3ª Edição Revista PET/UFC Farmácia

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Nº3 Ano 3 Anual 2017 www.petfarmacia.ufc.br Distribuição Gratuita

REVISTA

PET

UFC - FARMÁCIA

CENTRO DE ESTUDOS EM ATENÇÃO FARMACÊUTICA: 10 anos cuidando melhor dos usuários de medicamentos!

ENTREVISTA:

DESTAQUE:

FARMÁCIA UFC:

O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos contribuindo para alavancar a indústria farmacêutica.

Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica Programa Stewardship: nova ferramenta na otimização da terapia antimicrobiana.

Conhecendo o serviço de Atenção Farmacêutica disponível na UFC.



REVISTA

PET UFC - FARMÁCIA www.petfarmacia.ufc.br

A revista PET/UFC Farmácia foi idealizada, organizada e projetada pelos integrantes do Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará (UFC). A primeira edição foi lançada no dia 12 de Março de 2015, na V Jornada da Farmácia da UFC. Tutora/Editora chefe Profa. Dra. Nádia Accioly Pinto Nogueira Co-Tutora Profa. Dra. Maria Goretti Rodrigues de Queiroz Layout Bianca Rodrigues Farias Vasconcelos Marília Gomes Caminha Fotografia Pedro Benício Ribeiro da Silva

Corpo editorial Aline Albuquerque Almeida Ana Cláudia Moura Mariano Anyelle Barroso Saldanha Bianca Rodrigues Farias Vasconcelos Carla Thays Laurindo Pontes Fernando Henrique de Castro Pedroza Glacyana Pinheiro da Silva Isabel Bento de Carvalho Jéssica Sales Araújo Marília Gomes Caminha Pedro Benício Ribeiro da Silva Thaynara Carvalho de Freitas Colaboradores

Tratamento de imagem Bianca Rodrigues Farias Vasconcelos Marília Gomes Caminha Revisão Ortográfica Pedro Benício Ribeiro da Silva Vicente de Souza Lima Neto

Profa. Dra. Adriana Rolim Campos Barros Alef Pereira da Silva Dr. Afonso Celso Soares Campos Profa. Dra. Aparecida Tiemi Nagao-Dias Camila de Araújo Holanda Carlos Venicio Jatai Gadelha Filho Cecília Lopes Semedo Claudiane Carvalho Bessa Edson Virginio da Rocha Filho Dra. Eugenie Desirèe Rabelo Néri Dra. Elizama Shirley Silveira Dr. Felipe Moreira de Paiva

NOSSAS PUBLICAÇÕES REVISTA

PET UFC - FARMÁCIA www.petfarmacia.ufc.br

Gabriella Bruno Ribeiro Dr. Henry Pablo Lopes Campos Reis Jamille de Oliveira Gomes Dra. Jéssica Castro Fonseca João Victor Aves Cordeiro Jucilene França Veras Dra. Larissa Queiroz Rocha Letícia Maria Cavalcante Oliveira Lorena Karla Estevam da Silva Lucas Mateus da Paz Dra. Malena Gadelha Cavalcante Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes Maria Jamili Sousa Silva Mariana Tajra de Castello Branco Profa. Dra. Marta Maria de França Fonteles Matheus Brandão dos Santos Lopes Paulo Roberto da Silva Oliveira Junior Pedro Benício Ribeiro Pedro Igor de Oliveira Rafaela Nascimento Boris Urllan Brito Pereira Rufino Yuri Freitas e Silva Pereira

FALE CONOSCO Website: http://www.petfarmacia.ufc.br E-mail: petfarmaciaufc@gmail.com Fone: (85) 98824 3756 Facebook: Pet/UFC-Farmácia Endereço: Prédio Didático do Curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará (UFC) – Rua Capitão Francisco Pedro esquina com Rua Álvaro


EDITORIAL

Em todo o mundo o modelo de prática farmacêutica tem se transformado, consideravelmente, nas últimas décadas, direcionando-se para um caminho o qual nunca deveria ter deixado de percorrer: o olhar voltado para seu maior foco social e ético - o paciente... o cliente... a pessoa! Sim, existe uma necessidade social, as necessidades de saúde relacionadas à pessoa, à família e à comunidade que precisam ser atendidas! No processo saúde-doença, essas necessidades envolvem: manter a saúde e minimizar o risco de adoecimento, controlar um sintoma, obter diagnóstico oportuno, correto e precoce, bem como, recuperar a saúde, manter a doença controlada, e obter a cura da doença. Ainda, tal necessidade é demandada, principalmente, dos alarmantes índices de uso irracional de medicamentos, e seus desfechos negativos na população, acarretando gastos para toda sociedade, impactos econômicos significativos e, sobretudo, comprometendo a qualidade de vida das pessoas. Com esse olhar, surge o Centro de Estudo em Atenção Farmacêutica (CEATENF), ligado ao Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Medicamentos (GPUIM), do Departamento de Farmácia (DEFA), da Universidade Federal do Ceará. O CEATENF desenvolve ações de ensino, pesquisa e extensão com a missão de atuar como centro de referência e contra-referência

estadual para o desenvolvimento das atividades de planejamento, estruturação, assessoria, treinamento e investigação na área de Atenção Farmacêutica /Farmácia Clínica, funcionando como núcleo colaborador e representante do GPUIM/DEFA para as instituições e pesquisadores em geral. Dentre os seus objetivos, destacam-se o de sensibilizar e divulgar o cuidado farmacêutico junto aos profissionais de saúde e à comunidade; realizar ações de capacitação e educação permanente, no contexto assistencial e clínico, em diferentes níveis de atenção à saúde e, o de fornecer o suporte técnico para docentes e discentes envolvidos nessa área. E hoje é tempo de celebrar!!! O CEATENF completa seus 10 anos neste ano de 2017, com importantes conquistas, desafios e perspectivas, num constante aprendizado!

Tem contri-

buído na formação clínica do acadêmico do curso de Farmácia, e do aluno de pós-graduação aluno de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, além de colaborar na capacitação continuada e permanente de farmacêuticos, criando cenários de prática, em diferentes locais de atenção à saúde, para a inserção do farmacêutico no processo de cuidado, numa extensão inovadora, e incrementado pesquisa de qualidade e robusta, no serviço, fortalecendo a tríade universidade – serviço-comunidade. Com parcerias, a inserção regional, nacional e internacional pode ser contemplada. Mas, a principal e prioritária inserção que o CEATENF pretende ter é na mudança de vida das pessoas, colaborando com iniciativas e estratégias que viabilizem o cuidado farmacêutico para uma vida mais saudável, com plena ciência de que os cuidados farmacêuticos constituem direito da sociedade e dever do farmacêutico! Assim, vamos comemorar e dar vida longa ao CEATENF!!! Parabéns!!!

Profa. Dra. Marta Maria de França Fonteles


SUMÁRIO FALA AÍ, TUTOR! ESPAÇO PET

06 07

Quem somos Depoimentos Atividades Desenvolvidas pelo PET/UFC Farmácia

DESTAQUES

26

Biotecnologia: A visão de estudantes sobre a graduação e o Futuro Profissional Engenharia de cristais aplicada a sólidos farmacêuticos Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica Programa Stewardship: nova ferramenta na otimização da terapia antimicrobiana PROFISSÃO FARMACÊUTICA

39

O papel do farmacêutico no Serviço de Assistência Especializada em HIV/AIDS: um cuidado muito além dos medicamentos O Farmacêutico na Farmácia Industrial O Farmacêutico nas Análises Clínicas ENTREVISTAS

O Farmacêutico e a Segurança do Paciente

58

Biotérios: utilizando animais em investigação e docência Profissional Farmacêutica com ênfase em plantas medicinais O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos contribuindo para alavancar a indústria farmacêutica

MATÉRIA DE CAPA

72

Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica: 10 anos cuidando melhor dos usuários de medicamentos!

FARMÁCIA UFC

80

Conhecendo o serviço de Atenção Farmacêutica disponível na UFC

VI JOFAR/UFC Trabalhos apresentados

90

Vivência de um pesquisador na temática da Hanseníase no Brasil Encontro Regional dos Estudantes de Farmácia XVI


Fala aí, tutor!

Com muita alegria chegamos a terceira edição da nossa revista PET/UFC Farmácia. Nesta edição, as nossas homenagens são para o CEATENF, o Centro de Estudo

em Atenção Farmacêutica da Universidade Federal do Ceará, fundado pela Profa. Dra. Marta Maria de França Fonteles, sua coordenadora desde o início. Neste ano de 2017, estamos

comemorando seus 10 anos de atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Nossa revista é fruto do trabalho dedicado dos petianos e da colaboração de professores, alunos e profissionais farmacêuticos, entre outros. Agradecemos muito a imensa colaboração de todos, que com seus conhecimentos e habilidades, e principalmente, por acreditarem, tornaram possível a publicação da 3ª edição da Revista PET/ UFC-Farmácia.

Trabalhos como este, desafiam os alunos, complementam sua formação acadêmica e contribuem para seu crescimento pessoal. Parabéns ao CEATENF pelos 10 anos “cuidando melhor dos usuários de medicamentos”. Parabéns aos petianos do PET/UFC -Farmácia, pelo excelente trabalho! Obrigada a nossa muito querida Universidade Federal do Ceará.

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ESPAÇO PET

Quem somos?

Nádia Accioly (Tutora PET/UFC Farmácia UFC)

Goretti Queiroz (Co-tutora PET/UFC Farmácia UFC)

Aline Albuquerque

Ana Cláudia Mariano

Anyelle Saldanha

Bianca Vasconcelos

Carla Thays Laurindo

Glacyana Pinheiro

Isabel Castro

Fernando Pedroza

Jéssica Sales

Marília Caminha

Thaynara Freitas

Pedro Benício

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ESPAÇO PET

Confira aqui, o que as pessoas dizem sobre as atividades realizadas pelo PET/UFC Farmácia. III CURSO PRÉ-SAÚDE “O Pré-Saúde foi um evento muito importante e bastante enriquecedor pra mim. Além de termos contato com vários estudantes de outros cursos da saúde, pudemos conhecer um pouquinho de cada profissão por meio das atividades propostas e das palestras realizadas. No Pré-Saúde foi trabalhado bastante com os ingressantes a questão da multidisciplinaridade que é essencial e que deve ser foco à qualquer profissional da saúde. Devemos trabalhar juntos por uma só causa: a saúde do paciente. As atividades que nos foram propostas foram Lorena Karla Estevam da Silva, muito criativas, divertidas, e nos proporcionaram aluna do 2° semestre do curso de Farmácia da UFC muito conhecimento também, além disso, ainda permitiram uma maior proximidade entre os estudantes, já favorecendo a criação de vínculos dentro da Universidade. Algumas das atividades foram mais marcantes pra mim, como a realizada pelo curso de Enfermagem em que foram abordados temas relacionados a DST’s e sexualidade de uma maneira muito dinâmica, criativa e divertida e com a galera da medicina que eu aprendi, logo no início, a verificar a pressão arterial do paciente. O evento foi incrível, organizado e demonstrou um cuidado e atenção pelos novatos que me fez sentir muito bem-vinda e me deixou ainda mais maravilhada pela área da saúde. Por fim, agradeço muito aos organizadores do evento e desejo que vocês possam também contribuir com a formação acadêmica e pessoal dos próximos calouros para que eles tenham as experiências inovadoras que o PréSaúde me possibilitou ter.”

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ESPAÇO PET

III CURSO PRÉ-SAÚDE “O Pré-Saúde foi importante para a integração dos novos alunos com os colegas, bem como o meio acadêmico, sendo o primeiro contato do calouro com

a faculdade. Também foi importante pela sua temática, a era a multidisciplinaridade. Teve o foco de mostrar a importância de cada profissional da saúde e de que uma equipe de profissionais é o mais indicado para tratar pessoas.”

- Letícia Maria Cavalcante Oliveira, aluna do 2° semestre do curso de Farmácia da UFC

SOBREMESA ACADÊMICA “O Sobremesa Acadêmica é um projeto com uma dimensão muito útil. Ele me ajudou bastante na descoberta de novas realidades, em vários âmbitos da vida profissional e da ciência. Os temas são muito interessantes e de grande valia e, especialmente no último ciclo, os palestrantes eram bem capacitados. Sendo assim, o maior fruto que eu posso tirar do projeto é a

curiosidade e o interesse por me aprofundar nos temas abordados. Entretanto, penso que o projeto ainda é um pouco incipiente, considerando organização, divulgação e "atratividade". Pode ser melhor, e eu ficaria grato em ajudar.”

- Pedro Igor de Oliveira, aluno do 7º semestre do curso de Farmácia da UFC

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ESPAÇO PET

LÍNGUAS ESTRANGEIRAS PARA TODOS “Foi de imensa importância para a imersão no idioma. Estava com uma viagem marcada para a argentina e precisava urgente aprender o máximo de espanhol antes da viagem, daí surgiu esse projeto no PET/UFC Farmácia, não pensava que

iria me ajudar tanto, mas ajudou, seria ótimo se houvesse uma continuação do projeto.”

- Carlos Venicio Jatai Gadelha Filho, aluno do 7º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará.

LÍNGUAS ESTRANGEIRAS PARA TODOS “Ao meu ver o projeto Línguas Estrangeiras para Todos foi uma boa oportunidade de aprender/aperfeiçoar outras línguas. No meu caso foi o inglês, onde acabei por relembrar o pouco do que eu já sabia e aprendi a expressar, ler e escrever melhor. Foi uma boa iniciativa tomada pelo PET/UFC Farmácia. Espero que haja mais iniciativas como esta, pois enriquece o nosso conhecimento e é algo que irmos precisar algum dia, durante o nosso curso ou como profissionais.”

- Cecília Lopes Semedo, aluna do 9º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará.

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ESPAÇO PET

BIOLOGIA MOLECULAR NAS ESCOLAS: UM NOVO CONCEITO DE APRENDIZAGEM “Participei como facilitador de várias edições do Curso 'Biologia Molecular nas Escolas' e tenho que admitir que foram experiências muito interessantes. Não só

por permitir que eu aprofundasse um conhecimento específico, mas porque me aproximou das pessoas, dos alunos, e pra mim esse é o maior dos aprendizados.”

- Pedro Benício Ribeiro, aluno do 7º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará.

RECEPÇÃO DE CALOUROS – SEMANA ZERO "A semana zero particularmente foi uma experiência maravilhosa para mim que sou "bixo", lá pude entender o quanto sou importante para toda a universidade, conhecer mais sobre todo o curso e meu papel como estudante de uma universidade pública, além de conhecer pessoas que me ajudariam enormemente, co-

mo os petianos, eles são chave importantíssima para a inclusão dos novatos à universidade. Serei eternamente grato por tudo que eles fizeram por mim e pelo que eu tenho certeza que eles estarão dispostos a fazer para minha vida acadêmica."

- Matheus Brandão dos Santos Lopes, aluno do 1º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará.

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ESPAÇO PET

NATAL SOLIDÁRIO 2015 "O Natal Solidário promovido pelo PET/UFC Farmácia é um ótimo projeto, baseado em pilares e princípios ímpares, que nos estimulam a fazer parte. Quando participei pela primeira vez em 2015, o projeto abriu os meus olhos para a necessidade do público-alvo da iniciativa daquele ano: os idosos em casas de repouso. Hoje faço parte de um projeto de Extensão com idosos neste tipo de instituição, e

a razão principal em aceitar participar dele foi a minha experiência no Natal Solidário. Com entrega e benevolência, os membros do PET procuraram fazer o melhor possível para os idosos, levando alegria e disponibilidade aos que precisam de tão pouco. Lembro que não se tratou de alimentar idosos, entregar presentes ou bater ponto na casa de repouso, mas de cuidar de ser humanos. Foi uma das manhãs mais proveitosas da minha vida. Agradeço ao PET pela oportunidade e ponto positivo pela abertura a outros interessados em participar."

- Pedro Igor de Oliveira Pereira, aluno do 7º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará.

BIOLOGIA MOLECULAR NAS ESCOLAS: UM NOVO CONCEITO DE APRENDIZAGEM “Participar do Projeto Biologia Molecular nas Escolas foi uma experiência mui-

to interessante e agradável, tendo em vista que a área de docência me desperta interesse. Conseguir simplificar e tornar um conteúdo interessante para quem não conhece e fazer todos entenderem é maravilhoso e estimulante, além de perceber o interesse por parte das pessoas que assistem às aulas.”

- Yuri Freitas e Silva Pereira, aluno do 7º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará. 12


ESPAÇO PET

BIOLOGIA MOLECULAR NAS ESCOLAS: UM NOVO CONCEITO DE APRENDIZAGEM “A parceria entre a escola e projeto de extensão são sempre bem vindos, além da aproximação dos alunos, desperta a curiosidade do aluno para algo além da escola, vejo como algo positivo e espero que continue ocorrendo projetos como este. O projeto obteve uma ótima participação dos alunos e que foi importante para orientação deles ao seu futuro acadêmico. É importante trazer sempre novas ideias de projetos e estamos de portas abertas para recebê-los.”

- Jucilene França Veras, diretora da EEM Felix de Azevedo

BIOLOGIA MOLECULAR NAS ESCOLAS: UM NOVO CONCEITO DE APRENDIZAGEM “Aprendi muito no curso. Assuntos que vi só agora no 3º ano, foi bom para tirar nossas dúvidas e também para inclusão dos alunos que não tem outra atividade durante a tarde. Seria ótimo se houvesse outros projetos com ensino em matemática, química, português e inglês.”

- Paulo Roberto da Silva Oliveira Junior, aluno do 3º ano do Ensino Médio da Escola Félix Azevedo.

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ESPAÇO PET

SOBREMESA ACADÊMICA “A Sobremesa Acadêmica é uma atividade ímpar desenvolvida pelo PET. Lembro que, quando entrei na faculdade, participei de algumas edições da atividade e achei muito interessante. Como estudante de Farmácia, sei que o curso é bastante puxado e nos deixa praticamente sem tempo para debater sobre temas importantes para a graduação. Dessa forma, a atividade desenvolvida pelo PET consegue proporcionar isso ao aluno, um espaço, com um profissional capacitado, que sirva de expositor e mediador para um determinado assunto. Enquanto membro do Programa, em conjunto com os demais integrantes, tentamos adaptar a atividade para que se tornasse mais atrativa para os estudantes, justamente por reconhecer a importância dela para os alunos. É uma atividade que demanda trabalho e esforço para organizar, mas que se a pessoa souber aproveitar, torna-se uma atividade excelente!”

- Mariana Tajra de Castello Branco, aluna do 8º semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará

VI JOFAR “Eu lembro que a VI Jornada de Farmácia ocorreu na minha primeira semana de

aula do primeiro semestre. Este evento me ajudou a conhecer melhor o curso de Farmácia, trazendo para nós um pouco de cada área da profissão. Foi com esse evento que eu tive certeza que eu estava no curso certo. Isso foi o que mais me marcou na JOFAR.”

- Alef Pereira da Silva, aluno do 2° semestre do curso de Farmácia da UFC 14


ESPAÇO PET

PROJETO DE ACOMPANHAMENTO DO DISCENTE RECÉM INGRESSO “Sobre o projeto PADRIN, eu acho muito importante, principalmente pelo fato de que para nós, novatos, é tudo muito novo na universidade. Não sabemos o que esperar das disciplinas e que livros adotar, e quando descobrimos sobre os livros, todos eles já foram alugados. Fiquei muito agradecido pela preocupação e interesse em ajudar, que a minha madrinha Bianca demonstrou ao procurar seus "afilhados", oferecendo materiais de estudo e disponibilidade de tempo para sanar dúvidas das disciplinas, afim de que tivéssemos um primeiro semestre sem traumas. Alguns dos meus colegas de turma até ficaram com "ciúmes" pois seus padrinhos não haviam entrado em contato com eles. Diante disso, sou a favor desse projeto e espero que ele cresça, corrigindo suas falhas, e possa ajudar novatos como eu.”

Edson Virginio da Rocha Filho, aluno do 1º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará. -

BIOLOGIA MOLECULAR NAS ESCOLAS: UM NOVO CONCEITO DE APRENDIZAGEM “As aulas foram bastante dinâmicas e foi bom, porque nós vimos assuntos que caem bastante no ENEM, que é a principal forma de ingressar na universidade pública. Se fosse possível seria interessante projetos com ensino em química.”

- Rafaela Nascimento Boris, aluna do 3º ano do Ensino Médio da Escola Félix Azevedo.

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ESPAÇO PET

SOBREMESA ACADÊMICA e PROJETO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS PARA TODOS “Cheguei a participar do Sobremesa Acadêmica em duas oportunidades e pude notar que os assuntos escolhidos para as palestras e/ou debates eram de suma importância para enriquecimento do conhecimento de mundo de todos nós, além do horário ser perfeitamente conveniente para nós, estudantes, que muitas vezes temos apenas o horário de almoço livre para atividades complementares. Também cheguei a participar do Projeto de Línguas Estrangeiras para Todos, aprendendo o alemão. O curso dado serve como ótima base para quem se interessa em aprende de fato o idioma, tendo em vista que o bom ensino do básico dá um ótimo direcionamento ao aprendizado mais aprofundado.”

Lucas Mateus da Paz, aluno do 7º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará. -

VI JOFAR “Como um dos palestrantes da VI JOFAR, tive a oportunidade de mostrar um pouco do trabalho que exerço a frente da minha empresa, Escola Cervejeira, como sommelier de cer-

vejas. Os organizadores incentivaram a participação dos ouvintes, tornando o momento uma incrível troca de experiências.”

