Pará+ 81

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Revista setembro 2008

Belém - Pará - Brasil

OLHAR AMAZÔNIDAENSA 200 ANOS DA IMPRRVORES A FLORESTA E AS Á SEJA FELIZ

www.paramais.com.br

ISSN 16776968

Edição 81

3,00




A MAIOR FLORESTA TROPICAL DO MUNDO E SUAS ÁRVORES 200 ANOS DE IMPRENSA NO BRASIL

A flora amazônica, praticamente desconhecida, é um fantástico potencial de plantas utilizáveis para o paisagismo...

O OLHAR DE UM AMAZÔNIDA No último dia 20/08, no Museu da Universidade Federal do Pará, aconteceu o vernissage de Yoshio Yamada. Uma mostra retrospectiva, que vale a pena conferir, das obras do fundador do Grupo Y. Yamada que traz 37 pinturas nas técnicas óleo sobre e tela e sumie retratando a Amazônia...

por Arthur C. Damasceno

Pág. 08 por Yoshio Yamada

Pág. 06

O CENTENÁRIO DO POETA ANTÔNIO TAVERNARD Neste mês de outubro de 2008, em que estaremos assistindo igualmente à passagem de mais um Círio de Nazaré, comemorar-se-á o centenário de nascimento de Antônio Tavernard...

BENEFÍCIOS DA ÁGUA POTÁVEL CHEGAM À ILHA DE JUTUBA

O PLANO AMAZÔNIA SUSTENTÁVEL NO PARÁ

Re s g a t a n d o compromisso assumido durante a Campanha da Fraternidade, a governadora Ana Júlia Carepa, inaugurou os sistemas captação e tratamento de água na Ilha de Jutuba,. ao lado do arcebispo metropolitano de Belém, dom Orani João Tempesta...

A governadora Ana Júlia Carepa e o ministrochefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger, lançaram o Plano Amazônia Sustentável (PAS), no município de Altamira, a 780 kms de Belém, oeste do Estado do Pará...

Pág. 12

por Sérgio Pandolfo

Pág. 38

Pág. 26

Pág. 16 COMER, BEBER, REZAR

ALIMENTOS QUE QUEIMAM CALORIAS

Diz-se que o homem é aquilo que come. Esse ditado nos leva a filosofar sobre quanta influência o alimento tem sobre a gente. Quer dizer, lógico que o alimento tem uma direta influência em nosso físico, sobre a parte material do nosso corpo....

por Alessandra Siedschlag

Editora Círios SS Ltda CNPJ: 03.890.275/0001-36 Inscrição (Estadual): 15.220.848-8 Rua Timbiras, 1572A - Batista Campos Fone: (91) 3083-0973 Fax: (91) 3223-0799 ISSN: 1677-6968 CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil www.paramais.com.br revista@paramais.com.br

Í N D I C E

PUBLICAÇÃO

Pág. 40

Pág. 44

Pintura em óleo sobre de tela de Yoshio Yamada

DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; REVISÃO: Paulo Coimbra da Silva; COLABORADORES: Acyr Castro, Alessandra Siedschlag, Arthur C. Damasceno, Benigna Soares, Camillo Martins Vianna, Cláudia Nascimento, Dandara Assunção, Procurador Paulo Manuel Moreira Souto, Rúbia A. Dantés, Sérgio Martins Pandolfo, Yoshio Yamada; FOTOGRAFIAS: Carmem Trindade, Lucivaldo Sena, Eliseu Dias, Eunice Pinto/Ag. Pará, Margarete Mee, Pablo Santos, Ray Nonato, Jefferson Marques, Lúcio Mauro, Isidoro Cavalcante, Gilson Souza; DESKTOP: Mequias Pinheiro; EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora Círios OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES

ANATEC ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES


Petrobras cria crédito destinado à cultura digital

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Petrobras abrirá no próximo dia 15 de outubro as inscrições para a edição 2008/2009 do Programa Petrobras Cultural (PPC), depois de intervalo de um ano, quando passou por um período de ajustes. A expectativa é que sejam destinados cerca de R$ 80 milhões, repetindo o desempenho recorde da edição de 2006/2007. O PPC financia projetos culturais e artísticos em áreas como cinema, música, artes plásticas e restauração do patrimônio histórico nacional. Nesta edição, a novidade será a criação de uma nova linha de financiamento destinada exclusivamente à cultura digital. Serão contemplados projetos de apoio ao aprimoramento de websites culturais e também projetos para festivais e eventos relacionados à arte eletrônica e à cultura digital. "É uma forma de estimular a distribuição em formato digital. Hoje, produzir arte e cultura ficou mais fácil. A dificuldade está na distribuição, na difusão", diz Eliane Costa, gerente de patrocínios da Petrobras. Segundo Eliane, só serão apoiados websites que estejam ativos há pelo menos um ano e que estejam focados exclusivamente na difusão cultural e artística. Quanto aos festivais e eventos, será obrigatório que eles tenham tido ao menos uma edição sem o apoio da estatal.

Duas etapas de seleção

Eliane Costa, gerente de patrocínios da Petrobras

- que permite isenção fiscal das empresas para financiamento de atividades e projetos artísticos e culturais. Nas edição anteriores, não havia necessidade de apresentar, previamente, a aprovação na Lei Rouanet uma reivindicação do próprio MinC. A Petrobras chegou a anunciar que adotaria a sugestão do ministério, mas voltou atrás. "Os produtores culturais gritaram, porque há o problema de prazo para obter a aprovação na lei. Daí chegamos a uma solução negociada. Os projetos que passarem para a segunda etapa terão um prazo de 90 dias para obter a aprovação. O MinC vai criar uma força-tarefa que nos auxiliará nisso, analisando os projetos vencedores", afirmou Eliane Costa.

Desde 2003, a Petrobras já apoiou 989 projetos por meio de concurso público. Na edição de 2006/2007, a estatal recebeu mais de 7.000 inscrições -e apenas 263 foram selecionadas. Depois da "parada técnica" de um ano para os ajustes, a decisão foi desmembrar a seleção em duas etapas. Na primeira, que será aberta em outubro, serão recebidas as propostas nas áreas de audiovisual, cultura digital, música, artes cênicas e literatura. Em abril, serão abertas as inscrições para projetos nas áreas de "preservação e memória" e "formação". Outra novidade será a criação de mais uma etapa de julgamento: os projetos selecionados na primeira fase terão de passar pelo crivo do Ministério da Cultura para adequação e aprovação nos parâmetros da Lei Rouanet EDIÇÃO 81 [SETEMBRO 08]

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“O olhar de um

Amazônida”

por Yoshio Yamada

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o último dia 20/08, no Museu da Universidade Federal do Pará, aconteceu o vernissage de Yoshio Yamada. Uma mostra retrospectiva, que vale a pena conferir, das obras do fundador do Grupo Y. Yamada que traz 37 pinturas nas técnicas óleo sobre e tela e sumi-e retratando a Amazônia. O evento contou com presenças ilustres e iniciou com um discurso da diretora do Museu da Universidade Federal do Pará e curadora da mostra, a Prfª. Msc.

rica história do imigrante japonês. Logo depois, foi aberta a exposição e todos puderam comprovar a grande habilidade que o Sr. Yoshio tinha como artista, uma verdadeira declaração de amor pelo lugar que o acolheu, pois suas obras revelam o olhar apaixonado pelas coisas amazônicas deste homem que adotou o Pará como sua terra. Durante a exposição foi servido um elegante coquetel e os convidados puderam admirar as obras do Sr. Yoshio ao som refinado da orquestra de cordas do músico MarcusArraes. A exposição marcou também as programações em comemoração aos 100 anos de imigração japonesa no Brasil, a lembrança dos 35 anos de morte de Yoshio Yamada e o aniversário de 58 anos de fundação do

“Eu amo a natureza amazônica. Não pinto o estado natural das coisas. Minha pintura é baseada na minha impressão (...)” Yoshio Yamada

Jussara Derenji, que falou sobre a importância de Yoshio Yamada como artista para a Amazônia; Hiroshi Yamada, filho do homenageado que discursou em nome da família e do Grupo Y.Yamada sobre a valorização do artista e da pessoa Yoshio Yamada e também agradeceu à merecida acolhida da mostra pelo museu da UFPA; o Reitor da UFPA, o Profº Dr. Alex Fiúza de Mello, que agradeceu a doação de um elevador, pelo Grupo Y. Yamada, ao museu no intuito de facilitar o acesso de todos à cultura. Além disso, o público ganhou mais um espaço para arte com reforma do segundo andar do prédio. Portanto, todos terão acesso pela, primeira vez, à parte superior do Palacete Montenegro. Em seguida, os convidados admirados puderam acompanhar, através de um telão exposto no jardim do museu, um belo documentário contando a

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Grupo Y. Yamada. Foi um vernissage memorável, com uma exposição digna do artista valoroso que Yoshio foi, uma noite para entrar na história da cultura paraense.

