POPmagazine março2015

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O que é que há, Velhinho?

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Efeito Tsunami Fight!11 Nutrindo12

por Jéssica Borrelli

Planeta Bola13


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Ponto Chic

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Olhar Olímpico

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Bela

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Entrevista com Astrid Fontenelle

Editora: Andréa Alves Redação: Andréa Alves, Jéssica Borrelli, Lucas Félix, Marcelo Dourado e Mariana Silveira Foto da Capa: Tricia Vieira/Divulgação GNT Designer e Diagramação: Andréa Alves


Finalmente estamos de volta, foi um longo percurso até chegarmos aqui, mas valeu a pena, tudo sempre vale a pena quando é feito com amor. E amor é a palavra que melhor define o motivo de estarmos todos aqui, amor pelo que fazemos, amor por compartilharmos nossas expleriências e nosso aprendizado com vocês. A POPmagazine está voltando de cara nova, tá certo, nem tão nova, porque as melhores coisas continuam aqui, não haveria como não estarem, não é?! Com exceção dessa que vos escreve, teremos um time novinho em folha, uma turma super bacana que está louca para interagir e trocar experiências como nosso leitores. Para isso basta dar uma olhada da seção “Enquanto isso...” que vocês encontrarão os contatados de cada um. Nossa primeira capa de nosso retorno é uma das jornalistas mais respeitadas e queridas de nosso país, Astrid Fontenelle. 04 POPmagazine


Conversamos sobre tudo, carreira, filhos, amigos, aborto, racismo... um papo desses que não dá vontade de terminar. Teremos colunas bacanérrimas com diversos temas, a já conhecida Efeito Tsunami, onde abordo de forma irônica alguns temas atuais, a coluna Fight! do Marcelo Dourado, onde ele falará sobre MMA e todo o universo que cerca um dos esportes mais assistidos do Mundo. O Lucas Félix chega arrebentando nos esportes, ele terá duas colunas, uma sobre futebol a Planeta Bola e outra que nos contará um pouco mais sobre cada esporte Olímpico, a Olhar Olímpico. Mariana Silveria tomará a frente da coluna Bela, onde continuaremos falando sobre beleza e ensinando à vocês aqueles truquezinhos mágicos para estarmos sempre lindas e prontas para qualquer ocasião. E fechando nosso #teamPOP, a badaladérrima Nutricionista Jéssica Borrelli nos ensinará como nos alimentarmos melhor, mesmo com toda essa correria do dia-a-dia. Espero que tenham gostado das novidades e a POPmagazine volte a fazer parte da vida de vocês.

, o j i e B Andréa Alves

Namastê! POPmagazine

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O que é que há, Velhinho?

por Lucas Félix Não é qualquer um que supera as 7 décadas de vida ainda em forma. Esse é o caso do Pernalonga, o maior personagem de animação de todos os tempos.

lado do Hortelino, sendo ambos igualmente criados do Tex Avery e já disparou seu bordão "Whats up, Doc?", que traduzido ilustra o título dessa matéria.

A partir dali, foram diversos curtas estrelados ao longo do que se chama de era de ouro da animação, quando diversas figuras que atravessam gerações foram desenvolvidas, principalmente no encalço da demanda por O segundo lugar na ocasião foi entretenimento fácil durante o período de Homer Simpson, enquanto seu ar- da II Guerra Mundial. quirrival Patolino ficou numa distante 14ª posição e o orelhudo Mickey MouJá nos anos 1960, a popularizase foi o 19º. ção foi ainda maior com a migração das telonas para as telinhas, o que Mas essa trajetória de sucesso aconteceu também aqui no Brasil. foi iniciada bem antes do século XXI. A primeira aparição do "Bugs Bunny" nas Em simultâneo com a popularitelas americanas foi em 1940. Ou seja, dade em alta, o Pernalonga cada vez depois de outros ícones como o pró- mais se tornou uma espécie de emprio Mickey, o Popeye e o Gato Félix. baixador dos estúdios Warner Bros, representando a marca em diversas No curta "The Wild Hare", o então ocasiões, tal qual o Mickey se tornava coelho de traços fortes contracenou ao o símbolo da Disney. Pelo menos é isso que apontou o público estadunidense em 2002, durante votação realizada no cinquentenário da popular revista "TV Guide".

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Bem antes dessa dominação mercadológica, a ideia da Warner surgiu ainda na década de 1920 com os irmãos Harry, Albert, Sam e Jack, judeus poloneses que emigraram ao Canadá quando seu território ainda era Para conhecer bem o Pernalon- parte do Império Russo. ga, é preciso desvendar tudo que enLigados com a arte, eles iniciavolve a marca Warner, que nada mais é do que uma subsidiária da controver- ram seus trabalhos no teatro, mas sa companhia Time Warner, empresa conseguiram adentrar Hollywood com que teve relações com a fundação da o sucesso do cão Rin Tin Tin, trazido da França por um soldado americano TV Globo, por exemplo. após a Primeira Grande Guerra. A empresa controla empresas A empresa seria pioneira nas déque poucos podem associar com o orelhudo, como a HBO e revistas do cadas seguintes em inovações de cor porte de Marie Claire e People em suas e som, como com o clássico Casablanca, que chegou a faturar o Oscar. versões internacionais.

Universo Warner

No Brasil, possui o controle de diversos canais da TV a cabo, dos filmes do TNT até a recente parceria firmada com o Esporte Interativo, que possibilitou a aquisição da Liga dos Campeões da Europa pelo canal.

Após a Segunda Guerra, esse braço cinematográfico passou por um processo ainda vigente de se tornar menos cult e se popularizar para atingir as massas. Em simultâneo com a investida similar na TV, a tática deu certo e transformou o grupo em um império.

Uma Cilada Para Roger Rabbit Os personagens célebres de Warner e Disney finalmente se encontraram em 1988, quando Steven SpielPOPmagazine

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lado de Michael Jordan e boa parte da trupe dos Looney Tunes. Com um enredo baseado em extraterrestres que roubam poderes de astros da NBA, a liga profissional de basquete dos Estados Unidos, a trupe de animações liderada pelo Pernalonga vê apenas em Jordan uma chance de reverter o caos que seria gerado por uma vitória alien em jogo contra os "LT", definido após uma aposta. O filme arrecadou mais de 300 milhões de dólares e ainda hoje é berg conseguiu o improvável e reuniu destaque na televisão brasileira, onde o coelho e o rato no longa. Ambos eventualmente é transmitido na "Sesapareceram cronometradamente com são da Tarde", da Globo. o mesmo espaço no filme. Ano passado, circularam boatos O filme relembra os anos 40, a de que LeBron James poderia estrelar era dourada de Hollywood, e mostra uma segunda versão do filme. um mundo em que os personagens de animação convivem normalmente na chamada Desenholândia com os seres humanos, introduzindo o estilo hoje consagrado como live action.

Space Jam, o Jogo do Século

Looney Tunes De Volta À Ação O mais recente longa lançado segue de 2003. Na produção, o coelho ajuda o penoso Patolino após ele ser demitido da Warner, que não o acha mais engraçado.

