GRUPO GESTANTES 2007.2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E ASSUNTOS COMUNITÁRIOS CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO PROJETO PRÁTICAS INTEGRAIS DA NUTRIÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE

GRUPO DE GESTANTES

JOÃO PESSOA JUNHO - 2008


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Céres Bandeira Daniela Brito Monique Beserra

Relatório do grupo de gestantes do projeto de extensão Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde (PINAB), coordenado pela professora Ana Cláudia Cavalcanti Peixoto de Vasconcelos, do Departamento de Nutrição da Universidade Federal da Paraíba, apresentado a PRAC, CCS e DN/UFPB.

JOÃO PESSOA 2008


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................3 2 OBJETIVOS...........................................................................................................................4 3 METODOLOGIA..................................................................................................................5 4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.....................................................................................6 5 DISCUSSÃO, REFLEXÕES E ENCAMINHAMENTOS...............................................11 6 CONCLUSÃO......................................................................................................................13 REFERÊNCIAS......................................................................................................................14 ANEXOS..................................................................................................................................15


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1 INTRODUÇÃO O presente relatório sistematiza a experiência vivenciada pelo Grupo de Gestantes do Projeto Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde (PINAB) no período de 03/12/07 à 28/04/08. Objetiva-se a partir deste relato, registrar as ações que já foram desenvolvidas pelo grupo no sentido de contribuir com o trabalho a ser desenvolvido pelas/os extensionistas do Projeto no próximo semestre.

O PINAB é desenvolvido segundo o

referencial teórico da educação popular, com práticas de ação e reflexão da Nutrição no campo da Saúde Coletiva e da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). O Projeto trabalha com três eixos que norteiam e integram suas ações: atividades coletivas em um grupo com público específico (idosos, gestantes, crianças da escola Augusto dos Anjos, famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família e lideranças comunitárias); visitas domiciliares e aconselhamento dietético individual. As ações do grupo de gestantes acontecem semanalmente nas segundas-feiras à tarde na Unidade de Saúde da Família (USF) Vila Saúde, no Bairro do Cristo Redentor, João Pessoa-PB, na perspectiva de apoiar os profissionais de saúde da Unidade nas ações com este público. Sua concretização se deu pela necessidade apontada por esses profissionais, que já vinham idealizando sua criação, mas a implantação só ocorreu com a chegada do PINAB, após decisão coletiva entre a coordenação do projeto e a USF. Desde então, as atividades vêm se desenvolvendo de forma regular, obedecendo ao calendário letivo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), à qual o projeto está ligado. A atuação do grupo no primeiro semestre de atividades deu credibilidade junto à unidade para o prosseguimento das atividades no segundo semestre, facilitando a interação da USF com o grupo, verificada tanto pela disponibilidade de recursos físicos quanto pela participação de profissionais no mesmo.


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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivos do Pinab

O PINAB é uma prática pedagógica que busca a articulação entre o conhecimento acadêmico e o conhecimento popular, sensibilizando todos os envolvidos neste processo para a importância da responsabilidade e compromisso social da universidade, dos profissionais de saúde e das classes sociais. Por meio de atividades pautadas na Educação Popular, desperta nos estudantes a inquietação frente a realidade social dos países em desenvolvimento, com alto índice de desigualdade social, como o Brasil, possibilitando a percepção quanto ao seu lugar nesta realidade, bem como o seu papel na garantia pela eficiente execução e planejamento de políticas públicas em saúde, como as leis que regem o Sistema Único de Saúde e a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN). Sendo assim, colabora com a formação de futuros profissionais da Nutrição, que, além disto, serão educadores populares, norteando suas ações e o seu fazer por princípios que favoreçam a interdisciplinaridade, um processo educativo participativo, horizontal e crítico, que fortalece a autonomia dos sujeitos em questão.

