Pará+ 99

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janeiro 2010

Belém - Pará - Brasil

ISSN 16776968

Edição 99

6,00 3

>>> Especial

CARNAVAL

www.paramais.com.br




da Folia abriram o 08 Portais Carnaval 2010 em Belém

Editora Círios SS Ltda CNPJ: 03.890.275/0001-36 Inscrição (Estadual): 15.220.848-8 Rua Timbiras, 1572A - Batista Campos Fone: (91) 3083-0973 Fax: (91) 3223-0799 ISSN: 1677-6968 CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil www.paramais.com.br revista@paramais.com.br

12 O Carnaval no Pará 26

Carnaval, Festival de Artes

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Aquarela do Carnaval

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Amazônia. Onde entra o carnaval na preservação

DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; COLABORADORES: Acyr Castro, Airton Faleiro, Antoninho Marmo Trevisan, Camillo M. Vianna, Faustino Vicente, Garibaldi Parente, Sergio Pandolfo; FOTOGRAFIAS: Adriano Magalhães e Alzyr Quaresma / Comus; Adauto Rodrigues, Cláudio Santos, David Alves; Eliseu Dias,, Eunice Pinto, Lucivaldo Sena,Tamara Saré/Ag.Pá; ; Marcelo Cleiton; Nádia Souza e Vival S. Bentes; DESKTOP: Mequias Pinheiro; EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora Círios

OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES

ANATEC ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES

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PA-538

A governadora Ana Júlia Carepa na ALEPA

Rio de Janeiro recebe

40 exposição de borboletas

do Mangal das Garças A Cidade-Avião e sua 46 pista de pouso

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Acesso à cultura, nosso maior desafio

50

Eletrobrás destina R$ 15 milhões para Programa de Cultura em 2010

rra. aval de Belte Mek Pinheiro Capa: No Carn ré/Ag.Pá em montagem de Sa a ar m Ta de Foto


Agência Nacional de Águas recebe inscrições para o Prêmio ANA 2010 “Água: o Desafio do Desenvolvimento Sustentável” é o tema da terceira edição da premiação, que tem sete categorias em disputa

A Agência NacionaldeÁguas(ANA)lançaa terceira ediçãodoPrêmioANA. A premiação bienal tem o objetivo de reconhecer iniciativas de sete categorias – governo, empresas, organizações não governamentais, pesquisa e inovação tecnológica, organismos de bacia, ensinoeimprensa– quesedestaquempelaexcelênciadesuacontribuiçãoparaagestãoeouso sustentável dos recursos hídricos do país. Além disso, as ações devem estimular o combate à poluição e ao desperdício e apontar caminhos para assegurar água de boa qualidade e em quantidade suficiente para o desenvolvimento e a qualidade de vida das atuais e futuras gerações. Asinscriçõessãogratuitasepodemserrealizadasaté31demaio. Assim como ocorreu na edição de 2008, o Prêmio ANA 2010 terá uma Comissão Julgadora composta de membros externos à ANA e com notório saber na área de recursos hídricos ou meio ambiente. Um representante da Agência presidirá o grupo, mas sem direito a voto. Os critérios de avaliação dos trabalhos levarão em consideração os seguintes aspectos: efetividade; potencial de difusão/replicação; aderência social;originalidade;eimpactossocial,culturaleambiental. Sendo assim, a Comissão Julgadora selecionará três iniciativas finalistas e a vencedora de cada uma das sete categorias,queserãoconhecidasemsolenidadedepremiaçãomarcadapara1º dedezembrode2010emlocalaserdefinido. OssetevencedoresreceberãooTroféuPrêmioANA,concebidopelomestrevidreiroitalianoMárioSeguso. Inscrições Até 31 de maio, os interessados em participar da premiação poderão enviar seus trabalhos por remessa postal registrada aos cuidados da Comissão Organizadora do Prêmio ANA 2010 no seguinte endereço: SPO, Área 5, Quadra 3, Bloco “M”, Sala 222, Brasília-DF, CEP: 70610-200. A data de postagem será considerada como a de entrega. Os concorrentes poderão inscrever mais de uma iniciativa. Além disso, poderão ser apresentados trabalhos indicados por terceiros, desde que acompanhados de declaraçãoassinadapeloindicado,concordandocomaindicaçãoecomoregulamentodapremiação. Cronograma ä Inscrições:de18dedezembrode2009a31demaiode2010; ä Prazodejulgamento:de2deagostoa10desetembroede4a8deoutubrode2010; ä Comunicaçãoaosfinalistas:de25a29deoutubrode2010; ä Cerimôniadepremiação:1º dedezembrode2010. Histórico Em sua primeira edição, em 2006, o Prêmio ANA teve três temas em disputa: “Gestão de Recursos Hídricos”, “Uso Racional de Recursos Hídricos” e “Água para a Vida”. À época, 284 trabalhos se inscreveram. No segundo Prêmio ANA, em 2008, o tema foi único: “Conservação e Uso Racionalda Água”. Na ocasião, participaram 272iniciativas de seis categorias: governo,empresas, organizaçõesnãogovernamentais,organismosdebacia,imprensaeacademia. Informações Paramaisinformaçõesacesseohotsite,enviee-mailparapremioana@ana.gov.brouliguepara(61)2109-5412.

Agência Nacional de Águas

Ministério do Meio Ambiente


O Projeto Educacional

Moderno 2010, o ENEM e o PRISE

S

endo uma das Instituições mais tradicionais em Educação no Estado do Pará, o Colégio Moderno, em seus 96 anos contribui para o enobrecimento da Educação. Semeando e colhendo frutos desde a Educação Infantil ao Ensino Superior, a instituição foi um importante suporte para o surgimento da primeira Universidade Particular da região Norte do Brasil, a UNAMA – Universidade da Amazônia. Respeitáveis e dignos homens públicos formaram valores, hábitos, atitudes e saberes para o pleno desenvolvimento do Estado de Pará, nas mais variadas funções públicas e privadas. O Colégio Moderno acompanha a evolução dos processos educativos local, nacional e mundial. E, rumo ao seu centenário, renova-se e atualiza-se sempre. Elegeu

2010 para o fortalecimento do seu PPP Projeto Político Pedagógico. Dialogaremos com o Professor Herculano Torres, Pedagogo com especialidades em Avaliação Institucional, Docência e em Gestão da Educação Superior e experiência reconhecida há mais de 33 anos na Educação do Estado do Pará. Professor Herculano, o senhor está no Projeto Educacional Moderno 2010 em qual nível de ensino? Estamos na Coordenação de todo o Ensino Médio, fato de significativa importância, pois as turmas dos três anos do referido nível de ensino estarão com um norte sequencial de um Projeto Pedagógico. Esse projeto, que é assegurado pela coesão dos conteúdos nas três séries de estudos, proporcionará segura aprendizagem.

Então, o Colégio Moderno proporciona aos estudantes do Ensino Médio uma segurança de aprendizagem, já que está inserido em um projeto pedagógico que no ano de estudo tem as competências e habilidades construídas no(s) ano(s) anteriormente estudado(s)? Certamente. Porém, devemos ressaltar que essa coesão estabelecida sob nossa coordenação, possui suas bases solidificadas pela a sintonia entre o Ensino Médio e o Ensino Fundamental, e este, com a Educação Infantil. O processo de ensino aprendizagem está estabelecido com o planejamento em discussão entre as coordenações, e sedimentado pelo entendimento entre os docentes dos três níveis de ensino. Professor Herculano, aponte-me um indicador que promove a aproximação entre os três níveis de ensino? A atualização dos docentes e equipe técnica envolvendo a pedagogia das competências e habilidades, inevitável no Sistema Educacional Brasileiro, fomenta essa aproximação e coesão na educação. Deve a sociedade compreender que as escolas que objetivam prestar qualitativamente um bom serviço à Educação Brasileira, devem oferecer segurança aos pais e responsáveis e estar com seus Projetos Pedagógicos comprometidos com a Pedagogia das Competências e Habilidades. Dessa forma, essa pedagogia tem relação com o ENEM - Exame Nacional do EnsinoMédio que está sendo acolhido por, praticamente, todas as Instituições de Ensino Superior do Brasil? Sim, o ENEM já vem sendo aplicado na Educação brasileira desde 1998, e em 2009 apresentou uma nova roupagem, com características bem marcantes que diferem substan-

Professor Herculano Torres: Pedagogo, com especialidades em Avaliação Institucional, Docência e em Gestão da Educação Superior e experiência reconhecida há mais de 33 anos na Educação do Estado do Pará

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cialmente do antigo ENEM. Segundo o MEC – Ministério da Educação e Cultura, o ENEM não mede a capacidade do estudante em assimilar e acumular informações, e sim, o incentiva a aprender, pensar, refletir e “saber como fazer”.

Superior através do PRISE. Porém, procuramos ampliar o foco para esse programa esclarecendo aos familiares, e aos estudantes, desde quando estes se encontraram concluindo o Ensino Fundamental, a fim de compreenderem que a escola passa a trabalhar com a preparação para o ingresso via PRISE, seguindo a mesma metodologia desde o 1º ano do Ensino Médio. Outros aspectos da orientação são a observação da tendência do Curso Superior que o estudante almeja cursar e a orientação para a média de pontuação que deverá alcançar ao longo dos 03 anos de Ensino Médio com detalhe de segurança.

Todo o processo de orientação para o PRISE é norteado por farto material estatístico acumulado ao longo dos 11 anos de existência do referido Processo. Podemos afirmar que o Colégio Moderno é a única escola que trabalha plenamente a orientação para o PRISE. Professor Herculano, verifica-se que o Colégio Moderno possui excelente performance na construção da aprendizagem e conhecimentos, correto? Não somente na construção de conhecimentos. O projeto Pedagógico do Colégio Moderno é bem mais amplo, atende ao foco da informação e a formação dos estudantes. Na amplitude do Projeto Pedagógico, o Colégio Moderno trabalha com projetos, atividades científicas, atividades culturais P e ações de responsabilidade social.