O artista Yoshio Yamada No início do século XX, em 1928, Yoshio Yamada, saiu, pela primeira vez, de sua terra natal, Numazu, província de Shizuoka, no Japão, para o Brasil mais especificamente para nossa região, o Pará. Depois de um mês viajando a bordo do Navio Manila Maru, chega à Amazônia. Para Yo s h i o f o i “ a m o r à primeira vista”. Voltou definitivamente em 1931, já casado com sua eterna companheira Aki Yamada, quando começa a traçar a sua trajetória em terras amazônicas.


Yoshio Yamada foi um visionário, vislumbrou um futuro neste Estado, vendo o grande potencial de desenvolvimento na Amazônia, onde iniciou atividades na agricultura e, principalmente, no comércio, tornando-se um importante empresário, fundando o Grupo Y. Yamada. Yoshio foi um homem de múltiplas facetas: empresário, desportista, escritor e artista plástico. Chegou a ser 40 Dan na academia japonesa de Kodokan e instrutor de judô na academia militar japonesa, onde serviu por algum tempo, destacando-se por sua grande habilidade nas artes marciais. Como escritor, publicou, em Tóquio, no ano de 1958, seu primeiro romance intitulado “Trinta Anos de Vivência na Amazônia”, durante o vernissage de sua primeira exposição de pintura. Uma outra habilidade de Yoshio para a qual dedicou-se com toda a sua alma. Nas artes plásticas, Yoshio foi um autodidata, pois durante a segunda guerra mundial, quando esteve preso como suposto militar japonês de alta patente, liberta sua mente para a pintura, usando como instrumento apenas o carvão e a parede de sua cela como tela. Dessa forma, expressava toda a sua admiração pelaAmazônia. Pelo olhar, o artista filtrava seus sentimentos, pois além de ver uma Amazônia com extrema beleza, também via umaAmazônia, principalmente com amor. Influenciado pela escola impressionista surgida na França no início do século XX e que usava as cores para dar forma à natureza, com seus pincéis e tintas, conseguiu passar para as telas todo o encanto que ele tinha por aquela, que ele mesmo chamava, a sua namorada, a Amazônia, o que lhe rendeu reconhecimento com prêmios nacionais e internacionais pelas obras: Feira do Ver-o-Peso, Mangueiras de Nazaré, São José ao Nascer do sol, Pão de açúcar e Nascer do Sol naAmazônia. O respeito e o apresso pela arte de Yoshio só cresciam,

como o reconhecimento do grande pintor japonês Tadashi Kaminagai com o qual compartilhava seu talento e amizade. O Jornalista Frederico Barata foi também um grande apreciador das artes de Yoshio e seu grande incentivador, acompanhando com vivo interesse a carreira desse imigrante japonês. E logo não demorou para Yoshio expor suas obras em vários lugares: Como nos salões da Assembléia Paraense, em Belém do Pará; Biblioteca Pública do Amazonas, em Manaus; Copacabana Palace, no Rio de janeiro; Clube Industrial, no Japão; mostra internacional no salão Mitsukoshi, em Tóquio, recebendo a medalha de ouro conferida à tela “Feira do ver-o-peso” concorrendo com mais de 2000 artistas. Yoshio Yamada foi um artista até o fim de sua vida, tanto na pintura como profissionalmente e, principalmente, como cidadão, ao qual lhe foi conferido merecidamente o título de “Cidadão de Belém”. Além de lhe ser outorgado no Japão a “Comenda do Sol Nascente” por contribuir para o fortalecimento do intercâmbio entre Brasil e Japão. Em 1973, morre Yoshio Yamada deixando um legado de amor, através de suas obras, pela terra que o acolheu, aAmazônia. “(...) Creio, no entanto, que tudo o que pretendia fazer para o bem deste país e de seu povo e não consegui até hoje, os meus filhos e netos, como bons brasileiros, natos ou de coração, prometem continuar em prol desta terra querida.”

Serviço A exposição “O olhar de um Amazônida” está aberta ao público desde 21 de agosto a 30 de setembro, de terça a sexta, 9 às 17h; sábados a domingos de 10 às 14h, entrada gratuita. Visitas programadas. Tel.: 3224-0871 EDIÇÃO 81 [SETEMBRO 08]

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200 anos de Imprensa no Brasil A hist贸ria da imprensa no Par谩

M贸dulos transparentes contando a hist贸ria da imprensa


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egistros históricos e fatos marcantes do jornalismo impresso, obtidas em acervos, bibliotecas, arquivos públicos e grandes jornais, que marcaram os duzentos anos da imprensa no Brasil, fazem parte da exposição, “200 anos de Imprensa no Brasil – A história da imprensa no Pará”; em síntese é um resumo da evolução e memória da imprensa no Brasil até os dias atuais. Em exposição no Salão C do Hangar Centro de Convenções da Amazônia. A mostra é composta por três módulos cilíndricos em plástico, infláveis e transparentes, aparentando estar flutuando, como num túnel do tempo. O primeiro módulo, conta a história da imprensa nacional, com registros dos primeiros jornais do Brasil – A Gazeta do Rio de Janeiro e o Correio Braziliense em 1808 e fotos de jornais e revistas nacionais. No módulo sobre a história do jornalismo impresso paraense os Frederico Souza, o novo gerente de Comunicação da Vale no Pará

dados são da pesquisa sobre o "Resgate da memória do jornalismo do Pará", da jornalista Carmem Silva, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Pará. Mostrando a trajetória dos jornais do Pará, desde “O Paraense” em 1822. O trabalho de pesquisa, em nível nacional, foi coordenado/organizado, pela historiadora Rosana Miziara, da Companhia de Notícias do Rio de Janeiro. .Na abertura da exposição com a presença de representantes da Imprensa paraense e convidados especiais, Mônica Ferreira, gerente de relacionamento

Módulos cilíndricos em plástico, infláveis e transparentes remetendo à ética da imprensa

A abertura da exposição foi bastante concorrida

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c o m a i m p r e n s a d a Va l e , responsável pelo projeto, Frederico Souza, gerente de Comunicação da Vale no Pará, Rachel Nascimento, analista de comunicação da Vale, Rachel Nascimento e Lívia Amaral da assessoria de imprensa, foram perfeitos anfitriões juntamente com Sheila Faro, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Pará. Ao final da exposição os módulos serão doados a instituições educacionais para possibilitar sua difusão em apresentações em escolas, comunidades e universidades. No Pará a exposição é idealização e realização do Sindicato dos Jornalistas do Pará e da Vale. Maranhão, Espírito Santo e Minas Gerais e Rio

Sheila Faro, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Pará

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Mônica Ferreira, gerente de relação com a imprensa da Vale

de Janeiro, também receberão exposição. A exposição está aberta à visitação pública, no salão C, do Hangar Centro de Convenções e Eventos da Amazônia, até 10 de outubro, com entrada franca.

Equipe da assessoria de imprensa da Vale



por Arthur C. Damasceno

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flora amazônica, praticamente desconhecida, é um fantástico potencial de plantas utilizáveis para o paisagismo, e é constituída principalmente de plantas herbáceas de rara beleza, pertencentes às famílias das Arácea, Heliconiaceæ, Marantácea, Rubiácea, entre outras. Essa flora herbácea além do aspecto ornamental, seja pela forma ou pelo colorido da inflorescência, desempenha vital função no equilíbrio do ecossistema. Como exemplo, temos as helicônias, com uma grande variedade de espécies com coloridas inflorescências. São de presença marcante nas nossas matas úmidas e tem uma importante função no equilíbrio ecológico. No continente americano, as helicônias são polinizadas exclusivamente pelos beija-flores que, por sua vez são os maiores controladores biológicos do mosquito palha Phletbotomus, transmissor da leishmânia, muito abundante na Amazônia desmatada. Crescendo sob as árvores amazônicas, encontram-se plantas epífitas, como: bromélias, orquídeas, imbés e cactos. Essas plantas são importantes para a fauna que

para uso medicinal. Mas é necessário que tais recursos sejam mantidos de forma renovável. A floresta amazônica ensina que o extrativismo indiscriminado apenas desertifica, pois ela é mantida pela camada de húmus em um solo fresco, muitas vezes arenoso. Portanto, é imprescindível utilizar a floresta de uma forma racional. Explorando-a, mas renovando-a com as mesmas espécies nativas; e, principalmente, preservando as regiões de santuários de flora e fauna, que muito valerão, tanto no equilíbrio ecológico, quanto no regime de chuvas e na utilização para o turismo. AAmazônica, com seus 6,5 milhões de Km2 é a maior floresta tropical do mundo. Abrangendo nove países, ocupa quase metade da América do Sul. A maior parte da floresta – 3,5 milhões de Km2 – encontra – se em território brasileiro.