Nos anos 1990, o Pernalonga briApós essa saída, ele acaba lharia sozinho nos cinemas, ou melhor, muito bem acompanhado. Em "Space se tornando uma espécie de herói Jam", o personagem contracena ao auxiliado pelo Pernalonga em busca 08 POPmagazine


de um diamante que pode ser utilizado pelas indústrias ACME para transformar todos em macacos, mas na missão termina reencontrando seu caminho artístico.

Além das Telonas E não é pelo tempo longe das telonas que o Pernalonga pode ser considerado em baixa. Pelo contrário. Dificilmente ele teve outra época em que era alvo de tantos licenciamentos, incluindo games, camisas e produtos escolares. Tudo com a marca de um dos pouquíssimos personagens presentes na calçada da fama.

rie e mostra o personagem reforçando suas características irônicas, que seguem cativando não apenas o público infantil, mas também diversos adultos. No Brasil, a produção é exibida pelo Cartoon Network e pelo SBT. A série tem episódios de cerca de 20 minutos, o tempo padrão das comédias na televisão estadunidense, apesar de ir ao ar prioritariamente nos canais de animações. No show, o Pernalonga e o Patolino dividem uma casa, tendo vizinhos nada convencionais, como o Hortelino e a Lola Bunny. Outros clássicos como o Ligeirinho e o Marciano também participam eventualmente. Em cada episódio, ainda foram ressuscitadas as clássicas “Merrie Melodies”, que nada mais são do que clipes de encerramento dos episódios que geralmente são temáticas para ocasiões festivas.

Outro pioneirismo dele é estar presente em um selo do serviço postal americano, estando entre os mais vendidos de todos os tempos, ao lado dos que ilustram Elvis Presley e Marilyn Monroe. Além disso, os derivados, De certo, se trata de apenas mais como a versão baby ou o Perninha de um capítulo de uma história de absolu“Tiny Toon” também possuem uma to sucesso ao redor do mundo em pralegião de fãs. ticamente todas as mídias.

Sucesso Atual Esses seguem acompanhando as aventuras do “The Looney Tunes Show”, que adota um formato de sé-

s! k l o F l l a Thast’s


E agora que o Mundo está chato, quem irá nos salvar? Certa vez perguntei ao Zé do Caixão que crime eu precisaria cometer para minha vida virar um filme, já que o cinema nacional estava arrecadando milhões com a história de pessoas que cometeram crimes como prostituição, tráfico de drogas e estelionato. Agora me vejo no mesmo impasse depois que um programa televisivo entrevistou assassinos. Desde então, me pergunto constantemente onde foi que eu errei. Ter concluído duas faculdades, dois cursos técnicos e alguns outros cursos que, tecnicamente, ajudariam a alcançar fama e sucesso não me valeram de nada, nem para dar uma entrevista para folhetim de paróquia de cidade do interior eu sou chamada. A coisa está cada vez pior e as pessoas ficam indignadas com o beijo de duas senhoras em rede nacional no horário nobre enquanto exaltam e glorificam o apresentador que tenta transformar criminosos julgados e condenados que cumprem pena em cidadãos 10 POPmagazine

respeitáveis. Fala sério?! Que parada é essa que vocês estão bebendo? Pra mim pode ser dose dupla on the rocks. E os politizados de plantão? Agora todo mundo entende de política, descobriram que o Facebook pode ser palanque e diariamente fazem seus discursos oposicionistas. Perguntem aos mesmos patriotas qual o dia da Proclamação da República e peçam à eles que cantem o respectivo hino. Dou minha cara à tapa no palco do Faustão se um deles se sair bem. E essa turminha do politicamente correto? Não pode isso, não pode aquilo, porque é bullying, porque glutén faz mal, porque lactose faz mal, porque tudo é fobia, fobia de gordo, fobia de gay, fobia de ter fobia. Será que eles sabem que fobia significa medo??? Na boa, o Mundo não está chato, vocês que não cresceram!

Andréa Alves


O uso de substâncias proibidas e seu impacto no MMA Se você acompanha o MMA há um bom tempo e se mantém informado, vai lembrar que o papo vem sempre à tona, mudam apenas os protagonistas. Enquanto isso, cai a máscara que cobre uma prática mais que habitual entre a maioria dos competidores e expõe à sociedade um problema real, que sai dos ringues e pode influenciar jovens praticantes. Para tentar solucionar o problema, após o incidente envolvendo Anderson Silva, Dana White se pronunciou em alto e bom som que, resumidamente, “começaria uma guerra contra o uso das substâncias proibidas”. Existe uma enorme economia por trás do comércio de esteroides e hormônios sintéticos em geral. Aqui no Brasil, atletas aplicam indiscriminadamente em vestiários. Não existe antidoping em nosso território quando o assunto é MMA. Além de caro, ele necessita de laboratórios especializados e uma sistemática de fiscalização. Nossos eventos são

um festival de “ajuda” sintética, com uso indiscriminado de substâncias. A indústria farmacêutica tenta driblar todos os controles e se empenha em desenvolver novas fórmulas para as trapaças. E a simples descoberta de casos isolados de nada adianta. Em competições grandes como o UFC, fica mais fácil obter recursos e formar uma estratégia para melhorar um pouco. O uso controlado, com níveis a serem cumpridos, seria a melhor opção. Usada para a recuperação muscular e prevenção de lesões, com acompanhamento médico e exames constantes para verificar a saúde e se o atleta se encontra dentro dos padrões exigidos. E continuamos na busca por um esporte mais justo e leal, com a devida dosagem entre a permissividade absoluta e a ineficiência atual.

Marcelo Dourado POPmagazine

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Qual a dieta ideal para emagrecer? Dieta Atkins, South Beach, Dukan, da Sopa, Baixo carboidrato, Rica em gorduras, provavelmente já ouviu falar ou fez alguma destas, certo?! Dietas muitos restritivas são difíceis ou quase impossíveis de seguir em longo prazo, o que gera uma angustia e ansiedade, já que muitos alimentos são proibidos. Normalmente o que mais atrai na escolha da dieta são as promessas de resultados rápidos, o que não deixa de ser verdade, porém muito difíceis de manter para sempre. Entenda que nosso organismo é como se fosse uma máquina que precisa do combustível certo para funcionar em sua capacidade máxima. A comida tem função muito maior do que simplesmente matar a fome, cada nutriente age em uma reação diferente, fazendo nosso metabolismo funcionar da maneira ideal, contribuindo para a eliminação de toxinas. Faça um check nos itens abaixo que você já incluiu como HÁBITO, os que ainda não, coloque como meta para o próximo mês. • Ingerir líquido suficiente ao dia, sendo no mínimo 60% de água. Em média 2 litros/dia, mas pode variar de individuo 12 POPmagazine

para individuo; • Evite ao máximo frituras e gorduras saturadas como queijos amarelos, creme de leite, leite integral, molhos cremosos, etc; • Reduza o consumo de açúcar e carboidratos refinados como, pão branco, farinhas e massas brancas. Substitua pelos cereais integrais; • Consuma diariamente salada de folhas e legumes cozidos no almoço e jantar, pelo menos ½ prato, além das fibras, vitaminas e minerais, são riquíssimos em compostos antioxidantes que evitam o envelhecimento das células; • Reduza o sal, substitua por ervas como alecrim, manjericão, pimenta, cebolinha, salsinha, etc. Elas dão um sabor diferente a comida, sem prejudicar a pressão arterial. • Quanto menos industrializado, melhor. Além das calorias vazias, são ricos em corantes, adoçantes, conservantes. Quanto mais natural for sua alimentação, maior será a ingestão de nutrientes importantes para o emagrecimento saudável.

