diferença entre os resultados clínicos obtidos com os medicamentos em ensaios clínicos e os resultados reais na prática, sendo várias as causas para essa situação, como a seleção inadequada, o uso de doses menores ou maiores que as necessidades individuais, a administração inadequada, a falta de adesão aos tratamentos prescritos, as interações medicamentosas e as reações adversas. Além das repercussões clínicas dos problemas relacionados ao uso de medicamentos (PRM), existem importantes consequências econômicas também. Calcula-se que o custo dos PRM é igual ou maior que o custo dos medicamentos. Por fim, existe atualmente a consciência que simplesmente facilitar o acesso dos usuários aos medicamentos não é suficiente para garantir o alcance dos objetivos dos tratamentos (FIP, 2012). Assim, os farmacêuticos ocupam uma posição estratégica nesse cenário, pois são profissionais capacitados e que dispõe da competência legal para a execução de práticas profissionais que garantam o uso eficaz, seguro e racional da terapia farmacológica, dentre essas as tradicionais, como a dispensação de medicamentos, e as mais recentes, como o gerenciamento da terapia farmacológica. Entretanto, por décadas o farmacêutico egresso no Brasil, recebeu uma formação tecnicista, voltada para a produção e controle de qualidade de produtos e processos, mas completamente desconectada dos serviços e das questões relacionadas diretamente à saúde e das demais profissões e do próprio sistema de saúde (VIII Encontro..., 2012). ANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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Mas percebe-se que na atualidade o farmacêutico vive uma retomada de suas funções de assistência ao paciente, assumindo uma responsabilidade maior nos resultados derivados do uso de medicamentos. Como profissional especialista em medicamentos vive a necessidade de romper com as funções tradicionais de gestão do produto, avançando em direção de práticas relacionadas ao cuidado de pessoas. Assim, para abordar essas novas necessidades, requer uma readequação de sua prática profissional e exige uma busca constante pelas competências como profissionais de saúde (FIP, 2012). De acordo com o Grupo técnico para o desenvolvimento de competências para os serviços farmacêuticos (2012), grupo da Organização Panamericana de Saúde (OMS) e da Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP) as funções farmacêuticas diretamente vinculadas ao paciente, família e comunidade exigem o desenvolvimento da série de competências descritas a seguir: 1) promover a saúde, por meio de atividades de prevenção de doenças e promoção de um estilo de vida mais saudável; 2) dispensar medicamentos sob prescrição médica ou aqueles isentos de prescrição, além de insumos necessários para a saúde, como inaladores, glicosímetros, dente outros; 3) manter registro atualizado e confidencial da história clínica a farmacológica dos indivíduos e famílias, além das intervenções realizadas; 4) promover o uso racional de medicamentos; 5) realizar o gerenciamento da terapia farmacológica com o objetivo de garantir o alcance dos objetivos terapêuticos. Para o desenvolvimento de tais competências recomenda-se a construção do conhecimento por meio da ação e da reflexão, o contato com a realidade profissional e de saúde 24

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pública desde o início da formação e a formação em um contexto de prática (Grupo..., 2012). Por esse motivo, esse evento foi idealizado com o objetivo de permitir a discussão e a troca de experiências entre profissionais de vários níveis de atenção à saúde, além de vários serviços farmacêuticos de assistência ao paciente, mostrando os avanços nas práticas de assistência ao paciente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Federação Internacional de Farmacêuticos - FIP. Directrices conjuntas FIP/ OMS sobre buenas prácticas em farmácia: estándares para la calidad de lós servicios farmacêuticos. 2012. Grupo Técnico para el desarrollo de competencias para los Servicios Farmacéuticos (GT-CSF). Competencias del farmacéutico para desarrollar los servicios farmacéuticos (SF) basados en Atención Primaria de Salud (APS) y las Buenas Prácticas en Farmacia (BPF). 2012 Conselho Federal de Farmácia. VIII encontro nacional de coordenadores de cursos de farmácia. I encontro de cursos de farmácia. 2012.