Valoriza, portanto, a autonomia do jovem na hora de fazer escolhas e tomar decisões. O senhor possui vasta experiência em educação e sabemos como entende do PRISE - Programa de Ingresso Seriado da UEPa. Como o Colégio Moderno está compromissado com mais esse caminho de acesso ao Ensino Superior? O Colégio Moderno já vinha atendendo seus estudantes para o ingresso ao Ensino

PRISE paramais.com.br

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Portais da Folia abriram o Carnaval 2010 de Belém

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s Concursos Oficiais da Prefeitura Municipal de Belém abriram o Carnaval da Amazônia 2010 – Todos os Nossos Ritmos, Uma Só a Alegria, com os Portais da Folia nos bairros da Cidade Velha e Pedreira reunindo centenas de pessoas que se divertiram com as tradicionais marchinhas da época. No portal da Avenida Tamandaré foram escolhidos os ícones do carnaval, como o Rei Momo Idinaldo Rodrigues, A Musa Belém Aline dos Passos Gregório, a Rainha da Bateria Susy Neves e a Rainha Gay do Carnaval de Belém, Grazy Tadeisky. Na Aldeia Amazônica Davi Miguel, bandas de fanfarra e trios elétricos lotaram a avenida e suas arquibancadas. Mesmo com a chuva que caiu no final da tarde e permaneceu por toda noite, a Avenida Tamandaré virou o corredor da folia. Trios elétricos, bandinhas e blocos alternativos fizeram a festa dos foliões de momo por toda extensão da avenida, que No portal da Avenida Tamandaré foram escolhidos os ícones do carnaval

Carnaval no portal da folia

vibrou com os concursos promovidos pela PMB. A disputa pelo título de Rei Momo do Carnaval 2010 teve direito a trilha sonora, efeitos especiais e torcidas organizada. Três candidatos se inscreveram para o certame, mas somente dois compareceram, Idinaldo Rodrigues e Rildo Santos, mostraram o luxo da indumentária de Momo. Idinaldo foi o eleito pelos jurados para representar o Carnaval 2010. Os concursos Musa Belém do Carnaval e Rainha da Bateria trouxeram candidatas de vários bairros da cidade e dos distritos. Samba no pé e a beleza paraense eram as principais caracterís-

ticas das candidatas que capricharam nas fantasias. A Musa Belém escolhida foi Aline dos Passos Gregório, do Bairro do Guamá; Suzy Neves, do Distrito de Icoaraci, foi eleita a Rainha das Baterias. O Concurso Rainha Gay do Carnaval foi o mais disputado, com coreografias inspirados em deusas e personagens do carnaval. Quem ganhou a disputa, foi Grazy Tadeisky, do bairro do Marco, que trouxe a mistura das culturas afro e brasileira nos adereços da fantasia. Após a divulgação dos resultados, o público dançou até o começo da madrugada com as marchinhas de carnaval da Banda Poraquê e o forró da P Banda Forró pra Balançar.

Banda Forró pra Balançar

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A Baia do Guajará ficou mais alegre e colorida

Carnaval Fluvial nas águas da Baía de Guajará

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Fotos: Alzyr Quaresma/ Comus

Baía do Guajará ficou mais colorida na 5ª edição do Carnaval Fluvial, organizado pela Prefeitura de Belém. A capital paraense é a única a ter na programação oficial da época um evento que em vez das ruas leva a folia de Momo aos rios, explorando uma das maiores riquezas naturais existentes na região. A festa começou às 9 horas, com saída do porto da Estação das Docas em direção à vila de Icoaraci e retorno à Praça Pedro Teixeira. Várias embarcações, de diferentes portes, participaram da programação. Quatro delas se destacaram pela ornamentação e animação dos foliões, todos integrantes de secretarias municipais.

A Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), coordenadora do evento, a Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (Codem), a Secretaria Municipal de Coordenação Geral do Planejamento e Gestão (Segep) e a Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) levaram quase 800 brincantes para a folia fluvial, entre servidores, familiares e convidados. Os participantes entraram no clima, vestidos com abadás e camisas de cada grupo. As embarcações tradicionais percorreram a orla de Belém acompanhadas por jet skis, lanchas e caiaques. No barco da Fumbel, os convidados foram animados pelas bandas “Poraquê” e “Os Cobras da

Amazônia”, que relembraram as antigas marchinhas de carnaval. O Grupo Parafolclórico “Tambatajá” apostou nos ritmos regionais e usou o tradicional carimbó como samba-enredo, e como não podia deixar de ser, a festa que coloriu as águas do rio Guamá contou com a presença dos legítimos representantes da monarquia caravalesca: o rei Momo, a musa do carnaval de Belém, a rainha gay e a rainha da bateria, recém-eleitos em concursos promovidos pela Fumbel. “Representar a folia de Momo na avenida e nos blocos de rua é maravilhoso, mas levar isso para os rios da nossa cidade é uma experiência inovadora e deliciosa”, comentou o rei Momo do Carnaval 2010, Idinaldo Rodrigues. P

Rei Momo, a musa do carnaval de Belém, a rainha gay e a rainha da bateria

Representar a folia de Momo na avenida e nos blocos de rua é maravilhoso, mas levar isso para os rios da nossa cidade é uma experiência inovadora e deliciosa paramais.com.br

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Agremiações Carnavalescas assinaram subvenção

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epresentantes das Ligas de Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Belém e distritos participaram da assinatura do convênio de apoio financeiro da Prefeitura de Belém às escolas de samba da capital, ocorrida no Espaço Municipal Cine Olympia. A subvenção ao "Carnaval da Amazônia 2010 – Todos os Nossos Ritmos, Uma Só Alegria", custou aos cofres públicos mais de 1 milhão de reais, dinheiro destinado à execução dos projetos artísticos carnavalescos das agremiações. Os desfiles de escolas e blocos de Belém O apoio financeiro da PMB é fundamental e muitas irão utilizá-lo para pagar dívidas feitas para a compra de material do carnaval

inscritos no concurso 2010 começaram dia 12 de fevereiro, na Aldeia Amazônica Davi Miguel. A subvenção foi paga em cota única. Segundo Raimundo Pinheiro, presidente da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), o orçamento deste ano foi o mesmo de 2009, por isso não houve aumento no repasse dos valores. “O recurso destinado às agremiações carnavalescas, na realidade, vem complementar os valores que foram obtidos pelas escolas e blocos por meio dos trabalhos desenvolvidos durante todo o ano”, comentou. Para os representantes das ligas de escolas e blocos, o apoio financeiro da PMB é fundamental e muitas irão utilizá-lo para pagar dívidas feitas para a compra de material do carnaval. Os valores destinados às agremiações ficaram assim: Escolas de Samba de Belém do 1º Grupo R$ 46.200,00; Escolas de Samba do 2º Grupo - R$ 23.100,00; Escolas de Samba do 3º Grupo – R$ 13.860,00; Blocos Carnavalescos do 1º Grupo de Belém - R$ 9.450,00; Blocos do 2º Grupo de Belém R$ 5.775,00; Escolas de Samba de

Icoaraci e Outeiro - R$ 17.640,00; Blocos de Icoaraci e Outeiro - R$ 7.245,00. Em Mosqueiro, quatro escolas de samba receberam R$ 5.250,00, onze blocos receberam R$ 1.890,00, e outros doze R$ 1.260,00. Os oitos blocos de Cotijuba receberam a quantia de R$ 1.050,00. Receberam a subvenção, blocos carnavalescos e escolas de samba inscritas no Concurso e dele participaqm há pelo menos dois anos. Os concursos oficiais acontecem na capital e nos distritos de Icoaraci e Outeiro. Nas ilhas de Cotijuba e Mosqueiro não há concurso, somente desfile. P Agremiações Carnavalescas assinam subvenção

O recurso destinado às agremiações carnavalescas, na realidade, vem complementar os valores que foram obtidos pelas escolas e blocos por meio dos trabalhos desenvolvidos durante todo o ano

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Um verdadeiro arrastão cultural

Portais da folia levam mais de dez mil às ruas de Belém

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Fotos: Adriano Magalhaes e Alzyr Quaresma/ Comus

programação carnavalesca dos Portais da Folia, promovidos pela Prefeitura de Belém, promoveu um verdadeiro 'arrastão' cultural nos bairros do Guamá, Jurunas e Cidade Velha. Na avenida Tamandaré, as pistas ficaram estreitas para o grande público que começou a chegar no final da tarde e só foi embora depois de mais de quatro horas de shows e apresentações culturais que trouxeram de volta às ruas da capital paraense um pouco do antigos carnavais de rua. “É um resgate do tradicional carnaval de rua, misturado com algumas inovações. Temos aqui mascarados, bandas de fanfarra, marchinhas e também espaço para músicas do tipo axé, pagode.

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Desse jeito, agradamos um público bastante abrangente”, explicou Leno Mendes, que faz parte da coordenação do Carnaval organizado pela Fundação Cultural do Município (Fumbel). A programação do Portal da Folia foi aprovada pelas cerca de dez mil pessoas que participaram do evento na avenida Tamandaré. O grande número de brincantes atraiu trabalhadores do setor informal, que aproveitaram para obter uma renda extra com a venda de bebidas. O ambulante Antônio Carlos dos Santos, 32, comemorou o faturamento. “Não choveu, o público dançou muito e consumiu bastante água, refrigerante e cerveja”, afirmou. No Jurunas, a folia começou por volta das 17h e os moradores do bairro aproveitaram a festa até a noite. Moradores do Guamá também puderam desfrutar da programação de carnaval organizada pela Prefeitura de Belém em parceria com a escola de samba do bairro, G.R.E.S. Bole-Bole, que garantiu muita música e samba no pé. Os shows aconteceram na travessa Silva Castro, entre José Bonifácio e Barão de Mamoré, reunindo centenas de pessoas. Em todos os Portais da Folia a presença de

crianças e idosos foi marcante, mostrando que esse é o verdadeiro carnaval da família belenense. A segurança em todos os locais onde a festa aconteceu foi garantida por homens da Guarda Municipal. Além do desfile oficial do carnaval de Belém na Aldeia de Cultura Amazônica Davi Miguel, houve ainda desfiles e shows nos distritos de Outeiro, Mosqueiro e Cotijuba. O último Portal da P Folia foi no bairro da Marambaia.


O Carnaval no Pará Crianças, jovens e adultos aproveitaram o carnaval na Estação das Docas, um dos pontos turísticos e de lazer mais procurados pela população

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A Escola de Samba A Grande Família foi uma das atrações na Estação das Docas

O Carnaval no Pará

O Carnaval na Vigia

Considerado um dos mais animados do Estado e reconhecido nacionalmente, o carnaval de Vigia, a 93 km de Belém (PA), atraiu cerca de 50 mil pessoas, entre moradores e turistas que vão às ruas. A principal atração da folia no município são os blocos das Virgienses e dos Cabrasurdos, formados por homens fantasiados de mulheres e vice-versa, além do Gaiola das Loucas, onde drag queens dão um show à parte pelas ruas estreitas da cidade histórica de Vigia. O grupo – As Virgienses, sempre se vestem de mulher,

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No bloco das Virgienses, homens desinibidos mostraram que ser mulher é muito divertido

bebem muita cachaça e se divertem muito. Os Cabrasurdos, sempre se vestem de homem, há 16 anos. Em resposta aos rapazes, já que elas não podiam entrar no bloco deles. E assim, enquanto elas se embebedam de vinho, eles vão de batida de limão. Em Vigia As Virgienses se fantasiam de noivas, fadas, baianas, joaninhas, panteras cor-de-rosa, oncinhas, Xuxa e as Paquitas, ladies, japonesas, negas malucas e princesas. eram alguns dos temas de As Virgienses. Os Cabrasurdos de Zorro, policiais de FBI, bombeiros, piratas, dentre outros. Cerca de 50 mil pessoas vão às ruas brincar e se divertir...

