Revista Fraternidade, Março/2015

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FRATERNIDADE Publicação Paroquial – Edição n.º 20 – Março de 2015 Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo – Brasil Paróquia São Francisco de Assis – Área Pastoral de Vila Velha – ES

“Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45)

Paróquia São Francisco de Assis – Área Pastoral de Vila Velha/ES – festeja oito anos de sua instalação Mensagem do Papa Francisco para a Campanha da Fraternidade 2015 Modernidade líquida: quando a vida é transformada em objeto de consumo Reflexão Quaresmal


Editorial Caríssimo(a) Irmão(ã) em Jesus Cristo,

Pax et Bonum! 1.ª Consideração: Neste ano de 2015 o Papa Francisco convida a Igreja a viver o “ANO DA VIDA CONSAGRADA” configurada no Evangelho, plena da alegria do anúncio e de fecundidade espiritual e que deve, por sua vez, prosseguir o caminho com coragem e vigilância, sendo ousada nas suas escolhas como forma de participação na função profética de Jesus Cristo, bem como deve ser, ainda, a expressão de uma “Igreja em saída” sob o enfoque da condição da liberdade, Igreja Discípula-Missionária! Convido os fiéis a rezarem incessantemente ao Senhor da Messe que desperte aqui em todo lugar sábios e santos consagrados e consagradas que estejam bem dispostos a colocarem segundo o carisma e a espiritualidade própria de seus Fundadores, os dons e talentos a serviço da Igreja. Eis o nosso compromisso! 2.ª Consideração: Ainda há pouco, especificamente no dia 02 de fevereiro (numa 2.ª feira às 19h30) celebrávamos com grande entusiasmo o VIII Aniversário de Instalação de nossa Paróquia São Francisco de Assis – Área Pastoral de Vila Velha/ES. Foi um momento marcante na nossa história paroquial. A bondade de Deus nos ofereceu a oportunidade de celebrar com fé este bonito dom que é esta abençoada Paróquia. Um grande e expressivo número de paroquianos em

torno de seu Pastor celebrava a Eucaristia em pura ação de graças pelos inúmeros benefícios que o Senhor nos concede através de nossa Paróquia. Bendito seja Deus! 3.ª Consideração: Vivenciando o tempo santo da Quaresma nos preparamos para a grande Celebração Pascal, fonte de onde emana o nosso precioso encontro com o Ressuscitado, razão pela qual a fé se renova, na plena virtude da alegria, da profecia evangélica, firmando os nossos passos numa caminhada perseverante e entusiasta que tem como meta maior o Reino de Deus, consumado na glória. Com a Igreja entoaremos aleluias ao Eterno, que vindo ao nosso encontro, ao mesmo tempo nos aguarda! 4.ª Consideração: Enfim, nesta edição da Revista Fraternidade você, caro leitor, poderá conferir, como sempre, fatos e fotos, bem como textos para a sua melhor formação e informação, tais como: o registro importante sobre mais um aniversário de instalação da Paróquia São Francisco de Assis; o texto “Amar Servindo” com a mensagem do Papa Francisco sobre a Campanha da Fraternidade no Brasil; a reflexão quaresmal de Padre Gudialace em vista da Páscoa; o artigo do filósofo Jhonatan Roger Rodrigues Dias sobre a informação e a aprendizagem nos tempos modernos; um testemunho da aluna da Escola de Formação Fé e Vida, Juliana A. Loriato Rodrigues e texto do Papa Francisco sobre a importância de repormos a fraternidade no centro da nossa sociedade tecnocrática e burocrática. A Revista Fraternidade apresenta ainda matéria com o andamento das obras para a construção da igreja de Nossa Senhora de Guadalupe; e uma contundente reflexão do filósofo Eliton Fernando Felczak sobre a Modernidade Líquida. Auspiciando-lhe frutuosa quaresma para uma conversão plena no Amor de Deus, faço votos de uma feliz e santa Páscoa na sua vida. E, por favor, dê um forte abraço com esses votos em sua família! Com a bênção de Deus e o carinho de seu Irmão, Pastor e Amigo. Pe. Hiller Stefanon Sezini – Pároco

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Rua Doutor Jair de Andrade, s/n.º Praia de Itapoã - Vila Velha - Espírito Santo - Brasil Tel.: (27) 3329-8700 / Fax: (27) 3349-1491 paroquia@portadeassis.com.br www.portadeassis.com.br PÁROCO Padre Hiller Stefanon Sezini VIGÁRIO PAROQUIAL Padre Gudialace Silva de Oliveira EDIÇÃO Mile4 Assessoria de Comunicação Tel.: (27) 3205-1004 JORNALISTA RESPONSÁVEL Ilda Castro – MTb 203/80 ilda@mile4.com.br Colaboradores desta edição Papa Francisco; Padre Gudialace Silva de Oliveira, Vigário Paroquial; Eliton Fernando Felczak, filósofo; Jhonatan Roger Rodrigues Dias, Professor de Filosofia e Coordenador da Escola de Formação Fé e Vida; Juliana A. Loriato Rodrigues, Aluna da Escola de Formação Fé e Vida, entre outros. FOTOS Acervo Paroquial Dete Fotografias: (27) 99886-2211 PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO Comunicação Impressa Tel.: (27) 3319-9062 impressa@impressaweb.com.br IMPRESSÃO Gráfica e Editora GSA Tel.: (27) 3232-1266 TIRAGEM 3.000 exemplares Distribuição gratuita


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Amar servindo Para a tradicional Campanha da Fraternidade no Brasil, que começou na quarta-feira de cinzas, o Papa Francisco transmitiu a seguinte mensagem:

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ueridos irmãos e irmãs do Brasil! Aproxima-se a Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa: tempo de penitência, oração e caridade, tempo de renovar nossas vidas, identificando-nos com Jesus através da sua entrega generosa aos irmãos, sobretudo aos mais necessitados. Neste ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, inspirando-se nas palavras d’Ele “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45), propõe como tema de sua habitual Campanha “Fraternidade: Igreja e Sociedade”. De fato a Igreja, enquanto “comunidade congregada por aqueles que, crendo, voltam o seu olhar a Jesus, autor da salvação e princípio da unidade” (Constituição Dogmática Lumen gentium, 3), não pode ser indiferente às necessidades daqueles que estão ao seu redor, pois, “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (Constituição Pastoral Gaudium et spes, 1). Mas, o que fazer? Durante os quarenta dias em que Deus chama o seu povo à

conversão, a Campanha da Fraternidade quer ajudar a aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a Sociedade — propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II — como serviço de edificação do Reino de Deus, no coração e na vida do povo brasileiro. A contribuição da Igreja, no respeito pela laicidade do Estado (cfr. Idem, 76) e sem esquecer a autonomia das realidades terrenas (cfr. Idem, 36), encontra forma concreta na sua Doutrina Social, com a qual quer “assumir evangelicamente e a partir da perspectiva do Reino as tarefas prioritárias que contribuem para a dignificação do ser humano e a trabalhar junto com os demais cidadãos e instituições para o bem do ser humano” (Documento de Aparecida, 384). Isso não é uma tarefa exclusiva das instituições: cada um deve fazer a sua parte, começando pela minha casa, no meu trabalho, junto das pessoas com quem me relaciono. E de modo concreto, é preciso ajudar aqueles que são mais pobres e necessitados. Lembremo-nos que “cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e

promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo” (Exortação Apostólica Evangelii gaudium, 187), sobretudo sabendo acolher, “porque quando somos generosos acolhendo uma pessoa e partilhamos algo com ela — um pouco de comida, um lugar na nossa casa, o nosso tempo — não ficamos mais pobres, mas enriquecemos” (Discurso na Comunidade de Varginha, 25/7/2013). Assim, examinemos a consciência sobre o compromisso concreto e efetivo de cada um na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e pacífica. Queridos irmãos e irmãs, quando Jesus nos diz “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45), nos ensina aquilo que resume a identidade do cristão: amar servindo. Por isso, faço votos que o caminho quaresmal deste ano, à luz das propostas da Campanha da Fraternidade, predisponha os corações para a vida nova que Cristo nos oferece, e que a força transformadora que brota da sua Ressurreição alcance a todos em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural e fortaleça em cada coração sentimentos de fraternidade

e de viva cooperação. A todos e a cada um, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, envio de todo coração a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim. Vaticano, 2 de fevereiro de 2015. FRANCISCUS P P. Fonte: L’Osservatore Romano Ano XLVI, número 8 (2.351)

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Aniversário Paroquial

Paróquia São Francisco de Assis – Área Pastoral de Vila Velha/ES – por ocasião de seu VIII Aniversário Natalício aos dois dias do mês de fevereiro do Anno Domini de 2015

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Paróquia São Francisco de Assis – Área Pastoral de Vila Velha/ES (composta das Comunidades Eclesiais São Francisco de Assis – Matriz, Sagrado Coração de Jesus, Bom Pastor, São Pedro Pescador, Nossa Senhora de Guadalupe [e recentemente, pela Santa Clara de Assis]) foi criada por força do Decreto de Sua Excelência Reverendíssima Dom Luiz Mancilha Vilela, SS.CC – Arcebispo Metropolitano de Vitória do Espírito Santo – aos 07 dias do mês de janeiro do Anno Domini de 2007, na Solenidade da Epifania do Senhor Jesus e instalada aos 02 dias do mês de fevereiro do mesmo ano, na Festa da Apresentação do Senhor ao Templo e Dia da Vida Consagrada, numa Solene Celebração Eucarística realizada (numa 6.ª-feira), às 20 horas, na igreja São Francisco de Assis, que por determinação do Decreto ficou sendo a Matriz da Pa-