Jéssica Borrelli


A última do moicano Recorde de público além dos clássicos e também de audiência na televisão, chamou atenção a comoção gerada pela despedida de Léo Moura do Flamengo. O capitão foi saudado por 30 mil torcedores no Maracanã antes de partir rumo aos Estados Unidos. Com a braçadeira do antigo camisa 2, a vez de ser de Wallace, enquanto o substituto na lateral-direita será Pará. Resta saber se algum deles igualará os feitos de Léo em 10 anos de clube, incluindo mais de 500 jogos e quase 50 gols.

Enquanto isso... Rivais de Tardelli em Minas, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart também migraram para mercados periféricos, mas foram esquecidos no chamado do selecionado.

MG em baixa? Pelo menos nesse começo de temporada, parece ter terminado a fase de ouro dos mineiros no futebol nacional. Cruzeiro e Atlético vem tendo desempenhos pífios na Libertadores e suas esperanças de classificação vem de maus resultados dos adversários pelas Fazendo a América... Além de Léo Moura, Kaká, David Villa vagas. e Frank Lampard são outros nomes de destaque que irão atuar no "soccer" em Base 2015. Até Ronaldo já cogita voltar aos A Seleção sub-17 está disputando o Sul -americano da categoria no Paraguai. gramados nos EUA. A expectativa é de apagar a péssima impressão deixada pelo sub-20, que Fazendo a Ásia... Diego Tardelli foi o nome que mais cha- não passou do 4º lugar. Os vascaínos mou atenção na convocação de Dun- Evander e Andrey são duas das maioga para os amistosos contra França e res apostas do técnico Caio Zanardi em Chile. Não pela fase com a amarelinha, busca de bons resultados. que foi das melhores sob a batuta do novo velho treinador, mas sim pelo ineditismo do chamado de um atleta que atua na China.

Lucas Félix POPmagazine

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por Mariana Silveira



A história do bar paulistano onde foi criado o Bauru, um dos sanduíches mais famosos do Mundo

O Bar

Eram frequentadores assíduos do bar alguns dos integrantes do Movimento Modernista, como Mario e Osvald de Andrade, assim como artistas, estudantes do Largo São Francisco, O Ponto Chic, um bar tradicional jogadores de futebol e jornalistas. Atrada cidade de São Paulo, foi inaugurado vés do jornalista Blotas Junior, era posem 1922 por Odílio Ceccini, coinciden- sível saber quais seriam as manchetes temente na Semana de Arte Moderna. da Gazeta Esportiva antes mesmo que o jornal saísse. O lugar era todo recoberto por azulejos franceses, balcão era de márEm meados de 1977, o Odílio, more e lustres importados, como ain- decidiu que fecharia o bar depois de da não possuía um nome na fachada receber uma ordem de despejo. Foi seus clientes começaram a chama-lo então que Antônio Alves de Sousa, anpor “lugar chique”, de onde se origina- tigo funcionário da casa acreditou que ria o nome. a história desse bar não deveria morrer

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e depois de um acordo com seu ex-patrão, reabriu o bar Ponto Chic. Porém, o bar foi reaberto em Perdizes, apenas em 1980 a unidade de Paissandu foi reaberta. Por último, em 1986, o Ponto Chic se instala em uma nova unidade em um ponto de referência de São Paulo: a unidade do Paraíso está localizada logo no começo da Avenida Paulista. Antônio Alves continua supervisionando todas as unidades com grande valia e com um desempenho de dar inveja a muitos jovens, nada acontece sem o seu aval, ressalta José Carlos de Souza, filho do Sr. Antônio e também proprietário do Ponto Chic.

Os Baurus

o Carlos já ia fechando o pão eu falei: ‘calma, falta um pouco de albumina e proteína nisso’. Eu tinha lido em um opúsculo livreto de alimentação para crianças, da Secretaria de Educação e Saúde, escrito pelo ex-prefeito Wladimir de Toledo Pisa, também frequentador do Ponto Chic , que a carne era rica nesses dois elementos. Então falei para botar umas fatias de rosbife junto com o queijo. E já ia fechando de novo quando eu tornei a falar: falta vitamina, bota aí umas fatias de tomate.”

Casemiro Pinto Neto era, na época, estudante de direito do Largo do São Francisco e locutor do Repórter Esso, conhecido pelo apelido de Bauru, por falar muito de sua terra natal, em depoimento publicado enquanto estava vivo, ele contou como foi que, em 1936, criou o tão famoso saduíche: “Era um dia que eu estava com muita fome. Cheguei para o sanduicheiro Carlos e falei para abrir um pão franQuando estava comendo o seu cês, tirar o miolo e botar um pouco de queijo derretido dentro. Depois disso segundo sanduíche, seu amigo QuiPOPmagazine

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continua sendo até hoje o mesmo de sua origem e elaborado de uma forma artesanal como quando de sua criação.” O pepino em conserva, que hoje é tradicional do Bauru, só foi adicionado nos anos 50 pelos frequentadores que gostavam de tomar muito chopp e argumentavam que o pepino serviria como tira-gosto.

O Livro

co, Antônio Boccini Júnior, pegou um pedaço do sanduíche do Casemiro, depois de provar e aprovar a iguaria, gritou ao Carlos que fizesse um sanduíche do Bauru, e assim foi criada a guloseima e batizada com o apelido do criador.

Em comemoração aos 90 anos do Ponto Chic, foi lançado em 2012 o livro “Um bar na história de São Paulo”, a ideia de escrever esse livro surgiu do José Carlos quando percebeu seus filhos discutindo sobre fatos históricos da cidade de São Paulo e observou que ali estaria um gancho perfeito para contar a história da cidade juntamente com a do restaurante.

A obra literária foi escrita pelo jornalista Angelo Iacocca, um italiano que Ele formou-se em direito, traba- reside em São Paulo desde 1963, ele lhou no famoso programa de rádio, retirou todas as informações para esRepórter Esso e na TV Record até sua crever o livro de arquivos e depoimentos de antigos frequentadores. morte em 1983, aos 69 anos. Segundo José Carlos, o principal segredo do Bauru é psicológico, “ele consegue remontar lembranças do passado e trazer consigo o sabor dos desbravadores. O sabor do sanduíche 20 POPmagazine

“Me faz um daquele do Bauru!”


