Pará+ 50

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3,00

ISSN 16776968

Edição 50

abril 2006

Belém - Pará - Brasil

www.paramais.com.br




nestaedição

EDITORIAL Amigos leitores de PARÁ+. O mês de abril do corrente ano nos traz uma alegria incomensurável e sadia para nossos corações; nós que diariamente, aqui na redação dessa revista, a peso de muito suor, dedicação, pesquisa, noites maus dormidas na ansiedade de produzir uma revista baseada principalmente nas coisas do nosso querido PARÁ, desde artigos referentes à Hiléia Amazônica, suas tradições, costumes, características até do menor lugarejo dessa terra abençoada, pois todos nós sabemos que esses pequenos povoados podem ser pequenos para nós, mas para seus habitantes, não existe terra maior que a deles!

Pág. 05

O FESTIVAL DA POROROCA “POROROCA: UM FENÔMENO DA NATUREZA, INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO CULTURAL DE SÃO DOMINGOS DO CAPIM”

SIMBOLOGIA DA PÁSCOA

O PORTAL DA AMAZÔNIA

No mês em que se comemora o Dia Mundial da Água, é preciso lembrar que em diversos lugares do planeta milhares de pessoas já sofrem com a falta desse bem essencial à vida...

Reurbanização e saneamento da Bacia da Estrada Nova e a construção da orla de Belém em toda extensão da Avenida Bernardo Sayão.

ANETE COSTA

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PROJETO OLHOS D’ÁGUA

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FÓSSEIS DO CRETÁCEO DA AMAZÔNIA

Os caros leitores de PARÀ+, com certeza devem ter conhecimento de uma grande variedade de animais primitivos, principalmente do Período Cretáceo de nosso planeta, era evolutiva onde predominaram os grandes répteis...

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MIGUEL CHIKAOKA

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HÉLIO TITAN

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Vêm-se avolumando, indubitavelmente, as ações e demandas contra os médicos - e também contra entidades que prestam assistência médica - nos últimos anos. Por que vem ocorrendo isso? SÉRGIO PANDOLFO

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“E aí pessoal? Égua, ficou muito bom o q fizeram com a capa. Mas me digam uma coisa, já saiu a revista? qria ver as imagens, as matérias...ah, e nós já estamos colhendo os frutos, o SBT marcou uma entrevista pra hoje... Muito obrigado por tudo, quem dera todas instituições paraenses tivessem essa consciência q vocês têm! Continuem sempre assim q vocês só têm a ganhar!” Edivaldo do “Edição Limitada”, em e-mail, falando sobre a capa 49, produzida em parceria com a Editora Círios (03/04/2006)

matérias

PARADOXOS ATUAIS DA MEDICINA MODERNA Propaganda, Criação, Marketing e Agência

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Oportunidade única

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Acyr Castro

Mediocridade atrai mediocridade... Ricardo Jordão

Amazônia. O tamuatá da Fazenda Ritlândia Camillo Vianna

Minha Avó, Antonio Lemos e o cronista Acyr Castro

Agenda Cultural

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ANATEC Editora Círios S/C Ltda CNPJ: 03.890.275/0001-36 Inscrição (Estadual): 15.220.848-8 Rua Timbiras, 1572A - Batista Campos Fone: (91) 3083-0973 Fax: (91) 3223-0799 ISSN: 1677-6968 CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil

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Í N D I C E

PUBLICAÇÃO

ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES

DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, João Modesto Vianna, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; REVISÃO: Paulo Coimbra da Silva; COLABORADORES: Acyr Castro, Anete Costa Ferreira, Camillo Martins Vianna, Hélio Rodrigues Titan, José Vilhena, Ricardo Jordão Magalhães, Miguel Chikaoka, Sérgio Martins Pandolfo; FOTOGRAFIAS: Alcemir Jr., Artur Vivacqua, Claudio Travassos, Ester Silva, João Vianna, Miguel Chikaoka; DESKTOPING: Mequias Pinheiro; EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora Círios *Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores


exemplar é publicado embasado em um tema básico, no qual os artigos se exteriorizam, através de seus articulistas, por sinal modéstia à parte, migos leitores de PARÁ+. O mês de abril do corrente ano escritores do mais alto escalão cultural de nossa terra, levando até nos traz uma alegria incomensurável e sadia para nossos vocês literatura sadia e construtiva, com arte e qualidade literária do corações; nós que diariamente, aqui na redação dessa mais alto jaez! revista, a peso de muito suor, dedicação, pesquisa, noites A literatura, queridos leitores, como toda a arte, é a transfiguração do maus dormidas na ansiedade de produzir uma revista baseada real, é a realidade recriada através do espírito artístico do escritor em principalmente nas coisas do nosso querido PARÁ, desde artigos formas lingüísticas, embelezadas em novas realidades! referentes à Hiléia Amazônica, suas tradições, costumes, A literatura jornalística é, portanto uma parte da vida real transformada características até do menor lugarejo dessa terra abençoada, pois todos no belo, sem conflitos nos acontecimentos da vida real. nós sabemos que esses pequenos povoados podem ser pequenos para A literatura é a expressão artística da sociedade humana, como a nós, mas para seus habitantes, não existe terra maior que a deles! palavra é a expressão do ser humano. A PARÁ+, em sua trajetória vitoriosa, fruto inconteste da capacidade de Assim é nossa revista PARÁ+, nossa, porém mais de vocês, objetivo um grupo de abnegados, quer sejam redatores, colaboradores, único de nossa ânsia de melhorar cada vez mais. escritores convidados ou espontâneos, pois essa revista é aberta numa A revista referida é sem sombra de dúvida a melhor de nosso PARÁ, não democracia cristalina e saudável a todos aqueles que nela desejam sendo uma afirmativa nossa, senão vejamos: Em recente aportar seus artigos e reportagens em qualquer nuance enquête popular realizada em nossa cidade, pela GLOBO literária, quer sejam poesias, sátiras, contos regionais, Empresa Brasileira de Pesquisas, onde o enfoque biografias, folclore etc. O sucesso de nosso trabalho é, principal recaiu no qualitativo de “magnífico trabalho”, portanto fruto de uma coletividade total, pois além dos ocupando o primeiro lugar da referida pesquisa. A entrega citados incluem-se os ilustradores, fotógrafos, do premio GLOBO de Marketing, no hotel Hilton, em meio a pesquisadores, gráficos, pessoal da administração, um jantar comemorativo entre seleta platéia. digitadores, até os mais humildes servidores, sem, no PARÁ+ foi também eleita a revista do ano em 2005, pela entanto deixarem de serem portadores de uma pujança sua atuação e serviços prestados a comunidade profissional de alto coturno. paraense, (Topp Brasil Marketing e Comercio). Mas o leitor poderá indagar com seus botões: Qual o È digno de nota, que o nome de “PARÁ+”, foi uma motivo dessa parafernália jubilosa da Redação? A razão inspiração de nosso diretor Dr. Rodrigo Hühn, por ocasião dessa justa euforia, amigos leitores reside no sucesso que nosso veiculo de informação, ilustração, cultura regional e O começo da Pará+ de sua defesa de tese em marketing! È isso, amigos leitores, tudo aquilo que produzimos se destina à vocês, nacional, acontecimentos vários, leva até vocês, por sinal, o nosso unicamente para vocês, o que nos encoraja para cada vez mais objetivo primevo e mais importante, è essa revista, que completa aprimorarmos esse produto literário, e levando com isso, uma revista justamente nesse mês, sua qüinquagésima edição ininterrupta! Com 40 cada vez mais completa, afim de oferecer ao povo brilhante do PARÁ, um mil exemplares mensais, atualmente! veiculo literário a altura de seus leitores. A revista PARÁ+, se baseia na diversificação de seus artigos, sempre tendo uma característica ímpar no cenário jornalístico nacional: Cada

A REDAÇÃO






Simbologia da Páscoa por Anete Costa Ferreira

Domingo de Páscoa comemorou-se originalmente todos os domingos, mas a partir do século II a Igreja Católica começou a celebrar a data apenas uma vez por ano com grandes solenidades. A celebração da Páscoa concentra-se na Semana Santa, mistério da morte e ressurreição do Senhor, tendo significados distintos para vários povos. Nas comunidades da Ásia Menor comemorava-se a morte de Cristo no dia 14 de Nizan (dia de Páscoa judaica), independentemente do dia da semana em que viesse a recair. Os romanos, pelo contrário, comemoravam a ressurreição no primeiro domingo depois do dia de Nizan. Essa controvércia iniciada no século II estendeu-se até ao século IV quando o concílio de Nicea pôs termo às disputas,

