Pará+ 94

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setembro 2009

Belém - Pará - Brasil

www.paramais.com.br

ISSN 16776968

Edição 94

6,00 3

>>> III Festival Internacional de

ÓPERA DA AMAZÔNIA

E mais:

>>> A BELA SÉ >>> FESTA DO CACAU >>> ALZHEIMER




Catedral Metropolitana 06 reabre suas portas ao povo, à fé e à cultura

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Editais de Cultura da Caixa terão R$ 28 milhões em 2010

A nova secretária de Estado de Educação

X Festa Estadual do

28 Cacau em Tomé-Açu 34

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Cortejo reúne centenas de artistas na reabertura da Catedral

Festival Internacional 18 III de Ópera da Amazônia

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Editora Círios SS Ltda CNPJ: 03.890.275/0001-36 Inscrição (Estadual): 15.220.848-8 Rua Timbiras, 1572A - Batista Campos Fone: (91) 3083-0973 Fax: (91) 3223-0799 ISSN: 1677-6968 CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil

DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; COLABORADORES: Acyr Castro, Camillo Martins Vianna, Ruth Rendeiro, Sérgio Martins Pandolfo; FOTOGRAFIAS: Arnaldo Bonfim; Bené Costa; Carlos Sodré, claudio Santos, David Alves, Elcimar Neves, Elizeu dias, Eunice Pinto, Lucivaldo Sena Rodolfo Oliveira e Tamara Saré/Ag Pa; Carlos Lessa; Fabiano Menezes; Francisco Araujo; Gustavo Tílio; Julia Santos; Melina Marcelino; Oséas Santos/Alepa; Ricardo Stuckert/PR; e site Worth 1000; DESKTOP: Mequias Pinheiro; EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora Círios OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES

ANATEC ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES

PA-538

INPE se instala em Belém com a ajuda do Governo do Pará

Rampa do Porto de Vila 40 do Conde é a primeira obra do PAC no Pará

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Amazônia. Cobras Grandes e Pequenas

Mundial do Mal 48 Dia de Alzheimer

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Foto de Fe



Catedral Metropolitana reabre suas portas ao povo, à fé e à cultura Fotos: Cláudio Santos/Ag Pa

Catedral ou Igreja da Sé é a igreja do bispo e de onde ele governa a Igreja

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a nossa edição anterior mostramos em detalhes o andamento e como se processava a recuperação da igreja mais antiga da cidade –

a Igreja da Sé, nossa Catedral Metropolitana de Belém. Nesta edição estamos mostrando a festa solene de sua reinauguração, estando portanto reabertas suas portas para visitações e celebrações religiosas, nas comemorações da festividade de Santa Maria de Belém, padroeira da capital paraense, após detalhado processo de reforma e restauração, que custou R$ 14 milhões aos cofres estaduais. O trabalho foi realizado em três anos, quando a atual administração estadual assumiu o pagamento dos pequenos reparos feitos e assegurou o

convênio para repasse de recursos destinados à efetiva realização das obras. Com a chegada do cortejo cultural à Praça Frei Caetano Brandão, que saiu à tarde da Praça do Carmo, no palco em frente à Igreja de Santo Alexandre, a governadora Ana Júlia Carepa e o convidado de honra do governo do Estado, Dom Orani João Tempesta, ex-arcebispo de Belém e atual arcebispo do Rio de Janeiro, descerraram a placa de inauguração, ao mesmo tempo em que era iluminada a fachada do templo, e entraram na Catedral para a cerimônia litúrgica.


É uma alegria testemunhar a Igreja receber esse bem restaurado, disse Dom Orani

A governadora Ana Júlia Carepa e D. Orani Tempesta descerraram a placa inaugural, marcando a entrega do patrimônio à população

Imagem da Santa Maria de Belém revitalizada

Acompanharam a inauguração autoridades religiosas, militares e jurídicas; secretários e dirigentes de órgãos estaduais; deputados estaduais, e a comunidade católica da Paróquia de Nossa Senhora das Graças, da Cidade Velha, bairro onde está localizada a igreja. "É um momento de emoção para a população de Belém, e de todo o Pará. Quando assumimos o governo em 2007 visitamos a Sé, que estava em situação precária, porque nenhum centavo havia sido empregado na igreja. Não havia recurso no Orçamento, mas a governadora pediu que fossem remanejados os recursos para o início efetivo desse trabalho. A obra demorou porque a paramais.com.br

restauração requer detalhes a serem observados, mas hoje devolvemos a Catedral ao povo", afirmou Edilson Moura, secretário de Estado de Cultura, enfatizando a importância do templo para a religiosidade, história e cultura paraenses. "A Catedral simboliza a fé, a devoção do povo, o surgimento da cidade de Belém e o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, ícone da cultura do Pará", acrescentou.

Testemunha Para monsenhor Raimundo Possidônio, administrador da Arquidiocese de Belém, a Catedral é testemunha da história da

capital do Estado e um registro dos caminhos da comunidade católica. "O templo é sagrado, porque anuncia e celebra Jesus Cristo. Uma igreja não é de um santo; é a casa de Cristo e de seu povo", ressaltou, agradecendo o apoio do governo do Estado na realização da obra, e aos profissionais que dela participaram. "São grandes artistas, que não devem talento aos de outros Estados", ressaltou. "Tivemos várias paralisações e entraves nesta obra. Sem deixar de se preocupar com as necessidades do Estado e mudanças de perspectivas, o governo entendeu que tinha uma memória importante do povo a ser recuperada. É uma alegria testemunhar a Igreja receber

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esse bem restaurado", frisou Dom Orani. "Desse ponto sai a maior procissão católica do país, e do mundo. A restauração da Catedral é a materialização do desejo do nosso povo, de fortalecimento dessa fé, característica do povo do Pará, do povo brasileiro. Do pouco que estava feito, nada havia sido pago. Nossa administração que pagou", lembrou a governadora. Ela destacou ainda que foram feitas adaptações no projeto, como a garantia de acessibilidade a esse patrimônio, a instalação de câmeras de segurança para coibir vandalismo e a climatização dos ambientes administrativos. "Dialogamos com aqueles que estão cuidando da igreja e quase 100% das demandas foram atendidas", enfatizouAna Júlia Carepa.

Restauração As principais ações de restauro da

Catedral foram a revitalização da pintura da nave e capela-mor, com a recuperação das características originais das pinturas decorativas; implantação da acessibilidade às pessoas com limitação física e equipamentos para iluminação com durabilidade e baixo consumo de energia; climatização dos ambientes administrativos, considerando os aspectos econômicos na manutenção e conservação preventiva das pinturas murais; aquisição de quatro novos sinos e restauração de três antigos, que passaram a funcionar com sistema de automatização dos toques, compatibilizados aos relógios, também recuperados. Uma novidade do templo inaugurado foi a criação do "Memorial da Catedral", formado por objetos do acervo da igreja e registros históricos, do processo de restauro arquitetônico e dos bens P integrados.

O secretário Edílson Moura destacou o empenho do governo em garantir a execução da obra, após encontrar a igreja em péssimas condições

Ana Júlia Carepa definiu a restauração da Catedral, obra encampada por seu governo, como a materialização do desejo do povo paraense

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Missa de reabertura da Sé

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agnífica. Esta foi a palavra usada pelo administrador diocesano, padre Raimundo Possidônio, ao definir o resultado da reforma da Catedral de Belém entregue na noite desta terça-feira (1º), com uma missa presidida pelo ex-arcebispo da capital paraense, dom Orani João Tempesta. A cerimônia, que durou quase duas horas, contou com a presença de autoridades civis e religiosas, entre elas, a

A governadora Ana Júlia Carepa na missa da reabertura da Catedral Metropolitana de Belém

Fotos: Lucivaldo Sena e Elcimar Neves / Ag. Pará

governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, e o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, dom Edney Gouvêa Mattoso, que compareceu ao evento a convite de dom Orani. O ato religioso que marcou a reabertura da igreja da Sé, neste 1º de setembro, teve um significado especial para os católicos, por ser o dia dedicado a padroeira de cidade, Nossa Senhora de Belém, como lembrou o celebrante no momento da homilia. Dom Orani disse que a restauração do templo deveria significar para todos uma "renovação de vida".

A freira Socorro Mota entendeu a associação feita pelo arcebispo ao dizer que "nós precisamos nos restaurar". Dona Eliana Lobato participou da missa em pé e muito feliz por lembrar que foi na Sé a realização do seu casamento."Gloria a Deus, que hoje a Catedral de Belém já está reconstruída para o povo", disse ela. Mais profundo na reflexão foi o bispo auxiliar Rio de Janeiro ao comentar a restauração da igreja. "A reforma da Catedral deve ser para nós uma espécie de convite a uma restauração da igreja que somos cada um de nós. Assim como a Catedral, que estava em estado precário, muitas vezes nós nos encontramos em estado precário diante de Deus", refletiu dom Edney Mattoso. O bispo da diocese de Ponta de Pedras, dom Alessio Sacardo, que também concelebrou a missa de reabertura da Sé, disse que a igreja agora renovada na sua estrutura física é um local que eleva a alma humana. "Aqui a gente encontra o Pai", afirmou o religioso. "Foi uma reforma primorosa, muito bem feita. A Catedral renasceu". A missa de reabertura da Sé teve uma atmosfera solene. No momento do ofertório, foram levados ao altar da igreja objetos que fizeram parte do trabalho da restauração. A governadora Ana Júlia Carepa entregou ao ex-arcebispo de Belém o projeto da reforma da Catedral. Um capacete de operário também foi ofertado.

O discurso da presidente da CiVViva

Autoridades civis e religiosas

Dulce Roque disse assim: “Hoje é um dia de festa principalmente para a Cidade Velha. Vemos voltar ao seu esplendor a Catedral metropolitana de Belém, aquela que acolhe os paroquianos de N. Sra. da Graça. E a alegria é maior ainda pois isso acontece no dia de Sta. Maria de Belém. Falar da Igreja da Sé é falar da obra de um italiano que escolheu ficar em Belém, para assim nos deixar como herança todas as suas obras. Gostaria portanto de voltar com o pensamento ao período em que Landi, Antonio Giuseppe, vivia em Belém. Depois de discorrer sobre a vida e obra de Landi, ela concluiu: “Hoje portanto é um dia de jubilo e paramais.com.br


queremos agradecer todos aqueles que contribuíram para que esse resgate fosse completado. È uma festa não somente religiosa mas também da nossa cultura. Uma peça da nossa história foi salva. Agradecemos pois a todos os que possibilitaram a recuperação desta obra de arte e a realização deste evento dando tanta alegria aos paroquianos da Cidade Velha e de toda Belém. Todos temos que zelar por este patrimônio, pois ele é de todos nós e, quem sabe, a sua beleza restaurada incentive o resgate do que resta da historia da Cidade Velha”.

Nomeação Depois da conclusão da reforma e a entrega da Sé pelo governo do estado, agora a arquidiocese de Belém aguarda com expectativa a chegada do novo arcebispo da capital, que ainda não foi

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nomeado pelo Vaticano. De acordo com dom Orani João Tempesta, que foi arcebispo de Belém até abril deste ano, o processo está em andamento na Cúria Romana. Ele disse que a escolha do novo arcebispo pode demorar até um ano. Ou não. A lista com os nomes dos religiosos cotados para assumir o governo da igreja de No momento do ofertório, Belém já está no trabalhador oferta material Vaticano. Um padre que estava na cerimônia da Sé especulou que a

nomeação do novo arcebispo de Belém deve sair no final deste mês. Mas é só P especulação.

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Mais de 500 artistas participaram do cortejo cultural

grupos nessa manifestação cultural de um patrimônio material, que vai encontrar o patrimônio imaterial (o Círio de Nazaré)", foi destacada pela organizadora do evento, Célia Maracajá, gerente de Atividades Complementares da Fundação Curro Velho.