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róquia, tendo como seu 1.º Pároco o Reverendíssimo Senhor Padre Hiller Stefanon Sezini – Sacerdote do Clero Secular da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo. E para que esta memorável data possa ser sempre lembrada pelos fiéis, realiza-se, todos os anos, a Missa Solene em Ação de Graças por ocasião da instalação da Paróquia e da chegada e posse de seu 1.º Pároco aos 02 de fevereiro. É seguro que uma Paróquia nasce para inspirar caminhos novos de vida evangélica, nasça para oferecer, de modo mais próximo, as oportunidades da recepção dos sacramentos e de tantos outros inúmeros percursos, talvez impensados, que respondam com eficácia e agilidade às demandas humanas e espirituais. Assim, desde a sua instalação a Comunidade Paroquial Franciscana vem realizando inúmeros trabalhos pastorais

e sociais de grande envergadura, reconhecimento e incidência sobre a vida das pessoas, das famílias e dos bairros que abrange (parte do bairro da Praia de Itaparica, todo o bairro da Praia de Itapoã e parte do bairro da Praia da Costa) cumprindo a sua função missionária-evangelizadora, segundo a vida e a espiritualidade de seu Padroeiro São Francisco de Assis, celebrado sempre aos 04 de outubro de cada ano. Estou certo de que duas atitudes básicas, que se merecem e se entrelaçam mutuamente, dão a tônica e a característica marcante de nossa Comunidade Paroquial, isto é, a alegria e o acolhimento como formas de estabelecer uma sadia e firme espiritualidade franciscana que desvenda experiências e perspectivas inéditas na força e no esplendor do Evangelho que deve ser testemunhado pela experiência da vida fraterna e solidária em família e em cada Comunidade Eclesial que compõe a Paróquia, além do mais nas dimensões do respeito, do cuidado com a vida e da promoção da dignidade humana, da compreensão e da ajuda mútua, da amabilidade e do perdão, da preservação cósmica e de tantas outras ordens humanizadoras. Esta encantadora e atraente Comunidade Paroquial congrega, hoje, em seu seio um número bastante expressivo de membros fiéis e, ainda, grupos, pastorais e movimentos, conselhos de comunidades, de pastoral paroquial e de

administração paroquial, além de inúmeras pessoas que constantemente nos visitam, e para melhor cooperar na formação dos nossos leigos foi criada a Escola de Formação Fé e Vida – Curso Livre de Teologia para Leigos, além do que se pode contar dos projetos sociais que compõem a Cáritas (=Caridade) Paroquial como a FAAVE (Fundação de Assistência e Amparo à Velhice), a ALFAS (Associação Lar Frei Aurélio Stulzer) e a ACASSFA (Associação Centro de Atendimento Social São Francisco de Assis) que comporta em seu bojo inúmeros trabalhos de cunho social, segundo a Doutrina Social da Igreja, cujos objetivos, não são políticos partidários, mas sim àqueles que se colocam nas esteiras de inserção dos horizontes do Reino de Deus. Além do mais, conta-se, ainda, com o prestimoso trabalho do Vigário Paroquial, das Irmãs Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará – ISSVM (da Família Religiosa do Verbo Encarnado) e dos Freis Franciscanos Pobres de Jesus Cristo – PJC, bem como das Irmãs, ambos os membros da Fraternidade “O Caminho”, contribuindo, segundo seus dons e carismas, com as ações de pastoreio do Pároco. Tudo isso demonstra clara vivacidade pastoral. Gradativamente vai-se construindo o patrimônio religioso e cultural entrelaçando evangelização e história, arte, sacramentos e devoção popular na vida de nossas


Dom Luiz Mancilha Vilela, SS.CC Por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica Arcebispo Metropolitano de Vitória do Espírito Santo Aos que este nosso Decreto virem, saudação, paz e bênção no Senhor.

Comunidades Eclesiais, chamadas a um serviço testemunhal, afim de que nossa gente não perca os vestígios de Deus em meio a uma sociedade altamente secularizada e confusa quanto à relação com o sobrenatural e com as verdades fundamentais da fé católica, em contínuo caminho de crescimento e de fidelidade, que vença as barreiras das fragilidades e das debilidades humanas e espirituais, bem como as exigências e necessidades novas que se apresentam no interior da vida paroquial. Não me canso de ensinar que

a vida paroquial deve ser sempre orientada, e ao mesmo tempo alimentada, para a esperança, que, por sua vez, é uma das virtudes teologais que nos faz prosseguir sem medo e decididamente para frente, superando obstáculos e confusões, bem como qualquer tipo de mau comportamento e desafiando os gigantes das nossas impotências... E isso, por quê? Pelo simples fato de que a dita esperança se edifica nos dons preciosos do Espírito Santo e não em nossas forças ou capacidades racionais e/ou, ainda, em conceitos meramente psicológicos.

Faço saber que, diante das necessidades do povo de Deus da Área Pastoral de Vila Velha e da urgência de intensificar-se a ação evangelizadora nesta Arquidiocese. Tendo ouvido o Conselho Presbiteral e em conformidade com o cânon 515 parágrafos 1, 2 e 3, que rege a criação de paróquias: Julguei por bem erigir a Paróquia São Francisco de Assis em Jardim Itapuã, no Município de Vila Velha-ES, com território inteiramente desmembrado da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, constituída pelas seguintes comunidades: 1 – Nossa Senhora de Guadalupe 2 – São Pedro Pescador 3 – Sagrado Coração de Jesus 4 – São Francisco de Assis (Matriz) 5 – Bom Pastor Situação geográfica e limites: a Paróquia está situada ao longo da Praia da Costa e Praia de Itapuã e terá a seguinte configuração: ao Sul faz limite com a Paróquia Nossa Senhora das Graças através da Rua Itarana. Ao Norte faz limite com a Paróquia Nossa Senhora do Rosário através da Rua Ceará e Avenida Carioca. Ao Oeste pela Rua Mário de Andrade, Avenida Resplendor, Antônio Ataíde, Pessegueiro, Luciano das Neves. Assim dou por canonicamente erigida esta nova Paróquia, cujo Padroeiro é São Francisco de Assis. Sua festa será celebrada a cada ano, no dia 04 de outubro, de acordo com o Diretório de Liturgia da Igreja no Brasil. Sua sede e matriz será a Comunidade de São Francisco de Assis, situada à Rua Doutor Jair de Andrade, s/n – Praia de Itapuã – Vila Velha-ES. CEP: 29.101-700. Seja este nosso decreto lido ao povo de Deus na celebração eucarística no dia do Senhor na Matriz da nova Paróquia, bem como na matriz da Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Seja também este nosso decreto transcrito no livro de Tombo da recém-criada Paróquia, como também no livro de Tombo da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, bem como no livro de Criação de Paróquias de nossa Cúria Metropolitana. Dado e passado no dia 07 de janeiro de 2007, Solenidade da Epifania do Senhor. E eu, Padre Arnóbio Passos Cruz, chanceler da Arquidiocese, o subscrevi. Dom Luiz Mancilha Vilela, SS.CC Arcebispo Metropolitano

A esperança nos faz “alargar sempre o olhar para reconhecer um bem maior que trará benefícios a todos nós” (Francisco, Papa. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, nº 235). Em cada Celebração Eucarística, de modo mais sublime, nos preocupemos, portanto, em alimentar junto com a fé, a espe-

rança e a caridade que nos impele a avançar (cfr. Fl, 13-14). Mais uma vez certifico-me de que na história, escrita e oral, de nossa Paróquia se encontra de forma entrelaçada a ação santificadora de Deus e a vida de seu povo que se localiza aqui na cidade de Vila Velha, especificamente em sua exFRATERNIDADE

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tensão geográfica que compreende como já mencionado, boa parte do bairro da Praia de Itaparica, todo o bairro de Praia de Itapoã e parte do bairro da Praia da Costa. Nossa memória de fé não pode cair no esquecimento, nem tampouco na ignorância, pois aqui se verifica uma rica história eclesial, construída na comunhão e na participação. Encerro a presente reflexão, sem a mínima pretensão de ter es-

gotado o tema proposto, com as palavras de um sacerdote amigo, que passando por aqui na ocasião de uma Missa, disse-me de maneira particular: “Pe. Hiller, seu povo é lindo e animado”! Confira, na íntegra, o texto do Decreto de Criação da Paróquia São Francisco de Assis – Área Pastoral de Vila Velha/ES, bem como das Provisões Canônicas e da Ata de Posse de seu 1.º Pároco.

Dom Luiz Mancilha Vilela, SS.CC Por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica Arcebispo Metropolitano de Vitória do Espírito Santo Aos que esta nossa Provisão virem, saudação, paz e bênção no Senhor. Considerando os Cânones 519 – 534 do Código de Direito Canônico. Considerando o maior bem espiritual desta Igreja Particular que está em Vitória do Espírito Santo e sob os nossos cuidados: Havemos por bem conferir o ofício de Pároco da Paróquia São Francisco de Assis, em Jardim Itapuã, ao Revmº Sr. Pe. Hiller Stefanon Sezini, Clero Diocesano, conforme as prescrições dos Cânones 521 §§ 1, 2 e 3 e 523, por 06 (seis) anos. Saiba o Revmº Sr. Pároco do dever de observar, corretamente, as normas pastorais desta Igreja particular, seja referente aos sacramentos e demais celebrações litúrgicas, como também, a correta administração financeira da Paróquia e suas respectivas Comunidades Eclesiais de Base. E para que esta Provisão se observe inteiramente seja lida e registrada no Livro de Tombo da Paróquia. Dada e passada na Cúria Metropolitana sob o nosso sinal e o selo de nossas armas, aos 02 de fevereiro de 2007. E, eu, Pe. Arnóbio Passos Cruz, a subscrevi. Dom Luiz Mancilha Vilela, SS.CC Arcebispo Metropolitano

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Dom Luiz Mancilha Vilela, SS.CC Por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica Arcebispo Metropolitano de Vitória do Espírito Santo Aos que esta nossa Provisão virem, saudação, paz e bênção no Senhor. Considerando os Cânones 515 – 540 do Código de Direito Canônico; Considerando o maior bem espiritual desta Igreja Particular que está em Vitória do Espírito Santo e sob os nossos cuidados: Havemos por bem conferir o ofício de Pároco da Paróquia São Francisco de Assis, em Itapoã, Área pastoral de Vila Velha, ao Revmº Sr. Pe. Hiller Stefanon Sezini, do Clero Diocesano, conforme as prescrições dos Cânones 521 §§ 1, 2 e 3 e 523, por 04 (quatro) anos, a partir desta data. Saiba o Revmº Sr. Pároco do dever de observar, corretamente, as normas pastorais desta Igreja particular, seja referente aos sacramentos e demais celebrações litúrgicas, como também, a correta administração financeira da Paróquia e suas respectivas Comunidades Eclesiais de Base. E para que esta Provisão se observe inteiramente seja lida na celebração eucarística do dia do Senhor, na Matriz da Paróquia e registrada no seu respectivo Livro de Tombo. Dada e passada na Cúria Metropolitana, sob o nosso Sinal e o Selo de nossas Armas, aos 02 de fevereiro de 2013. E, eu, Côn. Arnóbio Passos Cruz, a subscrevi. Chanceler Dom Luiz Mancilha Vilela, SS.CC Arcebispo Metropolitano


Ata da Missa de Posse Aos dois dias do mês de fevereiro do ano de dois mil e sete, pelas 20horas, na Igreja Matriz São Francisco de Assis, em Jardim Itapuã, área Pastoral de Vila Velha, na Celebração Eucarística, em minha presença compareceu o Sr. Padre Hiller Stefanon Sezini como Pároco, nomeado por Provisão da Cúria Metropolitana de Vitória, datada de dois de fevereiro de dois mil e sete, e ato contínuo, procedi à leitura da provisão e o introduzi na posse desta Paróquia. E para constar lavrei esta ata que assino, com o novo Pároco e testemunhas designadas.