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estabelecendo que a festividade pascal deveria ser celebrada no domingo seguinte à lua cheia da Primavera. Quando essa fase da lua acontecia num domingo, a festa da Páscoa passava para o domingo seguinte, de forma que a celebração cristã não coincidisse com a Páscoa judaica. No decorrer dos séculos, a Páscoa tem sido comemorada com a assimilação de vários rituais por diversos povos que adotaram como símbolos o fogo e o ovo, dentre outros conforme a criatividade do artista. O tão familiar ovo da Páscoa é na Alquimia, símbolo do Caos inicial e, ao mesmo tempo, representante do planeta Terra. Curiosamente, o nascimento do mundo a partir de um ovo é uma ideia comum aos celtas, gregos, egípcios, fenícios, tibetanos, hindus, vietnamitas, chineses, japoneses, povos siberianos e indonésios, além de muitos outros. Em muitas culturas o ovo simboliza a renovação periódica


da natureza. Nas escavações feitas em sepulturas na Rússia e na Suécia os arqueólogos encontraram Ovos de Argila, que foram interpretados como sendo emblemas da imortalidade e símbolos de ressurreição. Nos túmulos da Beócia, descobriram-se que na estátua de Dionísio havia um ovo na sua mão, significando promessa e sinal de regresso à vida. Estudos comprovam que o símbolo da Cruz só começou a ser utilizado no século IV pelo Cristianismo. A Igreja demonstrava anteriormente a sua fé com o símbolo de Peixes e de uma Pomba, representado do Espírito Santo, este mantendo-se nos dias atuais. A mais antiga representação de fé cristã é o “X” ou “PX”, primeiras letras do nome de Cristo, em grego. A Cruz foi uma imposição da Igreja até o fim do primeiro milênio para que os crentes não esquecessem a sua própria morte. As primeiras cruzes do segundo milênio mostram Cristo na posição de crucificado, com a aparência do homem ainda vivo. Mais tarde a Igreja passou a adotar a imagem do Senhor Morto ou em Agonia. Nessa época a Igreja passa a

omitir a existência tripartida: o Corpo, a Alma e o Espírito. Adota apenas dois aspectos: o Corpo e a Alma. O Corpo era controlado pela hierarquia estatal e a Alma pela hierarquia eclesiástica, do nascimento até à morte. A divulgação do ser humano possuir espírito foi proibida por decisão do concílio do século X, tal como a crença na reencarnação que já vinha desde o século VII. O medo da morte e do purgatório eram a tônica nas pregações da Igreja Católica na Idade Média. O surgimento de várias Ordens, com doutrinas secretas, conservando antigos símbolos, ensinamentos, rituais e iniciações despertaram em vários povos a curiosidade para descobrir algo mais que a Igreja jamais lhes podia dar. Nas celebrações da Semana Santa é válido lembrar que a Páscoa é a vitória de Cristo sobre a morte. Correspondente da Pará+ em Portugal

Fone: (91) 3248-5651 EDIÇÃO 50 [ABRIL] p a r a m a i s . c o m . b r

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criação é, sem dúvida, o que mais atrai os jovens para a carreira de publicidade e propaganda. A razão é que a mensagem criativa os atinge diretamente, no dia-adia, seduzindo-os para um futuro que acreditam ser promissor pela fantasia do "gênio criador" e pela expectativa de enriquecimento rápido, dois mitos que, em geral, não se comprovam. No entanto, quando os alunos entram na faculdade e começam a cursar disciplinas mais específicas, percebem que há mais oportunidades dentro das agências de propaganda e em outros locais. Há também campo de trabalho em departamentos de marketing e de comunicação das empresas anunciantes, nos veículos de comunicação e em empresas fornecedoras de serviços especializados, como produtoras de vídeo, editoras e gráficas. No passado, de cada dez jovens que eram recrutados para trabalhar na agência, dez queriam ir para a criação. Hoje, isso mudou, eles percebem que os demais campos de atuação são fundamentais.

Agência em rotina

Uma agência de propaganda basicamente desenvolve para seus clientes tarefas de atendimento/ planejamento, criação e mídia. Pelo atendimento/planejamento são conhecidas as necessidades de comunicação do cliente que deseja anunciar e definidas as melhores estratégias para divulgar o produto ou o serviço que ele comercializa, ensina Sandra Souza. Fundamentada nessa estratégia, a criação desenvolve os anúncios e as campanhas. A definição de em quais veículos de comunicação as mensagens devem aparecer para atingir o público-alvo é feita pela mídia. Uma agência maior pode agregar ainda

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departamentos de apoio, como os de pesquisa e produção, de promoção, de relações públicas, de assessoria de imprensa e de marketing digital. Marketing A propaganda é uma das ferramentas que o profissional de marketing usa para conquistar e manter clientes com objetivos comerciais, institucionais ou políticos. Uma maneira tradicional de descrever os conceitos de marketing é por meio dos quatro "p's", que são produto, preço, praça (ou ponto de distribuição) e promoção - onde incluem-se a propaganda e a comunicação em geral. "O mercado de trabalho para o profissional de marketing é muito vasto. Ele pode atuar não só em agências de propaganda, mas também na área de produção de comunicação, em empresas, desenvolvendo pesquisas e prestando consultoria", afirma Emmanuel Publio Dias, diretor de Marketing da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Acima fachada e prédio da Escola Superior de, Marketing e seu diretor Emmanuel Publio Dias

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Publicidade em expansão O mercado publicitário brasileiro cresceu 14,7% em 2005, movimentando R$ 21,9 bilhões, segundo estudo anual realizado pelo Projeto Inter-Meios. Os números: -23,1% foi o aumento da receita da TV paga -21,2% foi o crescimento das verbas para revistas -16,3% foi a expansão no segmento de jornais -15,4% cresceu a receita da TV aberta



Portal da Amazônia traz desenvolvimento para a Estrada Nova

Reurbanização e saneamento da Bacia da Estrada Nova e a construção da orla de Belém em toda extensão da Avenida Bernardo Sayão.

O Portal da

Amazônia A

prefeitura pretende fazer com que Belém desponte definitivamente para o turismo com objetivo de gerar emprego e renda, aliado às outras obras que abriram algumas janelas para rio, como a Estação das Docas, as Onze Janelas e o Mangal das Garças. A primeira etapa do projeto, que vai do Mangal das Garças até as imediações da avenida Fernando Guilhon (antiga Conceição), no bairro do Jurunas, deverá ser iniciada ainda este semestre. Sem necessidade de desapropriações, no primeiro trecho, com 2,4 quilômetros de extensão, serão utilizadas as mais avançadas técnicas de engenharia, como o aterro hidráulico, a exemplo de obras realizadas em Copacabana e no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. O projeto, orçado em mais de R$ 125 milhões, prevê a construção de uma plataforma com largura de 70 metros e duas pistas, com três faixas em cada sentido. Terá ainda área de passeio, estacionamento em ambas as pistas, canteiro central e ciclovia. Parte do espaço deverá ser reservado para área de lazer, incluindo quadras de esporte, áreas com equipamentos de ginástica, restaurantes e quiosques, nos moldes das orlas construídas nos grandes centros, como Recife e Rio de Janeiro. Na segunda etapa, o projeto prevê a abertura da orla até a Universidade Federal do Pará. Mas, dependerá das negociações com os proprietários de imóveis, que já iniciaram. Todas as desapropriações acontecerão em acordo entre a Prefeitura de Belém e os donos dos imóveis.

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Reuniões Técnicas Uma comitiva do BID participou da primeira reunião de trabalho sobre o Portal da Amazônia. O encontro foi realizado na Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) e contou com a presença do secretário de Urbanismo, Luiz Otávio Mota Pereira, secretário de Planejamento, Edílson Pereira, secretário de Finanças, Walber Ferreira, secretário de Saneamento, Natanael Cunha, secretária de Meio Ambiente, Sylvia Santos, e assessora de Projetos Especiais da PMB, Rosa Cunha, além de técnicos das secretarias. Durante todo o ano passado, a prefeitura buscou as parcerias para financiar a obra e já conta com apoio do Governo do Estado e governo Federal, por meio do Ministério do Turismo e das Cidades. Algumas empresas também sinalizaram com apoio financeiro para viabilizar a obra. A negociação com o Banco Interamericano será fundamental para o andamento da obra. “É um projeto desenvolvido de forma adequada para tratar do problema de drenagem na área. Além disso, o projeto está inserido em um contexto maior de urbanística. Estamos conhecendo o projeto, mas já nos parece bem interessante. Iremos visitar a área para que possamos visualizar e fazer as recomendações que irão orientar os estudos e a elaboração do projeto básico”, explica o economista de Saneamento do BID, Hugo de Oliveira. O projeto Portal da Amazônia vai dar uma nova cara à cidade ao abrir todas as janelas para o rio, construindo


uma orla com mais de 6 km de extensão. Cerca de 250 mil pessoas serão beneficiadas diretamente com o projeto. A obra será de fundamental importância para o desenvolvimento do turismo em Belém, gerando s

emprego e renda, além de trazer, com a urbanização da área, melhoras no saneamento e elevar a auto-estima da população. Para a execução do projeto, já estão disponíveis recursos federais e municipais, sendo que o Estado também sinalizou de forma positiva. Com licitação concluída para a execução da obra, vencida pela empresa Andrade & Gutierrez, os serviços devem iniciar em 90 dias. Segundo o secretário de Urbanismo, a área da Estrada Nova precisa de cuidados especiais e integrados para que ela seja devolvida à população recuperada. “Estamos desperdiçando uma das áreas mais bonitas da cidade, que está de costas para o rio. Além disso, é preciso fazer um trabalho grande porque a área está degradada ambientalmente, economicamente e socialmente. Nosso objetivo não é apenas fazer uma obra, mas melhorar a qualidade de vida da população. Por este motivo, estão sendo desenvolvidos projetos sociais e de saneamento”. Belém é uma cidade das águas, toda entrecortada por igarapés, que, hoje, devido ao desenvolvimento do sistema de drenagem, transformaram-se em canais. Ao todo, a cidade possui 14 bacias de drenagem urbana. A bacia da Estrada Nova corresponde a 16% da área urbana de Belém, sendo contígua à Bacia do Una e à bacia do Tucunduba.

