PROMOÇÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL A PARTIR DA EXTENSÃO POPULAR

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PROJETO PRÁTICAS INTEGRAIS DA NUTRIÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE: PROMOÇÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL A PARTIR DA EXTENSÃO POPULAR

Daniela Gomes de Brito Carneiro1, Amanda de Andrade Marques1, Ana Claudia Cavalcanti Peixoto de Vasconcelos2, Pedro José Santos Carneiro Cruz3.

1- Graduanda do Curso de Nutrição - UFPB, 2- Docente do Depto. de Nutrição - UFPB, 3 Nutricionista e Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE - UFPB


INTRODUÇÃO 1.

Apresentação

Objetivo do trabalho: sistematização de uma experiência de extensão popular em saúde; Contexto do projeto: debate sobre a Promoção da Saúde: busca internacional de alternativas à crise dos sistemas de serviços de saúde; No Brasil: Movimento da Reforma Sanitária + movimentos populares = SUS (constante transformação); Política Nacional de Atenção Básica (PNAB): caracteriza a AB como:

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[...] um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. (...) Orientase pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (BRASIL, 2006, p.3)


INTRODUÇÃO 2. A Promoção da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)

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Preocupação do atual presidente do Brasil em poder garantir a todos os brasileiros a realização de, no mínimo, três refeições ao dia. Programa Fome Zero (PFZ) Garantia do DHAA; Avanços na construção de políticas públicas que favoreçam a SAN: Lei Orgânica de SAN (LOSAN), Nº 11.346, de 15 de setembro de 2006; A LOSAN cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN;


INTRODUÇÃO O artigo 3º da LOSAN conceitua Segurança Alimentar e Nutricional como: [...] a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade em quantidades suficientes sem comprometer o acesso a outras necessidades, com base em Práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentável. (BRASIL, 2006)


INTRODUÇÃO  A Educação Nutricional (EN) como importante ferramenta para a promoção da SAN

Nesse contexto da SAN, a EN foi conceituada por Boog (2005, p.18), como: [...] um conjunto de estratégias sistematizadas para impulsionar a cultura e a valorização da alimentação, concebidas no reconhecimento da necessidade de respeitar, mas também modificar crenças, valores, atitudes, representações, práticas e relações sociais que se estabelecem em torno da alimentação, visando o acesso econômico e social a uma alimentação quantitativa e qualitativamente adequada, que atenda aos objetivos de saúde, prazer e convívio social.


INTRODUÇÃO 3. O Projeto Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde – PINAB

 Segundo Araújo (2007, p. 292), apesar dos esforços de muitos em construir uma política de saúde comprometida com a promoção da saúde, com a integralidade, humanizada e dialógica, a academia, [...] ainda continua pedagogicamente autoritária, comprometida com a transmissão do conhecimento, condicionadora, controladora e acrítica em termos do seu papel social e por isso mesmo, descomprometida com a transformação da realidade social onde atuam/atuarão os seus educandos.  Com base em tais inquietações: professora + estudantes (Nutrição – UFPB)

PINAB


INTRODUÇÃO 3. O Projeto Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde – PINAB

 23 estudantes da graduação em Nutrição da UFPB, docente do DN – UFPB, nutricionista colaborador;  Área de atuação: bairro do Cristo Redentor – João Pessoa (PB);  USF Vila Saúde: Jardim Itabaiana I, Jardim Itabaiana II, Pedra Branca I e Pedra Branca II;  Escola Municipal Augusto dos Anjos (EMAA);


DESENVOLVIMENTO 1. Estrutura Organizacional do Projeto Áreas de abrangência da USF Vila Saúde

EMAA Mobilização Popular

Grupos Escola

Gestantes

PBF

Aconselhamento Dietético - Visita Domiciliar -Atividades Coletivas


DESENVOLVIMENTO 2. Aconselhamento Dietético (AD)  Prática clínica + Educação Nutricional = Aconselhamento Dietético (AD);  Abordagem efetuada por meio do diálogo entre o usuário, portador de uma história de vida, e o nutricionista, preparado para analisar o problema alimentar no contexto biopsicossociocultural da pessoa.  O nutricionista irá auxiliar o usuário a expor os conflitos que permeiam o problema, a fim de buscar soluções que permitam integrar as experiências de criação de estratégias para o enfrentamento dos problemas alimentares na vida cotidiana, buscando um estado de harmonia compatível com a saúde (BOOG, 2005).


DESENVOLVIMENTO 3. Visitas Domiciliares (VD) Tradicionalmente na estratégia da Atenção Básica, a VD é considerada um componente do continnum dos cuidados a saúde, pois os serviços são oferecidos ao indivíduo e sua família em suas residências com o objetivo de promover, manter ou restaurar a saúde, maximizar o nível de independência, minimizando os efeitos das incapacidades ou doenças (MARRELLI, 1997). Ao incorporar a VD como uma de suas atividades, o PINAB tem oportunizado aos estudantes do projeto vivenciar situações que os torna mais críticos frente a realidade.


DESENVOLVIMENTO 3. Visitas Domiciliares (VD)

Essa interação estabelecida com as classes populares permite enxergar o contexto onde vivem, compreendendo as desigualdades sociais, como explicita Caroline Cabral (2008), estudante do projeto: “Através de um compartilhar de saberes e aprendizados oportunizados pela Educação Popular, somos provocados a extrapolar o nosso papel enquanto educandos. Com isso, aprendemos a desenvolver um cuidado integral na relação com aqueles indivíduos. Deste modo, paulatinamente, nos sentimos verdadeiros atores daquela realidade vivenciada durante a nossa atuação na comunidade, onde o diálogo se torna o elemento norteador de nossas ações.”


