GRUPO ESCOLA I, 2009.2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E ASSUNTOS COMUNITÁRIOS CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO PROJETO PRÁTICAS INTEGRAIS DA NUTRIÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE

CAROLINA CAVALCANTI VASCONCELOS PRISCILLA WALLER MAURÍCIO DE FRANÇA SAMARA CÍNTIA RODRIGUES VIEIRA SAMIRA CARLA

RELATÓRIO ESCOLA I

João Pessoa 2010


CAROLINA CAVALCANTI VASCONCELOS PRISCILLA WALLER MAURÍCIO DE FRANÇA SAMARA CÍNTIA RODRIGUES VIEIRA SAMIRA CARLA

RELATÓRIO ESCOLA I

Relatório do Grupo Operativo Escola I do Projeto de Extensão Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde (PINAB), coordenado pela professora Ana Cláudia Cavalcanti Peixoto de Vasconcelos, do Departamento de Nutrição da Universidade Federal da Paraíba, apresentado a PRAC, CCS e DN / UFPB.

João Pessoa 2010

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SUMÁRIO

1 Contextualização............................................................................................................4 2 Objetivos........................................................................................................................6 3 Metodologia...................................................................................................................7 4 Atividades Realizadas....................................................................................................9 5 Discussão, reflexão e encaminhamentos......................................................................15 6 Considerações..............................................................................................................18 Anexos................................................................................................................................

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O PINAB (Projeto Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde) é um projeto de extensão universitária vinculado ao Departamento de Nutrição da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que vem desenvolvendo suas ações no bairro do Cristo Redentor, município de João Pessoa-PB, desde agosto de 2007. O respectivo projeto atua na Unidade de Saúde da Família (USF) Vila Saúde, na Escola Municipal Augusto dos Anjos (EMAA) e nas comunidades de Boa Esperança, Pedra Branca e Jardim Itabaiana. O mesmo é coordenado pela professora Ana Cláudia Cavalcanti Peixoto de Vasconcelos, docente do curso de graduação em nutrição e pelo Nutricionista Pedro José Cruz, mestrando do Programa de Pós- Graduação em Educação/UFPB. Este projeto desenvolve suas ações de extensão popular em saúde baseada no referencial teórico-metodológico da Educação Popular, atuando em três eixos norteadores: as atividades coletivas, as visitas domiciliares e o aconselhamento dietético individual. O mesmo divide os estudantes de graduação em nutrição em grupos operativos intitulados: Escola I, Escola II, PBF e PBF II, Mobilização Popular e Gestantes. Com base nesta inspiração teórico-metodológica e nas questões políticas que envolvem o campo da Alimentação e Nutrição, como: SAN (Segurança Alimentar e Nutricional), PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), DHAA (Direito Humano a Alimentação Adequada), PSE (Programa Saúde na Escola) este projeto tem criando e desenvolvido estratégias para se trabalhar com essas políticas públicas naquela comunidade. Entendendo essas políticas públicas como um poderoso instrumento de trabalho e considerando que a alimentação no ambiente escolar pode e deve ter função pedagógica e reconhecendo este um espaço propício à formação de hábitos saudáveis e à construção da cidadania, o PINAB vem apostando no desenvolvimento de ações educativas que atinjam esse público. Fundamentada pela Portaria Interministerial N˚1010 de 8 de maio de 2006 que afirma o grande desafio de incorporar o tema da alimentação e nutrição no contexto escolar, dando ênfase na alimentação saudável e na promoção da saúde, deve-se priorizar: as ações de educação alimentar e nutricional, considerando os hábitos alimentares como expressão de manifestações culturais regionais e nacionais; o estímulo 4