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Moradores aprovam o projeto da Prefeitura de Belém

macro já devia ter acontecido há muito tempo.” Da mesma opinião comunga seu Raimundo Matos dos Santos, morador da passagem Marcílio Dias, nº 26: “Moro aqui desde que nasci, há 60 anos. Desde esse Os moradores da Avenida Bernardo Sayão e ruas tempo que ouço falar nessa tal de macro. Espero que adjacentes esperam com ansiedade a execução do agora ela realmente saía do papel. Nós precisamos ter Projeto de Macrodrenagem da Estrada Nova. Por isso uma vida mais tranqüila. Tomara que a prefeitura receberam com alegria a informação de que amanhã comece logo as obras”. (28) será dado mais um passo importante à Seu Paulo Monteiro Damasceno também mora à beira concretização do projeto: o prefeito do canal desde que nasceu, há 42 Duciomar Costa vai autorizar a anos. Na casa nº 223, da Avenida abertura de licitação para a Bernardo Sayão, ele mantém um execução da obra. Afinal, para eles, pequeno comércio. Seu Paulo que enfrentam, há muitos anos no estima que o projeto de seu dia-a-dia, as mais diversas macrodrenagem traga vantagens a dificuldades por causa da todos os seus vizinhos, que assim localização de suas casas - à beira de como ele, enfrentam “o perigo de um canal a céu aberto e muito morar numa área de estiva, que é próximas do rio Guamá -, o projeto mal iluminada, alagada e é sinônimo de mudança de vida em insalubre.” vários aspectos: segurança, saúde, Esses quatro moradores estão no saneamento e economia, entre trecho que faz parte da primeira outros. etapa da obra, que vai do Mangal “A gente quer que comece logo. O das Garças até a Avenida Fernando mais rápido possível. Porque Guilhon, no Jurunas, com 2,4 ninguém merece morar com uma quilômetros de extensão. Ao todo, o vala dessa aberta exalando malprojeto vai beneficiar, diretamente, cheiro o tempo todo”, desabafa a 250 mil pessoas - de seis bairros estudante Cristina Marques, que que vivem em áreas com péssimas mora na casa nº 289, na Bernarado condições de saneamento. A O Prefeito Duciomar Costa já assinou a autorização de Sayão, com seus pais e dois irmãos. licitação para o Projeto Básico Avançado da mcrodrenagem da Estrada, que faz A expectativa da dona de casa Macrodrenagem da Bacia da Estrada Nova, parte do Portal da Amazônia, vai do Deuzélia Gemaque - que reside na que contará com apoio do BID. Mangal das Garças, na Cidade casa 230, da Rua Cesário Alvim, com seu marido e dois Velha até a Universidade Federal do Pará, no Guamá. filhos - é de que o projeto de macrodrenagem traga uma profunda mudança na vida de todos que moram naquela área. “Ouvi falar que a nossa vida vai melhorar em tudo. Porque além de valorizar nossas casas, vamos ter serviço de saúde pública e maior segurança. Aqui como está atualmente - é muito perigoso. Por isso, essa

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O FESTIVAL DA

Pororoca Fotos: Alcemir Jr

“Pororoca: Um Fenômeno da Natureza, Instrumento de Desenvolvimento Sócio Cultural de São Domingos do Capim”

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ão Domingos do Capim localiza-se ao nordeste do Estado do Pará. O nome primitivo do referido município foi São Domingos da Boa Vista. Sua origem vem dos tempos coloniais e é devida às primeiras incursões portuguesas nos rios Guajará, Guamá e Capim. Em 1758, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão de Sebastião José de Carvalho, “Marquês de Pombal”, em cumprimento à lei de 06 de julho de 1755, erigiu o pequeno povoado, então existente, em freguesia, sob o orago de São Domingos da Boa Vista, com o qual entrou para a independência. Como freguesia passou todo o

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período monárquico e por decreto legislativo nº 236, de 09 de dezembro de 1890, o governo provisório do Estado do Pará elevou a categoria de Vila a sede da antiga freguesia, com a mesma denominação, e pelo decreto nº 237 da mesma data, constitui o respectivo território em município. Em face do Decreto Estadual nº 720 de 19 de agosto de 1932, o município passou a se chamar São Domingos do Capim. E pelo Decreto-lei nº 4505, de 30 de dezembro de 1943, que estabeleceu a divisão territorial do Estado, o município recebeu o topônimo de “Capim”, uma palavra indígena que significa mato pequeno.


Ainda em face deste mesmo decreto-lei, o município perdeu os distritos de Guajará-Açu e Bujaru, para o novo município com o último nome. O Município está localizado na parte leste do Estado do Pará, na Mesorregião do Nordeste Paraense, na microrregião do Guamá e com as seguintes coordenadas geográfica: 01º 40' 45” de Latitude Sul e 47º 46' 17” de Longitude Oeste de Grenwich, com altitude de 20 metros. Limitase ao Norte com os municípios de São Miguel do Guamá; à Leste com Irituia e Mãe do Rio; à Sul com Aurora do Pará e a Oeste com Concórdia do Pará e Bujarú. De acordo com fontes do IBGE/2000 a população residente é de 27.405 habitantes, sendo 5.877 na Zona Urbana e 21.528 na Zona Rural, (Homem: 14.378 Hab. - Mulher: 13.027 Hab). A área da Unidade Territorial é de 1.684 Km2, portanto, a Densidade Demográfica é igual a 16,27 Hab/km2. Tendo o município de São Domingos do Capim cerca

de 78,51 % de sua população residente na zona rural, pode-se inferir que o município é essencialmente rural e agropecuário. A economia primaria do município vem de uma agricultura protagonista do atual modelo de desenvolvimento, baseado no cultivo da mandioca. A principal produção de geração de renda é a farinha de mandioca, não se esquecendo, também, o açaí, a pecuária, a manufatura de mobiliários e cerâmica (tijolos e telhas). Outra atividade emergente é o eco-turismo ou turismo alternativo, visto que o município apresenta “riquezas inexploradas” ou pouco exploradas, no caso: os rios, igarapés, trilhas, ilhas dentre outras. Nota-se que o produto que mais se destaca é a mandioca cuja produção do ano de 1995, ano de maior produção, sendo que o principal produto é a farinha.

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Artistas regionais como o Arraial do Pavulagem, fizeram a galera agitar

A população atenta, observa a passagem da pororoca

município.” (MORBACH, 1999) O fenômeno Pororoca ocorre com freqüência de 02 vezes ao dia espaçado em 12 horas. Neste ano (2006) surpreendeu... Ocorreu nos meses de Janeiro, Fevereiro, Março, sempre na Lua Nova e o correrá, também, em Abril provavelmente nos dias 28, 29 e 30. Para quem não visitou a cidade no período do VI Festival da Pororoca poderá apreciar o fenômeno no final de abril.

A Lenda da Pororoca

A Pororoca... “Uma das idéias mais difundidas sobre o espetáculo da pororoca, poroc-poroc, na língua Tupi, é de que se trata do encontro das águas do Rio Amazonas com as do Oceano Atlântico e, também, é decidida por um fenômeno chamado marés de sizígia, conhecida na região como marés vivas. Elas acontecem nos três dias que antecedem ou seguem a lua nova ou cheia. Nesses dias a atração combinada entre Sol, Lua e Terra está no ápice e o nível das águas crescementre 3,5 e 4,0 metros podendo chegar a até 4,5. Outra condição essencial é o volume das águas. É preciso lembrar que as ondas não têm data marcada para acontecer. Nos meses de março e abril, as possibilidades aumentam por causa do volume das águas no estuário do Amazonas, no Marajó e nas bacias do Capim e Guamá. Nesse período, a entrada do oceano nos rios da Amazônia também é mais intensa. O grande volume de águas, somado às marés de sizígia, tem como resultado esse fenômeno raro no planeta. São Domingos do Capim é um dos pontos privilegiados para a apreciação do fenômeno Pororoca, por distar apenas 130 Km da Capital do Estado, Belém, ou seja, de fácil acesso e contribuindo para o desenvolvimento do potencial turístico do

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Há muitos e muitos anos nas margens do Rio Capim, existia uma grande tribo dos índios Tambés, nessa tribo vivia um cacique muito forte e valente chamado “Pirajauara”, que também era pescador. Ele tinha uma filha muito bonita cujo nome era “Flor da Noite”, de cabelos lisos e muito longos. Essa filha assim como o pai, gostava de estar às margens do rio, nas praias. Todos os dias quando o sol se punha ela ficava observando. Certa vez em uma noite de lua cheia a indiazinha adormeceu na praia, e foi acordada com um barulho que vinha do rio, e de repente viu uma pessoa toda vestida de branco com


chapéu de palha na cabeça, saindo das águas. No primeiro instante ela teve medo, mas o belo rapaz, aproximou-se e disse: "Não tenha medo, não vou lhe fazer mal" e assim eles passaram a conversar. Esse encontro aconteceu por diversas vezes, sempre em noite de lua cheia; ele saia das águas e os dois ficavam conversando e assim passaram a namorar. Ela então ficou grávida. Muitas luas se passaram, e finalmente “Flor da Noite” deu a luz, porém, para surpresa de todos, em vez de três crianças, nasceram três botinhos. Ela ficou muito assustada, pois, não podia criá-los. Então, embora muito triste a mãe resolveu soltá-los nas águas para que não morressem. E com o passar dos anos, ao sentirem saudades de sua mãe, os três botinhos unem-se à procura dela, e vem saltando sobre as águas, fazendo uma grande onda que se estende até as margens do rio, derrubando árvores e virando embarcações, surgindo assim "A LENDA DA POROROCA", dos três botinhos que são chamados de três pretinhos da pororoca, lenda esta que é transmitida de geração em geração, alcançando assim, grandes proporções e hoje vem sendo conhecida no cenário nacional e internacional através do Campeonato de Surf e o Festival da Pororoca que acontece todos os anos em nossa cidade.