Urllan Brito Pereira Rufino, aluno do 7º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará. -

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ESPAÇO PET

Atividades Desenvolvidas pelo PET/UFC Farmácia “Ensino”

Sobremesa Acadêmica

A atividade visa a melhoria do ensino de graduação, por meio de palestras, filmes e oficinas abor-

dando assuntos atuais pertinentes a área das Ciências da Saúde e imprescindíveis para a formação do profissional da saúde. Os ciclos de palestra e temas com ênfase em saúde ocorrem quinzenalmente às terças-feiras no Bloco Didático do Curso de Farmácia, com duração de 1 hora e 15 minutos.

Curso Pré-Saúde Evento anual organizado pelos PETs dos cursos de Farmácia, Enfermagem, Medicina e Odontologia e Centro Acadêmico Sonia Gusman do curso de Fisioterapia da UFC, desde o ano de 2014, atualmente em sua 4ª edição. Os alunos recém -ingressos nos cursos da área da saúde da UFC são o público-alvo. O Pré-saúde tem como objetivos apresentar uma abordagem multidisciplinar desses cursos e promover a integração entre profissionais, graduandos e recém-ingressos das áreas da saúde. No evento são ministradas palestras e realizadas oficinas sobre temas relacionais à saúde.

Aula de Biossegurança Aula ministrada para os alunos do curso de Farmácia do primeiro semestre. Tem como objetivo orientá-los sobre a importância da Biossegurança, transmitir conhecimentos sobre ricos e perigos em laboratórios e sobre o uso de equipamentos de proteção individual e coletiva

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ESPAÇO PET

Atividades Desenvolvidas pelo PET/UFC Farmácia “Pesquisa”

Avaliação do conhecimento, aceitação e uso de medicamentos genéricos

Consiste em um projeto de pesquisa com objetivo de avaliar o entendimento sobre medicamentos genéricos, sua aceitação, frequência do consumo, bem como analisar os fatores que influenciam essas variáveis, como: condições socioeconômicas, prescrição médica, divulgação em meios de comunicação, entre outros, dos pacientes atendidos na Farmácia Ambulatorial do HUWC e entre os estudantes universitários dos primeiros semestres dos cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina e Odontologia da UFC.

Participação em laboratório de pesquisas

Nessa atividade, os integrantes do grupo têm participação em laboratórios de pesquisa, sob a orientação do responsável pelo laboratório, o que proporciona

ao petiano a oportunidade de conhecer diferentes atividades realizadas em laboratórios da UFC, além de permitir sua colaboração em pesquisas relevantes para ciência e para a comunidade. A atividade é realizada durante todo o período em que o aluno é vinculado ao PET.

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ESPAÇO PET

Atividades Desenvolvidas pelo PET/UFC Farmácia “Extensão”

Biologia Molecular nas Escolas: um novo conceito de aprendizagem

O PET/UFC-Farmácia desenvolve esse projeto de extensão desde o ano de 2012, com o objetivo de contribuir para a formação de alunos de nono ano do Ensino Fundamental e do primeiro ano do Ensino Médio sobre Biologia Molecular. A cada ano são contempladas 3 a 4 escolas, públicas e particulares, localizadas no município de Fortaleza-CE. O

curso tem uma carga horária total de 10 horas, com aulas teóricas e práticas, além de dinâmicas.

Natal Solidário Contribuindo para a construção de uma vida mais justa o PET realiza anualmente o Na-

tal Solidário, em instituição carente, de crianças e idosos. Na festa de Natal, que conta também com o apoio de estudantes do curso de Farmácia da UFC, são oferecidos lanches, realizados atividades lúdicas e momentos interativos e

Creche Aprisco, Fortaleza - CE, 2016.

distribuídos presentes os moradores da instituição.

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ESPAÇO PET

Atividades Desenvolvidas pelo PET/UFC Farmácia “Outras Atividades”

Jornal Tarja Preta Publicação bimestral de autoria dos petianos, contendo dicas de saúde, filmes, livros, notícias e entrevistas que mantém os graduandos informados sobre os acontecimentos mais relevantes na profissão

farmacêutica,

mundo

científico,

universidade,

além de incentivar a participação em atividades culturais. O jornal disponibiliza espaços destinados a divulgação de congressos e eventos, a opinião de alunos sobre o curso de Farmácia e a UFC e a

apresentação de atividades realizadas pelo PET/UFCFarmácia.

Jornada da Farmácia da UFC

A Jornada da Farmácia da Universidade Federal do Ceará – JOFAR UFC é um evento anual, atualmente em sua sétima edição, promovido pelo PET/UFC Farmácia,

VII JOFAR, 2017 Minicurso de primeiros socorros

voltado para os alunos do curso de Farmácia, em que há compartilhamento de ideias, discussão de temas atuais e relevantes para o curso, assim como informações importantes para a formação acadêmica. Durante a jornada são realizadas mesas redondas, conferências, minicursos e oficinas

VII JOFAR, 2017 Minicurso de Coleta de Sangue

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ESPAÇO PET

Atividades Desenvolvidas pelo PET/UFC Farmácia “Outras Atividades”

Programa de acompanhamento discente aos recém-ingressos (PADRIN)

O projeto PADRIN tem por objetivo ajudar o aluno do primeiro semestre a adaptar-se ao ambiente universitário através do fornecimento de materiais para estudo, dicas e esclarecimento de dúvidas sobre as disciplinas, curso, funcionamento da universidade, dentre outros. Para isso, cada petiano fica responsável por orientar e ajudar um pequeno grupo de alunos recémingressos no curso de Farmácia.

Revista A Revista PET/UFC Farmácia foi lançada em 2015, com a finalidade de inovar a comunicação na comunidade acadêmica do curso de Farmácia e da UFC. A revista tem como corpo editorial integrantes do PET/UFC Farmácia e apresenta matérias e entrevistas sobre o Curso de Farmácia da UFC e a profissão farmacêutica.

Feira das Profissões O PET Farmácia participa de diversas feiras das profissões em escolas e faculdades, apresentando para estudantes do ensino fundamental e médio o que os alunos do curso de farmácia estudam e as diversas áreas de atuação do profissional farmacêutico. 21


ESPAÇO PET

Conhecendo nossos projetos:

Jornada da Farmácia da UFC

O PET/UFC Farmácia promove anualmente a Jornada da Farmácia da UFC, trazendo a proposta de ser um evento acadêmico inovador, tendo como objetivo ampliar o conhecimento no âmbito farmacêutico. O evento conta com mesas redondas, palestra, conferências e minicursos, com temas que abordem a profissão farmacêutica, bem como o curso de graduação em Farmácia e assuntos relacionados à saúde. A primeira JOFAR UFC ocorreu em 2011. No ano de 2014 a organização do evento trouxe novidades como a apresentação de trabalhos científicos e visita técnica monitorada. Os temas da Jornada são pensados pelos integrantes do grupo PET/UFC Farmácia e visam a atualização do profissional em formação e a ampliação dos co-

nhecimentos por meio das atividades realizadas durante o evento. Confira a Linha do Tempo e o que vem acontecendo durante as Jornadas, desde sua primeira edição, em 2011:

- I Jornada da Farmácia da UFC (2011)

O Evento ocorreu nos dias 18 e 19 de agosto de 2011 e

trouxe como tema: “Construindo e compartilhando o conhecimento”. Foram apresentadas as palestras "O profissional farmacêutico e as suas diversas áreas de atuação" e "A realidade do mercado farmacêutico no Ceará". Os alunos também puderam participar de oficinas de dança fotografia e teatro.

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ESPAÇO PET - II Jornada da Farmácia da UFC (2012)

O Evento ocorreu nos dias 9, 10 e 11 de maio de 2012 e contou com palestras, mesas redondas, oficinas e minicursos. Na programação estavam as conferências “Residência em Farmácia Hospitalar e suas implicações ao serviço de saúde”, “A pesquisa e a pós-graduação no curso de Farmácia”, entre outras. Teve a participação de docentes, alunos de pós-graduação e profissionais renomados como ministrantes.

- III Jornada da Farmácia da UFC (2013)

O Evento ocorreu nos dias 8, 9 e 10 de maio de 2013. Os participantes puderam prestigiar, entre outras atividades, a conferência “Fiocruz: Polo Industrial e Tecnológico da Saúde” e a mesa redonda “Empreendedorismo na Profissão Farmacêutica”. Foram oferecidos oito minicursos durante a Jornada.

- IV Jornada da Farmácia da UFC (2014)

O Evento ocorreu nos dias 9, 10 e 11 de abril de 2014 e contou com novidades como a visita técnica à Iso-

farma Indústria Farmacêutica e Apresentação e Premiação de Trabalhos Científicos. Os organizadores também promoveram o “Simbora IV JOFAR” através do site Facebook, onde foi realizado o sorteio de uma inscrição do evento para os participantes que compartilhassem

uma das três fotos/memes oficiais publicadas na página do

PET/UFC-Farmácia.

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ESPAÇO PET - V Jornada da Farmácia da UFC (2015)

O Evento ocorreu nos dias 11, 12 e 13 de março de 2015. Os alunos participantes puderam realizar, alem de mini-cursos e oficinas, visitas técnicas a Isofarma Indústria Farmacêutica e a Pardal Sorvetes. Na Jornada foram apresentados 9 Trabalhos Científicos e realizada a cerimônia de premiação do Melhor Trabalho Apresentado. Como destaque, tivemos o lançamento da primeira edição da Revista PET/UFCFarmácia, em comemoração aos 99 anos de Criação da Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade Federal do Ceará.

- VI Jornada da Farmácia da UFC (2016)

O Evento ocorreu nos dias 6, 7 e 8 de abril

de 2016 e contou com novidades como a visita técnica ao LACEN. Foram apresentados Trabalhos Científicos e conferido prêmio ao Melhor Trabalho Apresentado. Foi também divulgada a 2ª edição da Revista PET/UFC-Farmácia, em homenagem aos 100 anos da Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade Federal do Ceará.

- VII Jornada da Farmácia da UFC (2017)

A VII JOFAR ocorreu nos dias 10, 11 e 12 de maio de 2017 e contou com diversas atividades, dentre elas muitas novidades como a visita técnica ao HEMOCE e a MEAC, e os minicursos de práticas integrativas para o manejo da dor e prevenção ao suicídio. Tivemos

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ESPAÇO PET ainda apresentação de 9 Trabalhos Científicos e premiação do Melhor Trabalho Apresentado, além das palestras e mesas redondas e da homenagem aos 10 anos do CEATENF. A JOFAR UFC é realizada Auditório do Bloco Didático do Curso de Farmácia, recebe apóio da UFC, de diversos profissionais da área da saúde e dos nossos professores. Tem como publico alvo alunos dos Cursos de Farmácia do Ceará. É um evento gratuito e recebe, como doação, alimentos que são destinados a instituições carentes.

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DESTAQUE

BIOTECNOLOGIA: A visão de estudantes sobre a graduação e o Futuro Profissional POR

Pedro Benício

“Biotecnologia é, acima de tudo, um curso para quem quer ser cientista”

O

Graduandos do curso de Biotecnologia da Universidade Federal do Ceará (UFC)

mos com alunos do curso de Biotecnolobiotecnologista é um profissional

multifacetado

e

bastante

importante para o progresso científico da sociedade. Suas habilidades se estendem desde a produção de artigos de limpeza e controle de qualidade de alimentos até a manipulação genética de organismos, assim como, seu cultivo em larga escala, o que vem proporcionando avanços marcantes na ciência.

gia da Universidade Federal do Ceará para captar a visão deles sobre a graduação e futuro profissional. Inicialmente, indagamos o que levou os alunos a escolherem esse curso

no vestibular. Por ser um curso da área das ciências, determinadas matérias como química, física e biologia são muito marcantes na grade curricular e para quem gosta é uma ótima oportunidade.

Tendo em vista a importância des-

Foi isso que levou João Victor, graduan-

sa profissão e sua relação com a farmá-

do do 2° semestre a optar por essa pro-

cia, nós do PET/UFC Farmácia conversa-

fissão: “Sempre gostei muito de ciência, 26


DESTAQUE física, química e biologia e a biotecnolo-

de educação no sentido de informação”

gia é o curso que mais se aproxima des-

e diz mais, “atualmente temos que ouvir,

se perfil”.

por parte de algumas pessoas, por falta de informação e acessibilidade a divulgação científica, coisas altamente equivocadas

a

respeito

da

biotecnologia.

Por

exemplo, a transgenia vegetal é um assunto que gera muita polêmica e aversão, mesmo que nós, que convivemos e trabaJoão Victor 4º semestre

Mila Holanda 6º semestre

lhamos com isso expliquemos ainda vemos resistência e intolerância”. E completa “ao mesmo tempo em que nos recusa-

Para Mila Holanda, graduanda do 6° semestre, “Biotecnologia é, acima de tudo, um curso para quem quer ser cientista”. Ao ser indagada sobre o motivo da escolha, falou que não gostava de biologia, queria mesmo era química e indús-

tria, mas ao entrar se deparou com um “conhecimento muito mais amplo e completo e a chance de ser um profissional qualificado”, o que a fez se identificar com o curso.

mos a utilizar alimentos transgênicos, nos beneficiamos com a insulina recombinante, por exemplo,”. Para Claudiane Carvalho, graduanda do 6° semestre, “É muito importante se ter a biotecnologia e a ciência como um todo na sociedade, pois nós estudamos e trabalhamos pra trazer um retorno positivo para a população. As pessoas em geral têm um pouco de medo da ciência, se observamos bem o vilão é sempre o cientista maluco. Nós aqui na biotecnologia temos trabalhado

A segunda pergunta consistia em

para mudar essa ideia pré-formada. Mui-

saber como os alunos avaliavam a impor-

tos de nossos projetos de extensão são

tância da biotecnologia, como ciência, na

aplicados nas comunidades, nas escolas,

sociedade. Segundo Maria Jamili, gradu-

difundindo nossas atividades e conheci-

anda do 4° semestre, “A biotecnologia é

mento”.

uma ciência importante e ela atinge o modo de vida das pessoas, só não é reconhecida como tal. A sociedade usufrui dos serviços, mas não os atribui à biotecnologia”. Sobre essa problemática, Mila Holanda acredita que “o problema da ciência aqui no Brasil é decorrente da falta

Maria Jamili 4º semestre

Claudiane Carvalho 6º semestre 27


DESTAQUE Após isso, mudamos o foco para o

preocupante que afeta essa profissão: a

curso e perguntamos para os alunos qual

falta de regulamentação. Acontece da se-

era o nível de satisfação destes com a

guinte forma, o profissional é reconheci-

estrutura do curso, tanto física quanto

do, porém, por não ter sua profissão re-

curricular. Para Symon Simons, graduando

gulamentada, não tem suas atribuições

do 4° semestre, “O nosso grande proble-

definidas

ma é estrutura. Primeiro, estamos inseri-

conselhos federais nem regionais e com

dos em um departamento que era usado

isso podem se tornar invisíveis aos em-

inicialmente para a pós-graduação. Não

pregadores.

oficialmente,

não

apresentam

temos, por exemplo, estrutura laboratorial que atenda as nossas necessidades, às vezes falta materiais, em outras desenvolvemos as práticas de forma mais simples, pulando passos. Com essa última greve nós reivindicamos um bloco para nosso departamento e acredito que vamos conseguir resolver isso”. Já Gabriella Bruno, graduanda também do 4°, apresenta uma

Symon Simons 4º semestre

Gabriella Bruno 4º semestre

visão mais otimista da situação. “Acredito que mesmo sujeito a essas condições nosso curso é muito bom, os alunos têm um ótimo nível, temos ideias brilhantes e por conta disso acho que merecemos um lugar nosso. Nós temos muito a oferecer tanto para a academia como para a sociedade”. O curso de Biotecnologia da UFC

“Nós temos muito a oferecer tanto para a academia como para a sociedade”.

foi criado em 2009 e a primeira turma

Segundo Symon “muitas vezes ve-

entrou em 2010, ou seja, em comparação

mos outros profissionais ocupando vagas

a outros cursos, ele é muito novo e tal-

que se adéquam ao nosso currículo. Vejo

vez esse seja o motivo de ainda não ter

que existe certa confusão sobre quais

um bloco didático específico para tal.

são as atribuições do biotecnologista e

Em seguida, perguntamos aos alunos quais eram suas perspectivas para o mercado de trabalho. Ao ouvir as respostas nos deparamos com um problema

isso decorre, principalmente, da falta de regulamentação e por isso nem mesmo os empregadores sabem que aquela função compete a um biotecnologista”. Alunos e profissionais têm lutado pela regu28


DESTAQUE lamentação e a LiNAbiotec (Liga Nacional dos Acadêmicos em Biotecnologia) vem realizando esse trabalho de divulgação da Biotecnologia em eventos de cunho científico e debatendo assuntos relevantes sobre a regulamentação da profissão. Gabriella, que faz parte dessa Liga, comenta sobre essas atividades: “Nós desenvolvemos um trabalho de re-

tificação de editais, onde analisamos editais que apresentam vagas com perfil de biotecnologista mas que não se destinam aos mesmos, contatamos a empresa ofertante e apresentamos o profissional e suas atribuições, solicitando, no fim, a retificação do edital”. Esse trabalho contribui para o reconhecimento profissional e é de extrema importân-

cia, o que resulta em resultados positivos, segundo ela, no ano de 2016 foram retificados 3 editais, dois de concursos públicos (FIOCRUZ e IFCE) e um de estágio (FIOCRUZ). Na última pergunta, pedimos para os alunos classificarem o curso com notas de 1 a 5. As notas variaram entre 4

e 4,5, para Claudiane, sua nota é 4,5 “pois não estamos no ideal porém estamos mudando e melhorando gradualmente e com apoio dos alunos e professores creio que conseguiremos a excelência”.

29


DESTAQUE DESTAQUE

Engenharia de cristais aplicada a sólidos farmacêuticos POR

Anyelle Saldanha

Dra. Jéssica Castro Fonseca é graduada em Farmácia e Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Ceará e Doutoranda em Ciências Farmacêuticas na UFC. Tem como área de atuação a Garantia da Qualidade.

"Daí sua grande importância, pois a união de conhecimentos de diferentes áreas possibilita uma vasta compreensão do material a ser estudado e um entendimento do destino que deve se tomar com este material"

O

de duas alunas da graduação em farmágrupo de pesquisa em Enge-

cia, com bolsas de iniciação científica,

nharia de cristais aplicada a só-

cada uma com seu próprio projeto de

lidos farmacêuticos, coordenado pelo Professor Doutor Alejandro Pedro Ayala consiste

em

uma

equipe

multiprofissional

composta por químicos, físicos e farmacêuticos de diferentes programas de pósgraduação da Universidade Federal do Ceará (UFC) (Ciências Farmacêuticas, Física e Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos) e parceria com outras universidades do Brasil e do exterior. O grupo é composto, até o presente momento, por cinco farmacêuticos (sendo quatro

doutorandas

e

um

mestrando),

três físicos (dois doutorandos e um mestrando) e uma química (doutoranda), além

pesquisa. As pesquisas realizadas pelo grupo buscam a otimização dos fármacos no estado sólido, como a promoção do aumento da solubilidade de fármacos com baixa solubilidade, melhorando sua biodis-

ponibilidade no organismo; a caracterização físico-química de novos fármacos ou de estrutura cristalina de difícil obtenção; a obtenção de informações sobre fármacos já conhecidos; a elucidação de novos polimorfos ainda não completamente estudados na literatura. O grupo também presta serviços a indústrias farmacêuticas, realizando a diferenciação de matéria30


DESTAQUE prima por difração de raios-X de pó

em seguida o estudo por cocristais com

(técnica

para

potenciais de solubilidade melhoradas ou

elucidar estruturas polimorfas), caracteri-

algumas outras características farmacêuti-

zação térmica com o uso de

cas.

extremamente

importante

calorime-

tria exploratória (DSC) e termogravimetria (TGA). Além disso, o grupo fornece informações importantes para a complementação da farmacopeia brasileira, no que consiste à algumas monografias, cuja ca-

racterização ou diferenciação se encontre incompleta ou inconforme.

Cada um dos pesquisadores trabalha com materiais diferentes visando objetivos complementares, como o estudo das técnicas de formação de cocristal, o estudo das soluções-sólidas, a implementação da química verde no desenvolvimento de novas formas cristalinas, pes-

A pesquisa em engenharia de cris-

quisa de polimorfos, otimização de IFAs

tais (caracterização de estrutura cristali-

(Ingredientes

Farmaceuticamente

Ativos)

na, pesquisa de polimorfismo, formação

com baixa solubilidade aquosa, entre ou-

de co-cristais*, entre outras) vem sendo

tros.

desenvolvida em conjunto com diversas técnicas de caracterização realizadas no Departamento de Física da UFC em cola-

boração com a University of Limerick na Irlanda, sob coordenação do Professor Doutor Michael J. Zaworotko, e com o Instituto de Física de São Carlos, sob coordenação do Professor Doutor Javier Ellena, além dos Departamentos de Farmácia e Química da UFC, que colaboram com

algumas

técnicas

complementares

para o desenvolvimento da pesquisa. A

matéria-prima

é

primeiramente

avaliada

de acordo com os parâmetros vibracionais (infravermelho e Raman), térmicos

“Estudantes de pósgraduação realizaram intercâmbios para a University of Limerick e outras universidades, que colaboram com o grupo de Engenharia de Cristais, visando o aprendizado de novas técnicas e compreensão de equipamentos.”

(DSC e TGA) e de difração (raios-X de pó). Após o estudo inicial, é realizada a busca por polimorfos em diversas condições ambientais e de solventes, dando-se * Cocristal farmacêutico se refere a um produto que possui um Ingrediente Farmaceuticamente Ativo (IFA) e outro componente chamado coformador, que interagem entre si através de ligações de hidrogênio, resultando em uma nova estrutura cristalina com propriedades diferentes do material de origem.