As águas e o clima: um casamento indissolúvel O sistema hídrico da região Amazônica é o mais imponente do mundo. O rio Amazonas e seus mais de mil afluente forma uma bacia que comporta 1/5 de toda

A maior floresta tropical do mundo e suas árvores

vive exclusivamente nos galhos e copas das árvores. Dentre os animais que se integram na comunidade epífita, temos os macacos, os sagüis. as jaguatiricas, os gatos-do-mato, lagartos, araras, papagaios, tucanos e muitos outros que se especializaram nesse habitat, acima do solo. Com o corte das árvores, as epífitas desaparecem e, com elas, toda a fauna associada. Muitas dessas plantas epífitas de rara beleza foram muito bem retratadas pela pintora Margaret Mee, durante as várias excursões que realizou na floresta amazônica. Outrora abundantes em determinadas regiões, hoje grande parte dessas plantas se encontra em populações reduzidas. Certamente a região amazônica tem um gigantesco potencial madeireiro, de plantas utilizáveis para o paisagismo e de espécies vegetais com substâncias

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a água doce em forma líquida do planeta. Nascendo na geleira de Yarupa, no Peru, a uma altitude de 5000m, e possuindo 6500 km de extensão, com largura de até 100 km, oAmazonas é o maio rio do mundo em volume de água, e o segundo maior em extensão. Sua declividade no território brasileiro é de apenas 65m, e a profundidade pode atingir 100m. Outras bacias importantes na região são a do Tocantins-Araguaia e a do Orinoco.

A incrível diversidade biológica Calcula-se que dentro da floresta amazônica convivem em harmonia mais de 20% de todas as espécies vivas do planeta, sendo 20 mil de vegetais superiores, 1400


de peixes, 300 de mamíferos e 1300 de pássaros, sem falar das dezenas de milhares de espécies de insetos, outros invertebrados e microorganismos. Para se Ter idéia do que isso significa, existem mais espécies vegetais num hectare de floresta amazônica de que em todo o território europeu. A castanheira é o exemplo mais típico de árvore amazônica, sendo uma das mais imponentes da mata. De toda essa variedade, metade permanece ainda desconhecida da ciência, havendo muitas espécies

endêmicas, ou seja, que vivem apenas numa localidade restrita, não ocorrendo em outras regiões. A vegetação pode ser classificada em: mata de terra firme (sempre seca), mata de várzea (que se alaga na época das chuvas) e mata de igapó (perenemente alagada). Como já dissemos, existem também, em menor quantidade, áreas de cerrado, campos e vegetação litorânea.

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O equilíbrio natural da floresta

Neoregelia margaretae (família Bromeliaceae), grafite e gouache sobre papel, Margaret Mee.

AAmazônia, como floresta tropical que é, apresenta-se como um ecossistema extremamente complexo e delicado. Sua incrível diversidade biológicas de difícil compreensão. As imensas árvores retiram do solo toda a matéria orgânica nele existente, restando apenas um pouco na fina camada de húmus, onde os decompositores garantem a reciclagem de nutrientes. A retirada desses minerais é tão intensa que alguns rios Plantas de rara beleza foram muito bem retratadas pela pintora Margaret Mee

A castanheira, Bertholletia excelsa, é o exemplo mais típico de árvore amazônica

amazônicos têm suas águas quase destiladas. Ficando praticamente sem matéria orgânica, os peixes e animais aquáticos dependem, para se alimentar, das folhas e dos frutos que caem das árvores. Para que possa ocorrer a reciclagem dos nutrientes, é preciso haver um grande número de espécies de plantas, pois cada uma desempenha uma função no ecossistema. As monoculturas naturalmente comprometem esse mecanismo e, por isso mesmo, não são recomendáveis. Os animais, que se alimentam das plantas ou de outros animais, também contribuem, com suas fezes, para o retorno da matéria orgânica ao solo. Além disso, eles têm importante participação na polinização das flores e

A Castanheira é, com grande vantagem, a espécie que mais se destaca com um IND de 15,359% ( índice de importância da espécie), quase o triplo da segunda espécie mais importante, o Tauari, que apresentou um IND de 5,545%. A Castanheira também é destaque devido à relevância da amêndoa (castanha) na alimentação das populações tradicionais (seringueiros, índios, ribeirinhos, colonos, etc.), como fonte de renda, fator de contenção de emigração, entre outros aspectos. Cabe lembrar que a Castanheira e a Seringueira, outra espécie de elevado IND (4,248%), são espécies protegidas por lei, não podendo, portanto, serem manejadas para fins madeireiros.

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SUGERIMOS: Livro Árvores da Amazônia - Brasil A publicação da Editora Empresa das Artes, primeira do gênero, traz mais de 400 fotos de Silvestre Silva, profissional com 20 anos de experiência fotográfica na área de botânica.Os textos foram escritos pela mestre em ciências florestais Noemi Vianna Martins Leão, coordenadora do laboratório de sementes florestais da Embrapa – Amazônia Oriental. O livro destaca inúmeras fotos, curiosidades e informações sobre árvores em perigo de extinção, o que suscita importantes questões ambientais sobre a maior floresta tropical do mundo. Algumas curiosidades da flora amazônica: o pau-rosa é utilizado para a fabricação de perfume francês; a coccoloba tem impressionantes folhas de até 2,5 metros de comprimento; o táxi-preto vive no máximo 40 anos; a sumaúma atinge os 50 metros de altura. Outra função do livro é apresentar mais subsídios às discussões ambientais em torno da maior floresta equatorial do mundo, revelando olhares perspicazes da Floresta Amazônica, ressaltando a variedade de sua flora e fauna, o potencial hidrográfico, sua população indígena e cabocla e suas lendas e mitos.

na dispersão dos frutos e das sementes. As constantes chuvas que caem na Amazônia têm um papel fundamental na manutenção do ecossistema. Muitas vezes as águas nem chegam a atingir o solo, uma vez que ficam retidas nas diversas camadas de vegetação, sendo rapidamente absorvidas ou evaporandose ao término da chuva. São elas que garantem a exuberância da floresta. Todos os elementos, clima, solo, fauna e flora, estão tão estreitamente relacionados que não se pode considerar nenhum deles como o principal. Todos contribuem para a manutenção do equilíbrio, e a ausência de qualquer um deles é suficiente para desarranjar o ecossistema.

Margaret Mee à sombra de belas árvores

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O Plano Amazônia Sustentável no Pará A governadora Ana Júlia Carepa e o ministro Mangabeira Unger

Fotos: Eliseu Dias e Eunice Pinto/Ag Pa

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governadora Ana Júlia Carepa e o ministroprodução economicamente viáveis e ambientalmente chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos seguras para as populações de pequenos agricultores, da Presidência da República, Mangabeira reorganização da agricultura e pecuária, a indústria de Unger, lançaram o Plano Amazônia transformação, indústria florestal e mineral, integração S u s t e n t á v e l ( PA S ) , n o de rodovias, ferrovias e hidrovias e Kaiapo, representante da município de Altamira, a 780 Makuka a ciência e educação. liderança Indígena de São Felix do Xingu kms de Belém, oeste do O evento reuniu integrantes dos Estado do Pará. movimentos sociais, setor O Plano Amazônia produtivo, industrial e gestores Sustentável tem como federais, estaduais e municipais. prioridade a regularização A governadora e o ministro fundiária. Outras ações fazem ressaltaram a democracia do parte do plano, como o encontro, cuja sistemática permitiu zoneamento ecológico e que ambos ouvissem primeiro as econômico, medidas contra o lideranças locais, que relataram desmatamento, alternativas de avanços e problemas no

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d e s e n v o l v i m e n t o d a r e g i ã o . Sheila Juruna, do Fórum Indígena do Pará e Antonia Melo, do Grupo de Trabalho da Amazônia (GTA), consideram o PAS um avanço, mas que deve levar em consideração a realidade local. As duas manifestaram preocupações com o projeto de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu. "Vamos respeitar as opiniões distintas, isso é a democracia, mas o debate tem que ser técnico, porém temos que ter condições para implantar um novo modelo de desenvolvimento neste Estado e é preciso energia. Mas eu garanto que aqui não vai se repetir uma nova Tucurui (usina hidrelétrica no rio Tocantins), onde a energia ia para outros Estados, passando por cima da cabeça da população local, que ficava usando lamparina. No meu governo isso não vai acontecer", disse a governadoraAna Júlia Carepa. Carlos Lima, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura entregou para a governadora uma pauta com reivindicações para o Plano Safra 2008/2009. Carlos Xavier, presidente da Federação dosAgricultores do Estado do Pará, disse para a governadora e o ministro que é hora do Pará investir na produção de fertilizantes e teve apoio de Mangabeira Unger.

Raimundo Oliveira, superintendente do Incra

"Não há razão para o Brasil continuar nas mãos do cartel dos fertilizantes. Isso aumenta em 40% o preço dos produtos agrícolas", disse o ministro Mangabeira Unger.