Sincretismo A festividade em celebração à fé e à cultura paraenses atraiu não só católicos, mas também seguidores de outras religiões, como o candomblé. "O nosso culto sempre respeitou o sincretismo com

Cortejo reúne centenas de artistas na reabertura da Catedral

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ais de 500 artistas participaram do cortejo cultural que marcou a reabertura da Catedral Metropolitana de Belém. Unindo tradição à diversidade cultural, com espaço para o sincretismo religioso, o desfile de banda musical,

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Fotos: Elcimar Neves, Lucivaldo Sena /Ag Pa

palhaços, grupos de boi e outras atrações saiu da Praça do Carmo, no bairro da Cidade Velha, seguindo pela travessa Dom Bosco, rua Dr. Assis e chegando à Praça Frei Caetano Brandão, em frente à igreja, onde muitas pessoas já aguardavam o cortejo. "A importância de reunir todos esses

a religião católica", disse Elizabeth Pantoja, coordenadora do Rundembo Ngunso Ti Bamburucema, religião afro com origem em Angola (África), sediada no bairro da Terra Firme. Ela disse ainda que Nossa Senhora de Nazaré, padroeira dos paraenses, tem relação com a entidade Oxum, conhecida como a Rainha das paramais.com.br


Apresentação da Amazônia Jazz Band dentro da programação da inauguração da Catedral da Sé

Angela Carlos e a Amazônia Jazz Band Cortejo Cultural na abertura da solenidade de inauguração da Catedral da Sé

Águas Doces, assim como Yemanjá protege as águas salgadas. Entre os participantes do cortejo estiveram também o grupo de boi do Projeto Orube, oriundo do bairro do Satélite e coordenado pelo músico Ronaldo Silva, e os palhaços do Projeto Artes Cênicas da Fundação Curro Velho, que trabalha com introdução ao teatro para crianças e adolescentes, cursos de música, pintura, dança e outras manifestações artísticas. Conhecido como Clown, o teatro de palhaços levou às ruas da Cidade Velha muita alegria nos

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números de malabarismo com fogo, A festividade em celebração à fé e à cultura paraenses atraiu não só católicos, mas também perna de pau e outras artes circenses. Após o cortejo cultural, a solenidade de seguidores de outras religiões, como o candomblé reabertura da Catedral prosseguiu com programação cultural no palco armado em frente à Igreja de Santo Alexandre, onde a governadora Ana Júlia Carepa inaugurou a iluminação da igreja, em meio à queima de fogos de artifício. Na praça, outras atrações completarão as homenagens, entre elas a Amazônia Jazz Band e os cantores Andréa Pinheiro, Ângela Carlos, Arthur Nogueira e DanielAraújo. P

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Faleiro participa de reabertura da Sé ao lado da governadora Ana Júlia Fotos: David Alves Ag/Pa

Um dos mais importantes monumentos de Belém reabre as portas após restauro

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ste é um momento de festa, de alegria para um povo religioso como o nosso e ainda mais para uma cidade como Belém que abriga um dos maiores e mais importantes eventos do mundo que é o Círio de Nazaré e a Catedral da Sé é o ponto de partida” assim disse o deputado Aírton Faleiro, líder do Governo na Assembléia Legislativa sobre a reabertura da Catedral da Sé, monumento histórico paraense, ao lado da governadora Ana Júlia Carepa (PT), do

arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta - que já foi o titular da Arquidiocese de Belém- e do administrador diocesano Monsenhor Raimundo Possidônio. Além do clero local estiveram presentes autoridades políticas e claro, os fiéis que lotaram o templo para ver a beleza restaurada da Sé. Para o parlamentar a viabilização de recursos do governo estadual para o trabalho de restauração da Catedral da Sé, um dos símbolos do barroco no Pará e umas das famosas obras do arquiteto italiano Antônio Landi, mostra o compromisso da governadora Ana Júlia com o povo paraense. “A partir do momento em que a governadora Ana Julia destinou recursos para a restauração da igreja significou um gesto de apoio ao lado religioso, mas também ao lado

cultural, pois hoje a catedral da Sé é mais do que um templo, ela faz parte da nossa história e da nossa cultura”, afirma o deputado, enfatizando ainda que o povo de Belém, do Pará, está de parabéns por essa obra, assim como a governadora Ana Julia que destinou recursos para a restauração da Catedral. P

Faleiro discursando na reinauguração da Sé

Deputado Airton Faleiro no cortejo de reinauguração da Catedral da Sé

Deputado Airton Faleiro, governadora Ana Julia e Dom Orani na reinauguração da Sé

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Computador portátil tem financiamento diferenciado para professores

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rofessores de 64 municípios brasileiros já podem comprar notebooks com preços acessíveis e condições diferenciadas de financiamento. O programa Computador Portátil para Professores oferece os equipamentos com preços de até R$ 1,4 mil e pagamento em até 36 parcelas. A iniciativa funciona como instrumento para a inclusão digital. E ela permite a transformação da dinâmica de ensino nas escolas de todo Brasil ao oferecer ao professor o contato com novas tecnologias educacionais. Os 64 municípios nos quais a compra já está disponível foram escolhidos porque obtiveram os melhores números no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB em 2007. A previsão é de que, dentro de aproximadamente um mês, o programa seja implantado em todas as capitais e, posteriormente, em todos os municípios brasileiros. Os computadores são destinados a professores em atividade do ensino básico, profissional e superior de instituições públicas e privadas credenciadas no Ministério da Educação (MEC). “Estamos ajudando o professor a ter um instrumento de trabalho para que possa utilizar os recursos tecnológicos oferecidos pelo MEC, como o Portal do Professor, o Banco Internacional de Objetos Educacionais e o Portal Domínio Público”, explica o secretário de Educação a Distância, Carlos Eduardo Bielschowsky. Presidente Lula entre a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro da Educação, Fernando Haddad, durante cerimônia de assinatura do decreto que cria o programa Computador Portátil para Professores

Fotos: Ricardo Stuckert/PR

O Computador Portátil para Professores é resultado da articulação entre a Presidência da República, MEC e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e o setor privado. Ele dá sequência ao projeto Cidadão Conectado – Computador para Todos que possibilita o financiamento de equipamentos com sistema operacional e aplicativos em software livre por preços acessíveis.

Compra

Objetivos Específicos

Para obter o financiamento, os interessados precisam ir a uma agência do Banco Postal dos Correios, do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal com o contracheque ou declaração da instituição à qual está vinculado. Com a definição do produto, do Banco e da forma de pagamento, o pedido é feito em uma agência dos Correios. O prazo médio de entrega é de 30 dias. O pagamento pode ser feito a vista, com valor máximo de R$ 1,4 mil ou em parcelas, por meio de contratação de empréstimo, com pagamento por consignação em folha, débito em conta corrente ou quitação de boleto. Cada professor só poderá adquirir um equipamento e o controle será feito por meio do Cadastro de Pessoa Física (CPF). As regras do programa estão disponíveis e m w w w. c o m p u t a d o r paraprofessores.gov.br.

Objetivo geral Criar condições para facilitar a aquisição de computadores paramais.com.br

portáteis para professores da rede pública e privada da educação básica, profissional e superior, credenciadas junto ao Ministério da Educação - MEC, a baixo custo e condições diferenciadas de empréstimo. O projeto pretende contribuir diretamente com outros projetos e programas do Governo Federal, como o projeto Um Computador por Aluno - UCA, o Programa Nacional de Tecnologia Educacional – ProInfo, e o Programa Banda Larga nas Escolas que visam universalizar o uso de computadores e a conexão à internet nas escolas públicas até o final de 2010. Facilitar aquisição de computadores portáteis para professores com preço máximo de R$ 1.400,00 (Hum mil e Quatrocentos Reais) à vista, com frete incluso e configuração básica de acordo com a portaria do programa Cidadão Conectado – ComputadorparaTodos. Auxiliar na formação intelectual e pedagógica dos professores, a partir da interação com as novas tecnologias da informação e comunicação - TIC, através da facilitação do acesso aocomputadorportátil. Aumentar os atuais patamares da inclusão digital e fomentar o desenvolvimento sustentável brasileiro. Propiciar um ambiente favorável à inovação na área de educação, paralelamente ao desenvolvimento de futuras tecnologias na área pedagógica e social, contribuindo assim para a melhoria da qualidade do ensino público brasileiro.

Características e configurações Processador de 2.2Ghz; Memória RAM de 1GB DDR2, expansível até 4GB; HD de 160 GB; Tela 14.1” com resolução Widescreen, 1280x800; Leitora e gravadora de CD/DVD; Sistema operacional Linux; Bateria Li-ion, 400Ah, com duração aproximada de 4 horas; Conexões: USB, wireless integrado, leitor de cartões ; Dimensões: 336 x 36 x 250 mm ; Peso: 2,2 kg P

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Editais de Cultura da Caixa terão R$ 28 milhões em 2010 Fotos: Cláudio Santos/Ag Pa

Inscrições de projetos para “Ocupação dos Espaços Culturais da CAIXA”, “Apoio ao Artesanato Brasileiro” e “Festivais de Teatro e Dança” cresceram 92% em relação ao ano anterior

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ncerrado o prazo de inscrições para os editais culturais, a Caixa Econômica Federal registrou um aumento relevante de propostas recebidas. Os projetos para “Ocupação dos Espaços Culturais da CAIXA” tiveram o crescimento mais significativo em volume (2.771), o que representa 42% a mais em relação a 2008. Para “Festivais de Teatro e Dança”, foram recepcionados 312 projetos, número 16% superior ao registrado no ano passado. O maior aumento percentual ficou por conta do edital de “Apoio aoArtesanato Brasileiro” que superou em 92% as inscrições recepcionadas em 2008, com 420 projetos. Os três editais totalizaram 3.503 propostas, de todas as regiões do país e o

investimento previsto é de R$ 28 milhões. Os números comprovam que os já tradicionais patrocínios culturais da CAIXA ganharam ainda mais força e, ao lado da histórica atuação nos segmentos sociais, assumem mais responsabilidades na área cultural do país. Para o gerente nacional de Promoções, Cultura e Esportes, Gerson Bordignon, “o recorde de inscrições é resultado de uma política inclusiva, de afirmação dos valores do país e preservação do patrimônio estético brasileiro, representado pela criatividade de nosso povo”. A CAIXA direciona ações para o apoio a projetos e programas culturais pertinentes aos segmentos de teatro, artes plásticas, fotografia, dança, música e artesanato. A escolha se dá anualmente via edital público de ocupação e divulgada em toda

a imprensa. São priorizados eventos que circulam nos espaços da CAIXA Cultural, localizados em Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, mas há destinação também para ações culturais que ocorrem em espaços de terceiros, assim como para projetos de todos os estados do país.

Ocupação dos Espaços Culturais da CAIXA Em 2008, de um total de 1.954 inscritos, foram selecionados 226 projetos para ocupação dos espaços ao longo de 2009, com um aporte em torno de R$ 23 milhões. Em 2009, as inscrições chegaram a 2.771 projetos, que estão em fase de análise e terão divulgação do resultado até 30 de novembro. “A CAIXA acredita que dessa maneira contribui para a democratização do acesso ao patrocínio cultural, possibilitando aos artistas dos mais distantes municípios brasileiros concorrerem ao patrocínio para a sua realização. Cabe um destaque: a maioria das atividades que acontece na CAIXA Cultural é suportada por projetos pedagógicos que ela mesma coordena, contemplando as atividades de visitação, monitoria, oficinas, além de lanche e transporte para crianças, idosos e portadores de necessidades especiais”, esclarece Gerson. Além dos espaços culturais em funcionamento, a CAIXA prevê a inauguração de outras três unidades, nas cidades de Fortaleza, Recife e Porto Alegre, ainda em fase de reforma e adaptação e com inaugurações previstas para 2010.

Apoio ao Artesanato Brasileiro Lançado em 2008, o “Programa CAIXA de Apoio ao Artesanato Brasileiro” consiste no patrocínio a comunidades

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patrocínio de projetos de festivais de teatro e dança foi lançado no primeiro semestre de 2008. No total, foram inscritos 531 projetos de todo o Brasil. Com um investimento de R$ 2,9 milhões, a CAIXA contemplou um total de 36 projetos de festivais, sendo 21 de teatro e 15 de dança. Ainda no mesmo ano, a CAIXA lançou a segunda edição do programa para seleção de Festivais de Teatro e Dança para o ano de 2009. Foram selecionados 28 projetos de teatro e 20 de dança, em um universo de 272 projetos inscritos (148 de teatro e 124 de dança) com um investimento total de R$ 3,45 milhões. O resultado do edital 2010 deste programa será divulgado até o próximo dia 04 de setembro. A partir de 2009, a freqüência de publicação do regulamento para os novos P processos seletivos tornou-se anual.

artesãs por meio de um processo seletivo público, aberto anualmente a todas as regiões do país. O programa tem por foco o desenvolvimento de comunidades artesãs e de sua sustentabilidade, a valorização do artesanato tradicional e da cultura brasileira, contemplando todo o processo produtivo, desde a aquisição de matéria-prima até a comercialização do produto. A primeira edição do programa culminou no patrocínio a 16 comunidades de vários estados brasileiros, com um investimento total de R$ 550 mil. Os projetos foram analisados com base em critérios como o manejo sustentável da matéria-prima para a produção artesanal, a sustentabilidade do projeto, a adequação das unidades produtivas aos princípios de economia solidária, comércio justo, a qualidade artística e o caráter tradicional do artesanato produzido e o impacto social positivo na comunidade em que estão inseridos. O resultado do edital 2010 deste programa será divulgado até o próximo dia 09 de outubro.

interesse do público, adequação orçamentária, além de perspectiva de contribuição ao enriquecimento sociocultural da comunidade e o caráter de responsabilidade social. A seleção de projetos culturais para patrocínio via processo seletivo público, definido por regulamento publicado na internet, visa a dar transparência à gestão dos recursos disponíveis para este fim, o que é primordial para uma empresa pública, como a CAIXA. O primeiro processo seletivo para o

Festivais de Teatro e Dança A seleção dos projetos para “Festivais de Teatro e Dança” é feita com bases nos princípios de nacionalização dos recursos, visando promover e incentivar as diversas manifestações artísticas e culturais em todo o território nacional, de respeito ao fazer artístico. Atende, ainda, a critérios como análise da concepção geral do projeto, currículo do proponente e das companhias integrantes, expectativa de paramais.com.br

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Durante a primeira ópera, o clássico Romeu e Julieta

III Festival Internacional de

Ópera da Amazônia

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Fotos: Eliseu Dias e Eunice Pinto/Ag Pa e Faraujo

s cortinas do Theatro da Paz se abriram para apresentação da primeira ópera – uma das atrações do III Festival Internacional de Ópera da Amazônia – o clássico "Romeu e Julieta", do compositor francês Charles Gounod, baseado na obra do dramaturgo inglês William Shakespeare. A terceira edição do festival prossegue até 19 de setembro, com cenas de outra Ópera espetacular: "Carmem", de Georges Bizet. A ópera Romeu e Julieta foi considerada por Charles Gounod sua obra prima. Inspirada na famosa tragédia homônima escrita por Shakespeare, a ópera conta em cinco atos o romance de dois adolescentes de famílias rivais, que acabam morrendo em nome desse amor. Também adaptada para o cinema, é uma das mais populares histórias de amor desde o século XVI. Gounod fez uma pequena alteração na história de Shakespeare. Na ópera, cuja estreia foi em 1867, Julieta desperta um pouco antes de Romeu falecer,