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Palestras


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Atenção Farmacêutica, Gerenciamento da Terapia Medicamentosa e Resultados em Saúde: Lições Aprendidas em Fairview Pharmacy Services Djenane Ramalho de Oliveira, PhD. Professora, Faculdade de Farmácia, UFMG; Professora, Faculdade de Farmácia, University of Minnesota; Pesquisadora, Fairview Health Services

A atenção farmacêutica pode ser considerada como a prática profissional por excelência da Farmácia. Para tanto, é preciso compreender que uma prática profissional é a aplicação criativa de conhecimentos especiais, guiada por uma filosofia e objetivos comuns a todos os membros da profissão, com a finalidade de resolver problemas específicos de uma maneira padronizada determinada pela profissão e aprovada socialmente. Toda prática profissional apresenta como componentes uma filosofia profissional, um processo de cuidado ao paciente e um processo de gestão e os componentes de uma prática profissional não sofrem alterações de acordo com o local onde o exercício profissional é exercido. A atenção farmacêutica é por excelência uma prática generalista, na qual a atenção é oferecida de forma coordenada, holística e continuada a uma população independentemente de gênero, processo patológico, ou uso de determinada classe terapêutica. É uma prática profissional centrada no paciente em que ANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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o farmacêutico assume a responsabilidade por atender todas as necessidades relacionadas a medicamentos, usando um método padronizado e sendo responsabilizado pelos resultados desse trabalho. As responsabilidades do farmacêutico nessa prática são: compreender as experiências do paciente com os seus medicamentos; identificar as necessidades relacionadas com medicamento de um paciente e comprometer-se a atendê-las; assegurar que todos os medicamentos incluídos no regime terapêutico de um paciente sejam bem indicados, efetivos, seguros e convenientes; identificar, resolver e prevenir problemas relacionados ao uso de medicamentos; trabalhar como parte da equipe multidisciplinar de saúde, comunicando suas decisões e recomendações aos outros membros da equipe e fazendo encaminhamentos sempre que necessário. O Programa de gerenciamento da terapia farmacológica (GTM) do “Fairview Health Services” foi desenvolvido em 1997 em parceria com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Minnesota e a Atenção Farmacêutica é usada como referência para a prática. Hoje consiste numa rede de 28 farmacêuticos certificados que oferecem o serviço em 32 clínicas em Minneapolis e Saint Paul, Minnesota. Ainda compreende uma rede contratada de 5 farmacêuticos em 6 localidades na cidade de Duluth e, nos últimos 4 anos, farmacêuticos GTM estão se expandindo em diferentes especialidades (Transplante, oncologia, nefrologia e HIV-Aids). Os objetivos do Programa GTM do “Fairview Health Services” são: empoderar pacientes a assumirem um papel mais ativo na sua saúde; melhorar os resultados clínicos e o quadro geral de saúde dos pacientes; e reduzir o custo 30

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total em saúde. Pacientes elegíveis para receber o serviço de GTM são pessoas utilizando vários medicamentos ou com múltiplas doenças crônicas e pacientes que não estão atingindo seus objetivos terapêuticos ou que não entendem os seus objetivos. Cada encontro entre paciente e farmacêutica de GTM seguirá um processo de revisão sistemática (avaliação inicial, plano de cuidado e acompanhamento para avaliação de resultados) destinado a identificar e resolver problemas relacionados ao uso de medicamentos e a fornecer os melhores resultados possíveis para o paciente. O encontro inicial é de 60 minutos. Os retornos são determinados pela necessidade individual do paciente e a consulta tem duração de 30 minutos. A comunicação entre a equipe multidisciplinar se dá via prontuário, fax ou telefone e inclui as recomendações e alterações realizadas de acordo com acordos de colaboração pré- estabelecidos no “Fairview Health Services”. Por meio desses acordos, o farmacêutico clínico responsável pelo serviço de GTM pode introduzir, retirar ou alterar a dose da maioria dos medicamentos prescritos, com exceção de algumas classes farmacológicas não cobertas por esses acordos. Os resultados do serviço de 1998 a 2010 incluem 13.283 pacientes acompanhados, o que gerou 61.025 visitas documentadas. Os pacientes apresentavam em média 6,6 problemas de saúde (variando entre 0 e 24 problemas); 67 % apresentavam mais de cinco problemas e 23% mais de 10 problemas, demonstrando a complexidade dos pacientes ANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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atendidos pelo serviço de GTM. Em relação aos Problemas Relacionados ao uso de Medicamentos (PRM), 11444 pacientes (86%) dos pacientes apresentavam pelo menos 1 PRM; 7069 pacientes (53%) apresentavam mais de 3 PRM e 4216 (32%) dos pacientes apresentavam mais de 5 PRM no atendimento inicial. Os principais PRM identificados foram: necessita medicamento adicional (27%), dose baixa (27%), não aderência (16 %), produto inefetivo (8 %), reação adversa (9 %), dose alta (7 %), medicamento desnecessário (6 %). Do total de PRM identificados e resolvidos (61.946), 82,5% foram solucionados diretamente com o paciente/cuidador e 17,5% com o médico. As principais intervenções realizadas pelo farmacêutico para resolver os PRM identificados foram: iniciar novo medicamento (30%); alterar a posologia de medicamento prescrito (25%), alterar o produto (14%), descontinuar medicamento (13%), iniciar plano de monitorização (9%). Com o intuito de avaliar o impacto das ações desenvolvidas, os pacientes são avaliados quanto ao estado de saúde para cada uma das doenças que possui no primeiro atendimento e posteriormente. De 41.874 problemas de saúde avaliados em pelo menos dois momentos, o que corresponde a 6900 pacientes, percebe-se que 22% dos problemas foram classificados como estáveis, 55% em melhora e 23% em piora. Ainda, 25.686 problemas de saúde não tinham atingindo o objetivo terapêutico na primeira consulta GTM. Após inserção dos pacientes no serviço, 53% problemas foram classificados como estáveis; 33 % como melhora e 14% como piora, mostrando o benefício clínico do serviço. 32