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à produção de hortas escolares para a realização de atividades com os alunos e a utilização dos alimentos produzidos na alimentação ofertada na escola; o estímulo à implantação de boas práticas de manipulação de alimentos nos locais de produção e fornecimento de serviços de alimentação do ambiente escolar e o monitoramento da situação nutricional dos escolares. O presente relatório visa sistematizar a experiência vivenciada pelo grupo operativo Escola I, com as crianças do 1˚ ano do ensino fundamental do turno da manhã no período de setembro de 2009 a janeiro de 2010. O mesmo traz sugestões que podem orientar os extensionistas que irão dar continuidade a estas ações nos semestres letivos subsequentes.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver ações educativas sobre alimentação saudável com as crianças da Escola Municipal Augusto dos Anjos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS  Estimular práticas alimentares saudáveis no âmbito escolar,  Realizar atividades de educação nutricional para descobrir e compartilhar os conhecimentos acerca dos alimentos;  Promover a saúde através do estímulo a hábitos alimentares e de vida saudáveis;  Prevenir doenças relacionadas à má alimentação e ao estilo de vida das crianças.  Contribuir para a difusão de práticas alimentares saudáveis para as famílias e comunidades do território da EMAA;

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3 METODOLOGIA

O grupo Escola I vem desenvolvendo suas atividades na Escola Municipal Augusto dos Anjos desde 2007, semanalmente as sextas-feiras pela manhã, abrangendo dessa forma, as crianças do 1˚ ao 5˚ ano do ensino fundamental. Fundamentando-se na Educação Popular que se constitui uma referência metodológica e um corpo teórico norteador para trabalhos desenvolvidos por movimentos sociais, organizações populares, serviços públicos e pela universidade, temos apostado na realização das nossas ações. No espaço acadêmico, as experiências de educação popular vêm se desvelando por meio da extensão universitária como estratégias de reorientação da formação profissional e de experimentação de novas metodologias para o trabalho social, mais democráticas e humanizantes. Dessa forma, tem-se buscado acumular a construção de estratégias metodológicas inovadoras no âmbito da intervenção da nutrição na saúde pública pautando suas ações, desde o planejamento à execução, nos eixos teóricos e metodológicos da educação popular, a qual busca desenvolver pedagogicamente o homem e os grupos envolvidos no processo de participação popular, fomentando formas coletivas de aprendizado e investigação, de modo a promover o crescimento da capacidade de análise crítica sobre a realidade e o aperfeiçoamento das estratégias de luta e enfrentamento (VASCONCELOS, 1997). Scouglia e Melo Neto (1999) afirmam que a Educação Popular pode ocorrer em qualquer lugar onde se reúnam regularmente as pessoas, não necessitando de uma geografia limitada e restritiva, desde que haja necessariamente uma interação emancipatória entre seus participantes, ou seja, não é um espaço particular que a caracteriza e sim a natureza das relações de convivência entre os indivíduos. Para a realização das atividades coletivas, primeiramente conversou-se com a coordenadora pedagógica da escola e com as professoras do 1˚ ano. Optou-se por trabalhar com as duas turmas do 1˚ ano juntas totalizando uma média de 25 crianças com faixa etária entre 6 e 8 anos. Durante essa conversa, foi possível obter informações sobre o perfil da turma e definir os temas que seriam trabalhados, temas esses, escolhidos a partir da necessidade referida pelos professores. Para o desenvolvimento das ações educativas buscou-se por meio de atividades lúdicas explorar os sentidos, os saberes sobre historias infantis e criatividade das crianças ao abordar temas, como: higiene corporal, a importância do consumo de frutas e verduras e alimentação 7

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saudável. Utilizou-se nessas atividades frutas, verduras, figuras, colagem, entre outros materiais para tornar mais dinâmica a conversa com as crianças. No Aconselhamento Dietético, utilizou-se do diálogo, priorizando a escuta e a subjetividade de cada individuo para entender a sua relação com a comida, os seus hábitos alimentares e suas condições sócio-econômicas. Fez-se uso de alguns instrumentos da nutrição clínica, como: a coleta de dados antropométricos e uma breve anamnese alimentar do indivíduo para construir juntamente com ele a sua orientação nutricional, analisando e pactuando suas limitações e potencialidades no que diz respeito a quantidade, fatores sócio-econômicos e culturais. As visitas domiciliares foram realizadas quinzenalmente nas sextas-feiras no sentido de buscar um maior vínculo entre os integrantes do PINAB e a comunidade. Antes da realização das mesmas, era feita a nossa reunião teórica, onde tratávamos de temas geradores de duvidas e inquietações, muitas vezes oriundos das próprias visitas. Além disso, nesse momento o grupo se reunia para dialogar sobre as potencialidades, fragilidades e perplexidades observadas nas visitas.