O bloco das Vigienses e dos Cabraçurdos animaram o carnaval pelas ruas no município da Vigia

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O Carnaval no Pará Blocos de rua fazem o Carnaval em Mosqueiro

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Neste ano, os blocos formados por famílias e amigos têm mais espaço, em Mosqueiro, para brincar ao som das tradicionais marchinhas.

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Carnaval em Capitão Poço Nas ruas de Capitão Poço

Carnaval em Ourém

Em Ourém o carnaval da terceira idade

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O arrastão do Boi Faceiro, uma das mais tradicionais manifestações folclóricas do município de São Caetano de Odivelas anima o carnaval do município. O Boi de Máscara, junto com as quadrilhas, é apresentado em junho, mas no carnaval, há cerca de cinco anos, os arrastões de boi abriram mais espaço para os tradicionais bonecos mascarados que caracterizam a cultura local.

O Carnaval no Pará Carnaval em São Caetano de Odivelas

O arrastão do Boi Faceiro paramais.com.br

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Alvorada Musical comemora aniversário da banda Rodrigues dos Santos em São Caetano de Odivelas

Carnaval em Santarém Bloco "Esporte e Lazer" de brincantes da Prefeitura Municipal, abrindo a quadra carnavalesca

Blocos de enredo e empolgação desfilam na Av. Tapajós

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O Carnaval no Parรก

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A alegria contagiante nas ruas de Alter do Chão, o Jacú no Paú

Na Vila de Alter do Chão em Santarém

A alegria contagiante nas ruas de Alter do Chão

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Foliões na abertura do Belterra Folia 2009 que recebeu mais de cinco mil pessoas para assistirem a entrega da chave da cidade ao Rei Momo, Hernades Patrick e ao concurso do Rainha Folia 2009

O Carnaval no Pará

O prefeito Geraldo Pastana entrega a chave da cidade ao Rei Momo, Hernades Patrick Angra Taynara Lobato da Silva, do bloco Amigos da Onça

Em Belterra

A vencedora do concurso Rainha Folia 2009, representante do bloco Morcegão, Ana Cristina Monteiro da Silva; segunda colocada, representante do bloco Piratas, Andreza Lobo e a terceira colocada, representante do bloco Amigos da Onça, Angra Taynara Lobato da Silva

Cleiziane Borges Pedroso, do bloco Amigos da Terra

Andreza Lobo do bloco Piratas paramais.com.br

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Na Praia do Atalaia

O bloco Alegria do Farol

Carnaval em Salinópolis

Em Salinas, à noite Na praia de Ajurutea

Na rota do Sal

Na orla de Peixe Boi

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O Carnaval no Pará

O peixe-boi chegou de barco na Escadinha do Cais do Porto, Estação das Docas

Na Escadinha do Cais do Porto

Arrastão do Peixe Boi na Praça do Carmo A segurança foi boa e retirou os ambulantes, impertinentes, que atrapalhavam a passagem

Na Praça do Carmo em Belém

O Peixe Boi paramais.com.br

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Brincantes do bloco Jambu do Kaveira No Jambu do Kaveira

A folia de Momo na concentração da Praça do Arsenal

Marchas de carnaval antigas, sambas, pagodes e música popular brasileira estavam na ponta da língua dos brincantes na Cidade Velha. Na praça do Arsenal, em concentração das mais animados, dois blocos marcaram presença: Jambu do Kaveira e Filhos de Glande.

Na Cidade Velha

Crias do Curro Velho leva colorido e alegria às ruas de Belém O colorido da Crias do Curro Velho A Escola de Samba Crias do Curro Velho pelas ruas do Umarizal, Telégrafo e Vila da Barca

Um dos carros alegóricos da Crias do Curro Velho nas ruas dos bairros do Telégrafo e Umarizal

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Os componentes da bateria nota 10 A porta-bandeira


O Carnaval no Pará Carnaval em Curuçá

Os Pretinhos do Mangue

O bloco Pretinhos do Mangue desfila durante o carnaval no município de Curuçá, localizado a 132 quilômetros de Belém. O bloco defende a preservação do mangue e usa a lama tirada de lá para cobrir o corpo dos foliões. P

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Carnaval, Festival de Artes

O

por Faustino Vicente

brasileiro é, realmente, um privilegiado em termos de festividades, pois logo após as festas de final de ano e início das férias de verão, vem o carnaval, que pode ser considerado a maior festa popular ao ar livre do planeta. Tendo como “comissão de frente” a incorrigível alegria da nossa gente, ele apresenta-se como um autêntico abre-alas da indústria de turismo e garotopropaganda das nossas exportações. O carnaval, a arte e o mundo dos negócios são destaques do mesmo carro alegórico. O processo de evolução do nosso carnaval transformou-o numa autêntica ópera de rua ou, como querem outros, no mais criativo e democrático Festival de Artes do planeta. O carnavalesco, protagonista do núcleo de criação da escola de samba, está comprometido com a verdade ao associar a arte às circunstâncias históricas e geográficas. A imaginação e a emoção simbolizam o

Na Marquês de Sapucaí

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corpo e a alma do artista. Da mais famosa passarela - a Marquês de Sapucaí – a mais simples viela, a nossa musicalidade desfila a sua maior riqueza – a diversidade de seus ritmos – como o samba, originário do batuque africano. Ao lado da música, a literatura se faz presente com o samba enredo que pode reescrever o nosso descobrimento ou relembrar os ciclos de desenvolvimento e a pintura retratar o colorido da nossa flora e da nossa fauna. A escultura homenageia as nossas celebridades e as artes plásticas fazem o lixo transformar-se em luxo. A dança exibe todo nosso “jogo de cintura”. Os nossos artesãos mostram a sua genialidade com o Comissão de frente, aproveitamento de nossos a incorrigível alegria recursos naturais: a arquitetura da nossa gente também se faz presente, história, nada tem escapado à especialmente revelando os carnavalescos como verdadeiros sensibilidade dos carnavalescos que, da tradição à globalização ou da tragédia à “arquitetos sociais”. A fotografia, o cinema, artes cênicas e comédia, tem retratado nossos usos e gráficas, todas elas se fazem presentes na costumes – festa para os mais diversos fantasiosa corte do Rei Momo. O meios de comunicação. carnaval, que possui a magia de A nossa geografia tem sido motivação transformar artistas em passistas e para os compositores explorarem os passistas em artistas, é responsável pelo milhares de quilômetros de nossas belas mais abrangente da nossa cultura popular. praias, o imenso “mar verde” da selva Senão vejamos. Redescobrindo a nossa amazônica, o paraíso ecológico do

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A dança exibe todo nosso “jogo de cintura”

Pantanal, as serras e cachoeiras do sul, a biodiversidade da mata atlântica e todas as riquezas naturais deste país continente. No campo empresarial, o destaque fica para o formato empreendedor de gestão que faz da ousadia, da criatividade e da empregabilidade – soma das competências e habilidades – o tripé de um modelo exemplar de organização competitiva. O mundo dos negócios ainda tem que se conscientizar que somente um ambiente de trabalho prazeroso poderá produzir a excelência. O prazer, no seu mais refinado conceito, é a energia (insubstituível) que gera vencedores. Até a modernização do Terceiro Setor, com sua responsabilidade social através do voluntariado, de há muito faz parte do “DNA” das escolas de

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samba, e de outras agremiações similares, que teem desenvolvido excelentes projetos especiais, que vão da pedagogia a tecnologia, contribuindo pata reduzir os índices de exclusão social. A elevação da expectativa de vida, a nova estrutura do mercado mundial de trabalho e as mudanças de estilo de vida das pessoas, são tendências que elegem a indústria do turismo como um dos mais promissores empreendimentos do futuro. Ao som dos seguidores do lendário Mestre André, – bateria nota 10 –, encerramos com o nosso cautelar grito carnavalesco: vamos explorar o turismo, P não o turista. (*) Advogado, Professor e Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos

A imaginação e a emoção simbolizam o corpo e a alma do artista

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Garibaldi PARENTE 28

Aquarela do Carnaval

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á fora ainda está muito frio. No momento certo sairemos das cavernas para espantar o demônio e comemorar o renascer da natureza com muita dança e cantoria. Vivemos desde remotíssimas eras. Em Atenas consagramos Saturno, em Roma proclamamos Pã e Baco, em Veneza usamos máscaras e fantasias personalisticas Pierrot, Colombina, Dominó... em Nice elegemos marionetes gigantes, destacamos o Rei Momo e distribuímos milhares de buquês de flores em batalhas populares. O carnaval, e nossas vidas também, estão impregnados de símbolos, linguagens e conteúdos de origem mitológica, detentores de veracidade e vitalidade de transcender o tempo, o espaço e a cultura de diferentes povos. Goethe pergunta: Qual a diferença Entre deuses e humanos? Aquelas tantas ondas diante de cada um Vindas de um rio eterno. As ondas nos elevam; As ondas nos subjugam, E somos arrastados para longe. O sobrenatural está presente na matéria das concepções carnavalescas. Através dos deuses podemos expressar, extravasar nossas mais íntimas verdades. Sagra-se no carnaval um espetáculo epifânico para celebrar a cultura de uma sociedade com seus meios e modos de ser. Revigora-se o prazer lúdico em reencontros com imagens emblemáticas, alegóricas e que reúnem os vínculos ocultos dessa alegre comunhão. No carnaval os mortais unem-se aos deuses para brincar, dançar, cantar, tocar, beber e amar. É tempo de plena liberdade, de sedução, de íntimo jogo amoroso e de perpetuação da arte de amar com muito amor. O poeta latino Ovídio nos ensina: “Quem aceitou um beijo e não aceita tudo merece perder aquilo que recebeu.” Em Saturno o carnaval é de ouro. Todos os foliões são iguais, todos detém o poder com liberdade absoluta. Saturno, filho do céu e da terra, promove a justiça e a paz com muito entusiasmo. Para ele o carnaval é uma excelente terapia para aliviar as tensões e as desilusões do cotidiano. Pã é universal. Não larga em nenhum momento seu cajado e sua flauta de sete tubos. As melodias concebidas nesta avena primorosa percorrem os bosques e despertam as ninfas pastoris. No ar bailam convites alvissareiros. Pã quer dançar com as ninfas e com elas dividir

seus ardores amorosos. Baco é uma sensação. Afugenta as mágoas com seus tambores ruidosos. Deus do delírio e da libertação orgíaca distribui vinho á vontade para todos os brincantes. Vinho mágico e excitante capaz de libertar as pessoas de qualquer cuidado. Orfeu poeta e cantor, é exímio tocador da lira. Possui um talento exuberante para extrair desse instrumento musical os acordes mais melodiosos. Ninguém escapa inerte desse encanto vibrante, dessa magia que alimenta o prazer de dançar no jogo inebriante do amor. Eros, de asas inquietas, possui a libido iluminado e atrevido. Bem dotado e apetitoso, sabe manipular sua potência para inspirar simpatias entre as mulheres. Estas não escapam desse vigor que circula no sangue e na alma, vigor inflamado, desejo incoercível dos sentidos, força fundamental do mundo. É somente uma questão de penetração e gozo.