PAS O ministro Mangabeira Unger disse que a regularização fundiária é o grande e primeiro passo

Em São Felix do Xingu, reunião do Plano da Amazônia Sustentável (PAS)

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Na reunião de trabalho com gestores federais, estaduais e municipais, conjuntamente com as lideranças políticas, movimentos sociais e setor produtivo, no auditório da ACIAPA

Ana Júlia Carepa, Roberto Mangabeira Unger e Airton Faleiro

para começar a resolver os problemas da Amazônia. "Toda a Amazônia é hoje um caldeirão de insegurança jurídica", disse o ministro. Mangabeira Unger disse também que há quatro tarefas para que seja criado um novo modelo sustentável e includente na Amazônia: organizar e financiar os serviços ambientais, tecnologia para florestas tropicais, indústrias de transformação de produtos madeireiros e não madeireiros e organização jurídica. Valmir Ortega, secretário de Estado de Meio Ambiente foi convidado pela governadora a expor as ações do governo na área ambiental. "Até o final do ano Altamira terá uma representação da Secretaria funcionando aqui, para facilitar a liberação dos projetos de manejo florestal", disse o secretário. O Cadastro Rural, que foi lançado há uma semana, também em Altamira, foi destacado pelo secretário como uma porta para a regularização fundiária no Estado.

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Ana Júlia Carepa e Roberto Mangabeira Unger, no auditório da ACIAPA

"Vamos trabalhar em parceria com o governo federal na regularização fundiária do oeste do Pará, onde a maioria das terras é da União", completou a governadoraAna Júlia Carepa. O deputado Airton Faleiro disse que a região já sofreu com o abandono do governo federal e o descaso do governo do Estado em administrações anteriores, mas "agora nossa região faz parte da agenda de país do presidente Lula". Participaram do evento a presidente do Ideflor, Raimunda Monteiro; o presidente da Assembléia Legislativa, Domingos Juvenil; José Helder Benatti, presidente do Instituto de Terras do Pará; Renato Francês, presidente da Empresa de Processamentos de Dados do Pará; Cássio Pereira, secretário de Agricultura; Maurílio Monteiro, secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia; e Antonio Carlos Bortolli, representando a prefeitura local.


Soledade vai ser transformado em cemitério-parque Fotos: Carmem Trindade, Dandara Assunção, Fernando Marques e Lúcio Mauro

Pesquisas no Cemitério Nossa Senhora da Soledade revelam aspectos sociais de Belém do século XIX

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por Dandara Assunção

onstruído no Século XIX, o Cemitério Nossa Senhora da Soledade, localizado à Avenida Serzedelo Corrêa, no centro de Belém, constitui um patrimônio para o povo paraense não só pela sua história, mas também pelo acervo arquitetônico que abriga. A exemplo do que acontece em outras grandes cidades no mundo, esse sítio histórico será transformado em cemitério-parque. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) financia a iniciativa de “Conservação, Consolidação e Restauração e Adaptação do Soledade em Cemitério-Parque”. O projeto de levantamento histórico e arquitetônico é executado pela empresa R2 Arquitetura LTDA, e conta com o apoio do Museu Paraense Emílio Goeldi, na realização de investigação arqueológica, coordenada

No Cemiterio da Soledade

pelo arqueólogo Fernando Marques, do (MPEG). O cemitério foi tombado como patrimônio paisagístico nacional pelo Iphan em 1964. Construído por volta de 1850 quando epidemias de febre amarela, cólera e varíola dizimaram cerca de 30 mil pessoas, o cemitério foi desativado em 1880, pelo então presidente da Província do Pará, José Coelho da Gama e Abreu, que suspendeu os enterramentos no Soledade. Estudos apontavam que o solo misto de argila e areia, era impróprio para enterros. “O solo tende a ficar mais enfraquecido com a decomposição dos corpos”, explica Fernando Marques sobre as condições do solo do Soledade. Antes da epidemia, os mortos eram enterrados nas igrejas da cidade, com EDIÇÃO 81 [SETEMBRO 08]

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exceção dos escravos que já eram sepultados em cemitérios. “A epidemia matou inúmeras pessoas, por isso a necessidade de serem enterradas em cemitérios e não mais em igreja. Era preciso que a cidade passasse por um processo de higienização urbana”, explica a historiadora da UFPA, Cássia Rosa, que também integra o projeto de revitalização do cemitério.

Arte para homenagear os mortos Para edificar o cemitério, muitas famílias ricas importavam os mausoléus do exterior, principalmente da Europa, como uma forma de homenagear os familiares mortos pela epidemia. Por essas razões, a arquitetura das sepulturas do Soledade revela fortes influências de diversas escolas artísticas, como o clássico, que seguia linhas da arquitetura grega, e Art Nouveau, que teve grande destaque nas últimas décadas do século XIX, quando o Soledade foi edificado, e primeiras décadas do século XX. O Art Nouveau enquanto escola artística valoriza o trabalho artesanal e possui fortes traços da natureza em sua arquitetura. Por isso, o arqueólogo, Fernando Marques, diz que o Cemitério Nossa Senhora da Soledade é: “Um museu a céu aberto”.

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Nos dias atuais, o antigo cemitério ainda é cenário de tradicionais manifestações religiosas, como novenas, orações às almas e agradecimentos de graças alcançadas, ou mesmo atividades apenas contemplativas, face à predominância marcante de verdadeiras obras de arte presentes no Pórtico e nos Mausoléus. As catacumbas mais visitadas, e que se diz ser de almas que realizam milagres, é do menino Zezinho, falecido em 1881; da escrava Anastácia e da Preta Domingas, falecida em 1871. No entorno dessas sepulturas, velas, bombons, e flores são oferendas dos vivos à espera de milagres. Além da religiosidade manifesta e típica do lugar, o cemitério revela uma visível segregação social que havia no século XIX. O tamanho dos mausoléus dos que tinham posses em relação às sepulturas dos escravos - que eram enterrados nos fundos do Soledade -, por exemplo, deixam claras as diferenças sociais da época. A presença das quatro irmandades: Santo Cristo (Da Santa Casa de Misericórdia), Ordem Terceira do Carmo e São Francisco da Penitência, revela também importantes fontes históricas da Cidade de Belém. As irmandades eram confrarias que recebiam doações


em troca de sepulturas para que os doadores pudessem ser enterrados, no Cemitério da Soledade. Naquele tempo quem administrava os enterramentos nos cemitérios da cidade era a Santa Casa de Misericórida. Outro aspecto interessante do cemitério é a sua extensão, que, então, ia desde a sua atual localização até onde hoje fica o colégio Instituto de Educação do Pará (IEP) e o prédio Manuel Pinto da Silva, ambos localizados à Avenida Serzedelo Corrêa, esquina com a Avenida Nazaré. “Não é raro para os moradores dessa região de Belém encontrar ossadas no quintal de suas casas”, afirma o arqueólogo do Goeldi. As escavações coordenadas por Marques serão Escavações realizadas por realizadas até o fim de setembro, quando Marques e pela equipe outras adaptações históricas e arquitetônicas serão realizadas no Soledade. Sobre as importantes revelações históricas que as escavações no Cemitério Nossa Senhora da Soledade podem revelar, o arqueólogo responde: “Além de dados culturais, como objetos de uso pessoal, vestuário, formas de sepultamentos e informação, por exemplo, sobre saúde pública, a arqueologia pode resgatar simbolismos das práticas religiosas, oferendas, que muitas vezes não está publicada. O estudo arqueológico permite assim, confrontar estas fontes materiais com a documentação escrita”. As escavações realizadas por Marques e pela equipe que integra o projeto já encontraram várias peças de cerâmica, louças, metais e vidros, além de vestígios de pisos e construções de alvenaria de pedra e tijolos, feita com argamassada de cal obtida a partir de queima e trituração de conchas provenientes, possivelmente de sambaquis da região do salgado e das ilhas.

Arqueologia histórica em espaços urbanos Esse foi um dos temas tratados durante o I Encontro Internacional de Arqueologia da Amazônia, que acontece em Belém recentemente no Teatro Maria Sylvia Nunes da Estação das Docas. A arqueologia histórica ocupou lugar de destaque no evento e a mesa sobre o tema teve coordenação do arqueólogo Fernando Marques, do Museu Goeldi, que

também apresentou o trabalho “Agroindústria canavieira e memória urbana: abordagens arqueológicas naAmazônia Colonial“. Arno Kern,Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e Marcos Albuquerque, da Universidade Federal de Pernambuco, estavam os especialistas convidados. Eles abordaram a importância da arqueologia no contexto das cidades. Kern falou especialmente, sobre o assunto no Período Colonial, e Albuquerque explorou a noção do potencial da arqueologia histórica para resgatar informações engolidas pelo passado, pela selva, em cidades varridas por ataques militares e doenças tropicais. Paulo Zanettini, da Zanettini Arqueologia, apresentou trabalho relativo à arqueologia na cidade amazônica com dois estudos de caso – Projeto Arqueourbs, desenvolvido para o Governo do Estado do Amazonas e o Projeto Fronteira Ocidental, do Mato Grosso – a partir dos quais fez reflexões a respeito do papel do arqueólogo enquanto agente ativo na preservação do patrimônio ambiental urbano. “De aldeias a Missões religiosas: Oferendas para escrava Anastácia trocas culturais na foz do rio Amazonas“ é o título do trabalho que Paulo Roberto do Canto Lopes, do Museu Histórico do Estado do Pará apresentou durante a sessão. O E n c o n t r o Internacional foi uma parceria do Museu Goeldi com o Iphan e a Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult), e contou com o patrocínio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior ( Capes); e o apoio da Petrobras. Agência Museu Goeldi

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A Lei de

MURPHY

ou a “Lei da Implicância Natural das Coisas” por Claudia Nascimento

Q

uem não tem a impressão que, em algum momento da vida, fez tudo certo e, sem explicação lógica, algo fugiu de seu controle? Possivelmente neste momento pode constatar a existência da Lei de Murphy, ou a “Lei da Implicância Natural das Coisas”. Eu sempre pensei que essa Lei fosse um tipo de piada. Quando nova eu li o livro “A Lei de Murphy e outros motivos porque tudo dá errado", de Arthur Bloch, traduzido por Millôr Fernandes, e acreditei por anos ser mais um exercício do humor de Millôr. Aliás, este grande escritor brasileiro foi marcado para ser o arauto da Lei de Murphy.