Ingredientes: 1 pão francês rosbife 100g de queijos suíço ou prato, estepe e gouda 50g de manteiga 3 rodelas de tomate 3 rodelas de pepino em conserva Em uma assadeira coloque água para fundir os queijos em banho-maria. Coloque os queijos uma fatia em cima da outra e, deixe-os derreter bem. Só retire quando eles estiverem bem fundidos e moles. Com uma colher, puxe um pedaço do queijo. Se ele cair de volta rapidamente na assadeira, é que está no ponto ideal para ir ao pão.

Corte o pão na metade e reservar. Pegue a metade mais gordinha e retire o miolo, na outra metade, coloque as fatias de rosbife, tomate e pepino

Coloque o queijo na parte do pão que você retirou o miolo e feche o lanche

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Tradição da chama olímpica vai aquecer 250 cidades do Brasil Faltam cerca de 500 dias para que a tocha olímpica entre no estádio do Maracanã diante dos olhares atentos de dezenas de milhares de pessoas nas arquibancadas e outros bilhões ao redor do planeta. Enquanto esse momento não chega, a coluna "Olhar Olímpico" vai acompanhar mensalmente detalhes da preparação brasileira rumo aos Jogos e o andamento das principais modalidades que estarão em competição na capital fluminense. E o clima de festa vai começar bem antes das primeiras medalhas serem distribuídas. Além dos domínios cariocas, a tocha vai percorrer 250 cidades que agrupam grande parte da população brasileira. Foram confirmadas até agora pelo comitê organizador somente as 27 capitais de unidades da federação. Mas o percurso começa bem distante do Brasil. Mais precisamente na Grécia, como é tradicional. O berço dos Jogos Olímpicos remonta essa prática ao mito de Prome22 POPmagazine

teu, que teria roubado o fogo de Zeus para entregar aos mortais. Assim, durante as competições da antiguidade em Olímpica, o fogo ficava aceso durante todo o evento. Já a reintrodução na modernidade se deu apenas em 1928, enquanto o percurso de atletas e personalidades no transporte da chama surgiu na disputa de Berlim, em 1936, como uma ideia inicialmente do regime nazista para aumentar sua difusão. Por aqui, o percurso contará com cerca de 10 mil carregadores do fogo simbólico, misturando atletas, famosos e pessoas anônimas selecionadas por patrocinadores em critérios ainda não muito claros. Em 2004, o Brasil esteve no roteiro internacional antes da disputa em Atenas e a chama passou pelo Rio de Janeiro, sendo levada, entre outros, por Zagallo, Zico, Xuxa e Guga.

Lucas Félix


Bed Head After Party Olá, sou a Mariana e a partir de agora escrevrei da coluna Bela. Falaremos sobre dicas, truques e produtos que podemos usar diariamente ou naquela super produção para arrasarmos! Pra começar, quero falar sobre um produto que eu uso há quase um ano e que é o queridinho da maioria das mulheres. Que mulher não conhece a linha Bed Head? Conhecida por ser excelente e abordar todos os tipos de cabelos, a marca internacional ainda conta com uma belezinha que nos ajuda a manter os fios sempre belos. O Bed Head After Party é um leave-in sem enxágüe. A ideia do produto é que você utilize depois da balada. Aliás, não tem nada pior do que chegar em casa com o cabelo fedendo à cigarro, fumaça. A primeira impressão do produto é que ele não vai atingir o seu objetivo. Isto porquê ele tem um cheirinho bem doce, parecido com o de frutas, mas ele é excelente! Além de tirar o cheiro,

ele deixa o cabelo macio e sedoso. Outra função do After Party é que ele não precisa ser utilizado só para os momentos pós-festas. Eu, particularmente, uso todos os dias. É um ótimo leave in., você usa uma quantidade mínima do produto (aproximadamente, o tamanho de um grão de bico ou feijão) e ele dura por muito tempo! Cuidado para não passar muito, quando exageramos na quantidade ao invés de deixar o cabelo macio e sedoso, ele deixa duro e mais oleoso. Mas aí também, você vai vendo a quantidade que o seu cabelo pede. O meu é fino e loiro então, uma gota já resolve. Eu comprei em agosto de 2014 e ainda não chegou nem na metade. Portanto, é um produto que vale a pena ter e que compensa o custo-benefício. E vocês? Já compraram? O que acharam? Me contem.

Mariana Silveira POPmagazine

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Salve Simpatia por Andréa Alves

Astrid Coutinho Fontenelle de Brito, mãe de Gabriel Fontenelle de Brito Franco, esposa de Fausto Franco, ariana, nascida em 1º de abril (isso não é mentira), carioca, jornalista formada pela PUC/SP, apresentadora do “Chegadas e Partidas” e do “Saia Justa”, ambos pela GNT, primeira VJ brasileira, inaugurou com muita honra as transmissões da MTV no Brasil, encerrou com muito pesar as tansmissões da mesma MTV, comandou com glamour e alegria o carnaval de Salvador pela Band, apresentou programa vespertino, apresentou festivais de rock nos anos 90 na Rede Globo, atuou como atriz em um curta metragem chamado “Almoço Executivo” há 20 anos, substituiu às pressas, por uma noite, a insubstituível Hebe Camargo, sofreu e chorou como todos os outros brasileiros a partida da estrela maior da televisão brasileira, quando não estava à espera de um amor descobriu que ele sempre esteve ao seu lado, e de amigos tornaram-se também companheiros, desejou muito um filho, então veio o Gabriel, parido do coração, se sentia plena e completa, exalava felicidade, então, surgiu o Lúpus, sem ser convidado, e na altura do seu 1,63m respirou fundo e tornouse uma gigante, venceu o invencível, mostrou quem manda e hoje convivem como bons vizinhos, não tem papas na língua e não haveria motivo para tê-las, luta contra as injustiças, defende os que não podem se defender e até os que podem, pelo prazer de estar fazendo o certo, luta por um mundo melhor, menos careta, mais digno, ensina ao filho que preto e branco são apenas cores, mostra que o mundo é colorido, e que o importante, mesmo, são as atitudes, que as pessoas devem ser exaltadas pelo que são, pelo que fazem, já foi chamada de hiponga, mas nunca abriu mão de um Channel, prefere o velho Rock’n Roll e um bom Samba, lê menos do que gostaria, ama a Bahia, mas não muda de São Paulo e não abre mão do Rio de Janeiro, já fez um aborto, tem certeza que foi a atitude certa, acredita que todas as pessoas possuem o direito de escolher o que devem fazer com seu corpo e com suas vidas, é, sem dúvida, uma das pessoas mais queridas e respeitadas não só da televisão, mas da “vida real”, conectada, internauta, danada, vê tudo, sabe de tudo, tem opinião pra tudo, cheia de estilo e de carisma, generosa, com as pessoas e com os colegas de profissão, comigo, como não amar?! Lots of real Love, Namastê! POPmagazine