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São jovens, belas e jubilosas

Afrodite preside os prazeres do amor. É a deusa mais sublime em termos de beleza e desejo sexual. Não dissimula nada, não tem inibições. Preenche os corações dos deuses com excitações íntimas da paixão. Excita-se até o êxtase paradisíaco em fantasias que vão desde o amor puro até atingir o sublime carnal. Psiquê é mãe da volúpia amorosa. Sorveu o néctar, bebida para eternizar a vida e comeu ambrósia, alimento para manter a eternidade. Sua beleza arrebata; o olhar lânguido, mas penetrante, enfeitiça os homens. Seu hálito move os homens ao assédio. Querem alento, sopro para a alma transformar o simples deleite do olhar em emoção concreta na satisfação do desejo de possuí-la amorosamente. As ninfas são as noivas espirituais. Beldades divinas, de vôos alegres e amorosos. Fecundas na arte de partilhar prazer e paixão. São preferidas pelos deuses sedentos de amor. As musas são agradáveis cantoras de vozes doces e inebriantes capazes de fazer inspirar a fantasia a criação musical, a dança e a poesia. São jovens, belas e jubilosas. Entre tantos atributos de alegrar e agradar os espíritos sabem muito bem satisfazer os desejos e os prazeres dos deuses Tudo muda com o tempo. O carnaval, além disso, assume também ajustamentos culturais de lugar para lugar. Vindo da Europa, o carnaval chegou ao Brasil em meados do século XVII através do Entrudo português, manifestação frenética marcada pela balbúrdia, pela anarquia de rua, pela extravagância, um tanto violenta, de jogar nas pessoas uma

espécie de papa, mistura de ovos e farinha. Após esta primeira fase, os eventos foram ganhando novas configurações até tornar-se o que é hoje uma consagração. O Brasil é então o país de muitos carnavais. Arte e alegrias, máscaras e fantasias, bailes e desfiles. Reaparecem os deuses e as deusas em alquimias de luzes, cores e melodias puxadas pelo samba, ritmo marcante da identidade nacional. E eles cantam: Eu vou lançar perfume Feito só de jasmim. Subirei na via láctea Na fita do meu serpentim. Aguá de cheiro de boa, Vestido de soberano. Sou rei de cetro e coroa Poeta uma vez por ano. x------------------------------------------x Liberta de roupa e de alma Na minha nudez cristalina. Sou bem mulher mais que mulher Pecado é só patavina. Mas, como tudo que é bom dura pouco. O carnaval termina em cinzas. Os imortais reassumem a mortalidade. Surgem as reflexões do pó penitencial e Ovídio aparece novamente: Que mudas alegrias eu não forjei na mente! E que posturas não imaginei!. (*)

Escritor

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Minha Casa, Minha Vida traz dignidade para o povo do Pará

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avia uma dívida da nação brasileira com as regiões norte e nordeste do país e felizmente o governo do presidente Lula (PT), em parceria com a governadora Ana Julia (PT), está pagando essa dívida social que as gestões anteriores deixaram. Sabemos que há milhares de famílias vivendo em casas alugadas e isso representa um desequilíbrio do orçamento familiar, comprometendo outros compromissos, como por exemplo, a alimentação. Também por outro lado temos outras milhares de famílias sem dinheiro nem para pagar aluguel e morando em palafitas sob condições desumanas. O programa Minha Casa, Minha Vida se apresenta como uma oportunidade para tirar essas famílias destas situações. Esse programa se soma com outros do

Governo Ana Júlia comemora resultados do Minha Casa Minha Vida

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por Aírton Faleiro

presidente Lula que expressam uma nova forma de trabalhar a economia do nosso país. Observamos uma grande diferença na política econômica do presidente Lula e do governo anterior na destinação dos recursos públicos para trabalhar essa nova economia, ou seja, antigamente se tinha em mente que primeiro é preciso fazer o bolo crescer para depois dividir, e assim se as empresas crescessem gerariam empregos, resultando numa distribuição de renda, o que não deu certo. O Minha Casa Minha Vida faz o inverso desse pensamento pois pega o recurso público, aplica numa política social e logo beneficia as famílias mais necessitadas, dando-lhes oportunidade para investir esse recurso (do aluguel) no mercado local, aquecendo-se dessa forma a economia. Por outro ângulo um programa como este gera milhares de empregos. Primeiro nas fábricas que irão produzir matérias para a construção das casas e depois, em um segundo momento, vai fomentar a indústria da construção civil. Assim, quem conseguir esta casa vai investir no mercado local ao mobiliar o seu novo lar. Em resumo, os programas sociais da governadora Ana Julia e do presidente Lula são voltados para imprimir um novo ciclo na economia e esse recurso gera, além da dignidade dessas famílias, emprego e renda, aquecendo economicamente a comunidade local. Este programa está integrado ao PAC que trabalha, de forma conjunta, a política de

Faleiro realizou sessão sobre o PAC no Pará que deu também destaque à habitação no Estado

saneamento, abastecimento de água e melhoria na qualidade de vida no ambiente com a urbanização daquela área. É um programa que está deixando os nossos municípios mais bonitos, trazendo alegria e felicidade para as pessoas. Imagine uma pessoa que estava vivendo de aluguel, em uma palafita, recebendo uma casa e todo um conjunto de políticas para a sua rua, para seu bairro. O Minha Casa, Minha Vida traz dignidade e melhora a economia das famílias que podem investir os seus recursos em outras necessidades. Nossa expectativa em 2010 e 2011 é de que o estado do Pará se transforme em um verdadeiro canteiro de obras e não tem como não comemorar essa política dos nossos governos (Lula e Ana Julia) e também o papel das empresas que estão executando essas obras e que estão fazendo a sua função social. O Pará só tem comemorar com o programa Minha Casa Minha Vida. P (*) Deputado Estadual, Líder do Governo na Assembléia Legislativa

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Acyr CASTRO

Carnaval

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ouve tempo em que eu não perdia uma festa ou desfile de carnaval. Foi há algum tempo. Nos idos em que a batucada, nos salões e nas ruas, levava alegria ao povo. Isso praticamente acabou. Hoje, com raras e honrosas exceções, tudo, ou quase tudo, virou comércio e confusão. Um negócio lucrativo para quem empresaria e pano de fumaça para os que brincam esquecendo a fome e a satisfação de estar vivo. Entretanto é preciso sambar, dançar, ricos e pobres, o que a festa deve ser, com certeza será, um dia trazendo entusiasmo geral, um grande baile. Carnaval é ouvir e ver o Rancho e o Quem São Eles ao som de Leila Pinheiro, Lucinha Bastos, Dione Colares, Paulo André Barata e o inesquecível Walter Bandeira. Carnaval são Mangueira, Salgueiro, Imperatriz, Padre Miguel e Vila lzabel na avenida homenageando Noel Rosa, João e Diogo Nogueira, Roberta Sá, Beth Carvalho, Rodrigo Maranhão, Roberto Carlos e Emílio Santiago em sambas e marchas que jamais serão esquecidos, único momento em que a população faz valer os seus direitos, numa eleição livre e democrática, a erguer fachos e bandeiras, carregada de esperança. Nos dias que correm pode-se pular e cantar sem o excesso de bebedeira, sorrindo como Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora

querem, cumprindo as decisões e as leis do Divino Pai Eterno e do Espírito Santo de Deus. Vamos brincar e aproveitar o carnaval, fazendo de tudo um pouco, dentro dos limites da dignidade e do bom senso. Bom carnaval para todos, bom dia, boa tarde, e muita boa sorte. Até março, se assim o desejarem os diletos amigos Ronaldo e Rodrigo Hühn, que editam a melhor e a maior revista do planeta. (*) Poeta, jornalista e escritor

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Camillo VIANNA

Amazônia. Onde entra o carnaval na preservação Nem tudo está perdido no Reino das Amazonas, como veremos mais adiante

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processo por que atravessa a região, elaborado por ''técnicos” de Brasília e de tal maneira atrapalhado e confuso, que até o cidadão bem intencionado não consegue entender mesmo que possua papel passado em cartório desses que registram até lote de terra dentro d'água, ou amontoados em terra firme que ás vezes superam em altura até mesmo o monte Caburaí, o ponto extremo norte do Brasil, em Roraima, na fronteira com a Venezuela e da exGuiana inglesa e não aquele cantado em prosa e verso, ou seja o Oiapoque, situado no antigo Território Federal do Amapá. Apenas para dar conhecimento ao leitor vamos relembrar como está ocorrendo a devastação da floresta que obedece a espécie de cerimonial que pode ser observado em qualquer canto da Amazônia. A agressão começa pela Hiléia Frondosa de Humboldt e Griezeback ou seja mata bruta. Em seguida vêm as capoeiras-capoeirões, capoeiras e capoeirinhas, áreas já trabalhadas pelos agricultores.

Com a chegada em numero crescente de criadores do sul e sudeste financiados pelo governo federal, esse processo é simplificado com a derrubada e queimada indiscriminada para formação de capineiras atingindo até mesmo a mata ciliar, sempre poupada pelos lavradores tradicionais. Os intrusos utilizam instrumentos os mais sofisticados: aspersão de inseticidas como agente laranja; o correntão, moto serra, tratores gigantes e toda a tecnologia moderna, com que arrasaram grande parte da Mata Atlântica. Fato relevante e novo está ocorrendo é a agressão aos magníficos manguezais que ocupam a orla da Amazônia, desde o Maranhão até o Pará, para a produção de lenha, carvão, madeira, entre outros. Não resta a menor dúvida que a preservação ambiental em nosso país não vai indo bem das pernas e na cabeça dos pretensos salvadores da floresta.