31


DESTAQUE Estudantes de pós-graduação reali-

mento do fármaco como forma de carac-

zaram intercâmbios para a University of

terização, sendo uma técnica não afetada

Limerick e outras universidades, que cola-

pela mudança na estrutura cristalina do

boram com o grupo de Engenharia de

fármaco, não diferenciando polimorfos.

Cristais, visando o aprendizado de novas técnicas e compreensão de equipamentos.

A área de atuação do grupo se refere à inovação de medicamentos, com novas estruturas que apresentam melho-

Uma das áreas de atuação do gru-

res propriedades farmacêuticas, além de

po que denota grande importância é a

novos medicamentos com potencial para

caracterização

polimorfismos

outras ações no organismo, o qual é pes-

(incluindo aqui os solvatos e hidratos) e

quisado em conjunto com o Departamen-

seu impacto no desempenho do fármaco.

to de

de

alguns

Um exemplo interessante se refere à perda de eficácia de alguns medicamentos contendo carbamazepina. Estudos do FDA indicaram que comprimidos de carbamazepina poderiam perder até um terço da sua eficácia, se conservados em condi-

ções úmidas.

Isto ocorre devido à forma-

ção de um dihidrato, resultando em uma má dissolução e absorção. Como o dihidrato também tem sido detectado após armazenamento sob condições ambientes, sugere-se

que

o

armazenamento

com

sachês de sílica gel pode ser necessário para evitar a deterioração física dos comprimidos de carbamazepina. Esse fármaco

apresenta o fenômeno de polimorfismo, com diversas estruturas cristalinas já elucidadas através da técnica de difração de raios-X. A partir desta informação, é debatida a importância dessa técnica como

Fisiologia e Farmacologia. Como se pode perceber, é um labo-

ratório que trabalha em colaborações nacionais e internacionais, diferenciado por ser um grupo multiprofissional inerente à vasta gama de atuação dos diversos pesquisadores. Daí sua grande importância, pois a união de conhecimentos de diferentes áreas possibilita uma vasta compreensão do material a ser estudado e um entendimento do destino que deve se tomar com este material. É possível, portanto, entender o papel do farmacêutico no

desenvolvimento

de

medicamentos,

que prossegue na cadeia dos estudos pré -clínicos, clínicos, desenvolvimento farma-

cotécnico da forma farmacêutica e seus posteriores estudos, no qual o profissional atua em cada uma das etapas de forma extremamente ativa na indústria

forma de caracterização a ser incluída na farmacopeia brasileira, pois esta bibliografia dá atenção essencialmente ao dosea32


DESTAQUE

CENTRO DE ESTUDOS EM ATENÇÃO FARMACÊUTICA PROGRAMA STEWARDSHIP: NOVA FERRAMENTA NA OTIMIZAÇÃO DA TERAPIA ANTIMICROBIANA POR

Isabel de Castro

Dr. Henry Pablo Lopes Campos Reis é farmacêutico, mestre e doutor em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Ceará. Especialistas em Farmácia Hospitalar pela Universidade de Brasília/Ministério da Saúde/Sociedade Brasileira Farmácia Hospitalar, realizou Curso de Extensão em Gestão Clínica pela Harvard University/USA e é técnico administrativo de nível superior da UFC e Responsável Técnico no Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica (CEATENF)/UFC.

A

apresenta Staphylococcus aureus resisten-

descoberta dos antimicrobianos

te à meticilina, com mais de 60% com

foi um grande marco na saúde

este perfil, como também, Bacilos Gram-

mundial, diminuindo, consideravelmente, o

negativo resistentes a todos os antibióti-

número de mortes. Contudo, seu uso in-

cos, não havendo mais opções de trata-

discriminado deu início ao processo de

mento. Sabe-se que um dos facilitadores

multirresistência

considerada

desse processo é o uso irracional de an-

atualmente como uma pandemia mundial.

timicrobianos (ATM), não apenas em hos-

A multirresistência tem gerado impactos

pitais, mas também na comunidade. Neste

negativos no manejo dos pacientes com

sentido, urge a aplicação de estratégias

infecção, uma vez que acontece de forma

mais eficientes de controle e racionaliza-

mais rápida e disseminada que a desco-

ção dos ATM, uma vez que os modelos

berta de novos fármacos, repercutindo

atualmente aplicados não têm mostrado

em outro grande problema hoje enfrenta-

resultados animadores.

microbiana,

do pelos profissionais de saúde, gestores e até mesmo a população em geral: o esgotamento

terapêutico

antimicrobiano.

Como exemplo, a maioria das instituições

Surge,

assim,

o

Programa

Stewardship, um novo modelo de processo de trabalho interdisciplinar para otimizar a terapia antimicrobiana, a partir de 33


DESTAQUE estratégias que podem ser aplicadas de

entendimento, até legal, que seu papel é

forma única ou combinadas, que atuam

de provedor de Serviços Clínicos, voltado

sinergicamente em prol de melhorar o pa-

para sanar os problemas individuais rela-

drão de utilização de ATM, e por conse-

cionados à farmacoterapia.

qüência, minimizar o impacto e proliferação de cepas multirressitentes que pode

PET:

ser traduzido como “Programa de gestão

O que é o Programa Stewardship e

clínica de controle de antimicrobianos” e

quais os seus objetivos?

tem sido estimulado por órgãos internaci-

onais de referência, como a Organização Mundial da Saúde, a sua implantação nas

Henry Pablo: O Programa Stewardship de

instituições de saúde em todo o mundo.

Antimicrobianos

Neste Programa, o farmacêutico muda do seu papel de provedor logístico dos antimicrobianos e correlatos relacionados ao controle de infecção e toma à frente em parceria com o infectologista a condução do plano terapêutico para to-

mada da melhor escolha do ATM de acordo com as peculiaridades de cada usuário/paciente e faz todo o gerenciamento clínico e até mesmo econômico do processo de cuidado em cada situação enfrentada. Esse processo de ampliação clínica do papel do farmacêutico no Brasil vem

(PSA)

foi

pioneiramente

descrito por Dale Gerding, em 2001, definindo esse termo, que compreende ações estratégicas que, de forma interdisciplinar, associadas ou isoladas, geram uma racionalização dinamizada no uso de antimicrobianos, seja na seleção, indicação, do-

se, duração ou via de administração, aprimorando o manejo da terapia antimicrobiana de forma individualizada, de acordo com o perfil de cada paciente. O PSA tem como maior objetivo a otimização da terapia antimicrobiana, e em segundo plano, busca reduzir danos devido à resistência microbiana e minimizar os custos nesse cenário.

tomando força de forma recente. Diante

da Resolução do Conselho Federal de

PET:

Farmácia de número 492/ 26 de novem-

Quais os impactos do programa

bro de 2008, o Farmacêutico passou a

dentro do ambiente hospitalar?

ter um maior desempenho legitimado na parte clínica e nas comissões hospitalares. Este profissional passou a ser indis-

Henry Pablo: Segundo a OMS, as infec-

pensável no processo que envolve o Uso

ções causam 25% das mortes em todo o

Racional de Medicamentos, mas teve o

mundo e cerca de 40% nos países me34


DESTAQUE nos desenvolvidos como o Brasil; calcula-

área, estima-se que, no Brasil, 3% a 15%

se, assim, que cerca de 50% dessas

dos pacientes desenvolvem algum tipo de

prescrições sejam inadequadas e mais de

infecção hospitalar. Os indicadores são

50% do orçamento para medicamentos é

preocupantes, podemos citar que na Eu-

gasto com antimicrobianos. Dessa forma,

ropa há um gasto de 9 bilhões de euros

os impactos com a implantação do PSA

por ano, e 4 a 5 bilhões nos Estados

se alicerçam em três diferentes eixos: a)

Unidos, relacionados ao custeio das resis-

Clínicos (atingindo melhores resultados no

tências bacterianas.

tratamento proposto, com minimização da

morbimortalidade, redução da toxicidade, eventos adversos e resistência disseminada, ainda havendo o incremento das taxas

de

cura

clínica),

b)

Humanístico-

organizacional (através de uma abordagem operacional fincada na interdisciplinaridade em prol da melhoria no cuidado com garantia da qualidade assistencial) e, c)

Econômico

(aplicando

estratégias

e

processos de racionalização que repercutem em minimização de custos diretos e indiretos relacionados ao uso de ATM). PET:

Dessa forma, no âmbito hospitalar, o farmacêutico tem o papel que vai muito além da padronização dos ATM, avaliação das prescrições e logística da provisão do antimicrobiano, proposições básicas para o uso racional, mas quando se fala em PSA, o farmacêutico toma um protagonismo maior, pois lidera, com o infectologista, as ações de racionalização de forma mais dinâmica, e aplicação das estraté-

gias do Programa que sejam convenientes para cada paciente. Neste sentido, o cuidado

farmacêutico

aos

infectados

se

presta de forma mais eficiente, quando Qual papel o profissional farmacêutico exerce dentro do programa?

há uma análise personalizada de cada caso, em relação à melhor escolha do antimicrobiano,

baseado

na

efetividade,

segurança, comodidade e custos. Henry Pablo: A promoção do uso racional

Todo o trabalho é norteado por

de medicamentos é intrínseca ao farma-

protocolos clínicos e diretrizes terapêuti-

cêutico, e sua responsabilização com o

cas, onde há atuação direta do farma-

acompanhamento farmacoterapêutico indi-

cêutico desde sua definição, aplicação e

vidualizado é uma das suas principais

monitorização dos resultados a partir das

atribuições, o que foi legitimado recente-

metas propostas. Em sendo um método

mente pela Resolução 585/2013 do Con-

de gestão, há, imprescindivelmente, a ava-

selho Federal de Farmácia. Para entender

liação sistemática e contínua dos resulta-

a

dos encontrados, discussão integrada en-

importância

do

farmacêutico

nessa

35


DESTAQUE tre os atores do processo, onde nesse

pia antimicrobiana de acordo com o sta-

momento há necessidade que todo time

tus clínico do paciente atendido.

Stewardship esteja bem articulado (alta gestão institucional, corpo médico, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

PET:

Quais os desafios encontrados na realização deste programa?

(CCIH), Serviços de Farmácia e Microbiologia, área de Tecnologia e Informação, entre outros) e, assim, são propostas ações para melhoria dos resultados definidos

Henry Pablo: Os desafios na implantação

colegiadamente.

farmacêutico,

dessa importante ferramenta de gestão

nesse método, a elaboração de relatórios

terapêutica não são poucos. Vão desde

de gestão com o perfil de utilização dos

limitados recursos financeiros, estruturais

ATM, painel da adesão dos prescritores

e humanos, até mesmo a cultura organi-

às estratégias do programa e até mesmo

zacional da instituição para uma prática

a avaliação farmacoeconômica, com mo-

interdisciplinar, que requer maturidade de

delagem apropriada para entender o real

todos os profissionais envolvidos para o

impacto na minimização dos custos, para

pleno entendimento dos seus reais papéis

a instituição e para sociedade.

operacionais e limites éticos na promoção

Cabe

ao

das estratégias Stewardship, evitando assim, conflitos e ruídos interpessoais. Uma Na farmácia comunitária, ele atua

das dificuldades mais marcantes na efeti-

diretamente na prevenção do uso inade-

vação do modelo Stewardship é ter dis-

quado de antimicrobianos fora do eixo

ponibilização de profissionais capacitados

hospitalar, com orientação farmacêutica

com a visão de gestão clínica e estratégi-

na dispensação ao usuário/cliente, com a

ca do uso de ATM para a implantação

preocupação de avaliar a prescrição e es-

desse Programa. Em especial, se verifica

colha individualizada do antibiótico, refor-

uma barreira adicional nesse ponto quan-

çando a importância da correta adesão

to ao farmacêutico que está no mercado,

ao regime posológico, forma de adminis-

ainda distante de um profissional com a

tração/armazenamento (especialmente as

expertise clínica requerida para o Progra-

formas líquidas), analisando possíveis inte-

ma, que necessita de uma sólida forma-

rações medicamentosas e, em caso de

ção e competência voltada para o conhe-

lapsos e/ou equívocos na prescrição, fa-

cimento de farmacoterapia antimicrobiana,

zer

prescritor

habilidades de raciocínio sistemático de

(quando possível), para discutir o caso e

avaliação dos casos e atitude proativa na

promover uma seleção otimizada da tera-

sugestão das estratégias convenientes e

uma

articulação

com

o

36


DESTAQUE eficientes diante de cada situação enfren-

PET: Quais as perspectivas futuras na

saúde com a implantação do Ste-

tada.

wardship nos hospitais?

Outros complicadores que são enfrentados de forma geral são os laboratórios de microbiologia obsoletos, com pouca automatização dos resultados e recursos humanos aquém do necessário para respostas rápidas que o PSA demanda; padrão de uso de antimicrobianos institucional ainda alicerçado no empirismo e práticas tradicionalistas distante da medicina baseada em evidências; utilização de antimicrobianos de baixa qualidade, muitas vezes decorrentes de processos de aquisição que são limitados pelo menor preço específico; ou em casos de hospitais públicos ainda se vivencia o problema de acesso, com freqüentes rupturas de

estoques e em uma perspectiva mundial, a falta de incentivos à pesquisa e desenvolvimento pelas companhias farmacêuti-

Henry Pablo: O Programa Stewardship é uma ferramenta de racionalização do uso de ATM que já está sendo utilizado mundialmente, especialmente nos países de-

senvolvidos, há mais de duas décadas, com extensa literatura, evidenciando seus impactos positivos. O que se vislumbra é cada vez mais o número de hospitais com o PSA implantado e incrementado a cada ano. Sabe-se que aplicado de forma correta, com estrutura adequada e processos bem definidos, o Stewardship funciona de forma eficaz na redução do uso desnecessário de antimicrobianos e, dessa forma, diminui a resistência bacteriana e os custos do tratamento hospitalar. O Ceará é um dos pioneiros na im-

cas, de novos antimicrobianos. Além desse cenário, no âmbito comunitário, verifica-se o grande número de farmácias e drogarias que ainda é algo preocupante, cerca de quase 100.000 estabelecimentos

farmacêuticos,

número

quatro vezes maior que a OMS preconiza, o que pode ser fator facilitador da dispensação de ATM, fora dos padrões ético -legais, especialmente em Farmácias onde não há atuação efetiva do farmacêutico.

plantação desta ferramenta de gestão clínica, onde tivemos a oportunidade de estruturar a primeira área formalizada, institucionalmente, com o PSA, em nível nacional, em uma Operadora de Planos de

Saúde em Fortaleza, há 10 anos, quando pouco se sabia desse modelo no Brasil. Este

trabalho

resultou

em

importantes

melhorias no modelo de auditoria de antimicrobianos até então realizada, com execução interdisciplinar do Stewardship nos oito principais hospitais privados da cidade. Foram obtidos resultados impac37


DESTAQUE tantes com a redução no tempo de tera-

Hospitalares), uma parceria entre o CEA-

pia antimicrobiana durante a internação,

TENF (Centro de Estudos em Atenção Far-

ampliação gradativa da adesão às estra-

macêutica), Serviço de Farmácia/CCIH e

tégias como: descalonamento (regressão

Direção do Hospital das Clínicas que tem

no espectro antimicrobiano após laudo do

se mostrado bastante promissora e já te-

antibiograma),

oral

ve repercussão em nível nacional. Para

(mudança do ATM intravenoso para o

dinamizar esta ação é fundamental a rea-

oral), e redução de custos médio de qua-

lização de congressos, simpósios e cursos

se R$1.500,00/ano.

sobre o tema, maior investimento em pes-

terapia

sequencial

quisa e desenvolvimento de antimicrobianos, entendimento da importância para um adequado quadro de recursos humanos capacitados para esse fim e sua aplicação mais ampla, em nível público e privado, hospitalar e comunitário

Atualmente, o Programa tem difundido sua implantação mais acelerada no eixo Sul e Sudeste, em especial nos hospitais de São Paulo, ainda muito incipiente nas demais regiões do país. No âmbito do setor público de saúde, ainda é desa-

“O PSA tem como maior objetivo a otimização da terapia antimicrobiana, e em segundo plano, busca reduzir danos devido à resistência microbiana e minimizar os custos nesse cenário”.

fiadora a implantação do PSA diante do

cenário

de

escassez

que

enfrentamos,

mas de forma alguma isto é limitante para que sejam iniciadas ações em direção à realização do Stewardship nesse setor. Um exemplo que muito nos orgulha é a implantação em 2017, no nosso Hospital Universitário

Walter

Cantídio

da

UFC/

EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços 38


PROFISSÃO FARMACÊUTICA

O papel do farmacêutico no Serviço de Assistência Especializada em HIV/ AIDS: um cuidado muito além dos medicamentos POR

Jéssica Sales

Dra. Malena Gadelha Cavalcante é graduada em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará, Especialista em Gestão de Assistência Farmacêutica pela Universidade Federal de Santa Catarina, Mestre em Ciência Médicas pela UFC e Doutoranda em Ciências Médicas na UFC. É docente do curso de Farmácia e Nutrição da Faculdade Maurício de Nassau, suplente da diretoria do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Ceará e farmacêutica do SAE Anastácio Magalhães.

" Percebo cada vez mais que o usuário não está pautado entre processos de saúde-doença, e que se recria e se reinventa para além de um vírus ou de uma doença.” PET:

Quais as atribuições do farma-

social com o objetivo central de promo-

cêutico na atenção a indivíduos

ver o cuidado integral à saúde para que

portadores de HIV?

os mesmos possam viver e conviver com qualidade de vida. O dinamismo de no-

vos fármacos e a complexidade do trataMalena Cavalcante: O farmacêutico deve

mento medicamentoso e não medica-

fornecer

atualizados, aprimo-

mentoso evidência a importância do far-

rando, dessa forma, com habilidade e

macêutico em proporcionar acesso, infor-

orientação, a atenção às pessoas viven-

mação, escuta qualificada e uso racional

do com HIV/aids (PVHA). Busca conciliar

dos medicamentos que compõem este

as ações de assistência, promoção, pre-

seguimento.

subsídios

venção, direitos humanos e participação 39


PROFISSÃO FARMACÊUTICA ATRIBUIÇÕES: Ciclo

da

Estabelecimento Assistência

Farmacêutica,

gestão técnica, desde a seleção, programação, planejamento e aquisição, ao armazenamento, distribuição e dispensação e uso de medicamentos. Incluindo a supervisão e controle de estoque de medicamentos provenientes do Ministério da Saúde e Governo Estadual; Gestão clínica, realizar a Consulta clínica farmacêutica ou atendimento farmacêutico individual ao paciente em tratamento com antirretrovirais e infecções oportunistas,

enfatizando

aspectos

relevantes

quanto ao uso desses medicamentos, reações adversas, uso racional e adesão; Confecção de mapas (controle de estoque e boletim epidemiológicos) realizados

no Sistema de Controle Logístico de Medicamentos

(SICLOM)

para

dispensação

e

controle logístico de medicamentos antirre-

de

vínculos

com a PVHA; Trabalhar

de

formar

multi/

interprofissional, junto a outros membros do Serviço Especializado e Atenção Primária a Saúde; Referenciar e contra referenciar as PVHA aos demais serviços da rede de acordo com a sua necessidade;

Participar de Grupos de Adesão, promovendo assistência farmacêutica para

os

usuários

virgens

de

terapia

(trabalhando a importância do uso do medicamento com foco na importância da adesão), para os usuários iniciantes no uso de antirretrovirais e para os usuários com problemas de adesão; Estimular os usuários com boa adesão para serem multiplicadores em prevenção e em adesão medicamentosa e não medicamentosa.

trovirais; Confecção de mapas mensais provenientes do governo do Estado para dispen-

PET: Qual o fluxo que a pessoa diag-

nosticada

sação e controle logístico de medicamentos de infecções oportunistas; Proporcionar suporte técnico referente

às questões específicas da Assistência Farmacêutica para outras Unidades de Saúde, município e Estado, quando assim for soli-

com

HIV/aids

segue

desde o momento do diagnóstico até o início do acompanhamento e consultas periódicas? De que forma atua a

equipe inter/multiprofissional nesse processo?

citado; Participar da equipe de aconselhamento pré-teste, pós-teste e entrega de resultados de exames; Realizar a testagem rápida;

Malena Cavalcante: Após a realização do teste, seja fluido oral, rápido, ELISA ou Western blot, com dois resultados

40


PROFISSÃO FARMACÊUTICA reagentes para HIV o usuário deverá ser

panhar inicialmente mês a mês e/ou de

acolhido. Após este momento serão ofer-

acordo com a necessidade e demanda

tados serviços de acompanhamento es-

apresentada pelos usuários. A imunização

pecializados. Porém, a atenção primária-

e testes tuberculínicos são conduzidas

pode e deve acolher, além de realizar o

sob o olhar atento da enfermagem. A

manejo clínico na própria Unidade Básica

equipe deve sempre atuar de forma in-

de Saúde (UBS), ademais a Equipe de

ter/multiprofissional, pois a linha de cui-

Saúde da Família (ESF) será essencial pa-

dado é desempenhada integralmente às

ra outras atividades relacionadas ao cui-

PVHA, e decorre pulsante e viva entre

dado integral realizado pela equipe multi-

atenção primária, secundária e terciária.

disciplinar. Lembrando que o Serviço de Atendimento Especializado (SAE), nestes casos, realizará um serviço de matriciamento. Após a escolha do serviço, ocorrerá agendamento da primeira consulta. Na primeira consulta deverá ser solicita-

PET:

Quais os principais desafios para o farmacêutico que atua nessa área?

do exames como: CD4, carga viral, bioquímicos, entre outros. A média de tempo entre o diagnóstico, consulta e tratamento são 90 dias. Após realização de exames será ofertada a terapia antirretroviral, seguida da primeira consulta clínica do farmacêutico que ocorrerá mensalmente. Após avaliação e confirmação de carga viral indetectável e boa adesão, as consultas serão realizadas a cada

Malena Cavalcante: Realizar uma constru-

ção de uma aliança estratégica além de mantê-la pulsátil entre as equipes de saúde e os usuários, objetivando com isso, promover a melhora da qualidade de vida e fortalecer o impacto favorável do acesso universal ao tratamento antirretroviral.

dois meses para o acompanhamento far-

Quebrar paradigmas e rupturas de

macoterapêutico. O atendimento médico

estereótipos nas práticas do cuidado as

ocorrerá a cada três meses e após o

PVHA, principalmente dentro da atenção

controle da carga viral as consultas se-

primária com o objetivo de ampliar aces-

rão agendadas para cada seis meses.

so no acompanhamento e no tratamento.