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proporcionando um último dueto entre os dois. A ópera tem uma partitura carregada de refinamento musical, cheia de nuances e detalhes. O compositor utilizou técnicas variadas para ambientar diversos momentos. O III Festival Internacional de Ópera da Amazônia teve ainda a participação da Orquestra Vale Música de Belém, na ópera "La Cambiale Di Matrimonio", de Gioachino Rossini, regida por Miguel Campos. A orquestra faz parte de um projeto social com crianças em situação de risco. Esta ópera é formada com elenco inteiramente por paraenses, valorizando os artistas locais. Ópera cômica em um ato, "La Cambiale Di Matrimonio" foi escrita quando o compositor tinha apenas 18 anos, sendo a primeira de uma série de farsas musicais compostas no início de sua carreira. A história se passa na Londres do século XVIII, onde o rico comerciante canadense Slook envia a Tobias Milque uma carta e uma nota promissória, solicitando que encontre uma esposa, e que esta deve lhe apresentar o documento. Milque decide oferecer sua filha, Fanni, a Slook. paramais.com.br


Edilson Moura o secretário de Cultura na abertura do III Festival Internacional de Ópera da Amazônia

Viajante A Orquestra Vale Música de Belém também participou da ópera convidada "O Viajante das Lendas Amazônicas", musicada e orquestrada pelo russo

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Serguei Firsanov, residente em Belém. O universo das lendas amazônicas foi composto a partir de poemas de João de Jesus Paes Loureiro. A história é contada por um curumim, que pede carona a um canoeiro para chegar ao município de Abaetetuba. Para isso, deve contar histórias ao dono da canoa para continuar viagem. Todo o elenco faz parte do Projeto Vale Música. Cantores, coro e orquestra sinfônica encenaram famosas árias da ópera "Carmen", uma das mais conhecidas do mundo, passada na região espanhola de Sevilha. Ainda fez parte da programação um concerto lírico, com árias e canções

Moradores de Abaetetuba assistem na Praça da Matriz uma apresentação do III Festival Internacional de Ópera da Amazônia, transmitida via internet, do pelo NavegaPará

francesas, na Igreja de SantoAlexandre. Além das óperas, o público pode assistir à palestra "Luciano Pavarotti

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Grandíssimo", com o crítico de ópera Sérgio Casoy, e participar do lançamento da 2ª edição do livro "Cronologia Lírica de Belém". Outra novidade foi o lançamento do DVD "OSTP 12 Anos", o primeiro registro de um concerto da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz em DVD. A apresentação foi gravada em concerto realizado em dezembro de 2008.

La Cambiale di Matrimonio, de Rossini

A trama escrachada de Gioachino Rossini fez o público delirar entre risos e aplausos. Muitos, por sinal. Cantores, equipe ténica e orquestra do projeto Vale Musica, da Vale acompanharam o ritmo, a energia e a leveza da obra de Rossini pela batuta do maestro Miguel Campos Neto. A Orquestra Sinfônica Vale Música executou a música da ópera Lá Cambiale. O Vale Música foi criado em 2000, no Espírito Santo, pela Fundação Vale e implantado no Pará em 2004. Atualmente, mais de 300 alunos, com idades entre sete e 20 anos são beneficiados pelo projeto de inclusão social por meio da música. São crianças e adolescentes estudantes da rede pública de ensino e residentes em diversos bairros dos municípios de Belém, Ananindeua, Benevides e Marituba. No

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Pará, o Vale Música é coordenado pela FundaçãoAmazônica de Música. Para Miguel Campos que regeu a segunda ópera do Festival, foi um momento de desafio e realização do trabalho que vem desenvolvendo junto a estas crianças e adolescentes desde 2007. “Para todos nós tocar esta ópera foi um trabalho muito importante porque eles já tocaram “O Viajante das Lendas Amazônicas”, do Serguei Firsanov, com texto de João de Jesus Paes Loureiro, uma ópera composta para eles”. “Eles saíram de uma zona de conforto e estão caminhando para uma do repertório operístico”, disse.

A história Em apenas um ato foi acompanhada a trama do negociante canadense Slook, interpretado pelo tenor Manuel Alvarez. A história se passa na Londres do século XVIII, onde o Slook envia a Tobias Milque uma carta e uma nota promissória, solicitando que encontre uma esposa, e que esta deve lhe apresentar o documento. A confusão começa quando Milque decide oferecer sua própria filha, Fanni. Acontece que Fanni está apaixonada por Edward Milford, empregado do escritório.

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Os criados Clarina e Norton avisam Mill que Slook está chegando para buscar a noiva. Norton avisa a Fanni do acordo do pai. Ela se escandaliza e Edward se irrita. Mill chega à sala e quer saber quem é o irritado intruso. Explicam-lhe que é o novo contador da firma. Deixando de se preocupar com a presença de Edward, diz à filha sobre a próxima visita do estrangeiro. Ela fica irada e desesperada, mas Edward afirma que tudo irá bem, que ele a protegerá. Chega, por fim, o esperado visitante Slook. Causa péssima impressão a todos, exceto a Sir Tobias Mill. Edward está por explodir, mas é contido por Fanny. absolutamente não o acompanhará. Edward também apóia a reação de Fanny, aconselhando Slook a regressar ao Canadá. Fazem ao estrangeiro as mais terríveis ameaças se não desistir da transação.

Em meio a toda esta confusão chega o esperado visitante Slook. Causa péssima impressão a todos, exceto a Sir Tobias Mill. Edward está por explodir, mas é contido por Fanny ao dizer que não o acompanhará. Edward também apóia a reação de Fanny, aconselhando Slook a regressar ao Canadá. Fazem ao estrangeiro as mais terríveis ameaças se não desistir da transação. Slook afirma que as especificações conferem inteiramente, mas ele não a quer. Mill, sentindo-se afrontado, desafia o cliente para um duelo, atirando-lhe uma luva à face, mas o visitante desconhece o significado do gesto. Slook sai em direção ao seu navio e Mill também deixa a cena com uma irritação sem limites. Pouco depois chega Edward e abraça efusivamente Fanny. Slook volta e observa, tudo compreendendo. A nota que está em seu poder é exibida então ao casal.

No espaço em que deveria apor seu próprio nome, escreve o de Edward Milford. O jovem par não sabe como demonstrar gratidão ao rico negociante. Os jovens saem e um criado chega trazendo duas armas, seguido por Mill. Finalmente a nota, a cambial é apresentada ao velho pelo próprio Slook que lhe diz que se acalme. Fanny e Edward se casam, sob a proteção de Slook.

Ópera A Cambiale Di Matrimonio

O Viajante das Lendas Amazônicas Cento e quinze crianças e adolescentes do projeto Vale Música se apresentaram no palco do Theatro da Paz para encenar a ópera infanto-juvenil "O Viajante das Lendas Amazônicas", dentro da programação do III Festival Internacional de Ópera daAmazônia. "O Viajante das Lendas Amazônicas" foi baseado no texto do poeta João de Jesus

O coro e a orquestra da ópera são formadas pelos alunos do projeto Vale Música

Paes Loureiro, musicado e orquestrado pelo compositor russo Serguei Firsanov, radicado em Belém há 17 anos. "O Viajante" é um exemplo raro de ópera no Brasil que valoriza as origens indígenas da cultura amazônica, além de reunir dois artistas de países distantes, o Brasil, com tradição de narrativas populares marcadas, na Amazônia, pela mitologia; e

O Viajante das Lendas Amazônicas

a Rússia, de conceituada tradição operística. O espetáculo com duração de duas horas e meia e encenado em três atos: Lenda do Uirapuru, Lenda dos Insetos e Lenda do Tamba-Tajá. O enredo entra no mundo das lendas caboclas, contando a história de um curumim que pede carona a um canoeiro. A viagem segue recheada com narrativas fantásticas sobre as nossas lendas. O coro e a orquestra da ópera são formadas pelos alunos do projeto Vale Música, criado pela Fundação Vale e coordenado, no Pará, pela Fundação Amazônica de Música (FAM).

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LA CAMBIALE DI MATRIMONIO G. ROSSINI Ópera de 01 ato com 1h15 de duração 01 intervalo de 15 minutos Regência e direção musical: Miguel Campos Orquestra Vale Música Belém / Direção de Cena: William Ferrara Figurinista: Hélio Alvarez Cenografia: Carlos Alberto Delarmelino Jr Iluminação: Rubens Almeida Elenco: Dione Colares, Manuel Alvarez, Antônio Wilson, Nilberto Viana, Jerfferson Luz e Ione Carvalho

VIAJANTE DAS LENDAS AMAZÔNICAS - SERGEI FIRSANOV Ópera de 01 ato com 1h15 de duração sem intervalo Regência e direção musical: Miguel Campos Orquestra Vale Música Belém (Orquestra da professora Glória Caputo, que faz parte de um projeto social com crianças em situação de risco) Coro Infanto-juvenil Vale Música Belém / Direção de Cena: Ester Sá 13 de Setembro - 10h30

«CARMEN - CENAS FAMOSAS" - G. BIZET Duração de 1h30 - com 01 intervalo Regência e direção musical: Enaldo Oliveira Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz Coro Lírico do Festival de Ópera Direção de Cena: Vanildo Monteiro Direção de Palco: Nandressa Nuñez Coreografia: Ana Unger Balé: Cia. de Dança Ana Unger Iluminação: Rubens Almeida Elenco: Magda Painno, Manuel Alvarez, Dione Colares, Gigi Furtado, Ione P

Serviço:

III Festival Internacional de Ópera da Amazônia. Desde 14 de agosto a 19 de setembro de 2009, no Theatro da Paz. Realização: Governo do Estado do Pará, através da Secretaria de Estado de Cultura - SECULT. Direção Artística e Geral: Dione Colares

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por Ruth Rendeiro

X Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico acontece este ano em Belo Horizonte

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s jornalistas interessados em participar ou apresentar trabalhos no X Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico, que acontecerá de 14 a 16 de outubro, em Belo Horizonte, devem procurar o site da entidade ((abjc.org.br). Lá estão disponíveis todas as informações. Com o tema central “Jornalismo Científico e Desenvolvimento Sustentável”, essa versão do Congresso promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Científico terá apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), que este ano comemora o décimo aniversário da sua revista Minas Faz Ciência, representante tradicional do conjunto seleto de veículos destinados à divulgação da ciência, da tecnologia e da inovação brasileiras. A exemplo de edições anteriores, o Congresso abrigará trabalhos de profissionais, professores, pesquisadores e estudantes e disporá de espaço para sessões orais e de pôsteres. Por isso, acelere a conclusão do seu trabalho ou pesquisa para apresentá-lo e compartilhálo no Congresso O tema central busca ampliar o conhecimento acerca dos fenômenos da sustentabilidade e sua interface com a Ciência e o Jornalismo Científico e pretende ser .um evento dinâmico e participativo, o que os organizadores a priorizar atividades simultâneas como sessões orais, de pôsteres e mini-cursos que poderão acontecer em um mesmo horário oferecendo opções diferenciadas aos participantes.

Programação Previsto para ser aberto oficialmente às 19:30h do dia 14 de outubro no Dayrell Minas Hotel, o X Congresso Brasileiro de

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Jornalismo Científico tem como palestrantes já confirmados Thomas Lewinsohn (professor Titular do Instituto de Biologia da UNICAMP), Luiz Carlos Baldicero Molion (professor da Universidade Federal de Alagoas) Luiz Guilherme Queiroz (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa–UFMG) e Miriam Santini de Abreu (SINTRAJUSC). No dia 15 de outubro acontecerão duas mesas redondas. A primeira versará sobre “As Faps e a Divulgação Científica” sob a coordenação de Vanessa Fagundes da Fapemig e a segunda sobre “A ciência no Brasil: da divulgação às políticas públicas de CT&I” com a coordenação de Graça Caldas, professora do Labjor Unicamp e Diretora Acadêmica daABJC. A presidente da ABJC e editora da revista Com Ciência Ambiental,Cilene Victor e o diretor de eventos da Associação e professor da Universidade Federal da Paraíba, Cidoval Moraes serão os responsáveis pelos minicursos. Um sobre “A Pauta Ambiental no Jornalismo Científico: erros e acertos” e o de Cidoval sobre Sociologia da Ciência.

