O perdido perdido catulo

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PERDIDO Ó PERDIDO

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um poema é o amor a cair de bruços, quebrando-nos a infância em muitos bocadinhos Rita Taborda Duarte

para ela, assim


PERDIDO Ó PERDIDO

C A T U L O j j

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1 menos vinho & beijos verdes Fabulo a deusa estรก repleta das tuas metรกforas



2 sulcando ondas & vagando como Odisseus o único destino é a côr não o lar



3 a tenda do tempo ensina lições traiçoeiras sábios nús dão comida à bicharada



4 regressam como traduçþes as encaracoladas Moiras



5 Juno Juno a casa estรก limpa lava-me รณ lava-me na tua firmeza jรก



6 formas ferramentas certas palavras ampliando o mundo encontros em lençóis serpentina quietude



7 dá voz ao papiro com lábios húmidos e na solidão e na glória cresce



8 que se lixem as críticas Catulo… …mente de leõa

rastejando na esverdejante obscuridade



9 lรก vem o Catulo o chulo da poesia punk esconde-te depressa



10 memรณrias secas quanto aos feitos de Teseu abriga-te das ondas aqui no quentinho



11 chora oh chora pelos prazeres passados VĂŠnus anda Ă procura de um novo apartamento



12 malicioso mas doce como o mel o seu corpo transpira como uma fonte



13 sempre sempre estĂŁo sempre abertos os portĂľes do absoluto mas inafortunadamente nĂŁo te interessas



14 parece divino mas é o enxuto sabor da tua pele não são necessários grandes quartos para tal harmonia



15 o perfume da minha amante ĂŠ a entrada num belo inferno



16 uma constelação de lamentos estar triste assim Ê fodido



17 faltam-me palavras no gozo dorme dorme minha LĂŠsbia que lĂĄ fora o dia ĂŠ fedorento



18 ausente depois de desperdiçar o desejo despiste a tua inconsistência querida para mais e mais



19 sinto-me bรกrbaro e de modo nenhum grego ou romano envergonhem-se as sombras do Lethes envergonhe-se a espuma do mar



20 o tempo de Ariadne ficou perdido nas praias destes fôlegos ah os ordinários orgãos de Vénus



21 errando em jardins do Indo estĂĄ maduro o prazer para mais vales a valer



22 a amizade flutua em redor e eu tratarei tratarei das tuas tristezas



23 Rufus mordeu o isco e tornou-se o cĂŁo dela a ele beberei com a cĂ´r do meu contentamento



24 a dor afiada do pรกssaro da mente estรก na gaiola o dedo indicador merece-te



25 obscuro amigo de Piso a tua miúda é um petisco cuidado com a leve lebre livra-te dessa paixão


Escrito jĂĄ nĂŁo se sabe em que medonho ano por Jorge Judas num momento feliz e editado agora em Janeiro de MMVI



o surgir de rostos no meio do maralhal

pĂŠtalas num galho molhado e escuro


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