Vila Velha (ES), 02 de fevereiro de 2007. Dom Luiz Mancilha Vilela, SS.CC Pe. Hiller Stefanon Sezini Frei Nolvi Dalla Costa, OFM Pe. Josemar Rubens Stein Frei Atílio Battistuz, OFM Pe. Marco Lázaro Mendes Dias Diácono Miguel da Cruz, OFM

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Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe

Construção da igreja recebe estrutura metálica

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ovidos pela fé e com muita garra, a Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe segue firme na construção da sua igreja e de todo o complexo. Com cerca de 30% das obras concluídas, os fiéis se unem agora para as etapas restantes. O momento pede mobilização e união para a conclusão da estrutura metálica, prevista para ser instalada em março, que exigirá investimentos da ordem de R$ 1,1 milhão. Desse total, ainda faltam para quitar o serviço R$ 400 mil. Segundo a coordenadora da Comunidade, Catharina do Carmo Néspoli, essa é uma das muitas fases que virão até a conclusão final da obra. Por isso, é importante que todos participem, da forma que for possível, para continuar a empreitada. Entre as iniciativas disponí8

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veis para a arrecadação de fundos que viabilizam a obra está a Campanha do Metro Quadrado, lembrando que aqueles que terminaram o carnê podem retirar um outro na Secretaria da Comunidade. Também estão disponíveis como forma de contribuição na Comunidade, um Livro de Ouro onde as pessoas podem assinar e depois colocarem suas contribuições numa urna. Aqueles que contribuirem terão seus nomes anotados e receberão Missas perpétuas. Outra forma é o bazar. Toda roupa, objetos e utensílios em bom estado ou novos serão bem vindos. Tudo é comercializado a preços acessíveis e a renda obtida é revertida em benefício da obra. A construção da igreja de Nossa Senhora de Guadalupe começou há dois anos. Até o presente momento já foram consumidos R$ 2.032.000,00 e arrecadados

R$ 2.048.000,00. A Comunidade pretende celebrar a festa de sua Padroeira no dia 12 de dezembro de 2015, dia de Nossa Senhora de Guadalupe, ainda que nas instalações não concluídas. De acordo com a coordenado-

ra da Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe, as obras avançam graças ao amor e à doação dos fiéis, por isso é importante que todos estejam juntos, com fé e determinação para que os trabalhos sigam em ritmo acelerado.


Novena “Maria Passa a Frente” A partir de abril, a Novena “Maria Passa a Frente” voltará a ser realizada, toda última quarta-feira de cada mês, às 19h30. Os encontros acontecerão nas areias da Praia de Itaparica em frente a sede da Comunidade. 3 3 3 3 3 3 3 3 3

Confira as datas a seguir: 29 de Abril 27 de Maio 24 de Junho 29 de Julho 26 de Agosto 30 de Setembro 28 de Outubro 25 de Novembro 30 de Dezembro

Tarde Mariana No mês de maio, mês das mães, mês de Maria, será realizada uma Tarde Mariana, organizado pelo Movimento Sacerdotal Mariano (MSM), na Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe. O evento será encerrado às 18 horas, com a celebração da Santa Missa e lançamento das Capelinhas. Como forma de evangelizar e de levar Jesus por meio de Maria até as casas dos fiéis, a Comunidade lançará o projeto das Capelinhas, que visitarão as casas dos grupos mobilizados pela ação,

durante todo o mês ao longo do ano. As Capelinhas de Nossa Senhora de Guadalupe passarão de casa em casa, onde serão feitas orações e reflexões, suplicando bênçãos e graças para as famílias. Elas representam a presença de Maria nas residências, e lá permanecerão por dois dias. Se é do seu desejo receber a Capelinha de Nossa Senhora de Guadalupe, tornando-se um zelador, favor entrar em contato com a Comunidade pelos telefones (27)3299-0951 / 99500-8937.

História Santa Padre Alexandre Paciolli (apresentador do Programa Mulheres de Fé – TV Canção Nova – sábados às 18h30), esteve na Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe em 28/02 (sábado). Veio para apresentar aos fiéis da Paróquia São Francisco de Assis a história das aparições de Nossa Senhora de Guadalupe. A narrativa feita pelo sacerdote foi na linha condutora dos vitrais que serão instalados na nova igreja, ainda em construção. Profundo conhecedor da história de Nossa Senhora de Guadalupe, sua apresentação aconteceu logo após a missa das 18 horas na sede da própria Comunidade. Os vitrais que serão instalados na igreja estarão à disposição das famílias que queiram participar especialmente desta construção doando-os e incluindo seus nomes na peça patrocinada. Os interessados devem procurar Catharina do Carmo Néspoli, coordenadora da Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe.

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Reflexão Quaresmal

Convertei-vos e crede no Evangelho

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convite a nós dirigido por Deus, através da Santa Igreja, a cada ano no início da quaresma é, na verdade, uma proposta de caminho para a felicidade. Converter-se quer dizer justamente uma mudança de rumo, de direção. É como se Deus estivesse nos guiando pelos caminhos do mundo como faz o GPS. Recordo-me também, certa vez, no Seminário Arquidiocesano em que a psicóloga orientou uma di-

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nâmica entre nós, os seminaristas da época. Ao nos separar em dois grupos, pediu que um dos lados ficasse com os olhos vendados. Os membros do outro grupo deveriam guiar os companheiros pela sala em direção a um objeto, mas sem nos tocar, apenas pela voz. Foi uma ótima experiência de confiança. E assim Deus faz conosco. Em todo tempo quaresmal Ele nos pede que mudemos nossos passos para alcançarmos o bem que procuramos: a salvação! Não é que estejamos completamente perdidos. Mas às vezes começamos com pequenos desvios. Não compreendemos a orientação do “GPS” ou acreditamos que saberemos tomar um melhor atalho. No entanto, estes desvios, em longo prazo, nos distanciariam muito da nossa meta.

Por isso é tão atual e oportuno esse convite. Convertei-vos! Essa conversão não pode ser apenas uma mudança de atitude, embora ela faça parte do processo. Se assim fosse, essa proposta de Deus alcançaria somente as margens da nossa existência. A transformação deve acontecer no mais íntimo de cada um de nós, na profundidade da nossa vida. Reflita comigo: não é suficiente que alguém que não conversa com o irmão devido a uma discussão no passado se esforce tão somente para voltar a falar com ele. Porque essa procura pode ser sustentada pela falsidade. Retoma-se o diálogo, mas sem conceder o perdão. Ainda guardam-se mágoas e rancores. A conversão verdadeira é liberar no coração o dom da Graça de Deus sobre a pessoa que te ofendeu. É retirar do peito as pedras

das frustrações e os espinhos das desventuras vividas. É, sobretudo, despir-se do sentimento de vingança. A conversão neste caso é conceder o perdão. Daí sim, o voltar a conversar se torna uma expressão concreta da ação invisível de mudar de vida. Supliquemos humildemente ao Senhor que nos conceda essa tão grande graça de corrigir os nossos desvios e atalhos para que não nos afastemos do Seu amor. Acreditar no Evangelho é ter a confiança de que esse caminho que Jesus nos apresenta nos levará ao destino que tanto ansiamos. Que esta preparação da Páscoa de Jesus e nossa nos faça repensar nossos caminhos e nos fortaleza na esperança do Reino Celeste que Deus nos reserva. Amém!

Pe. Gudialace Silva de Oliveira Vigário Paroquial


Reconciliai-vos

Semana de Confissões Auriculares em preparação à Páscoa da Ressurreição do Senhor. Confira os dias, horários e locais: Dia 23/03 (Segunda-feira)

14 às 18h – Comunidade São Francisco de Assis (Matriz) 20h30 às 22h – Comunidade São Francisco de Assis (Matriz)

Dia 24/03 (Terça-feira)

14 às 18h – Comunidade São Francisco de Assis (Matriz) 20h30 às 22h – Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe

Dia 25/03 (Quarta-feira)

09 às 11h – Comunidade Bom Pastor 14 às 18h – Comunidade São Francisco de Assis (Matriz) 20h30 às 22h – Comunidade Sagrado Coração de Jesus

Dia 26/03 (Quinta-feira)

09 às 11h – Comunidade São Francisco de Assis (Matriz) 14 às 18h – Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe 20h30 às 22h – Comunidade São Francisco de Assis (Matriz) 20h30 às 22h – Comunidade São Pedro Pescador

Dia 27/03 (Sexta-feira)

09 às 11h – Comunidade São Francisco de Assis (Matriz) 14 às 18h – Comunidade São Francisco de Assis (Matriz)

Participe! No dia 27/03 (última sexta-feira da Quaresma) será realizada a Via Sacra em quadro vivo pela orla com início às 19h30 nas imediações da Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe e com término nas proximidades da Comunidade Bom Pastor.

Em breve você receberá, no final das Missas em sua Comunidade, a Programação da Semana Santa e Páscoa 2015.