Inscrições As inscrições para apresentação de trabalhos estarão abertas até o dia 20 de setembro e os interessados devem enviar o resumo e o trabalho completo exclusivamente via on line, com indicação da categoria (oral ou pôster). A seleção dos trabalhos será feita pela Comissão Científica do Congresso e podem ser redigidos em língua portuguesa ou espanhola, devendo constar o nome do(s) autor(es) e instituição, especificando o editor de texto usado (preferencialmente

Word 6.0 ou superior).As inscrições só serão confirmadas após a efetivação do pagamento. O valor da inscrição é variável e deve ser feito por depósito bancário em nome da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (Banco: Nossa Caixa Agência: 09610 - C/c: 04.000010-1). O sócio da ABJC adimplente, por exemplo, pagará, até 31 de agosto R$60,00; até 30 de setembro, R$ 100,00 e até 10 de outubro, R$140,00. O sócio inadimplente que efetuar o pagamento de R$ 120,00 até 31 de agosto, além de inscrito, regularizará a sua situação junto à ABJC. Se a inscrição for feita após o dia 30 de setembro, o valor será de R$ 160,00 e até o dia 10 de outubro de R$ 200,00. Há ainda as categorias de jornalista nãosócio e estudante sócio e não-sócio, detalhadamente explicitado na página da ABJC (abjc.org.br). P

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A nova secretária de Estado de Educação Fotos: David Alves/Ag Pa

D

ar continuidade ao t r a b a l h o d e fortalecimento da educação e aproximar a gestão estadual da sociedade civil e de diretores de escolas e regionais. Em síntese, esse foi o foco do discurso de posse da nova titular da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Socorro Coelho, que assumiu o cargo nesta sextafeira (4), em cerimônia no Centro Integrado de Governo. Professora concursada do Centro de Educação da Universidade Federal do Pará e doutora em Educação, Socorro Coelho substitui Iracy Gallo Ritzmann. Empossada pela governadora Ana Júlia Carepa, a nova secretária citou os desafios específicos da área, justificando que há necessidade, além da capacidade técnica de gestão, de "não esquecer que a educação é uma instituição social e que a escola é um empreendimento cultural. Por isso, investir na escola é a medida mais radicalmente revolucionária e democrática", declarou. Socorro Coelho falou de continuidade, agradecendo ao trabalho feito pelos secretários que lhe antecederam no Governo Popular, Mário Cardoso e Iracy

Edílson Rodrigues, secretário de Estado de Governo, saúda a nova titular da Seduc

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Ana Júlia Carepa da posse á titular da Seduc, Socorro Coelho, a nova secretária de Estado de Educação

Gallo, e adiantou a criação de novos espaços de diálogo. "Vamos criar o Fórum da Educação Democrática, incluindo a sociedade civil, e o Fórum de Diretores de UREs e USEs. Também queremos manter e ampliar o espaço de diálogo com os trabalhadores e colocar a gestão mais próxima da escola. Para isso, irei despachar pessoalmente nas UREs e

USEs", disse a secretária, recebendo aplausos de uma platéia formada por servidores da Seduc, secretários de Estado, vereadores, deputados e prefeitos. A governadora Ana Júlia Carepa agradeceu à secretária Iracy Gallo pela contribuição ao projeto do Governo do Estado e elencou alguns avanços conseguidos durante a sua passagem pela Seduc. "A secretária Bila pediu para deixar o cargo porque vai assumir novos desafios como gestora de educação, talvez em outra esfera de governo, o que não cabe a mim adiantar nesse momento". Entre as contribuições de Gallo destacadas pela governadora, estão a implantação de eleições diretas para diretores nas escolas estaduais e a instalação do Fórum de Secretários Municipais de Educação; a adesão pioneira entre os Estados ao programa Brasil Profissionalizado, que assegurou o investimento de R$ 15 milhões no equipamento e construção de escolas Para o deputado federal Paulo Rocha, a escolha de Socorro Coelho para a Seduc foi bem recebida por políticos e militantes do partido paramais.com.br


Socorro Coelho diz que investir na escola é a medida mais radicalmente revolucionária e democrática

profissionalizantes; a ampliação do programa Escola de Portas Abertas, criado pelo governo federal, mas realizado em algumas escolas com investimento exclusivo do governo do Estado; além da recuperação de diversas escolas. "Temos um trabalho contínuo pela educação de qualidade. Estamos recebendo de braços abertos a professora Socorro, que tem um compromisso com a educação, assim como o professor Mário Cardoso e a professora Bila Galo, que iniciaram esse processo de transformação no nosso governo", concluiu a governadora. A escolha de Socorro Coelho, membro

do Partido dos Trabalhadores, foi bem recebida por políticos e militantes do partido, como o deputado federal Paulo Rocha. "A escolha da Socorro, que é uma militante histórica do PT, coloca a cara do PT na educação no

nosso Estado. É um processo de continuidade em uma área que sempre foi muito cara ao projeto do nosso partido, que sempre consideramos como estratégico para o processo de P mudança."

No auditório do Centro Integrado de Governo – CIG, várias autoridades do Estado estiveram presentes a posse da nova secretária de Estado de Educação, Socorro Coelho

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X Festa Estadual do Cacau em Tomé-Açu

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65 produtores rurais estiveram reunidos no município de Tomé-Açu, no nordeste paraense, para a 10ª edição da Festa Estadual do Cacau, entre os dias 26 e 29 de agosto. O evento, promovido pela Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri), em parceria com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), se consolida como um importante momento de troca de experiências entre os diversos participantes da cadeia produtiva do cacau no Pará. A abertura oficial da X Festa do Cacau teve a presença do secretário de Estado de Agricultura, Cássio Pereira, e em seguida o jantar de confraternização com os produtores. A X Festa Estadual do Cacau teve a finalidade de atualizar conhecimentos por meio de palestras, cursos e treinamentos, e discutir alternativas para a sustentabilidade econômica, política, social e ambiental da cacauicultura no Pará. Para o secretário Cássio Pereira, "a Festa do Cacau consolida a política de expansão que envolve atividades culturais e a capacitação técnica". O Pará é hoje o segundo maior produtor de cacau do Brasil, sendo responsável por 60

Fotos: Carlos Sodré, Lucivaldo Sena e Tamara Saré / Ag. Pará

mil das 160 mil toneladas de amêndoas secas do produto produzidas anualmente no país. E as projeções para a lavoura cacaueira são favoráveis, já que atualmente a indústria do cacau possui uma demanda muito maior que a oferta, possuindo um déficit de cerca de 350 mil toneladas do produto. Ou seja, tudo o que se produz hoje é facilmente absorvido pelo mercado mundial e com boas condições de preço. Além disso, o Pará sai na frente em relação a outras regiões devido à qualidade do cacau, como explica José Luís Brígida, coordenador do evento pela Ceplac. "É uma produção muito desejada pelo mercado externo por algumas qualidades especiais. Possui um teor de manteiga elevado e um ponto de fusão também elevado, o que é preferido pela indústria chocolateira", explica. O gerente regional da Sagri na região da Transamazônica, João Batista, considera que os principais objetivos da festa foram alcançados: o intercâmbio entre produtor, indústria e comprador; a capacitação técnica, por meio de mini-cursos, oficinas e seminários; e o contato direto com o consumidor, que conhece de perto o produto. Para João Batista, o grande desafio do Pará agora é industrializar o cacau, e não

O Pará é o segundo produtor de cacau do país e aproveita a festa do fruto este ano, em Tomé-Açu, para anunciar investimentos do Funcacau

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Na X Festa Estadual do Cacau, em Tomé-Açu, estavam os maiores produtores e especialistas da cultura


Tomé-Açu/Camta

apenas produzí-lo in natura, em forma de matéria-prima, como se faz. Entre as vantagens da industrialização estão a agregação de valor ao produto e a geração de emprego e renda. Mas o passo inicial já foi dado, com a criação de uma agroindústria de beneficiamento de amêndoas de cacau no município de Medicilândia. O projeto, que tem o apoio do governo do Pará, está em fase de implementação e, segundo o gerente regional, já está gerando influência em vários pontos da iniciativa privada.

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To m é - A ç u f o i escolhido para sede do evento, neste ano, por se destacar pelo uso do sistema agroflorestal (SAF), desenvolvido por produtores o rg a n i z a d o s p e l o associativismo, consolidado pela Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), sendo 80% de agricultores familiares (328 famílias). A produção de cacau prevista para este ano no município é de 1.600 toneladas. Fundada em 1987, a Camta produz hoje 15 tipos diferentes de sucos de frutas, como acerola, cupuaçu e açaí, e exporta para Estados Unidos, Europa e Japão. O mercado reconhece que a produção ecologicamente correta agrega valor extra à produção. O cultivo feito por meio do sistema agroflorestal é uma produção ecológica e economicamente viável que resulta numa agricultura sustentável que causa menos impacto ao meio ambiente e proporciona renda o ano inteiro para os agricultores.

Com 50 mil habitantes, a 200 quilômetros de Belém, o município de Tomé-Açu foi fundado por imigrantes japoneses em 1929. Hoje, as 1.200 famílias nikeis formam a segunda maior colônia nipônica do Brasil, perdendo só para São Paulo. Elas cultivam 77.500 hectares de terra em sistema agroflorestal, que se caracteriza pela maior diversidade de culturas

Michinori Konagamo, produtor de Cacau em Tomé-Açu

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O mercado reconhece que a produção ecologicamente correta

Investindo na capacitação de produtores e técnicos

consorciadas, entre elas as essências florestais. O cacau foi a saída encontrada pelos japoneses para recuperação da agricultura depois da decadência da pimenta-doreino, dizimada por doenças como a fusariose na década de 1970. O produtor Michinori Konagamo optou pelo sistema agroflorestal, consorciando pimenta e cacau. Hoje, já tem mais de 20 espécies, entre frutíferas e essências florestais, plantadas na sua propriedade, sendo que 40% da renda resultam do cacau.

A cultura do cacau substituiu parte da economia perdida pelo combate à exploração florestal

Festa do Cacau consolida a política de expansão que envolve atividades culturais e a capacitação técnica

"Estamos sempre em busca de novidades tecnológicas para desenvolver a cultura do cacau consorciado com outras espécies, porque o sistema agroflorestal garante a preservação ambiental", disse Konagamo, que mantém 40 pessoas trabalhando na sua plantação. A produção paraense de cacau é estimada em 60 mil toneladas de amêndoas, mais de ¼ da produção brasileira - só perde para a

Funcacau

O Fundo de Apoio à Cacauicultura do Pará (Funcacau), com uma arrecadação prevista de R$ 3 milhões este ano, anunciou seus primeiros investimentos durante a X Festa Estadual do Cacau. A ideia é investir na capacitação de produtores e técnicos, na produção de

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sementes e mudas e no processamento e industrialização da fruta. O Funcacau, aprovado em janeiro de 2008, foi criado para viabilizar o Programa de Aceleração do Crescimento e Consolidação da Cacauicultura no Pará (PAC Cacau), em parceria com a

Bahia.A área plantada é de 94 mil hectares com 10 mil famílias assistidas em 32 municípios. A região de maior produção é a Tranzamazônica, sendo o município de Medicilândia o maior produtor do Brasil e se destaca também pela produção orgânica da fruta, que já começou a ser exportada para a Europa. A área de expansão da lavoura cacaueira no Estado P é de 24 mil hectares.

Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). "A cultura do cacau substituiu parte da economia perdida pelo combate à exploração florestal e está em plena expansão no Estado, com uma receita de quase R$ 250 milhões prevista para 2009", explicou o secretário

de Estado de Agricultura, Cássio Alves Pereira.

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Agricultores trocam a pimenta-do- DEPOIMENTOS Reinaldo Moreira, que produz reino pelo cacau em Tomé-Açu

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A família de Michinori Konagano exibe frutos e amêndoas de cacau

astante valorizada no mercado internacional no passado, a pimenta-doreino foi uma valiosa fonte de renda para as famílias durante cerca de 40 anos. Porém, na década de 1970, o produto começou a passar por um processo de decadência, com a chegada da Fusariose, doença que acomete os pimentais. A saída encontrada pelos agricultores foi o plantio consorciado da pimenta com outras espécies, sendo a principal delas o cacau. De lá para cá, a produção do cacau no município vem crescendo e ganhando destaque, tornando Tomé-Açu o 6º maior produtor do Estado atualmente. 1.200 famílias de nipo-descendentes que vivem no município formam a segunda maior colônia japonesa do país, tinha algo em comum: o trabalho no cultivo da pimenta-do-reino.

Consórcio Michinori Konagano tinha apenas dois anos de idade quando se mudou do Japão para o Brasil com a família e estabeleceu-se no município de Tomé-Açu, a cerca de 200 km de Belém (PA). A exemplo de seu pai, Michinori ainda cultiva pimenta-do-reino, mas hoje a produção de cacau de sua fazenda equivale à da pimenta: são 50 toneladas ao ano. Além disso, ele introduziu cupuaçu, laranja, coco, banana, mogno, castanheira e diversas outras espécies em sua plantação.