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Ainda, ao analisar a uma população de pacientes que vivem com diabetes, apenas 1% desses pacientes alcançavam todos os objetivos quando ingressaram no serviço de GTM e após um ano de inserção no serviço 22% alcançaram as metas estabelecidas. Em relação aos resultados humanísticos, a satisfação do paciente foi avaliada e 97% concordaram que a sua saúde geral e o seu bem-estar tem melhorado devido ao serviço de GTM. Em relação aos resultados econômicos do GTM, pode-se afirmar que para cada 1 dólar investido o serviço obteve o retorno de 2 até 12 dólares. É importante frisar que são avaliados os gastos totais em saúde e não apenas os gastos com medicamentos. Em média, foram poupados US $ 452 por paciente em custos em saúde devido ao GTM. É preciso ressaltar que esses resultados favoráveis são oriundos de um serviço muito bem organizado, com um processo de gestão focado em resultados. Dessa forma, o sucesso de um serviço de gerenciamento da terapia medicamentosa, baseado na filosofia da atenção farmacêutica, como o descrito aqui, depende da gestão do serviço e por esse motivo busco demonstrar as lições aprendidas em gestão que obtive nesses quatro anos como uma das gestoras do serviço de GTM do “Fairview Health Services”. Em primeiro lugar, cito a importância da visão do futuro do serviço, que deve guiar as escolhas e as decisões da equipe. A escolha dos profissionais farmacêuticos deve ser considerada por meio de requisitos pré-estabelecidos e inclui a compreensão e a aceitação da filosofia da prática, o uso ANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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de um processo racional e sistemático para tomar decisões sobre farmacoterapia, a documentação e a avaliação dos resultados da sua prática. Os padrões de qualidade do serviço definem as expectativas que o farmacêutico deve atender ao oferecer o serviço GTM e não são negociáveis. Assim, o serviço deve basear-se em padrões de cuidado, de modo que ele pode ser prestado de forma consistente de um profissional para o outro, e de um paciente para o próximo. Os procedimentos operacionais devem ser claros para todos os membros da equipe de GTM e definem os critérios de elegibilidade de pacientes, a forma de recrutar os pacientes candidatos ao serviço, a comunicação com outros profissionais, a promoção do serviço e a garantia de consistência entre diferentes profissionais e locais da prática. Dessa forma, o serviço será capaz de gerar resultados mensuráveis e reprodutíveis. Em relação à promoção do serviço, esse deve ser descrito de forma simples, em termos do que ele pode fazer para o paciente. O serviço deve ser capaz de ser integrado facilmente com o resto da equipe de cuidado de saúde em termos de uma terminologia, uma filosofia, um processo de cuidado, e padrões de prática consistentes. O serviço deve ser remunerado da mesma forma que outros serviços são reembolsados. Por fim, o serviço de GTM do “Fairview Health Services” possui com uma de suas estratégias a colaboração entre ensino e prática cujo lema é ensinar o que se pratica e praticar o que se ensina.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ramalho de Oliveira D. Atenção farmacêutica e serviços farmacêuticos. In: Francisco de Assis Acúrcio (Org.) Medicamentos - Políticas, Assistência Farmacêutica, Farmacoepidemiologia e Farmacoeconomia. Belo Horizonte: Editora UFMG. 2012. 320p. Isetts B J, Brummel AR, Ramalho de Oliveira D, Moen DW. Managing Drug-related Morbidity and Mortality in the Patient-centered Medical Home. Medical Care 50 (11): 997–1001; 2012. Ramalho de Oliveira D. Atenção farmacêutica: da filosofia o gerenciamento da terapia medicamentosa. São Paulo: RCN Editora. 2011. 328p. Ramalho de Oliveira D. The reality of pharmaceutical care-based medication therapy management: patients’, pharmacists’, and students’ perspectives. LAP Lambert Academic Publishing AG & Co. 2010. 378p. Ramalho de Oliveira D, Brummel A B, Miller D B. Medication Therapy Management: 10 years of experience in a large integrated health care system. Journal of Managed Care Pharmacy 2010; 16(3): 185-95. Available at http://www.amcp.org/data/jmcp/185-195.pdf Ramalho

