Para Quando um Museu Municipal em Mangualde?

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Escritos: Colaboração na imprensa local

Para quando um Museu Municipal em

Notícias da Beira, Mangualde, n.º 2229, de 07-11-2003, p.3 Arqueologia * História Local * Património Cultural * Genealogia

Pedro Pina Nóbrega

Mangualde?

Deve citar-se: NÓBREGA, Pedro Pina (2003) – Para quando um Museu Municipal em Mangualde?. Notícias da Beira. [em linha] Mangualde. 2229, de 07-112003, [consultado em ??-??-????] p. 3. Disponível em www.pedropinanobrega.net


Para quando um Museu Municipal em Mangualde?

Para quando um Museu Municipal em Mangualde?

Pedro Pina Nóbrega

O homem que conhece a história do seu torrão natal afeiçoa-se mais a este porque em cada momento evoca uma recordação: ora é de sentimentos que se compõe uma grande parte da nossa vida.1 José Leite de Vasconcellos Recentemente encontrámos na Biblioteca Nacional um artigo da autoria de José Leite de Vasconcellos intitulado “Estudos Arqueológicos em Mangualde” que foi publicado no n.º 52 do jornal A Reacção que em 11 de Setembro de 1892 se publicava em Mangualde, sendo o seu redactor principal José Marques, cuja actualidade se mantêm ainda hoje.

Eis o que defendia o ilustre arqueólogo beirão, a quando da sua visita a Mangualde, por convite do Dr. Alberto de Castro Osório2: (...) Será muito conveniente que na vila de Mangualde, onde já tive a honra de travar relações com diversos cavalheiros que muito se interessam pela sua terra, se estabelecesse desde já um pequeno museu municipal formado em parte com os resultados das explorações, e que sirva de núcleo para outro museu maior. Neste museu se colocaria por ordem o seguinte: 1º) objectos pré-históricos achados nas Antas e nas mamoas (machados, facas, goivas, amuletos, etc.); desenhos fieis de ambas estas espécies de monumentos, e as respectivas plantas; 2º) objectos luso-romanos achados nos arredores do monte da Sr.ª do Castelo e em diferentes outras estações arqueológicas; são eles: telhas de rebordo, fragmentos de vasos lisos e ornamentados, lucernas, mós de moinho, moedas, colunas, etc.

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Retirado do artigo citado no texto, com grafia actualizada. Grafia actualizada.

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Para quando um Museu Municipal em Mangualde?

3º) objectos que por ventura se encontrem da idade média e da renascença por cá, a saber. Armas, armaduras, móveis de pau preto e de couro, louças de fábricas nacionais, etc. 4º) objectos de etnografia moderna, que representem as industrias e os costumes populares, como louça de barro, trajos, amuletos, etc. Uma colecção destas pouca despesa faz, ou quase nenhuma, desde que a Ex.ma Câmara dê uma sala, e se entusiasmem alguns cavalheiros para obterem os objectos, quer por dádiva, quer por simples empréstimo. Na indicação sumária que fiz resume-se a história artística de Mangualde. (...) Se por tão pouco se pode fazer um serviço à ciência e à pátria; se pode oferecer ao forasteiro um curioso museuzinho onde ele estude alguns dos caracteres do viver provinciano, e algumas das fases históricas antigas desta vila; se pode dar ao futuro um exemplo de respeito pelo passado, para que o presente seja respeitado também pelos vindouros: - creio que ninguém levará a mal a lembrança de um museu, e antes ela encontrará eco no coração dos habitantes desta vila.

Quão actual é este texto! Estamos convictos que muitos mangualdenses e diversas associações têm isto em mente, nomeadamente a ACAB - Associação Cultural Azurara da Beira. Também a nossa edilidade o terá, pois tivemos a noticia3 que pretende trazer para o concelho os materiais em posse da Assembleia Distrital de Viseu, e cremos que não quererá enfeitar nenhum rotunda com os marcos miliários, nem colocá-los ao abandono num qualquer armazém camarário, nem torna-los elementos decorativos da Biblioteca ou de qualquer outro espaço público de forma descontextualizada e/ou com uma mera placa identificativa. Não será motivo mais do que suficiente para o arranque da construção e/ou instalação de um museu municipal? Como disse Leite de Vasconcellos Creio que ninguém levará a mal a lembrança de um museu, e antes ela encontrará eco no coração dos habitantes desta vila, hoje cidade, e até do concelho.

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Através da própria Assembleia Distrital de Viseu.

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