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Na propriedade de 850 hectares, ele aderiu ao Sistema Agroflorestal, também chamado de SAF. Trata-se de um sistema de plantio ambientalmente correto, já que combina o cultivo de espécies frutíferas com espécies florestais, proporcionando maior biodiversidade. O produtor rural explica que hoje quase 100% das famílias japonesas e dos pequenos produtores em geral do município aderiram aos SAFs, tornando Tomé-Açu referência internacional em termos de agricultura sustentável. Os Sistemas Agroflorestais ainda contribuem para a proteção dos recursos hídricos, redução no uso de agrotóxico, aumento da qualidade nutritiva dos alimentos e menor erosão do solo. Por tamanha importância ambiental, os SAFs foram um dos principais temas debatidos durante a realização da 10ª Festa Estadual do Cacau, ocorrida no município entre os dias 26 e 29 de agosto. O chefe da unidade da Comissão do Plano Executivo da Lavoura Cacaueira (Ceplac) em Tomé-Açu, Jasson Moreira, informa que o abandono da monocultura e a adesão ao novo sistema se deram graças ao cacau. Para ser cultivado, o cacau necessita de sombreamento e matéria orgânica, características que fazem dele uma espécie ecologicamente correta, pois levam ao plantio consorciado, explica ele. Michinori, cuja produção de cacau deve ultrapassar a de pimenta-do-reino no próximo ano, diz, com orgulho: "Hoje eu tenho mais de 20 espécies implantadas. Acho que encontramos a solução para recuperar as áreas alteradas pela agricultura". P Considerado uma espécie ecologicamente correta, por permitir o consórcio com outras culturas, o cacau ganha terreno em Tomé-Açu

cacau há sete anos no município de Placas, na Transamazônica, região que responde por 80% da produção do Estado. Reinaldo costumava trabalhar na criação de gado, mas, após a desvalorização deste, aderiu ao cacau e ficou satisfeito com o resultado. "Achei o cacau uma cultura boa para trabalhar. Gostei demais, e todo ano aumenta um pouco a minha produção", conta o agricultor, que hoje já cultiva em torno de 30 mil pés. Assim como ele, o produtor rural João Gomes, que vive no município de Medicilândia, também veio de longe para adquirir mais conhecimentos e aplicá-los em sua produção. Ele conta que achou a experiência da Festa do Cacau bastante proveitosa, tanto pelo aprendizado, quanto pela possibilidade de também dar sua contribuição. Entre os cursos técnicos ministrados durante a Festa do Cacau estão os de Produção de Cacau Orgânico, Administração de Propriedades Rurais e Cooperativismo no Agronegócio do Cacau.

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Affonso Rodrigues Vianna Neto o novo presidente discursa em sua posse

Fotos: Eliseu Dias/Ag Pa

O

Banco do Estado do Pará (Banpará) figura em primeiro lugar entre os 20 bancos mais rentáveis sobre o patrimônio, entre os pequenos e médios do Brasil, de acordo com o anuário "Valor 1000", editado pelo jornal Valor Econômico. Em 2008, o banco também conquistou o segundo lugar entre os que tiveram menor custo operacional entre os pequenos e médios. Esses resultados foram comemorados durante a posse do novo presidente Affonso Rodrigues Vianna Neto, recentemente no auditório do Centro Integrado de Governo (CIG). A governadora Ana Júlia Carepa foi representada pelo chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, também presidente do Conselho deAdministração do Banpará. A cerimônia de posse foi prestigiada por funcionários do banco, diretores de outras instituições financeiras, como Banco do Brasil e Banco da Amazônia, e secretários de Estado. Affonso ocupava o cargo de diretor comercial do Banpará na gestão

Cláudio Puty, chefe da Casa Civil, representando a governadora dá posse ao novo presidente do Banpará

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O novo presidente do Banpará anterior, de Edilson Rodrigues de Souza, que assumiu a Secretaria de Estado de Governo (Segov). "Ser um banco regional de varejo e fomento é um processo em construção. Quando recebemos o banco, em 2007, estavam esvaziadas as suas funções de banco estadual. Ao final dessa gestão, esperamos ter um banco sólido financeiramente, saudável e operacionalmente eficiente para que possa assumir a função de banco estadual significativo para o desenvolvimento", afirmou o empossado. A parceria da diretoria do Banpará com os funcionários foi destacada pelo expresidente. "Os resultados positivos se devem à capacidade de mobilização dos funcionários para um objetivo comum". Segundo ele, as metas dos gestores da instituição são a modernização tecnológica, expansão no interior e ampliação dos serviços, solicitadas pela governadoraAna Júlia Carepa. "É muito importante fazer um resgate histórico sobre o banco. A primeira fase foi de avanços, com destaque para atuação do Affonso, nos campos comercial, financeiro, legal e político. Nas esferas que transitamos já há o reconhecimento, não apenas efetivo, mas da eficiência do Banpará", comemorou Edilson.

instrumentos do Estado para exercer o seu papel na economia, de combatente das desigualdades entre nações e entre as populações. "Encontramos um banco sem resultados. E a disciplina e o talento do Edilson e sua equipe trouxeram ao banco a recuperação que precisava.

Anuário Temos ainda um enorme passivo do país para com a nossa região, e é fundamental o fortalecimento do banco para construção do novo modelo de desenvolvimento. O saneamento feito no Banpará agora é atestado pelo anuário Valor 1000", reforçou o chefe da Casa Civil. Dos 100 maiores bancos no Brasil, em 2007, o Banpará era o 69º banco; em 2008, passou a ocupar a 63ª posição. A variação do ativo total do banco, entre os dois anos, foi de 10,5%. As operações de crédito cresceram 62,1% e os depósitos 6,5%. "De 2006 a 2008, o lucro do banco foi multiplicado por seis, passando de R$ 6 milhões para R$ 36 milhões. E o que é mais importante: foi ampliada a participação da sociedade civil na sua P gestão", ressaltou Puty. Cláudio Puty, saúda Affonso Rodrigues Vianna Neto

Origem O Banpará foi criado pela lei nº 1.819, de 30 de novembro de 1959 e teve sua carta patente aprovada em 1961, pela Superintendência da Moeda, para efetivamente funcionar. Com 47 anos de existência, o Banpará está presente em 55 municípios paraenses, com 155 postos de atendimento. Affonso é o 17º presidente da instituição. "Vamos trabalhar para que o banco se torne competitivo e, ao mesmo tempo, indutor do desenvolvimento, considerando o moderno princípio da sustentabilidade, convergente com a política de desenvolvimento executada pelo governo do Estado", afirmou o novo presidente, destacando que a carteira comercial do Banpará era de R$ 180 milhões, em 2007, e chegará a R$ 600 milhões este ano. Para Cláudio Puty, o Banpará é um dos

Edílson Rodrigues de Sousa, ex-presidente, hoje,secretário de Estado de Governo, saúda o presidente do Banpará paramais.com.br


Rio receberá bênção de Nossa Senhora de Nazaré

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risto está de braços abertos para receber a maior romaria do mundo, o Círio de Nazaré. A imagem peregrina da Virgem de Nazaré visitará e abençoará o Rio de Janeiro nos dias 19, 20 e 21 de setembro. Realizado em Belém do Pará há mais de dois séculos, o Círio de Nazaré é uma das maiores e mais belas procissões católicas do Brasil. Este ano os cariocas terão a oportunidade, através desse grande evento de fé, de demonstrar a dimensão de sua crença na Virgem Maria, fortalecer ainda mais a sua fé e testemunhar o simbolismo da corda do Círio. Em Belém, no estado do Pará, cerca de dois milhões de romeiros se reúnem todo ano em uma caminhada de fé pelas ruas da cidade, em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, a mãe de Jesus, Padroeira do Pará e Rainha da Amazônia. “Vamos tentar, dentro do possível, repetir no Rio de Janeiro tudo aquilo que fazemos em Belém. Manteremos os ícones mais importantes e as tradições, como a corda do Círio e a imagem peregrina”, explicou Antônio César Neves, diretor coordenador do Círio de Nazaré em Belém.

Patrimônio Cultural O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) registrou, em setembro de 2004, o Círio de Belém como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial. Mérito este não só conquistado por causa da tão venerada imagem de Nossa Senhora de Nazaré, mas também pelo simbolismo da corda do Círio, que todos os anos é disputada pelos chamados promesseiros que enchem as ruas de Belém de fé, devoção e emoção; dos carros de promessas, que carregam o testemunho das graças recebidas por intermédio da Virgem; dos mantos de Nossa Senhora; da berlinda, que se destaca no meio dos milhares de fiéis ao carregar a pequena imagem de 28 centímetros; e do hino “Vós sois o Lírio Mimoso”, canção que embala a multidão que acompanha o Círio. De acordo com César Neves, há um trabalho para disseminar a fé em Nossa Senhora de Belém nas capitais do país. Nesse contexto, Brasília e São Paulo já foram abençoadas pela passagem do Círio de Nazaré. O Rio de Janeiro é a terceira capital escolhida para receber a visita da Rainha da Amazônia. “Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio, é o embaixador do Círio de Nazaré no Rio de Janeiro”, afirmou o diretor coordenador.

Programação A imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré chegará ao Aeroporto do Galeão às 6h45 do dia 19 de setembro e sairá em carreata até a Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro. Às 9h15, Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio, presidirá a Santa Missa e em seguida dará início à “Exposição do Círio”. Todos os anos, ver de perto a pequena imagem de 28 centímetros emociona os milhares de peregrinos que chegam de vários lugares para prestar homenagens à Rainha da Amazônia. A partir de 19h10, sairá uma Procissão Luminosa da Catedral Metropolitana que seguirá até a Igreja de Sant'Ana. paramais.com.br

No dia 20 de setembro, a imagem sairá da Igreja de Sant'Ana em direção à TV Brasil, na Lapa, às 6h45. Às 8h, os fiéis participarão de uma Missa, transmitida pela emissora. Logo depois, às 9h30, a imagem irá para o Centro Cultural da Marinha e, dez minutos depois, partirá para Niterói. A chegada às barcas está prevista para 10h40. A imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré sairá de helicóptero, às 11h15, com destino certo: o município de Saquarema, onde a chegada da imagem está prevista para 11h45. A pequena imagem de 28 centímetros retornará ao Rio por volta das 14h30 e chegará às 14h55 à Lagoa Rodrigo de Freitas. Às 15h10, a imagem sairá em carreata até Acari, passando pelo Humaitá, Botafogo, por Laranjeiras e pelo Catumbi. A chegada da imagem à Acari e o início do Círio de Nazaré está previsto para 16h. Em seguida, às 17h, haverá a Celebração Eucarística. Logo após uma Missa, a imagem retornará à Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro. No dia 21 de setembro, às 10h, a imagem sairá de carro da Catedral para o Santuário Cristo Redentor. Às 12h terá início a Oração do Ângelus. Às 13h30, a imagem seguirá em direção à Catedral. Estão previstos para 14h a chegada da imagem de Nossa Senhora de Nazaré à Catedral e o encerramento da programação. P

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INPE se instala em Belém com a ajuda do Governo do Pará

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INPE em Belém é um passo importantíssimo na descentralização das estruturas de laboratório e capital humano para a Amazônia", ressaltou o secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect), Maurílio Monteiro, durante a instalação oficial do Centro Regional do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) na Amazônia e da posse de Cláudio Almeida como diretor da unidade, na sede da Embrapa. Monteiro ressaltou as dificuldades de se produzir ciência numa região periférica, "social, científica e economicamente", e a importância de se aglutinarem esforços para vencer essas dificuldades. "Nosso desafio é que os recursos são poucos e as demandas, muitas", disse Maurílio, ao lembrar o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado em julho pelo Ministério Público Federal com os frigoríficos e pecuaristas do Pará, a partir de proposta do governo do Estado: "Um dos elementos fundamentais do TAC foi o monitoramento, por satélite, de áreas envolvidas no Cadastro Ambiental Rural", lembrou o titular da Sedect. "Da mesma forma, podemos usar o monitoramento para dar suporte ao manejo florestal e a outras demandas concretas e imediatas envolvendo a

Em cinco anos todas as atividades envolvendo o monitoramento da Amazônia, hoje feitas em São José dos Campos-SP, serão executadas a partir de Belém

Fotos: Rodolfo Oliveira/Ag Pa

economia do Estado, como a drenagem e o saneamento de várias áreas." O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) vai ajudar não apenas no monitoramento de queimadas na Amazônia, ou de desmatamentos e previsão do clima, mas também no manejo florestal e em várias atividades econômicas, como o agronegócio e a agricultura familiar. O INPE, instituído em 1961, tem sede em São José dos Campos e centros regionais em Natal (RN), Santa Maria (RS) e agora em Belém. Durante a posse, o diretor Cláudio Almeida destacou que "tudo que se refere à Amazônia é grandioso" e anunciou que em, no máximo, cinco anos todas as atividades envolvendo o monitoramento da Amazônia (hoje feitas em São José dos Campos) serão totalmente executadas a partir de Belém. A unidade do INPE já funciona na capital paraense desde janeiro passado, provisoriamente na sede da Embrapa, com 14 funcionários; em cinco anos, o laboratório definitivo e as instalações estarão no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (que o governo do Estado implanta em área da Universidade Federal do Pará) e terá em torno de 50 funcionários. "Também implantaremos em Belém cursos de capacitação em monitoramente

O INPE em Belém ajudará na monitoração de queimadas e desmatamentos, e também no manejo florestal e em várias atividades econômicas

de florestas, e outros de pós-graduação", destacou Cláudio Almeida. "A meta é nos tornarmos a maior referência mundial em monitoramento de florestas tropicais." A diretora do Museu Emilio Goeldi, Ilma Vieira, destacou a cooperação entre várias instituições, para que o INPE instalasse uma unidade na Amazônia, "sobretudo o papel do governo do Estado, que aportou recursos para a conquista e também mobilizou a bancada legislativa do Pará em Brasília para aprovar a emenda garantindo a implantação". "Não estamos aqui apenas para reproduzir as atividades que eram feitas a partir de São José dos Campos", reforçou Gilberto Câmara. "Vamos ajudar a definir políticas públicas e também investimentos econômicos a partir do uso da terra, por exemplo." O diretor do INPE também destacou a transparência com que são feitas e disponibilizadas as pesquisas do INPE. "Está tudo na internet, independente de os números serem bons ou maus. Ciência não é luxo, é condição para o futuro. Nosso compromisso é com a excelência." O titular da Casa Civil do governo do Estado, Cláudio Puty, último a falar na cerimônia de posse de Cláudio Almeida, lembrou que, em 500 anos, o Brasil produziu grandes passivos, aos poucos solucionados, como a libertação dos escravos, os direitos políticos às mulheres e a redemocratização após o golpe militar de 1964. "Entre os passivos, profundas desigualdades regionais, que fizeram a Amazônia perder séculos de desenvolvimento, que agora o INPE, junto com outras ações, contribui para resolver." paramais.com.br


parques de ciência e tecnologia. Após a cerimônia, as autoridades e pesquisadores fizeram uma visita ao Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, na UFPA, onde o governo do Estado investe mais de R$ 40 milhões e que vai abrigar as instalações definitivas do INPE no Pará.