Avaliação odontológica ocorrerá pelo me-

Esforço

para

diminuir

as

causas

nos uma vez ao ano, assim como o

subjacentes da falta de adesão, realizan-

acompanhamento ginecológicos nos ca-

do intervenções clínicas individualizadas

sos que se aplicam. O serviço social, a

com base em parâmetros específicos de

enfermagem e a psicologia devem acom-

cada usuário. O fator chave para o su41


PROFISSÃO FARMACÊUTICA cesso do tratamento do HIV é o grau

ência, capacidade de acolher e satisfa-

elevado de adesão ao tratamento antirre-

ção com o trabalho. O profissional deve

troviral. Adesão requer quebra de estigma

sempre buscar a motivação do usuário

social, aceitação, diálogo, especificidades

pelo atendimento, incentivar o autocuida-

entre

do, a autonomia e a responsabilização

grupos

heterogêneos,

vínculo

e

transpiração profissional.

consciente do seu tratamento.

Ficar atento com a medicalização da

O farmacêutico apresenta uma opor-

vida. Sempre ter cautela na perspectiva

tunidade singular no contato com o usu-

totalizadora e exacerbada em medicalizar.

ário, na qualidade de dispensador ao orientar o usuário sobre os medicamentos e suas interações e de interventor quando identifica precocemente os efeitos adversos, podendo atuar diretamente com equipe para traçar a melhor linha de cuidado.

PET:

Há correlação entre um bom relacionamento profissional paciente e a adesão ao tratamento? Você já vivenciou isso de alguma forma?

Malena Cavalcante: Há uma relação dire-

“O fator chave para o sucesso do tratamento do HIV é o grau elevado de adesão ao tratamento antirretroviral. Adesão requer quebra de estigma social, aceitação, diálogo, especificidades entre grupos heterogêneos, vínculo e transpiração profissional.”

ta entre o relacionamento interpessoal do paciente-profissional e adesão. A comunicação e clareza que o profissional dedica ao usuário afeta ou não positivamente. O relacionamento entre ambos deve

apresentar

flexibilidade,

empatia,

sensibilidade, respeito, boa vontade, paci-

Sim, vivencio isso no meu cotidiano. A estratégia de estabelecer vínculos, escuta qualificada e traçar um plano de cuidado individual vem apresentando muitos resultados positivos tanto qualitativos como quantitativos. 42


PROFISSÃO FARMACÊUTICA Em nosso serviço, apenas 7,8% dos usuários apresentam problemas com adesão. Dentre estes 33,3% estão em acompanhamento paralelo no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD). A fala expressada por muitos usuários sobre sua condição sorológica é renovadora, poderia citar uma destas como: “ O vírus me deu a vida, pois hoje me sinto cuidada e com saúde.” PET:

Como é a aceitação dos demais profissionais em relação ao farmacêutico integrado à equipe de cuidado?

Malena Cavalcante: Acrescentou inegável valor aos meus conhecimentos, ampliou meu olhar, principalmente no incentivo ao exercício da cidadania no âmbito da saúde. Oportunizou-me valorar ainda mais a percepção do sujeito e suas diversas faces enquanto ser humano, podendo reconhecê-lo

como

um

processo

vivo

em

construção, afetado coletivamente, inclusive por nós farmacêuticos ou por uma equipe de saúde. Percebo cada vez mais que o usuário não está pautado entre processos de saúde-doença, e que se re-

Malena Cavalcante: Os demais profissionais enxergam o farmacêutico como parte essencial da equipe, principalmente no

que se refere a adesão, reações adversas a medicamentos e interações. A nossa colaboração promove relações e inte-

cria e se reinventa para além de um vírus ou de uma doença. Através do serviço da prática clínica pude romper as barreiras logísticas e proporcionar um olhar

voltado ao cuidado, promover qualidade de vida e bem-estar às PVHA

rações nas quais os profissionais partilham conhecimentos e habilidades entre si, com o objetivo de proporcionar melhor atenção ao paciente. Demonstra não só a melhor qualidade no uso do medicamento, mas tem revelado melhores resultados

terapêuticos

e

proporcionado

maior qualidade de vida para este usuário.

PET: Como você descreveria a experi-

ência

adquirida

no

Serviço

de

Atenção Especializada (SAE)?

43


PROFISSÃO FARMACÊUTICA

O Farmacêutico na Farmácia Industrial POR

Pedro Ribeiro e Isabel de Castro

Dr. Felipe Moreira de Paiva é farmacêutico pela Universidade Federal do Ceará e mestrando no Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da UFC. Tem experiência na área de farmácia industrial, trabalhou nas empresas multinacionais MSD Saúde Animal (Merck Sharp and Dohme) e Fresenius Kabi.

”O requisito essencial para quem trabalha na farmácia industrial, assim como para muitas outras áreas da farmácia, é a liderança" PET:

Como e porquê você começou a

nunca havia estagiado fora da faculdade

atuar na área da indústria farma-

e começar estagiando em uma empresa

cêutica?

multinacional seria uma ótima oportunidade para mim. Isso aconteceu durante

Felipe Moreira: A minha história na far-

o meu sétimo semestre, no ano de 2012.

mácia industrial aconteceu por “acaso”. Eu nunca pensei em atuar na área industrial. Na verdade, ainda no início do curso de farmácia, eu não sabia da existência da área. Comecei a atuar na área quando uma grande amiga terminou o

PET:

Quais

conhecimentos

profissio-

nais você acredita serem indispensáveis para quem deseja seguir essa carreira?

contrato de estágio em uma empresa multinacional e me comunicou da vaga.

Felipe Moreira: Bom, primeiramente preci-

A partir deste momento, surgiu a oportu-

so dizer que a indústria farmacêutica é

nidade e

o

interesse aumentou,

pois 44


PROFISSÃO FARMACÊUTICA um mundo enorme. É preciso conheci-

inovar no ambiente de trabalho), a tole-

mento em várias áreas da farmácia, a

rância (importante para saber lidar com

depender exatamente de que tipo de tra-

diferentes tipos de pessoas), saber traba-

balho você vai desenvolver. Entretanto,

lhar sob pressão (extremamente impor-

há algumas disciplinas que considero bá-

tante, pois o ritmo da indústria é muito

sicas para a formação do farmacêutico

corrido), entre outros.

que pretende trabalhar na indústria: química geral, analítica, inorgânica, orgânica e fisíco-química, microbiologia, controle

de qualidade de medicamentos, garantia

PET: Você recomenda algum curso pa-

ra quem deseja seguir essa área?

da qualidade de medicamentos, produção de medicamentos e processos de validação industrial. Algumas disciplinas podem

Felipe Moreira: Não há nenhum curso es-

ser acrescentadas para complementar a

pecífico, uma vez que, infelizmente, os

formação, mas acredito que estas cita-

cursos na área da farmácia industrial

das são essenciais para quem buscar

são quase inexistentes no Ceará. Podem

trabalhar na indústria farmacêutica.

ser feitos cursos gerais que algumas universidades e instituições de ensino superior ofertam, como, por exemplo, ferra-

PET:

Em relação a requisitos pessoais,

mentas de gestão da qualidade, proces-

qual o perfil de um bom farma-

sos de validação industrial, ferramentas

cêutico industrial?

diversas, como o microsoft office, entre outros. Existem, também, alguns cursos que podem ser realizados online, que

Felipe Moreira: O requisito essencial para

sindicados e outros grupos oferecem via

quem trabalha na farmácia industrial, as-

internet. Aproveito para frisar, também, a

sim como para muitas outras áreas da

importância de outros idiomas para for-

farmácia, é a liderança. O farmacêutico,

mação profissional, principalmente o in-

muitas vezes, nos diversos ambientes que

glês e o espanhol, uma vez que há mui-

trabalha, deve exercer o papel de líder,

tas indústrias farmacêuticas multinacio-

de gestor, uma vez que é provável que

nais no Brasil, principalmente na região

precise comandar uma equipe inteira. As-

Sul/Sudeste.

sim, é necessário desenvolver bem essa característica para lidar com o mercado de trabalho. Outras características essenciais são a proatividade (importante para 45


PROFISSÃO FARMACÊUTICA PET:

Como é o dia a dia de trabalho do farmacêutico dentro da in-

PET: Em sua opinião, é essencial ter

experiência para atuar na área ou

dústria?

também existe lugar para os profissionais recém-formados?

Felipe Moreira: Pode-se dizer que o dia a dia do farmacêutico dentro do ambiente

Felipe

Moreira:

industrial é bem dinâmico. Diariamente

área é essencial para uma boa atuação.

você precisa realizar atividades de rotina,

Entretanto, ressalto que há espaço para

como revisão de procedimentos, envio de

todos no ambiente industrial. A indústria

relatórios, checagem de aparelhos, a de-

te proporciona um crescimento enorme e

pender da sua função. Além disso, é ne-

é necessário que você comece na base

cessário lidar com desafios que aconte-

para alcançar cargos mais elevados. Em-

cem no dia a dia e, acredite, eles não

presas sérias, que estão no mercado há

são poucos! Sempre há um caso atípico

anos, proporcionam o que chamam de

a ser solucionado, e isso, infelizmente, a

“planos de cargos e carreiras”, onde o

gente não aprende na faculdade. É só o

profissional pode ir crescendo na empre-

dia a dia que vai nos mostrar essa reali-

sa

dade e como reagir diante dela. É neces-

anos de experiência. Assim, é completa-

sário entender que nós farmacêuticos es-

mente possível que um farmacêutico re-

tamos no ambiente da indústria principal-

cém-formado possa atuar na área. Aqui

mente para solucionar problemas. Somos

ressalto, porém, a importância do estágio

nós que detemos o conhecimento técni-

extra-curricular. Se você faz um estágio

co para lidar com as mais variadas situ-

extra-curricular na área, ainda durante a

ações, aliado, logicamente, a outras ca-

faculdade, as suas chances de entrar no

racterísticas pessoais. Aqui ressalto, tam-

mercado da indústria farmacêutica são

bém, a importância de outros profissio-

aumentadas em muitas vezes se compa-

nais, como engenheiros, químicos, admi-

rado, por exemplo, a um farmacêutico

nistradores, entre outros, para o desem-

recém-formado que nunca teve experiên-

penho excelente das funções diárias, pois

cia na indústria. Esse foi o meu caso e

sempre é necessária uma equipe multi-

acredito que o estágio foi essencial para

disciplinar para complemento do ambien-

a minha contratação.

dependendo

Sim, a experiência na

das

suas

aptidões

e

te de trabalho.

46


PROFISSÃO FARMACÊUTICA PET: Você recomendaria essa área para

futuros

profissionais

farmacêuti-

cos? Por quê?

Sim, recomendaria com toda certeza. A área da farmácia industrial, para o profissional que gosta, é uma ótima área! A

agrotóxicos, químicos, entre outras. Então, sim, é uma área que recomendo as pessoas que querem se especializar nela.

PET: Qual a contribuição da sua experi-

ência na indústria farmacêutica pa-

ra sua vida profissional?

gente aprende muito, cresce bastante,

não só profissionalmente falando, mas também pessoalmente. A área industrial

Felipe Moreira: A contribuição é extrema-

é o futuro, ainda mais levando em consi-

mente positiva, tanto no meu crescimen-

deração que cada vez mais temos indus-

to profissional como pessoal, como dito

trias farmacêuticas nacionais especializa-

anteriormente. Trabalhar na indústria me

das. Para se ter uma noção, foi criada,

fez expandir os meus horizontes quanto

no ano de 2016, a primeira residência

ao universo farmacêutico, pois na indús-

em indústria farmacêutica por uma Uni-

tria temos contato com a legislação vi-

versidade da Região Centro-Oeste, junta-

gente, com outras empresas, hospitais,

mente com uma indústria nacional, para

com os pacientes, entre outros, o que

especialização e qualificação de profissi-

nos deixa a clara importância do nosso

onais farmacêuticos que desejam ingres-

papel social como farmacêutico industrial.

sar na área. E isso é só um dos fatores

Assim, a indústria é recomendada a to-

que demonstram que a indústria farma-

dos que buscam conhecimentos novos,

cêutica é uma área promissora. Além dis-

crescimento e satisfação pessoal e pro-

so, muitas indústrias multinacionais, co-

fissional

mo já citei anteriormente, estão em solo brasileiro, o que aumenta as oportunidades para pessoas que gostariam de tra-

Gostaria,

por

ao

fim,

de

grupo

agradecer

balhar fora do país. Conheço casos de

imensamente

PET/UFC-

pessoas que começaram em indústrias

Farmácia, em especial a querida profes-

farmacêuticas aqui no Ceará e hoje es-

sora Dra. Nádia Accioly, pela oportunida-

tão ganhando o mundo. Além disso, a

de de explanar um pouco acerca da rea-

área industrial não se restringe a indús-

lidade da indústria para os futuros far-

tria de medicamentos, podendo o farma-

macêuticos. Fui um petiano e sei que to-

cêutico, também, atuar em indústrias de

do o aprendizado adquirido no PET foi

alimentos, materiais médicos e correlatos,

essencial para minha formação. Espero 47


PROFISSÃO FARMACÊUTICA que o grupo continue realizando as suas atividades com a excelência de sempre e com a excelência de sempre e que continue crescendo e inovando cada vez mais.

Fonte: http://rs2.com.br/rs2-implanta-8s-na-fresenius-kabi

48


PROFISSÃO FARMACÊUTICA

O Farmacêutico nas Análises Clínicas POR

Thaynara Freitas

Dra. Larissa Queiroz Rocha, 2º Tenente – Adjunto de Laboratório do Hospital Geral de Fortaleza do Exército – HgeF, é Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Ceará.

portagem que falava das primeiras muPET:

Por que as Análises Clínicas?

lheres que ingressaram na carreira das forças armadas, fiquei encantada com o que li e desde então sempre tive curiosi-

Larissa Rocha: Devido ao leque de áreas em que o Farmacêutico Bioquímico pode atuar, associado aos interesses e aptidões pessoais. Foi no laboratório clínico que me senti mais confortável e apta para trabalhar.

dade sobre as formas de ingresso. Ao cursar a faculdade tive a oportunidade de fazer o estágio curricular de análises clínicas no HGeF, e aquilo pra mim foi uma experiência sensacional. Estagiar em um lugar onde se tem o contato direto com os analistas clínicos, que não existem técnicos na área interna e aprender que os profissionais fazem muito mais

PET:

que liberar resultados foi enriquecedor e Por que o Exército?

bastante gratificante. Nesse período eu juntei a admiração pelas forças armadas com a possibilidade de aplicação da minha área de formação.

Larissa Rocha: Porque o diferente sempre me encantou. Aos 13 anos vi a uma re49


ENTREVISTA PROFISSÃO FARMACÊUTICA PET: Há quanto tempo você trabalha no

Larissa Rocha: A fase de treinamento de-

HGeF? Quais foram às experiências

nomina-se de EAS (Estágio de Adaptação

mais exitosas já alcançadas?

ao Serviço) que engloba 12 meses, sendo dividido em duas etapas. A 1ª Fase (45 dias), que é aquela de instrução téc-

Larissa

Rocha:

Certamente

nico-militar para adaptação ao convoca-

passar pela 1ª fase do Estágio de Adap-

do para a vida militar e a 2ª Fase de

tação ao Serviço. Foram os 45 dias mais

aplicação de conhecimentos técnicos ba-

intensos de toda a minha vida em que

seados na especialidade de convocação

tudo era novidade, saber utilizar uma

na

bússola e desmontar uma pistola e atirar

ocorre anualmente por um período máxi-

nunca

O

mo de 8 anos. Como experiência mar-

mais difícil foi o acampamento de três

cante definitivamente o acampamento foi

dias na serra de Maranguape, que para

o que mais surpreendeu.

passou

Três

pela

anos.

minha

cabeça.

Organização

Militar.

A

renovação

chegar até lá tivemos que ir a pé. Nos alimentávamos de rações especiais e tínhamos apenas 5 minutos por dia para banho sendo este “suficiente” para a re-

PET: Quais as atribuições de um analis-

ta clínico no HGeF?

tirada de toda a poeira e lama que cobria o nosso corpo. A dormida era curta e sem conforto, usávamos apenas um

Larissa Rocha: Todas as atribuições ne-

saco de dormir, tinham muitos insetos e

cessárias para um analista clínico do

o receio de que pudesse passar uma co-

meio civil junto com as atribuições de

bra ou outro animal na nossa tenda era

todos os oficiais militares de qualquer

enorme. Depois disso a gente passa a

Organização Militar.

valorizar cada minuto que a gente tem no conforto da nossa residência e amizade e carinho de familiares. PET: Qual sua titulação atual no HGeF? PET:

Como foi e quanto tempo durou sua fase de treinamento antes de ser efetivada no HGeF? Relate-nos

Você exerce as funções desse car-

go, além das de um analista clínico?

suas experiências mais marcantes.

Larissa

Rocha:

Hoje

sou

Tenente 50


PROFISSÃO FARMACÊUTICA (OFT), Adjunto de Laboratório. Temos vá-

PET: Quais desafios você tem enfrenta-

rias missões tanto no meio civil quanto

do no HGeF?

militar. Participamos de campanhas de orientação da população, representação em eventos civis e militares, como por exemplo, em shoppings, praças, desfile de 7 de Setembro. Participamos de comissões diversas como controle de infecção hospitalar, fiscalização de contratos,

exames

de

contracheque,

sindicâncias

dentre outras atividades. *OFT – Oficial Farmacêutico Temporário.

Larissa Rocha: Hoje no LAC contamos com apenas seis profissionais farmacêuticos bioquímicos, sendo um na chefia e cinco na área técnica, quando na realidade precisaríamos de pelo menos sete na bancada para atender uma demanda de quase 25 mil exames por mês. Entramos em uma fase de implantação de novos equipamentos e novas metodologias, tudo para melhor atender os usuários do laboratório.

PET: Conte-nos sobre a sua jornada de

trabalho no HGeF.

Que conselhos você daria para quem PET:

tem

interesse

em

trabalhar

no

HGeF como um farmacêutico especializado em análises clínicas?

Larissa Rocha: Não existe horário regulamentado para militares, nós somos militares 24 horas por dia e temos que estar sempre prontos para quaisquer ocor-

Larissa Rocha: Construir um bom currícu-

rências. Profissionais da saúde trabalham

lo é o primeiro passo, aliado a experiên-

uma jornada mínima de 30 horas sema-

cia profissional na área de formação.

nais, os analistas clínicos pegam mais

Sempre estar atento às publicações rela-

uma escala de plantão de 12 horas uma

cionadas ao Serviço Militar de cada regi-

vez por semana mais uma de 24 horas

ão do Brasil. O Ceará pertence a 10ª

uma vez ao mês aos finais de semana.

Região Militar e está vinculado ao Comando Militar do Nordeste. Normalmente é lançado um edital uma vez por ano

51


PROFISSÃO FARMACÊUTICA onde o candidato pode concorrer vagas nas três forças, Marinha, Exército ou Aeronáutica

52


PROFISSÃO FARMACÊUTICA

O Farmacêutico e a Segurança do Paciente POR

Eugenie Néri

Dra. Eugenie Desirèe Rabelo Néri, Farmacêutica Hospitalar do Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente da Maternidade Escola Assis Chateaubriand da Universidade Federal do Ceará, é farmacêutica e mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFC, especialista em Gestão Hospitalar pela Escola Nacional de Saúde Pública e doutoranda em Ciências Farmacêuticas pela UFC.

"Dos desafios globais, propostos pela Organização Mundial da Saúde, aos desafios cotidianos de realizar as mudanças para enfrentar: os riscos, o farmacêutico atua de forma estratégica, em parceria com os demais profissionais da saúde." Cuidar, tratar e assistir são ações

elevados aos pacientes e aos profissio-

praticadas pelo farmacêutico e por mi-

nais que, na busca do alívio da dor, do

lhares de abnegados profissionais de sa-

diagnóstico dos males, e da cura das

úde em todo o mundo. O cuidado dis-

doenças, gerou, involuntariamente algum

pensado, porém, guarda em si, riscos

grau de dano.

muitas vezes associados ao uso de tecnologias. Estes riscos necessitam de mapeamento e de ações que os previna ou os contingencie evitando que atinjam os pacientes.

Hipócrates em seus aforismos já

bradava “primum non nocere”, lembrando a todos os profissionais a necessidade de considerar em suas decisões os riscos impelidos aos pacientes, incorporan-

Em idos remotos, no princípio da

do à prática do cuidado, o princípio da

prática da assistência à saúde, o escas-

não maleficência, marcando com seu tra-

so conhecimento, associado ao espírito

balho, o fim das práticas ancoradas no

investigativo,

misticismo, introduzindo a ciência basea-

certamente

impôs

riscos

53


PROFISSÃO FARMACÊUTICA da na observação clínica. Todas essas

paciente.

ideias apontavam para o caminho certo. Galeno, considerado pai da farmácia, dedicado discípulo de Hipócrates, aprimorou técnicas e também apontou caminhos rumo à assistência mais segura e baseada em evidências. Seguiram-se a estes outros importantes homens e mulheres que produziram ciência e informa-

ção, construindo o que hoje chamamos de evidências. Os riscos sempre fizeram parte da assistência à saúde, porém a forma como lidamos com estes tem modificado ao longo dos anos, principalmente nas últimas duas décadas, pois o mundo tem olhado para os danos decorrentes da assistência à saúde vislumbrando a pos-

sibilidade de evitá-los, requerendo dos profissionais

que

promovam

mudanças

nas práticas e que estas resultem em vidas salvas.