Millôr Fernandes

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Talvez muitos saibam, mas vou contar uma velha historinha. Millôr é meu “conterrâneo”, do subúrbio do Méier, no Rio de Janeiro, porém contemporâneo de meu pai. Ambos foram registrados no mesmo cartório, e pelo mesmo homem, na época em que não havia impressoras e nem eram usadas máquinas datilográficas, e os escrivões escreviam as certidões. Precisavam ter uma bela caligrafia, e esse senhor o tinha. Eu vi a certidão de nascimento de meu pai. Mas aquelas letras eram tão rebuscadas que não poucas vezes causavam problemas de leitura. Millôr não nasceu Millôr, mas sim Milton Viola Fernandes, mas a grafia fez surgir esta identidade única. Jogou o traço do “t”, arqueado, por sobre o “o”, que vinha seguido de um “n” tão trabalhado que se fez de “r”. O seu registro, que foi feito após seu nascimento, em 16 de agosto de 1923 e, como é de se esperar, também gerou um erro na data de nascimento, que oficialmente passou a ser o dia 27 de maio de 1924. Millôr se torna ímpar, não apenas por seu talento e inteligência crítica, mas também por ser um caso raro de um homem com dois nomes e dois nascimentos! Desta forma, a Lei da Implicância Natural das Coisas nunca foi uma tese realmente levada a sério por mim. Mas, graças à internet, recebi um e-mail com algumas frases que representariam a aplicação dita Lei em várias situações. Quando repassei adiante, recebi a boa provocação de descobrir a autoria das frases. A curiosidade, como madrinha das boas descobertas, me fez resgatar essa pequena, mas importante, referência da Lei de Murphy na minha vida. Sim, porque, quem me conhece pessoal e intimamente sabe que eu sou


uma prova viva das forças naturais do contra! É claro que alguma coisa deverá acontecer com este artigo... Mas é assim mesmo, fazer o quê? Qual a minha surpresa ao descobrir que Murphy realmente existiu! E que essa lógica é conhecida como um princípio de design defensivo. Quer dizer, se duas peças são iguais e existe a possibilidade de troca em seus encaixes, deve-se criar um design assimétrico para reduzir a possibilidade de erro. Porque, se existe possibilidade mínima de troca, ela vai acontecer! É a Lei! Edward Murphy foi um engenheiro que trabalhava para a Força Aérea Americana. Durante um de seus experimentos (USAF, projeto MX981) envolvendo uma pessoa-teste, em 1949, onde seria necessário fixar dezesseis acelerômetros para testar a tolerância humana à aceleração, nenhum deles foi colado da maneira correta. Existiam duas formas de fixação de cada sensor, e em todos os dezesseis foi feito da maneira errada. O major John Paul Stapp, a “cobaia” Edward Murphy no experimento, o ouviu

dizer, e difundiu, aquela que seria conhecida como a primeira Lei de Murphy:“Se há duas ou mais formas de fazer alguma coisa e uma das formas resultar em catástrofe, então alguém a fará.” O reconhecimento da Lei da Implicância Natural das Coisas, também conhecida como Lei da Trapaça, se faz num de seus principais axiomas: "O pão sempre cai com a manteiga para baixo". Quem duvida disso? O grande lance da vida está em reconhecer que não há planejamento possível sem considerar o erro como uma possibilidade real. E nisto está a beleza: no acaso. Ninguém se surpreende com a rotina e com a previsibilidade. Um tio meu dizia que pic-nic sem formiga não tem graça. E é quando aceitamos a possibilidade do “se” que a vida ganha em perspectivas inesperadas. A bem da verdade ninguém quer viver ao sabor do vento; todo mundo quer poder prever minimamente os seus passos para não cair num estado de subordinação às forças externas, que levariam a um esvaziamento de autodeterminação da vida. Mas qual a mulher que não quer ser surpreendida com uma flor? Quem não quer um promoção inesperada, ou um aumento, ou um prêmio de loteria? A mudança de planos não precisa obrigatoriamente estar condicionada ao acaso e ao erro. Nós podemos inferir nossa vontade no acaso alheio. Certamente os leitores

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Existem outras leis, que associam o conceito de Murphy a situações específicas: Lei de Gold: - Se o sapato serve, é feio! Tratado sobre o Tempo: por Hanson - Nunca há horas suficientes em um dia, mas sempre há muitos dias antes do sábado. Postulado de Harrison - Para cada ação, há sempre um igual e oposto criticismo. Princípio da Memória de Hurewitz - As chances de esquecer algo é sempre diretamente proporcional ao ... ao ... uhn? ... Lei dos Cargos - Todo cargo tende a ser ocupado por um funcionário não qualificado para desempenhar suas funções. Lei do Óbvio Ululante - Se uma corda tem uma ponta, procure que tem outra. Lei das Filas - A outra fila sempre anda mais rápido. - Mudar de fila faz com que imediatamente a fila de onde você saiu comece a andar mais depressa do que a sua. - Voltar à fila antiga desorganiza as duas filas e deixa todo mundo puto da vida. Lei dos Aeroportos - A distância até a porta de embarque é inversamente proporcional ao tempo que resta para pegar o vôo. Lei do Baiano - Não há melhor momento do que hoje, pra adiar pra amanhã, o que você não vai fazer nunca. Princípio do Atrasado - Se você chega cedo, o espetáculo será cancelado. - Se você se mata para chegar na hora, terá que esperar. - Se você chega atrasado, começou a horas. Leis da Dieta - Pra não engordar há quem coma somente verduras. Os elefantes só comem verdura. - Pra não engordar há quem coma somente peixe. As baleias só comem peixe. Leis do Esporte - O melhor lance da partida acontece quando você está olhando pro placar ou comprando uma cerveja. - Tudo sendo igual pros dois adversários, você perde. Lei do Irremediável - Se o caso é ganhar ou perder, você perde.

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que estão acostumados com artigos mais técnicos vão achar estranho este, quase biográfico. Mas nós interferimos no acaso, não podemos ser subservientes, apenas vítimas dele. Millôr Fernandes diz que “viver é desenhar sem borracha”. Ele deve ter clara noção disso, pois além de escritor é um chargista de referência. A questão está no fato que às vezes queremos insistir tanto na precisão de nossas vidas, que qualquer acaso se eleva à categoria de catástrofe! Mas a vida não é uma prancha de desenho técnico, é um desenho livre, impressionista ou expressionista (ou, talvez, surrealista), caricato muitas vezes, de intenções nem sempre tão objetivas. É um lápis correndo frouxo, construindo formas que vão significar realmente quando retornarmos o olhar. Edward Murphy ficou famoso não por sua competência técnica como engenheiro, mas por um erro expresso numa frase, um conceito, reproduzida e reconhecida como um fato de tamanha precisão que atinge a todos, indistintamente. Devemos, pois, ver os desvios como novos caminhos. Observar a vida com o olhar atento para os novos meandros e matizes que surgirão no cenário. Aprender a conhecer um pouco mais o que nos cerca, para que nós possamos ser os agentes da mudança, e não a fatalidade do erro. E considerar o erro como uma possibilidade ainda não pensada, que deve ser relevada ou combatida, dependendo da interferência. E rir, abstrair, transformar a nossa vida em uma estrutura mais fluida e volátil, para que possamos penetrar em outros espaços de possibilidades. Arquiteta e urbanista, especialista em Artes Visuais e Semiótica Atualmente Técnica em Gestão Cultural do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Secretaria de Estado de Cultura (DPHAC-SECULT) e-mail: crodianascimento@yahoo.com.br