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4 ATIVIDADES REALIZADAS

MÊS

Setembro

DIA

18/09/09

ATIVIDADE

Aconselhamento dietético

DESCRIÇÃO

Foram conduzidos por quatro extensionistas. Foram atendidas duas pacientes, a primeira apresentava um quadro de hipertensão e sobrepeso. Durante o aconselhamento conversou-se sobre o cotidiano da paciente a fim de entendermos as dificuldades enfrentadas com relação aos seus hábitos alimentares. Foi observado que a mesma se encontrava num estado emocional agitado devido a falta de tempo para realizar todas as tarefas de casa, cuidar do filho e da saúde. A segunda paciente atendida foi encaminhada pela médica na USF, pois iria passar por um processo cirúrgico de hérnia. Foram propostas algumas alterações na sua alimentação, com intuito de perda de peso.

Setembro

Outubro

25/09/09

02/10/09

Reunião de Planejamento

Atividade coletiva

O grupo esteve na Escola Augusto dos Anjos,onde realizou o planejamento das atividades para o período corrente.Não houve atividade com as crianças,apenas o planejamento da atividade que estava por vir.Conversamos com as professoras para decidirmos qual seria a melhor turma a se trabalhar e optou-se que as atividades seriam realizadas com as turmas de primeiros anos( A e B).Planejamos a atividade coletiva do dia 02/10,com dinâmicas e brincadeiras lúdicas envolvendo os alimentos,as cores,formas e texturas numa dinâmica dos sentidos.Além disso,discutimos o texto da Portaria 10/10. Realizamos a atividade com as crianças do 1º ano, porém apenas com uma das turmas, pois não estava havendo aula em uma das salas devido à ausência da professora naquele dia.

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“Despertando os sentidos”

Foi a nossa primeira atividade de fato com as crianças, o primeiro contato. Fomos calorosamente recebidas, mas não imaginávamos que as crianças fossem tão espertas. Após esse primeiro momento, apresentamos os alimentos (frutas e legumes), separando-os por grupo de cores Por isso, percebemos que a atividade apresentada poderia ter ido além do que esperávamos, com um nível maior de dificuldade na dinâmica. A atividade foi realizada com muito êxito, pois contamos com a colaboração da professora e todos os envolvidos ficaram satisfeitos. Houve a divisão das extensionistas para a realização da atividade coletiva que ocorreu em duas etapas. A dinâmica inicial foi realizada com a apresentação de alguns alimentos, mostrando suas formas, texturas e separando-os por grupo de cores (vermelho, amarelo e verde), realizando perguntas sobre os alimentos para as crianças de forma lúdica e interativa onde observamos o nível de conhecimento deles em relação aos alimentos. Na segunda parte da dinâmica ocorreu a divisão da sala em dois grupos de crianças e foi escolhido o nome para cada equipe. Duas pinabianas ficaram responsáveis pelo comando dos grupos. Iniciamos então com as crianças a brincadeira dos sentidos utilizado o olfato, tato e paladar para que elas pudessem descobrir os alimentos e suas texturas. Os alimentos que obtiveram mais acertos foram os mais populares e que fazem parte do cotidiano destas criança, como banana, limão, laranja. Estas mostraram interesse e envolvimento com a dinâmica e ao final da atividade todas puderam degustar os alimentos demonstrados e constatou-se que não houve rejeição a nenhum destes.

Outubro

09/10/09

Reunião de Planejamento

O grupo reuniu-se na Escola Augusto dos Anjos para realizar o planejamento da atividade seguinte. Fomos apresentadas à coordenadora pedagógica e pudemos debater alguns pontos sobre o que poderia ser feito diante das necessidades das crianças.