2.2 Objetivos do Grupo Operativo Gestantes

Por meio de atividades que caracterizam a educação nutricional, o Grupo Operativo Gestantes busca a promoção da saúde das gestantes, dando incentivo a práticas alimentares saudáveis e adequadas ao período de gestação. Desta forma, as participantes deste processo podem buscar soluções para a solução de problemas e inquietações que envolvem este período de forma autônoma e livre. Ressaltando-se, porém, que o espaço criado pelo Grupo é uma oportunidade de troca de saberes entre mulheres que vivem algo em comum, estudantes e profissionais de saúde, podendo os assuntos discutidos extrapolar a simples mudança fisiológica ocorrida, no entanto caracterizam-se por sempre desembocar em assuntos que promovam o bem estar físico, psíquico, emocional e social, ou seja, assuntos que permitam a busca de todos pelo ser mais.


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3 METODOLOGIA

As atividades realizadas no grupo operativo de gestantes, assim como todas as atividades desenvolvidas pelo PINAB, são pautadas no referencial teórico e metodológico da Educação popular. Segundo VASCONCELOS (ano?), Educação Popular é um modo de participação de agentes eruditos (professores, padres, cientistas sociais, profissionais de saúde e outros) neste trabalho político. Ela busca trabalhar pedagogicamente o homem e os grupos envolvidos no processo de participação popular, fomentando formas coletivas de aprendizado e investigação de modo a promover o crescimento da capacidade de análise crítica sobre a realidade e o aperfeiçoamento das estratégias de luta e enfrentamento. Acrescenta ainda que um elemento fundamental deste método é o fato de tomar, como ponto de partida do processo pedagógico, o saber anterior das classes populares. Ao invés de procurar difundir conceitos e comportamentos considerados corretos, procura problematizar, em uma discussão aberta, o que está incomodando e oprimindo. Na Educação Popular não são as técnicas a prioridade no processo educativo e sim o caráter horizontal, livre e revolucionário. Nas atividades realizadas no grupo operativo de gestantes, os extensionistas preocupam-se em serem além de figuras representativas da Nutrição, educadores populares. Para tanto, utiliza-se das rodas de conversa como espaços para a discussão e problematizacao das temáticas, dinâmicas de grupo que têm o papel de facilitar a interação entre os participantes do processo e, ainda, recursos pedagógicos e artísticos, como literatura de cordel, textos e material didático (cartolinas e canetas). Além de utilizar recursos próprios da prática da Nutrição Clínica, quando na realização dos aconselhamentos dietéticos, como técnicas utilizadas na avaliação global (objetiva e subjetiva) e preenchimento de fichas que registrem estes dados.


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4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

MÊS

Dezembro

DIA

03/12/07

Dezembro

10/12/07

Dezembro

17/12/07

Janeiro

28/01/08

ATIVIDADE

DESCRIÇÃO

Reconhecimento da Unidade e dos profissionais que lá atuam e planejamento das atividades.

Houve um primeiro contato entre as extensionistas e o grupo de gestantes, seguido de uma conversa com os profissionais da USF e o planejamento da atividade coletiva para a semana seguinte. Foram distribuídos convites aos ACSs para que eles repassassem às gestantes de suas respectivas áreas.

Atividade coletiva. Tema: Chás abortivos e automedicação.

Visita Domiciliar

Atividade do Projeto Pró-Saúde de Odontologia com as gestantes na USF

A Atividade foi realizada das 15h30minh às 17h00minh, contou com a presença das extensionistas do projeto e da Profissional Priscila que é Enfermeira na USF. Nesta primeira atividade contamos com a presença de três gestantes. A atividade teve inicio com a encenação de um esquete de 5 minutos, encenada pelos membros do projeto, que mostrava a automedicação de uma gestante. Após a encenação, houve um momento para a apresentação do grupo. Iniciou-se uma roda de conversa sobre automedicação e as gestantes expuseram suas dúvidas e questionamentos a exemplo dos riscos de alguns chás em algumas etapas da gestação. No encerramento, escolheu-se o tema a ser abordado na atividade seguinte de acordo com a sugestão das gestantes. Foi realizado um lanche coletivo e concluímos a atividade. Não foi realizada visita como havia sido planejado por não haver ACSs disponíveis na Unidade. Neste dia foi feita uma rápida colocação durante a atividade que foi desenvolvida na Unidade pelo grupo do Projeto Pró-Saúde do curso de Odontologia da UFPB. A reunião foi proveitosa, o PINAB teve espaço nesta atividade para falar sobre o grupo de gestantes e reforçou-se o convite para as próximas reuniões. Apresentaram-se 2 cartazes com fotos das reuniões passadas a título ilustrativo. Muitas informações foram passadas pelos estudantes de Odontologia, que utilizaram recursos tecnológicos ( a exemplo, data-show) como método de abordagem Esta foi uma experiência significativa para o grupo, pois por meio dela os estudantes do PINAB puderam comparar a impressão das gestantes com um outro tipo de abordagem, tendo um caráter reflexivo para as mesmas.