Arte em Movimento por Benigna Soares

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repórter fotográfico Ray Nonato, ligado à Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet Pará) foi o vencedor do concurso de fotografia "Arte em Movimento", lançado pelo Sest/Senat e que tinha como principal regulamento uma curiosidade: as imagens inscritas obrigatoriamente tiveram que ser captadas de dentro de um meio de transporte em movimento, fosse marítimo, rodoviário, ferroviário e aeroviário. Ray Nonato conquistou o primeiro lugar no concurso, na categoria profissional, com uma imagem captada de dentro de um carro em uma vicinal do município de Conceição do Araguaia, no pólo turístico Araguaia Tocantins, quando realização uma cobertura especial à convite da Abrajet Pará e da Paratur nas proximidades do Lajedo do Cadena, lugar histórico que guarda até hoje vestígios da Guerrilha do Araguaia naquela região. O flagrante, denominado de "Estrada de Fé", mostra a religiosidade do condutor do veículo em uma estrada de terra que leva moradores e visitantes por caminhos pouco habitados mas muito atraentes pela exuberância do lugar, repletos de fazendas. O registro de Ray Nonato mostra a arte e a experiência do fotógrafo, que já trilhou muitos caminhos mostrando o turismo na maioria dos 143 municípios paraenses. O resultado desse trabalho Ray Nonato, que é também repórter fotográfico de O Liberal e do Amazônia Jornal, vem apresentando aos municípios através da exposição "Olhar Amazônico", que já percorreu o Marajó e Faculdades de Belém. Ray Nonato se mostrou surpreso com o resultado. "Não esperava ser o vencedor desse concurso. Realmente, fiquei muito surpreso e feliz", relatou o

O repórter fotográfico Ray Nonato e seu flagrante "Estrada de Fé"

fotógrafo que inscreveu três imagens. Os três primeiros vencedores, na categoria geral, receberam, na noite da premiação, máquinas digitais e certificados pela participação. O segundo lugar do concurso foi conquistado pelo fotógrafo Rafael Araújo, com a foto 'Hora do rush'. A terceira colocação foi para o fotógrafo Anderson Coelho, com a foto 'Cotijuba I'. Na categoria especial, os três vencedores receberam certificados pela participação no concurso. Os ganhadores foram os fotógrafos Antônio Carlos Silva, Raimundo Santos e Rômulo Silva, com as fotos 'Luzes do Itinerário', ''No guincho passado, no espelho o presente' e 'Negligência, um perigo na estrada', respectivamente. Presidente da Abrajet Pará


Benefícios da água potável chegam à ilha de Jutuba Fotos: Cláudio Santos/Ag Pa Lucivaldo Sena / Ag. Pará

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esgatando compromisso assumido durante a Campanha da Fraternidade, a governadora Ana Júlia Carepa, inaugurou os sistemas captação e tratamento de água na Ilha de Jutuba,. ao lado do arcebispo metropolitano de Belém, dom Orani João Tempesta. Foram inaugurados 54 sistemas de captação e tratamento de água da chuva, projeto da Cáritas Metropolitana de Belém (Camebe), vinculada à Arquidiocese, executado e financiado pelo governo do Estado. Com a inauguração, os mais de 200 moradores do local já dispõem de água própria para consumo, livrando-se de uma carência com a qual conviviam há gerações. O Estado investiu nos sistemas cerca de R$ 144 mil. Na inauguração a governadora Ana Júlia Carepa, recordou que a falta d'água na região da maior bacia hidrográfica do mundo Ana Júlia Carepa, Dom Orani Tempesta e Suely Oliveira inauguraram os sistemas de abastecimento

A felicidade da pescadora Essenita Ferreira


atinge metade da população paraense, que também é a última do Brasil em saneamento básico. “Com a iniciativa de hoje inauguramos algo que não aparece aos olhos, mas beneficia, e muito, a população. Essa é a escolha que nós fizemos, invertendo prioridades para melhorar a qualidade de vida do nosso povo”, assegurou. A governadora garantiu aos moradores da ilha, a construção do trapiche de concreto da ilha, reivindicação antiga, e adiantou que equipes das secretarias de Pesca e Aqüicultura (Sepaq) e de Agricultura (Sagri) irão ao local para estudar formas de inserir a comunidade – cuja subsistência é baseada na pesca e na extração de açaí – nos projetos do governo. Ela disse ainda que o governo vai verificar como levar energia elétrica ao local, dentro do programa Luz para Todos. Dom Orani, que descobriu a carência da comunidade da ilha do Jutuba numa de suas A moradora Rosa Peres, mais uma das beneficiadas pelo projeto, que aproveita a água das chuvas

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Ângela Nascimento, moradora mais antiga da ilha, não precisa mais se arriscar para conseguir água

visitas pastorais à região das ilhas de Belém, disse que foi um aprendizado descobrir que numa ilha cercada por água e banhada por igarapés, água potável fosse tão escassa. “Aprendi com o paraense que nem sempre a abundância de recursos naturais significa benefícios ao povo mais necessitado”. Suely Oliveira, secretária de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional, lembrou que muitos moradores de Belém não têm idéia das dificuldades que as populações ribeirinhas enfrentam nas ilhas. “Essa comunidade, agora, vai ter mais saúde e segurança, já que não precisará mais atravessar o rio toda vez que os camburões secarem”, concluiu. Os sistemas atenderão, de imediato, 62% da população da ilha. Eles garantem água própria ao consumo para 68 famílias residentes no local, como a do pescador Marcileno Madureira de Moraes, 35 anos, que levava até duas horas para buscar água em casa de parentes ou em torneiras públicas disponíveis nas ilhas vizinhas. Com a entrega do sistema, as famílias têm água para consumo e demais necessidades diárias Ângela Souza do Nascimento, 74 anos, a moradora mais velha da ilha, que fica a 15 quilômetros de Belém, disse que não sabia o que era ter água em casa. Para comprar água, relatou, seus filhos precisavam se aventurar em viagens de barco de cerca de O pescador Marceleno Madureira Moraes e sua família ficaram contentes

A governadora Ana Júlia Carepa e o arcebispo D. Orani Tempesta conferem a qualidade da água na ilha de Jutuba Algumas horas no sol para a água passar por um processo natural de tratamento antibacteriano


O Sistema de Captação e tratamento de água da chuva, na ilha de Jutuba

40 minutos em direção a ilhas próximas, como a de Caratateua (em Outeiro) ou Cotijuba. “Para nós é uma felicidade muito grande poder receber esse projeto, que aproveita a água vinda dos céus”, afirmou. A líder comunitária Rosa Peres contou que, certa vez, voltando da travessia em busca de água, enfrentou uma tempestade no meio do rio. “Pensei: ou jogo fora os camburões com a água que havia acabado de comprar, ou fico com eles e corro o risco de virar com a canoa”, disse ela, observando que essa era apenas uma das dificuldades para conseguir água.

Funcionamento Os sistemas funcionam com o reaproveitamento da água da chuva, armazenada em caixas de até 500 litros.

Durante a inauguração

Nos depósitos, a água recebe tratamento à base de cloro e, em seguida, é colocada pelos próprios moradores em garrafas tipo PET. Bastam algumas horas no sol para a água passar por um processo natural de tratamento antibacteriano, suficiente para deixá-la pronta para ser consumida.

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O MMA e a Abema

Parceria entre Ibama, Chico Mendes e órgãos estaduais de meio ambiente

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Fotos: Jefferson Rudy/MMA

s representantes do Ibama e do Instituto Chico Mendes nos estados serão orientados a trabalhar em parceria com os órgãos ambientais estaduais, independentemente do partido que esteja no governo. "Trabalhar em conjunto não significa concordar em 100% das questões, mas sim operar em clima de solidariedade e não de oposição", afirmou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante reunião da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), em Brasília. Minc apresentou também a posição do Ministério do Meio Ambiente sobre nove Na reunião com secretários de Meio Ambientes temas da pauta, entre eles a regulamentação do artigo 23, da Constituição Federal, que proposta é que a compensação seja calculada apenas trata das competências legais da União, dos estados e sobre a parte do investimento que gera impacto dos municípios. O ministro destacou que a pasta vem ambiental, e não sobre o total a ser investido. A forma costurando um acordo com outros ministérios e a Casa de cálculo será discutida entre representante do MMA Civil para apressar a votação no Congresso Nacional. e Ibama e também da Abema, Anamma, Confederação A expectativa é que o texto seja apreciado após as Nacional da Indústrias (CNI), Conselho de Reitores eleições municipais. A regulamentação é considerada das Universidades Brasileiras e Fórum Brasileiro de peça-chave para a consolidação do Sistema Nacional Ongs, Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o de MeioAmbiente (Sisnama). Desenvolvimento (Fboms). Outro tema abordado foi o novo cálculo da Minc destacou que a participação daAbema na Câmara compensação ambiental, que será apreciado na de Compensação também será importante para definir primeira reunião da Câmara de Compensação e ampliar a aplicação de recursos em unidades de Ambiental com a composição ampliada, na próxima conservação estaduais, uma das reivindicações da sexta-feira (22), em Brasília. De acordo com Minc, a

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Abema. Ele adiantou, ainda, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá lançar em breve o Plano Nacional de Turismo e Ecoturismo, com previsão de investimento de R$ 50 milhões em seis unidades de conservação. Os recursos serão distribuídos entre os Parques Nacionais da Serra dos Órgãos (RJ), do Jaú (AM), da Chapada dos Veadeiros (GO), dos Aparados da Serra (RS), da Serra da Capivara (PI) e o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PE). Os investimentos federais deverão custear a construção de centros de visitantes, trilhas guiadas, mirantes e a contratação de guias. De acordo com o ministro, as unidades de conservação federais recebem cerca de 3,5 milhões de visitantes, contra 192 milhões nos Estados Unidos. "Nossos parques são pouco protegidos, pouco usufruídos e dão prejuízo. Queremos inverter essa equação", disse.