No caminhar histórico, muitos cientistas contribuíram para a formação de um vasto arsenal de evidências, que nos permite escolher, com menor grau de incerteza, o melhor caminho a seguir na práxis farmacêutica e assim, contribuir, nos mais variados campos de atuação profissional, para a segurança do paciente. A Farmácia, que em seus múltiplos encontros clínicos permite o exercício de uma arte voltada ao cuidar, tem na prática da assistência segura, seu alicerce, possibilitando, com o protagonismo do farmacêutico, a provisão de informações que permitem o manejo dos medicamentos com maior grau de segurança; a indicação do momento certo de introduzir ou suspender o uso de um fármaco; a orientação sobre composição, excipientes, interações,

incompatibilidades,

diluição,

O novo olhar sobre os riscos tem

velocidade de infusão e a análise de

sido dirigido à necessidade de entender

amostras biológicas, provendo informa-

como

ções que apoiam decisões.

os

eventos

adversos

ocorrem,

quais condições são pressupostos do aumento ou diminuição do risco, quais bar-

reiras podem ser introduzidas no processo assistencial para impedir que um dano seja causado e quais comportamentos podem contribuir para a segurança do paciente. A compreensão dos riscos possibilita a busca de mecanismos para

Dos desafios globais, propostos pe-

la Organização Mundial da Saúde, aos desafios cotidianos de realizar as mudanças para enfrentar os riscos, o farmacêutico atua de forma estratégica, em parceria com os demais profissionais da saúde.

sua eliminação ou controle, aumentando

Como parte do processo evolutivo,

as chances de êxito na assistência ao

no Brasil, foi instituído por meio da Por54


PROFISSÃO FARMACÊUTICA taria No 529, de 01/04/13, o Programa

segurança do paciente, cuja atuação do

Nacional de Segurança do Paciente, esta-

farmacêutico é vista como orgânica, pos-

belecendo metas a serem cumpridas em

to que este profissional possui o dever

todos os estabelecimentos de saúde. No

de contribuir para a boa prescrição, por

cumprimento das metas de segurança do

meio do fornecimento de informações

paciente, a participação ativa do farma-

baseadas em evidências; para a educa-

cêutico é vislumbrada em todas as me-

ção

tas.

meio da participação na elaboração de Na identificação segura do paciente

em prescrições, amostras biológicas, laudos, nos medicamentos manipulados e dispensados, na identificação de alergia e na rastreabilidade do medicamento, da sua aquisição até seu uso pelo paciente, a ação do farmacêutico pode ser sentida. Quando a comunicação segura é abordada,

o

farmacêutico

desempenha

papel fundamental junto a equipe, elucidando dúvidas, fornecendo informações e participando ativamente de capacitações e atualizações do corpo técnico do estabelecimento

de

saúde,

estimulando

a

adequada comunicação entre os membros da equipe, principalmente nos pontos de transição do cuidado, além de estimular a comunicação dos riscos, para

dos

prescritores,

por

protocolos clínicos e; para a formação

de novos profissionais. Ainda nessa meta, cabe ao farmacêutico a condução da análise de prescrições, identificando os riscos existentes, interagindo com o prescritor, dirimindo dúvidas e propondo alternativas terapêuticas, integrando a força tarefa do cuidado seguro. O farmacêutico realiza ainda, o aviamento

e

dispensação

dos

fármacos,

provendo a devida orientação para o preparo e uso, com a qual a enfermagem, o familiar, o cuidador ou o próprio paciente, continuará o processo assistencial. Esta meta requer ainda do farmacêutico, o monitoramento de reações adversas a medicamentos e de queixas técnicas

relacionadas

aos

fármacos,

por

meio da prática da farmacovigilância.

que formas de prevenção possam ser planejadas.

permanente

No campo da cirurgia segura, o

Estes riscos, principalmente

farmacêutico participa aplicando as boas

os associados ao uso de medicamentos

práticas de seleção e aquisição de medi-

potencialmente

camentos e produtos para a saúde, con-

perigosos,

recebem

o

olhar atento do farmacêutico. Melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração dos medicamentos é outra importante meta de

tribuindo para a cirurgia livre de danos, em virtude da aquisição de produtos que atendem ça.

aos

requisitos

de

seguran-

Realiza também o acompanhamento 55


PROFISSÃO FARMACÊUTICA “Na identificação segura do paciente em prescrições, amostras biológicas, laudos, nos medicamentos manipulados e dispensados, na identificação de alergia e na rastreabilidade do medicamento, da sua aquisição até seu uso pelo paciente, a ação do farmacêutico pode ser sentida.”

turna por uma assistência à saúde mais segura. A prática dessa meta é vivenciada pelo farmacêutico no momento anterior e posterior à manipulação dos fármacos, realização de análises de amostras biológicas; na realização do processo de dispensação

dos

medicamentos;

antes,

durante e depois do contato com cada paciente; e integra as práticas de educa-

ção em saúde dirigidas aos pacientes, familiares, cuidadores e demais profissionais da saúde. Orientar sobre a escolha do produto correto para a higienização das mãos, analisando cada condição em que esta

do manejo destas tecnologias, identifi-

ação é requerida e avaliar a qualidade

cando, notificando e acompanhando, na

técnica de produtos, sua diluição, estabi-

etapa de pós-comercialização dos medi-

lidade, toxicidade e compatibilidade, são

camentos, produtos para a saúde e sa-

algumas das muitas tarefas realizada por

neantes, as suas falhas, praticando a fár-

farmacêuticos e que contribuem para o

maco e tecnovigilância. No centro cirúrgi-

cuidado mais seguro em estabelecimen-

co, o farmacêutico também contribui rea-

tos de saúde.

lizando a provisão do antibiótico certo ao paciente certo, conforme protocolo institucional, e no despertar da atenção do demais profissionais para a importância de um manejo judicioso dos medica-

mentos potencialmente perigos. A meta de realizar e difundir as

Quando relatamos a participação do farmacêutico na redução de quedas e lesão por pressão, lembramos que nas atividades clínicas e de dispensação, os pacientes

que

utilizam

medicamentos,

que podem causar torpor, sonolência e redução/perda dos reflexos motores po-

boas práticas de higiene das mãos para

dem

ser

identificados,

prevenir infecções, é abraçada pelo far-

adoção

macêutico, por meio da adoção da lava-

quedas. Já no campo da prevenção de

gem de mãos e da aplicação da técnica

lesões, os farmacêuticos podem manipu-

correta, do produto correto e dos mo-

lar produtos que contribuem para a per-

mentos corretos, integrando a busca diu-

manente saúde da pele, além da avalia-

de

medidas

favorecendo preventivas

a

para

56


PROFISSÃO FARMACÊUTICA ção e seleção de coberturas adequadas,

profissional que tem por missão atuar

contribuindo para a prevenção de lesões.

preventivamente sobre as causas e edu-

No desenvolvimento das múltiplas tarefas no campo da segurança do paciente, as atividades de identificação e notificação

de

eventos

ou

quase

erros

constituem também, parte importante da práxis farmacêutica, contribuindo com os órgãos reguladores para a permanente vigilância e prevenção de danos. Nesta colaboração, o farmacêutico participa do núcleo de segurança do paciente, da comissão de prevenção de infecções, da comissão de avaliação de tecnologias, da comissão de farmácia e terapêutica, da comissão de suporte nutricional, entre outras, atuando em pontos distintos das metas de segurança do paciente propos-

tas pelo Ministério da Saúde.

car para práticas seguras, contribuindo para a articulação, integração e contínua melhoria dos processos de cuidado multiprofissional; aprimorando o uso das tecnologias na assistência aos pacientes; realizando a disseminação da cultura de segurança aos demais profissionais da

saúde, pacientes e familiares; promovendo ações, articulando e integrando os processos de gestão de riscos, instituindo mecanismos para identificar e avaliar a existência de não conformidades nos processos de trabalho e uso de insumos e equipamentos, com impacto sobre a segurança do pacientes, propondo barreiras, ações preventivas e corretivas, bem como o cumprimento das boas práticas de assistência em saúde e as boas práticas da assistência farmacêutica.

“No campo da cirurgia segura, o farmacêutico participa aplicando as boas práticas de seleção e aquisição de medicamentos e produtos para a saúde, contribuindo para a cirurgia livre de danos, em virtude da aquisição de produtos que atendem aos requisitos de segurança.” O

farmacêutico

é,

portanto,

Diante do exposto, ratifica-se a importante

participação

do

farmacêutico,

como parte estratégica da complexa engrenagem do processo de assistência segura à saúde

um 57


ENTREVISTA ENTREVISTA

Biotérios: utilizando animais em investigação e docência POR

Ana Cláudia Mariano

Profa. Dra. Adriana Rolim Campos Barros é docente da Universidade de Fortaleza. Graduada em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará, possui mestrado, doutorado e pós-doutorado em Farmacologia pela UFC. Tem como área de atuação a Farmacologia Foto: Ares Soares

“O Núcleo de Pesquisa em Biologia Experimental (Nubex) é um complexo voltado para experimentação com animais de pequeno e médio porte, envolve um biotério de produção, laboratórios de pesquisa voltados para estudos de biologia molecular” PET:

O que é um biotério?

(Nubex)

da

Universidade

de

Fortaleza

(Unifor) fornece ratos e camundongos com qualidade genética e sanitária, seAdriana Rolim: O biotério é o local onde

guindo os preceitos éticos para garantir

são criados e/ou mantidos animais vivos

o bem-estar dos animais. Para solicitar

de qualquer espécie, para que posterior-

os animais, todos os projetos (pesquisa

mente sejam utilizados em experimentos

ou docência) devem ter aprovação da

científicos.

Comissão de Ética no Uso de Animais.

PET:

Como funciona um biotério?

PET:

Quais tipos de animais compõem o biotério e qual a finalidade destas criações?

Adriana Rolim: O biotério de produção do

Núcleo

de

Biologia

Experimental 58


ENTREVISTA ENTREVISTA Adriana Rolim: O tipo de animal depende

Adriana Rolim: Os animais podem ser uti-

do tipo de pesquisa que é realizada na

lizados para diferentes finalidades, tais

instituição. No caso da Unifor, as espé-

como o desenvolvimento de vacinas, de

cies são ratos Wistar e camundongos

medicamentos, de rações, de técnica ci-

(Swiss, Balb/c,Balb/c nude C57BL/6 e

rúrgica, etc.

APOE knockout. Estas espécies atendem aos diferentes tipos de pesquisa realizadas na Unifor e em outras instituições.

PET:

PET:

Como surgiu o interesse em trabalhar com animais?

Como é realizado o tratamento dos animais?

Adriana Rolim: Meu interesse em trabalhar com a pesquisa utilizando animais de laboratório é anterior ao meu ingres-

Adriana Rolim: No Nubex, a infraestrutura

so no curso de Farmácia. Na verdade,

é adequada para a produção e a manu-

este foi um motivador para a escolha do

tenção de animais sanitariamente defini-

curso.

dos ou Specified Pathogen Free (SPF). Os procedimentos estabelecidos têm como objetivo a garantia do padrão de qualidade dos animais, impedindo a entrada

PET:

Fale um pouco sobre o biotério da UNIFOR

de patógenos indesejáveis. Na produção, os materiais são esterilizados ou desinfetados. Nas salas para manutenção de

Adriana Rolim: O Núcleo de Pesquisa em

animais, são utilizados microisoladores,

Biologia Experimental (Nubex) é um com-

permitindo um melhor controle sanitá-

plexo voltado para experimentação com

rio.

As variáveis ambientais (temperatura,

animais de pequeno e médio porte, en-

umidade relativa e trocas de ar) são

volve um biotério de produção, laborató-

controladas e monitoradas continuamen-

rios de pesquisa voltados para estudos

te, bem como é realizado o controle de

de biologia molecular e do desenvolvi-

poluentes, odores e contaminantes.

mento, bioquímicos e farmacológicos com animais (ensaios não clínicos, cultura de células e embriões, gaiolas metabólicas,

PET:

Quais tipos de estudos são reali-

microscopia, entre outros), salas de cirur-

zados com os animais de bioté-

gia experimental voltadas para animais

rio?

de médio porte (caprinos, ovinos, suínos 59


ENTREVISTA ENTREVISTA e bovinos pequenos), além de salas de quarentena e baias de contenção de animais de médio porte e sala de aula

60


ENTREVISTA

Profissional Farmacêutica com ênfase em plantas medicinais POR

Ana Cláudia Mariano

Dra. Elizama Shirley Silveira é farmacêutica e mestre em ciências farmacêuticas pela Universidade Federal do Ceará. É doutoranda em ciências farmacêuticas pela UFC, trabalha no Centro de Estudos Farmacêuticos e Cosméticos da UFC e tem como área de atuação a fitoterapia e tecnologia farmacêutica.

“É importante ressaltar que é um mito dizer que “se é natural não faz mal”. As plantas medicinais e os medicamentos fitoterápicos podem causar diversas reações como intoxicações, enjoos, edemas e até a morte, como qualquer outro medicamento”. PET:

O que são plantas medicinais?

Elizama Shirley: O fitoterápico é o produto final da industrialização empregandose exclusivamente derivados de droga vegetal (extrato e tintura, por exemplo)

Elizama

Shirley:

As

plantas

medicinais

são aquelas capazes de aliviar ou curar enfermidades e são usadas tradicionalmente como remédio em uma população.

oriundos de plantas medicinais. Então, a principal diferença entre plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos é que

estes passam por processos de industrialização, enquanto aquelas ainda não sofreram nenhum tipo de beneficiamento. É

PET:

Qual a diferença entre fitoterápicos e plantas medicinais?

importante enfatizar que medicamentos fitoterápicos

industrializados

devem

ser comercializados depois de registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 61


ENTREVISTA PET: O que são as farmácias vivas? E

quais os modelos existentes?

acordo com as Boas Praticas de Preparação de Fitoterápicos (BPPF).

Elizama Shirley: Farmácias Vivas é um projeto que promove a assistência social

PET:

Quais os principais cuidados com o uso de plantas medicinais?

farmacêutica à comunidade baseado no uso científico de plantas medicinais e de

Elizama Shirley: É importante ressaltar

acordo com recomendações da Organi-

que é um mito dizer que “se é natural

zação Mundial da Saúde (OMS).. Foi ide-

não faz mal”. As plantas medicinais e os

alizado há mais de três décadas pelo

medicamentos fitoterápicos podem causar

Professor Dr. Francisco Jose de Abreu

diversas reações como intoxicações, en-

Matos da Universidade Federal do Ceará

joos, edemas e até a morte, como qual-

(UFC). De acordo com a Regulamentação

quer

Estadual, as unidades Farmácias Vivas

plantas medicinais, faça-o em uma far-

podem ser organizadas de acordo com

mácia ou um herbário, com embalagem

os três modelos:

que traga o nome científico da planta e

medicamentos

à

base

de

plantas

FARMÁCIA VIVA I. Destina-se a realizar o cultivo e garantir a comunidade acesso às plantas medicinais “in natura” com a instalação de hortas em unidades de Farmácias Vivas comunitárias e unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).

outro

medicamento.

Ao

adquirir

que seja beneficiada de forma adequada. Os produtos comercializados na rua ou expostas ao ar livre podem não conter o princípio ativo desejado ou fazer mal a saúde por estarem contaminadas com microorganismos ou fungos. Se for coletar plantas medicinais “in natura”, nunca

FARMÁCIA VIVA II. Neste modelo, a planta

colete próximo de locais que possam ter

medicinal passa por beneficiamento pri-

recebido agrotóxicos, lixo ou locais poluí-

mário o que resulta na produção de

dos e procure conhecer a parte correta

plantas medicinais secas (droga vegetal),

a ser utilizada da planta, assim como a

que são destinadas ao provimento das

forma adequada de uso. Entre os cuida-

unidades de saúde do SUS.

dos que se deve ter: evitar o uso de

FARMÁCIA VIVA III. Este modelo se destina à preparação de “fitoterápicos padronizados” para o provimento das unidades do SUS, preparados em áreas especificas para

as

operações

farmacêuticas,

plantas medicinais murchas, mofadas ou antigas; não armazenar por um longo período, pois podem perder os seus efeitos; evitar misturas de plantas medicinais.

de 62


ENTREVISTA PET:

Quais os benefícios do uso de

ção do fármaco, devido a compostos da

planta

planta que causam indução ou inibição

medicinal

e

fitoterápico

para a saúde da população?

das enzimas responsáveis pelo metabolismo. Como resultado, pode-se observar a exacerbação dos efeitos farmacológicos

Elizama Shirley: As vantagens decorrentes

e o surgimento de efeitos adversos nor-

do uso de plantas medicinais e fitoterá-

malmente não manifestados quando o

picos são frequentemente mais aponta-

fármaco

das do que as desvantagens e referem-

Sabendo disso, é imprescindível relatar

se, principalmente, à acessibilidade, à fá-

ao médico o uso de plantas medicinais

cil manipulação (possibilidade de prepa-

e\ou medicamentos fitoterápicos.

é

administrado

isoladamente.

ração caseira), à eficácia e efeitos colaterais reduzidos, além do estímulo a hábitos saudáveis de vida. Vale lembrar que a inclusão da fitoterapia pode resultar

PET:

Onde e com quem a população pode encontrar informações se-

não só em benefícios para a saúde, mas

guras sobre o uso correto de

também economicamente, visto que o

plantas medicinais?

custo pode ser drasticamente reduzido quando comparado a tratamentos com Elizama Shirley: Em Fortaleza, o Núcleo

medicamentos sintéticos.

de Fitoterápicos (NUFITO) presta apoio técnico-científico e faz capacitação de PET:

Em relação às plantas medici-

pessoal para promover a fitoterapia, for-

nais,

entre

necendo mudas para mais de 50 núcleos

elas? E com medicamentos sin-

de Farmácias Vivas distribuídos pelo es-

téticos?

tado do Ceará, onde se pode conseguir

existem

interações

informações

sobre

o

uso

correto

de

plantas medicinais. A UFC promove fre-

Elizama Shirley: Nos dois casos a respos-

quentemente feiras no Horto de Plantas

ta é sim. Exceto para combinações já co-

Medicinais Abreu Matos (Campus do Pici)

nhecidas de plantas medicinais, a indica-

com o intuito de promover a divulgação

ção é evitar a mistura entre elas, pois

do conhecimento científico e o uso raci-

os efeitos podem ser imprevisíveis. Intera-

onal e seguro das plantas medicinais,

ções entre fármacos e plantas existem e

com possibilidade de visita ao horto para

já foram relatadas na literatura, sendo a

conhecer as espécies cultivadas ali, suas

mais comum a alteração da metaboliza-

propriedades, aromas, formas e indica63


ENTREVISTA ções terapêuticas. No caso de dúvida, a

população está habituada, pois aprendeu

orientação

profissional

a usá-los com seus avós e pais. Essa

farmacêutico que está apto a dar infor-

importância é reconhecida inclusive pela

mações sobre o uso correto de plantas

OMS que estimula ações de desenvolvi-

medicinais.

mento de políticas públicas para melhor

é

procurar

um

aproveitamento de recursos naturais, a fim de inseri-las no sistema oficial de saPET:

Quais as principais duvidas que

úde dos seus Estados-membro.

as pessoas têm sobre as plantas

medicinais? PET:

O SUS dos municípios distribuem fitoterápicos para a população?

Elizama Shirley: Tudo em relação ao uso

Quais

de plantas medicinais pode gerar dúvi-

distribuídos?

atualmente

estão

sendo

das: a indicação farmacológica, que parte da planta usar, como preparar e\ou como utilizar. Além disso, existe muita

Elizama Shirley: Sim. Atualmente 12 medi-

confusão em relação ao conceito de

camentos fitoterápicos são oferecidos pe-

plantas medicinais, droga vegetal e medi-

la rede pública e, de acordo com o Pro-

camentos fitoterápicos.

grama Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), os fitoterápicos mais utilizados são a Mi-

PET:

públicos produzirem medicamen-

kania glomerata (Guaco), a Maytenus ilicifolia (Espinheira-santa) e a Glycine max

tos a partir de plantas medici-

(Soja – isoflavona), indicados como coad-

nais?

juvantes

Qual a importância dos órgãos

no

tratamento

de

problemas

respiratórios, gastrite e úlcera e sintomas do climatério, respectivamente. Os outros

Elizama Shirley: A produção de fitoterápi-

ofertados são: Aloe vera (Babosa), Cyna-

cos proporciona estímulo ao meio produ-

ra scolymus (Alcachofra), Harpagophythum procumbens (Garra-do-diabo), Mentha x piperita (Hortelã), Plantago ovata (Plantago), Rhamnus purshiana (Cáscara-sagrada), Salix alba (Salgueiro), Schinus terebinthifolius (Aroeira-da-praia) e Uncaria tomentosa (Unha-de-gato). Aqui

tivo, científico e cultural do país, além de gerar um melhor aproveitamento dos recursos naturais. Os benefícios do uso de fitoterápicos já citados podem ser ampliados e estendidos, visto que são medicamentos de baixo custo e que parte da

64


ENTREVISTA no Ceará, o NUFITO distribui 16 tipos de medicamentos fitoterápicos para hospitais e unidades da rede estadual de saúde.