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“Porque ninguém é igual à ninguém realmente, todos somos diferentes, inclusive o branco pro meu filho.” Eu crio o Gabriel trabalhando bem a autoestima dele, de que ele é um negro lindo, explicando realmente para ele que ele é negro. A gente já teve um problema na escola, de uma criança chamá-lo pejorativamente de pretinho, o menino disse “pretinho pretinho” e eu vi, eu estava na porta da escola, perguntei para a moça da portaria se ela tinha ouvido, a moça “desculpe eu não ouvi direito”, eu ouvi, ele falou “isso isso” aí a moça falou assim, “ele fala isso direto para o segurança que é negro”, eu fui na escola conversar, a escola me disse que iriam tratar isso na sala de aula com livrinhos, “não, não tem livrinhos, isso é uma questão muito séria do nosso país para a gente tratar com livrinho bonitinho falando que todos somos iguais, os livrinhos são legais, ajudam, o meu filho lê, eu gostaria muito que todas as crianças lessem, mas é muito mais fácil o negro ler, o índio, o japonês ler, porque eles é que são os diferentes na história né?” Eu quero que todos leiam. Porque ninguém é igual à ninguém realmente, todos somos diferentes, inclusive o branco pro meu filho. O loirinho pro meu filho, a vermelhinha, a ruivinha pro meu filho. Eu tive uma conversa com a mãe do menino que foi bem boa, acho que pra ela também, porque ela em algum momento se distraiu, ela não percebeu que alguém, senão ela e o marido, como ela falava, estavam colocando preconceito na cabeça do menino, tratando como se o negro fosse menos bonito ou menos do que aquele. E você sente nas crianças o estranhamento, moramos em São Paulo, ele estuda em uma escola de classe alta “tem 1, 2, 3, (Oh eu contando quantos negros tem na escola de alunos, na portaria tem, na faxina tem, limpando a bunda dos bebês tem, mas estudando lá...)”, então as crianças olham. E o Gabriel ainda tem aquele cabelo de dread que ele ama, e da única vez que eu cortei porque eu achei realmente que tava meio Bob Marley demais pra uma criança, ele ficou muito triste quando eu tirei, ele tem orgulho das dreads dele. Um pouco antes do episódio do menino ele 28 POPmagazine


veio um dia perguntar pra mim, “mamãe que cor eu sou?” “já te falei, você é negro”, “não não não mamãe, cor, isso é marrom, é preto?”, ou seja, ele já devia ter sido chamado alguma outra vez de preto e ele estranhou, ele queria saber. De vez em quando ele fala que ele quer ser da minha cor, eu falo “engraçado, e eu queria ser da sua”. Eu fico dando mais exemplos para ele de pessoas negras, eu chamo mais a atenção “olha o presidente dos Estados Unidos é um negão bonitão”, vejo uma negra, às vezes, numa loja, tem muitas vendedoras de loja bonitas de cabelo bonito, eu chamo a atenção pra ele, sempre que eu vejo uma criança eu chamo a atenção dele, “olha que bonito, olha que bonito”. Quando ele tá na Bahia parece que é tudo igual, ele nem chama mais a atenção, na Bahia tem muito, mas aqui eu tenho que estar o tempo todo atenta e trabalhando a autoestima dele, que ele é um negro lindo. Mas o mundo é duro, quando nesse momento lá do pretinho eu fui pedir ajuda, pra Preta Gil, pra um outro amigo meu que é negro, ele é filho do primeiro médico que foi formado baiano, primeiro médio formado na faculdade de medicina da Bahia e ele falou “Astrid vai acontecer, não tem jeito não.”

"...lembro da roupa que ele entrou lá, a tiarinha no cabelo, uma camisa de florzinha pequenininha azul, em tom de azul...” Eu apresentava na TV Gazeta um programa chamado TV Mix, que era um projeto do Fernando Meirelles, quando eu fui chamada para ir pra Globo fazer o Hollywood Rock, pra TV Manchete fazer o Mulher 90, pra uma produtora francesa fazer um programa em Paris e para a MTV, mas tanto a Manchete como a MTV só iam entrar no ar dali um ano. Eu não posso, eu vivo disso, não sou herdeira, infelizmente, eu preciso continuar trabalhando, vou continuar aqui então, e fui pra Globo, fiz o primeiro Hollywood Rock deles lá, junto com o Pedro Bial. Só depois de um ano é que eu fui pra TV Manchete e fiz esse Mulher 90 porque a MTV ainda por cima atrasou, quando o meu contrato acabou eu cheguei na MTV e falei “agora é pegar ou largar, mas vocês vão ter que ficar me pagando”, o que foi muito bom pra mim, porque na MTV eu aprendi a montar uma televisão. Como eu cheguei antes, eu fiz estágio em NY, eu gravei coisas em NY e LA, eu participei dos testes de VJ, eu fiz testes de VJ, a gente saia na rua buscando VJ. Até compra de material pra MTV eu fiz. Participei da escolha do Zeca Camargo, quem estavam decidindo quem seria a cara do jornalismo, até que o Prata sugeriu, “por que não procura esse tal de José Carlos Camargo que escreve na Folha de São Paulo, parece que POPmagazine

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ele é ótimo, alguém conhece?”, falei, bom só conheço o texto né, também acho ótimo, “mas como ele é fisicamente?” sei lá, vamos ligar, eu era casada com um cara que era fotógrafo da Folha de São Paulo, liguei, chamava Cesar Itiberê, e o Cesar falou, “Zeca? Zeca é ótimo!”, mas eu falei e fisicamente como ele é? É bonito? “É bonito! Boa pinta! Cabelo compridinho, usa tiarinha, tá sempre de sapato sem meia com a perna em cima da mesa, ri alto e bate muita palma.” Manda esse cara pra cá agora! Aí ligamos, ele foi, lembro da roupa que ele entrou lá, a tiarinha no cabelo, uma camisa de florzinha pequenininha azul em tom de azul, as mulheres babaram quando ele entrou, ele tem um carisma absurdo e uma inteligência excepcional, foi um excelente companheiro de trabalho, é meu amigo até hoje. Eu fui nessa situação na MTV que proporcionou uma coisa na minha carreira que nem imaginava, hoje eu sei ser uma pessoa de administração, graças à MTV.

“...às vezes a verdade é tão dolorida, que a gente não quer enxergar...” Eu vivi a história de um pai que perdeu a filha dentro do avião, ele estava esperando, Samuel era o nome dele, um africano. Ele estava esperando, eu e a produtora fomos até ele, descobrimos que ele estava esperando a filha de 1 anos e 9 meses que viria com a sogra da África. Eu perguntei se ela estava vindo de férias e ele disse que não, e começou a contar que a menina tinha sido desenganada pela medicina no país deles, Moçambique, e ele tinha vindo ao Brasil porque não acreditava nisso, e graças à umas ligações dele com a igreja ele tinha arrumado um cara muito bom aqui no Brasil pra fazer o transplante de coração da menina na Bahia. Em nenhum momento eu visualizei a menina ruim dentro do avião, tanto que minha pergunta pra ele, essa nem foi ao ar, “vem cá, como ela é, é uma pretinha bonitinha, cheia de trancinha na cabeça?”, aí ele virou e falou assim, “não, ela tem o cabelo todo raspado 30 POPmagazine