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Outubro

16/10/09

Outubro

23/10/09

Outubro

30/10/09

Aconselhamento Dietético

Reunião de planejamento

Atividade coletiva “Higiene”

Novembro

06/11/09

Reunião de Planejamento

O aconselhamento dietético desta data não contou com a presença das extensionistas por motivo de força maior, sendo apenas realizado pela coordenadora do projeto. Neste dia a coordenadora pedagógica (Dôra) veio falar conosco solicitando uma reunião para planejarmos as atividades a serem feitas na escola. Inclusive sobre a semana mundial da alimentação. Foi feita a confecção de cartazes à pedido da coordenadora para que fosse trabalhado a importância dos kits de higiene disponibilizados pela prefeitura às crianças da rede municipal de ensino, além disso, outros cartazes que abordassem a questão dos bons hábitos alimentares.

Nesta atividade foi abordado o tema higiene.Inicialmente questionamos sobre a importância de se fazer a higiene pessoal e todos puderam falar o que compreendiam sobre aquele assunto.Após esse primeiro contato, utilizamos material de pintura e colagem,dividimos as crianças em grupos de seis integrantes para que pintassem e colassem em uma cartolina somente as figuras que estavam relacionadas com o tema debatido.Logo após a elaboração dos cartazes,as crianças explicaram o que haviam feito.Estes mesmos cartazes foram expostos na escola. Houve uma reunião com os professores do 5º ano onde discutimos sobre a feira de conhecimentos da Escola pois nesta edição eles iriam abordar temas como a anorexia e obesidade. Nossa contribuição foi no sentido de disponibilizar materiais para a elaboração dos projetos.

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Novembro

13/11/09

Novembro

20/11/09

Novembro

27/11/09

Aconselhamento Dietético

Nesta data não houve comparecimento dos pacientes marcados. Conversamos com o colaborador Gilmar (Residente de Saúde Pública da Universidade de São Carlos - São Paulo) na Unidade sobre aspectos relevantes relacionados à escola, à USF e à saúde pública como um todo.

Atividade Coletiva Nesta atividade dividimos a turma em grupos de seis integrantes e distribuímos figurinhas apenas com “História em imagens de uma história em quadrinhos da quadrinhos” Chapeuzinho Vermelho para que eles pudessem colorir os desenhos e colá-los na cartolina na ordem correta de acontecimentos de acordo com o que eles conheciam da história ou com o que a imaginação deles pudessem criar. Após isto, cada grupo apresentou a sua história e a discussão que abrimos foi sobre o que deveria haver na cesta da Vovozinha de acordo com os conhecimentos adquiridos nas atividades anteriores. Observou-se o alto nível de capacidade de criação das crianças e a boa compreensão sobre os assuntos abordados nas atividades coletivas até então.

Reunião de Planejamento

Foram discutidos os últimos pontos sobre feira de conhecimentos, como datas, temas, disponibilidade das extensionistas dentre outros, a ser realizada junto à coordenação pedagógica.

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Dezembro

09/12/09 Reunião de Planejamento

Dezembro

Janeiro

11/12/09

15/01/10

Nesta reunião foram analisadas todas as atividades coletivas ocorridas até esta presente data a fim de elaborar a atividade de encerramento na Escola. Decidimos que esta deveria abordar todos os assuntos já vistos da forma mais descontraída possível e que seria realizada no pátio da Escola.

Houve aconselhamento na Unidade e apenas uma das extensionistas ficou responsável pelo atendimento. As Atividade Coletiva demais realizaram a última atividade do semestre junto e aconselhamento às crianças da Escola. Iniciamos a dinâmica levando as Dietético crianças até a área externa onde optamos por fazer uma brincadeira de roda que se dava da seguinte maneira: enquanto a música tocava as crianças seguiam em círculo passando a bola de uma para a outra até a música parasse. Neste momento sorteávamos uma pergunta que poderia ser relacionada à qualquer um dos temas já debatidos em sala.Se acertassem à pergunta continuavam na brincadeira ao contrário saíam da roda até restar apenas um participante.Foi observado que esta atividade promoveu o maior envolvimento de todos. Houve a participação de crianças de outras turmas de diferentes idades, superando desta forma as nossas expectativas em relação ao êxito da atividade. Depois com muita paciência conseguimos acalmar os ânimos de todos envolvidos e levar as crianças do 1º ano de volta à sala. Onde sentamos em círculo no chão e fizemos uma retrospectiva de todos os momentos que passamos juntos. Perguntamos sobre o que eles haviam aprendido durante o período e percebemos que houve ótima aceitação por parte das crianças com relação ao trabalho do PINAB desenvolvido na Escola.