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Fevereiro

11/02/08

Fevereiro

18/02/08

Atividade Coletiva. Tema: Sexualidade

Aconselhamento Dietético Individual

Fevereiro

25/02/08

Atividade coletiva. Tema:Desenvolvimento fetal e parto normal

Nesta atividade a roda foi composta por seis gestantes e uma enfermeira que pôde contribuir com as especificidades de sua área de atuação. Apesar de ser um tema um pouco complexo, a conversa fluiu bem e além de esclarecer dúvidas sobre como lidar com a sexualidade durante a gestação e a sua importância para a gestante, falamos também da importância da família. As gestantes presentes esclareceram como era sua relação com seus respectivos parceiros e como eles reagiam em relação à sexualidade, como também a importância da família e dos seus valores morais. Este aconselhamento foi conduzido por um dos nutricionistas voluntários do projeto e pelos extensionistas, que conduziram o atendimento a uma jovem senhora que se sentia acima do peso ideal e intensa vontade de emagrecer. Durante o diálogo foram acordadas as metas de sua conduta alimentar, de acordo com suas possibilidades econômicas e motivação, desconstruindo alguns mitos expostos por ela e enfatizando o hábito alimentar saudável, sendo este discutido a partir dos saberes carregados por ela própria. No início das atividades desta tarde houve uma dinâmica de relaxamento, proporcionando um agradável momento de integração, sugerindo que cada um sentisse a si próprio e ao outro. Na atividade seguinte, sugerida pelas próprias gestantes no encontro anterior, foi exibido um vídeo – documentário da Discovery Channel – que mostrou todo o desenvolvimento intra-uterino do bebê e culminou com o parto normal. Após a exibição do vídeo, surgiu um momento de descontração enquanto era servido um lanche, que possibilitou o diálogo sobre as percepções do filme, sobre as expectativas das gestantes acerca do parto, seus medos, desejos e dúvidas. Logo, surgiu o tema para o próximo encontro: atividade física na gestação, que foi sugerido como resposta aos interesses das próprias gestantes sobre o que fazer para estimular a normalidade da gravidez e ter um parto normal.


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Março

03/03/08

Março

10/03/08

Março

17/03/08

Março

24/03/08

Visita domiciliar

Atividade coletiva. Tema: Exercícios fisioterápicos na gestação

Aconselhamento Dietético Individual

Atividade coletiva. Tema: Alimentação saudável.

Esta visita foi feita com o apoio de um Agente Comunitário de Saúde (ACS), que nos levou à casa de uma gestante do Jardim Itabaiana II. A gestante se encontrava no oitavo mês de gestação, sentia-se bem fisicamente, e psicologicamente sentia-se segura por estar sob os cuidados da mãe em sua casa, porém com saudades do esposo, que havia ficado em sua cidade de origem. Numa conversa bastante informal, as extensionistas puderam tirar algumas dúvidas da gestante sobre sua alimentação e sobre a alimentação do bebê após o nascimento, estimulando o aleitamento materno, o qual a mãe se sentia segura e confortável para realizar. Para realização desta atividade contamos com a participação da então aluna do curso de Fisioterapia da UFPB Joane Lobato. A atividade foi realizada na casa do Padre Adelino, bastante utilizada pela comunidade como espaço para vários outros momentos como este. A tarde foi bastante proveitosa e as gestantes participaram atentamente na realização de cada exercício, que foram enfatizados por Joane no intuito de conhecimento do próprio corpo, correção da postura global e exemplos de exercícios que poderiam ser efetuados diariamente em suas casas, entre outros, para manutenção de uma gravidez saudável. Realizaram-se quatro aconselhamentos dietéticos, nos quais houve a participação da coordenadora do projeto, uma estagiária da UFPB também voluntária no projeto e uma extensionista. Esta tarde foi uma das poucas em que houve um número relativamente grande de usuários no Aconselhamento Dietético, fato que conferiu a extensionista participante um significativo aprendizado na prática do Aconselhamento dietético. Nesta atividade coletiva houve a construção participativa de uma pirâmide alimentar, na qual todos puderam colocar seus saberes em relação a cada grupo alimentar, havendo assim um intercâmbio de saberes sobre Alimentação Saudável, ressaltando as observações acerca da gestação. Pôde-se perceber pelo grupo de extensionistas como o diálogo funciona pedagogicamente ao vivenciarmos a problematização, observação das circunstâncias e soluções para o problema, apontados pela própria gestante que se incomodou ao perceber na roda de conversa a forma de sua rotina alimentar.