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Arte Sacra

Arte e beleza “O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é a que traz alegria ao coração dos homens, é este fruto precioso que resiste ao passar do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração” (Mensagem do Papa Paulo VI aos Artistas, 1965)

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iante da atual desertificação espiritual, a beleza, através das artes, pode responder às necessidades do homem contemporâneo e conduzi-lo ao encontro com a Beleza-Bondade, que se revela a nós na pessoa de Jesus Cristo. Contemplar o belo faz parte da natureza humana, sedenta da Beleza-Bondade-Verdade, d’Aquele que tendo feito belas todas as coisas mutáveis, presentes na criação, não pode ser outro que não o próprio Deus, “Beleza imutável”1. “(...) só o estupor, o encantamento, o maravilhar-se tem o pressentimento de alguma coisa, coloca-nos diante de uma presença”. Certa desta afirmação de São Gregório de Nissa (séc. IV), a Igreja sempre se utilizou das artes como ajuda para traduzir sua mensagem divina pela linguagem das formas e cores. A arte sacra cristã tradicional, rica no simbolismo universal, compreendido por praticamente todos os povos, torna perceptível o mundo invisível. Representando o Cristo, Verbo encarnado, que inaugura a possibilidade da representação de Deus no meio do seu povo, o caminho da beleza, ou‘Via Pulchritudinis’, é capaz de alcançar o coração do homem de todos os tempos e culturas, auxiliando a Igreja na transmissão da fé em Cristo, através de uma pastoral atenta à indiferença religiosa e à descrença. Torna-se assim, caminho de evangelização e diálogo. A atividade dos diversos profissionais ligados à arquitetura e às artes, considerada pela Igreja como “nobre ministério”, tem a função de refletir de alguma forma a beleza infinita de Deus, orientando para Ele a mente dos homens. Suas produções podem ser consideradas não

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apenas ilustrações estéticas, mas verdadeiros ‘lugares’ teológicos, onde “o conhecimento de Deus é mais perfeitamente manifestado e a pregação evangélica torna-se mais compreensível ao espírito dos homens”2. Foi assim que desde os primórdios, os cristãos adaptaram e construíram, como até hoje, edifícios destinados ao culto divino, devendo ser simbólicos, funcionais, belos e adequados à ação litúrgica. A arte sacra surge, então, como serviço à liturgia, marcando cada ‘lugar deste espaço com beleza e dignidade. Jesus Cristo, centro de nossa fé, determina a forma de pensar e organizar este espaço, pelo Mistério Pascal. Sendo o lugar da Eucaristia (altar), o ponto central, todos os demais lugares se colocam ao seu redor: o lugar da Palavra com o Ambão e o da Presidência com a Cadeira, o da Assembleia, o do Batismo, o da Reconciliação, o lugar da Reserva Eucarística, dos demais Sacramentos, assim com os Sacramentais, outras Ações Litúrgicas e Lugares Devocionais. O lugar da Acolhida com o Adro e a Torre convida e acolhe a comunidade. Os lugares de serviço devem atender às necessidades para o bom funcionamento do espaço. Como “epifania” de beleza, estes espaços celebrativos nos conduzem a uma experiência-encontro com o Mistério Tremendo e Fascinante – Deus Amor e Ternura capaz de provocar um movimento de mudança de direção e de redescoberta de que esta Beleza “tão antiga e tão nova” é o verdadeiro objeto de nossa alma sedenta. Raquel Schneider Arquiteta e Membro da Comissão de Arte Sacra da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo

Santo Agostinho, Sermão 241, 2. CONC. ECUM. VAT. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudiumetspes, 62.

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Renovação

Duas novas Freiras chegam à Paróquia São Francisco de Assis

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Comunidade Religiosa do Instituto Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará recebeu duas novas Freiras. Já, há quatro anos em Itapoã, Vila Velha, na Paróquia São Francisco de Assis, atuando, principalmente, na evangelização das crianças e dos jovens, neste período houve uma permanente renovação entre as Religiosas. Elas são direcionadas para as diversas comunidades existentes no mundo, conforme a necessidade mais urgente, como explica Irmã Maria Mater Verbi Incarnati – SSVM. Chegaram, de São Paulo, a Irmã Maria Geratriz de Deus e Maria Virgo Prius, que pela primeira vez trabalha numa paróquia e tem mais duas irmãs de sangue religiosas. Desta vez três Irmãs foram embora. Elas partiram no final de

2014. A Irmã Maria da Penha foi terminar sua formação religiosa na Itália. A Irmã Santa Cruz retornou para sua função anterior, numa casa de crianças especiais, em São Paulo e a Irmã Maria Mãe Admirável foi atuar numa nova casa da Comunidade junto a Paróquia São José de Anchieta – Área Pastoral de Serra. O Instituto Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará (SSVM) é o ramo feminino da Família Religiosa do Verbo Encarnado. Compõe-se de Irmãs tanto de vida apostólica como de vida contemplativa. A Comunidade Paroquial, na pessoa de seu Pároco, agradece o bonito trabalho realizado com tanto amor e dedicação por essas Irmãs e dá as boas vindas às novas Freiras auspiciando-lhes um frutuoso apostolado.

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Aconteceu

Importantes momentos de fé e alegria A Paróquia São Francisco de Assis é formada por seis Comunidades Eclesiais unidas, que celebram seus principais momentos com fé e alegria. Neste último trimestre, muitos foram os eventos religiosos ou comemorativos promovidos. Entre eles estavam, a festa em homenagem à Nossa Senhora de Guadalupe, as Missas de Natal e Ano Novo e o aniversário de 8 anos da Paróquia. Confira como eles aconteceram nas imagens a seguir.

natal

ano novo

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festa de NOSSA SENHORA DE guadalupe

viii ANIVERSÁRIO DA PARÓQUIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS

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missa PARA O INÍCIO dE quaresma

ESCOLA DE

FORMAÇÃO

“O alimento da alma é o corpo e o sangue de Deus!… Oh! formoso alimento! A alma não se pode alimentar senão de Deus. Só Deus pode bastar-lhe. Só Deus pode saciá-la. Fora de Deus não há nada que possa saciar-lhe a fome”.

Fé e

VIDA

(São João Maria Vianney)

N

o dia 24 de fevereiro de 2015, na Comunidade São Pedro Pescador, às 19h30, o Pe. Hiller presidiu a Missa de Abertura das atividades da Escola de Formação Fé e Vida – Curso Livre de Teologia para Leigos. Após a Celebração Eucarística, o Pe. Fábio Vanderlei, IVE, proferiu a aula inaugural do semestre com o tema: “O Ano da Vida Consagrada”. O evento contou com a participação dos professores e de, aproximadamente, oitenta alunos, e encerrou-se com uma confraternização. Rezemos para que os alunos perseverem e obtenham êxito e progresso no conhecimento bíblico, teológico e espiritual.

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Serviço e Solidariedade

Campanha da Fraternidade 2015

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costumados que estamos com os temas da Campanha da Fraternidade que sempre nos remetem a problemáticas específicas, minorias, grupos de excluídos, vemo-nos todos desta vez completamente envolvidos por essa pequena, mas exigente palavra: SERVIR! Abordar o tema Sociedade é trazer à tona múltiplos desafios: ausência de valores, indiferença e individualismo; intolerância, desrespeito e violência; guerra, morte e destruição. Parece que nada tem jeito: tudo está perdido. Para trazer à tona também a solidariedade, bondade, fraternidade, cuidado, desapego, harmonia, tolerância e paz, a Igreja nos coloca um imperativo: SERVIR! Essa é a chave, o grande segredo, o diferencial. E antes de cairmos na tentação de conjugar esse verbo da forma mais comum que conhecemos, colocando-o em posição de subserviência, de inferioridade, de exploração e desigualdade, de

novo a Igreja nos socorre: servir como Jesus! “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Não bastasse isso ainda nos apresenta a imagem do lava-pés. Que exigência grandiosa! Para melhor compreender como é servir como Jesus serviu, um dos segredos é perceber-se igual aos outros, é mudar o olhar para com o mundo e as pessoas, é esquecer o julgamento prévio e apressado, é sentir a dor do outro e buscar compreender seus argumentos e ponto de vista, mesmo que contrários aos nossos. Essa é a verdadeira força capaz de afastar o mal, neutralizar a violência, promover o diálogo e verdadeiramente ajudar o irmão. Nossa Igreja, por sua história, sempre teve como missão ajudar aos que necessitam. Ainda hoje, quando grande parte das instituições se encontra duramente abalada em sua credibilidade, encontramos uma Igreja preocupada

em dar a mão com incontáveis projetos, ações e atividades. Encontramos uma Igreja convocada a sair de seus muros, a ousar ir ao encontro e buscar sem descanso, sob pena de se ferir, construir o Reino de Deus sonhado para cada um de nós! Possa essa Quaresma em especial, realizar em nós a conversão pastoral, conquistar o olhar

renovado e misericordioso e mergulhar-nos, à exemplo do Concílio Vaticano II, na maravilhosa onda de renovação do Espírito Santo de Deus que nos impulsiona a uma Igreja solidária, servidora de portas sempre abertas. Amém! Ana Maria Lemos Secretaria Pastoral Arquidiocese de Vitória/ES

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Tempos Modernos

A modernidade líquida e a vida humana transformada em objeto de consumo Por Eliton Fernando Felczak

A atualidade é conceituada por Zygmunt Bauman como “modernidade líquida”, pela incapacidade de manter a forma. As relações, instituições, quadros de referência, estilos de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar. Nesse contexto, a vida humana é transformada em objeto de consumo. O ser humano deixa de ser sujeito e passa a ser objeto na relação de compra e venda Introdução O filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman é um dos pensadores, em seu âmbito de atuação, que alimentam reflexões sobre a realidade consumista na qual o ser humano está inserido. Sua pesquisa não se limita a uma só área da academia: abrange a sociologia, a filosofia e a ciência política, analisando as complexas relações nas quais as pessoas se movem. Para 18