Aconselhamento Dietético

Houve aconselhamento dietético a uma mulher que desejava perder peso. Foram dadas orientações alimentares com o objetivo de promover uma reeducação alimentar.

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Janeiro

22/01/10

Aconselhamento Dietético

Houve dois aconselhamentos nesta data. Foram atendidas duas pacientes, a primeira relatou que praticava atividade física moderada e queria uma dieta mais direcionada às suas atividades desempenhadas. A segunda apresentava um quadro de sobrepeso e estava disposta a eliminar alguns quilos, foram feitas então as adequação em sua alimentação para que a mesma pudesse alcançar seu objetivo, além do incentivo de nossa parte à prática de exercícios para o melhor êxito.

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5 DISCUSSÃO, REFLEXÃO E ENCAMINHAMENTOS

A realização de ações educativas na escola com a turma do 1º ano veio a ser muito desafiadora no sentido de que precisávamos desenvolver atividades atrativas para crianças na faixa etária entre 06 e 07 anos na forma de brincadeiras, e, ao mesmo tempo, construir conhecimentos importantes para a promoção da saúde e do bem-estar infantil. Foi possível realizar quatro atividades coletivas com as crianças, cada uma abordando um tema diferente. O planejamento dessas atividades levava em consideração o cronograma escolar e os conteúdos que estavam sendo trabalhados pela professora em sala de aula, sempre buscando uma integração com estes. Antes do planejamento e/ou realização das atividades fazíamos uma breve reunião com Dora (coordenadora pedagógica do turno da manhã) para saber sua opinião a respeito do tema e da dinâmica a ser utilizada. É válido ressaltar que o planejamento das atividades foi muito importante para o sucesso das mesmas, proporcionando tranqüilidade no momento da prática das atividades e alcance dos objetivos propostos. No decorrer do semestre propomos à coordenadora a organização de uma atividade com todas as turmas do turno da manhã relacionada à Semana Mundial de Alimentação (11 a 17 de outubro). A idéia foi bem aceita e logo iniciamos o planejamento coletivo do evento que foi denominado “Feira de Conhecimentos”. Nos dias em que nos reuníamos para fazer o planejamento das atividades a serem realizadas com as crianças do 1º ano, geralmente solicitávamos a participação de Dora e dedicávamos parte da reunião para discutir sobre a “Feira de Conhecimentos”. O evento relacionado à Semana Mundial foi elaborado por Dora junto às professoras da escola e com o auxílio do PINAB. Temas pertinentes foram eleitos para serem trabalhados pelos educandos de acordo com a demanda das turmas, de maneira que pudessem expor cada assunto de forma criativa em um dia do calendário escolar reservado especialmente para este fim. Em relação às atividades desenvolvidas com o 1º ano podemos afirmar que, em geral, foram muito bem sucedidas. Na primeira atividade com a turma, em que utilizamos a dinâmica dos sentidos, percebemos que as crianças eram muito espertas e participativas. Integramo-nos com a turma rapidamente e abordamos a questão da alimentação saudável, com enfoque às frutas e verduras, de forma bem descontraída. Ao fim da atividade as crianças demonstraram-se muito satisfeitas e empolgadas com a informação de que o PINAB iria acompanhá-las durante o semestre. 15 15