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Março

Abril

31/03/08

07/04/08

Abril

14/04/08

Abril

28/04/08

Foi realizada uma visita domiciliar solicitada pelos profissionais da equipe de saúde da família (ESF) e acompanhada pelo médico da USF Pedra Branca II . Havia uma preocupação com esta família, que residia em uma área descoberta pelo fato de uma das moradoras, 41 anos, ser diabética, encontrar-se aparentemente acima do peso, não praticar atividade Visita Domiciliar física. Foi uma experiência de grande perplexidade para o grupo, ao deparar-se com uma outra faceta da realidade social antes desconhecida. Perplexidade que gerou inquietação e impulsionou a maior busca por desempenhar o papel de educadores populares, na esperança de contribuir com a transformação desta realidade. Foi abordada a importância e cuidados com a amamentação. Houve momentos para discussão acerca de outros cuidados com o bebê com o apoio das enfermeiras das unidades de Jardim Itabaiana II e Atividade Coletiva. Pedra Branca I. Percebeu-se que a atividade foi bem Tema: aproveitada e apreciada pelas gestantes. Esta Amamentação e atividade foi marcada pelo caráter artístico que outros cuidados com assumiu, com a leitura de uma literatura de cordel o bebê. sobre Aleitamento Materno e, dinâmica que incluía o uso de violão e boneco em forma de recém-nascido. Foi feito um resgate do grupo anterior e as gestantes que haviam participado puderam repassar para as outras gestantes como aconteceu o grupo de acordo com suas percepções. Apesar de este dia ter sido reservado ao aconselhamento dietético, o grupo se dividiu para que Aconselhamento pudesse ser realizada uma visita domiciliar à família Dietético Individual visitada na semana anterior, visto a necessidade em e Visita Domiciliar acompanhar a senhora ao grupo de mulheres organizado pelo médico da unidade de Pedra Branca II. A atividade havia sido planejada para discutir aspectos inerentes à imunização da criança e da mulher. No entanto, talvez pela distância entre as atividades pelo feriado do dia 21 de abril Atividade coletiva. (Tiradentes), apenas duas gestantes compareceram a Tema: Imunização convite da enfermeira da unidade de Pedra Branca I, que havia realizado o atendimento de ambas nesta tarde. Visto isso, houve uma roda de conversa entre as gestantes, as estudantes e a enfermeira. As atividades foram limitadas, pois as dinâmicas pensadas só poderiam ser executadas com um número maior de pessoas.


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5 DISCUSSÃO, REFLEXÕES E ENCAMINHAMENTOS As atividades do grupo de gestantes do PINAB tiveram início no primeiro semestre de atuação do projeto e já contavam com o apoio da USF Vila Saúde, no entanto, para o início das atividades deste semestre, foi preciso estabelecer vínculo com novas gestantes, visto ser este um grupo em constante rotatividade. Nossas atividades coletivas aconteceram quinzenalmente às segundas-feiras e intercalados a estas, aconteciam o aconselhamento dietético e as visitas domiciliares. Por questões de organização interna da USF, nem sempre foi possível que o aconselhamento dietético e a visita domiciliar ocorressem