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o autor, o consumo é uma teia de relações bem construída em que não restam muitas alternativas na luta pela sobrevivência. O ser humano, ancorado no discurso consumista, vive a sua vida sem se questionar sobre o que realmente acontece à sua volta. Vive-a como espectador, não como protagonista. Num ambiente incerto como o atual, o consumo aparece como resposta à satisfação

das ansiedades dos indivíduos. Isso é fundamental para compreender Bauman, quando aponta a transformação da vida humana em objeto de consumo na contemporaneidade. A comodificação ou recomodificação das vidas humanas constitui longo processo que se iniciou na sociedade moderna e se torna visível no cenário da sociedade contemporânea. Bauman a define como “modernidade líquida”,

devido às mudanças rápidas que ocorrem sem haver um embasamento firme ou algo que dê forma. A ideia é adaptar-se às situações como a água faz, de acordo com o recipiente em que é inserida. O presente artigo justifica-se inicialmente pela valoração da vida humana diante de toda estrutura e qualquer regulamento vigente. A estrutura existe para auxiliar o ser humano, e não o contrário, como


apregoa a modernidade líquida. Nesse ambiente, a pessoa é tratada como uma engrenagem da máquina chamada consumo. Deve alimentar o sistema com a sua vida, sem perceber que também é um objeto de desejo a ser exposto no mercado de compra e venda. Modernidade líquida O ser humano vive em um novo período da história, sendo diversos os termos e conceitos utilizados para descrever esse contexto. Um dos conceitos mais usados para definir esta fase histórica é “modernidade”. Semelhante termo soa redundante, por incluir toda a realidade que circunda. Zygmunt Bauman define a modernidade como “líquida”, fluida, a impermanência e a constante mudança de forma nela verificadas nunca têm um término: O conceito de sociedade líquida caracteriza-se pela incapacidade de manter a forma. Nossas instituições, quadros de referência, estilos de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar em costumes, hábitos e verdades “autoevidentes”. Sem dúvida a vida moderna foi desde o início “desenraizadora”, “derretia os sólidos e profanava os sagrados”, como os jovens Marx e Engels notaram. […] A nossa é uma era, portanto, que se caracteriza não tanto por quebrar as rotinas e subverter as tradições, mas por evitar que padrões de conduta se congelem em rotinas e tradições (PALLARES-BURKE, 2004, p. 304-305). Bauman conceitua a modernidade como líquida devido à sua fluidez e mobilidade, conforme os recipientes apresentados para serem preenchidos. Isso não ocorre com os sólidos, pois estes têm forma definida e não se flexibilizam com as pressões impostas. Apropriando-se de uma afirmativa de Marx, Marshall Berman define esse fenômeno com a máxima: “Tudo o que é sólido desmancha no ar”. A liberdade adquirida surgiu com o derretimento dos sólidos,

tirando o indivíduo da terra firme e levando-o ao oceano das incertezas. A passagem para o estágio final da modernidade não produziu maior liberdade individual: “Não no sentido de maior influência na composição da agenda de opções ou de maior capacidade de negociar o código de escolha. Apenas transformou o indivíduo de cidadão político em consumidor de mercado” (BAUMAN, 2000, p. 84). A liberdade obtida nos tempos atuais é ilusória. A pessoa vive sempre na incerteza, pois sempre há a possibilidade de uma escolha melhor. O pensamento não é mais denso e ordenado, mas leve e desordenado, para poder abarcar tudo o que a vida pode oferecer. Para caracterizar a modernidade líquida, Bauman faz uma diferenciação no modo pelo qual as vidas humanas convivem. As comunidades existentes na modernidade sólida eram éticas. Bauman também as chama de compreensivas e duradouras, ou seja, genuínas. Elas se baseavam em normas e objetivos, nos quais os destinos eram partilhados visando à sua permanência. Na modernidade líquida, ocorre o inverso; Bauman designa suas comunidades como estéticas. Elas se reúnem em torno do entretenimento, de celebridades e de ídolos. Essas comunidades estéticas, comunidades-cabide, dificilmente oferecem laços duradouros a seus membros. As comunidades estéticas não permitem a condensação das comunidades éticas. Impedem a sociabilidade entre as pessoas e, assim, contribuem muito para a perpetuação da solidão do homem moderno. Para isso tornar-se possível na modernidade líquida, com o desmantelamento da modernidade sólida, foi preciso adotar nova racionalidade. Surge um indivíduo diferente de tudo o que se viu na história humana. O ser humano líquido é um dos reflexos do novo jeito de pensar, no qual “virtualmente todos os aspectos da vida humana são afetados quando se vive a cada momento sem que a perspectiva de

longo prazo tenha mais sentido” (PALLARES-BURKE, 2004, p. 322). A certeza está na constante mudança, devendo cada indivíduo buscar por si próprio uma maneira de melhor sobrevivência. Vida humana Bauman entende que o ser humano atual é um produto do que acontece na modernidade líquida. Nos seus escritos, ele aborda o indivíduo como alguém que integra uma sociedade e responde a ela, modelando-se aos seus ditames. A corrente filosófica chamada “estruturalismo” serve de parâmetro para compreender esse pensamento do filósofo e sociólogo polonês. Segundo essa escola, “a categoria ou ideia de fundo não é o ser, mas a relação, não é o sujeito, mas a estrutura. […] Os homens não têm significado e não existem fora das relações que o instituem e especificam o seu comportamento” (REALE; ANTISERI, 2008, p. 83). As relações atravessam toda a obra de Bauman, que vê o ser humano transformado numa estrutura flexível programável para o consumo. As interações sociais e os laços afetivos estão cada vez mais fracos, devido à modernidade líquida. Tudo passa a ter um cunho econômico, focalizando a materialidade nas relações (cf. BAUMAN, 2007, p. 18). O mundo atual oferece muitas escolhas e cada um pode agarrar uma oportunidade e levá-la consigo no seu cotidiano. “Afinal de contas, perguntar ‘quem você é’ só faz sentido se você acredita que pode ser outra coisa além de você mesmo” (BAUMAN, 2005, p. 25). Na época líquido-moderna, o mundo está repartido em fragmentos mal ajustados e as existências individuais seguem o mesmo parâmetro. Elas estão fatiadas numa sucessão de episódios fragilmente conectados. Identidade é uma das palavras que vêm ganhando mais espaço atualmente, quando se faz referência à vida humana e ao papel do indivíduo no meio em que vive. Se no passado a “arte da vida” consistia

em encontrar os meios adequados para realizar os fins propostos, agora se trata de testar, um após o outro, todos (as inúmeras possibilidades) os fins, de acordo com os meios ao alcance. A construção da identidade é infindável, pois seus experimentos nunca terminam. Quando o indivíduo assume uma, existem outras aguardando a sua vez. A liberdade de escolher uma identidade que esteja à disposição no mercado de consumo acaba sendo um valor em si mesmo. A liberdade do indivíduo ante os mecanismos da mídia de massa refere-se à escolha entre o leque de possibilidades oferecido. O indivíduo é livre desde que seja maleável perante as investidas dos modismos criados e desmontados pelos meios de comunicação de massa: Esta insistência na não fixidez, na liberdade de manobra, na prontidão para acrescentar e absorver novas experiências e novas ocasiões de prazer, seja o que for que essas ocasiões venham a mostrar ser, adéqua-se, em última análise, com a contingência essencial, e com o caráter episódico e fragmentado, “não sistêmico”, da existência pós-moderna. […] O traço mais vincado da “qualidade de vida” é existir sempre sob a forma de uma imagem, ao mesmo tempo em que essa imagem se encontra em perpétua mudança (BAUMAN, 1995, p. 86). O protótipo do homem modulado deve ser provisório e não universalizante. Foi justamente isso que a modernidade líquida fez na formação da identidade dos indivíduos. Trata-se de processo contínuo e incessante. A cópia de modelos prontos e acabados pela mídia é algo que se aplica com eficácia ao indivíduo modulado, que não deixa de ser alguém que consome. O único personagem que os praticantes do mercado podem e querem reconhecer e acolher é o Homo consumens: “o solitário, autorreferente e autocentrado comprador que adotou a busca pela melhor barganha como uma cura FRATERNIDADE

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para a solidão e não conhece outra terapia” (BAUMAN, 2004, p. 86). Ele é o único capaz de manter a economia em movimento, sem questionar as influências que levam a seguir determinado exemplo e depois descartá-lo como se troca de roupa. Consumo O consumismo é um conceito novo nos dicionários de ciências humanas, especialmente nos de filosofia. O termo começa a sair do âmbito estritamente econômico e sociológico, ganhando um significado dentro da filosofia: quando o ser humano deixa de ser sujeito e passa a ser objeto na relação de compra e venda. Anteriormente à primeira metade do século XVIII, época em que a Revolução Industrial começava a se propagar, poucas referências são encontradas sobre o consumo, como é entendido atualmente. O consumidor estava virtualmente ausente do discurso do século XVIII. De modo significativo, só aparece em sete dos 150 mil trabalhos da coleção on-line sobre esse século – duas vezes como cliente privado, […] uma como cliente que sofre com os altos preços dos comerciantes e […] três em referência ao tempo (“o veloz consumidor de horas”) (TRENTMANN, apud BAUMAN, 2008, p. 71). O consumo era visto como um componente secundário, com pouca relevância para as teorias econômicas e, menos ainda, para a vida cotidiana concreta. Não aconteceu nenhuma mudança radical no século seguinte, apesar do aumento expressivo e bem documentado nas práticas de vendas, na publicidade e nas lojas. Não há nada desligado das estruturas econômicas vigentes. A tese do fetichismo da mercadoria de Marx também é conhecida como alienação. Segundo essa tese, objetos tornam-se sujeitos e as pessoas tornam-se objetos, ocorrendo uma inversão radical de valores. Com efeito, o ser humano foi sendo coisificado cada vez mais 20

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no capitalismo. Está arraigada na sociedade atual a noção de que tudo o que o ser humano produz é algo vendável ou apresentável com o intuito de obter proveito próprio. A pessoa tenta passar uma imagem de desejo às outras como se fosse uma mercadoria à venda em uma loja. O consumo em si não tem um núcleo, mas, sim, várias estruturas que servem para que ele se perpetue continuamente. Para elaborar uma visão coesa dos consumidores e de suas estratégias de vida, deve-se “reconhecer que esses mercados estão necessariamente incrustados em complexas matrizes políticas e culturais que conferem aos atos de consumo sua ressonância e importância específicas” (BAUMAN, 2008, p. 34). O processo acontece de forma sutil, a ponto de o indivíduo nem perceber o quanto é modelado à racionalização da modernidade líquida. “O consumo, pelo fato de possuir um sentido, é uma atividade de manipulação sistemática de signos” (BAUDRILLARD, 1993, p. 206). Entra aí o papel das forças econômicas que determinam e direcionam as escolhas dos consumidores, visando ao seu proveito. Nesse jogo de interesses, o Estado vem sendo capitalizado e orientado pelos grupos econômicos a propagar o estilo consumista de viver aos seus cidadãos. “Quando o Estado reconhece a prioridade e superioridade das leis do mercado sobre as leis da pólis, o cidadão transforma-se em consumidor” (BAUMAN, 2000,