PET:

Fale um pouco sobre a trajetória do Prof. Dr. Francisco Jose de Abreu Matos no estudo das plantas medicinais e sua contribuição para a fitoterapia atual.

Elizama Shirley: O professor Matos é um cientista mundialmente conhecido e respeitado no que se refere ao estudo de plantas medicinais. Era farmacêutico, doutor em farmacognosia pela Universidade de São Paulo e professor da UFC. É membro da Academia Nacional Cearense de Ciências, da Academia Cearense de Farmacêuticos, da Sociedade Brasileira de Botânica e da Academia Nacional de Farmácia de Paris . Ainda em vida, foi reconhecido por meio de diversos prêmios e escreveu centenas de artigos científicos publicados em periódicos nas áreas de Farmácia, Química de Produtos Naturais e Botânica aplicada, além de publicar vários livros voltados para o estudo químico, farmacológico e agronômico de Plantas Medicinais. Ele começou a construir a base de seu conhecimento junto a comunidades do interior do nordeste brasileiro, coletando informações de espécimes de plantas nativas que foram devidamente identificadas e catalogadas no Herbário Prisco Bezerra da UFC. Embora a extensão do seu legado não seja mensurável, visto que formou vários mestres e doutores e inspirou diversas pessoas dentro e fora da UFC,

podemos destacar a criação do Horto de Plantas Medicinais e do Projeto Farmácia Viva em sua contribuição para a fitoterapia atual. O Horto de Plantas Medicinais Prof. Fco. José de Abreu Matos possui registro de certificação botânica e farmacognóstica de suas plantas e informações científicas que as validam como medicinal tornando-se um banco de germoplasma de valor inestimável para a Universidade e para os Programas Nacionais de Fitoterapia Científicas. Já o projeto Farmácia Viva é um Programa de assistência social farmacêutica que atua junto a comunidade promovendo a utilização correta de plantas medicinais e de seus produtos, um trabalho essencial de saúde pública. A ideia do projeto se expandiu e hoje é copiada por instituições e cidades como forma de permitir melhor acesso a saúde dentro de parâmetros mais humanísticos

Fo nt e: h ttp :/ /4 .b p .b lo g s p o t.co m/ - F f6 T Hz9 hO Y k / T 0 k- LeP fV1 I / AA AA AA AA AFo / Cq O ZfH E n AB U / s1 6 0 0 / fd g.j p g

65


ENTREVISTA

O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos contribuindo para alavancar a indústria farmacêutica POR

Glacyana Pinheiro

Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes (MD, PhD) é médica pela Universidade Federal do Ceará, mestre em Farmacologia pela UFC e doutora em Farmacologia Clínica pela Oxford University. Professora titular da UFC e Coordenadora da Unidade de Farmacologia Clínica do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da UFC.

“Certamente, o potencial técnico e científico inovador do NPDM deverá contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos não somente com moléculas sintéticas, mas, sobretudo a partir de moléculas prospectadas na nossa biodiversidade” PET:

Quais tipos de estudos são realizados?

FAC realiza estudos farmacoclínicos fase 1, 2, 3 e 4 bem como estudos de biodisponibilidade relativa/bioequivalência. A UNIFAC é credenciada junto a Agência

Elisabete Moraes: A Unidade de Farma-

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa/

cologia Clínica (UNIFAC), Centro de Pes-

MS).

quisa situado no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento

de

Medicamentos

(NPDM) da Universidade Federal do Ceará, possui infraestrutura adequada e um quadro de pesquisadores com sólida for-

PET:

Por quais profissionais é composta a equipe responsável pelos testes?

mação acadêmica e experiência para realização de estudos na área da Farmacologia Clínica/Pesquisa Clínica. A UNI66


ENTREVISTA Elisabete Moraes: A UNIFAC é composta

de Lima (Técnico de laboratório), Ronal-

atualmente por uma equipe de pesquisa-

do Soares (Técnico de enfermagem).

dores de sólida formação acadêmica e com experiência para atuar na área da Farmacologia Maria

Clínica/Pesquisa

Elisabete

Amaral

Clínica:

de

Moraes

PET:

Desde

quando

esses

estudos

são feitos?

(Médica, PhD) – Coordenadora Geral, Manoel Odorico de Moraes Filho (Médico, PhD) – Diretor do NPDM, Fernando Antô-

Elisabete Moraes: Os ensaios clínicos

– Res-

seguem princípios éticos e científicos de

ponsável pela Etapa Clínica, Ana Lourdes

experimentação, e são os responsáveis

Almeida e Silva Leite (Enfermeira, MSc) –

pelas bases da avaliação de eficácia e

Gerente da Qualidade, Demetrius Fernan-

segurança de fármacos ou medicamen-

des do Nascimento (Farmacêutico, PhD) –

tos. Idealizada em 1989 pelo professor

Coordenador de Bioequivalência, Andrea

Gilberto de Nucci, a Unidade de Farma-

Pontes Rohleder (Farmacêutica, PhD) –

cologia Clínica Miguel Servet (Unicamp-

Coordenadora de Pesquisa Clínica, Ana

SP), possibilitou uma estreita colaboração

Rosa Pinto Quidute (Médica, PhD) – Médi-

com outros centros de pesquisa, que re-

ca Pesquisadora, Manoel Ricardo Alves

sultou na criação, em 1992, da Unidade

Martins (Médico, PhD) – Médico Pesquisa-

de Farmacologia Clínica da Faculdade de

dor, Márcia Cristina Colares Régis de

Medicina da Universidade Federal do Ce-

Araújo (Médica) – Médica Pesquisadora,

ará (UNIFAC), coordenada pela professora

Francisco

Jamacaru

Maria Elisabete Amaral de Moraes. Essa

(Médico, PhD) – Médico Pesquisador, Re-

última, a primeira a dispor, desde 1998,

nata Amaral de Moraes (Médica, MSc) –

de estrutura física dedicada exclusiva-

Médica Pesquisadora, Ana Célia Caetano

mente para realização de ensaios clíni-

de Souza (Enfermeira, PhD) – Enfermeira

cos.

nio Frota Bezerra (Médico, MSc)

Vagnaldo

Fechine

de ensaios clínicos, Maria Teresa Rocha

– Secretária de Ensaios Clínicos, Fábia Bezerra Lima - Secretária de Ensaios Clínicos, Maria Luiza do Amaral Fontenele –

PET:

O que mudou desde que os Ensaios Clínicos passaram a ser re-

Departamento financeiro, Maria Lucilene

alizados

de Oliveira (Técnica de enfermagem), Rai-

NPDM?

no

novo

prédio

do

mundo das Chagas Marques (Técnico de laboratório), Francisco Evanir Gonçalves Elisabete Moraes: A pesquisa e desenvol67


ENTREVISTA vimento de novos medicamentos envolve

e o Ministério do Desenvolvimento da In-

um estudo multidisciplinar iniciado pela

dústria e Comércio Exterior.

abordagem química, identificação de alvos terapêuticos, passando pelos testes farmacológicos

e

toxicológicos

pré-

Como os estudos são feitos?

PET:

clínicos, técnicas de formulações farmacêuticas, culminando com a avaliação da segurança e eficácia em seres humanos. Uma das principais vantagens do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos é propiciar a integração multidisciplinar entre pesquisadores das diversas áreas com o interesse comum na pesquisa e desenvolvimento, e dessa forma, racionalizar a competência técnica e cientifica, assim como, o tempo necessário para a pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos. Certamente, o potencial

técnico

e

científico

inovador

do

NPDM deverá contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos não somente com moléculas sintéticas, mas, sobretudo a partir de moléculas prospectadas na nossa biodiversidade. Nesse sentido, o NPDM foi concebido com objetivo de promover e executar estudos científicos, prestação de serviços, desenvolvimento tecnológico, inovação e capacita-

ção de recursos humanos, para atender a pesquisa pré-clínica e clínica necessária para o desenvolvimento de medicamentos na indústria farmacêutica e em consonância com as políticas e diretrizes definidas pelo Ministério da Saúde, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação,

Elisabete Moraes: Toda e qualquer pes-

quisa que envolva a participação de seres humanos deve seguir os princípios éticos e científicos da experimentação. Todo projeto de pesquisa que se propõe a trabalhar com seres humanos apresenta implicações éticas que necessitam ser discutidas e adequadas para sua execução.

Para que as determinações éticas

previstas sejam cumpridas, é necessário

observar

rigorosamente

as

recomenda-

ções contidas na Resolução Nº 466, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012 do Conselho Nacional de Saúde. Segundo esta Resolução, vigente em todo o país, a pesquisa envolvendo seres humanos é aquela que “individual ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos”. O objetivo de um ensaio clínico é descobrir ou confirmar os efeitos e/ou identificar as reações adversas ao produto investigado e/ou estudar a farmacocinética dos ingredientes ativos, de forma a determinar sua eficácia e segurança. Além disso, evidências não-clínicas 68


ENTREVISTA e dados sobre qualidade, devem apoiar

aptos a participar de um novo protocolo,

o registro do produto por meio de uma

pois de acordo com as diretrizes da An-

autoridade regulatória, aqui no Brasil é

visa um participante de pesquisa de um

representada pela Agência Nacional de

protocolo de biodisponibilidade relativa/

Vigilância Sanitária (Anvisa).

bioequivalência só poderá fazer um novo

Para um ensaio clínico ser conduzido de acordo com os princípios éticos e científicos a equipe, responsável pela sua realização, deve submeter o protocolo do

estudo depois de seis meses do término do anterior. Além disso, disponibilizamos também inscrições presenciais na própria UNIFAC.

estudo ao Comitê de ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Ceará (UFC) que é credenciado junto ao Comitê Nacional de Ética em Pesquisa/Conselho Nacional de Saúde (CONEP/CNS). Nesta instância o protocolo será devidamente analisado pelos seus membros. Após ser avaliado o CEP emite parecer devidamente motivado, no qual se apresente de

forma clara, objetiva e detalhada, a decisão de seus membros. Uma vez aprovado a pesquisa clínica pode ser iniciada.

PET:

Como os voluntários fazem para

“Toda e qualquer pesquisa que envolva a participação de seres humanos deve seguir os princípios éticos e científicos da experimentação. Todo projeto de pesquisa que se propõe a trabalhar com seres humanos apresenta implicações éticas que necessitam ser discutidas e adequadas para sua execução”.

participar?

Elisabete Moraes: A estratégia de recrutamento vai depender do tipo de ensaio

PET:

Quais os desafios a serem enfren-

tados?

clínico a ser desenvolvido. No caso dos estudos de biodisponibilidade comparativa/bioequivalência, a UNIFAC possui um banco eletrônico com os dados dos participantes da pesquisa. À medida que as pesquisas são realizadas nossa equipe entra em contato com aqueles que estão

Elisabete

Moraes:

Acreditamos

que

o

maior desafio a ser enfrentado é principalmente tornar independente toda a cadeia de Pesquisa e Desenvolvimento de um medicamento. É termos a consciência que a parceria entre Universidade, atra69


ENTREVISTA vés das pesquisas realizadas no NDPM, e

Elisabete Moraes: O Núcleo de Pesqui-

Indústria Farmacêutica é um caminho pa-

sa e Desenvolvimento de Medicamentos –

ra o crescimento da produção nacional

NPDM é o primeiro núcleo de pesquisa

de fármacos e medicamentos. É certificar

no país a promover todas as etapas ne-

que através da pesquisa realizada aqui

cessárias da pesquisa e desenvolvimento

no NPDM, com a colaboração do conhe-

de um novo medicamento que vai desde

cimento técnico e acadêmico de todos

a síntese da nova molécula, passando

os pesquisadores envolvidos em todas as

por todos os estudos pré-clínicos neces-

etapas do processo de desenvolvimento

sários até alcançar a fase da pesquisa

de um medicamento, que somos capazes

clínica. O NPDM foi concebido através da

de inserir no mercado farmacêutico me-

visão pioneira dos professores Manoel

dicamentos

contribuam

Odorico de Moraes Filho e Maria Elisabe-

para melhorar a qualidade e prolongar a

te Amaral de Moraes e da expertise de

expectativa de vida da população.

todos os pesquisadores envolvidos neste

que

realmente

projeto.

Além disso, com essa nova in-

fraestrutura podemos aumentar conside-

“O NPDM foi concebido através da visão pioneira dos professores Manoel Odorico de Moraes Filho e Maria Elisabete Amaral de Moraes e da expertise de todos os pesquisadores envolvidos neste projeto.”

ravelmente o número de pesquisas préclínicas (principalmente após a construção do novo biotério) e pesquisas clínicas, em suas diversas fases, das mais diversas áreas terapêuticas sempre oferecendo boas condições de atendimento e bem estar dos nossos participantes da pesquisa. O Professor Odorico de Moraes em seu discurso solene na inauguração do NPDM lembrou que o Brasil importa 93% de todos os insumos necessários para a fabricação de medicamentos, o

que provoca um déficit aproximado de US$ 10 bilhões por ano. "Temos de diminuir o mais rapidamente possível a dependência

PET:

Quais as expectativas quanto aos benefícios futuros?

externa

do

setor. Por

isso

acreditamos que a estratégia do Governo seja fortalecer os grupos de pesquisa que tenham potencial para ccontribuir para alavancar a indústria farmacêutica", 70


ENTREVISTA avaliou. Para o Prof. Odorico, o NPDM deverá atuar em parceria com o setor produtivo, estimulando a nucleação de indústrias e ajudando a consolidar um polo farmacêutico no Estado

Fonte: http://www.profresiduo.com/news/78/11/nucleo-de-saude-da-ufc-recebe-r-25-5-milhoes

71


CAPA

Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica: 10 anos cuidando melhor dos usuários de medicamentos! POR

Thaynara Freitas

Profa. Dra. Marta Maria de França Fonteles, fundadora do Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica (CEATENF), é docente da Universidade Federal do Ceará. Mestre e doutora em Farmacologia pela UFC e Pós doutora em Farmácia Clínica pela University of Auckland, New Zealand.

“Com a finalidade de desenvolver a prática da Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará, no inicio do segundo semestre de 2007, foi estruturado o Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica (CEATENF). Quase simultaneamente, foi cadastrado, junto ao diretório de pesquisa do CNPq, o GRUPAFT (Grupo de Pesquisa em Atenção Farmacêutica), constituído por professores e pesquisadores nacionais e internacionais, alunos de graduação e pós-graduação, além dos técnicos que dão suporte às atividades de investigação.” PET:

O que motivou a criação do

serviços de saúde em relação aos cuida-

CEATENF?

dos farmacêuticos na prestação de assistência ao usuário/paciente, e detecção e resolução dos problemas relacionados

Marta Fonteles: Planejado, inicialmente,

aos medicamentos. Neste sentido, temos

como um projeto de extensão, o Centro

como missão: ‘Atuar como centro de re-

tinha o objetivo de unir o rigor científico

ferência e contra-referência estadual pa-

da

ra o desenvolvimento das atividades de

universidade

às

necessidades

dos

72


CAPA planejamento,

estruturação,

assessoria,

Qual a quantidade de membros

PET:

treinamento e investigação na área de

atual e com quantos começou?

Atenção Farmacêutica, funcionando como núcleo colaborador e representante do Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de

Marta Fonteles: No momento da criação

Medicamentos (GPUIM), do Departamento

do CEATENF, em julho de 2007, éramos

de Farmácia, da Universidade Federal do

três (eu, um bolsista de iniciação científi-

Ceará (UFC), para as instituições e pes-

ca – Tiago Amorim, e um aluno voluntá-

quisadores nesse contexto’.

rio – Igor Emerson Sá). Logo depois, foi agregado ao grupo, o farmacêutico responsável técnico pelo CEATENF (Henry

PET:

Quem iniciou o processo de im-

Pablo Lopes Campos Reis), mais uma do-

plantação do CEATENF?

cente (no caso, a profa. Ângela Maria de Souza Ponciano) e alunos da graduação em Farmácia que se tornaram bolsistas

Marta Fonteles: O CEATENF teve sua for-

e, alguns, inclusive, ingressaram na pós-

mação inicial com a Profa. Dra. Marta

graduação, nos cursos de mestrado e

Maria de França Fonteles que o coorde-

doutorado, realizando pesquisas na área

nou

vice-

de Farmácia Clínica e Atenção Farmacêu-

coordenadoria da Profa. Dra. Ângela Ma-

tica. Ressalta-se que alguns se envolve-

ria de Souza Ponciano e o suporte do

ram, também, em residências uni e multi-

farmacêutico

Dr.

profissional em Farmácia, sempre focados

Henry Pablo Lopes Campos Reis. Contou,

no desenvolvimento das atividades clíni-

também, com a colaboração de dois es-

cas e assistenciais que, naquele tempo,

tagiários acadêmicos de Farmácia (Tiago

ainda estavam ‘engatinhando’.

desde

o

início,

tendo

responsável

a

técnico

Amorim e Igor Emerson Sá). Em seguida, foram se agregando ao grupo, novos e importantes colaboradores como as Pro-

fas. Dras. Luzia Izabel Mesquita Moreira e Nirla Rodrigues Romero, maior número de

estagiários

(alunos

da

graduação),

pós-graduandos e, mais recentemente, o Prof. Dr. Paulo Sérgio Dourado Arrais, e os farmacêuticos clínicos Afonso Celso Campos e Mylenne Borges Jácome Mascarenhas.

Atualmente o CEATENF conta com cinco Professores, um Farmacêutico Responsável Técnico, um Farmacêutico Clínico Assistencial, alunos da pós-graduação (mestrandos e doutorandos), bolsistas e voluntários do Curso de graduação em Farmácia da UFC (algumas vezes temos voluntários querem

de

outras

aprender

sobre

instituições a

prática

que da

Atenção Farmacêutica). Ainda, a farmacêutica clínica responsável pelo Laborató73


CAPA rio de Habilidades Clínicas e de Comuni-

rial; Dia mundial do diabetes; Dia Mundial

cação, e que me auxilia na estruturação

da Saúde; Campanha de combate às Ar-

do Laboratório de Pesquisa em Farmácia

boviroses, etc).

Clínica e Translacional, também colabora com algumas atividades do CEATENF.

Além destas atividades estratégicas, são desenvolvidas ações de estruturação para documentação/registro do cuidado

PET:

Quais as principais atividades desenvolvidas?

farmacêutico

em

diferentes

níveis

de

atenção à saúde; elaboração trimestral de boletins técnicos e material técnico

como manuais, folderes, guias de instruMarta Fonteles: Dentre as atividades desenvolvidas

pela

equipe

do

CEATENF,

destaca-se a prestação dos Serviços Clínicos

Farmacêuticos

nas

Unidades

de

Cuidados Farmacêuticos (UCF): Educação em saúde; dispensação; manejo de problemas de saúde autolimitados; revisão da farmacoterapia; rastreamento em saúde e acompanhamento farmacoterapêutico.

mentalização da prática clínica; Programa de Educação Permanente (sessões integrativas para discussões de casos clínicos

e

webmeeting

(Special

do

Programa

SIG

Interest Groups) de Cuidados

Farmacêuticos,

promovido

pela

UFSC,UFCSPA, Ministério da Saúde, com discussões mensais sobre temas clínicos

da área de Serviços Farmacêuticos, unindo os principais grupos do país); reuniões técnicas (comitê dos experts) para a

O

acompanhamento

farmacotera-

certificação da classificação e categoriza-

pêutico de pacientes/clientes-alvo é o

ção

nosso ponto forte.

Por sua vez, o ma-

medicamentos (PRM), e das intervenções

nejo de problemas de saúde autolimita-

farmacêuticas realizadas nas UCF, bem

dos ou autodiagnosticáveis é um desafio

como ações de capacitação para alunos

que

e farmacêuticos da UFC e externos à

estamos

começando

a

enfrentar,

tendo em vista uma maior atuação no

dos

problemas

relacionados

com

Universidade.

contexto dos serviços clínicos em farmácias comunitárias, dentre outros aspectos. Destacam-se, também, as atividades de Educação em Saúde, com participa-

PET:

Quais os principais resultados alcançados?

ção em campanhas específicas, segundo agenda estadual e municipal e até mesmo, em nível nacional (exemplo: Dia D de

Marta Fonteles: Durante esses 10 anos

prevenção e combate à hipertensão arte-

o CEATENF possibilitou a realização do 74


CAPA seu objetivo-chave que é a prestação do

comunitárias, Centros de Saúde Especiali-

Serviço Farmacêutico Clínico à comunida-

zados e Hospitais.

de, por meio do acompanhamento farmacoterapêutico alvo

com

para

HIV+,

usuários/pacientespacientes

asmáticos

(crianças e adultos), hipertensos, diabéticos,

dislipidêmicos,

resolvendo

os

Problemas

detectando/ Relacionados

com Medicamentos (PRM), e propondo Intervenções Farmacêuticas que repercutam em melhorar os resultados clínicos, humanísticos e, até mesmo econômicos, relacionados à farmacoterapia, durante o processo de cuidado farmacêutico.