O Festival da Pororoca Um município considerado pobre, pelas características como vive seu povo. Agricultura de subsistência, muito êxodo, Cidade crescendo sem um planejamento, poucos recursos financeiros. Orçamento da Prefeitura é baixo, mais é a empresa que mais emprega e que mais circula dinheiro. Outras categorias são com certeza os pensionistas e aposentados e o funcionalismo público estadual. Além da agricultura de subsistência, o agroextrativismo, principalmente do açaí e a pesca artesanal, são importantes meios de geração de vida e subsistência para a maioria da população. Entretanto é preciso descobrir o potencial e planejar as oportunidades para esta realidade. O fenômeno da Abaixo, as concorrentes do concurso “Garota Pororoca” e a direita a grande vencedora

O prefeito Francisco Feitosa com seu vice exibindo o seu Diploma

POROROCA é com certeza um produto a ser explorado de forma racional e sustentável, gerando emprego, trabalho, renda e desenvolvimento local. O FESTIVAL DA POROROCA - “POROROCA: UM FENÔMENO DA NATUREZA, INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO CULTURAL DE SÃO DOMINGOS DO CAPIM”, demonstrou o potencial que o investimento no turismo rural alternativo ou eco-turismo, combinado com ações como o campeonato de surf na pororoca e esportes radicais, podem significar para alavancar o desenvolvimento local sustentável. A avaliação feita pela Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte indicaram que tivemos falhas, de infra-estrutura de estradas, de hospedagem, de atendimento para alimentação, de recepção aos turistas, de controle de veículos e do transporte na balsa. Mas, as expectativas superaram o planejamento feito. A presença de uma quantidade muito grande de repórteres de revistas e TV superaram o número previsto. A divulgação feita atraiu a presença superior em 50 % do público previsto. Em resumo, compreendemos que o caminho é este, transformar este fenômeno em instrumento de desenvolvimento. Assim, queremos demonstrar que os investimentos na agricultura familiar e no turismo, transformando o fenômeno pororoca em produto de desenvolvimento são os caminhos econômicos e culturais para incluir são Domingos do Capim na rota do turismo Estadual e como importante polo de desenvolvimento dessa microrregião. EDIÇÃO 50 [ABRIL] p a r a m a i s . c o m . b r

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Projeto

Olhos D’água por Miguel Chikaoka

A N T E C E D E N T E S

C

onvidado pelo Conséil Général du Départament du Val-de-Marne, França, a expor seus trabalhos no Festival de l'OH! 2005 (o Festival foi criado em 2001 pelo Departamento de Val-de-Marne com a finalidade de reunir pensamentos, ambições e ações em prol de uma n o v a c u l t u r a d a á g u a - w w w. f e s t i v a l oh.org/concept/origines.htmlfestival) o fotógrafoeducador Miguel Chikaoka tomou como fonte de inspiração o fenômeno do olho d'água, muito comum na paisagem amazônica e resolveu produzir uma ação cultural e educativa, com foco no tema da água, numa comunidade no interior do estado do Pará. Levada a efeito na ilha de Colares, a 130 km de Belém, a ação partiu de um estudo preliminar baseado na geografia das nascentes da água da região, apoio logístico local, custos de produção e possibilidade de envolvimento de habitantes do lugar. A escolha dos participantes, em torno de 15 jovens e crianças nativas da ilha de Colares, se deu com a ajuda de educadores que já trabalhavam com essa comunidade. A estes juntaram-se alguns fotógrafos e arte-educadores convidados a compartilhar a experiência explorando as

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possibilidades expressivas dos materiais e dos saberes do lugar. As dinâmicas e oficinas - desenho, pintura, pincel de luz, câmera obscura e fotografia com câmeras artesanais - foram realizadas entre 14 e 17 de abril de 2005, culminando com um momento de culto a um olho d'água no sitio “Estrela d'água”, a 6 kilometros da sede do Município de Colares. Desse percurso resultaram desenhos, pinturas, câmeras obscuras, fotografias pinhole, ideogramas e depoimentos inspirados no “Olhos d'água”, que desdobraram-se em produtos como cartões postais e camisetas. Em maio de 2005, uma seleção desses trabalhos e um vídeo documentário sobre essa experiência, de Patrícia Costa, foram então instalados e apresentados durante o Festival de l'OH!, em Ivry-sur-Seine, às margens do rio Sena, onde também foi ministrada a mini-oficina “Petits essais avec la lumière”, aproximando o público de situações semelhantes àquelas produzidas em Colares. Finalmente, no dia 9 de setembro de 2005, uma edição completa dos Olhos d'água voltou a Colares, instalando-se na praça central da cidade, com fotovaral, projeção do vídeo documentário e apresentação do grupo de Carimbó e de Boi Mirim de Colares, com a presença de um número expressivo de


habitantes da ilha. A repercussão positiva dessa experiência foi registrada no envolvimento dos jovens participantes ao longo de todo o processo, na expressividade dos materiais

produzidos, na elevação da auto-estima e no engajamento em relação ao tema abordado. Em março de 2006, uma mostra desse trabalho será apresentado em Belém, no Instituto de Artes do Pará, momento que servirá também para constituir um Núcleo de trabalho para discutir e elaborar um programa-guia o Projeto Olhos d'Água.

O P R O J E T O

O projeto “Olhos d'água” visa mobilizar pessoas, instituições e organizações, de perfis e origens diversas

para uma prática solidária de construção e gestão de conhecimentos com foco na questão da água e encorajar o exercício de uma responsabilidade cidadã face ao uso e o destino desse elemento vital para a vida no planeta. Na região amazônica, a partida do projeto se dará no lugar do “olho d'água” (sítio onde a água brota da terra), nascente de centenas de rios que formam a maior bacia hidrográfica do planeta. Através do exercício de re-conhecimento solidário desse lugar, promover o encontro de caminhos da arte, da ciência e da espiritualidade visando produzir conhecimentos e ações em prol da preservação desse patrimônio natural. Expandida na extensão territorial da bacia amazônica, a multiplicação desse exercício projeta-se na criação de núcleos de monitoramento e gestão de recursos dos lugares e de seus entornos, constituídos por pessoas e organizações locais, aliadas a cidadãos e organizações comprometidas com a questão. Um desdobramento natural, face à atualidade e universalidade do tema, seria a criação de uma “rede de olhos d'água”, com esses núcleos conectados através das novas tecnologias de informação e comunicação, meio rápido e eficaz para fazer fluir o intercâmbio e as cooperações locais e internacionais. O inventário de saberes tradicionais, somado ao conhecimento e produtos gerados por cada um dos núcleos agrega valores de identidade que, tratados, divulgados e distribuídos com a ajuda da internet , podem ser alinhados no sentido de gerar um contrafluxo na circulação da informação e promover a preservação e auto-sustentabilidade dos “olhos d'água”. Nota: A logomarca deste projeto foi criado com base nos desenhos de “Olhos d'água” produzidos com a técnica do pincel de luz, pelos jovens moradores da ilha de Colares. o autro é Coordenador Projeto Olhos d'Água

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T ecnologia +

OÚnca portunidade

por Danilo Sili Borges

E

m breve o Brasil deverá estar operacionalizando seu sistema de televisão digital. A partir de 2003 estão sendo realizados estudos para criação no país do SBTVD (Sistema Brasileiro de Televisão Digital), amparado em um decreto presidencial, de então. Os prazos para apresentação de estudos e relatórios já se esgotaram e estamos, no momento, jogando a prorrogação. Diferentemente do que muitos possam pensar a televisão digital é muito mais que a melhoria das TVs analógicas atuais. Os poderosos recursos de interatividade que lhe são inerentes permitem que grosseiramente a conceituemos como um charmoso filhote, cruzamento fértil, da TV com o computador, com as características dos DNAs de ambos, potencializadas e com grande capacidade de melhorar a vida de largos contingentes da população.