por causa do tratamento.” Aí eu “putz”, mas mesmo assim eu visualizava ela chegando andando, a pé, correndo pra dar um abraço nele, sabe assim? E a gente ficou, e a gente ficou, e a gente ficou, passou muito tempo, muito tempo aquela situação, no aeroporto, todo mundo indo embora, todo mundo chegando, aí veio uma mulher da South African, muito nervosa, e ela ria, o nervoso às vezes faz a pessoa rir, a mulher ria e ela falava assim “Samuel, o Senhor poderia vir comigo até a sala para o gerente falar com o Senhor?” “O que aconteceu com a minha filha?” “Não, nada, nada, ela teve um problema, mas está tudo bem, vamos lá.” E ele “o que aconteceu com a minha filha?” aí já começa a escorrer uma lágrima nele. Eu falo “vamos Samuel” a gente meio que começa a andar e eu empurrando ele, essa parte não aparece também, mas eu perguntei para ele umas três vezes, eu preciso ficar aqui, eu preciso ficar aqui Samuel, e ele “fica comigo”. E eu fiquei. Isso demorou muito, e eu nunca vi um homem tão digno na minha vida, uma dor, uma dor, uma dor, ele sentado assim na poltrona e ninguém tinha coragem de falar para ele, a gente ficou mais de 40 minutos nessa sala e ninguém vinha conversar com esse homem, ai teve uma hora que eu falei pra ele “Samuel, você quer que eu vá lá dentro?” “Por favor”. E eu fui “puta que pariu, o que tá faltando para vocês falarem para ele que essa menina morreu?” “A gente não pode porque a gente tá esperando uma pessoa da vigilância sanitária.” “Que vigilância sanitária?! Tenham compaixão dele pelo amor de Deus. É só falar o que ele já sabe. Tá na cara que foi isso que aconteceu.” Aí chega o homem da vigilância sanitária e começa a levar a gente pra um lugar que a gente não sabe onde tá indo. Eu tenho uma equipe excelente no “Chegadas e Partidas”, excelente, pessoas muito sensíveis, porque a equipe meio que foi se desmanchando também, teve um momento que o câmera largou a câmera e saiu da sala que a gente estava gravando porque não aguentou, o Samuel apertou um ursinho que estava na mão dele e o ursinho falou “eu te amo papai”, as lágrimas que o câmera, que não estava chorando, caíram, eu tentando me segurar, e o povo todo na minha frente chorando e eu tentando, tipo, ninguém falou pro cara que a menina tinha morrido, não era eu que ia ficar dando pilha pra ele nesse assunto, aí o cara leva a gente. O câmera para a imagem, fica a imagem da gente se distanciando, depois a outra imagem sou POPmagazine

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eu saindo do centro médico, aonde estava a sogra dele, só eu entrei porque não deixaram a câmera entrar, e eu vi a sogra, a avó da menina falando “ela quase conseguiu Samuel”, e eles choravam muito, eu chorava muito, foi um horror, um horror. Eu tinha tido um outro episódio muito duro de uma mulher que estava fugindo do marido, ela apanhava dele na Grécia, o cara maltratava o filho, tinha sido muito duro esse episódio, o cara era traficante, foi uma confusão, teve polícia, teve tudo, mas esse, nunca imaginei que fosse viver isso, da pessoa estar esperando e a pessoa que está vindo morre dentro do avião, e essa pessoa é uma criança. Aquilo mexeu muito comigo, eu falava, “eu não preciso passar por isso, eu não quero mais, Deus me livre, vamos embora, vamos embora”, eu estava com medo de voltar pro aeroporto no dia seguinte. Eu só chorava, quando eu saí da sala, eu saí assim meio perdida, sabe? Porque realmente eu não sabia o que eu ia fazer, onde estavam meus amigos, minha equipe, eu olhei para um lado, olhei para o outro, aí eu vi que a equipe tava bem na frente, aí o Dado falou, “vai pra rua, vai embora”, deu um grito comigo, “vai pra rua, vai embora”... e Deus é tão bom comigo, quando eu piso na calçada eu dou de cara com Rita Lee, que é uma das pessoas que eu mais amo na vida, aí vem Rita Lee, beija, abraça, choramos pra caralho, aí para poupá-la não falei, senão ela ia ficar bem bolada. Fomos para casa, elaboramos como ia ser no ar, bota não bota no ar, então vamos editar primeiro pra ver como é que vai ficar, ficou bem chic, bem elegante, não é porque era isso que ia ser maior, sabe esse tipo de coisa que a televisão hoje em dia explora muito e que a gente jamais faria, a gente não fez um programa inteiro, a gente não descaracterizou o programa por causa disso. Botamos no ar como o último episódio da tal temporada que ele foi ao ar, e a gente não fala o que aconteceu, e isso foi uma comoção nas redes sociais, todo mundo querendo saber o que aconteceu com a menininha, e eu só falava isso “às vezes a verdade é tão dolorida que a gente não quer enxergar”, tava na cara que ela tinha morrido.

“...quando eu olhei pra lá, eu vi aquele caminhão vindo com aquele som, falei, caralho isso aqui é Rock’n Roll...” Mandaram eu ir para o camarote de Dona Lícia Fábio, cheguei lá tinha um povo do jornalismo trabalhando, a mulher ficou de marra, não querendo passar o microfone, eu falei “oh eu tô aqui, quando precisar eu tô sentanda aqui, porque eu não faço questão, se essa moça quiser ela pode ficar aí a noite inteira e eu fico sentada aqui a noite inteira, porque nem de carnaval eu gos32 POPmagazine


to”. Eu comecei assim, claro ela saiu, o parapeito do camarote era tão alto que batia no meu queixo, para ficar mais alta a única coisa que a gente tinha era uma caixa de câmera, foi ali que eu subi, não só subiu eu como subiu a Tiazinha, a Feiticeira, a gente fez uma baderna naquele carnaval. Quando eu subi e olhei aquele troço eu falei “vamos embora daqui”, rezei, pedi muito para minha Mãe que gostava muito da Bahia pra me ajudar e pedi pra Iemanjá, a Rainha do Mar, porque era um camarote de frente ao mar, pedi que se ela realmente existisse, e fosse uma força pra ela me ajudar também, quando eu olhei pra lá, eu vi aquele caminhão vindo, com aquele som, falei “caralho isso aqui é Rock’n Roll”, quando eu olhei para baixo vi uma menina se esgoelando, a mulher gritava muito, muito, muito, e eu passei a ver essa mulher todos os meus carnavais, eu nunca tive perto dela, mas todos os anos eu vi essa menina. O carnaval de Salvador foi uma paixão, uma adrenalina e coincidentemente nesse carnaval estava a Cássia Eller, a Cássia Eller passou botando os peitos pra fora mostrando pra Tiazinha ou pra feiticeira, sei lá qual das duas estava ali comigo naquele momento, era o auge delas também, então é uma mistura de sexo, suor, cerveja, samba e rock’n roll e aquilo me agradou, pra quem estava recém saída da MTV foi uma união perfeita, até hoje tem gente me cobrando essas coberturas na Band, eu me dedicava demais, eu fazia as fantasias, o figurino era impecável, eu gostava, eu gostava de dançar, de sambar, ainda bem que eu saí no auge.