com as

gestantes, logo as atividades coletivas se constituíram como a forma de maior periodicidade e eficácia de contato com o grupo. Atuar em extensão é algo cativante e desafiador. A cada dia montam-se novos desafios e caminhos a trilhar para superá-los. Nosso primeiro desafio foi atrair as gestantes a participarem dos encontros, tarefa que, segundo os profissionais da unidade, não seria fácil, pois havia grande evasão das gestantes nas próprias consultas pré-natais. Então, tomamos a experiência do grupo anterior e decidimos confeccionar convites individuais, que seriam distribuídos tanto por nós extensionistas quanto pelos enfermeiros e ACS’s da unidade, nas visitas e atendimentos. O método foi eficaz nas primeiras reuniões e o número de gestantes crescia gradativamente no decorrer do semestre, verificando-se a presença de cerca de dez a quinze gestantes nos encontros com maior freqüência. Foi motivo de grande satisfação para nós extensionistas a percepção do vínculo estabelecido pelas gestantes com o grupo, tanto para conosco quanto umas com as outras. Isso era constatado através da assiduidade das gestantes às reuniões, nas quais o maior número era de gestantes que já haviam participado outras vezes. Esse fato foi de grande importância para o estabelecimento da confiança mútua, possibilitando um espaço para conversas sem caráter formal, o que diminuiu as barreiras que levavam as gestantes a não se expressarem, ou a fazêlo muito timidamente durante os encontros. Algumas vezes verificávamos nitidamente a eficácia da metodologia empregada pela educação popular. Numa dessas ocasiões, uma gestante expôs suas dificuldades para o estabelecimento de um ambiente agradável para a realização de suas refeições, fato que ela mesma problematizou e, de forma espontânea, encontrou soluções, o que ocorreu pelo simples exercício de ouvir a si mesma e refletir as questões que lhe afligiam. Em contrapartida, é razão de descontentamento a nossa percepção de que não foi possível extrapolar significativamente o caráter biologicista das reuniões. Algumas vezes nos


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sentíamos atraídas a estimular diálogos sobre suas percepções sociais ou individuais a respeito de temas não diretamente ligados à sua gestação, mas que contribuiriam efetivamente para o seu

bom

desempenho,

como

segurança

emocional

e

familiar,

participação

da

família/companheiro na gravidez, entre outros. Esse fato é possivelmente explicado pelo tempo restrito em cada reunião e tempo total de contato ao longo do período, que não foi suficiente para estabelecer o vínculo necessário para dialogar sobre temas que para elas poderiam causar constrangimentos ao ser discutidos. Ressaltamos ainda a importância da participação dos profissionais da USF nas atividades, sobretudo as enfermeiras das áreas Pedra Branca I e Jardim Itabaiana II e médica da área de Jardim Itabaiana II.. O diálogo com os mesmos propiciou a participação significativa nas reuniões e no planejamento destas, sendo possível abordar com legitimidade outros assuntos relacionados à saúde que ultrapassavam os conhecimentos da Nutrição. O bom decorrer do semestre e a visualização de frutos e sementes plantadas satisfazem profundamente cada integrante do grupo de gestantes, fazendo lembrar das barreiras particulares superadas por cada uma, limitações pessoais vencidas com muito esforço, esperança, entusiasmo e compromisso. Acredita-se que todas as ações realizadas tenham contribuído de forma significativa na promoção da saúde das gestantes envolvidas neste processo, conferindo-lhes a autonomia necessária para que elas possam fazer escolhas alimentares adequadas às suas preferências, poder econômico e à fase da vida que estão vivenciado.


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6 CONCLUSÃO

O trabalho educativo em Nutrição e Saúde realizado ao longo deste semestre pelo PINAB na USF Vila Saúde com as gestantes, possivelmente tem contribuído de forma significativa com a promoção da saúde e a Segurança Alimentar e Nutricional das mesmas, fomentando também a autonomia necessária a elas quanto às suas escolhas alimentares e à sua qualidade de vida. O trabalho desenvolvido, contribui com a discussão dos princípios da Educação Nutricional com gestantes em unidades de saúde da família, prática de extrema necessidade e importância.


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REFERÊNCIAS VASCONCELOS, Eymard. Educação Popular, um jeito especial de conduzir o processo educativo no setor saúde. UFPB.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 46ª edição. Ed. Paz e Terra. Rio de Janeiro: 2005.