Países da Língua Portuguesa

O bloco Pretinhos do Mangue desfila durante o carnaval no município de Curuçá, localizado a 132 quilômetros de Belém

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Em uma das campanhas da Sopren, plantio de muda de Baoba

Ainda existem amazônidas que tentam preservar hábitos, usos e costumes, num reforço aos defensores desta que ainda é considerada como o Maior Patrimônio do Povo Brasileiro. A Sopren, que desde 1968, luta juntamente com abnegados ambientalistas, continua atuando em diferentes pontos da região, distribuindo mudas e sementes com orientação para formação de bosques comunitários, ressaltando a importância da conservação da mata ciliar. Destaca-se a atuação do médico recémfalecido Hélio Titan que colaborou na preservação do rio Apeú, em Castanhal, para onde se deslocava constantemente levando sementes variadas fornecidas pela Sopren; de Rui Chaves, médico e piloto também já falecido, que acompanhado do presidente da entidade, realizou bombardeio ecológico sobre as ilhas ao redor de Belém; Maurila Irene dos Santos, aposentada da Emater, que atua no baixo Tocantins, levando a mensagem da valorização do homem da região, com realização de cursos e treinamentos diversificados; de Marcial Maciel ambientalista incansável na transmissão da mensagem da Sopren; de Domingos Catequista e família, de Marapanim, que com sementes e mudas doadas pela entidade faz trabalho de grande importância incentivando a comunidade a plantar e valorizar o meio ambiente; Walter Chile Lima membro da diretoria, e dinâmico ambientalista; entidades como a Federação Educacional Infanto-Juvenil (FEIJ) que atua, igualmente, na educação ambiental dos seus jovens, que, que distribuem sementes originárias do bosque criado na sede da mesma, com orientação da

engenheira Florestal da EMBRAPA, Noemi Leão; Abílio dos Santos de Lima e Raimundo Siqueira de Lima, de linha de frente no município de Vigia de Nazaré, na região do Salgado Grande colaborador o Museu Emilio Goeldi, forneceu, igualmente, um sem número de sementes durante vários anos. A Sopren conta com a dedicação sistemática de Manoel Zolino Prestes, jardineiro, que incansável recolhe sementes no campus da Universidade Federal do Pará e em praças de Belém, como participante da criação do Congresso Internacional Israelita de Sociosfera na Amazônia (Cisa), contou com a dinâmica atuação de Oro Serruya, nos bombardeios ecológicos realizados a cada ano em aviões da FAB, e organizado concurso de frases sobre meio ambiente em escolas públicas. Justificando a introdução desta crônica valoriza-se a importância da Preservação no município de Curuçá, na Costa Atlântica do Pará, quando no período momesco, os moradores e visitantes participam com entusiasmo do Bloco dos Pretinhos do Mangue, ocasião em adentrando o mangal, cobrem-se uns aos outros de lama, dizendo palavras de ordem sobre importância da proteção do mangal o que repetem durante o desfile pelas ruas da cidade. Ao contrário do que possa parecer, essa brincadeira tem grande importância na formação de mentalidade ecológica. Que outras comunidades se inspirem no Carnaval de Curuçá. (*) *SOPREN/SOBRAMES Camillo Vianna e Walter Chile Lima antes de uma da distribuindo mudas e sementes ao redor de Belém

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Noticias da Assembleia Legislativa

A governadora Ana Júlia Carepa na ALEPA

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A governadora Ana Júlia Carepa e o presidente da ALEPA, Domingos Juvenil

Fotos: David Alves/Ag Pa

governadora do Pará, participou da sessão solene que marca a volta dos trabalhos parlamentares na Assembleia Legislativa do Pará – ALEPA. Em discurso, ela anunciou que 2010 representa um “salto para o futuro” e que as políticas públicas do governo lançaram as bases para um novo modelo de desenvolvimento no Pará. O Distrito Industrial de Marabá foi eleito pela governadora Ana Júlia Carepa

como o símbolo do desenvolvimento econômico e social que está sendo levado para todo o estado. A sessão foi presidida pelo presidente da Alepa, deputado Domingos Juvenil. Após o discurso da governadora, houve manifestações de dois deputados, que comentaram o discurso governamental. O líder do governo, Airton Faleiro, falou pela liderança de governo. Em nome da oposição falou o deputado José Megale, líder do PSDB.

Airton Faleiro, líder do governo, falou pela liderança de governo

Trechos da Mensagem da Excelentíssima Senhora Governadora do Pará à ALEPA Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados Tenho a honra de vir a esta Casa, após três anos de governo, para anunciar que 2010 é o ano que marcará o nosso salto para o futuro. Nossas políticas públicas lançaram as bases do novo modelo de desenvolvimento para o Estado do Pará. Demos passos firmes para superar entraves históricos que imobilizavam a economia, agrediam o meio ambiente, acirravam a violência no campo e impediam o Pará de ingressar no mundo da modernidade, do conhecimento e da oportunidade de uma vida melhor aos que mais precisam. Investimos em Ciência e Tecnologia, iniciamos o processo de regularização fundiária, garantimos o ordenamento territorial e ambiental e estamos criando a infraestrutura necessária para beneficiar, aqui mesmo, os nossos recursos naturais especialmente os minerais -, internalizando riquezas e gerando emprego e renda para milhares de

paraenses. E tudo isso sem descuidar das pessoas, pois são medidas estruturantes e de longo alcance social, muitas das quais temos o orgulho de realizar em parceria com o Governo Federal. Neste relatório e na mensagem que trago à Assembléia Legislativa do Estado, apresento resultados e perspectivas de ações, obras e políticas públicas de um Governo que começou há três anos. Nesse período, criamos a plataforma para o crescimento sustentável do Estado; abrimos caminhos seguros para o avanço do setor produtivo e para um futuro mais digno ao povo do Pará. Iniciamos um processo de mudanças que concilia o crescimento econômico com investimentos efetivos na área social, capacitando jovens para o trabalho, construindo casas populares e levando obras de saneamento a todas as regiões do Pará. É por isso que consideramos nossa maior obra cuidar das pessoas. Mas isso não significa, como mostrarei mais adiante, que sejam poucas as obras físicas e de importância

José Megale, falou em nome da oposição

estratégica que realizamos por iniciativa própria e em parceria com o governo federal. Há pouco mais de uma semana, a Federação das Indústrias do Pará - a FIEPA lançou a publicação "Pará Investimentos 2010-2014", prevendo investimentos públicos e privados de bilhões de dólares no Estado, com a expectativa de geração de 119 mil empregos,

A Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) estava lotada

Ana Júlia Carepa defendeu as políticas do governo que estão mudando o modelo de desenvolvimento no Pará

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média de 30 mil empregos a cada ano. Isso significa que retomamos a partir deste ano o volume recorde de geração de emprego de 2008, cuja série foi lamentavelmente interrompida pela crise financeira internacional. Ressalto aqui que, mesmo ante um cenário adverso, com perda de arrecadação e de repasses federais, fechamos 2009 com saldo positivo de mais de sete mil postos de trabalho e aumento de 2,8% na arrecadação própria do Estado. O Distrito Industrial de Marabá é um símbolo do nosso Governo, porque ele indica que estamos espraiando o desenvolvimento econômico e social por todo o Estado. Antes de nós, o Distrito Industrial de Marabá estava à míngua. O sudeste do Pará começa a atrair investimentos. Nossa política pública de desenvolvimento industrial foi decisiva para a instalação da Aços Laminados do Pará - ALPA, com investimentos de 3,7 bilhões de dólares e a perspectiva de 15 mil na fase de construção e mais 20 mil quando implantada, contando com outras empresas que vão se integrar a ALPA. É importante lembrar também que o dia 30 de junho deste ano será um marco histórico para todos os paraenses. Após 34 anos de interrupção, a hidrovia do Araguaia-Tocantins terá sua navegabilidade retomada com a inauguração das eclusas do Rio Tocantins, o que permitirá o escoamento por meio fluvial de toda a produção do sul e sudeste do Pará, bem como do centro-oeste brasileiro, o que dará mais impulso ao desenvolvimento do nosso Estado. As eclusas de Tucuruí, a hidrovia do AraguaiaTocantins, o Porto Público de Marabá, a ampliação do Porto de Barcarena, as hidrelétricas-plataformas do Rio Tapajós, a Usina de Belo Monte, a pavimentação das rodovias Santarém-Cuiabá e Transamazônica, a recuperação das rodovias estaduais e vicinais nos dão a base para impulsionar o nosso salto para o futuro. Inovação tecnológica para integrar o setor produtivo, os centros de pesquisa, as universidades, as escolas, os hospitais e a sociedade civil. O Navega Pará é um

Zoneamento do Distrito Industrial de Marabá Fase III

programa pioneiro no setor público brasileiro, que propicia o uso da internet banda larga, gratuita e de alta velocidade para várias regiões do Estado; e coloca uma rede de serviços em tecnologia de informação a serviço do desenvolvimento. Em 2009, o Navega Pará envolveu 53 municípios e mais de dois milhões de pessoas. Na educação, também interligamos nossas escolas públicas à rede mundial de computadores: mais de 500 escolas estaduais e municipais já integram a rede do NavegaPará, o maior e mais ousado programa de inclusão digital e social do Brasil. Com um investimento de R$ 14 milhões, oferecemos a mais de 500 mil alunos e seus familiares a possibilidade concreta de acessar uma ferramenta fundamental para a revolução do conhecimento. Fizemos na Educação o maior concurso público da história do Pará. Mais de 16.000 vagas para professores e técnicos, que já estão reforçando a educação pública do nosso Estado. Estamos reconstruindo, reformando e ampliando a rede física

Inovação tecnológica

Reinauguração da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dona Helena Guilhon

da SEDUC no Estado. Das 1.216 escolas, já reformamos 658, construímos 23 e entregaremos mais 19 novas escolas até o final de 2010. Outras 429 recebem alguma obra de melhoria. Com a ajuda do Governo Federal estamos interiorizando o ensino técnico profissional. Ainda este ano, implantaremos cinco escolas técnicas no Estado, nos municípios de Santarém, Conceição do Araguaia, Abaetetuba, Bragança e Itaituba. Nossos esforços junto à União resultaram na criação da Universidade Federal do Oeste do Pará, que já nasce com 500 docentes, dentre mestres e doutores.