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A inclusão digital é o principal produto que essa nova tecnologia pode trazer, isso quer dizer que pessoas que hoje não tem acesso aos equipamentos digitais, como os computadores, por exemplo, poderão tê-lo através da TVD. Espera-se assim promover a inclusão social (educação, cultura, informações sobre assuntos diversos, cidadania, enfim.) e também a inclusão econômica através da redução do fosso de informações e conhecimentos que separa os que têm dos que não têm acesso à contemporânea cultura digital. A idéia inicial era a criação de tecnologia própria e adaptada às nossas condições físicas, sociais e econômicas para que tivéssemos vantagens em relação às tecnologias existentes, a americana, a japonesa e a européia. O Brasil pelas suas dimensões e população é um dos poucos países em que se justifica a criação de um sistema próprio, ao invés de adquiri-lo no mercado internacional, afinal temos quase 60 milhões de aparelhos de TV. É isso, por exemplo, o que a China


está fazendo. Muitas vantagens podem advir do desenvolvimento tecnológico, como hoje todos sabemos. É o domínio do conhecimento e dos processos produtivos tecnologicamente avançados que dão poder a uma sociedade. Ativar grupos de pesquisa nas nossas universidades e nos nossos centros de investigação, dando-lhes um motivo para se exercitarem e se integrarem seria um outro produto importante que a TVD poderia dar ao Brasil. Pesquisa, como qualquer outra atividade humana, precisa de ser exercida para alcançar excelência. Os pesquisadores nacionais até receberam incentivos governamentais para essa finalidade com recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funtel), recursos parcos, é verdade, mas tudo indica que os trabalhos por eles desenvolvidos não estão em consideração. Pelo que se tem podido observar pelo noticiário, parece que vamos mesmo comprar (pagando royalties) um dos sistemas existentes. Seus representantes, japoneses, americanos e europeus, têm circulado com agilidade nos mais importantes gabinetes de Brasília procurando mostrar as vantagens comerciais e técnicas de seus produtos. Visam também ao mercado sul-americano, que pode ser atingido mais facilmente através do nosso

país. O negócio da TVD, num período de 15 anos - tempo que se projeta para que todo o sistema esteja implantado representa um mercado de centenas de bilhões de dólares só no Brasil. É briga de cachorro grande. Ao lado dos interesses econômicos imediatos, os componentes do mundo desenvolvido procuram de todas as formas, estrategicamente, evitar que países emergentes saiam da dependência tecnológica, esse importante pilar do neocolonialismo, que se transveste, para consumo das massas, em globalização. Os interesses envolvidos são imensos. Os fabricantes de equipamentos - aparelhos de TV, caixas conversoras para as atuais TVs analógicas receberem sinal digital e outras trapizongas - multinacionais, em geral, estão assanhadíssimos com freqüentes pronunciamentos na impressa, querendo inclusive restrições de mercado para a fabricação e comercialização dos mencionados conversores, primeiro grande mercado que vai surgir. As emissoras de TV trabalham na sombra dos gabinetes colocando suas preferências por esse ou aquele sistema. O governo pretende fazer as transmissões pioneiras ainda este ano. Ano eleitoral, aliás. Todos esses interesses são legítimos e legais e em nada impedem o que de bom a TVD pode trazer ao desenvolvimento do país, exceto a oportunidade de avançarmos no desenvolvimento tecnológico. Esperemos que as decisões por esse ou aquele sistema, por essa ou aquela política de fabricação dos equipamentos possibilitem que vejamos nas telas das TVs digitais, com toda a nitidez das imagens de alta definição, programas bem elaborados e de grande interesse, mas que aí não se incluam transmissões de uma CPI para tratar das concessões que ora estão em estudo. o autor é Engenheiro

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Cena do Filme Halloween Universal Pictures (EUA) 1981

uerida(o) Amiga(o), Quando eu era criança, Halloween não passava de um filme de terror, hoje, a festa de Halloween, invade o país e a fantasia da criançada. É engraçado ver os pais de hoje incentivar as crianças a acreditar em bruxas, duendes, saci-pererês, cucas e papai noel (SIM! O tradicional velhinho também entra nessa cumbuca!), quando deveriam incentivar as crianças a acreditar em um mundo sem guerras e maldade, um mundo onde o Progresso, a Imaginação, a Amizade, a Vitória e a Responsabilidade são possíveis. Eu troco todas essas festas a fantasia e de fantasia pela celebração do Dia da Vitória. Eu troco todas essas datas comemorativas que celebram algum feito velhaco, pela celebração do Dia da Imaginação. Eu troco todas essas datas celebrativas que eternizam profissões ultrapassadas pela celebração do Dia da Responsabilidade. O que celebrar no Dia da Vitória? A Vitória sobre si mesmo. A superação de algo que você sempre prometeu a você mesmo que ia fazer e agora fez, e não a vitória de alguém sobre alguém que você não conheceu e que fez algo que você não viu. O que celebrar no Dia da Imaginação? A Criação POR VOCÊ de algo que não existia no ano passado. Pode ser qualquer coisa, qualquer invenção, pequena ou grande, contanto que

Mediocridade

atrai Mediocridade

Talento atrai Talento.

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por Ricardo Jordão Magalhães E-Mail e Messenger: ricardom@bizrevolution.com.br

Insista em Você mesmo. Ainda existem milhões de coisas a serem descobertas por quem RESOLVEU nunca fazer algo que não faria se soubesse que tem apenas uma hora de vida.


Bill Gates, dono da Microsoft.

tenha AFETADO a vida de pelo menos uma pessoa, VOCÊ. A invenção de uma nova maneira de fazer planilha de receitas e despesas, a invenção de uma nova maneira de viver bem com a sua família e o seu trabalho, a invenção de uma nova maneira de abraçar mudanças, a invenção da sua imaginação. O que celebrar no Dia da Responsabilidade? Nesse dia, você deve refletir sobre o exemplo que VOCÊ está dando ao mundo. Porque mesmo sem querer, você é exemplo para todo mundo que te conhece. Exemplo de mediocridade ou exemplo de talento, exemplo de trabalho ou exemplo de ausência. "A prioridade máxima da vida de uma pessoa é transformar a vida das pessoas que a cercam, nem mais, nem menos." Nunca se esqueça disso, ou se ausente dessa responsabilidade. Mediocridade atrai Mediocridade! Quando todos concordam, existe mediocridade. Quando todos gostam, existe mediocridade. Quando todos estão felizes, existe mediocridade. Quando todos entendem, existe mediocridade. E mediocridade, sinto muito dizer, atrai mediocridade. Um escritório bonito, festas, viagens, dinheiro, uma ladeira infinita para escalar na carreira e promessas de crescimento atraem talentos, mas o que retém as melhores pessoas são os mais altos padrões éticos do mundo. Dinheiro não se compara a exemplos de superação de dificuldades vividos pela liderança da

Milhares de e-mails de pessoas se oferecendo para trabalhar de graça em sua empresa. Vale a pena?

empresa; festas não são páreas para exemplos de renúncias a caminhos tortos e indireitos vividos pelos revolucionários da empresa. Talento é não se vender! Não se dobrar! Não se render! O resto é mediocridade. Na história do mundo, milhares de pessoas já largaram tudo o que estavam fazendo, para viverem próximas a pessoas talentosas. Nos dias de hoje, a lista das empresas mais desejadas do mundo, mostra um pouco disso. Bill Gates recebe diariamente dezenas de emails de pessoas dizendo que trabalhariam de graça na Microsoft, apenas para estar próximo a ele; músicos, escritores, cientistas, criativos, recebem todos os dias, toneladas de pedidos de pessoas que desejam apenas estar próximas a essas pessoas, para de uma maneira ou outra, aprender o que não sabem entender o que não compreendem. O Medíocre, sempre desinteressado pelos outros e pelo

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seu próprio espírito, quando ganha a chance de fazer uma única pergunta ao Bill Gates, pergunta, "Bill, Como eu posso ser um milionário como você?"; o Talento, sempre interessado no desconhecido e em crescer de verdade, pergunta, "Bill, eu gostaria de conhecer a história dos piores momentos da sua vida, e saber como você superou esses momentos". Mediocridade ou Talento? O que você prefere? A pergunta que coloca a prova o quanto talentosos nós somos, é, "Na sua vida, você já ouviu alguém dizer a você que gostaria de trabalhar com você, de graça, sem ganhar nada, mas apenas para ficar ao seu lado, para aprender com você, viver com você, ser seu discípulo, e ver como você trabalha?".