Conama O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, foi instituído pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90.

Carlos Minc durante a reunião na FIESP

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Camillo Vianna

Amazônia

Honra ao Mérito

Arco de Fogo

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om toda a pompa e circunstância, através da mídia, para vergonha de todos os Estados da República Federativa do Brasil, foi apresentado o número do desmatamento na Amazônia registrado pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) – 499 km² no mês em curso, contra os 262 km² observados em maio, aumento portanto de 91%. Ligeira correção se faz necessária para colocar tudo nos seus devidos lugares. Enfiaram entre os galardoados o Mato Grosso do Sul como fazendo parte da tal Amazônia absolutamente ilegal, resultante de gato geo-político de lavratura de habilidoso político, que no cargo de Senador da República, não se sabe muito bem se como representante do Estado do Maranhão ou do novo Estado do Amapá e muito menos se faz às vezes de eminência parda de Chefão que dê as cartas em Brasília. O cidadão referido gestou a tal Amazônia Legal que está

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dando barafunda infernal na cabeça de escassos patriotas que se dizem conhecedores da Região Mais Desconhecida do Planeta, que é a Amazônia Verdadeira, Clássica, Ribeirinha ou Geográfica. Depois do Pará, em acirrado arranca-rabo, vem o Estado de Rondônia, cujo pessoal anda meio atravessado com as autoridades maiores da Hevea brasiliensis República. E tem mais, em um jornal de maior circulação entre nós, enfiaram como hour concours, o Mato Grosso que entra com 19 cidades devastadas, o Pará com 12, Rondônia com 4, relação altamente suspeita pois só Deus sabe os artifícios que extratores de madeira nobre fazem para, como se diz, passar a pastora para iludir possível repressão como, por exemplo, a usada nas serrarias de Marabá que nada mais era, ou ainda é a castanheira do Pará que é por Lei “protegida do abate, que depois de derrubada toma banho de lama no lago de Tucuruí para caracterizar, na base da corrupção que a referida foi retirada do próprio lago, gigantesco cemitério de madeiras nobres. É comum que frotas de gigantescas carretas transportarem essas madeiras, principalmente para São Paulo. Técnico da Sociedade de Preservação aos Recursos Naturais e Culturais da Amazônia (SOPREN) hospedado bem às margens da BR que atravessa Tailândia no Pará informou que, praticamente, de 5 em 5 minutos uma dessas carretas atravessa a cidade no rumo de São Paulo,

corrompendo de qualquer maneira, os agentes dos postos de vigilância. É fácil identificar enormes balsas com até cinco, seis toneladas de carga de madeira que tomam o mesmo rumo, preferencialmente, à noite. Em 2006 a mídia informou que a árvore mais importante do Brasil, a Seringueira ou Hevea brasiliensis é também cambiada para a Europa, onde a madeira tem excelente aceitação. A produção de carvão é de assustar quando se sabe que milhares de carvoarias, trabalhadas diuturnamente por jovens e crianças que abandonam as escolas, é levada por gigantescos caminhões e o material passa livremente nas rodoviárias rumo à Minas, São Paulo e Centro-Oeste onde existem fábricas. Isso significa que a exportação do produto não passa também de contrabando pura e simples, encaminhando para as aciarias do Sul, Sudeste e daqui mesmo. Com a inserção do chamado Arco de Fogo, atividade governamental, é certo que as multas sobre os infratores estão ocorrendo, porem será difícil explicar porque o Pará aumentou a devastação em 91% e, tem mais, na própria Terra do Meio foram apreendidas 3 embarcações transportando peixes ornamentais cujo destino era o Japão e Estados Unidos, além da Europa. Fator agravante está prestes a ter inicio com a chegada do verão amazônico. Os fazendeiros implantaram na região a queima em larga escala das áreas que após devastadas pelos próprios para a formação de capineiras, ampliadas a cada ano, forçam a secura de pequenos igarapés e pequenos lagos, cuja mata ciliar é retirada por máquinas pesadas. Como tudo parece continuar sem controle não haverá medalhas (os tais perendengues) que cheguem. O Pará foi agraciado como o maior devastador, graças a ação dos forasteiros que vem ocupando a Amazônia com empenho e tenacidade, visando lucro imediato, pressionando os desprotegidos a participarem de faina destruidora. Falta agora nomear o perendengue que os contemplados poderão usar atochados na jajaba domingueira ou em dia de convescote festivo, estudando o peito com maior ufania possível.

Gigantescas carretas transportando madeiras

*SOPREN/SOBRAMES

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Mauro Gonçalves recebe o prêmio de Eliezer Athias, ao lado de Glenda Abdon e Vera Athias

MAURO GONÇALVES É O CORRETOR DE SEGUROS DO ANO

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noite foi de muita comemoração para o mercado de seguros local. O empresário Mauro Gonçalves recebeu o título de "Corretor de Seguros de 2008", concedido pelo Sindicato dos Corretores de Seguro (Sincor) do Pará, presidido por Fábio Costa. O título foi entregue no Hangar Centro de Convenções e Feiras da A m a z ô n i a , p a r a h o m e n a ge a r o s profissionais do mercado. Durante a solenidade, a Porto Seguro foi homenageada com o título de "Seguradora do Ano", tendo o seu gerente da sucursal Carlos Benedito recebido o prêmio. Como

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"Corretor de Seguro Destaque do Interior", o eleito foi Paulo Ramalho, da cidade de Marabá. Fábio Costa, presidente do Sincor Pará explicou que a votação aconteceu pelos próprios corretores, que indicaram os vencedores para os três prêmios, sendo que os mais votados foram os agraciados. O evento contou com cerca de 500 convidados em sua 12a. versão. A escolha do Corretor de Seguros do Ano tem como base 18 pré-requisitos, entre eles levar um trabalho de qualidade ao cliente, a ética na profissão, o respeito a concorrência, um bom convívio do


profissional com a classe, dentre outras. Para o grande homenageado da noite, Mauro Gonçalves, o fato da indicação ser decidida pelos profissionais do Sindicato torna a conquista ainda mais gratificante: "Acho que todo profissional almeja

Mauro com o diploma conferido pelo Sincor, com o presidente Fábio Costa

ter reconhecimento ainda mais quando isso é feito pela própria categoria", disse ele. O Corretor de Seguros de 2008 trabalha com seguros há 11 anos, e é proprietário da empresa Cosmopolitan Corretora de Seguros.

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Cuidadores

Acompanhantes que cuidam de bebês, crianças, jovens, adultos e idosos: profissão de grande responsabilidade por Procurador Paulo Manuel Moreira Souto

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s acompanhantes, ou “cuidadores”, zelam pelo b e m - e s t a r, s a ú d e , alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida. São profissionais especializados e que devem sempre priorizar pela sua capacidade e preparo físico, emocional e espiritual. Além de demonstrarem educação e boas maneiras, os acompanhantes também devem adaptar-se a diferentes estruturas e padrões familiares e comunitários, respeitar a privacidade de quem está sendo cuidado, saber ouvir, perceber e suprir carências afetivas, manter a calma em situações críticas e vexatórias, buscar informações e orientações técnicas, dominar noções primárias de saúde, dominar noções de economia e atividade doméstica, conciliar tempo de trabalho com tempo de folga e evidenciar honestidade e conduta moral. As atividades desta categoria são cumpridas com alguma forma de supervisão, na condição de trabalho autônomo ou assalariado. Os horários de trabalho são variados: tempo integral, revezamento de turno ou períodos determinados. No caso de cuidadores de indivíduos com alteração de comportamento, estão sujeitos a lidar com situações de agressividade. Já no

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atendimento a indivíduos com elevado grau de dependência, exige-se formação na área de saúde, devendo o profissional ser classificado na função de técnico/auxiliar de enfermagem. A ocupação de acompanhante é acessível a pessoas com dois anos de experiência em domicílios ou instituições públicas, privadas ou ONGS. O acesso ao emprego também ocorre por meio de cursos e treinamentos de formação profissional básicos, realizados durante ou após a formação mínima que varia da quarta série do ensino fundamental até o ensino médio. ûDependendo de quem está sendo cuidado, estes profissionais devem ter a sua disposição aparelho de p r e s s ã o , b a b á e l e t r ô n i c a , e s t e r i l i z a d o r, inalador/nebulizador, bolsa térmica, bolsa de primeiros socorros, brinquedos pedagógicos, termômetro, vaporizador, umidificador, bip/telefone, etc.