“Eu não fui arrogante, eu falei que não me orgulho do que eu fiz...” Eu estou muito surpresa com essa repercussão da questão do aborto, muito, muito, eu não esperava. E a minha reflexão sobre isso é assim “caralho, as pessoas me respeitam”. A gente precisa mostrar a cara. Tem uma prima, tem uma tia, tem uma avó, tem uma mãe, são 850 mil, são um milhão, mas cadê essas caras? E aí a Débora Bloch falou isso esse mês na revista POPmagazine

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e eu não falo sobre isso há tantos anos e aí eu achei que eu deveria. É esta a questão, a gente precisa ver as caras e eu sendo uma cara, não podia me esconder naquele momento, isso foi o que me levou a falar, eu estaria sendo muito filha da puta em não revelar, porque as caras não aparecem e a minha não estar aparecendo é injusto. A Bárbara falava na reunião “tu não vai segurar, vai vir chumbo grosso”. Eu falei, “se a gente decidir que eu vou falar, eu vou falar e vou segurar. Eu vou. Eu vou. Eu vou, mas eu vou”. Antes de gravar nós ficamos umas duas horas em reunião de pauta, aí foi maturando, acalmando, depois a diretora artística do canal estava lá, ela falou “fala, fala desse jeito que você falou, fala assim, assim, assado”. Eu vou falar, eu vou falar. A gente vai chamar o documentário, aquele documentário “Clandestinas” que fala exatamente da necessidade de mostrar a cara, e porra, vou ficar eu de novo, mais uma vez, aí quando eu mostrei a cara - olha como mudam as coisas: a gente está em março né? Fevereiro, janeiro, dezembro, novembro, outubro... tínhamos desse assunto em outubro, não sei se a gente falou em outubro ou novembro, ou seja, 4 ou 5 meses atrás quando eu falei, levei pedrada nas redes sociais, só porque eu era a favor - agora que eu falei que fiz, o jeito, o tom, a emoção, a calma com que eu falei, fez toda a diferença. Eu não fui arrogante, eu falei que não me orgulho do que eu fiz, é com pesar que eu falo que eu fiz, acho que fez com que as pessoas me abraçassem, você viu a reação das pessoas, tem um ou outro, claro, ninguém é unanimidade a gente já falou disso, tem um ou outro assim, pontual. Na verdade não é uma questão na minha vida, não me sinto culpada, eu li hoje uma menina falando assim “tudo de ruim que acontece na minha vida eu sinto que é castigo de Deus porque eu fiz um aborto” eu falei, minha filha, olha a minha vida, eu tenho um filho que é presente de Deus, Deus não está me castigando, aí teve uma que escreveu assim, “é por isso que teve que adotar”, essa escreveu no Facebook, eu não tive que adotar, eu adotei porque eu quis, eu sempre quis adotar um filho. Fiz inseminação artificial e não vingou como um monte também não vinga, entrevistei milhares de vezes o Roger Abdelmassih que ficava me assediando para fazer filho lá na clínica dele e eu não quis, não era a minha. Não tenho inveja de barriga, não acho barriga de grávida maravilhoso e como eu fui deixando, eu fui prosternando a maternidade em 34 POPmagazine


prol da minha profissão, eu falava, isso não vai dar certo pra mim esse negócio de gravidez, eu vou ter problema nas costas, na perna, no joelho, eu vou ser daquelas grávidas que vai ficar de repouso a gravidez inteira, vai ser uma merda esse negócio de gravidez comigo. Era assim que eu tratava a gravidez, ou seja, eu ia ter que adotar mesmo. Eu falava desde garota isso, desde lá meus 18 anos e não era porque eu tinha culpa católica por eu ter feito um aborto, eu fiz porque naquela situação que eu estava não seria bom nem pra mim nem pra essa criança. Se eu não tivesse abortado eu teria essa criança sendo cuidada por terceiros, ou por uma avó, ou pela minha mãe, por uma bisavó, assim como eu fui, porque a minha mãe que não me abortou porque era casada, casou tudo certinho, e teve filho, meu pai se separou dela quando eu tinha 6 meses, ela era professora da zona rural do Rio de Janeiro, não teve condições financeiras de ficar comigo porque trabalhava na zona rural saia de casa 4 horas da manhã não tinha como cuidar de mim, até os dois anos eu fiquei com a mãe dela e ela no apartamento, a mãe dela morreu e eufui parar na casa de uma bisavó, eu não queria repetir essa história.

“Ela me mostrou o quanto a televisão era importante para ela, o quanto aquilo era a vida dela...” A primeira vez que eu a convidei foi para ir no TV Mix, aquele da TV Gazeta, e ela se emocionou, então ela me convidou para ir ao programa dela e eu passei a ir. Ela se auto depreciava muito, ela não estudou, então me achava muito inteligente, ela piscava muito, quando eu começava a falar, ela piscava, piscava, piscava e ria, ao mesmo tempo debochava disso, me achava uma bonequinha, me achava muito autêntica, ela queria que eu casasse com o filho dela, com o passar do tempo fomos ficando mais próximas, ela sempre me tratou com muito carinho, qualquer programa que eu estreasse ela era a primeira a ligar pra falar se estava bom, se não estava, se a roupa estava boa, se não estava. Teve um momento em que eu trabalhei na TV Bandeirantes, que era muito perto da casa dela, então ela mandava presente, ela mandava comida, um dia eu estava lendo uma revista, que falava exatamente sobre ela e eu apertei o olho e não deu 20 minutos e lá estava o mordomo dela com óculos de grau, de leitura, pra mim, todo com cristalzinho, e o bilhete era “nenhuma apresentadora de televisão pode franzir os olhos na frente da tela, use óculos, mas não franza os olhos”. Ela me ensinou a sentar no sofá, e a tinha como uma mãe, sabe, não que eu fosse pegar conselhos com ela, mas eu sabia que era uma pessoa que eu podia contar se eu precisasse, principalPOPmagazine