Parece uma pergunta utópica? Não é. Definitivamente não é, e eu acredito, que você deve conhecer alguém (talvez você mesmo) que já foi questionado com uma pergunta parecida. O verdadeiro Talento quer ser Herói, não vítima; Super-Herói, não mágico. O Talento quer salvar o mundo, e não apenas colaborar com o desenho do plano de defesa. Mediocridade ou Talento? O que você prefere? Todos os dias nos olhamos no espelho e nos questionamos o quanto bonito estamos, mas quando, nos olhamos no espelho, e parando para refletir, perguntamos, "O quanto inteligente nós estamos?". Eu não conheço uma pessoa sequer que não deseja fazer a diferença no mundo. Igualmente, eu não conheço uma pessoa sequer que não esteja cansada, esgotada, e massacrada pelo dia-a-dia medíocre que são "levadas" a viver. Um dia-a-dia que separa o Trabalho da Família, a Rotina da Inovação, a Teoria da Prática, o Amor do Cliente, a Tecnologia do Ser Humano e a Ética da Vida, é um dia-a-dia DRA-MA-TI-CA-MEN-TE MEDÍOCRE. ”EU QUERO FAZER A DIFERENÇA!!!!", é isso que o seu funcionário-massacrado gostaria de te dizer

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quando sorri para você, entretanto, apenas diz, "Eu concordo", e baixa a cabeça para a sua idéiacommodity-de-sempre porque não houve "tempo" para o talento. É MUITO MEDÍOCRE reunir pessoas em uma sala e prometer a elas MUITO DINHEIRO se venderem 20% a mais do que no mês passado. É MUITO MEDÍOCRE baixar os mais altos padrões éticos do mundo ao mesmo nível dos espelhinhos que os portugueses prometeram aos índios quando invadiram a nossa Terra em troca do melhor da terra. Talento atrai Talento. Mediocridade atrai Mediocridade. O que você prefere atrair? O dia-a-dia das pessoas hoje dentro das empresas me lembra muito o Halloween, não a festa, o filme. Um verdadeiro massacre. Sangue para todo lado, cabeças rolando, e no final do filme, o único cara que tá de pé, é o cara que NÃO TEM CÉREBRO. Nesse filme, que não tem fim, INSISTA EM VOCÊ MESMO. Ainda existem milhões de coisas para serem descobertas por aqueles que vivem os mais altos padrões éticos do mundo. O que você acha de ser um desses CARAS? NADA MENOS QUE ISSO INTERESSA. QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você? Seu Amigo, Seu Irmão.



Camillo Vianna

Amaz N

O tamuatá da Fazenda Ritlândia

aquele ano, o verão era desses que chamam de brabo, nenhum invernico deu o ar de sua graça e o calor era de rachar o solo - a chamada terroada. Tudo estava esturricado e o gado começava a morrer. Um haver de peixes do mato também levava à breca empestando o ambiente. Na Fazenda Ritlândia uma das mais faladas e famosas de toda a Grande Ilha, o feitor estava na Casa Grande, buscando providências junto à branca no caso, Dona Rita Bezerra para resolver, de imediato, problema grave. A solução foi reunir a vaquejada e para isso o feitor não titubeou: tocou singelo e dobrado e de novo bimbalhou e rebimbalhou o sino que ficava na soleira da dita Casa. Sem dúvida nenhuma, a situação estava fora de controle e enormes rolos do que parecia ser fumaça encobriam boa lapa do céu. A partir da porteira do rancho, tomavam o rumo de uma ponta de mato. O desastre poderia ser daqueles sem tamanho, se o fogaréu se espalhasse por toda a fazenda. Na ponteira da cavalhada, o feitor dirigiu o pessoal para o que parecia ser o miolo do fogame. Os vaqueiros montavam os ágeis e vigorosos cavalos raça puruca, sem igual para os serviços de campo, tidos e havidos como os melhores entre todos os outros, símbolo da própria ilha dos aruans e do aruaques. No local, surpresa e decepção. Não se tratava coisíssima nenhuma de queimação, nem sequer uma fagulha existia. Barulho estranho, como se fosse de motor fluvial cabeça quente, desses que começam a ser substituídos pelos cabeças brancas da Yamaha levou-os a identificar, bem no olho do poeiral, um baita tamuatá, desses bem parrudos. A partir daí, foi fácil desemboletar o que parecia ser problema grave, ficando tudo muito claro. O pai d'égua do peixe cascudo era morador de poção situado a bem umas quantas léguas da Casa Grande e com o secume generalizado, levantou acampamento, como se diz por aqui, e caiu no mundo, à procura de novas terras, ou melhor, de novas águas, já vasqueiras em toda a gigantesca ilha flúvio-oceânica, provocando o poeirame, na tentativa de salvar a espécie, para reprodução no tempo das

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águas grandes. Uma coisa é certa, a Grande Ilha que já foi chamada “O Ovo na Boca da Cobra”, sendo esta, no caso, o grande e mais comprido rio do planeta, muito embora o Rio Pará dê uma encostadazinha na ilhona Mabarayo, não escapará ao estigma que está ocorrendo em toda a Amazônia brasileira e alcançando alguns países vizinhos: a queimada, que a partir da Integração da região, vem se caracterizando como fogueira sem igual em toda a história do homem, mostrando-se incontrolável, apesar de informações conflituosas das autoridades brasílicas, tentando esconder o sol com a peneira. Na verdade o Astro Rei fica bem escondido com a fumaceira originada na incineração da floresta, quando até aviões de carreira, por motivo de segurança, são impedidos de alçar vôo ou aterrizar, como vem ocorrendo com razoável freqüência. E têm mais, transportes terrestres e marítimos ficam aguardando a situação melhorar, ou seja, que a fumaça que os impede de seguir em frente se desvaneça até topar com outra, mais em frente. Os antigos ilhéus jamais poderiam imaginar que a formidável ilha flúvio-oceânica pudesse ser queimada, deixando difícil legado para o futuro imediato. Com certeza, gostariam muito mais de enfrentar a falsa fumaceira provocada pelo tamuatá, do que a verdadeira, que acabará com seus sonhos e esperanças de uma vida melhor. Tipo real de fogo é o que está embutid


nia Kinosternum carajaensis

o no juízo de alguns fazendeiros marajoaras, resultante da queima anual do algodão brabo que cobre grandes extensões para formação de pastagens. Em algumas oportunidades, o fumaceiro pode ser visto de Belém. Outro cerimonial pirotécnico é a pega de pequeno quelônio, o muçuã, quando se usa o fogo para facilitar a apanhação daquele que se transformará em prato de primeira qualidade em restaurantes de Belém, mesmo sendo proibido seu consumo. Para despistar, donos de restaurantes usam cem números de artifícios, dando-lhes apelidos, os mais diversificados, às vezes passando gato por lebre. Pe s q u i s a d o r d o Museu Emílio Goeldi identificou nova espécie de muçuã na Serra dos Carajás Kinosternum carajaensis - o que poderá dar nção da espécie.

Rio Purus

pequena esperança para a não extinção da espécie. Como se fosse o fim do mundo, a mídia destambocou em todos os meios de comunicação possíveis, a secura que ocorreu, recentemente, no Amazonas e em alguns afluentes e que, apesar de cíclica, fez alvoroço em todo o planeta. Exemplo bastante significativo foi dado pelo mestre Euclydes da Cunha quando fez parte da Comissão Brasil/Peru, para demarcar área de conflito no Rio Purus em 1906, no início do século passado. Diz Euclydes: o rio estava tomado por terrível vazante, o que obrigou brasileiros e peruanos a seguirem a pé até o lugar questionado. A oportunidade é excelente para que o autor homenageie, pela lembrança, velho contador de histórias marajoaras, que inclui a do tamuatá. Seu Sandar ou tio Sanda, como era mais conhecido, sabia como ninguém, as lendas, mitos e décimas da sua querida Ilha. Como já foi dito, seja o que Deus quiser e louvado seja seu Santo Nome.

Tamuatás

*SOPREN

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helio.titan@ig.com.br

Hélio Titan

Fósseis do Cretáceo da Amazônia

O

s caros leitores de PARÀ+, com certeza devem ter conhecimento de uma grande variedade de animais primitivos, principalmente do Período Cretáceo de nosso planeta, era evolutiva onde predominaram os grandes répteis, como os dinossauros cujo comprimento chegaram a alcançar em seu apogeu evolutivo a dimensões de até 22 metros de comprimento, por cinco a sete metros de altura, como por exemplo, o Brontossauro, o Estegossauro etc. Os Arcossauros, semelhantes aos modernos crocodilos já eram habitantes da primitiva região amazônica, sendo encontrados vestígios da existência de seus sucessores, os “Euparkerias” que viviam nos rios primitivos do período Cretáceo. Para nossos leitores terem uma idéia, a era mencionada durou cerca de 160 milhões de anos, onde o répteis gigantescos reinaram absolutos na terra. Ainda na região amazônica, os chamados crustáceos decápodes, viveram há cerca de 65 milhões de anos em plena era Cenozóica, sendo que estudos realizados em fósseis dessa espécie eram dotados de uma anatomia pouco diferente da atual, não havendo, portanto uma evolução significativa no aspecto, de acordo com os estudos de Vladimir Távora, coordenador da equipe de Paleontologia da UFPA. O estudo dos fosseis de artrópodes (siris e caranguejos) no litoral do nordeste paraense, além de outros organismos, como “bivalvios” e “gastópodes” abriu novos caminhos para a investigação das formas de vida na Amazônia primitiva. Segundo os pesquisadores, as formas de vida encontradas na região de Pirabas, eram extremamente parecidas às encontradas nos EEUU, América Central e Caribe. Ainda segundo Távora, essas espécies viveram entre 24 a 05 milhões de anos, ocasião em que existia uma única região paleográfica nessa área caribenha. Os pesquisadores enfrentaram durante muito tempo o mistério da

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Brontossauro

Estegossauro

descoberta de uma mutação que diferenciou grandemente a fauna e também a flora da região amazônica, até a descoberta do motivo principal, atravez de uma transformação geológica na região: O rio Amazonas inverteu o sentido de sua corrente principal, passando a fluir de Oeste para Leste. Essa grande mudança no curso do grande rio está ligada ao aparecimento da grande Cordilheira dos Andes! A imensa massa de agua doce, que na época era superior a atual, promoveu atravez de alterações químicas da agua (alteração da salinidade), uma transformação morfológica na flora e fauna da