DESENVOLVIMENTO 4. Atividades Coletivas

O trabalho educativo na dimensão da Atenção Básica é desafiador, tendo em vista que, na maioria das vezes, a formação biologicista dos profissionais de saúde e a tradição educativa verticalizada dificulta a implementação deste tio de ação. Os grupos comunitários podem vir a possibilitar a formação de uma coletividade capacitada a pensar a dimensão da saúde em outra ótica. Passando-se a dar importância não apenas a relação “usuário x profissional” que acontece nos atendimentos convencionais, no qual a maior parte das pessoas está habituada, mas investir em espaços onde o sujeito perceba-se como participante e atuante no seu processo saúde-doença.


DESENVOLVIMENTO 5. Potencialidades e Dificuldades encontradas • Formação dos estudantes inseridos no projeto; • Articulação com outros projetos de extensão e outros movimentos da Educação Popular (Fórum Permanente de Extensão (UFPB), pelo Curso de Extensão Popular – CEXPOP e pela Articulação Nacional de Extensão Popular – ANEPOP); • Mostras do Pinab; • Falta de integração entre a EMAA e a USF Vila Saúde; • Pouca sinergia entre a agenda da USF e a agenda do PINAB; • A tímida aproximação do projeto com a comunidade e suas lideranças;


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O PINAB tem atuado de modo a fomentar práticas integrais da nutrição, onde o indivíduo é percebido na sua inteireza e sua saúde entrelaçada ao seu modo de viver. Assim, contribui para a re-significação do papel do nutricionista na Atenção Básica em saúde. O trabalho de Educação Popular em saúde tem se mostrado um meio para o qual o indivíduo se perceba co-responsável pelo seu processo saúde-doença.


CONSIDERAÇÕES FINAIS Ademais, o trabalho desenvolvido tem propiciado um crescimento profissional e pessoal dos extensionistas, que passam a exercer um senso crítico em relação à saúde coletiva, às políticas públicas, aos cuidados com a saúde e à desigualdade social existente no país, estimulando-os a tornarem-se pró-ativos e coresponsáveis no processo de emancipação dessas pessoas com que lidam semanalmente nas atividades diárias.


REFERÊNCIAS •

ARAÚJO, L. M. Da prática médica à práxis médica: possibilidades pela Estratégia Saúde da Família. Tese (doutorado) UFPB/CE 1. Educação para prática médica 2. Práxis médica 3. Atenção básica 4. Saúde-doença. UFPB/BC C.D.U: 37(043). João Pessoa, 292p, 2007.

BOOG, M. C. F. Contribuições da educação nutricional à construção da segurança alimentar. Saúde em Revista, Piracicaba, v. 6, n. 13, p. 17-23, maio/ago. 2004.

BOOG, M. C. F. Educação nutricional: passado, presente e futuro. Revista de Nutrição. Campinas, v. 10, n. 1, p.5-19, jan./jun. 1997.

BOOG, M. C. F. RODRIGUES, E. M. SOARES, F. P. T. P. Resgate do conceito de aconselhamento no contexto do atendimento nutricional. Revista Nutrição, Campinas, 18(1): 119-128 p.120. Jan./fev. 2005.

BRASIL. Lei Nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, 16 set. 2006.

BRASIL. Presidência da República Federativa do Brasil. Fome Zero. Disponível em: <http://www.fomezero.gov.br/>. Acesso em: 15 fev. 2009.


REFERÊNCIAS •

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BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial n.º 1010 de 08/05/2006. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

BUSS, Paulo Marchiori. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciênc. saúde coletiva, 2000, vol.5, no.1, p.163-177.

CABRAL, C. et al. A Extensão Popular e a Formação dos Nutricionistas: escutando a experiência estudantil. In: Encontro Nacional de Educação Popular e Saúde (ENEPS)/Encontro Nacional de Extensão Popular em Saúde/Seminário Nacional da ANEPS. 4. 1. 1. ,2008, Fortaleza – CE. Anais.

CASTRO, I. R. R. et al. A culinária na promoção da alimentação saudável: delineamento e experimentação de método educativo dirigido a adolescentes e a profissionais das redes de saúde e de educação. Revista de Nutrição, Campinas, v. 20, n. 6, p. 571-588, dez. 2007.

FERREIRA, V. A.; MAGALHAES, R. Nutrição e promoção da saúde: perspectivas atuais. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 7, p. 1674-1681, jul. 2007.


REFERÊNCIAS •

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FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 40a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

LIMA, E. S. et al. Educação nutricional: da ignorância alimentar à representação social na pós-graduação do Rio de Janeiro, 1980-1998. História, Ciências, Saúde- Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p. 604635, maio/ago. 2003.

MELO NETO, José Francisco de. Extensão Popular. In: MELO NETO, José Francisco de. Extensão Popular. 1a.ed. João Pessoa - PB: Editora da Universidade Federal da Paraíba, 2006. v. 1. 97 p.

VASCONCELOS, A. C. C. P. PEREIRA, I. D. F. CRUZ, P. J. S. C. Práticas Educativas em Nutrição na Atenção Básica em Saúde: reflexões a partir de uma experiência de Extensão Popular em João Pessoa – Paraíba. Revista APS. v. 11, n. 3, p. 334-340, jul./set. 2008.

TEIXEIRA, C. F. Promoção da Saúde e SUS: um diálogo pertinente. In: Adriana Castro; Miguel Malo. (Org.). SUS ressignificando a promoção da saúde. São Paulo: Hucitec, 2007, v., p. 41-61.


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