p. 59). Ele torna-se cada vez mais individualista, pensando em seus próprios ganhos, enquanto aceita cada vez menos a necessidade de participar no governo do Estado. Aumenta a distância entre o ideal de democracia e a sua versão real existente. O que interessa ao cidadão é o consumo próprio, reduzindo-se o mundo a uma gigantesca loja de departamentos, com prateleiras cheias das mais variadas ofertas. O questionamento básico sobre o consumo atualmente é que ele foi redimensionado, passando da ideia de compra de mercadoria e serviços para a da configuração de novas relações sociais, principalmente no âmbito cultural. No contexto atual em que o ser humano se insere […] ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e ninguém pode manter segura sua subjetividade sem reanimar, ressuscitar e recarregar de maneira perpétua as capacidades esperadas e exigidas de uma mercadoria vendável. A “subjetividade” do “sujeito”, e a maior parte daquilo que essa subjetividade possibilita ao sujeito atingir, concentra-se num esforço sem fim para ela própria se tornar, e permanecer, uma mercadoria vendável. A característica mais proeminente da sociedade de consumidores – ainda que cuidadosamente disfarçada e encoberta – é a transformação dos consumidores em mercadorias (BAUMAN, 2008, p. 20). O sonho dos consumidores é tornarem-se agradáveis no mercado das pessoas. Para isso, devem destacar-se da massa uniforme,

usando tecnologias que o mercado consumidor oferece. É uma estrutura que se retroalimenta. Na sociedade de produtores, as pessoas eram valorizadas pelo papel que desempenhavam e seu desempenho financeiro era um prêmio para medir o valor e a dignidade delas segundo sua produção. No novo modelo consumista imediatista, o que interessa é a capacidade de consumir, mesmo que não haja grandes rendimentos. A forma de planejar e organizar a vida na modernidade líquida é antagônica à da modernidade sólida. As relações devem ser estabelecidas a curto prazo, aproveitando as chances que a vida oferece, abandonando as anteriores como quem troca de roupa. Planejamentos para a vida toda parecem ridículos, pois sacrificam os desejos momentâneos em vista de algo posterior no futuro. As estratégias de marketing que faziam parte do âmbito econômico passam a atuar no âmbito existencial. Os objetos de consumo e as vidas humanas adquirem equivalência. Isso porque o consumo ganha nova significação na modernidade líquida, segundo Bauman. É o processo no qual as vidas humanas se transformam em objetos de consumo, indo muito além da simples ideia de compra e venda de mercadorias. O objetivo crucial, talvez decisivo, do consumo na sociedade de consumidores (mesmo que raras vezes declarado com tantas palavras e ainda com menos frequência debatido em público) não é a satisfação de necessidades e vontades, mas a comodificação ou recomodificação do consumidor: elevar a condição dos consumidores à de mercadorias vendáveis. […] Os membros da sociedade de consumidores são eles próprios mercadorias de consumo, e é a qualidade de ser uma mercadoria de consumo que os torna membros autênticos dessa sociedade (BAUMAN, 2008, p. 76). Os indivíduos devem observar os mesmos parâmetros que gos-


tariam que fossem seguidos pelos produtos a serem consumidos. São atraídos às lojas com o objetivo de “encontrar ferramentas e matérias-primas que podem (e devem) usar para se fazerem ‘aptos a serem consumidos’ – e, assim, valiosos para o mercado” (BAUMAN, 2008, p. 82). Longe de ser fácil, essa é uma tarefa extremamente angustiante para os consumidores, devido à volatilidade do mercado e a inexistência de um porto seguro. Na academia, a voz de Bauman soa como denúncia da transformação do ser humano em mercadoria no âmbito da modernidade líquida. A doutrina é incutida desde a educação escolar e os meios de comunicação, amarrando a pessoa dentro de uma estrutura consumista. “É melhor que as crianças se preparem desde cedo para o papel de consumidores/compradores ávidos e informados – preferivelmente desde o berço. O dinheiro gasto no seu treinamento não será desperdiçado” (BAUMAN, 2007, p. 142). A mentalidade consumista perpassa toda a vida humana, transformando as atividades cotidianas em algo que pode ser mercantilizado. As relações com os outros seres humanos, incluindo os amigos e membros da família, passam a ser vistas em termos de mercado, devido à mentalidade consumista. A “mercadorização” das vidas humanas é o estágio mais violento do capitalismo parasitário. Conclusão Não há como negar o papel do consumo na construção da modernidade, da ética e da própria antropologia na atualidade. Com o consumo, Bauman busca explicar a forma de viver dos seres humanos. O autor traz o termo consumo para dentro do campo da filosofia, indo além das abordagens então existentes nos campos da economia, da sociologia e da psicologia. O consumo, na visão de Bauman, é a transformação da vida humana em mercadoria, noção que remete à segunda tese de Marx, o fetichismo da mercadoria. Essa tese

possui dimensão normativa, sendo parcialmente válida no pensamento sociológico contemporâneo. Marx diz que o fetiche recorre à região nebulosa da crença. Os objetos tornam-se sujeitos e as pessoas viram objetos, numa total inversão de valores. As relações sociais e os laços afetivos estão cada vez mais vulneráveis na modernidade líquida. O cunho mercadológico passa a interferir nas relações afetivas, focalizando a materialidade do ser humano. Nunca houve tanta liberdade na escolha de parceiros nem tanta variedade de modelos de relacionamentos; no entanto, nunca os casais se sentiram tão ansiosos e prontos para rever ou reverter o rumo da relação. A relação deixa de existir quando sua utilidade e seu prazer já não despertam o interesse do indivíduo, que pode substituí-la sem se importar com os sentimentos da outra pessoa. A insatisfação nas relações revela profundamente uma insatisfação consigo mesmo, ou seja, por mais que o indivíduo esteja sempre atualizado, nunca será a melhor mercadoria no mercado da afetividade. O medo e a ansiedade de ficar de fora são eminentes. Essa situação é reafirmada na mídia com os “reality shows”, como, por exemplo, o Big Brother. A eliminação e o descarte são constantes e todos correm o risco de sair de cena, mesmo que cumpram corretamente as obrigações. Os sites de relacionamento criam cada vez mais espaços para confissões públicas da vida íntima dos indivíduos. Isso para que as especificações das mercadorias sejam bem-feitas, a fim de chamar a atenção de possíveis pretendentes que queiram estabelecer um relacionamento. A vida interior de cada um é exposta na mídia, já não sabendo os adolescentes diferenciar o que pertence ao público e ao privado. Na busca de serem atraentes e famosos, dificilmente os jovens pensam em construir uma carreira sólida nos campos da arte, da ciência, da filosofia, da tecnolo-

gia, entre outros. Querem tornar-se celebridades e ser desejados como objetos de consumo, mesmo que por breve momento. Destaca-se atualmente o grande uso de antidepressivos. Na sociedade de consumidores, nem todos conseguem ser celebridades ou a melhor opção no mercado. Precisam ser lembrados para serem valorizados e não conseguem superar o descarte. O sofrimento e o modo de aliviar as dores também alimentam o sistema, pois pensam que com medicamentos podem resolver o problema. As pessoas passam a acreditar que, para cada problema, há uma solução na loja. Não foi provado que essa nova atitude diminui as dores humanas; no entanto foi comprovado, além de qualquer questionamento, que a induzida intolerância à dor é fonte inesgotável de lucros comerciais. Ressalta-se que o consumo aliena a vida humana de sua capacidade de refletir, pois o uso livre e consciente da razão limitaria a manipulação. Tem forte influência no consumo a exaltação do tempo presente em detrimento do passado e do futuro. Na vida “agorista” dos indivíduos na modernidade líquida, o motivo da pressa é, em parte, o impulso de adquirir e juntar. Mas o motivo que torna a pressa de fato imperativa é a necessidade de descartar e substituir. Verifica-se que o nível da velocidade é diretamente proporcional à intensidade do esquecimento. As metanarrativas cederam lugar a informações e dados pontuais. O imanentismo presente na vida das pessoas implica explorar e fazer o momento em que se vive de prazer um instante eterno. Essa nova racionalidade não deixa de ser a procura de algo sólido em que se possa ancorar em confronto com a breve existência. O capitalismo parasitário é que propulsiona essa ansiedade de construir-se a si mesmo com a cultura de consumo. Consumir, em Bauman, nada mais é do que o homem investir na avaliação social de si próprio. Na sociedade

de consumidores, traduz-se como vendabilidade. Isso significa obter as qualidades necessárias para atender a demandas de mercado, tornando-se atraente. As dívidas ocorrem na opção por novos produtos, ainda que não possuam o poder aquisitivo para tanto. Essas pessoas nunca foram presas em cadeias, mas encontram-se presas às mercadorias que compraram ou haverão de adquirir. O prazer da compra não dura mais que uma semana, e a dívida talvez perdure anos. Alguém deve ganhar com isso, pois alimenta continuamente a roda da economia. Esse endividamento pode ir além da concepção monetária, sendo a vida exaurida e sugada pelo sistema econômico. A pessoa acredita que é livre, mas no fundo suas escolhas são fabricadas e apresentadas em uma gama de possibilidades preestabelecidas. Se designamos como otimista a pessoa que entende que a humanidade está vivendo na melhor das possibilidades e o pessimista como aquele que desconfia que o seu oponente esteja certo, Bauman não é otimista nem pessimista na sua descrição do homem como mercadoria, mas relata a situação atual e como ela veio a tornar-se manifesta. O autor acredita que outro mundo – alternativo e, quem sabe, melhor – seja possível e que os seres humanos sejam capazes de tornar real essa possibilidade. Mas também – infelizmente – que talvez os indivíduos prefiram ignorar os acontecimentos e continuar a viver na “menoridade”. Eliton Fernando Felczak Bacharel em Administração pela Universidade do Contestado (UnC-SC) e em Filosofia pela Faculdade São Luiz (FSL-SC), pós-graduado em Estudos Bíblicos pela Faculdade Católica de Santa Catarina (Facasc), seminarista da Diocese de Joinville-SC. E-mail: elitonff@yahoo.com.br Fonte: Vida Pastoral, março-abril de 2015 Ano: 56 - Número: 302 FRATERNIDADE

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Para refletir

Informação e Aprendizagem

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ser humano traz consigo o intrigante desejo pelo saber. Esta constatação filosófica feita por Aristóteles na Grécia Antiga pode parecer um tanto óbvia e, portanto, não muito refletida na contemporaneidade. Porém, para além de uma obviedade, há nesta sentença um valor semântico, o qual precisa ser considerado um pilar para o processo de ensino/aprendizagem, seja no âmbito acadêmico, seja na educação informal oferecida pela família e pela sociedade. A afirmação aristotélica quer mostrar que o gênero humano tem a capacidade e a pré-disposição para o aprendizado. Cada indivíduo demonstra traços de interesse em relação à realidade e, à medida que o respectivo interesse se intensifica, é possível esforçar-se para descobrir algo mais sobre a situação em questão. Em outras palavras, o aparato biológico-cognitivo do homem permite a ele buscar informações, orientado por uma intencionalidade e “armazenar” dados verdadeiros, proveitosos e satisfatórios em forma