As eclusas de Tucuruí

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Entrega de embarcações, por meio do programa Campo Cidadão e do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais

Produção rural. Em 2009, ampliamos a titulação de terras, criamos assentamentos e arrecadamos terras públicas para fins de reforma agrária. Pela primeira vez na história do Pará, o Estado criou no ano passado 11 assentamentos rurais, que beneficiaram 645 famílias e envolveram quase 108 mil e 500 hectares em 8 municípios, todos com licença ambiental. Os avanços na produção rural têm sido alcançados por meio de diversos programas de inclusão dos segmentos como ribeirinhos, extrativistas, quilombolas, agricultores familiares, pescadores. Programa Campo Cidadão já beneficiou mais de 70 mil famílias com o apoio ao fomento de atividades produtivas. Já garantimos a entrega de 180 patrulhas agrícolas e 500 toneladas de sementes de grãos, além da implantação de pequenas agroindústrias e garantia de acesso ao crédito. Jovens: Encerramos 2009 com mais de 62 mil jovens cadastrados no Programa Bolsa Trabalho, iniciativa inédita no Pará para garantir à juventude perspectivas

A Saúde no Pará não é mais um balcão de negócios e de barganha política. Com o Decreto 1577/2009, instituí o Plano Estadual de Fortalecimento e Valorização da Atenção Primária em Saúde no Estado do Pará (PAB Estadual), garantindo a transferência de recursos, fundo a fundo, para que os municípios reforcem e ampliem a Estratégia de Saúde da Família, fundamental para prevenir e evitar o adoecimento e a hospitalização. De janeiro a outubro de 2009 foram repassados R$ 20 milhões para atendimento dos 143 municípios. Inauguramos também uma política pública voltada à média complexidade, baseada em hospitais de pequeno porte. Este ano, está prevista a inauguração de mais seis Hospitais de Pequeno Porte em Oeiras do Pará, Senador José Porfírio, Nova Ipixuna, Bagre, Melgaço e Prainha, já inauguramos Tracuateua, obra que estava paralisada há seis anos. Em 2009, o Ophir Loyola foi certificado pelos Ministérios da Saúde e Educação como hospital de ensino, marco que atesta a referência dos serviços de saúde prestados pela instituição a toda população da região Norte do Brasil. Na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará reorganizamos, modernizamos e ampliamos os serviços. E o mais importante: estamos

de qualificação para o primeiro emprego ou como empreendedores. Com pouco mais de dois anos, o Bolsa Trabalho chegou a mais 22 municípios em 2009, elevando para 92 o total de municípios atendidos. Dos 12.750 jovens que ingressaram no programa, 8 mil recebem a bolsa mensal de R$ 70,00. O investimento do Governo foi de R$ 40,4 milhões. Cultura. Cidadania é a palavra de ordem da política cultural do Governo Popular. Estamos implantando a maior rede de produção e acesso aos bens culturais da história deste Estado: são 60 Pontos de Cultura, 48 Pontos de Leitura, 35 Cines Mais Cultura e 48 Pontinhos de Cultura em todo o Estado. Descentralizamos, democratizamos e levamos para o interior a Feira Pan-Amazônica do Livro. A Catedral de Belém, obra-prima de Landi, foi cuidadosamente restaurada e entregue à Feira Pan-Amazônica do Livro cidade em 1º de setembro de 2009.

construindo um novo hospital: a unidade maternoinfantil orçada em R$ 110,8 milhões e que vai ampliar de 371 para 456 o número de leitos na Santa Casa. Assistência Social. No nosso governo, o cuidado com as pessoas não é retórica. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Assistência Social do Pará (SEDES) apoiou oito municípios na criação de Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Mais 13 desses centros estão sendo construídos nas regiões do Araguaia e Carajás. Daremos inicio ao Programa de Inclusão Produtiva no valor de R$ 40 milhões em 3 anos para capacitação, organização e fornecimento de equipamentos e insumos para 11 mil famílias envolvidas nas cadeias de produtivas do açaí, captura de caranguejo e extrativismo. Segurança e justiça são direitos fundamentais para assegurar que a vida em sociedade seja uma afirmação da dignidade humana. Em 2009, apesar da crise econômica mundial, investimos um total de R$ 36

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Nova recepção da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará

1,1 bilhão em segurança pública, superando os R$ 994 milhões do ano anterior. A relação de confiança e credibilidade entre a polícia e a população fundamenta o programa "Segurança Cidadã", que atende os anseios da comunidade por uma polícia mais presente no cotidiano dos bairros. Iniciado no Guamá e Terra Firme, em Belém, o programa foi considerado um dos três melhores do País, como política de prevenção, durante a 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (CONSEG), em Brasília, em agosto de 2009. Já adquirimos nestes três anos mais de 1.140 viaturas para o sistema de segurança pública, afora os mais de 4 mil coletes à prova de bala; 625 novos capacetes, 2.636 novos armamentos e as 100 pistolas Taser, armamento não letal de descarga elétrica, que, pela primeira vez, é utilizado no Estado. Em 2009, investimos R$ 192,5 milhões na Polícia Civil. Em 2008, já havíamos aumentado o efetivo, com a nomeação de 79 novos delegados, 29

investigadores, 19 escrivães e 15 papiloscopistas, aprovados em concurso da gestão anterior. Em 2009, abrimos mais 350 vagas, 50 para delegados de polícia, 150 para escrivães e 150 para investigadores. Além disso, investimos mais R$ 1,4 milhão na compra de 375 microcomputadores, 100 rádios. Casa Própria. A parceria do Governo do Estado com o Governo Federal vai garantir moradia e infraestrutura urbana para 35.000 famílias até o final de 2010 com construções novas, melhorias habitacionais e regularização fundiária, dos quais 20 mil famílias estão incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento e 7 mil famílias no Programa Minha Casa Minha Vida. A contrapartida do estado no investimento é de R$ 130 milhões. As obras do PAC Estadual, de saneamento e habitação, foram ampliadas no Estado. Inicialmente destinadas a municípios com população acima de 150 mil habitantes, como Belém, Santarém, Marabá, Ananindeua, Marituba e Castanhal, essas obras

Reintegração de posse de fazenda em Marabá paramais.com.br

Centro de Referência de Assistência Social-CRAS, do bairro Nova República, em Santarém

Governadora Ana Júlia Carepa inaugura Base Comunitária da Segurança Cidadã no Conjunto Tapajós

Na adesão ao Minha Casa Minha Vida


Projeto de Zoneamento Ecológico-Econômico da Calha Norte

essenciais para reduzir o déficit de saneamento e abastecimento de água no país incluirão também municípios de até 50 mil habitantes. Transportes. Estamos abrindo novas vias para garantir um novo sistema público de transporte para a Região Metropolitana de Belém, com terminais e estações de integração, ciclovias, bilhete único e uma gestão compartilhada com os municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará. O projeto Ação Metrópole ficou décadas parado, agravando o trânsito e penalizando os trabalhadores e as atividades produtivas na região que responde por 35,8% do Produto Interno Bruto do Estado (PIB).

O Governo Popular já investiu R$ 131 milhões, financiados pelo Banco do Brasil, na construção do Elevado, com um trevo de quatro saídas na confluência da Júlio César com a Pedro Álvares Cabral. Ao final desta etapa, teremos revitalizado os quase 14 km da rodovia Arthur Bernardes e concluída a Avenida Dalcídio Jurandir, entre Augusto Montenegro e Júlio César. As obras serão entregues até maio deste ano. Em três anos de Governo Popular, conservamos, restauramos e pavimentamos mais de 2.000 quilômetros de rodovias. Ao mesmo tempo que fizemos manutenção e construção de mais de 2.000

quilômetros de estradas estaduais não pavimentadas a exemplo da conclusão de obras do sistema rodoviário na Região da Calha Norte. O programa Caminhos da Parceria fez a manutenção de 1.287 quilômetros de vias urbanas e perenizou outros 105 quilômetros de vicinais. Merece destaque a atenção dada construção de pontes como a Ponte do Rio Fresco com extensão de 2.000 metros no Município de São Felix do Xingu. Pessoal/Salários. Apesar da crise econômica mundial, mantivemos o compromisso de evitar as perdas salariais. Também ajustamos o valor do auxílio-alimentação e estendemos esse benefício a todos os servidores públicos, o que antes era para menos de 10.000 servidores agora chega a 90.000 servidores. Finanças. A crise econômica mundial de 2008 lançou um desafio: manter o equilíbrio das contas públicas sem interromper o andamento dos principais projetos para mudar a matriz produtiva do Estado, garantindo ao mesmo tempo justiça social, respeito ao meio Sexta com Arte, do Hospital das Clínicas Gaspar Viana

Na inauguração do residencial Maria Bibiana

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Fibra ótica para o Ação Metrópole

Nova sede do Procon e do Projeto Cidadão

ambiente e desenvolvimento para todas as regiões do Pará. A modernização da gestão fazendária contribuiu para o crescimento da receita própria do Estado de 8,65%, em 2008, em relação a 2009. Mesmo diante da crise, a receita própria do Estado cresceu 2,8%, no ano passado. A arrecadação do IPVA também aumentou 11% em relação a 2008. Arrecadamos, em 2009, R$ 217 milhões, graças à política de desoneração tributária do governo federal no setor automotivo, somada à facilidade do crédito e à melhoria da fiscalização estadual. Para incentivar a atividade produtiva, reduzimos e isentamos ICMS para diversos setores da economia. Nos dois primeiros anos de governo, cerca de 500 mil famílias (aproximadamente 3 milhões de paraenses) foram isentas ou tiveram redução do ICMS na tarifa de energia elétrica. Endividamento. O Pará está entre os cinco estados brasileiros com menor índice de endividamento. É importante mencionar que a Lei Complementar nº 101 - Lei de Responsabilidade Fiscal impõe um limite de duas vezes o montante da receita corrente líquida. Ou seja, o Pará ainda tem extensa margem de contratação de operações de crédito: cerca de R$ 13,7 bilhões. O Pará também está em situação confortável no que se refere a sua capacidade de pagamento. O comprometimento da Receita Corrente Líquida para pagamento do serviço da dívida é de 5,04%. O limite máximo é de cerca de 11%. Esses resultados fiscais demonstram que o Pará tem ainda uma enorme capacidade de captação de recursos de operações de crédito. Junto com as receitas próprias e transferidas, esses empréstimos são fundamentais para custear políticas públicas capazes de elevar o nível de desenvolvimento social e econômico da população paraense. Qualidade de Vida. O nosso Governo não se intimidou com a crise, cumpriu o compromisso de melhorar a qualidade de vida dos que mais precisam e criou as bases de uma nova matriz para o desenvolvimento do Estado. Cuidamos do presente com a atenção voltada para o futuro, conciliando crescimento econômico, investimentos em ciência e tecnologia, respeito ao meio ambiente e inclusão social. Esse processo de mudança exige a participação de todos os setores da sociedade, especialmente dos representantes do povo, a quem tenho a honra de me dirigir na abertura deste ano legislativo. Estamos no rumo certo e acreditamos que só a parceria em prol da defesa dos interesses maiores da nossa população pode nos conduzir a um futuro de oportunidades, justiça e paz para todos os paraenses. Muito Obrigada. P Manutenção e construção de mais de 2.000 quilômetros de estradas

Recuperando estradas


Rio de Janeiro recebe exposição de borboletas do Mangal das Garças Em pleno centro urbano de Belém

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Fotos: Tamara Saré / Ag. Pará

té o próximo dia 14 de março, a cidade do Rio de Janeiro receberá uma mostra do Borboletário do Parque Ambiental Mangal das Garças, no Jardim do Museu da República (Rua do Catete, 153). As mais de 500 borboletas da reserva mantida em Belém estão inseridas na exposição "Insetos na Cultura Brasileira", realizada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC), vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "A ação faz parte de um convênio assinado pela Organização Social Pará 2000 e a Fiocruz, que não se baseia só em disponibilizar de forma temporária uma pequena mostra das

A espécie conhecida como olho de coruja está entre os exemplares enviados à mostra no Jardim do Museu da República

Com cinco anos de existência, o Parque Ambiental Mangal das Garças preserva várias espécies amazônicas em pleno centro urbano

Criadas em plena harmonia com a natureza, as borboletas do Mangal das Garças integram exposição de insetos no Rio de Janeiro

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O Mangal das Garรงas No Borboletรกrio

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No Mangal das Garรงas

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Apreciando e documentando

borboletas produzidas pelo Mangal. Mais que o envio, os técnicos do Mangal fizeram um treinamento e assessoraram os da Fiocruz quanto à construção de um Borboletário permanente na sede da Fundação", explicou o biólogo do Parque,

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Igor Selingman. Aestrutura permanente será montada após o fim da exposição do Jardim Museu da República. Para a inauguração foram enviadas 500 pupas (estágio intermediário entre a larva e o inseto adulto) e mais 200

As Garças

borboletas adultas. Até o fim da exposição, serão enviadas 500 pupas por semana, de cinco espécies: borboleta olho de coruja (Caligo illoneus), ponto de laranja (Anteos menippe), júlia (Dryas iulia), brancão (Ascia monusti) e battus

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(Battus polydamas). Ainda dentro da parceria, quatro técnicos da Fiocruz conheceram durante o ano passado a estrutura e o trabalho de criação das borboletas no Parque Mangal das Garças. "O convênio fortalece o Mangal das Garças como referência na criação de borboletas, não só na Amazônia como em todo o país", ressaltou Seligmann.