Convidados presentes durante a posse do CRA/INPE

Novo modelo Claudio Puty lembrou que um dos maiores benefícios que o INPE trará à região será a formação de mão-de-obra altamente especializada, e que vai não apenas monitorar, mas ajudar a desenvolver dinâmicas de ocupação do território. "O Pará sofre um processo brutal de ocupação. Surgem novas elites e pólos de desenvolvimento, como no sul e sudeste do Pará, e o INPE vai nos auxiliar,

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por exemplo, a garantir a sustentabilidade ambiental e a distribuição de renda nesses pólos". O secretário da Casa Civil também destacou os investimentos do governo do Estado no sentido de promover um novo modelo de desenvolvimento no Pará, com a agregação de mais ciência e tecnologia a produtos e processos, entre os quais a criação da Fundação de Amparo à Pesquisa, do Instituto de Desenvolvimento Econômico Social e Ambiental e da implantação de três

Gilberto Câmara, o diretor do INPE, também destacou o esforço de pessoas lúcidas para a implantação de uma unidade do INPE no Pará, em especial, do governo do Estado

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Cláudio Puty, chefe da Casa Civil, e o diretor geral do INPE Gilberto Gama, ao centro com secretário de Ciência e Tecnologia do Pará, Maurílio Monteiro , o diretor da Embrapa Cláudio Carvalho e o chefe do CRA\INPE em Belém, Cláudio Almeida,durante a solenidade da Posse

No parque, o secretário-adjunto da Sedect, João Weyl, informou que o governo do Estado investiu R$ 12 milhões, em recursos próprios, para que o INPE se instalasse em Belém, e destacou que o governo Ana Júlia Carepa, via fundação de Amparo à Pesquisa, deve criar bolsas específicas para que pesquisadores possam usufruir da excelência do INPE no Pará. "Também vamos potencializar, em função disso, não apenas os laboratórios do INPE, mas outros, como nas áreas das engenharias, em cooperação e integração, e a partir de demandas locais", destacou João Weyl.

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Visita ao canteiro de Obras do Parque de ciência e Tecnologia do Guamá

Investimentos Gilberto Câmara, o diretor do INPE, também destacou o esforço de "pessoas lúcidas" para a implantação de uma unidade do INPE no Pará, "em especial, do governo do Estado". E lembrou que "o INPE em Belém não começa do zero, mas traz toda a experiência e o acúmulo científico já desenvolvido na Amazônia, sobretudo nos últimos 21 anos, a partir de um acordo com a China, que envolveu o lançamento de três satélites, com previsão P de lançar mais dois, até 2011".

Gilberto Gama, diretor geral do INPE outorga a posse de Cláudio Almeida no Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá

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Governo quer Belo Monte beneficiando autoprodutores de energia

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ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse à governadora Ana Júlia Carepa que há possibilidade de incluir, a pedido do governo do Pará, mecanismos que possibilitem aos autoprodutores de energia participar do edital da hidrelétrica de Belo Monte. O leilão da usina, que será construída no rio Xingu, está previsto para novembro deste ano. Se for atendido pelo governo federal, o pedido de Ana Júlia Carepa representará um estímulo ao desenvolvimento do Pará e deverá se tornar um marco na história da geração de energia no Brasil. Segundo a governadora, a solicitação tem como alvo os autoprodutores, os quais visam o fornecimento de energia para

O ministro Édson Lobão informou à governadora Ana Júlia Carepa e ao secretário Maurílio Monteiro a possibilidade de mudança no edital de Belo Monte

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Fotos: David Alves/Ag Pa

empreendimentos localizados no Pará. Eles poderiam participar do leilão e, consequentemente, ter uma parcela da energia gerada. Os autoprodutores são pessoas físicas ou jurídicas, ou mesmo empresas reunidas em consórcio, que têm concessão ou autorização para produzir energia elétrica destinada ao seu uso exclusivo. Há alguns meses o setor vem tentando participar do leilão de Belo Monte, embora nos últimos leilões as regras tenham tornado inviável a participação do segmento. Acompanhada pelo secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Maurílio Monteiro, a governadora reuniu-se em Brasília com o ministro Lobão exclusivamente para apresentar a reivindicação de reservar pelo menos 25% da energia de Belo

Estado tem vocação para a indústria minero-metalúrgica, que tem seus preços regulados pelo mercado internacional e precisam minimizar os custos de um de seus principais insumos, que é a energia elétrica

Monte para o setor. O ministro disse que a questão será analisada pelo governo, mas adiantou que o pedido "é algo possível".

Empreendimentos Segundo Ana Júlia Carepa, o pedido para que, na definição das regras do leilão, parte da geração de Belo Monte seja dedicada à autoprodução, significa atrair mais empreendimentos para o Pará. "Se o governo federal aceitar, será uma nova fase para o Brasil, com a geração de energia elétrica induzindo o desenvolvimento regional", afirmou a governadora. Para ela, a oferta de energia elétrica competitiva no Pará é questão primordial para a promoção do desenvolvimento regional sustentável, uma vez que agrega

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O pedido "é algo possível"

valor à atividade de mineração local. "As vantagens são muitas: adição de valor aos insumos básicos gerados no Pará, aumento do PIB regional e incremento do transporte hidroviário", enumerou. Segundo Maurílio Monteiro, "o esforço do governo paraense é para reverter dinâmicas históricas de concentração industrial nas regiões sul e sudeste".

Ampliação Atualmente, o Pará já concentra grande parte da produção mundial de alumina. Mas, segundo o secretário Maurílio Monteiro, os números atuais podem ser muito ampliados se o pedido do governo paraense for aceito pelo Ministério de Minas e Energia. Maurílio Monteiro calcula que, com 25% da energia média gerada por Belo Monte, se chegaria a 1.200 MW, o bastante para implantar mais duas grandes indústrias do setor no Pará. Albras-Alunorte - Lingotes de Alumínio

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Cada uma dessas empresas consumiria 600 MW e comercializaria aproximadamente U$ 900 milhões anuais. Juntas, elas gerariam, em salários e pagamentos a fornecedores, um valor anual estimado de R$ 400 milhões. "O investimento para a implantação desses dois projetos chegaria a R$ 5 bilhões, com uma geração de mais de 2 mil empregos diretos, além de receitas que viriam para o Estado", contabiliza o secretário. De acordo com Ana Júlia Carepa, a reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro, iniciada nos anos 90 do século XX, resultou na falta de alternativas consistentes para o problema da exclusão elétrica e da oferta ou suprimento de energia ao Sistema.

Pará prejudicado Ela afirmou que o Pará foi um dos Estados mais gravemente atingidos, principalmente por causa de sua grande dimensão territorial, aliada a um mercado consumidor de energia elétrica bastante esparso e significativo percentual da população sem acesso à energia elétrica. "A isso se soma o fato de que o Estado tem vocação para a indústria minerometalúrgica, que tem seus preços regulados pelo mercado internacional e precisam minimizar os custos de um de seus principais insumos, que é a energia elétrica", reiterou. Ana Júlia Carepa disse ao ministro que, mesmo com o impacto positivo das medidas implantadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003 e 2004, o alto potencial energético do Pará - o maior do Brasil, representado pela usina de Tucuruí (8.500 MW) e as futuras Belo Monte (11 mil MW) e São Luís do Tapajós (12 mil MW)" - não se reflete em vantagem real. Segundo a governadora, é necessário

Mais duas dessas...

fazer alterações no cálculo da Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST), de forma a valorizar a proximidade dos grandes consumidores das maiores usinas de geração do sistema nacional. "A estrutura de cobrança da TUST não reflete adequadamente a vantagem de proximidade dos grandes consumidores das maiores usinas de geração do sistema", disse ela. Para Ana Júlia Carepa, o atual modelo também não estimula a participação dos autoprodutores de energia nos consórcios que têm participado dos leilões de energia, especialmente os de grandes empreendimentos. "Tem restado aos consumidores eletrointensivos a alternativa de aquisição de energia elétrica no ACL (Ambiente de Comercialização Livre), cujo preço de compra, somado ao valor da TUST, inviabiliza a implantação de diversos empreendimentos no Pará. Isso quer dizer perda de emprego e renda para a população de nosso Estado", informou Ana Júlia Carepa. P

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A rampa rodofluvial do Porto de Vila do Conde

Rampa do Porto de Vila do Conde é a primeira obra do PAC no Pará Fotos: David Alves/Ag Pa

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ustos de logística até quatro vezes menores e, consequentemente, maior competitividade nos mercados nacional e internacional para as empresas que operam no Pará. Este é um dos resultados esperados com a inauguração da rampa rodofluvial do Porto de Vila do Conde no município de Barcarena. Primeira obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) entregue no Pará, a rampa faz parte do projeto de ampliação do porto, que deverá triplicar sua capacidade de operação até 2012. Com um investimento de R$ 7 milhões, a rampa rodofluvial, ou "roll-on roll-off", permitirá a integração entre os modais rodoviário e aquaviário, inclusive o carregamento de caminhões direto nas balsas, diminuindo os custos nas operações de transporte. Segundo o administrador do porto, Francisco Eduardo Pasetto, a rampa poderá receber duas balsas simultaneamente, e o porto terá condições de movimentar de 200 a

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Assinando a ordem de serviço para realização do restante da obra, que inclui a duplicação da ponte e a construção de três novos berços, que permitirão a atracação de mais navios ao mesmo tempo

300 mil toneladas por mês. "Todo o acesso que antes era rodoviário passa a ser fluvial, o que também abre mais possibilidades para o transporte de

cabotagem, que foi instalado agora em agosto e diminui custos para as empresas, com embarcações que vão descarregando mercadorias em vários portos", explicou, paramais.com.br


Inauguração da rampa rodofluvial do Porto de Vila do Conde

adiantando que indústrias produtoras de manganês, ferro gusa e minério de ferro já demonstraram interesse em usar o modal hidroviário a partir da rampa. "Outra opção de carga será a madeira", acrescentou. Durante a cerimônia, o secretário adjunto da Secretaria Especial de Portos, José Di Bella, a governadora Ana Júlia Carepa e o presidente da Companhia Docas do Pará, Clythio Van Buggenhout, assinaram a ordem de serviço para realização do restante da obra, que inclui a duplicação da ponte e a construção de três novos berços, que permitirão a atracação de mais navios ao mesmo tempo, diminuindo a espera nas operações. A previsão de conclusão é de 18 meses.

Primeira obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) entregue no Pará

A governadora Ana Júlia Carepa lembrou que, integrada às eclusas que devolverão a navegabilidade ao rio Tocantins - obra a ser finalizada em 2010 -, além da recuperação da BR-163 (SantarémCuiabá) e da BR-230 (Transamazônica), todas incluídas no PAC, a ampliação do

Porto de Vila do Conde facilitará a logística no Pará e será fundamental para viabilizar investimentos, como a siderúrgica que a empresa Vale implantará em Marabá e deverá ter sua produção escoada para a exportação por Barcarena.

Estiveram presentes José Di Bella, adjunto da Secretaria Especial de Portos, Clythio Van Buggenhout, presidente da Companhia Docas do Pará, Paulo Rocha, deputado e coordenador da bancada federal do Pará e do Norte

Clythio Van Buggenhout, presidente da Companhia Docas do Pará

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Paulo Rocha, deputado e coordenador da bancada federal do Pará e do Norte, discursou na ocasião

Valeu companheiro!