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FRATERNIDADE

de conhecimento. Desta maneira, constitui-se a aprendizagem. Contudo, encontramos alguns obstáculos para esta importante atividade humana. O desejo pelo saber é manifesto desde muito cedo, haja vista o “empenho” dos bebês no que tange, por exemplo, ao desenvolvimento motor e oral. Mas o sinal mais latente deste desejo é expresso um pouco mais tarde, quando a criança começa a elaborar perguntas. A curiosidade é o sentimento que nos leva a querer saber e, portanto, perguntar sobre o objeto de interesse. A criança é um ser curioso, porém, ao contrário do adulto, não afunila os assuntos sobre os quais quer saber. Ela simplesmente se interessa por, praticamente, tudo aquilo que faz parte do seu mundo. Deste modo, o pequeno aprendiz lança uma vasta quantidade de questões sobre os mais variados assuntos em um curto período. O interlocutor dos questionamentos infantis, geralmente um adulto, encontra-se, muitas vezes, sem resposta precisa ou sem paciência para formular um argumento satisfatório para aquele que

o indaga. Neste cenário, há uma atitude mais confortável: desestimular a curiosidade da criança. É extremamente cômodo dizer aos pequenos que não é agradável perguntar sobre tudo. E também é muito comum chamar uma criança de chata quando ela apresenta os seus porquês. Mas estas simples atitudes convencem esses indivíduos em formação que a curiosidade é algo que deve ser controlado e, por que não, banido de seu comportamento. Deste modo, verifica-se o primeiro desestímulo para a aprendizagem. Outro fator recorrente é o condicionamento de informação, identificado principalmente nos trabalhos e pesquisas escolares, nos quais a criança recebe um comando e deve respondê-lo de maneira objetiva, de forma que satisfaça as exigências curriculares e esteja de acordo com as verdades da disciplina. Deste modo, os questionamentos pessoais não são valorizados e a capacidade de concatenar teoria e prática não é exercitada, pois não há um estímulo para o interesse e a criatividade. Assim, a pesquisa deixa de ser uma ferramenta de enriquecimento pessoal e torna-se

mero caminho de acesso à informação exigida. É óbvio que uma atividade escolar necessita de um mínimo de parâmetros metodológicos e avaliativos, os quais propiciam a formatação e a uniformidade de correspondência aos exercícios propostos. Porém, é preciso reconhecer que o jovem investigador é capaz de ultrapassar os limites de um comando e de aproveitar-se de uma descoberta considerada significante para a construção do seu universo cognitivo e imagético. Por isso, é plausível que os responsáveis pela educação informal incentivem o uso da criatividade, a fim de ampliar as possibilidades de aprendizado e revelar ao formando o seu protagonismo na busca pelo conhecimento. Entretanto, é perceptível que muitas pessoas não estão aptas para atuar como principais quando se trata de robustecer o próprio intelecto. E isso acontece justamente porque não foi oportuno a elas dar passos profícuos nos ambientes interrogativos. Deste modo, tornam-se indivíduos conformados às manchetes e a títulos, mas desinteressadas em relação aos conteúdos de textos.


Neste âmbito, é importante destacar o falta de apetite para a leitura, o que dificulta bastante o crescimento intelectual, tornando o ser em um receptáculo de informações prontas e dependente de reflexões alheias. Quando o ato de ler não é um hábito prazeroso e sim uma atividade árdua, dedica-se a ele o menor tempo possível - e, às vezes, simplesmente, nenhum tempo. Inversamente proporcional ao escasso período dedicado à leitura, constata-se a vasta quantidade de informações “produzidas” e a velocidade com que elas são “distribuídas” pelos mais variados meios de comunicação, principalmente, a internet, ambiente onde o compromisso com a verdade e a validade dos enunciados não é uma máxima primordial. Recorrendo à ótica consumista para entender tal situação, visualiza-se um comércio de dados,

no qual o que importa não é a qualidade do produto, mas o oferecimento do mesmo em larga escala. Infelizmente, em muitos casos, o consumidor não é muito exigente e, assim, satisfaz-se com pouco e propagandeia - com empolgação, convicção e até bons adjetivos aquilo que conhece apenas superficialmente. O precioso potencial humano é desperdiçado em favor do retrocesso da inteligência. As redes sociais testemunham essa promissora comercialização de conteúdo desqualificado. Diariamente notícias falsas e escritos inúteis são disseminados e creditados por um número assombroso de usuários que, contaminados pelo mal hodierno da pressa e despreocupados com o valor da veracidade, encontram no botão de “compartilhar” a solução milagrosa e salvífica para driblar sua falta de tempo e

disfarçar sua ignorância sobre a realidade. Desenvolve-se, então, uma pseudo concepção de aprendizado que se baseia em receber e repassar informação, sem o devido cuidado com a procedência e validade. Esta perspectiva prioriza o número em detrimento do substantivo e do adjetivo. Obviamente, adquirir informações é uma etapa imprescindível no processo de aprendizagem. Mas tão importante quanto dispor de dados é certificar-se da autenticidade deles e organizá-los intelectualmente, ou seja, enquanto conhecimento. Pouco ou nada adianta amontoar uma série de resíduos provavelmente factuais, se não há um interesse em moldá-los para a edificação de corpo teórico recorrente. O desejo de conhecer é o potencial mais precioso que o homem tem por natureza. Cada indivíduo é

responsável por apetecer progressivamente esta dádiva, por meio de práticas intelectuais, objetivando fortalecer o interesse pelo saber autêntico e afastar a satisfação aparente da mera obtenção de informações corriqueiras. O ser humano tende para o conhecimento da verdade e, para tanto, precisa interessar-se, de maneira orgânica, pela realidade e valer-se da curiosidade para impulsionar a pesquisa e, ao mesmo tempo, superar os fatores condicionantes. Jhonatan Roger Rodrigues Dias Professor de Filosofia, Coordenador da Escola de Formação Fé e Vida – Curso Livre de Teologia para Leigos e Secretário de Tesouraria e de Administração da Paróquia São Francisco de Assis – Área Pastoral de Vila Velha/ES FRATERNIDADE

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Irmandade

Da mesma carne É preciso “repor a fraternidade no centro da nossa sociedade tecnocrática e burocrática”, disse o Pontífice na audiência geral de quarta-feira, 18 de fevereiro, na Praça de São Pedro. Continuando a série de catequeses dedicadas à família, o Papa falou sobre a figura dos irmãos

P

rezados irmãos e irmãs, bom dia! No nosso caminho de catequeses sobre a família, depois de ter meditado sobre o papel da mãe, do pai e dos filhos, agora é a vez dos irmãos. “Irmão” e “irmã” são palavras que o cristianismo aprecia muito. E, graças à experiência familiar, são palavras que todas as culturas e épocas compreendem. O laço fraternal ocupa um lugar especial na história do povo de Deus, que recebe a sua revelação na vivência da experiência humana. O salmista canta a beleza do vínculo fraterno: “Como é bom, como é agradável os irmãos viverem em unidade!” (Sl 133 [132], 1). E é verdade, a irmandade é bonita! Jesus Cristo levou à sua plenitude também esta experiência humana do ser irmãos e irmãs, assumindo-a no amor trinitário e fortalecendo-a para que vá muito além dos vínculos de parentela e possa superar todos os muros de alienação. Sabemos que quando a relação fraternal se corrompe, quando se desvirtua o relacionamento entre os irmãos, abre-se o caminho para dolorosas experiências de conflito, traição e ódio. A narração bíblica de Caim e Abel constitui o exemplo deste resultado negativo. Após o assassínio de Abel, Deus pergunta a Caim: “Onde está o teu irmão Abel?” (Gn 4, 9a). É uma interrogação que o Senhor continua a repetir a cada geração. E infelizmente, em cada geração, não cessa de se repetir também a dramática resposta de Caim: “Não sei. Sou porventura eu o guarda do meu irmão?” (Gn 4, 9b). A ruptura do vínculo entre irmãos é 24

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algo desagradável e negativo para a humanidade. Também em família, quantos irmãos discutem por causa de coisas insignificantes, ou de uma herança, e depois deixam de se comunicar, de se saudar uns aos

outros. Isto é feio! A fraternidade é algo grandioso, quando se pensa que todos os irmãos habitaram no ventre da mesma mãe, durante nove meses, e vêm da carne da mesma mãe!

E não se pode interromper a fraternidade. Pensemos um pouco: todos nós conhecemos famílias com irmãos divididos, que discutiram; peçamos ao Senhor por estas famílias — talvez na nossa família haja alguns casos — que as ajude a reunir os irmãos, a reconstruir a família. A fraternidade não se deve interromper, porque quando se interrompe, verifica-se o que aconteceu com Caim e Abel. Quando o Senhor pergunta a Caim onde


estava o seu irmão, ele responde: “Não sei, não me interesso pelo meu irmão!”. Isto é desagradável, é algo muito doloroso de ouvir. Nas nossas preces oremos sempre pelos irmãos que se dividiram. O laço de fraternidade que se forma em família, entre os filhos, quando se verifica num clima de educação para a abertura ao próximo, é uma grande escola de liberdade e paz. Em família, entre irmãos, aprendemos a convivência

humana, como devemos conviver na sociedade. Talvez nem sempre estejamos conscientes disto, mas é precisamente a família que introduz a fraternidade no mundo! A partir desta primeira experiência de fraternidade, alimentada pelos afetos e pela educação familiar, o estilo da fraternidade irradia-se como uma promessa sobre a sociedade inteira e sobre as relações entre os povos. A bênção que Deus, em Jesus Cristo, derrama sobre este vínculo de fraternidade dilata-o de modo inimaginável, tornando-o capaz de ultrapassar todas as diferenças de nação, língua, cultura e até de religião. Pensai no que se torna o vínculo entre os homens,