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mente depois que a minha mãe morreu, claro, efetivamente depois que a minha mãe morreu. Quando eu fui assaltada, aqui na Avenida Nove de Julho, eu tomei um soco na cara do assaltante, a Sonia Abrão fez um escândalo na televisão, parecia que eu estava na UTI do Einstein. Fui assaltada, fui ao dermatologista, fechei o buraco que fez, e fui pra casa porque eu estava fazendo um curso de música com o Nelson Motta que eu não faltaria de jeito nenhum. Eu desliguei o celular e ela me procurava, me procurava e não me achava, e quando eu liguei o celular tinha um monte de mensagens dela, eu liguei, falei “Hebe não aconteceu nada disso, essa mulher é exagerada, fez um dramalhão na televisão, não aconteceu nada, eu tomei um soco, abriu um pontinho aqui, pior que o relógio era falso”, no dia seguinte ela mandou um relógio Cartier na minha casa, verdadeiro. Bom agora que a Sonia Abrão faz o programa, porque vão me matar, se com um relógio falso eu tomei um soco, com um verdadeiro... Ela era assim, uma pessoa que cuidava, quando eu me separei do meu último casamento ela me abraçou, ela queria que eu fosse pra casa dela “não Hebe, não se preocupe, a minha melhor amiga tá vindo da Bahia para ficar comigo”. “Não você vai para a minha casa”. “Não”. “Você vai, você vai sair comigo, você vai levantar, você vai sair dessa”. Então passei a sair com ela, ela tinha um vigor, uma energia, íamos a show, íamos jantar, 2/3 horas da manhã a mulher estava jantando, comendo muita comida, bebendo muito, bebendo muito vinho e eu não bebo tudo isso e não como nem a metade disso, mas com ela eu me reabastecia. Quando ela ficou doente, teve uma vez que eu estava gravando “Chegadas e Partidas” no aeroporto e o sobrinho dela me ligou, falou “Astrid, a Tia não vai conseguir apresentar o programa hoje, ela está absolutamente sem voz”. “Meu Deus, e aí?”. “Ela quer você para apresentar o programa”. “Eu não consigo, estou gravando o meu em Guarulhos”, era tipo 6 da tarde, o programa dela entrava no ar as 8 da noite, uma coisa assim, sabe, uma diferença de duas horas. E ele, “você não tá entendendo, ela não quer botar outra pessoa, ela só confia em você, a única pessoa que ela sabe que não está esperando ela morrer para assumir o sofá dela é você, porque todas as outras ela sabe que vão se oferecer pro Silvio Santos”. “Mas eu não vou, bota uma reprise, eu sou contra isso, eu não quero”. “Ela está ouvindo e ela está insistindo que tem 36 POPmagazine


que ser você. Olha só a sua reação é a prova de que ela está certa. Outra já estaria aqui, né Astrid”. “Mas eu estou em Guarulhos”. “Não tem problema, a gente tá mandando o helicóptero da Rede TV! te buscar”. E eu fui. Quando eu cheguei, ela vinha andando no corredor já pra ir pra plateia, o programa era ao vivo, ela estava andando tão devagar, mas tão debilitada, tão debilitada, que eu ainda fui no camarim, me deram lá um vestido qualquer de paetê, troquei de roupa, dei um tapa assim na maquiagem, pentearam o meu cabelo, quando eu cheguei ela não tinha chegado ainda no estúdio, o diretor andando junto comigo, me explicando. Ela me mostrou o quanto a televisão era importante para ela, o quanto aquilo era a vida dela, porque eu a vi melhorando durante o programa. Quando começou o programa ela não tinha nada de voz, nada, era uma situação meio constrangedora porque era eu falando, o texto que ela leria era eu lendo pra ela aquele editorial que ela abria o programa sendo escrito para ela, e ela do lado balançando a cabeça, aí foi indo o programa, eu chamando as pessoas, eu apresentando as pessoas, aí vem o Padre Marcelo Rossi e ela começa assim com um fio de voz e vai vindo, vai vindo, vai vindo, veio, ela não ficou 100%, mas ela ficou com uma voz assim, rouca, que dava para apresentar o programa. E quem tirava ela da plateia depois que o programa acabou?! Ela dando aquelas rosas para as pessoas. Eu vi sim um milagre, não provocado pelo Padre Marcelo Rossi evidentemente, mas pelo tesão dela em fazer televisão. A gente falava um pouco sobre doenças, eu com a minha, ela com a dela, a gente tinha a mesma menina que fazia os apliques no cabelo, aí eu experimentava o dela para saber se estava bonito, tirei fotos com a dela que era uma loirinha curtinha, sempre a minha era mais comprida. Fomos ali nos ajudando, uma à outra. A última vez que eu a vi, o sobrinho e o filho me chamaram para ver se eu a ajudava a comer, eu também tinha ficado diabética, ela tinha ficado diabética e tinha perdido total tesão pela comida, o que eu sei que isso era foda na vida dela, porque ela gostava muito de comer, muito. Botaram uma mesa tão linda pra gente, e nada dela comer, nada, nada, nada, mas sempre engraçada e bem humorada. Eu falei, “fuma maconha, porque maconha dá larica. “O que é larica?”. “O que é larica, Hebe? Nunca ouviu essa palavra? Você fuma maconha e fica com uma fome desgraçada”. “Arruma pra mim”. “Eu??? Eu não arPOPmagazine

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rumo nem pra mim o que dirá pra você, vão falar que eu dei maconha pra você”. Não posso entrar na história da televisão brasileira porque dei maconha pra Hebe. Eu falei, “não. De jeito nenhum. Come mulher”. Ela tentava, mas ela não comia, a fome não vinha e foi definhando, definhando, ficou muito fraca, aí morreu. Eu estava com meu filho no shopping Cidade Jardim quando ela morreu, foi num sábado de manhã, me deram a notícia, eu comecei a chorar muito dentro do shopping, aí ele “o que foi? O que foi?”. Ele a chama de Vovó, “a Vovó Hebe morreu”, aí ele, “não chora não mamãe, ela vai virar estrelinha”. Foi um dia confuso na minha vida. Dei muita entrevista, muita gente querendo falar comigo, dei até entrevista pro Fantástico, falei “caralho, a mulher era poderosa mesmo”. Você vai ao velório da Hebe e você não vai esculachada, né?! Nem ela ia gostar de me ver esculachada, estava frio botei um cashmere preto com calça comprida preta, e botei um lenço amarrado no pescoço, ela estava com um lenço igual, da mesma marca, mas de outra cor, eu pensei “acertei, aposto que estou agradando, que estou bonitinha”. Quando eu vi que o negócio estava virando circo, eu fui embora, virei pra duas amigas, a Hortência e a Alicinha Cavalcante, e falei, “sabe o que mais? Já estamos aqui, estamos bonitas, bem vestidas, vamos fazer uma coisa que ela gostaria de fazer? Vamos pro La Tambouille”, era o restaurante favorito dela. Fomos as três no sábado à noite, era uma 10 horas da noite, o negócio fervendo, entramos, o maitre vem, “a senhora tem reserva Dona Astrid?”, “Eu? Claro que não! A gente veio aqui celebrar a vida da Hebe Camargo”. Então ele, “espera só um instantinho”, aí foi ali, veio cá, o restaurante fervendo. “Vem aqui que tem uma mesa pra vocês”. Bota a gente sentadas na mesa favorita dela, ele falou, “essa aqui era a mesa favorita dela”, eu falei, “eu sei, já jantei com ela aqui”. Fiquei de cara, e não cobraram, porque o dono, que faleceu a pouco tempo, no final da história ofereceu o jantar para a gente em homenagem a ela, “não é pra gente é pra ela que você está oferecendo”. E eu sinto muita saudade dela. Na missa dela de um mês eu fiquei muito triste, porque não tinha ninguém conhecido sabe, as pessoas esquecem rápido. Na missa de um ano foi um show do Padre Marcelo Rossi, eu fui, me emocionei demais, eu sinto muita falta dela.

“Feliz tudo o que vier pela frente. Vamos lá! Com desejo, força, raça. Em muitos momentos é difícil. Eu bem sei disso, mas quando as coisas começam a dar certo... que sensação.” 38 POPmagazine


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