Oliveira D & Machuca M. La atención farmacéutica: un futuro América Latina. N. Homedes y A. Ugalde (Eds). Las farmacias, los farmacéuticos y el uso adecuado de medicamentos en América Latina. Buenos Aires: Editorial Lugar, Argentina. 2011 de

profesional para

Pereira ML, Ramalho de Oliveira D, Costa JM, Rocha TM, Mendonça SAM & Santana Júnior, W B. Atenção Farmacêutica: implantação passo a passo . Belo Horizonte, Brasil: Faculdade de Farmácia da UFMG, 2005. 104p.

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PROJETO PARA A READEQUAÇÃO DA DISPENSAÇÃO NAS FARMÁCIAS POPULARES DO BRASIL – BELO HORIZONTE Yone de Almeida Nascimento Professora do Centro Universitário Newton Paiva (CUNP); Farmacêutica responsável pela Clínica de Atenção Farmacêutica do CUNP; Pesquisadora do Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG

Na atualidade, o medicamento constitui-se como um dos fatores necessários à prestação da assistência à saúde, mas apenas o acesso a ele não garante melhores condições de saúde. Isso porque os hábitos prescritivos, as falhas na dispensação e a automedicação prejudicam a efetividade e a segurança da farmacoterapia (ARRAIS et al., 2007). De maneira geral, as soluções propostas para minimizar essa situação devem considerar o melhor controle na venda, o maior acesso da população aos medicamentos, a educação e informação da mesma sobre os benefícios e riscos dos medicamentos (AQUINO, 2008; CASTRO & PEPE, 2000). O foco das atividades do farmacêutico nesse processo deve ser garantir que a aquisição dos produtos pelo usuário seja instrumento para a resolução de seus problemas de saúde (MS, 2009). Assim, torna-se relevante o empenho dos profissionais em propor iniciativas para promover a realização da dispensação com qualidade (LAURA, 2009; OPAS, 1993). Nesse contexto, o Centro Universitário Newton Paiva e a gerência do Programa Farmácia Popular de Belo HorizonANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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te firmaram em 2009 um acordo no sentido de readequar as atividades de dispensação de medicamentos nas unidades do programa, na época, quatro unidades. Esse projeto se iniciou, no contexto da academia, a partir da preocupação em tornar essa prática efetiva, possível de ser ensinada, aprendida, executada e avaliada e capaz de gerar resultados para o sistema de saúde. A primeira etapa foi compreender o que é dispensar medicamentos, usando como referencial os instrumentos legais existentes, focando as responsabilidades do profissional durante a execução dessa prática. A partir disso, trabalhou-se no sentido de construir um processo de trabalho, com etapas e funções claramente definidas. Marin (2003) afirma que a dispensação deve atender a 100% dos consumidores, ser ágil e eficiente, estar integrada a rotina diária do profissional e ser realizada com a ajuda dos auxiliares sob a responsabilidade e supervisão do farmacêutico. Assim, no projeto implantando por meio dessa parceria, farmacêuticos e atendentes possuem funções definidas e complementares, sendo o atendente responsável por identificar situações que podem afetar o resultado da terapia farmacológica e o farmacêutico responsável por avaliar o problema identificado e escolher a conduta mais adequada para resolvê-lo. Posteriormente foram elaborados os instrumentos para subsidiar esse processo: o “Formulário de Dispensação e Cadastro dos Usuários” construído para assegurar a qualidade, a padronização e o registro das informações obtidas durante o processo de dispensação, um “Manual de Consulta” para os funcionários, no qual foram definidas 38