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ANEXOS


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FREQÜÊNCIA DE GESTANTES DURANTE ATIVIDADES COLETIVAS. ATIVIDADE REALIZADA NO DIA 25/02/08 COM O TEMA: Desenvolvimento do Feto. NOME PSF Ednir França da Silva Jardim Itabaiana II Alzeni Tatiane dos Santos Área Descoberta Adriana Leonardo Ramos de Oliveira Jardim Itabaiana II Viviane Soares Batista Jardim Itabaiana II Janaína Costa de Araújo Jardim Itabaiana I Severina Martins de Oliveira Jardim Itabaiana I Valéria Nascimento de Lima Jardim Itabaiana II Leandra Lima da Silva Jardim Itabaiana II Lucineide da Silva Viscente Jardim Itabaiana I Adriana Bezerra dos Santos Jardim Itabaiana II Francisca Dulcilene A. de Oliveira Jardim Itabaiana II Fernanda Virgínia Fernandes Pedra Branca I APOIO Janine Azevedo do Nascimento Médica Jardim Itabaiana II Priscila F. Vasconcelos Enfermeira Pedra Branca I Ana Claúdia Coordenadora do Projeto

ATIVIDADE REALIZADA NO DIA 24/03/08 COM O TEMA : Cuidados com o bebê NOME Ana Maria Morgana Selma Alzenir Adriana Patrícia Viviane Janaína Silvana APOIO Isabel (Estagiária da UFPB) Priscila (Enfermeira Pedra Branca I)

ATIVIDADE REALIZADA NO DIA 24/03/08 COM O TEMA: Alimentação Saudável NOME PSF Janaína Costa de Araújo Jardim Itabaiana I Fernanda Virgínia Fernandes Pedra Branca I Morgana Pedra Branca II Celama Pedra Branca II Patrícia Pedra Branca I APOIO Ana Claúdia Coordenadora do Projeto


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Relatos Pessoais Por Monique Freitas. Extensão e Universidade, um espelho e um reflexo.

Fazer a prática da extensão é uma atividade que me desenvolve e essa percepção vem como uma surpresa, pois passamos a entender o seu significado com o tempo e ele simplesmente surge em nós. Por mais que façamos idéia do que a extensão seja, e tenhamos muitos conceitos e sonhos comuns, as experiências próprias de cada um é que dão um conceito próprio a cada indivíduo. Hoje eu já não sei se a extensão faz parte de mim ou se eu faço parte dela, não consigo descrever até que ponto ela me faz bem, ou seja, não sei os limites que separam o quanto eu faço por mim e o quanto eu faço por ela... Parece meio confuso, mas confusão também faz parte desse mundo. Conhecer pessoas, participar de suas vidas, conhecer sua realidade, conviver com seus problemas, suas limitações e perceber também, em todos esses momentos, nossas limitações... O quanto e em que vivemos amarrados. Isso nos impulsiona a tentar fazer sempre mais e melhor... Mesmo em muitos momentos não sabendo o que fazer... O que mais me motiva em fazer extensão é meu caminho de volta pra casa... Porque cada vez que eu volto, não volto do mesmo jeito e nem com os mesmos pensamentos, volto alimentada de sonhos e de planos. Em extensão você tenta renovar as pessoas e estimula-las a fazerem mais por si, a lutarem por seus direitos, cumprirem seus deveres e a serem mais participativos em seu mundo. Isso tudo serve também para nós extensionistas. Amizades são feitas e até laços de afetos se criam... Nesse mundo de tudo acontece e as coisas se misturam, não há como não se envolver ou emocionar. Esta é a verdade: não importa quanto tempo você passe indo a uma comunidade, o que realmente importa é a intensidade do quanto e do como você esteve presente. A Extensão completa a Universidade, pois no final a universidade nos dará a imagem que teremos de nós mesmos e a extensão nos dará o modo como iremos aplicar tudo que foi repetido por tantas vezes em sala de aula... Ela irá ser o diferencial no tipo de gente e de profissional que seremos.


