Etérium - the life trip

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Embora nem todos tenham a coragem de soltar a agrura do sofrimento. Vítimas reverenciam-se mutuamente, fazendo valer a luta pela dor, como se algo digno de orgulho crescesse no caos. Deixam passar a riqueza da dor que transforma o ser, que endurece e motiva, que impulsiona, perdendo-se na vã autocomiseração que transforma a vida em eternos ciclos de retorno. Sem o saber procuramos um afeto que nos rompa este carrossel de emoções para que finalmente sintamos a dor real, constatando a razão de tal sofrimento, enfim recebendo o ‘porquê’.

“Devaneio” 2007 (40x40 cm)

Com dúvidas incessantes, perdemos o rumo e retornamos ao passado em busca de algo que não pode tornar. São curvas no tempo, que nos enlaçam e atrasam...ou não. Fazem-nos ver melhor e firmar nossas certezas. Quem sabe se o tempo não é uma interminável sucessão de idas e voltas que nos permitem colher experiências e evoluções. Que seria eu sem dúvidas? Sem retorno ao imaginário! Sinto que aos poucos aclaro meu caminho, sinto a suave brisa quente que me enleva, que de tão suave, nela não reparava, conturbado neste rodopio colorido que é a vida. Tão distraído, trouxe a mim próprio dissabores tormentosos, quando logo aqui, o caminho me sorria. Afinal se me deixo levar nesta leve corrente, frinchas se abrem em portas, soluções se iluminam, leves, ligeiras, cheias de positividade e alento. Vejo o ar que me rodeia esgueirar-se por entre tais aberturas que me mostram o caminho certo, curto, soluto de tais tormentos. Tantas vezes embati ao lado da resposta. Deixo-me então levar, neste sopro quente, envolvente e de olhar em frente… confio, e deixo-me escoar nessas frestas.

“Summer’s blow” 2007 (180x90 cm, triptico)

Como nos agrada o momento em que o doce calor suave nos abraça e suaviza das cicatrizes do passado. Esse sopro suave no corpo livre de dogmas, traumas e obrigações. Nossa mente não é livre, pertence sempre a alguém. Ou será algo... coisas? Tentamos nós, sempre ser donos do nosso sentido. Luta constante enlevada pela cor dos momentos bons ou maus que tivemos a consciência de atentar de olhos bem abertos e mentes despertas.

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