A segunda atividade abordou o tema “Higiene”, o qual foi eleito como de grande necessidade por Dora. No primeiro momento da atividade, quando estávamos conversando com as crianças sobre o conceito de higiene, houve um pouco de dispersão, porém, os educandos ficaram bem mais concentrados quando iniciamos a segunda parte da atividade em que utilizamos figuras ilustrativas, pinturas e colagens. Em geral, as crianças respondiam corretamente às questões que eram lançadas durante a conversa, mas percebemos que não possuíam hábitos de higiene satisfatórios, por exemplo, apresentavam mãos sujas e, pelo que nos relataram, não faziam a escovação dos dentes de forma adequada. Outro fato que relataram é que, muitas vezes, não obtinham auxílio dos pais para a higienização do corpo. Dessa forma, chegamos a conclusão de que a maioria das crianças tinha conhecimento sobre o que é higiene e o que fazer para obtê-la, contudo que faltava um maior estímulo (educativo e familiar) para que colocassem esses conhecimentos em prática. Vale salientar que a comunidade em que as crianças estão inseridas é carente e a grande maioria dos pais dos alunos não possui um nível de instrução satisfatório (em relação à educação escolar), o que acaba refletindo na vida dos filhos como um todo, inclusive em relação à higiene corporal. No terceiro encontro com a turma realizamos uma atividade com uma história em quadrinhos. O objetivo foi estimular o raciocínio das crianças, que tinham que organizar a história em uma ordem lógica de acontecimentos. A história infantil da “Chapeuzinho Vermelho” foi previamente contada em voz alta por um dos coleguinhas e, em seguida, distribuímos figuras e solicitamos que as crianças construíssem a seqüência correta de acordo com o que tinham ouvido. Ainda estimulamos uma discussão sobre que alimentos haveriam dentro da cesta que a chapeuzinho levava para a vovó, de modo que os educandos apontaram várias possibilidades, entre elas: doces, salgadinhos e frutas. A partir daí relevamos a importância das frutas e sua repercussão no crescimento saudável do corpo. A última atividade coletiva foi realizada fora da sala de aula, no pátio da escola. Utilizamos uma dinâmica do “O que é, o que é?” para explorar novamente questões relacionadas a higiene geral do corpo e alimentação saudável. Primeiramente fizemos um alongamento relaxante junto às crianças e, em seguida, ao som de uma música infantil animada, começamos a dançar em roda, ao mesmo tempo em que lançávamos as perguntas. No final, convocamos que as crianças retornassem à sala e fizemos uma breve avaliação das atividades desenvolvidas. Através de uma conversa com os educandos questionamos sobre a satisfação deles em relação às atividades e explicamos 16 16


que era a nossa despedida. As crianças expressaram que aprenderam muito, conseguiram lembrar de todas as atividades desenvolvidas, afirmaram ter gostado bastante da nossa presença e nos retribuíram com carinhos, beijos e abraços. O Grupo Escola I tentou fazer uma parceria com a nutricionista vinculada à empresa que presta serviços à Prefeitura Municipal de João Pessoa, para a execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE da Escola Augusto dos Anjos. No entanto, houve certa falta de comunicação e a atividade que foi planejada para ser realizada por nós juntamente à nutricionista não ocorreu. Além da realização de atividades coletivas e dos planejamentos, produzimos cartazes educativos que foram expostos no mural da escola. Os temas dos cartazes foram “Embalagens e Rótulos”, “Bons Hábitos Alimentares” e “Higiene”. A maior limitação encontrada pelo grupo foi em relação à marcação de dias para a realização das atividades, porém conseguimos fazer uma adaptação ideal ao calendário escolar, considerando, inclusive, a semana de provas da escola. Quanto aos pontos negativos, podemos citar o fato de que o PINAB foi solicitado várias vezes a executar um papel que não era seu: elaborar cartazes (além dos citados anteriormente) que poderiam ser produzidos pelos próprios alunos e/ou professoras. Outro ponto a ser considerado é em relação ao vínculo criado com as crianças do 1º ano as quais se acostumaram e se alegravam com a presença do PINAB, e precisaram se afastar do grupo, que, por sua vez, irá trabalhar com outras crianças no semestre seguinte. Como encaminhamentos, sugerimos que o grupo que for dar continuidade às atividades da escola invista em dinâmicas que estimulem a concentração, utilizando como recursos figuras, colagens, recortes, pinturas, modelagens e técnicas de relaxamento, pois percebemos que as crianças vivem, em geral, em ambientes muito agitados, necessitando de um momento para relaxar. Além disso, é importante uma conversa, no início da atuação do grupo, com a coordenadora de turno da escola e as professoras sobre os objetivos do PINAB na escola, para que fique claro qual o seu papel e seja valorizado cada vez mais.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Realizar ações, junto à escola, tendo por base os princípios da Educação Popular, nos proporcionou uma experiência única. A vivência no grupo possibilitou várias reflexões sobre a educação e a relação que possui com a promoção da saúde e integração social. Tivemos a oportunidade de alcançar um público que se encontra no início do processo educativo escolar e que representa uma boa possibilidade de disseminação de informações para a comunidade, através do convívio familiar. Avaliamos positivamente as atividades realizadas, pois conseguiram atingir os objetivos desejados. O trabalho com as crianças foi bastante satisfatório para todo o grupo, que criou vínculos e estabeleceu uma relação de afeto gratificante. Enfim, as experiências no grupo escola foram muito significativas para nossa vida pessoal e profissional, pois nos possibilitou tornarmos pessoas com um olhar diferenciado sobre a educação, a saúde e a humanização.