Os mangues, assim como os igapós e lagunas, é onde se encontra 30% dos fósseis

Cena do período cretáceo

Escultura representativa do ancestral do crocodilo (Arcossauros)

Amazônia primitiva. É de se supor, portanto que a fauna que existia antes da formação do rio Amazonas, começou a evoluir de forma diferente. È importante frizar aos leitores de PARÀ+, que as formas de vida encontradas em estado de fósseis, cerca de 30% ainda vivem nos mangues, igapós e lagunas do estado do Pará. Os pesquisadores da Universidade Federal do Pará descobriram outra característica em suas pesquisas: Foram encontrados espécimes aqui na Amazônia, que viviam também, e ainda vivem nas regiões sudeste e sul do Brasil. Isso sugere que houve uma mistura de duas faunas no então

chamado “mar de Pirabas”, que existia antes do Amazonas. Para compreender melhor como se comportava a fauna, principalmente de crustáceos há milhões de anos na região da Amazônia, os pesquisadores começaram a estudar os fósseis do nordeste brasileiro, mais precisamente a “Formação Maria Farinha”, em Pernambuco, mais antiga que a Pirabas. Para os nossos leitores de PARÀ+ terem uma idéia, as rochas de Pernambuco são do Período Paleoceno, cerca de 66 milhões de anos, inclusive quero ressaltar que essa característica paleontológica foi motivo de um artigo de minha autoria, em um veiculo jornalístico de Belém. Os pesquisadores descobriram atravez dos fosseis, que a fauna mais ao sul do nordeste era mais primitiva que a existente no Pará. Outra descoberta é que a fauna, principalmente de crustáceos, são morfologicamente parecidas às encontradas ao longo da costa brasileira, até Argentina e Uruguai. Para terminar, vale salientar que a riqueza e a enorme variedade faunistica da Formação Pirabas, é assunto para estudos profundos na área cientifica da Paleontologia do estado do Pará, e na generalidade, nos fornece pistas para o estudo das transformações geológicas, climáticas, tectônicas e evolução da biodiversidade da grande planície amazônica através de milhões de anos desde o período Cretáceo, até a era atual. *Médico Escritor Cosmólogo

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E-mail: serpan@amazon.com.br

Sérgio Pandolfo

Paradoxos Atuais da

MEDICINA V

êm-se avolumando, indubita- “A cura é anônima. níssima e revolucionária técnica de cirurgia vivelmente, as ações e demandas contra os médicos - e também A morte é notícia”. d e o e n d o s c ó p i c a . E o s médicos, que tornaram contra entidades que prestam Júlio Sanderson de Queiroz, cirurgião emérito e Professor de Medicina. exeqüível e desenvolveram assistência médica - nos últimos anos. essas maravilhas, por que não são igualmente Por que vem ocorrendo isso? exalçados, mas, ao contrário, são cada vez mais Inúmeras são as causas que têm sido apontadas para justificar essa esquecidos, ignorados, contestados, hostilizados ocorrência, que é, ressalte-se, de observação mundial e reflete até? aparente paradoxo: enquanto a Medicina desenvolveu-se, evoluiu, Não fora a Medicina ciência enigmática e expandiu-se de maneira quase estonteante, a possibilitar a multifacetada, que os esforços e a dedicação de concretização de feitos assim diagnósticos como terapêuticos que seus fiéis batalhadores vêm aclarando de pouco há algum tempo não poderiam ser sequer cogitados ou constituíam em pouco, ao longo dos séculos, cremos seria mais pouco mais que uma quimera, quase um milagre, a imagem do fácil elucidar tal aparente contraditoriedade. médico, outrora próxima do divino, se foi deteriorando Entretanto, podemos apontar, sem receio de gradativamente até chegar aos dias atuais em que, quando muito, é incorrer em impropriedade ou imprecisão, como ele considerado mero profissional da saúde ou, como da especial causa primária, essencial, a queda do prestígio e preferência de alguns segmentos ideológicos, “trabalhador da da credibilidade profissional do saúde”. médico, para o que contribuíram, De fato, feitos realmente dentre outros, os seguintes notáveis da medicina fatores:1) a banalização de coisas contemporânea não nos outrora notáveis ; 2) a fácil e farta permitem possa ser ela disponibilidade do profissional; 3) a sequer cotejada com a da desmistificação da ciência e da época do obscurantismo préatuação médica; 4) a elevação do pasteuriano, para não nível de conhecimentos da retrocedermos demasiado. população e a ampliação de seus Só para pôr exemplos, hão de direitos de cidadania; 5) a ser realçados: a vacina inquestionável deterioração da antipólio; a antibiotiformação médico-profissional. coterapia; as refinadas Os dois primeiros fatores, por técnicas de terapia transobviedade, dispensam maiores fusional; as próteses; a micro-cirurgia; os transHipócrates, “O Pai da Medicina”, assim considerado por aplicar, pioneiramente,os plantes de órgãos e, mais conhecimentos científicos e do corpo humano visando o controle e à cura de doenças. É o autor do Juramento, repetido pelos médicos na formatura, primeiro código de proximamente, a moderética profissional. Nasceu na Ilha grega de Cós, circa 460 a.c

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Ambroise Paré, o “Pai da da Cirurgia Moderna”, maior cirurgião da Renascença, aboliu a prática atroz da cauterização das feridas. Costumava dizer: “Eu tratei Deus curou”

explicações. Depois que a vacina de Jenner praticamente erradicou do mundo a varíola, esta deixou de ser um flagelo, não mais preocupa e, por isso, nem mais dela se lembram ou se arreceiam. A sífilis, que já dizimou exércitos e populações inteiras, após o advento da penicilina de Fleming deixou de merecer atenção e importância. O grande Warren provocava delírios na platéia que o via realizar amputações de membros em poucos segundos, sem anestesia; depois que esta alcançou o nível de elevação, refinamento e segurança com que hoje é praticada, a operação deixou de ser espetacular, a anestesia vulgarizouse e, se porventura algum acidente anafilático (reação essencial e imprevisível a uma substância) ou de idiossincrasia (sensibilidade anormal a uma droga) medicamentosa ocorre, entre milhões de outros atos bem sucedidos, logo se lhe imputa a um provável “erro médico”. A AIDS, que ora a todos atemoriza (a alguns aterroriza), põe em evidência a todos os cientistas, pesquisadores, drogas e fatos novos que contribuem para o seu controle, a sua contenção, a

sua cura, após o que declinará de importância, não mais merecendo destaque, assim como os médicos e cientistas que dela se ocuparem. Os médicos de hoje fazem, sem ponta de dúvida, muito mais coisas notáveis que os de antigamente, porém, tornaram-se facilmente disponíveis, fartos, até, e atuam através de métodos científicos, que não suscitam o mesmo encanto da prestidigitação. Seu diagnóstico e sua arte não causam mais admiração. A Medicina é levada e divulgada para além dos recônditos das instituições acadêmicas, detalhada, esmiuçada, decodificada e exibida por meios outros que não os estritamente científicos como a imprensa leiga e a televisão, às vezes até de forma antiética e exibicionista, o que não deixa de ser, no entanto, fator positivo para a elevação cultural da população interessada e atenta. As técnicas científicas exaltam a Medicina, mas despersonalizam o médico, ainda que eficiente e capacitado, que passa a ser, assim, cada vez mais exigido e testado pelos que dele se valem. Qualquer senão, falhas às vezes até inexistentes, mas supostas pelos pacientes são motivos bastantes para inquiná-lo com alegação de negligência ou imperícia. A massificação do atendimento nos postos de saúde espalhados pelas cidades acabou, de vez, com a tão desejada e não mais possível relação médico-

Uma operação cirúrgica realizada no final do século XIX (c. 1890)

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Primeira demonstração pública do uso da anestesia com êxito (1846)

paciente. O paciente não vai mais procurar o médico, mas, sim, atendimento médico. A terceira circunstância é, também, facilmente entendível: a elevação, o prestígio do médico pressupõem ignorância, por parte da clientela, dos mecanismos que viabilizam o sucesso do tratamento que ela recebe, isto é, envolve medo, magia, misticismo , três elementos intimamente ligados ao desconhecimento da essência dos fatos científicos. Raios, relâmpagos, erupções vulcânicas e toda uma vasta fenomenologia da Natureza já foram atribuídos à ira dos deuses. Explicados pela ciência, banalizaram-se, não mais atemorizaram. Os mágicos só nos encantam e causam admiração enquanto não descobrimos ou não nos são revelados seus truques. Até com a Igreja tem isso ocorrido e a queda de seu prestígio e influência, nos dias correntes, deve-se à elucidação, pela Alexander Fleming, ciência, de o descobridor m u i t o s da penicilina, “milagres”. primeiro Explicado o antibiótico

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Sigmund Freud à esquerda, o criador da piscanálise e seu seguidor Carl Jung à direita, 1909

milagre extingue-se o encanto. Num passado não muito remoto, o universo do conhecimento científico como um todo e médico em particular era infinitamente menor do que o dos dias atuais, de modo a tornar relativamente fácil ao profissional da Medicina atingir um elevado grau de abrangência e, inclusive, incursionar pelas áreas humanísticas, das letras, das artes, dominar vários idiomas e, assim, ser reconhecido pelo comum das pessoas como indivíduo de grande saber, de conhecimento ilimitado; isto lhe conferia aura de ser superior, de um semi-deus e, como tal, era respeitado, quase venerado; sua palavra, suas ordens, acatadas sem restrições ou titubeios. Com a inexorável e explosiva ampliação do conhecimento técnico-científico, o campo de atuação e de domínio do médico foi ficando cada vez mais restrito confinado a certas áreas ou segmentos, pouco tempo lhe restando mais para o aprendizado de outros saberes, limitando-se-lhe assim, drasticamente, o nível de conhecimentos e conseqüentemente, a capacidade de impressionar.