Biodiversidade O parque ecológico acaba de completar cinco anos de existência e, com a exposição, extrapola os limites geográficos para divulgar a diversidade e a beleza da fauna amazônica. As borboletas são vistas pelos biólogos como "indicadores ecológicos", já que são reflexos das plantas que consomem para sobreviver. O desaparecimento de determinadas espécies atinge diretamente a existência das borboletas. Por isso, dizem os biólogos, elas são consideradas "verdadeiras guardiãs da biodiversidade". Também poderão ser vistos na exposição no Jardim do Museu da República instalações e objetos de arte, esculturas de carnaval, exposição de insetos, áudios e vídeos. Com entrada gratuita, a exposição oferecerá ainda programação especial para crianças nos finais de semana, incluindo oficinas com material reciclável, teatro de P bonecos e contação de estórias.

Durante as comemorações do 5º aniversário do Mangal das Garças

Grupo de Teatro "Palhaços Trovadores" durante as comemorações

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Sérgio PANDOLFO

A CIDADE-AVIÃO E SUA PISTA DE POUSO

E

m evocativa revisita estivemos na capital federal a participar do da UFMG, foi aluno destacado e mais tarde, por algum tempo, integrou seu CONGRESSO DA LÍNGUA PORTUGUESA EM BRASÍLIA (19 a 21 de quadro de professores, alcançando grande notoriedade na clínica privada nov.2009) e ficamos extasiado em constatar a grandiosidade, a e entre seus pares. beleza e as características únicas Almejando maiores conhecimentos de seu traçado e malha urbanísticos. viajou para Paris, então a meca das ciências e "Na Natureza nada Nascida da imaginação visionária das luzes – a cidade-luz – a fim de especializarse perde, nada se cria, do inesquecível Juscelino Kubitschek, um se em sua área de atuação, a Urologia. Passou médico de formação e um estadista de escol, também por Viena e Berlim, voltando com tudo se transforma". a capital da esperança irá completar, em imenso cabedal científico-cultural. Lei de Lavoisier 2010, cinquenta anos de fundação, Foi certamente essa viagem de “O JK de que recordaremos inaugurada que foi a 21/04/1960. Brasília estudos – une journée d'études, como se dizia é, antes de tudo, o homem então – que lhe abriu o espírito, a visão futurista está consolidada, pujante, flamante. JK, filho da barroca Diamantina, que foi capaz de antever, e a gama alentada de conhecimentos para era médico e, como tal, foi um dos maiores de realizar suas obras maiores e de mais fecunda no silêncio do cerrado sua época na capital de seu estado natal, profundidade e futuridade: a construção de BH-MG, que havia, igualmente, sido recémBrasília e seu corolário, a estrada Belémvirgem, a cidade nova, construída, projetada pelo grande urbanista Brasília. Foram ambos trabalhos hercúleos, só parauara Aarão Reis, de linhas modernistas capital de seu governo”. conseguidos em razão da determinação e força Folheto “Tributo a JK e grandiosas para uma região roceira que de vontade desse grande, quiçá o maior, fora, até então, o Curral d'El-Rei. Essa estadista brasileiro. grandiosidade da nova capital das Minas Gerais seguramente terá sido o Ao voltar dedicou-se com paixão e exclusividade à Medicina, primeiro elemento a impressionar e influenciar o espírito empreendedor e refutando vantajosos convites para o exercício de outras atividades, progressista do jovem médico. máxime a política, até que sucumbiu às constantes picadas da mosca Formado em Medicina pela recém-criada Faculdade de Medicina azul. Foi Secretário de Estado e depois Prefeito de BH, e no exercício desta

Plano Piloto de Brasília, projeto de Lúcio Costa. A cidade tem a configuração de um avião

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função pôde mostrar todo seu dinamismo, determinação e tino administrativo. Eleito presidente partiu para a realização de um rosário de obras vigorosas e marcantes, que o consagraram como o presidente das grandes e revolucionárias operações que mudaram o cariz conservador e até mesmo sonolento de nosso País. Brasília é, sem ponta de dúvida, sua realização mais conhecida, decantada e aclamada, que mereceu o reconhecimento inclusive da UNESCO como Patrimônio JK descendo em Brasília Cultural da Humanidade. Em suas próprias para inspeção das obras da futura capital e da palavras: “Para quem contempla Brasília, as rodovia Belém-Brasília emoções são sempre diversas. Admira-se a grandiosidade do plano de Lúcio Costa, o gênio de Oscar Niemeyer e a obstinada confiança de um povo em seu destino nacional. Só assim tornou-se possível levantar no Planalto uma cidade que é, ao mesmo tempo, um poema e um compromisso com o futuro” (acresceríamos o paisagismo de Burle Marx). Todos pessoalmente escolhidos por JK, que a conceberam, em seu Plano Piloto, sob a forma hipotética de um avião. Todavia, como nascente e vivente na Amazônia brasileira, essa tão falada quanto desconhecida região, que por sua portentosidade e riquezas de suas entranhas desperta a cobiça e a cupidez das grandes potências mundiais, posso afirmar, sem nenhum receio de incidir em impropriedade, que a construção da Belém-Brasília, hoje totalmente implantada e funcionante, e que de fato integrou a Amazônia ao Brasil, naquele então só cumprida por água e ar (barcos e aviões), foi sim obra da mesma enorme grandeza que a construção de Brasília, tendo em vista que a sua megaextensão de 2.200 km fora rasgada em mata virgem, densa, inóspita e caprichosa, atravessando áreas alagadas e volumosos cursos d'água, com todos os perigos (que incluía doenças novas, JK inspeciona pessoalmente as obras do estradão, um dos símbolos de seu governo

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incertas ou não-sabidas) que isso representava, tocada por um outro médico, também mineiro e de excepcional capacidade empreendedora, o Dr. Waldir Bouhid, à época Superintendente da SPVEA. Contrariando opiniões de técnicos abalizados e especialistas de grande nomeada, que após complexos e aprofundados estudos apresentados em relatórios afirmavam ser impossível a realização de tal obra, o grande JK, em memorável reunião havida no Palácio dos Trabalhos pioneiros de abertura Leões, em São Luiz (MA), estupefaciou a da rodovia de integração nacional todos com esta frase terminativa: “Muito bem, senhores, começaremos amanhã”. Pois bem: esse portentoso estradão integrador, que chegou a ser Monumento componente do Memorial JK em Brasília, pejorativa e sarcasticamente apontada por obra de Oscar Niemeyer um político da época como a “estrada para onça beber água” está a completar, igualmente, cinquenta anos, visto que sua picada original foi concluída dias antes da inauguração de Brasília. Os nortistas, e em particular os parauaras e belenenses de mais de 50 anos sabem muito bem como eram as condições de abastecimento e de reciprocidade de locomoção com o restante do País naqueles já recuados entonces. Por isso que para nós JK se afigura como o maior mandatário que esta Nação já teve e como o Presidente que, indubitavelmente, uniu a Amazônia ao restante do Brasil. Se Brasília é a cidade-avião, a Belém-Brasília é sua pista de pouso. JK foi o mais patente confirmador da Lei de Lavoisier: transformou o cerrado planaltino na metrópole pujante e deslumbrante que é hoje Brasília e rasgou a Floresta Amazônica de alto a baixo para nela implantar um segundo eixo monumental ligando a histórica cidade de Belém, a primitiva atalaia do Norte, à recém-criada capital federal, a capital da esperança. Nada se perdeu, tudo se transformou. E mais, muito mais teria feito esse gigante, o “presidente bossa nova”, como o cantou Juca Chaves, o médico que curou o Brasil do marasmo e da sonolência de que estavam possuídos seu solo e seu povo, se o deixassem seguir em frente, trabalhando com denodo e afinco em prol de sua pátria e de sua gente. (*) Médico e escritor. SOBRAMES/ABRAMES www.sergiopandolfo.com serpan@amazon.com.br

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Acesso à cultura, nosso maior desafio

E

conomia forte, instituições políticas sólidas e boas perspectivas colocam o Brasil na posição de uma das nações mais promissoras do mundo neste começo de ano. No entanto, o pouco acesso à cultura continua a ser um dos nossos pontos frágeis. Estas são as constatações que podemos subtrair dos levantamentos feitos pela revista International Living, publicação norte-americana que, desde o começo da década, elabora a medição informal do índice de desenvolvimento humano (IDH) de quase 200 países. Em 2010, os primeiros colocados são, respectivamente, França, Austrália, Suíça, Alemanha, Nova Zelândia, Luxemburgo, Estados Unidos, Bélgica, Canadá e Itália. O Brasil aparece em 38º -- nada mal, tendo em vista que foram 194 avaliados, mas ainda assim numa posição menos honrosa que a do Uruguai (19º lugar), da Argentina (26º) e do Chile (31º). Nossas melhores pontuações ocorreram nos quesitos de liberdade e segurança (foram analisados riscos de guerra e de ataques terroristas, e não a questão da violência urbana). Nossos piores desempenhos foram em infraestrutura e acesso à cultura. O que a International Living fez foi tabular aquilo que constatamos na prática. O Brasil é um País que incorporou os valores democráticos e que pratica a tolerância, mas ainda tem muitas lacunas a preencher. Na área de infraestrutura, um dos nossos calcanhares-de-aquiles, estamos investindo fortemente, mas continuamos distantes dos padrões que nos permitiriam suprir nossas demandas por energia, rodovias, ferrovias, hidrovias e fluxo portuário. Em habitação, nosso déficit é de aproximadamente 7 milhões de moradias. No âmbito da Educação e da Cultura, é sabido que o Brasil superou problemas antigos, como a falta de acesso à escola. Além disso, segundo o IBGE, em 2008, 56 milhões de pessoas de dez anos ou mais de idade acessaram a internet pelo menos uma vez por meio de um computador. Esse número equivale a 34,8% da