mesmo que sejam muito diversos entre si, quando podem dizer uns aos outros: “Para mim, ele é como um irmão, ela é como uma irmã!”. Isto é bonito! De resto, a história demonstrou suficientemente que, sem a fraternidade, até a liberdade e a igualdade podem encher-se de individualismo e conformismo, também de interesse pessoal. A fraternidade em família resplandece de modo especial quando vemos o esmero, a paciência e o carinho com os quais são circundados o irmãozinho ou a irmãzinha mais frágeis, doentes ou deficientes. Os irmãos e as irmãs que agem assim são muitíssimos, no mundo inteiro, e talvez não apreciemos de modo suficiente a sua generosidade. E quando numa família os irmãos são numerosos — hoje saudei uma família com nove filhos: o mais velho ou a mais velha ajuda o pai, a mãe, a cuidar dos mais pequeninos. Como é bonito este trabalho de ajuda entre os irmãos! Ter um irmão, uma irmã que nos ama é uma experiência forte, inestimável, insubstituível. Acontece o mesmo com a fraternidade

cristã. Os mais pequeninos, frágeis e pobres devem enternecer-nos: eles têm o “direito” de arrebatar a nossa alma, o nosso coração. Sim, eles são nossos irmãos, e como tais devemos amá-los e tratá-los. Quando isto acontece, quando os pobres vivem como em casa, a nossa fraternidade cristã retoma vida. Com efeito, os cristãos vão ao encontro dos mais pobres e frágeis não para seguir um programa ideológico, mas porque a palavra e o exemplo do Senhor nos dizem que somos todos irmãos. Este é o princípio do amor de Deus e de toda a justiça entre os homens. Sugiro-vos algo: antes de concluir, só me faltam poucas linhas, cada um de nós pense nos próprios irmãos e irmãs e, no silêncio do coração, reze por eles. Um momento de silêncio! Eis que com esta prece os trouxemos todos, irmãos e irmãs, com o pensamento, com o coração, aqui à praça para receber a bênção. Hoje é mais necessário do que nunca repor a fraternidade no centro da nossa sociedade tecnocrática e burocrática: assim, também a liberdade e a igualdade tomarão a sua correta modulação. Por isso, não privemos com leviandade as nossas famílias, por sujeição ou medo, da beleza de uma ampla experiência fraternal de filhos e filhas. E não percamos a nossa confiança na vastidão de horizonte que a fé é capaz de obter desta experiência, iluminada pela Bênção de Deus. Fonte: L’Osservatore Romano Ano XLVI, número 8 (2.351) 19 de Fevereiro de 2015 FRATERNIDADE

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Testemunho

Sobre meu encantamento com a Carta Encíclica Fides et Ratio

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u me pergunto por que nos martirizamos tanto estudando e trabalhando, sempre em busca de uma melhor posição social, em busca de uma condição financeira melhor, como se isso fosse preencher o vazio que trazemos em nosso coração. Há algum tempo, tornou-se certo para mim que o conhecimento que mais importa não vem dos livros nem de nada que possamos apreender dos acontecimentos ordinários deste mundo. Não importa em que época aconteceu a Primeira ou a Segunda Guerra Mundial, não importa como se formou o Estado Islâmico, não importa como a China se tornou uma potência econômica, não importa qual é a tecnologia utilizada no celular de última geração. Não importam os fatos. O que importa são as pequenas relações que acontecem dentro desses contextos. O que importa é como, por que e para que o homem faz tudo o que faz. Esse conhecimento permanecerá. Quanto ao outro, não vejo

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aplicabilidade depois que tudo ruir. Isso me leva a pensar que a educação deveria primar, desde os primeiros anos, pela espiritualização do indivíduo. E tudo o mais seria então acrescentado. Ao ler a Carta Encíclica Fides et Ratio, escrita pelo Papa João Paulo II em 1998, essa certeza se confirmou dentro do meu coração. Quanta sabedoria! Páginas e mais páginas de pura filosofia, do mais apurado conhecimento. Tudo ao alcance de um clique, como praticamente todas as coisas neste mundo digital, e disponível para quem interessado estiver. A cada página virada, um novo questionamento, e lá estava, na página seguinte, mais uma resposta. E assim veio mais uma confirmação de que minhas buscas estão no caminho certo. “Conhecereis a verdade e a verdade libertar-vos-á”, lembra um trecho da Encíclica citando o Evangelho de São João. O documento todo é escrito nesse tom desafiador, mas ao mesmo tempo respeitoso para com o conheci-

mento construído pelo homem por meio do livre pensar. A Encíclica defende que fé e razão devem caminhar juntas para que o homem alcance a liberdade. O pecado, porém, corrompeu a nossa razão, limitou a nossa forma de pensar. Mas ainda assim trazemos dentro de nós a nostalgia de Deus, e isso nos impulsiona a buscá-lo. O meio em que vivemos nos limita, a educação que recebemos torna-nos míopes, nossas crenças aprisionam nossa liberdade de pensar, e no meio disso tudo está a Igreja e o grande desafio de levar a verdade para todos que

ainda não viram, não ouviram, não foram livres para pensar fora do contexto de suas crenças e que, portanto, ainda não crêem. Um desafio colocado para todos nós que somos Igreja! A solução para esse desafio não é fácil, mas descobri que a Igreja que eu sigo tem as respostas que eu busco todas à minha disposição. E é deste conhecimento que eu quero beber mais e mais a partir de agora. Juliana A. Loriato Rodrigues Aluna da Escola de Formação Fé e Vida – Curso Livre de Teologia para Leigos


Permanentes Atividades Religiosas na Paróquia São Francisco de Assis - Área Pastoral de Vila Velha/ES Comunidade São Francisco de Assis – Matriz

Comunidade Sagrado Coração de Jesus

Rua Doutor Jair de Andrade, s/n.º - Praia de Itapoã - Vila Velha/ES - CEP: 29.101-700 Rua Fortaleza, n.º 645 - Praia de Itapoã - Vila Velha/ES - CEP: 29.101-575 Tel.: (27) 3329-8700 / Fax: (27) 3349-1491 - Email: saofranciscodeassis@portadeassis.com.br Tel.: (27) 3340-9391 - E-mail: sagradocoracaodejesus@portadeassis.com.br Dia Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira

Hora

Evento

19h 19h30 06h30 21 às 22h

Novena Perpétua pelas Almas do Purgatório Missa pelas Almas do Purgatório Missa com a bênção do Pão de Santo Antônio Adoração ao Santíssimo Sacramento com os jovens Grupo de Oração “O Bom Pastor” Missa Missa Missa Missa Missa Missa Missa

19h30 19h30 06h30 06h30 19h 07h 17h 19h

Sábado Domingo

Outras Missas Missa, seguida pela manhã de Adoração, finalizando às 12h, com a 06h30 bênção do Santíssimo Sacramento Missa devocional a São Francisco de 12h Assis - Padroeiro Paroquial 19h30 Missa (com Oração por Cura e Libertação)

Primeira sexta-feira Todo dia 04 Última segunda-feira

Dia Quarta-feira Sábado Domingo Primeira sexta-feira

Comunidade Bom Pastor

Rua Romero Botelho, s/n.º - Praia da Costa - Vila Velha/ES - CEP: 29.101-420 Tel.: (27) 3299-5538 - Email: bompastor@portadeassis.com.br Dia Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado Domingo

Expediente na Igreja Matriz Atendimento do Pároco

Terças-feiras Quartas-feiras Sextas-feiras Segundas-feiras às Sextas-feiras Sábados

Secretaria Paroquial

Das 14 às 18h Das 14 às 18h Das 16 às 18h Das 08 às 12h; e das 13h30 às 17h30 Das 08 às 12h

Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe

Av. Estudante José Júlio de Souza, s/n.º - Praia de Itaparica - Vila Velha/ES - Cep 29102-010 Tel.: (27) 3299-0951 - E-mail: nossasenhoradeguadalupe@portadeassis.com.br Dia Terça-feira

Hora 19h30 06h30

Quinta-feira

14h às 18h 19h30

Sábado Domingo

18h 11h

Evento Missa Missa seguida de Adoração ao Santíssimo com a bênção do Santíssimo Sacramento às 18 horas Atendimento do Padre Grupo de Oração “Nossa Senhora de Guadalupe” Missa Missa

Alfas - Associação Lar Frei Aurélio Stulzer

Rua Romero Botelho, s/n.º - Praia da Costa - Vila Velha - ES - CEP: 29.101-420 Tel.: (27) 3329-7075 - Email: lar_stulzer@ig.com.br / alfas@portadeassis.com.br Dia Todas as 2as terças-feiras do mês

Hora 15h

Evento Missa com a bênção do Pão de Santo Antônio

Hora Evento 15h Grupo de Oração “Sagrado Coração de Jesus” 19h30 Missa 18h Missa 10h Missa 19h Missa Outras Missas 15h Missa da Saúde e da Paz

Hora Evento 08h Missa 09h às 11h Atendimento do Padre 19h30 Grupo de Oração “Imaculada Mãe de Deus” 19h30 Missa 08h Missa 08h30 Missa 17h30 Missa

Comunidade São Pedro Pescador

Rua Goiânia, n.º 470 - Praia de Itapoã - Vila Velha/ES - Cep 29101-780 Tel.: (27) 3319-9987 - Email: saopedropescador@portadeassis.com.br Dia Terça-feira Quinta-feira Sábado Domingo

Hora 06h30 19h30 19h30 10h

Evento Missa Missa Missa Missa

Faave - Fundação de Assistência a Amparo à Velhice

Rua Mário de Almeida, n.º 50 - Praia de Itapoã - Vila Velha/ES - Cep 29101-752 Tel.: 3329-9414 - E-mail: faave3@hotmail.com / faave@portadeassis.com.br Dia Toda 1ª quinta-feira de cada mês

Hora 15h Missa

Evento

Comunidade Santa Clara de Assis

(Correspondências devem ser enviadas à Matriz) Dia Todas as 1as e 4as terças-feiras do mês

Hora Evento 19h30 Missa - no estacionamento dos Correios - ao lado da Casa Útil em Praia de Itapoã - Vila Velha - ES

Acesse nosso site: www.portadeassis.com.br FRATERNIDADE

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Fraternidade: Igreja e Sociedade Ó Pai, alegria e esperança de vosso povo, vós conduzis a Igreja, servidora da vida, nos caminhos da história. A exemplo de Jesus Cristo e ouvindo sua palavra que chama à conversão, seja vossa Igreja testemunha viva de fraternidade e de liberdade, de justiça e de paz. Enviai o vosso Espírito da verdade para que a sociedade se abra à aurora de um mundo justo e solidário, sinal do Reino que há de vir. Por Cristo Senhor nosso. Amém!


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