Transformação "Sinto-me um pouco responsável por essa obra, porque mesmo antes de assumir o governo conversei com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a necessidade de obras de infraestrutura para avançarmos no desenvolvimento do Estado. Essa era uma reivindicação de todo o povo paraense, e posso dizer que teremos condições, com essas obras, de ter um Pará completamente transformado", ressaltou a governadora. Para Clythio Van Buggenhout, a rampa rodofluvial, inaugurada quando a CDP completa 42 anos, atende a uma necessidade antiga. Segundo o presidente da companhia, com todas as mudanças no porto, que representarão um investimento total de R$ 342 milhões, a expectativa é de Vila do Conde chegar a uma movimentação de 35 milhões de toneladas nos próximos dez anos. "Todos estão satisfeitos de ver materializado o fruto do nosso esforço e da parceria com o governo federal, para fazer com que este porto ultrapasse as fronteiras do Estado", afirmou. "Fui usuário deste porto por vários anos, e posso dizer que essa é uma reivindicação antiga e uma obra importante não só para o Pará, mas para o país", disse José Di Bella Filho. Para o gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Pará (CNI-Fiepa), Raul Tavares, as obras no Porto de Vila do Conde são "da mais alta importância para o desenvolvimento da logística no Pará, um fator preponderante para o barateamento do custo da exportação". Com isso, o ganho em competitividade, ressaltou Tavares, vai refletir no desempenho das empresas, na geração de empregos e no custo final dos produtos ao consumidor. P

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Com parte da segurança da rampa rodofluvial

Todos estão satisfeitos de ver materializado o fruto do nosso esforço e da parceria com o governo federal

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Sérgio PANDOLFO

TIMOR LOROSAE Dez anos de independência mais jovem nação do O 218º Estado mundo celebrou no soberano do mundo atual é passado 30/08/2009, um um país minúsculo, de tãodomingo, em Díli, o somente 33.917 Km² e cerca de um décimo aniversário do referendo que milhão e cem mil habitantes (remanescentes da levou esse pequeno país à mortandade perpetrada pelas milícias obedientes independência, depois de uma sofrida e a Jacarta e da maciça evasão), e iniciou sua ingente resistência à ocupação trajetória autônoma totalmente empobrecido e indonésia. Há exatos dez anos, i.é, carente de tudo, com altíssimos índices de 30/08/1999, por meio de eleição analfabetismo e desemprego, resultado do regime plebiscitária organizada pela ONU, mais de terra arassada, impingido pelas forças de 78% dos eleitores timorenses Presidente Ramos Horta, o 1° Ministro invasoras, culminado com sangrenta carnificina, Xanana Gusmão, autoridades e pronunciavam-se pela independência da pilhagem generalizada e incêndio, à Nero, das representantes de diversos Países Indonésia, que militarmente ocupara o cidades timorenses, em 1999, logo após a opção pequeno país e o incorporara como a 27ª província dessa potência pela independência, manifestada, como já se disse, em plebiscito levado asiática dominadora. A 20 de maio de 2002 foi oficialmente proclamada a cabo pela ONU, legitimando a autodeterminação do valente povo a independência de Timor-Leste, em meio a festiva e muito colorida maubere, que necessitava, agora, de todo o estoicismo e denodo para cerimônia, também marcada pela emoção, pondo fim a 450 anos de iniciar a construção de uma pátria em que possa viver em paz, harmonia

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Presidente Ramos Horta passa em revista as Tropas.

Inauguração do novo Palácio Presidencial

dominação estrangeira de seu território. Pouco depois da meia-noite a e liberdade. bandeira do primeiro país livre deste século, preta, amarela e encarnada Durante a cerimônia festiva, animada por artistas locais e com estrela branca, passou a flamejar, sobranceira, em alto mastaréu, prestigiada maciçamente pelo altivo povo maubere, de maioria católica, assistida por representantes de mais de 90 países, incluindo a o Primeiro Ministro Xanana Gusmão e altos dignitários internacionais, o presidente da Indonésia, o ex-presidente presidente Ramos Horta prestou dos EUA, Bill Clinton e o então significativa homenagem aos milhares secretário-geral da ONU, Kofi Annan. de mortos que tombaram durante a “luta Nascia ali a República Democrática do épica” pela liberdade, mas rejeitou, uma Timor Lorosae, em tétum (idioma nativo vez mais, a criação de um tribunal cooficial) Timor do Sol Nascente. internacional para julgar os militares Bordão repetido pelo povo timorense Ex-colônia portuguesa por indonésios e as “milícias pró-Indonésia” mais de quatro séculos, depois anexado pela que tomaram parte nos ignominiosos atos de Indonésia, em 1975, esse pequeno grande país violência e vandalismo perpetrados contra o povo escreveu uma das páginas mais plangentes e e o estado timorense, ele que fora uma das heroicas de determinação e resistência vítimas do massacre. "Vamos celebrar o 30 de obstinada ao domínio de Jacarta, até finalmente Agosto numa economia florescente. Díli e o resto alcançar a liberdade e soberania. Foram 24 anos do país estão em paz, a polícia e o exército terríveis, durante os quais a todo-poderosa reconciliados, vamos celebrar a data numa altura nação Indonésia, país militarmente agressivo e em que a cooperação entre Timor-Leste e a a r m i p o t e n t e , s e d i s p ô s a a p a g a r, Indonésia está no seu melhor", falou. A criação definitivamente, todos os resquícios da desse tribunal fora novamente reclamada, prolongada e bem assentada cultura lusitana, durante a semana, pela Anistia Internacional, incorporada durante a fase colonial. que reclama e lamente a “impunidade” de que se

“Queimado, queimado, mas agora nosso!”

Brasil fez-se representar na cerimônia

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Casa tradicional timorense

Cristo Rei no alto do morro de braços abertos para a baía de Dili, guarda certa semelhança com o do Corcovado

como língua pátria, passando a ser, assim, a 8ª nação a integrar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, composta atualmente, além da jovem nação timorense (Ásia/Oceania), por Brasil (América), Portugal (Europa), Angola, Moçambique, Cabo Verde, GuinéBissau e São Tomé e Príncipe (África), ampliando, um pouco mais, o majestoso caudal da lusofonia que se esparrama, soberbo, pelos seis Continentes.

(*) Médico e escritor. SOBRAMES/ABRAMES

“beneficiam” os responsáveis pela escalada de violência. Ramos Horta segura, mas serenamente, argumentou que: “Os que cometeram esses crimes vão ser perseguidos, pelo resto de suas vidas, pela lembrança de suas vítimas”. O presidente, que há pouco fora vítima de um atentado brutal e covarde, que quase lhe ceifara a existência, optou pela paz, pela não violência, pela anistia em vigor. Apesar de empobrecido e devastado, o diminuto país insular é potencialmente rico, o que inclui imensa reserva petrolífera na plataforma submarina do Mar de Timor que o circunda – costumamos dizer que o Mar de Timor sobrenada um mar de petróleo -, a qual vinha sendo explorada por consórcio indonésio-australiano. A exploração desse “ouro negro” será, certamente, em anos próximos, o sustentáculo da economia do jovem Estado, o que nos deixa a certeza de sua viabilidade e rápido desenvolvimento e faz antever “brilhante futuro”, para a pequena nação, “capaz de inspirar o mundo”, a redizer Kofi Annan. O café, de superior qualidade, é a principal riqueza agrícola do país e seu primeiro produto de exportação. Por soberana deliberação de seu povo, Timor-Leste decidiu pela adoção da Língua Portuguesa como idioma oficial, recusando, inclusive, para tal, vantagens de ajuda financeira e tecnológica imediata oferecida pela Austrália, país do qual é vizinho, para que elegesse o inglês

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Cristo Rei de pé sobre o Globo Terrestre, detalhe do belíssimo monumento, herança do período colonial português

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Camillo VIANNA

Amazônia: Cobras Grandes e Pequenas (*)Otto Mendes, Eduardo Castro Ribeiro e Walter Chile

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Amazônia é formidável celeiro de denominações e verbetes que sofrerão grande aumento se forem somadas aos do Rio Amazonas. Comecemos pelo Império da Boiúna também chamada Cobra Grande que faz parte do lendário Amazônico, moradora de imensos cursos d'água ou modesto filete. Quanto às cobras viventes são riquezas sem tamanho. Daí porque nesta modesta contribuição fazemos alternância dos ofídios da mitologia com as outras que pelas mais diversas situações, quer por experiência própria ou por informações colhidas em nossas peregrinações por esses ermos de incógnitos confins dos trópicos. 1. Cobra da Ilha da Pacoca. Possivelmente uma das mais faladas de todas moradoras dessa ilha no Baixo Tocantins Paraense. A última informação que coletamos é que durante a noite ela se transforma em navio encantado que de acordo com Priscila Faulhaber, está associada como signo mítico do povo, como qualquer outra Cobra Grande. Durante a noite essa embarcação percorre o furo do Marapucu e o Rio, entre outros. Há informações recentes que a Ilha da Pacoca estaria desbarrancando e que, quando o ninho da Cobra for atingido, a Igreja, Matriz de N. Sra. da Conceição da cidade de Abaetetuba, desaparecerá. 2. O chocalho da Cobra. Na tentativa de pelo menos diminuir o ataque das cobras cascavel que povoam os campos do Marajó, na Fazenda Santa Rita, a cada cobra morta pelos vaqueiros, estes recebiam à época em que lá estivemos dois cruzeiros que eram entregues pelo Feitor no dia da entrega do rancho. Em outros lugares, tivemos informações que a cabeça da cobra teria o mesmo valor. 3. A queda das Igrejas. Informação curiosa, grandemente espalhada entre os ribeirinhos é que quando a cobra ou sua loca fossem agredidas a primeira vítima seria a igreja lá existente e em seguida desapareceria o resto da cidade. Essa história repete-se em diferentes locais. 4. Vigilantes. Hábito interessante que ainda não está completamente desaparecido é que em pequenas casas de comércio às margens das rodovias de barrancos e de pequenos igarapés é que para proteger as mercadorias, arroz, milho, feijão, café, que eram guardadas no forro da casa, onde eram colocadas jibóias para que não fossem

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atacadas por ratos, baratas, grilos e outros. Outros relatam que magreza das crianças recém-nascidas é atribuída a cobra que viria mamar nas mães durante a noite. 5. Remoinho no rio Paracauari. Em frente à Fazenda Dom Sossego, uma das mais faladas do Marajó, no tempo das águas grandes forma-se um remoinho, onde a Cobra moradora se agasalha, penetrando no furo que vai bater no lago Guajará, praticamente no meio da Ilha Grande de M'abaraió. 6. Informações sobre Cobras em fazendas da Ilha do Marajó. Em mutirão cultural realizado por integrantes da SOPREN, todos com vivência na Ilha de Marajó, foram coletadas informações preciosas que enriqueceram sobremodo a coletânea sobre as cobras da região, que são perseguidas por gaviões como o Caracaraí, Gavião-belo de cabeça branca e o Jabacanin, todos eles entregam a ponta da asa para serem mordidas, e quando reconhecem que estas não tem mais veneno, agarram-nas em seu vôo para um galho de árvore a fim de comê-las. O gavião Pedrês possui a característica de comer pintos e passarinhos. Nessa mesma região das fazendas citadas, a estimativa é que em cada 100 picadas de cobra, 80% são de jararaca e 20% de cascavel, surucucu e outras. Quando um cavalo é picado por surucucu Bico de Jaca, das mais venenosas, ela tem que tirar corpo fora para não ser esmagada com a queda do cavalo, o mesmo pode ocorrer com o homem. A jararaca que é a cobra mais abundante na região ataca a língua dos bovinos, quando estes estão pastando. O ataque aos cavalos é sempre na região frontal, perto das narinas. Manobra usada pelos vaqueiros para exterminá-las é reunir a boiada no teso (terra alta) onde estas são eliminadas pelo pisoteio do gado. 7. Cobra Caninana. Não venenosa, porém muito braba. Os vaqueiros jogam o cabresto e ela reage metendo a cabeça no chão e dando lambadas com a cauda. Por esse motivo, quando as mulheres se zangam ela é chamada de caninana. 8. Falsa cobra. A Jequitiranaboia ou Cabeça de Cajú (no Tapajós)

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não chega a ser cobra verdadeira. Seu aspecto feioso assusta as pessoas, principalmente quando está agasalhada no tronco do marupazeiro (Simaruba Amara). Apesar de não ser venenosa é considerada como tal. 9. Cobra Grande do Furo do Miguelão, no rio Paracauari. Nosso possível encontro com ela talvez não tenha passado da associação de vários fatores: madrugada de chuva pesada; cansaço da pequena equipe, meu irmão, eu e o Feitor; encontro de duas embarcações em rumos contrários no furo, cada qual com pequeno lampião aceso postado na proa de cada embarcação; o farfalhar dos ramos da mata ciliar; a encontroada das duas embarcações e certa dose de receio (medo) dos navegantes das duas embarcações. 10. Cobra de miriti. O município de Abaetetuba, no Baixo Tocantins paraense, apresenta estreita relação com as cobras e durante o Círio de N.S.de Nazaré, realizado no 2.° domingo de outubro, com a presença de mais de dois milhões de romeiros a cada ano, os artesãos abaetetubenses encaminham para Belém e para outros Círios de municípios paraenses,centenas e centenas de miniaturas de cobras confeccionadas em miriti (Mauritia Flexuosa). Com o reforço recentemente dado pelo SEBRAE, o produto se tomou de melhor qualidade e as peças fazem parte de exportação para outros estados brasileiros e exterior como, Japão, Estados Unidos e Europa. Pioneira nessa atividade, nossa amiga Nina Abreu que possui escola de artesanato para crianças e jovens, é Mestra Preservadora da SOPREN e homenageada pelo Ministério da Cultura. 11. Bicho Papão. Esta informação foi colhida de ribeirinho de Juruti-Velho e diz que duas jovens irmãs tem medo das Cobras Grandes porque seus pais os ameaçavam, por qualquer tolice, que fizessem, elas seriam levadas pelas Cobras Grandes, tornadas assim espécie de Bicho Papão. Outro personagem do amazonário hileiano que povoa a cabecinha das crianças que delas tem pavor. 12. Cabeça de Cobra Grande. Recentemente, jornal paraense de grande circulação, publicou a seguinte notícia: Restauradores que estão terminando novo e excelente trabalho na nossa Catedral da Sé, verdadeira jóia da arquitetura religiosa, considerada das mais importantes do Brasil, estavam assustados por haver encontrado nos porões desse templo, a cabeça de gigantesca cobra. 13. Inimigo das cobras. Qualquer marajoara que se preze sabe que um grande inimigo das Cobras que procuram refúgio no solo é o Jacuruxi, grande lagarto que as ataca, sistematicamente e é encontrado com frequência nos campos. 14. A Cobra Grande da curva do Rio Miriti Pitanga. O Rio Miriti Pitanga, no Acará, apresenta peculiaridade interessante que faz diferença entre as demais cobras. Toda vez que passa uma jangada contrabandeando madeira nobre da região, ela ataca tal jangada desarrumando a carga e botando os madeireiros para correr. Não é muito comum entre nossas coletas a referência a cobra defensora da natureza.