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as situações que devem ser identificadas e as orientações a serem repassadas ao usuário e “Guia para a tomada de decisão em situações de risco identificadas durante a dispensação de medicamentos” para subsidiar a tomada de decisão por parte dos farmacêuticos. A seguir foram realizados treinamentos com os funcionários para a sensibilização dos mesmos em relação à importância de desenvolvimento da atividade de dispensação. O modelo apresentado é inovador e apesar das dificuldades relacionadas à execução desse modelo, como a falta de conhecimento da população sobre o serviço, o tempo insuficiente do farmacêutico e a falta de capacitação dos funcionários responsáveis por atender o paciente, é uma atividade possível de ser realizada, desde que os farmacêuticos estejam dispostos a superar as dificuldades do processo e assumam seu papel perante a sociedade se responsabilizando pelo usuário de medicamentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRAIS, P.S.; BARRETO, M.L.; COELHO, H.L.L. Aspectos dos processos de prescrição e dispensação de medicamentos na percepção do paciente: estudo de base populacional em Fortaleza, Ceará, Brasil. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro,v.23,n.4, p.927-937, abr.,2007. AQUINO, D.S. Por que o uso racional de medicamentos deve ser uma prioridade? Ciência e saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.13,n.0,p.1-5, 2008. CASTRO, C.G.S.O.; PEPE, V.L.E. A interação entre prescritores, dispensadores e pacientes: informação compartilhada como possível benefício terapêutico. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 16, n.3, jul/set, 2000.p.1-8. ANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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LAURA, L.G. Profissão

farmacêutica:

Uma análise da prática em farmácias Brasil. 2009. Universidade estadual de Montes Claros. Belo Horizonte, 2009. comunitárias privadas do

ORGANIZACIÓN PAN-AMERICANA DE LA SALUD - OPAS. El papel del farmacêutico em La atencíon a salud. Informe de La reuníon de La OMS, Tókio, Japon, 31 ago. AL 3 sep. de 1993. Disponível em: www.ops.org.bo/ textocompleto/ime9848.pdf. Acesso em 02/11/09 MARIN, N.; LUIZA, V.L.; OSÓRIO-DE-CASTRO, C.G.S. MACHADO – DOSSANTOS, S., organizadores. Assistência Farmacêutica para gerentes municipais. Rio de Janeiro: OPAS/OMS, 2003.

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A RELAÇÃO DO PACIENTE COM SEUS MEDICAMENTOS: UM MODELO PARA O CUIDADO Mateus Rodrigues Alves, PhD Professor Substituto na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais.

Trata-se de uma investigação sobre a experiência com medicamentos (medication experience) de pessoas vivendo com HIV/AIDS. O objetivo do estudo foi entender a relação do paciente com seus medicamentos e os fatores que influenciam o processo decisório da utilização de medicamentos. O estudo foi conduzido no período de Abril/2011 a Abril/2012 na cidade de Minneapolis, Estados Unidos. O estudo utiliza a metodologia qualitativa da Teoria Fundamentada. Os métodos de coleta de dados foram constituídos por entrevistas aprofundadas. Todas as entrevistas foram conduzidas pelo investigador principal. No total, nove pacientes foram entrevistados por pelo menos duas vezes. Além das entrevistas, cada participante manteve um diário durante a primeira e a segunda entrevista. O uso do diário tinha como objetivo registrar a reflexão dos participantes sobre o uso de medicamentos e sua influência na vida cotidiana. Os resultados deste estudo são apresentados num modelo visual teórico. Neste modelo, os principais fatores envolvidos na relação do paciente com seus medicamentos antirretrovirais são demonstrados. Aspectos positivos e negativos resultantes da utilização de antirretrovirais são evidenciados. O modelo apresenta a complexidade de viver com HIV. ANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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Trata-se de um processo dinâmico onde as percepções acerca da farmacoterapia podem ser modificadas ao longo do tempo. Ao longo do tempo, um paciente que percebe o medicamento como uma lembrança dolorosa da sua condição pode redefinir sua percepção para algo positivo. Tal mudança ocorre principalmente em virtude da evolução da infecção por HIV. Como exemplo, um paciente que experimenta um evento grave de saúde (ex.: infecções oportunistas exigindo internação hospitalar) pode passar a ver o medicamento como sua única salvação. Deste modo, a lembrança negativa fica em segundo plano. Como resultado, a aderência ao tratamento pode ser facilitada. Como sugestão, é recomendado o uso de narrativas nos processos de cuidado do paciente como prática padrão. Tais narrativas podem ajudar a elucidar aspectos subjetivos da experiência do paciente com seus medicamentos e sua influência no processo racional sobre o uso dos medicamentos prescritos. Além disso, o modelo proposto pode ser utilizado como uma ferramenta pedagógica no ensino de estudantes nos cursos da área da saúde. Tal sugestão encontra fundamento na visualização do diagrama pois este demonstra aspectos complexos de uma forma relativamente simples e direta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, M. R. The

medication experience of people living with

HIV: From

the understanding of the meanings of medication to the development of a conceptual framework of medication experience.