O Doutor sul-africano Christian Barnard realizou o primeiro transplante cardiaco humano com sucesso (Cidade do Cabo-1967)

Em somente duas áreas da Medicina os médicos conservam, ainda hoje, algo do misticismo e da divinização do passado: a psiquiatria, pelas dificuldades singulares inerentes à especialidade, “A aula de Anatomia do Dr. Tulp”, de Rembrandt (1632), demonstra a importância do ensino médico da anatomia no Renascimento

ao lidar com valores de difícil mensuração e entendimento por parte O milagre de um da clientela, que nos transferem para o terreno do sobrenatural, reimplante de mão com máxime em seu segmento mais celebrado, a psicanálise, hoje mircrocirurgia de seguida por multidões que a ela se submetem quase como que a uma vazos e nervos, religião, e a cirurgia plástica, pelos resultados surpreendentes e nos dias atuais envolventes que pode ensejar sobre um dos objetivos mais perseguidos pelo ser humano, a beleza física, valendo-se de recursos pouco compreendidos ou não-percebidos pelos leigos, como incisões intracavitárias (boca, narinas), em pregas e sulcos cutâneos ou em área pilosas, “que não deixam cicatrizes”. A ascensão do nível de conhecimentos da população e o discernimento de seus direitos fez com que a clientela não mais se conformasse com resultados por ela tidos como insuficientes ou insatisfatórios, passando a exigir, por eles, compensações ou reparos indenizatórios. *Médico e Escritor SOBRAMES

AV. GENTIL BITENCOURT N° 694, ENTRE RUI BARBOSA E QUINTINO. EDIÇÃO 50 [ABRIL] p a r a m a i s . c o m . b r

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Acyr Castro

Minha Avó,

Antonio Lemos E

cronista

eo

statura média, magra, sempre bem vestida, os cabelos leves terminando em coque à altura da nuca, dona Philonila Cândida Monteiro de Paiva foi uma personalidade rara. Marcou o seu tempo (1867/1956) como pouquíssimas mulheres nesta heróica cidade de Santa Maria da Graça de Belém do Grão-Pará. Inteligentíssima, culta, carismática. E era estrela ao cantar e tocar orgão na Catedral Metropolitana. Dona Santa Paiva dirigia seu solar, à Rua Doutor Assis, desde cedo, criando seus 7 irmãos, um deles maestro e compositor Manoel Luiz de Paiva, o vovô Maneco (1888/1920) tão amigo e parceiro musical dos célebres irmãos Helena e Ulysses Nobre, e ainda criou minha mãe Neusa Cecília Paiva de Castro (1912/2003) que perdeu a mãe aos 23 dias de nascida e o pai, maneco, aos 8 anos. Tive loucura por ela, senhora da vida e do destino, pessoa doce, sábia, de extrema generosidade. O solar não mais existe, tragado pela especulação imobiliária, mas nele passei a infância e parte da adolescência. Jamais se casou, tendo morrido virgem. Rompeu o noivado, que chegou a ter, com um adido à Embaixada da França no Rio de Janeiro, quando surpreendeu seu noivo garantindo a um amigo que não cumpriria promessa feita a ela de que, casados, passariam a viver em Belém depois de lua-de-mel em Paris. “Se mente agora, antes de casar, imagine após o casamento”, explicou-lhe ao lhe devolver a aliança. Não admitia traição quem, adolescente, fizera votos de cristianismo verdadeiro e puro. Muito católica, pertencia à familia a imagem de Nossa Senhora das Dores que, saindo de casa na Quarta Feira Santa rumo à Igreja da Sé ali pertinho, sairia em procissão para o encontro com o Senhor Morto na Sexta Feira da Paixão, em seguida à Semana Santa retornando ao casarão dos Paiva duas quadras dali. No auge das lutas partidárias a dividir lauristas e lemistas, a participação política vivia o ódio que separava Lauro Sodré e Antonio Lemos. Vovó Santa,

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como os irmãos, torcia por Sodré. Um dos manos, o tio Otávio, trabalhava como editorialista da “Folha do Norte” e não dava tréguas ao intendente (hoje seria prefeito) que viera do Maranhão para governar Belém. O dono da “Folha” era Enéas Martins, antecessor de Paulo Maranhão e do seu “jornalismo” panfletário, demagógico e “científico” naquela de “inimigo que não tem defeito, eu os ponho”. O “velho Lemos” reagia pessimamente a qualquer crítica e naquele momento não foi diferente, e eis que exigiu (uma chantagem comercial) de Martins que demitisse o audacioso que ousara enfrentá-lo. Exigiu e conseguiu. Sabedora do fato, Santa Paiva pediu audiência e foi pessoalmente à Intendência, o Palacete (agoar Antonio Lemos) Azul. O “velho” a recebeu de imediato. Ofereceu cadeira; porém a vovó não aceitou: “ficou em pé mesmo”. E à fala do governante de que estava sendo “uma honra” o tê-la na sede municipal, ela retrocou: “Nao sei se o senhor o reconsiderará depois de


de trabalhar. Disse “passar bem, cavalheiro” e se retirou aquela extraordinária dama da sociedade paraensse de que bastante me orgulho que foi tia de mamãe e esta chamava de “mãezinha”. O tempo passou, Antonio Lemos morreu do jeito que todo mundo conhece, e Philonila Cândida Monteiro de Paiva tocou orgão e cantou na Sé lotada na Missa de 7º Dia do falecido. Ah, um detalhe, o Monteiro da família Paiva é que me torna primo do Walcyr José da Silva Monteiro, amigo querido e companheiro de liderança e batalha no Movimento Estudantil Independente nos idos e vividos na União dos Estudantes dos Cursos Secundários do Pará com base no Colégio Estadual Paes de Carvalho ao lado de José Ubiratan Rosário e Heraldo Maués; no processo eleitoral que elegeu José Francisco Fiel Filho, nós e mais a Oscarina Novaes, o Atos Amorim e o Roberto Porto. Fiz referência a João Paulo de Albuquerque Maranhão em tributo à memória dele, nascido e morto em abril; afora a justiça, a justeza, da citação. Afinal o homem é figura de destaque da História, não é não? Meu avô Manuel Luiz de Paiva ajudou a organizar o Instituto Histórico e Geofráfico do Pará e o centro Musical Paraense; líder do coral Santa Cecília (a que a Igreja Católica tanto deve) e de Quarteto Haydn e o Sexteto que levava seu o nome; glória da música erudita e popular também; chefe-organista da Catedral de Belém aonde se apresentava com as irmãs Santa e Zinha. Fiel Filho foi eleito presidente da UECSP, e Walcyr, Uribatan, Oscarina, Porto e eu fomos eleitos para a Assembléia Estudantil além do Heraldo ia eu m'esquecendo. Fui eleito em Santa Izabel, o Colégio se chamava Antonio Lemos: obtive 80 votos num colegiado feminino contra 2 tão só dados ao meu opositor Domingos Emmi, que integrava (com Roberto Jares Martins) um grupo conservador, à direita.

Ah, a alegria Irrecusável Do vento! Irresistível Que é O pensamento...

que lhe fale”. “Mas por que não, dona Santa?”, respondeu o Intendente. A vovó: “Vim só comunicar a vossa excelência que dê tranqüilidade a seus familiares e o senhor mesmo se tranqüilize. Quando morrer, doutor Lemos, a Missa de 7º dia ficará por conta da família Paiva e eu própria cantarei e tocarei orgão em sua homenagem. Ninguém se preocupe com isso”. Lívido, perpléxo, sem graça, com cara de bêsta, Antonio Lemos balbuciou: “Mas a que título, dona Santa, por quê?”. Sêca, dura, em voz serena, a resposta de vovó: - Em nome da liberdade de pensar, de escrever,

*Jornalista e Escritor

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FOTOS: JOÃO VIANNA

A

partir da necessidade de se ter uma ala pediátrica conforme o que determina e lei federal 11.104/2005, a Santa Casa de Misericórdia ganhou a brinquedoteca “Aboridjá Kayapó”, na Enfermaria Pediátrica Santa Lodovina. O nome é uma homenagem a um ex-paciente. É um presente especial da empresa de telefonia celular VIVO, que bancou financeiramente os custos da execução. Condição fundamental: todas as 42 crianças atendidas na ala poderão ter acesso à brinquedoteca, desde que liberada pelos seus médicos - uma equipe formada por um psicólogo, enfermeiro, fisioterapeuta, assitente social, terapeuta ocupacional, pedagogo e médico, responsáveis por receber as crianças diariamente. São crianças que geralmente vêm de fora e precisam passar grandes temporadas em tratamento.

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