A parte persa

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a Parte Persa que no fundo é bem melhor que a Parte Perversa Livro Indulgemte para Toda a Gente

Pedro Proença Edições Asa Dicarus


Para ti Rita Taborda Duarte amadora de Livros e bem me apetecia agora estar aĂ­ contigo que te quiero mucho

dia dois de Maio de Dois Mil e Dezassete


a Parte Persa sem Pressa. escripto pelo Senhor Pedro Proença num entretanto quando devia estar a fazer outras coisas

Edições Asa Dicarus


Este livro que assim depressa se fez publico quer leitores Ă­ntimos divertidos leves espontaneos e disparatados.

sem copy qualquer coisa acabadinho de fazer em menos de um fĂłsforo


Esgrime as suas artes poéticas no equívoco de uma revolução bem arejada. Nada de galanteios nem hifenizações. A letra está ressurrecta. Vamos.


Entre dois pilares deixaram o equĂ­voco, isto ĂŠ, a Poesia como falta de metodologia ressurgente. A banha em busca de cobra.


A Arcรกdia bem armada, pronta a ser bombardeada.


Jรก nรฃo pedimos desculpa. O sexo raia entre rรกbulas de ascetas.


Inclinações. Mandíbulas. As prisões dos que aguardavam para fumar cigarrinhos que os matariam de cancro até. Dias contados.


Encontravas a curva persa na pernoca de uma camarada. Eras um fetichista revisionista. A revolução era o caso pernicioso.


Os trĂłpicos mudaram de lugar. Avistas montanhas como se fossem bossas de camelo. Envio sinais Ă procura de sentidos.


Desestiras dos manifestos e chafurdavas entre diagramas e anagramas. A civilização reconstroi sem dar conta.


Davas pulos para saltar a cerca. O destino é careca. Os poetas servem só para si. Já não é nada mau.


Nestes dias livros sĂŁo luxos onde apetece deambular. JĂĄ nĂŁo me entusiasmo com filatelia, minha querida.


A poesia nĂŁo salva a poesia. HĂĄ quem a recite por puro divertimento. Exigem demais dela. Serve como companhia para passeatas.


Ziguezagueando a fugir das zangas.Não é mau escape o escrever. Escapar é o direito a viver um pouco mais.


O azul é a côr perfeita dos tanques e dos paraísos. Cansado de afungentar apocalipses fico no azul.


Penso no minha maneira de escrever como uma repetida imprudĂŞncia. Sem lambidelas, nem posteridades, nem sequer necessidades e moralidades.


Se há excesso de sexo nisto é por causa da Natureza. Propensão e desforço. Aqui estamos os dois.


Balizas onde chutas o imperfeito. Fumos arrebitados. De um para o outro. O intersticial apetecĂ­vel.


A tal diagonal ascendente como tranquilizante. Fico aqui sentado na divina moleza exotĂŠrica.


Um dia apareceu uma cruz ao pé do meu pé. Confesso que o açafrão é uma das minhas cores favoritas.


Participo num ritual sem dar por isso. Escrevo numa linguagem que se finge requintada e de que gosto.


O equílibrio é para os outros. Eu traduzo a consciência do que roça. Antes de cair. Lá chegarei.


Pinto ascetas como se fossem tendas inclinadas. As cruzes sĂŁo Ăłbviamente marotas.


Uma janela aberta deixa entrar em mim o ParaĂ­so.


Um livro maravilhoso estĂĄ Ă minha espera no alto de uma colina.


Cadernos que jogam Ă escondidas com outros cadernos. Uma deliciosa busca de afinidades antes ignoradas.


Formas geomÊtricas que fazem a relva crescer. A geometria abre a minha perguiça ao mundo.


Os reis magos andam atrĂĄs de um zigurate que salta Ă vara.


A espiral da exagĂŠse acaba por ser genĂŠsica, por badalhoquice.


Juntei muitas ideias numa grelha para barafustarem. Quero mudar de paisagens ao pĂŠ coxinho.


As coisas pequenas querem ser devoradas pelas grandes.Quem fica dentro da razĂŁo comum ignora a beleza e o prazer das que escapam


Sou o dissidente que sabe que o mudo se muda muito mais depressa do que as revoluçþes.


Uma cama em que se entra a meio de duas maneiras


Esta página foi um sítio que me perdeu.

O Album errado faz bum.

Mudança de planos que não tenho.


No cubismo a dialética é entre a garrafa e o nu.


Vszos comunicantes para serem servidos em cocktails


NĂŁo vĂĄs depressa na conversa


Linhas que se amam para serem escritas.


O apetite como razĂŁo prĂĄtica.


Recipientes que argumentam.


Estar sรณ e bem acompanhado.


O tempo dos corpos das cerejas.


Componho lambendo a pĂĄgina. Solto a lĂ­ngua


Perdi a revolta na praia.


Eis uma pĂĄgina onde o Livro nĂŁo se acaba. Desconfia dela entusiasta leitor.


Um livro que se fecha em azul. Aqui posso comeรงar um romance. Ou dar um beijo. E mais outro. Era uma vez um livro que fingia que se lia e onde as imagens estavam erradas. Ah, queres insultar รณ badameco. Desaparece da minha vista. Algo se aviza no encalรงo. Descalรงa essa botifarra depressa.


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