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por Antoninho Marmo Trevisan

população nessa faixa etária. A mesma pesquisa revela que o uso da internet foi maior entre os mais jovens. No grupo de 15 a 17 anos, por exemplo, a internet é usada constantemente por 62,9% dos jovens. A seguir, vem o grupo de 10 a 14 anos de idade, no qual 51,1% da população tem acesso à rede. Já o grupo de 50 anos ou mais é o time dos desconectados, com uma participação de apenas 11,2%. O uso do celular também está cada vez mais difundido. Cerca de 53,8% da

população de dez anos ou mais de idade tinham telefone celular para uso pessoal em 2008, segundo o IBGE. Tu d o i s s o i n d i c a q u e e s t a m o s acompanhando o restante do mundo em seu ganho de velocidade e no encurtamento de distâncias. Mas é triste saber que o interesse pelas novas tecnologias não se faz acompanhar por um embasamento intelectual que, no mínimo, tornariam mais interessantes e enriquecedoras as palavras que atravessam os caminhos de fibra ótica... Temos que nos empenhar no combate à má qualidade do ensino e favorecer o acesso à cultura. E um bom começo para o enfrentamento desse problema é a expansão do número de bibliotecas públicas pelo País. Hoje, ainda faltam bibliotecas em mais de 300 municípios brasileiros. O desafio de zerar esse déficit deve ser encarado como uma dívida histórica, por todos nós. Além de disponibilizarem livros variados para todos os tipos de público, as bibliotecas funcionam, principalmente nas cidades de menor porte, como espaços

importantes para a aquisição da cultura e o exercício da arte e da criatividade. Salas são aproveitadas para cursos de teatro, música e artesanato, e aquelas que recebem equipamentos para projeção se convertem em pequenos cinemas. Graças ao ambiente aconchegante e convidativo, as bibliotecas são opções excelentes para o convívio de crianças e de jovens que, sem essa alternativa, acabariam ficando horas e horas na rua, expostos a toda sorte de riscos e estímulos negativos. Infelizmente, porém, ainda nos falta trabalhar o apreço pelo livro com a ênfase que ele mereceria. Talvez porque os livros não sejam promovidos por meio de comerciais na televisão, nem tenham, por trás deles, importantes marcas licenciadas a reforçar seu apelo comercial, eles só são lembrados, em boa parte dos lares brasileiros, quando os pais recebem a lista de material escolar no início do ano. Dessa forma, transformam-se em símbolos da obrigação e da rotina, e deixam de ser identificados com aquilo que eles são de fato: companheiros para todas as horas, principalmente as de lazer. Transformar os livros em objeto de desejo é uma missão que deve ser encampada por toda a sociedade. Eles são inigualáveis na sua posição de alimentadores de corações e mentes. E é importante trabalhar essa questão com uma ênfase bastante grande junto às crianças e aos adolescentes. Coloco ênfase nos mais jovens porque é justamente nos primeiros momentos da vida que as pessoas despertam para o novo e começam a cultivar os valores e as crenças que irão acompanhá-las pelo resto de suas vidas. Se as crianças sonharem em ganhar livros com o mesmo ardor com que desejam as pistas de corrida, as bonecas e até as pistolas de brinquedo, estaremos mais próximos da construção de um país melhor. Pois não há riqueza maior do que o conhecimento, e é desse tesouro que o P Brasil mais precisa. (*) Empresário, educador e consultor. Preside a Trevisan Escola de Negócios, a Trevisan Consultoria e Outsourcing e o Conselho Consultivo da BDO, e integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES)

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2010 Quality of Life Index Country

France

Cost of Living Leisure & Culture

55

81

Economy

69

Environment

Freedom

72

100

Health

Infrastructure

100

92

Risk & Safety

100

Climate

Final Score

87

82

Australia

56

82

71

76

100

87

92

100

87

81

Switzerland

41

86

79

78

100

95

96

100

77

81

Germany

54

82

71

83

100

89

90

100

79

81

New Zealand

62

82

65

77

100

88

70

100

84

79

Luxembourg

44

76

85

77

100

87

66

100

83

78

United States

56

79

67

62

92

78

100

100

84

78

Belgium

41

83

66

64

100

88

96

100

86

78

Canada

62

76

69

62

100

84

85

00

69

77

90

62

100

87

77

75

77

60

77

Italy

56

85

63

74

92

Netherlands

48

71

69

67

100

87

92

100

Norway

39

60

89

76

100

90

89

100

Austria

41

86

68

87

100

85

68

100

76

77

44

80

100

65

100

80

44

100

79

76

63

70

53

84

100

89

52

100

95

76

88

69

84

100

86

72

100

78

76

90

65

100

79

76

76

75

Liechtenstein Malta Denmark

33

Spain

56

68

63

75

100

Finland Uruguay

39

93

66

68

100

81

76

100

60

72

52

72

100

76

64

100

93

75

Hungary

58

76

48

77

100

84

77

93

76

74

Portugal

55

72

52

74

100

86

56

100

83

73

Lithuania

63

68

48

81

100

80

56

100

79

73

Andorra

52

74

61

60

100

85

58

100

82

73

78

52

74

100

82

78

100

67

73

Czech Republic

48

United Kingdom

30

82

65

72

100

84

80

100

66

73

Argentina

61

67

52

71

83

82

56

100

91

72

74

100

72

56

100

83

72

79

72

89

72

Slovenia

53

69

56

Greece

52

64

58

70

92

84

64

100

Monaco

44

85

66

59

92

80

48

100

94

68

75

100

82

92

100

68

71

Chile

60

67

54

71

100

73

73

100

59

71

Estonia

60

82

44

77

100

75

64

86

74

71

Costa Rica

62

64

53

78

100

78

48

93

79

71

Panama

62

63

52

77

92

72

74

93

69

71

Sweden

Poland

51

74

52

72

100

80

64

86

76

71

Japan

24

92

51

71

92

89

64

100

84

70

77

83

76

52

93

95

70

71

83

59

83

82

70

Croatia

58

68

48

Brazil

64

58

65

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Eletrobrás destina R$ 15 milhões para Programa de Cultura em 2010

A

Além do teatro, audiovisual e patrimônio cultural imaterial também foram contemplados

Eletrobrás lançou recentemente, o Programa Sistema Eletrobrás de Cultura 2010, que destinará R$ 15 milhões a três áreas da cultura: teatro, audiovisual e patrimônio cultural imaterial. Além da inclusão do audiovisual e do patrimônio cultural imaterial, o programa tem como novidade o fato de incluir todas as 15 empresas do Sistema Eletrobrás em um único edital. O período de inscrição termina em 15 de março. O edital, o Manual do Proponente e o formulário de inscrição poderão ser acessados no site da Eletrobrás: http://www.eletrobras.com A verba prevista para este ano é R$ 6,6 milhões maior do que a do edital de 2009, que destinou R$ 8,4 milhões a 23 produções teatrais. Dos R$ 15 milhões orçados para 2010, R$ 10,5 milhões irão para o teatro, sendo R$ 9.750 mil para a produção de peças e R$ 750 mil para festivais da área. “Continuamos privilegiando o teatro porque é a área cultural na qual a Eletrobrás possui uma tradição consolidada e que agrega um grande valor à marca da empresa”, explica Luiz Augusto Figueira, coordenador geral da Presidência da companhia e responsável pela coordenação da equipe que definiu as normas do edital. Uma das novidades de 2010, o investimento na área audiovisual será de R$ 2.750 mil, com R$ 2 milhões destinados à produção de filmes de longametragem e R$ 750 mil a festivais. “Decidimos apoiar festivais de cinema e teatro como uma forma de evitar a concentração dos recursos no eixo RioSão Paulo”, afirma Luiz Augusto Figueira. O mesmo objetivo norteou a extensão do edital à área de patrimônio cultural imaterial, que receberá R$ 1,5 milhão, destinados especificamente à difusão e a preservação de festas populares. “Essa é uma área que recebe pouco apoio, embora seja fundamental para a conservação das raízes culturais brasileiras. Por isso, a Eletrobrás decidiu investir nela”, avalia o executivo. Para inscrever-se no Programa Sistema

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Luiz Augusto Figueira, coordenador geral da presidência da Eletrobrás

Eletrobrás de Cultura 2010, o candidato deverá entrar na área do site da Eletrobrás destinada à inscrição - que também poderá ser acessada através dos sites de todas as 15 empresas do Sistema por meio de links – e preencher o cadastro. “As inscrições somente poderão ser realizadas pela internet, como forma de manter a transparência e a impessoalidade de todo o processo”, explica Luiz Augusto Figueira, informando ainda que, no momento da inscrição, o projeto deverá estar ao menos protocolado no Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), do Ministério da Cultura. No entanto, ainda de acordo com executivo, no caso das produções audiovisuais, será exigida a aprovação na Lei doAudiovisual (Lei 8.685).

O processo de seleção constará de três fases: Pré-seleção Na qual será avaliado o cumprimento do regulamento, a correção no enquadramento do projeto na área em que foi inscrito e a documentação básica. Seleção: Nessa fase, os projetos serão avaliados por comissões compostas por técnicos da Eletrobrás e por especialistas reconhecidos em cada uma das áreas do edital. A avaliação levará em conta a qualidade e a viabilidade da proposta, a competência técnica da equipe envolvida em sua produção e sua capacidade de realização, e ainda critérios específicos da cada área.

Habilitação A documentação complementar será avaliada nessa fase. Os documentos necessários à fase de habilitação estão listados no Manual do Proponente. Resultado A divulgação do resultado final, com os projetos escolhidos por meio do edital, será no dia 30 de julho. “Os projetos escolhidos deverão ser realizados, no máximo, até 31 de julho de 2011”, informou Luiz Augusto Figueira, para quem o Programa Sistema Eletrobrás de Cultura 2010 consolida a forma como a Eletrobrás trata o apoio à cultura brasileira. “É um edital amplo, que permite aos produtores culturais do todo o Brasil concorrerem em igualdade de condições, de uma forma transparente”, afirma o executivo. AEletrobrás Maior companhia do setor de energia elétrica da América Latina, a Eletrobrás, fundada em 11 de junho de 1962, é uma empresa de capital aberto, controlada pelo governo brasileiro, que atua nas áreas de geração, transmissão e distribuição de e n e rg i a e l é t r i c a . C o m f o c o e m rentabilidade, competitividade, integração e sustentabilidade, a companhia lidera um Sistema composto de 12 subsidiárias, uma empresa de participações (Eletropar), um centro de pesquisas (Cepel) e metade do capital de Itaipu Binacional. P

Teatro, audiovisual e patrimônio cultural imaterial também foram contemplados

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