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REFERÊNCIAS PORTARIA INTERMINISTERIAL N˚ 1010 de 8 de maio de 2006. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2006/GM/GM-1010.htm>.

Acesso

em: 16 de abril de 2010.

VASCONCELOS, Eymard Mourão. Educação Popular em Saúde: um campo de práticas e teorias em processo de constituição.

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ANEXOS

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ANEXO 1

Relato Pessoal da Experiência Vivenciada Por Carolina Cavalcanti Vasconcelos

Depois da experiência no grupo Gestante pensei que jamais viveria algo parecido, porém aconteceu no grupo escola algo mágico, eu senti como é bom trabalhar com crianças, pois nos faz reviver nossos momentos da infância. Foi adorável poder trabalhar neste mundo infantil e lúdico com os pequenos, nesta convivência voltamos no tempo e brincamos de ler histórias em quadrinhos, desenhar e colorir, cabra cega, brincadeiras dos sentidos, ouvimos músicas infantis entre outros milhares de momentos que vivemos, foi uma experiência inesquecível que será guardada na memória para toda a vida. Cada minuto que passamos elaborando as atividades, pesquisando, lendo, cortando cartazes, fazendo a lista de frutas para as brincadeiras, escolhendo as músicas entre outros é muito gratificante, pois isto rendeu bons resultados com as crianças, que responderam muito bem as nossas atividades. Durante este período me afastei do projeto por problemas acadêmicos, mas confesso que estou sentindo muita falta da família PINAB, que realiza este projeto lindo que literalmente faz a educação popular de fato com muita responsabilidade. Posso dizer que mesmo saindo do PINAB, vou levar comigo um pedaçinho dele no coração, guardo cada momento como único e insubstituível e continuo caminhando com a educação popular e desta eu jamais largarei a mão, andaremos pela vida, construindo sonhos em mundo, quem sabe em um futuro próximo, sem injustiça social.

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ANEXO 2

Relato Pessoal da Experiência Vivenciada Por Priscilla Waller Maurício de França

Não apenas um relato de experiência vivenciada em um grupo operativo do PINAB, mas aqui faço uma pequena despedida saudosa e cheia de agradecimentos. Agradeço profundamente a Ana e a Pedro pela oportunidade de participar dessa família (não há outra palavra) e por toda carinhosa orientação. Em seguida, agradeço a todos as pessoas maravilhosas que compõem ou compuseram o PINAB e também à comunidade do Cristo e à USF Vila Saúde as quais me acolheram tão bem e me proporcionaram vivências grandiosas e inexplicáveis. As experiências que adquiri durante esse semestre em que trabalhei com a escola contribuíram muito para o meu bom desempenho nos estágios do último período do curso e influenciaram bastante algumas decisões sobre minha iminente carreira profissional. Foi muito prazeroso atuar na escola! Poder convier e criar vínculos com as crianças foi marcante e deixou saudades. É orgulhoso saber que contribuímos positivamente para a formação e para a vida de crianças carentes, não só de educação, mas de amor e carinho. Pessoas que representam o futuro da nossa sociedade que infelizmente ainda é tão injusta e desigual. Em nome dos integrantes do PINAB afirmo, sem medo de errar, que presenciar os resultados que as práticas pinabianas refletem na comunidade reforça a nossa crença na educação (especialmente na educação popular), na possibilidade de uma sociedade mais justa e de um SUS realmente universal, integral e equânime. O PINAB me ensinou, além de tudo, a ser mais HUMANA, e mesmo que todo o meu aprendizado no grupo houvesse sido “apenas” este, já teria valido muito a pena. Incansavelmente repito: OBRIGADA DE CORAÇÃO A VOCÊ PINAB!!!