Minnesota, 2012.

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PhD Thesis. University

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Mesas-redondas


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CONTRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO CLÍNICO NO ÂMBITO HOSPITALAR IMPLANTAÇÃO E AVALIAÇÃO DE UM SERVIÇO DE FARMÁCIA CLÍNICA EM UM HOSPITAL DE ENSINO: HOSPITAL RISOLETA TOLENTINO NEVES JOSIANE MOREIRA DA COSTA Professora em Cursos de Especializações em Farmacologia Clínica e Farmacologia Aplicada a Atenção Farmacêutica, Coordenadora Técnica do Hospital Risoleta Tolentino Neves, Preceptora de residentes farmacêuticos do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Idoso da UFMG

Embora sejam formulados para prevenir, aliviar e curar enfermidades, os produtos farmacêuticos podem produzir efeitos indesejáveis, maléficos e danosos. A diversidade de medicamentos existentes atualmente permite o controle de doenças, alívio de sintomas, aumento da expectativa de vida e melhora da qualidade da mesma. Porém, essa mesma diversidade de opções terapêuticas associadas à polifarmácia também contribuem para a maior probabilidade de ocorrência de Problemas Farmacoterapêuticos. Em relação aos PF, esses constituem problemas decorrentes do uso de medicamentos e que normalmente estão associados à indicação, efetividade, segurança e adesão. No ambiente hospitalar, entende-se que devido à multiplicidade de problemas de saúde apresentados pelos pacientes associados ao constante uso de medicamentos, esse seja ANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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um meio no qual a ocorrência de problemas relacionados à farmacoterapia adquira relevância e comprometa a melhora clínica dos pacientes. Com o intuito de contribuir para a prevenção de morbimortalidade por meio da identificação, resolução e prevenção de problemas farmacoterapêuticos, em janeiro de 2009, um grupo de farmacêuticos em um hospital de ensino iniciou a implantação do Serviço de Farmácia Clínica (SFC) aos pacientes internados. Foram disponibilizadas vinte horas semanais para o funcionamento do serviço, e toda a farmacoterapia dos pacientes inseridos no serviço foi analisada com o enfoque na indicação, efetividade e segurança. O objetivo desse trabalho é identificar as intervenções realizadas e o impacto das mesmas na evolução clínica dos pacientes a partir da implantação do serviço mencionado. Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo e exploratório que visou apresentar os resultados do SFC de um hospital de ensino. Na coleta de dados, realizou-se consulta às fichas de acompanhamento de pacientes e os dados foram compilados numa planilha do programa Microsoft Excel. Foi identificado o número de pacientes acompanhados pelo serviço, número de intervenções farmacêuticas realizadas e aceitas, média de problemas de saúde/paciente, e total e tipo de Problema Farmacoterapêuticos (PF) identificados e resolvidos. As fichas de acompanhamento registravam os resultados clínicos alcançados após a realização da intervenção farmacêutica. Esses consistem em melhora dos resultados laboratoriais, relato de melhora por parte do paciente, melhora de sinais e ou sintomas associados a complicações clínicas de46