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15. No mais famoso balneário do Pará, no município atlântico de Salinópolis, morador garantiu ter encontrado na praia do Maçarico filhotes (uma ninhada?) de Jararaca, o que não parece ser muito comum naquela região. 16. Outra referência interessante diz respeito à Cobra Grande em rio, no município de Igarapé-Açú, na Zona Bragantina, no Estado do Pará. Os pescadores perseguiram os peixes que existiam em grande quantidade neste rio. A Cobra grande referida, informada pelos ribeirinhos, diz que em alguma época aparece o corpo de um jovem pescador morto, todo engosmado e que, segundo seus companheiros, a cobra Grande moradora desse rio foi que atacara o jovem, assim como assustara outros. Ela era considerada a mãe de todos os peixes, pois se atribuiu a morte do jovem à cobra, provocando uma caçada para matar a tal cobrona que sumiu do rio levando todos os peixes. 17. O padre Giovani Gallo, marajoara de adoção, criador do Museu mais importante sobre a cultura marajoara desde os primeiros tempos, publicou no jornal A Província do Pará, interessante artigo abarcando a importância da Cobra junto ao homem da Grande Ilha, alertando para a grande dificuldade de resumir o assunto: começa informando que a palavra mundiar não existe no dicionário oficial da Língua Portuguesa, mas é do conhecimento dos moradores da Grande Ilha relacionado ao poder hipnótico ou de sedução, criando entre os caboclos a lenda que o indivíduo, depois de mundiado tira a roupa para se deixar engolir mais depressa. Padre Gallo diz ainda que todo marajoara sabe que o maior raticida é a jibóia que é colocada no forro das casas para combater os animais que atacam os alimentos ali preservados. Quando se vê uma cutia ou uma paca correndo em círculo, já se sabe que vão entrar na boca da cobra.

*SOPREN/SOBRAMES

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Dia Mundial do Mal de Alzheimer

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população idosa vem crescendo consideravelmente em todo o mundo, aumentando o surgimento das doenças próprias do envelhecimento, como é o caso da doença de Alzheimer (DA). Atualmente, essa doença tem sido foco de importantes discussões, a exemplo da Lei nº 11.736 de 10 de julho de 2008 que instituiu o dia 21 de Setembro como o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer. No dia 21 de setembro as pessoas com demência, seus cuidadores, seus familiares e as Associações de Alzheimer, organizam eventos e atividades para criarem a conscientização mundial. Juntos, queremos unir nossos esforços, habilidades e motivação para assegurar uma vida melhor para as pessoas com demência e seus cuidadores. Falar em DA, implica, obrigatoriamente, falar na perda de memória do idoso. Sobre este aspecto, importa ressaltar que boa parte dos idosos se queixam de dificuldade de memória, particularmente em relação a nomes de pessoas, local onde guardaram objetos e lembranças de palavras durante uma conversa, o que não quer dizer que eles sejam portadores dessa doença. Na verdade, os lapsos de memória são uma ocorrência universal, afetando pessoas em qualquer idade. A ocorrência freqüente entre os idosos diz respeito ao declínio cognitivo secundário ao processo do envelhecimento, tratando-se de uma queixa restrita a memória. No entanto, quando a perda da memória começa a afetar o modo de agir da pessoa, é aconselhável procurar um médico para saber se tais mudanças correspondem ao padrão esperado do envelhecimento normal ou se são decorrentes de outras causas, dentre elas, a DA. A origem do termo “Mal de Alzheimer” deu-se em 1901 quando o médico alemão D r. A l o i s A l z h e i m e r i n i c i o u o acompanhamento do caso da Sra. August

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A DA é uma doença cerebral e não de envelhecimento, afeta pessoas de países onde se vive mais tempo e, principalmente as mulheres. Sobre as suas causas e origens temos algumas teorias, sendo a mais aceita, porém, a que se refere a falta de um neurotransmissor específico, havendo modificações cerebrais tais como, a diminuição do córtex cerebral, aumento dos ventrículos, o que impediria o indivíduo de pensar e funcionar. Estas alterações denominam-se placas neuríticas ou emaranhados fibrilares. Não devemos generalizar e pensar que todo esquecimento é sintoma deste mal, pois, existem esquecimentos naturais, muitos advindos da ansiedade da vida cotidiana, como não localizarmos algum objeto em determinado momento. São esquecimentos denominados benignos, bem diferentes de esquecer o nome ou quem é aquela pessoa, e seu relacionamento com ela. É chamada de doença silenciosa, pois, difícil se torna determinar o momento do início; em geral, este é demarcado por dificuldades de armazenar fatos ocorridos há pouco tempo, ou pela repetição da mesma tarefa várias vezes. Em estágios, mais avançados, a memória remota também fica prejudicada. O paciente, porém, não reconhece esses déficits, ficando nervoso e até mesmo revoltado. Nestes momentos, torna-se importantíssimo o conhecimento da sua história clínica e a presença de um familiar. Nas fases iniciais a linguagem se encontra preservada, mas, adiante aparecem dificuldades de encontrar palavras e a fluência verbal fica bastante alterada.

D. admitida em seu hospital, descrevendo pela primeira vez as mudanças anormais no cérebro associadas com essa doença, cujo nome foi usado para identifica-la. A DA é a forma mais comum de demência, afetando mais mulheres do que homens na faixa etária de 65 anos. Vários fatores de risco foram implicados como causa da DA, como a idade, a história familiar, a herança genética, entre outros, apesar de nenhum deles esclarecer, de fato, o desenvolvimento da doença. A principal lesão neurológica observada na DA é causada por duas proteínas chamadas beta amilóide e tau que funcionam de maneira inadequada, formando depósitos e placas conhecidos como emaranhados neurofibrilares e

placas senis que sufocam, atrofiam e matam os neurônios. Os primeiros neurônios a serem atingidos pelo Alzheimer estão envolvidos com a produção de acetilcolina, uma das substâncias químicas cerebrais responsáveis pela memorização, justificando o prejuízo da memória constituir o evento clínico de maior magnitude nessa doença. Quanto ao curso clínico, a DA apresentase com início insidioso e deterioração progressiva. Nos estágios iniciais, geralmente encontramos perda de memória episódica e dificuldades na aquisição de novas habilidades, evoluindo gradualmente com prejuízos em outras funções cognitivas, tais como cálculo, raciocínio abstrato, julgamento e habilidades visuo-espaciais. Nos estágios intermediários, podem ocorrer alterações comportamentais como irritabilidade e agressividade, perda de peso, incapacidade de deambular, falar e realizar cuidados pessoais. Nos estágios terminais, encontram-se marcantes alterações da Síndrome da Imobilidade, pois o paciente está totalmente incapacitado e restrito ao leito. Não fala paramais.com.br


nem se movimenta mais, apresentando dificuldade para controlar a urina, as fezes, realizar deglutição, além de problemas respiratórios. A DA é diagnosticada excluindo outras causas de falhas de memória. Essa investigação é feita pelo médico, baseando-se na história do paciente, nas queixas da família e nos exames de imagem e laboratoriais. O diagnóstico definitivo só pode ser feito mediante a análise histopatológica do tecido cerebral após a morte. Quanto ao tratamento, até recentemente, a DA era considerada intratável, porque nenhum tratamento alterava o curso da doença. Hoje, sabemos que o tratamento nas fases iniciais da doença permite manter a funcionalidade e a capacidade produtiva do paciente por muito mais tempo. A fisioterapia, como abordagem terapêutica preventiva, será benéfica no início da doença, por preservar as capacidades do paciente e tentar mantê-lo independente pelo maior tempo possível. Essa abordagem inclui exercícios, estratégias de cuidados e auxiliares de

Demência A Doença de Alzheimer representa 50 a 70% dos casos de demência. Demência ê o termo geral para descrever desordens do cérebro que afetam inicialmente a memória e o comportamento de uma pessoa. Perda de memória, o sintoma mais comum da demência, não é o mesmo que um esquecimento normal. Podemos esquecer o nome de um filme que vimos ontem, mas a pessoa com demência esquece totalmente que viu o filme. Outros sintomas da demência incluem: dificuldade em desempenhar tarefas normais, problemas de linguagem, desorientação, incapacidade de julgamento e mudança de humor. Eventualmente essas pessoas não conseguem tomar conta de si mesmas e precisam de ajuda nos aspectos da vida diária. A Demência está cercada de mitos e estigma e em muitas partes do mundo ainda é considerada como um aspecto normal do envelhecimento. Enquanto não há cura para a maioria das causas da demência, ha uma grande quantidade de informação, apoio e orientação disponível pelas associações de Alzheimer. memória, adotados de acordo com a necessidade do paciente, onde a criatividade do fisioterapeuta na escolha das atividades é decisiva para o surgimento de bons resultados. Existem grupos e associações de apoio que dispões de serviços informativos que ajudam as famílias a lidar com a doença, orientando sobre o manejo dos pacientes e sobre os métodos efetivos de tratamento.

Sintomas Segundo o professor Pedro Paulo Porto Jr, MD,PhD, neurologista do hospital Albert Einstein e membro do American Academy of Neurology e da American Stroke Association, o primeiro sintoma é a perda da memória. Porto explica que, inicialmente, o doente perde memória recente, depois começa a notar dificuldade nas tarefas diárias. O neurologista alerta também para a alteração de comportamento. "Alguns ficam agitados, criam alucinações e depressões intensas", diz o médico. Porto afirma que é possível retardar o problema. "Tentar descobrir o início da doença, o mais precocemente possível, porque medicamentos que atrasam sua evolução diminuem sua velocidade de piora e a neuroreabilitação tenta compensar as áreas paramais.com.br

No Brasil, a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ) encontra-se espalhada por todo o Brasil. Convivendo com a doença de Alzheimer podemos comprovar que o conhecimento sobre a doença é fundamental para superar as dificuldades cotidianas. P

do cérebro que não estão afetadas." Familiares devem f icar atentos ao comportamento do paciente. "Se o paciente ficar repetitivo, perguntar sempre as mesmas coisas, é Professor Pedro Paulo impor tante levá-lo ao Porto Junior, MD, PhD especialista para ver o que está acontecendo", orienta o médico. Tratamento O tratamento é feito com medicamentos junto com a neuroreabilitação "para desenvolver mecanismos compensatórios e ter uma melhor qualidade de vida", explica Porto. Segundo o neurologista, a doença pode acontecer com homens e mulheres, porém é mais freqüente após os 65 anos de idade.

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Acyr CASTRO

O grito do Ipiranga

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ive o Brasil, numa hora difícil da História do Mundo, os dias da sua Independência, momento histórico que traz à memória, inapelavelmente, os instantes da catástrofe de 1929, às vésperas, de uma guerra mundial. A crise lembra mas não é parecida, embora o planeta possa contar, para equacionar e resolver os problemas dela derivados, com um presidente americano que tem muito daquele que dirigia os Estados Unidos naqueles idos. Refiro-me a Barak Obama, que me lembra muito Franklin Roosevelt, embora Obama prefira que o lembrem como um outro Abraham Lincoln, seu personagem histórico predileto. O grito proferido por Dom Pedro Primeiro está a exigir uma linha de continuidade, já que até hoje dorme nas páginas dos livros e à margem amarelecida das lembranças do Riacho do Ipiranga. E é ai que me lembra o que escrevi para esta bela revista em setembro de 2008: continuamos dependendo, agora de uma maneira mais complicada, do que decidem lá fora, quer no novo quer no velho continente, a eterna dicotomia entre países ricos e países pobres. A crise global de 1929 gerou ditaduras por todos os cantos, no Brasil e no Pará. Quase acabou com o gênero humano. E em 2009 o que nos aguarda? Em 29 aconteceram Getúlio Vargas e entre nós Magalhães Barata. Hoje o que não falta é candidato a ditador, e não falo apenas do combalido e envelhecido Fidel Castro. As coisas são parecidas, mas não são semelhantes. De 1929 saiu a revolução de 1930. Que revolução nos ameaça nos dias que correm? Cléo Bernardo de Macambira Braga, nascido na Praça da Bandeira e que morreu José Bento Monteiro Lobato

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precisamente no dia 7 de setembro, se vivo fosse, estaria dizendo as mesmíssimas verdades que escrevo nesta "Pará +" com a gentileza de Ronaldo e Rodrigo Hühn, o Cléo tão sabedor quanto eu ou mais de momentos difíceis e decisíveis por que passa os que sofrem e amargam todo topo de carência. O imperialismo não é só Norte Americano mas interno também. Deus tenha piedade dos humildes e dos que padecem em razão de crises como esta que abala todo o Universo. Afinal de contas as esperanças todas residem nesta crença, penso assim e comigo muita gente. José Bento Monteiro Lobato e Graciliano Ramos sofreram com o Estado Novo, prenúncio do terrível Estado Novíssimo de 1964. 0 que o destino nos reserva. Só Jesus pode dizer e eu rezo para que as nossas preces, subidas daqui e dali, cheguem aos Céus. Outubro poderá ter alguma resposta, confio nisto. E até lá, se me for possível e será. Escrevo este texto, ironicamente, num dia que o calendário registra como sendo o dia do protesto e da unidade humana. O Cristo Redentor saberá responder, e somente ele. Aguardemos. Bom dia, boa tarde, boa noite e boa sorte. Ciao. (*) Poeta, jornalista e escritor

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