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ANEXO 3

Relato Pessoal da experiência vivenciada Por Samara Cíntia Rodrigues Vireira

Tudo que tem começo tem fim... é impressionante como as estradas das nossas vidas se cruzam... Parece que foi ontem... há quase três anos atrás, o PINAB estava engatinhando e eu tive o privilégio de participar desse momento histórico de construção. Coincidentemente, minha estréia no projeto foi no grupo escola e minha despedida também. Lembro da minha ansiedade quando entrei no PINAB, das minhas dúvidas em relação ao que fazer, como fazer... e tudo aconteceu tão naturalmente. E período após período eu fui aprendendo, me aperfeiçoando... e aquela menina do interior, tímida, foi se transformando, ganhando força ao acreditar e lutar pelos ideais da Educação Popular. Particularmente, esse meu período no PINAB teve um gostinho muito especial, um gostinho de despedida, de saudade... todas as reuniões, atividades coletivas e visitas tinham um sentido diferente... parecia ser o último momento, a última participação, a última contribuição que eu poderia dar ou receber para a minha formação. Confesso que esse período foi meio conturbado, pois tivemos que mudar nossa estratégia de ação na escola, mas nem esse contratempo foi capaz de impedir a realização do nosso trabalho naquele espaço que me proporcionou o inicio e o final da minha passagem por aquele projeto. Na primeira vez que participei desse grupo, realizamos a avaliação nutricional dos escolares para conhecer o perfil nutricional e traçar as estratégias de ação. Neste período forçamos em uma série, na qual nos possibilitou além do desenvolvimento das ações educativas, a criação de um vínculo muito bonito. Enfim, após todos esses anos no projeto, eu só tenho a agradecer pela oportunidade de viver essas experiências maravilhosas no PINAB; e de crescer, como cidadã e futura nutricionista que se apaixonou pela Educação Popular e por saúde pública e com certeza se tornou uma guerreira dessa área. OBRIGADA PINAB!!! VOU SENTIR MUITAS SAUDADES...

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ANEXO 4

Relato Pessoal da experiência vivenciada Por Samira Karla Pereira Rodrigues

O PINAB foi meu primeiro contato com um projeto de extensão, e não poderia ter começado melhor. Participar deste projeto esse período foi uma experiência nova e enriquecedora . Quando soube que havia sido selecionada para participar do projeto, fiquei muito feliz pois,era a segunda vez que participava da seleção do PINAB e tinha o grande desejo de poder participar dele e me tornar uma pinabiana. Depois dessa etapa concluída,veio a ansiedade de saber como seria,em que grupo ficaria, as atividades que iria realizar e se eu atingiria as expectativas do projeto. Ficar no grupo Escola I foi uma vivência maravilhosa, pois, além de poder colocar em prática alguns dos ensinamentos aprendidos no curso, pude construir um vínculo muito próximo e carinhoso com as crianças da Escola. Onde éramos conhecida como as “tias da Nutrição”. Cada atividade que realizávamos era recebida com atenção, carinho e empolgação por parte dos pequenos. E me enchia de satisfação e orgulho. Foi tudo realmente maravilhoso, mágico e pude voltar aos tempos de criança junto com eles. Ao final da última atividade realizada, tive um sentimento de “dever cumprido”, pois o retorno que tivemos por parte das crianças professoras e coordenação pedagógica, não poderia ter sido melhor. Agradeço a todos os integrantes do projeto por essa experiência única e maravilhosa e por aprender mais sobre educação popular e me tornar uma profissional mais humanizada. Um agradecimento especial as minhas companheiras de grupo que conquistaram um lugar especial no meu coração. Beijos a todos, Samira.

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