No contexto dos nossos registros de atividades do ano de 2016, podemos citar alguns indicadores de resultados, a saber: 1) Nº de pacientes totais acompanhados: 480; 2) Nº de PRM detectados, prevenidos, resolvidos: 678; 3) Nº de Intervenções

Farmacêuticas

Realizadas:

774. Em relação ao eixo do ensino, foram capacitados 67 alunos do Curso de Farmácia da UFC e 32 Farmacêuticos. Foram elaborados três (3) Boletins técnico-informativos com temas sobre epide-

Particularmente, para pacientes hi-

mias das arboviroses, gestão clínica de

pertensos e/ou diabéticos, acrescenta-se

antimicrobianos e, indicadores de estrutu-

a avaliação do risco cardiovascular. Nes-

ra, processo e resultado da Atenção Far-

te cenário, buscaram-se estratégias espe-

macêutica. Dentro do Programa de Edu-

cíficas para cada demanda farmacológica

cação Permanente, o CEATENF realizou

através de um plano individualizado de

14 sessões integrativas, com discussões

monitorização. Assim, foi possível atingir

clínicas, e

as metas propostas neste modelo de

aos encontros e discussões do Programa

atuação que é melhorar a qualidade de

SIG de Cuidados Farmacêuticos). Ressalta

vida

dos

assistidos

-se que, em 2016, continuamos com du-

pelo

serviço

farmacêutica

as Unidades de Cuidados Farmacêuticos

prestado, por meio da provisão de um

‘atuando a pleno vapor’, a UCF da UAPS

melhor controle dos níveis pressóricos e

Dr. Anastácio Magalhães, da regional III

redução do risco cardiovascular nos hi-

do SUS, e a UCF da Farmácia Universitá-

pertensos atendidos. Tais ações são via-

ria/UFC,

bilizadas com o monitoramento contínuo

mente, a linha de cuidado referente à

e sistemático dos pacientes-usuários, in-

hipertensão e diabetes.

usuários/pacientes de

atenção

12

webmeetings (referentes

ambas

focalizando,

principal-

clusive com ligações telefônicas para evitar absenteísmos nas consultas, além de atividades de educação em saúde, feita em conjunto com a equipe multiprofissio-

PET:

Quais os principais avanços desde a criação?

nal das unidades básicas, nas farmácias 75


CAPA Marta Fonteles: O CEATENF tem toda a

mos de referência e contra referência de

sua parte administrativa e organizacional

pacientes/clientes-alvo.

sediada no prédio do Curso de Farmácia,

inicial se deu em unidades de saúde no

funcionado como um dos núcleos do

entorno do Campus de Saúde da UFC, e

GPUIM. Dá suporte às Unidades de Cui-

em locais onde a equipe conseguiu a

dados Farmacêuticos (UCF) existentes em

aprovação de projetos de pesquisa em

diferentes pontos de atenção à saúde, e

editais, para suporte adequado.

realiza atividades de promoção à saúde, contemplando as necessidades de saúde do individuo, família e comunidade. Assim, este é o local onde a equipe técnica e comitê gestor se reúnem periodicamente, para resolver questões gerenciais/ técnicas

e

dar

encaminhamento

às

ações. Nesse contexto técnico e administrativo, avançamos com a entrada de novos membros, incluindo farmacêuticos clínicos e professores. Anualmente fazemos o nosso planejamento estratégico, com atividades a serem executadas a curto, médio e longo prazo. Também, avaliamos, nessa oportunidade, todo o nosso

A

estruturação

A UCF é parte estruturante do serviço prestado no local específico e funci-

ona como cenário de prática para ensino,

treinamentos

e

investigações/

pesquisas. O foco das UCF na Unidade de Atenção Primária em Saúde (UAPS) Dr. Anastácio Magalhães e na Farmácia Universitária, da Farmácia-Escola da UFC, é o paciente/cliente com hipertensão arterial sistêmica. Mais recentemente, pacientes hipertensos e/ou diabéticos tam-

bém têm sido acompanhados na UAPS referida. Por sua vez, no Centro de Especia-

andamento, com apreciação das nossas

lidades

potencialidades e fragilidades, de forma

(CEMJA), o foco foi nas pessoas vivendo

a avançarmos na disseminação das fun-

com HIV/AIDS. Outro paciente-alvo, após

ções clínicas e assistenciais na área de

a criação inicial das UCF, do CEATENF,

Farmácia.

foi o que apresentava, como doença de

Na luz desse cenário, a transformação da atividade acadêmica para o suporte na solução dos problemas locais de saúde, O CEATENF passou por várias fases, as quais repercutiram com consequentes avanços. A primeira foi a Implantação de Unidades de Cuidados Farmacêuticos (UCF) em diferentes locais de atenção à saúde, estabelecendo mecanis-

Médicas

José

de

Alencar

base, a asma leve e moderada. Para tan-

to, realizamos atividades no Centro de Atenção à Criança e no ambulatório do Hospital de Messejana Dr Carlos Alberto Studart Gomes (Unidade de atenção terciária). Estes cenários de prática fomentaram o estabelecimento do binômio Universidade-Serviço, mas não foram efetivadas como UCF de fato, uma vez que 76


CAPA após as pesquisas serem concluídas, elas não continuaram efetivamente, por não terem sido incorporadas na rotina do serviço com suporte do CEATENF. O CEATENF também, conforme sua missão, tem colaborado com a estruturação e desenvolvimento do Serviço de Atenção Farmacêutica ao paciente com Doença de Chagas, coordenado pela Profa. Dra.

“Assim, de uma maneira geral, o CEATENF tem permitido manter um cenário de prática real na área de Atenção Farmacêutica, servindo como ponto de apoio para o ensino, pesquisa e extensão no Ceará”.

Maria de Fátima Oliveira, localizado aqui no nosso Curso de Farmácia da UFC. Os últimos anos foram caracteriza-

PET: Quais os impactos do CEATENF na

vida da comunidade?

dos pela consolidação e ampliação das atividades dos Serviços já prestados nas UCF da UAPS-Anastácio Magalhães e Far-

Marta Fonteles: Os impactos mais impor-

mácia Universitária, com aumento do nú-

tantes com a implantação do CEATENF

mero

acadêmicos e

se concebem na simbiose da tríade ensi-

mais um farmacêutico. Além disso, novas

no-pesquisa-extensão da Academia. Fo-

parcerias foram realizadas com iniciativas

ram compartilhados os métodos e proje-

públicas (Secretaria Municipal e Estadual

tos com os Serviços de Saúde e comuni-

de Saúde) e privadas (Rede de Farmá-

dade, em prol da resolução dos proble-

cias) para capacitação do seu time de

mas relacionados com os medicamentos

farmacêuticos e implantação do Cuidado

que envolvem aspectos relacionados à

Farmacêutico nas suas Farmácias. Parti-

indicação/necessidade

cularmente, desde o final de 2015, foram

conveniência do tratamento farmacológi-

iniciadas as atividades no Laboratório de

co e não farmacológico para o paciente/

Habilidades Clinicas e de Comunicação

cliente, bem como questões de efetivida-

do Curso de Farmácia (Lab. HabClinCom).

de e segurança da farmacoterapia (por

Este laboratório representa um avanço

exemplo: falhas de adesão ao tratamen-

para o ensino e treinamento de ativida-

to, gestão de medicamentos potencial-

des clínicas relacionadas ao contexto da

mente perigosos, manuseio de formas

Farmácia, e funciona como apoio para o

farmacêuticas especiais, manejo das inte-

CEATENF.

rações medicamentosas, necessidade de

de

colaboradores

e

aspectos

de

entendimento da prescrição, etc). Representa, então, uma nova perspectiva para atuação do farmacêutico, focada nas ne77


CAPA cessidades

específicas

biopsicossociais

prática para o desenvolvimento de ativi-

de cada indivíduo, através do acompa-

dades

nhamento farmacoterapêutico para paci-

maior participação de futuros farmacêuti-

entes/clientes-alvo. Para tanto, o CEA-

cos no processo de cuidado à saúde.

TENF tem capacitado recursos humanos

Nesse sentido, tivemos a aprovação de

para atuarem de forma a se inserirem

projetos em parceria com o Hospital Uni-

no processo de cuidado das pessoas,

versitário Walter Cantídio: um para Acom-

família e comunidade, no que concerne

panhamento Farmacoterapêutico (AFT) de

às necessidades de saúde.

pacientes ambulatoriais com artrite reu-

Tais impactos podem ser evidenciados, por exemplo, através da estruturação de Unidades de Cuidados Farmacêuticos em diferentes pontos de atenção à saúde, onde o CEATENF viabiliza a prestação de serviços clínicos realizados por farmacêuticos. Particularmente, ressalta-se que no cuidado farmacêutico ao paciente hipertenso e/ou diabético, estamos, in-

clusive, fazendo uma avaliação dos pacientes egressos aos nossos serviços clínicos prestados, nas UCF já existentes, de modo a analisar como está a qualidade de vida deles após terem finalizado o

da

Farmácia

Clínica,

instigando

matoide, e outro projeto para gestão clínica de antimicrobianos, com a implantação do Programa Stewardship, que visa otimizar a terapia antimicrobiana, controlando a resistência e custos. Vislumbrase, então, a possibilidade de estruturação de uma UCF nos ambulatórios especializados do HUWC, atuação efetiva do CEATENF junto com a CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) e articulação para novas interações, como é o caso, de parcerias promissoras junto com a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (UFC).

seu acompanhamento farmacoterapêutico

No contexto do ensino, o CEATENF

e seguido o plano de cuidado estabeleci-

tem dado apoio na capacitação e treina-

do.

mento de farmacêuticos, na temática do cuidado farmacêutico e farmácia clínica em geral, contribuindo para a harmonização e padronização de métodos para o

PET:

Quais as perspectivas para o futuro?

processo do ensino-aprendizagem e habilidades clínicas. Com esse fim, está sendo viabilizada a constituição do Fórum Cearense de Educadores em Farmácia

Marta

Fonteles:

Como

perspectivas,

a

Clínica.

ideia é estruturarmos mais cenários de 78


CAPA Além disso, estamos iniciando a es-

etc. Existe uma grande expectativa na re-

truturação da Liga Acadêmica de Farmá-

alização desse evento e pretendemos fa-

cia Clínica e Terapêutica da UFC, que

zer uma mesa redonda ou roda de con-

proporcionará aos nossos alunos uma maior vivência com as atividades clínicas, tendo a colaboração do CEATENF.

versa com alguns de nossos egressos, valorizando nossas memórias e iniciativas, trilhando caminhos na área da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica

PET:

O que se tem planejado para comemorar os 10 anos?

Marta Fonteles: As ações de celebração dos 10 anos de experiência do CEATENF ainda estão sendo organizadas. Diante

“O acompanhamento far-

macoterapêutico de pacientes/clientes-alvo é o nosso ponto forte”.

mão, pretende-se ter um ‘Momento CEATENF’, em alguns eventos que teremos, aqui em Fortaleza, ao longo deste ano de

2017,

(Encontro

como Regional

por dos

exemplo,

EREF

Estudantes

de

Farmácia), ENFARUNI (Encontro Nacional de

Farmácias

Universitárias)

e

JOFAR

(Jornada da Farmácia UFC). A ideia é fazermos um vídeo falando do CEATENF. Ainda, está prevista uma comemoração oficial através de evento específico, possivelmente no começo de Dezembro, com

palestras, mesas redondas e, também, lançamento de um livro onde constará, dentre outras coisas, os nossos boletins que, com adequações, serão estendidos de forma a serem apresentados como capítulos, bem como material de documentação e registro feitos pelo CEATENF,

79


FARMÁCIA UFC

FARMÁCIA UFC

Conhecendo o serviço de Atenção Farmacêutica disponível na UFC POR

Carla Thays

Dr. Afonso Celso Soares Campos é farmacêutico pela Universidade Federal do Ceará, Técnico administrativo de nível superior da UFC, mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFC e tem como área de atuação a Farmácia clínica.

“Farmacêuticos e estudantes auxiliando a população quanto ao uso correto de medicamentos e instruindo para uma terapia eficaz.”

A

uma sala reservada para a prática de atenção farmacêutica é carac-

atenção farmacêutica. Esse serviço é ofe-

terizada como um conjunto de

recido por farmacêuticos e acadêmicos

práticas de assistência, desempenhadas

do curso de farmácia, membros do Cen-

pelo

tro de Estudos de Atenção Farmacêutica

farmacêutico,

algumas

vezes

em

conjunto com outros profissionais de saúde, em prol da qualidade de vida do paciente. Objetiva aumentar a efetividade do tratamento medicamentoso, detectar Problemas Relacionados a Medicamentos (PRMs), prevenir problemas de saúde, entre outros.

(CEATENF). Os atendimentos acontecem todos os dias nos turnos da manhã e da tarde,

e o público alvo é constituído por hipertensos, diabéticos, pacientes poli medicados e/ou com problemas de adesão, bem como qualquer pessoa que procure

Na sede da Farmácia Universitária

o serviço. As visitas têm duração variável

da Universidade Federal do Ceará, locali-

conforme a interação entre o paciente e

zada no bairro Rodolfo Teófilo, existe

o farmacêutico, as dúvidas apresentadas, 80


FARMÁCIA UFC

FARMÁCIA UFC

além das intervenções propostas, durando

interesse efetua-se o agendamento. Na

em média 30 a 50 minutos.

Além disso,

data marcada, acontece a primeira con-

o comparecimento às consultas pode ser

sulta e inicia-se o acompanhamento far-

mensal, ou a cada dois meses, depen-

macoterapêutico daquele paciente.

dendo do grau de adesão do usuário à terapia proposta. De acordo com os dados disponibilizados pelo farmacêutico Afonso Celso no ano de 2016, entre os meses de feve-

reiro a dezembro, foram realizados 113 atendimentos, tendo uma média de aproximadamente 11 consultas mensais, e as mulheres são as que mais procuram o serviço. Cada usuário possui uma ficha individual, em que ficam cadastrados: dados pessoais, medicamento utilizado, relatos do paciente e tudo o que for relevante

para proporcionar um tratamento eficaz. No decorrer dos atendimentos é verificado a pressão arterial, adesão da terapia, problemas relacionados a medicamentos (PRMs), além da prática de ouvir e sanar possíveis dúvidas relacionados aos medicamentos e como utilizá-los. A logística dos atendimentos consis-

“Como

farmacêutico,

esse

serviço

te nos seguintes passos: captação, agen-

proporciona um sentimento de realização

damento, primeiro atendimento e acom-

profissional, pois congrega toda a forma-

panhamento farmacoterapêutico. A capta-

ção profissional em prol do bem-estar do

ção consiste no comparecimento de um

paciente,

estagiário no ambulatório de cardiologia

acerca de sua terapêutica, patologia e

do Hospital Universitário Walter Cantídio,

hábitos nutricionais e de vida, etc. O pro-

explicando

estão

fissional nota rapidamente o impacto que

aguardando consultas médicas, como o

pequenas informações podem ter sobre a

serviço funciona, e caso o usuário tenha

vida de seus pacientes”, relata Afonso

aos

pacientes

que

por

meio

do

esclarecimento

81


FARMÁCIA UFC

FARMÁCIA UFC

Vivência de um pesquisador na temática da Hanseníase no Brasil POR

Marília Gomes

Profa. Dra. Aparecida Tiemi Nagao-Dias é Professora titular do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Ceará. Graduada em Ciências Biológicas modalidade médica pela Universidade Federal de São Paulo, possui mestrado e doutorado em Imunologia e Microbiologia pela UNIFESP e Pós Doutorado em Imunologia Aplicada pela Universidade de Gotemburgo, Suécia. Tem experiência na área de Imunologia, com ênfase em Imunologia Aplicada.

“É sempre assim. Quando eu estou para desistir ou por terminar um projeto, algo surge. Um vento novo. Uma nova ideia. Um novo desejo.” PET:

Como você vê o controle da han-

preconceito gerado em familiares e cole-

seníase no Brasil?

gas, mudanças políticas a nível local e nacional, estratégias de ação equivocadas, profissionais pouco capacitados. Co-

Aparecida Dias: Em 2015, o coeficiente

mo exemplo, cito a taxa de detecção ge-

de detecção geral da hanseníase no Bra-

ral da doença em Alagoas em 2015, que

sil foi de 10,4 casos por 100 mil habitan-

foi de 10,56 casos por 100 mil habitan-

tes

considerado

tes. Poderíamos pensar que em tal Esta-

alto. Embora essas taxas tenham decres-

do, a doença deveria estar controlada.

cido 33,4% do ano 2000 para o ano

Entretanto, dois municípios participantes

2015, infelizmente, isto não significa que

do projeto, Rio Largo e Santana do Ipa-

houve redução na frequência do apareci-

nema, AL, são considerados municípios

mento da doença, mas

de elevada endemicidade. Em 2015, eles

(www.sage.saude.gov.br),

que houve sub-

notificação desta. Mas, o que leva à sub-

apresentaram

notificação? O não diagnóstico da doen-

geral

ça. Os motivos são vários, desde desor-

100.000 habitantes, respectivamente. No

ganização dos serviços de saúde, desca-

mesmo ano, em menores de 15 anos de

so dos profissionais de saúde, medo do

idade, os coeficientes de detecção foram

de

coeficientes

19,82

e

39,79

de

detecção

casos

por

82


FARMÁCIA UFC

FARMÁCIA UFC

de 13,77 e 32,81 casos por 100.000 jovens, respectivamente. Ambos municípios são considerados hiperêndemicos no caso de detecção da doença em jovens abaixo de 15 anos de idade (Tabela 1). Geralmente, o tempo da incubação até a manifestação da doença pode levar de 2 a 7 anos, mas isto significa que a transmissão está ativa na comunidade durante esse tempo. A principal via de transmissão é através de perdigotos expelidos na fala, tosse, espirro de um indivíduo não tratado com a forma multibacilar da doença para seus contatos próximos que residem dentro ou próximo do domicílio do caso índice. Tabela 1: Indicadores epidemiológicos de hanseníase no Brasil (Ministério da Saúde, 2016*) Parâmetro

Coeficiente de detecção na população geral

Coeficiente de detecção em menores de 15 anos de idade

Hiperendêmico

Acima de 40 por 100 mil habitantes

Acima de 10 por 100 mil habitantes

Muito alto

20 a 39 por 100 mil hab.

5 a 9,9 por 100 mil hab.

Alto

10 a 19,9 por 100 mil hab.

2,5 a 4,9 por 100 mil hab.

Médio

2 a 9,9 por 100 mil hab.

0,50 a 2,49 por 100 mil hab.

Baixo

< 2 por 100 mil hab.

<0,50 por 100 mil hab.

Obs.* Ministério da Saúde. CGHDE/DEVIT/SVS-MS, 31/05/2016

projeto teve como objetivo o seguimento PET: O que é o seu projeto? Quando

foi iniciado? Onde é realizado?

de contatos intra e peridomiciliares abaixo de 15 anos de idade durante 3 anos. Até o momento foram avaliadas 155 crianças, tendo sido coletadas amostras de

“Detecção preco-

sangue, saliva e swab nasal. Estão sendo

ce de casos de hanseníase entre jovens

analisados os níveis séricos dos isotipos

abaixo de 15 anos de idade residentes

IgG, IgM e IgA anti-antígenoglicofenólico

em municípios de Alagoas e Itaitinga, CE

(PGL-1) e de anticorpos salivares dos iso-

através do auxílio de marcadores imuno-

tipos IgM e IgA, além da detecção de

lógicos e moleculares” é financiado pelo

material molecular de M. leprae, por meio

Conselho

Desenvolvimento

da técnica de reação em cadeia de poli-

Científico e Tecnológico (CNPq) e está

merase (PCR), em amostras de swab na-

sendo desenvolvido em parceria com a

sal e de sangue.

Universidade Federal de Alagoas, na pes-

do pelo CNPq

soa da enfermeira Profa. Dra. Clódis Ma-

SCTIE, processo 403461/2012-0). A meta

ria Tavares. Ele foi iniciado em 2013 e

do projeto é verificar se algum dos parâ-

irá finalizar no final do próximo ano.O

metros

Nacional

de

O projeto foi financia(edital MCTI/CNPq/MS-

moleculares

e/ou

imunológicos 83


FARMÁCIA UFC

FARMÁCIA UFC

indicam que o indivíduo irá desenvolver hanseníase. Ainda não temos resultados

PET: Quais as principais dificuldades que

ainda são encontradas no diagnós-

consolidados.

tico e manejo terapêutico da Hanseníase?

PET: Qual

a principal contribuição do

projeto para a população benefici-

Aparecida Dias: O diagnóstico é essenci-

ada?

almente clínico, necessitando sempre de profissionais capacitados (enfermeiros e médicos). Outra dificuldade está relacio-

Aparecida Dias: A principal contribuição

nada com o diagnóstico laboratorial. O

para aquela população é a possibilidade

fato do Mycobacterium leprae não ser

da detecção precoce da hanseníase.

Em

cultivável, torna o diagnóstico mais com-

nossa visita à cidade, a impressão que

plexo. Dessa forma, há necessidade de se

tínhamos era que caso fizéssemos uma

encontrar micobactérias em raspado de

busca ativa, encontraríamos um número

lesões corado pelo método de ZiehlNeel-

alto de crianças com suspeita. Isto ocor-

sen.

re, infelizmente, pois a doença é negli-

nas formas clínicas disseminadas, mas

genciada por vários aspectos.

podem estar ausentes ou não serem de-

Primeiro, o próprio indivíduo sofre discriminação na família e no ambiente que frequenta. Segundo, o profissional habilitado é o dermatologista, no entanto, está havendo um desinteresse crescente do profissional pela área por motivos óbvios. Terceiro, na questão política, o serviço de saúde está totalmente vinculado à gestão do momento. Se o prefeito eleito for contra a coordenação de saúde, toda a equipe é reciclada e os serviços específicos são deixados de lado até a gestão seguinte.

As

micobactérias

estão

presentes

tectadas nas formas clínicas localizadas, onde há poucas lesões.