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correntes de PF. Esses dados possibilitaram a identificação do impacto clínico das intervenções realizadas. A coleta de dados ocorreu no período de dezembro de 2011 a janeiro de 2012, e os dados coletados corresponderam a 100% dos pacientes acompanhados no período entre janeiro de 2009 a setembro de 2011. No total foram acompanhados 107 pacientes, sendo 46 em 2009, 43 em 2010, e 18 em 2011. Foram registradas 134 necessidades de intervenções, sendo que 85 foram realizadas. Em relação aos 107 pacientes acompanhados, 35 (32,71%) receberam intervenções, o que corresponde a uma média de 2,4 intervenções por paciente. Do total de intervenções realizadas (85), 55 (65%) foram aceitas durante o período analisado. Quanto aos problemas de saúde, foi possível contabilizar 724, sendo que a média de problemas de saúde por paciente foi de 6,77. . Em relação às intervenções aceitas (55), foi possível classificar o impacto clínico positivo de acordo com a indicação, efetividade, segurança e cumprimento. Relacionadas à indicação, foram 7 (12,72%) intervenções que proporcionaram impacto clínico positivo na farmacoterapia dos pacientes, ou seja, as intervenções evitaram o uso desnecessário de medicamentos que prejudicaram o estado de saúde dos pacientes (5) ou recomendaram o uso dos medicamentos que contribuíram para a melhora clínica dos pacientes atendidos no serviço (2). Em relação à efetividade, 19 (34,54%) intervenções propuseram o uso de medicamentos que contribuíram para a melhora clínica dos pacientes (5) ou identificaram medicamentos em doses baixa que comprometiam a farmacoteraANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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pia (10) ou evitaram comprometimentos no estado de saúde dos pacientes relacionado à ocorrência de interações medicamentosa (4). Quanto à segurança, 20 (36,36%) intervenções contribuíram para solucionar a ocorrência de reações adversas potenciais (10) ou prevenir problemas relacionados a altas doses de medicamentos (10). Em relação ao cumprimento, 9 (16,36%) intervenções contribuíram para o uso de medicamentos que não eram aceitos pelos pacientes. Apesar de ter sido identificada uma diminuição no número de pacientes acompanhados no ano de 2011 quando comparado aos demais anos, essa diferença se torna menor ao analisar o número de pacientes acompanhados por mês de funcionamento do SFC. O maior número de intervenções relacionadas à segurança pode estar associado ao fato de que a identificação da suspeita de ocorrência de reação adversa ao uso de medicamentos é um dos critérios para inserção do paciente no SFC. A não totalidade de intervenções realizadas está provavelmente associada à ocorrência de transferência do paciente para outras instituições de saúde, alta, óbito e à inexistência de profissional médico no momento de se realizar a intervenção farmacêutica. Além disso, ao considerar que o hospital possui um funcionamento de 24 horas, a disponibilidade semanal de apenas 20 horas farmacêuticas para o serviço clínico é um fator que limita a realização da totalidade de necessidades de intervenções identificadas. A necessidade de realização de intervenções que contribuam para a melhora da farmacoterapia dos pacientes é uma realidade no local em estudo. A porcentagem de intervenções 48

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aceitas (65%) demonstra a aceitabilidade do SFC pelos demais profissionais de saúde da instituição. O oferecimento do SFC apresentou impacto positivo no cuidado por propiciar a identificação de PF e realização de intervenções que contribuíram para a melhora clínica dos pacientes acompanhados. As intervenções aceitas refletem a aceitabilidade do serviço pelos profissionais de saúde da instituição onde o estudo foi realizado.

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CONTRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO CLÍNICO NO ÂMBITO DA ATENÇÃO BÁSICA E SECUNDÁRIA MONITORIZAÇÃO DO USO DE ANTICOAGULANTES ORAIS Maria Auxiliadora Parreiras Martins Professor Adjunto da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, nas áreas de Farmácia Hospitalar e Farmacologia Clínica, Coordenadora do Projeto de Extensão intitulado “Cuidado Farmacêutico a Cardiopatas Chagásicos e Não Chagásicos Atendidos em Clínica de Anticoagulação do Hospital das Clínicas da UFMG”.

O uso de derivados cumarínicos para anticoagulação oral tem uso amplo na prevenção e tratamento de distúrbios tromboembólicos. Entretanto, devido à sua margem terapêutica estreita, existe risco aumentado de sangramentos durante a farmacoterapia. Por isso, a monitorização laboratorial deve ser periódica e demanda visitas frequentes ao serviço de saúde. O acesso facilitado à clínica de anticoagulação (CA) no Sistema Único de Saúde (SUS) pode contribuir para efetividade e segurança desse tratamento. O Ambulatório de Anticoagulação do Hospital das Clínicas da UFMG para cuidado aos cardiopatas iniciou-se em um trabalho acadêmico que objetivou investigar uma estratégia de manejo dos pacientes em uso de varfarina. Iniciou-se com o seguimento de 280 cardiopatas em um serviço ambulatorial plenamente integrado às clínicas de Cardiologia e Hematologia. Devido ao impacto institucional positivo, o serviço tornou-se definitivo e hoje realiza o acompanhamento regular de cerANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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ca de 600 pacientes, incluindo cardiopatas e portadores de trombofilia. São realizadas orientações gerais sobre a farmacoterapia, mas o foco específico é o controle da anticoagulação oral que envolve a orientação dos pacientes e ajustes de dose da varfarina, conforme protocolo institucional. A equipe conta com farmacêuticos (do próprio hospital, docentes, residente e graduandos) e médicos (hematologistas, graduandos). Atualmente, o cuidado ao paciente em uso de varfarina está sendo ampliado para as unidades de internação HC/UFMG, com o objetivo de contribuir para sua alta precoce e transição segura para o atendimento ambulatorial. A avaliação da satisfação com o serviço foi realizada junto aos seus usuários após um ano de sua implantação e revelou o impacto favorável de suas atividades.