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Por Céres Pauliena Fernandes Bandeira

O primeiro mês desse segundo semestre de atividades do PINAB foi um pouco conturbado para mim. Por haver ainda insegurança, gostaria de continuar no grupo da escola, onde havia ficado no primeiro semestre. Isso não foi possível e eu me encaixei no grupo de gestantes. O começo no grupo foi complicado, pois dois dos quatro integrantes que o formariam inicialmente, por questões de ordem pessoal, tiveram que se ausentar das atividades. O fato de dividir a responsabilidade do andamento das atividades com apenas uma integrante me deixou tensa e insegura. Após uma atividade com um tema bastante delicado (que por motivo de saúde pessoal a outra integrante realizou com ajuda apenas de uma enfermeira da unidade, convidada pouco tempo antes da atividade), gerou-se um momento de reflexão que foi levado para a reunião semanal do projeto. Mesmo me sentindo feliz pela desenvoltura na atuação da integrante nessa atividade, expus minha insegurança na reunião, o que levou à entrada de mais uma integrante no grupo, me deixando mais segura e aliviada. No decorrer do semestre criou-se uma cumplicidade fortíssima entre nós, integrantes do grupo. A confiança mútua foi um exercício constante, possibilitando a descoberta da prontidão de cada pessoa na busca do bem comum. A sensibilidade e companheirismo demonstrados abriram espaço para novas amizades e fortalecimento das que já existiam. As atividades obtiveram o sucesso desejado por todas e o grupo de gestantes consolidou seu espaço na USF e na rotina das gestantes que o integravam que quinzenalmente separavam um tempinho em sua tarde para compartilhar sentimentos e saberes. Meu segundo semestre na extensão foi um período de confirmação de escolhas, de trilhar e avistar um belo caminho para minha formação acadêmica, profissional e pessoal. As inseguranças que havia no começo estavam significativamente diminuídas e no decorrer do semestre desenvolvi bastante minha confiança própria. Este período se caracterizou por um crescimento pessoal intenso, troca de saberes, alegria e auto-afirmação.


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Por Daniela Gomes de Brito Carneiro

Como todas as experiências, até hoje, que envolvem Educação Popular, as experiências deste semestre no PINAB me trouxeram momentos de reflexão, crises, perplexidades, revoltas. E momentos de alegria, esperança, felicidade, auto-realização. Não dá para cansar de falar que o PINAB é uma proposta de uma nova Nutrição, de um jeito novo “velho” de fazer. Novo porque rema contra toda a maré da prática de saúde dominante na atualidade e velho porque é um jeito de fazer que resgata o que temos de mais antigo: a humanidade, a sensibilidade. No PINAB posso encontrar um espaço onde o meu olhar pode e deve ultrapassar as necessidades nutricionais de cada pessoa com quem me relaciono até mesmo para falar de nutrição e alimentação. Este semestre me trouxe momentos de muito aprendizado, sobre mim, sobre a nutrição na UFPB e em João Pessoa, sobre os que me relaciono na universidade e principalmente sobre aquela comunidade onde atuamos. Este semestre trouxe momentos de muito desalento e momentos de muita capacidade. Lembro-me de um dia em que estava descontente comigo mesma e com algumas atitudes de alguns, pensando mil e uma caraminholas, com dor de cabeça de tanto ter chorado e com uma prova para estudar. Este dia era um dia de atividade coletiva com gestantes. Apesar de não achar que era o melhor dia para estar ali, eu estava. E foi surpreendente como as relações estabelecidas ali naquela tarde me transformaram. Eu simplesmente estava ali, de mãos dadas com pessoas que encaravam problemas senão maiores que os meus, pois cada um é um indivíduo, problemas que tinham uma dimensão bem maior que a minha para serem resolvidos. Mesmo depois de tanto já ter escutado falar sobre isso, senti neste dia: um educador popular nunca o será de fato se ele não conseguir sentir a comunidade, sentir-se um, para então poder lutar junto. Nesta tarde, fiz parte daquela comunidade. Senti-me naquela comunidade. Ela me transformou. Poderia escrever um livro sobre todos os momentos vividos ao longo deste semestre, mas isso fica para outra oportunidade, agora me contento em dizer que as experiências vividas no grupo de gestantes este semestre me fizeram alguém melhor e me fizeram perceber mais uma vez que pode existir uma nutrição humana e social, uma nutrição a serviço de todos e todas e que eu posso ser nutricionista e gente. E mais que isso, ser uma colaboradora na construção de uma sociedade onde homens podem ser homens.


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