Quanto ao ma-

nejo terapêutico, embora seja uma doença curável, em torno de 30% dos pacientes podem apresentar reações de hipersensibilidade, durante ou após o tratamento. Tais reações são geralmente tratadas com prednisolona ou com talidomida. A talidomida possui uma potente ati-

vidade anti-inflamatória, no entanto, ela é importante causa de teratogenia. Quando as reações de hipersensibilidade ocorrem após 5 anos do aparecimento da doença, deixa uma enorme dúvida, pois, como podemos nos assegurar se se trata de uma reação de hipersensibilidade ou de uma recidiva? 84


FARMÁCIA UFC

FARMÁCIA UFC

edital pela Funcap, dois pelo CNPq, sen-

“A principal contribuição para aquela população é a possibilidade da detecção precoce da hanseníase”

do este último de grande aporte. Sempre me coloquei um pouco à margem da hanseníase, pois nesta patologia há alguns grupos de pesquisa no Brasil que se sentem meio que “donos da doença”, como se ninguém pudesse pensar diferente ou atuar sem ter a “benção” destes. Sempre fui uma pesquisadora indepen-

PET: Qual foi sua maior motivação pa-

ra trabalhar nessa área?

dente, de forma que eu não conseguia aceitar certas normas. Por exemplo, há pessoas que não concordam com o estudo de anticorpos na saliva, há outros

Aparecida Dias: Na verdade, eu nunca havia pensado em trabalhar com hanseníase. Em 2003, uma colega, a dermatologista Thereza Lúcia Prata de Almeida, fez a provocação de eu me envolver nessa área. Como eu não tinha ainda uma linha de pesquisa definida, decidi dar os primeiros passos, estabelecendo o método para dosagem de anticorpos no soro e na saliva. Isto foi relativamente fácil, pois o antígeno utilizado no teste era doado pelo Dr. John Spencer. A partir da validação dos testes em pacientes, comecei a

que não concordam com estudos sobre IgG no soro. Como eu tenho minhas razões e estou aberta ao que a realidade mostra, não me preocupo com o que pensam e, sempre fico na espera de encontrar algumas pessoas que acreditem em meus resultados e que o aceitem. Por exemplo, no ano passado incluímos no estudo a análise do isotipo IgA, cujos resultados estão quase sendo publicados. Estamos aguardando pelo parecer final, após os ajustes solicitados pelos revisores.

realizar minhas primeiras orientações. Na mesma época, passei a ministrar pales-

tras e aulas, entre outras atividades, para diferentes públicos, por meios de meus projetos de extensão. O interessante era que eu sempre fui apaixonada pela temática da tuberculose (TB), mas, na realidade, nenhum de meus projetos de pesquisa em TB vingaram, e os da hanseníase vagarosamente caminharam. Consegui um 85


FARMÁCIA UFC FARMÁCIA UFC PET: De que forma a sua vivência no

ças infecciosas para agentes de saúde. O

en-

bem mais precioso de um posto de saú-

grandecimento profissional, acadê-

de é o agente de saúde. Ele conhece a

mico e pessoal?

comunidade e tem que lidar com a arro-

projeto

contribuiu

para

seu

gância dos profissionais de saúde. No final do curso, era impossível não ficar Aparecida Dias: Gostaria antes de tudo

emocionada com o ganho de experiência

dizer que tudo começou como extensão.

que eles e eu tínhamos tido.

Dando palestras sobre o assunto (acho

que já atingi mais de 1500 pessoas com essa atividade) pude me dar conta de que poucos têm ideia da gravidade da doença. Quanto aos profissionais de saúde, poucos eram aqueles sensibilizados.

No projeto atual, a visita a Santana do Ipanema me fez descobrir o quanto esta doença me preocupa, me deixa sensibilizada, e me abre um enorme desejo de usar todo o meu potencial para ajudálos, mas, não somos Deus, e não estamos brincando de Deus. Nos detalhes, não

é

fácil.

Temos

que

administrar

“ciúmes” de colegas do projeto, imaturidade dos alunos envolvidos, problemas

técnicos (que não são poucos), falta de dinheiro e tantos outros pequenos desafios. Aí nasce a tentação de desistir, mas, hoje,

respondendo

a

estas

perguntas,

uma nova vela se acende. É sempre assim. Quando eu estou para desistir ou por terminar um projeto, algo surge. Um vento novo. Uma nova ideia. Um novo desejo. Muito Obrigada

Sempre procurei envolver alunos da Graduação em minhas atividades. A maioria deles, felizmente, sentiu-se sensibilizado pela experiência. Não sei medir o alcance daquilo que eu falo, mas nem por isso acho

pouco importante. Acho que

eu

amadureci muito, quando ministrei o curso de aperfeiçoamento técnico em doen86


FARMÁCIA UFC

FARMÁCIA UFC

XVI Encontro Regional dos Estudantes de Farmácia POR

Jamille de Oliveira

Jamille de Oliveira Gomes é aluna do 7º semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará e Secretária da Executiva Regional dos Estudantes de Farmácia.

O EREF, Encontro Regional dos Estudantes de Farmácia, é um dos princi-

Federal do Ceará, no Centro de Convivência.

pais eventos do MEF, sendo um espaço de ampla discussão, formação acadêmica e política e de deliberação. Neste evento a partir do intercâmbio de conhecimentos e realidades, com a agregação de estudantes de todo o Norte-Nordeste, pode-se discutir e elaborar propostas e posicionamentos

acerca

dos

cuidados

em saúde e a atuação do profissional farmacêutico, bem como diversas outras questões inerentes aos estudantes de farmácia.

A cerimônia de abertura do EREF ocorreu na quarta-feira dia 12 de abril,

A 16ª Edição ocorreu no período

no auditório do Centro de Ciências do

entre 12 a 16 de abril de 2017, sendo a

campus do pici. A solenidade teve a pre-

primeira realizada em Fortaleza - CE, e

sença dos seguintes representantes: Bru-

teve como escola sede a Universidade

na F. Teixeira (Comissão organizadora), 87


FARMÁCIA UFC FARMÁCIA UFC Fernando CA Neto (Articulação Nacional

patologia, o respeitar, acolher e entender

da ENEFAR), Profa. Dra. Zirlane CB Coelho

as reais necessidades do indivíduo. De

(Coordenadora do curso de Farmácia da

uma forma ideal, baseia-se em uma inte-

UFC), Prof. Dr. Manuel AA Furtado (Pró-

ração entre os profissionais de saúde e

Reitor de Assuntos Estudantis da UFC),

a comunidade, afim de promover, cuidar

Dra.

do

e restabelecer a saúde, não se prenden-

Conselho Regional de Farmácia-CE), Prof.

do ao conceito onde esse estado se res-

Dr. Paulo SD Arraes (Associação Brasileira

tringe à ausência de doença, mas a um

de Educação Farmacêutica - ABEF), Dal-

modelo

mare ABO Sá (Federação Nacional dos

“biopsicossocial”, que apesar de ser difícil

Farmacêuticos e Diretor de Juventude do

de

Conselho Nacional de Saúde), Andreza

quando se refere ao tema em estudo.

Emília

PM

Barros

(presidente

ser

onde

visa-se

atingido,

deve

um ser

bem-estar uma

meta

Fernandes (Executiva Regional dos Estudantes de Farmácia Nordeste 2). Diante disto, durante o evento foram abordados temas como: “Controle Faz-se necessário o conhecimento

social para manutenção e implementação

da importância de uma equipe multipro-

de cuidados em saúde na atenção pri-

fissional em saúde e do seu desempenho

mária”, “Educação e formação em saúde

funcional, visando a necessidade que a

voltada aos cuidados multiprofissionais” e

população tem, cada vez mais, desse

“Experiências exitosas e a importância da

serviço. O cuidado em saúde, além do

equipe multiprofissional no cuidado à sa-

que o modelo biomédico preconiza, vi-

úde", onde os palestrantes fizeram uma

sando o bem-estar social e interpessoal

abordagem esplanada e discursiva sobre

do indivíduo. Além das tecnologias embu-

os temas.

tidas nesse processo, as relações pessoais e afetivas influenciam de forma importante no processo saúde/doença. Des-

Ocorreram

também

mini-cursos

sa forma, a ampliação do cuidado multi-

abordando diversos temas relacionados

profissional e a participação efetiva da

aos cuidados em saúde e o profissional

sociedade nos atenção à saúde se mos-

farmacêutico: " Cuidados farmacêuticos

tra de forma a fortalecer esse processo.

na atenção básica e na pesquisa clínica", " Interpretação de exames laboratoriais", "Consultórios farmacêuticos: da teoria à

O cuidado em saúde tem como

prática", entre outros.

sua base, além do simples tratar de uma 88


FARMÁCIA UFC

FARMÁCIA UFC

O evento contou com um público de aproximadamente 400 estudantes de graduação e pós-graduação. A comissão organizadora elaborou uma programação voltada para as perspectivas de atuação farmacêutica

nas mais

diversas

áreas,

além de acrescentar espaços voltados para o mundo acadêmico

Fonte: https://www.facebook.com/erefor2017/photos/ a.1753900471545790.1073741828.1748577475411423/1857416357860867/? type=3&theater

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VI JOFAR/UFC

Trabalhos Apresentados Nos dias 6,7 e 8 de abril de 2016 ocorreu a VI Jornada da Farmácia da Universidade Federal do Ceará (VI JOFAR/UFC), no bloco didático do curso de Farmácia da UFC. Foram apresentados cinco trabalhos científicos. O trabalho intitulado Papel do sildenafil no modelo de convulsão com pilocarpina e análise dos níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) em diferentes regiões do sistema nervoso central de camundongos, de autoria dos alunos João Victor Souza Oliveira, Denia Alves Albuquerque, Michele Albuquerque Jales de Carvalho e Emiliano Ricardo Vasconcelos Rios, orientado pela Profa. Dra. Marta Maria de França Fonteles, recebeu o prêmio de melhor trabalho. Receberam menção honrosa os trabalhos: Avaliação da melhor fruta -banana e morango- para ser utilizada a fim de se obter a maior extração de DNA aplicando o mesmo método, utilizando apenas um exemplar, de Mariana Tarja Castello Branco, e Avaliação microbiológica de duas emulsões produzidas em um laboratório escola localizado no município de Sobral-Ceará, de Thais Rodrigues Mendes Carneiro.

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VI JOFAR/UFC VI JOFAR/UFC PAPEL DO SILDENAFIL NO MODELO DE CONVULSÃO COM PILOCARPINA E ANÁLISE DOS NÍVEIS DE SUBSTÂNCIAS REATIVAS AO ÁCIDO TIOBARBITÚRICO (TBARS) EM DIFERENTES REGIÕES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL DE CAMUNDONGOS. JOÃO VICTOR SOUZA OLIVEIRA, DENIA ALVES ALBUQUERQUE DE SOUZA, MICHELE ALBUQUERQUE JALES DE CARVALHO, EMILIANO RICARDO VASCONCELOS RIOS, MARTA MARIA DE FRANÇA FONTELES (orientador) INTRODUÇÃO: O estresse oxidativo (EO) é resultado de um desequilíbrio entre as

defesas antioxidantes e a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) no organismo. O aumento da excitabilidade neuronal, característico da convulsão, pode levar a injúria e morte celular, resultado da formação excessiva de radicais livres. Um dos danos causados diretamente pelas EROs é a peroxidação lipídica que forma produtos secundários como o Malonildialdeído (MDA), usado como marcador biológico indicativo de EO e dano celular. Sua sensibilidade ao ácido tiobarbitúrico permite sua identificação através de reação colorimétrica (formação de coloração roseada).

OBJETIVO: O objetivo deste trabalho foi determinar os

níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) em diferentes regiões do sistema nervoso central (córtex pré-frontal, hipocampo e corpo estriado) de camundongos adultos pré-tratados com Sildenafil e submetidos ao modelo de convulsão induzida por pilocarpina, bem como avaliar o papel do Sildenafil no EO.

METODOLOGIA: Os animais foram pré-tratados com Sildenafil nas concen-

trações de 2,5; 5; 10; 20 e 30mg/kg, durante 7 dias. RESULTADOS E DISCUSSÃO: No modelo de convulsão usado houve aumento dos níveis de MDA, no hipocampo, nos grupos pré-tratados com as doses de 10 ou 20mg/kg; porém, no corpo estriado, houve redução dos níveis de MDA nos grupos tratados com as doses de 2,5 ou 20mg/kg, demonstrando características neuroprotetoras do Sildenafil. CONCLUSÃO: Em conclusão, nossos achados demonstraram, inicialmente,

que o Sildenafil contribuiu para o EO, mas também pode apresentar ações de neuroproteção. Nesse sentido, mais estudos devem ser feitos para melhor compreensão das ações desse medicamento no sistema nervoso central.

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VI JOFAR/UFC PROJETO ATENÇÃO FARMACEUTICA NA PROMOÇÃO DA SAUDE: PROMOVENDO SAÚDE NA COMUNIDADE. ANTONIO ERIALDO VIANA DE FREITAS, ÉRINA MARY SANTOS BELÉM, BRUNO LUIS DE SOUSA, CÍCERO ALEXANDRE FREITAS, ALYNE MARA RODRIGUES DE CARVALHO (orientador) INTRODUÇÃO: As deficiências atuais do sistema de saúde deixam a população carente de serviços e de informações. Nesse contexto, projetos de extensão possibilitam a parceria entre a academia e a comunidade favorecendo a troca de sabe-

res e conhecimento, estimulando a participação da comunidade enquanto sujeitos e não como meros espectadores. OBJETIVO: O projeto Atenção Farmacêutica na Promoção da Saúde é uma iniciativa dos alunos do sexto semestre do curso de Farmácia da Faculdade Mauricio de Nassau que tem como objetivo orientar a comunidade sobre temas na área de saúde, assim como verificar a presença de alguns fatores de risco para as doenças crônicas mais prevalentes na população (como hipertensão, diabetes, obesidade e suas complicações), ao mesmo mostrar a importância do profissional farmacêutico. METODOLOGIA: O projeto vai a alguns municípios do Ceará realizar ações para comunidade. Baturité e Capistrano foram

os municípios já atendidos. As ações acontecem sempre pela manhã, em um local público (praças ou prédios públicos) para o fácil acesso da população e em dias de realização de feiras naquele município. Para a realização da ação contamos com a presença de 30 acadêmicos de Farmácia bem como professores farmacêuticos orientando e dando o suporte necessário. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os serviços prestados pelos acadêmicos são: medida do índice glicêmico, aferição da pressão arterial, cálculo do IMC, circunferência abdominal e dobras cutâneas. Também são realizadas análises dos medicamentos utilizados, orientações sobre o uso racional e possíveis interações existentes, dicas de cuidados com o armazenamento

dos

medicamentos

e

retirada

de

dúvidas

por

parte

da

comunidade.

CONCLUSÃO: Pode-se concluir que este projeto é de fundamental importância para a comunidade e também possui uma relevância para a formação acadêmica dos alunos de farmácia, pois a melhora da qualidade de vida da comunidade contribui para a formação de profissionais mais solidários.

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VI JOFAR/UFC

AVALIAÇÃO DO PERFIL DOS DOADORES DE ÓRGÃOS PEDIÁTRICOS EM MORTE ENCEFÁLICA NO ESTADO DO CEARÁ. REBECA DE SENA MAGALHÃES, NATÁLIA MATIAS BLHUM, SILVIA FERNANDES RIBEIRO DA SILVA (orientador) INTRODUÇÃO: O transplante renal pediátrico é o melhor tratamento para crianças urêmicas. O transplante de órgãos pode ser feito com órgãos provenientes de doadores parentes ou doadores falecidos. O potencial doador falecido é

aquele cuja causa do óbito foi por morte encefálica, no qual é necessária compatibilidade de tipo sanguíneo e de sistema imunológico entre o doador e o receptor. Entre 2013 e 2014 o Ceará realizou 8,3 transplantes pediátricos por milhão de população. OBJETIVO: Este estudo tem como objetivo avaliar o perfil dos doadores de órgãos pediátricos em morte encefálica no Estado do Ceará no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2014, com a finalidade de analisar

a

causa

afim

de

haver

uma

intervenção

para

diminuir

este

índice.

METODOLOGIA: Tratou-se de um retrospectivo baseado em dados secundários, realizado através da busca ativa no prontuário dos doadores falecidos efetiva-

dos de Janeiro de 2010 a Dezembro de 2014. As variáveis analisadas foram: sexo, idade, grupo sanguíneo, faixa etária e causa da morte encefálica. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dos 122 doadores analisados, 35 são do gênero feminino e 87 do gênero masculino. A maior prevalência de morte encefálica está na faixa etária de 13 a 18 anos, com 87 doadores dentre os quais 76 foram a óbito por Traumatismo Craniano Encefálico, que pode ter ocorrido por acidente de transito, violência, ou acidente doméstico. CONCLUSÃO: Os doadores pediátricos do Ceará são em sua maioria homens, adolescentes, com morte encefálica por traumatismo craniano encefálico.

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VI JOFAR/UFC AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE DUAS EMULSÕES PRODUZIDAS EM UMA LABORATÓRIO ESCOLA LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE SOBRAL–CEARÁ. THAIS RODRIGUES MENDES CARNEIRO, THALLES YURI LOIOLA VASCONCELOS, DÉBORA PATRÍCIA FEITOSA MEDEIROS, ARISTÍDES ÁVILO DO NASCIMENTO (orientador) INTRODUÇÃO: Qualquer que seja a finalidade que se destine uma emulsão, esta deve se manter estável durante um prazo determinado1. Os testes de

estabilidade fornecem informações sobre como as características do produto variam com o tempo sob a influência de alguns fatores ambientais. Esses testes auxiliam a definir o prazo de validade dos produtos farmacêuticos e cosméticos2. O objetivo da avaliação microbiológica emulsões é avaliar o número de micro-organismos viáveis e certificar a ausência de micro-organismos patogênicos. OBJETIVO: Realizar a contagem de micro-organismos aeróbios mesófilos e de fungos e leveduras de emulsões produzidas em uma Farmácia Escola. METODOLOGIA: Foi produzido um lote de cada creme, e cada lote foi divididos em duas partes. A metade de foi armazenada em estufa a 40 +/- 2ºC. A outra metade foi armazenada em temperatura ambiente a 25 +/- 2ºC. As análises foram realizadas no 1º dia (T0), no 30º (T1) dia e no 60º dia (T2). Para a realização do teste foi semeado na superfície de cada meio de cultura (ágar caseína soja e ágar Batata) 0,2 mL da amostra. Para o cálculo das colônias,

considerou-se

as

placas

com

intervalo

de

25

a

250

colônias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Todas as amostras analisadas estiveram dentro dos limites estabelecidos pela RDC nº 481/1999, apenas uma amostra da emulsão não-iônica não se apresentou dentro dos limites estabelecidos. A principal razão dessa elevada média de micro-organismos foi o local inadequado em que o teste foi realizado, pois não foi realizado em fluxo laminar.

CONCLUSÃO: As emulsões estudadas neste trabalho foram consideradas aceitáveis em relação aos parâmetros microbiológicos, pois estiveram dentro dos limites estabelecidos pela RDC nº 481, de 23 de setembro de 1999. Deve-se salientar a importância da realização de outros testes tais como os testes para identificação de micro-organismos patógenos, pois são necessários para avaliar a qualidade microbiológica do produto cosmético.

94 XX 14


VI JOFAR/UFC VI JOFAR/UFC AVALIAÇÃO DA MELHOR FRUTA -BANANA E MORANGO- PARA SER UTILIZADA A FIM DE SE OBTER A MAIOR EXTRAÇÃO DE DNA APLICANDO O MESMO MÉTODO, UTILIZANDO APENAS UM EXEMPLAR. MARIANA TAJRA DE CASTELLO BRANCO, JÉSSICA SALES, MATHEUS RODRIGUES, NADIA ACCIOLY PINTO NOGUEIRA (orientador) INTRODUÇÃO: A biologia molecular é composta por fortes ligações com a genética e a bioquímica e tem como principal campo de estudo as interações bioquímicas celulares envolvidas na duplicação do material genético e na síntese proteica. Devido à sua enorme importância, o Programa de Educação Tutorial/UFC – Farmácia

desenvolve o projeto Biologia Molecular nas escolas: um novo conceito de aprendizagem, com aulas ministradas para alunos do 9º do ensino fundamental e do 1º do ensino médio de escolas públicas e particulares na cidade de Fortaleza. Para que o conteúdo seja mais lúdico, além de aulas teóricas, ministradas por graduandos e pós-graduandos do curso de Farmácia, é ofertada também uma aula prática onde é possível, sem o auxílio de microscópio, observar a molécula de DNA. OBJETIVO: Comparar, entre as duas frutas escolhidas, qual é capaz de proporcionar uma

maior

quantidade

de

DNA

utilizando

um

único

exemplar.

METODOLOGIA: O método utilizado foi o mesmo para todas as espécies. Esmagou-

se a espécie dentro de sacolas de plástico até que ficassem de forma homogênea. Em seguida, preparou-se a solução extratora, composta por detergente líquido neutro, sal de cozinha e água. Depois, o homogenato foi colocado em contato com a solução extratora, onde misturou-se até que fosse formada uma mistura uniforme. Tudo foi passado por um filtro. Ao filtrado foi adicionado álcool etílico gelado, a 10o C, lentamente, formando duas fases, onde a superior representava a fase alcoólica e a inferior a fase aquosa. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após a realização dos testes, tanto o morango como a banana foram capazes de propiciar quantidades relevantes de amostras de DNA. Por o DNA não se dissolver no álcool, nessa temperatura e nessa concentração, as amostras da molécula puderam ser observadas na interface entre as fases alcoólica e aquosa. A fruta que gerou uma quantidade maior de DNA foi a banana, sendo essa a fruta utilizada nos experimentos atuais. CONCLUSÃO: A prática realizada ajuda a melhorar o entendimento dos alunos com relação ao estudo do DNA. Sendo assim, é uma atividade que auxilia o projeto Biologia Molecular nas escolas, devendo, portanto, continuar a ser aplicada. É importante que a técnica seja constantemente estudada, podendo assim ser aprimorada, garantido um auxílio cada vez mais significativo ao projeto desenvolvido.

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