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CONTRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO CLÍNICO NO ÂMBITO DA ATENÇÃO BÁSICA E SECUNDÁRIA INSERÇÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA (NASF) NO DISTRITO SANITÁRIO OESTE (DISAO) Letícia Gomes Farmacêutica do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) - PBH.

A Inserção da Assistência Farmacêutica na Atenção Primária a Saúde iniciou em julho de 2008, a partir do exposto na Portaria 154 de 24 de janeiro de 2008, que criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família. No Distrito Sanitário Oeste, o profissional farmacêutico, antes de iniciar suas atividades, trabalhou na Farmácia Distrital e passou por uma capacitação, para conhecer a Assistência Farmacêutica no município de Belo Horizonte. Foi feito um diagnóstico dos quinze Centros de Saúde do Distrito Sanitário, com o objetivo de estabelecer quatro unidades que seriam prioritárias para inserção do profissional farmacêutico, conforme estabelecido na Proposta da Assistência Farmacêutica da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. As quatro unidades identificadas totalizavam 19 equipes de saúde da Família, das 56 do DISAO. O farmacêutico do NASF tem atribuições técnico-gerenciais e técnico assistenANAIS IV Simpósio do Curso de Farmácia - Centro Universitário Newton Paiva

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ciais. Tendo as atividades técnico-gerenciais o objetivo de dar suporte à organização da Assistência Farmacêutica em nível local. Essas atividades incluem organização do espaço físico na farmácia, acompanhamento do cumprimento de normas e procedimentos estabelecidos, auxílio na utilização de protocolos terapêuticos, dispensação de medicamentos, supervisão do processo de trabalho na farmácia local e orientações técnicas sobre medicamentos. Já as atividades técnico-assistenciais estão relacionadas ao cuidado com o usuário. Mensalmente acontecem reuniões com as Equipes de Saúde da Família, para a discussão de casos de pacientes prioritários, visando ações da assistência farmacêutica no cuidado, considerando o uso do medicamento, como uma forma a contribuir para a efetividade do tratamento, no âmbito coletivo e/ ou individual. As abordagens individuais aos usuários são realizadas através de atendimentos nas unidades básicas de saúde, visitas domiciliares e atendimentos compartilhados com outros profissionais da saúde. Os registros referentes à anamnese, condutas e intervenções são feitos em duas vias, em ficha de evolução padronizada pela Secretaria Municipal de Saúde. A primeira via é arquivada no prontuário do usuário, que fica na Unidade de origem, e a segunda é arquivada com o NASF, sendo anexada a ela uma folha de rosto com informações relacionadas à identificação do paciente, condição de saúde, tipo de atendimento e período de intervenção. A maioria dos pacientes acompanhados é composta por diabéticos, hipertensos e dislipidêmicos, por esse motivo, os principais parâmetros utilizados são glicemia jejum, hemo54

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globina glicada, pressão arterial, colesterol total e frações. As atividades coletivas incluem a participação em grupos educativos, eventos relacionados à Saúde e Campanhas de Vacinação. No ano de 2009 houve uma implementação no número de farmacêuticos no Distrito Sanitário Oeste, que teve um incremento de mais 4 profissionais, reduzindo o número de unidades e equipes de Saúde da Família por farmacêutico. Nesse ano todas as Unidades Básicas de Saúde passaram a ter apoio desse profissional. Em 2012 houve novo incremento de farmacêutico e, consequentemente, redução do número de unidades e equipes de Saúde da Família por profissional. O DISAO recebeu mais dois profissionais, totalizando sete farmacêuticos atuando no NASF.

REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS

BRASIL. Portaria n 154, de 24 de janeiro de 2008. Cria os Núcleos de Apoio Á Saúde da Família – NASF. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, n. 43, 04 março, 2008. SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE BELO HORIZONTE. Proposta da Assistência Farmacêutica nos Núcleos de Apoio a Saúde da Família, 2008. SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE BELO HORIZONTE. Projeto: Assistência Farmacêutica Para Atenção Primária em Belo Horizonte, 2011.

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