Para proporcionar um atendimento mais humanizado...

A esta categoria são assegurados os seguintes direitos: û Salário mínimo proporcional às horas trabalhadas; û Aviso prévio; û Gozo dos feriados civis e religiosos;


Cuidadores zelam pelo bem-estar...

û Irredutibilidade salarial; û Carteira de trabalho devidamente assinada e anotada a partir do 1º dia de trabalho; (CBO nº 5162); û 13º salário, a ser pago 50% entre os meses de fevereiro a novembro e o restante até o dia 20 de dezembro de cada ano; û Repouso semanal remunerado, que deve ser concedido preferencialmente aos domingos; û Férias anuais remuneradas de 30 dias. A remuneração do período das férias deve ser acrescida de 1/3 e paga dois dias antes do empregado ingressar em gozo de férias; û Licença-maternidade; û Salário-maternidade; û Licença-paternidade; û Vale-transporte; û Aposentadoria por tempo de serviço, por idade e por invalidez; û A empregada doméstica gestante tem estabilidade no emprego desde a confirmação da gravidez até 5 (cinco) meses após o parto; Quando o serviço de acompanhante é prestado para uma pessoa ou família estes profissionais se enquadram na categoria dos empregados domésticos.

A Lei os define como aquele que presta serviços de natureza contínua (freqüente) e de finalidade nãolucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas. Assim, o traço diferenciador do emprego doméstico é o caráter não-econômico da atividade exercida no âmbito residencial do empregador. Assinar a carteira profissional do empregado doméstico é obrigação do empregador e perante a lei e a justiça não existe qualquer argumento que possa desobrigar o empregador ou então justificar a sua omissão. É dever e obrigação do empregado doméstico apresentar ao seu empregador no ato de sua admissão a sua carteira profissional para o devido registro de seu contrato e apresentar toda a sua documentação ao ser contratado. A penalidade pela não observância dessa

A ocupação de acompanhante

obrigação deve corresponder à perda da vaga no emprego, pois não deve o empregador correr o risco de contratar um empregado sem o registro em sua CTPS e depois ter que responder sozinho perante a justiça pelas contribuições previdenciárias não recolhidas. O piso nacional de salário desta categoria é o salário mínimo nacional ou o salário mínimo regional para os estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Para duvidas: Portal Direito Domestico www.direitodomestico.com.br

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Sérgio Pandolfo

Centenário do poeta

Antônio Tavernard

N

este mês de outubro de 2008, em que estaremos assistindo igualmente à passagem de mais um Círio de Nazaré, comemorar- se -á o centenário de nascimento de Antônio Tavernard, poeta paraense de magna expressão, que nos legou obra marcada pela beleza e sensibilidade, assim em prosa como em verso, e na qual

“Tavernard escreveu místico porque viveu místico. Poderíamos também acrescentar, escreveu sofrido porque viveu sofrido, mas nunca se limitou à dor. O que é mais bonito é que sua poesia extrapola a dor e encontra na alegria sua expressão.”, a replicar Benilton Cruz, doutorando em Teoria e História Literária pela UNICAMP e professor da UFPA. O drama da enfermidade fez-lhe amadurecer

Grandes homens suportam grandes dores, os maiores transformam a dor em poesia”

podemos reconhecer, de forma permanente, a resignação, a conformação ante a dor que o abateu tão precocemente. Poeta, contista, romancista, jornalista e teatrólogo, Antônio de Nazareth Frazão Tavernard -- Toni para os íntimos -- nasceu na antiga Vila do Pinheiro, hoje Icoaraci, município de Belém, em 10 de outubro de 1908, em singelo chalé que ainda lá permanece, embora em precárias condições de conservação, como que a querer perpetuar a memória do poeta, e faleceu na capital paraense em 02 de maio de 1936. Segundo filho de uma prole de oito irmãos, dos quais a primogênita faleceu em tenra idade, Toni teve existência breve e amargurada, pois, muito jovem, quando cursava o 1º ano do Curso de Direito, foi acometido pela hanseníase, à época devastadora, estigmatizante, incurável. Foram seus pais o piauiense Otílio de Alencar Tavernard, jornalista, homem de letras, funcionário aposentado de nossa secular Santa Casa de Misericórdia e redator d' A Província do Pará e Marieta Frazão Tavernard, paraense, de família tradicional. Vendo-se enfermo se impôs vida reclusa, fugindo do contacto das pessoas, passando a residir nos fundos da casa de seus pais (que à altura já se haviam deslocado para Belém, fixando-se em confortável moradia de estilo português - batizada de Retiro São Benedito -, edificada em terreno existente na confluência das avenidas Generalíssimo Deodoro e Conselheiro Furtado, hoje ocupado pelo edifício homônimo dessa última artéria), em tosca habitação para ele erigida, à qual denominou Rancho Fundo, em que poucos fiéis e dedicados amigos - além dos familiares - participavam de seu convívio, em memoráveis tertúlias lítero-musicais.

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Benilton Cruz

precocemente o talento, daí porque, mesmo assim, no isolamento forçado, tivera profícua vida literária, dessa época provindo suas obras mais elogiadas. Sim, foi lá naquele tugúrio de um fundo de quintal suburbano, daquela Belém viçosa e buliçosa do dealbar do século passado, em que carpiu estoicamente sua infernália terrestre, que o bardo paraense fez vir à luz sua obra literária mais robusta, consistente, enternecedora, na qual, ao primor estilístico associam-se a limpidez e correção da linguagem, que o fizeram um dos maiores, se não o maior, poeta destas plagas parauaras. Produziu poesia, teatro, conto e crônica. Ali escreveu, assinala Georgenor Franco, “as mais belas e primorosas páginas de literatura, vazadas, todas, num estilo todo seu, próprio, personalíssimo.” Na apresentação de “Obras Reunidas”, editado pelo Conselho Estadual de Cultura (1986), a Profª.

Última foto do Pequeno Príncipe da poesia parauara (Studio Oliveira)


Placa afixada à entrada do Ed. Conselheiro Furtado

Familiares de Tavernard em frente ao “Rancho Fundo”, casulo-cosmo do poeta por uma década

Publicou um livro de contos aos 22 anos: Fêmea. Um segundo livro, Vozes Tropicais, ficou inédito. Entre as peças teatrais que escreveu foram encenadas: A Menina dos 20.000, de parceria com Fernando Castro, publicada em 1930 e levada à ribalta do extinto Palace Teatro, em 1931, musicada por Mendo Luna; A Casa da Viúva Costa; Parati; Seringadela e Que Tarde! Tavernard era apaixonado torcedor do Clube do Remo, para o qual dedicou algumas de suas poesias e escreveu crônicas de exaltação e, inclusive, o Hino do clube, que assim inicia: “Atletas azulinos somos nós/ e cumpriremos o nosso dever/...” Uma curiosidade: Tavernard veio ao mundo somente três anos após a fundação do glorioso Clube Remo (1905). Sua efêmera vida terrena não impediu que fosse incluído no rol dos grandes nomes da poesia paraense - e mesmo nacional -, graças à privilegiada sensibilidade artística, inteligência e inspiração poética. Em suas próprias palavras: “Cada um dá o que tem! / Ah! Que verdade!.../ A vida deu-me a dor, eu dou-lhe versos...”

Maria Anunciada Chaves assim se expressou: “A angústia inundou o coração e a alma do poeta, mas não a venceu. (...) Antônio Tavernard refugiou-se em seu talento criador, e escreveu incansavelmente.” Aos 19 anos ganhou o 2º lugar em concurso de contos instituído pela revista Primeira, da antiga capital federal. Em Belém foi redator-chefe da revista A Semana. Suas poesias eram publicadas em jornais belenenses e cariocas. Todavia, em vida não logrou organizá-las em livro, cabendo ao acadêmico Georgenor Franco, em 1953, reuni-las em volume a que denominou Místicos e Bárbaros. Similitudes, uma de suas peças poéticas mais conhecidas e reputadas, em que evoca ter nascido “em frente ao mar” e a ele se faz comparar (na verdade o rio para o qual sua casa, em Icoaraci, estava voltada), está aí inserida. “Poeta da gente humilde, de sua terra, sua imaginação adquiriu um conteúdo humano e emocional, poucas vezes conseguido por qualquer outro poeta paraense: plásticos, espontâneos, contendo sonoridade e ritmo, seus versos, Casa em que nasceu Tavernard, em Icoaraci, na Rua Siqueira Mendes, 585. “Nasci em inspirados no folclore regional, são uma síntese da emotividade frente ao mar./ Meu primeiro vagido / cabocla.” (Rocque, C.). O consagrado compositor paraense e misturou-se ao fragor do seu bramido.”, nacionalmente aplaudido, Waldemar Henrique, musicou seus disse o grande vate paraense, num instante sublime de seu estro poético poemas, tornando-os, destarte, conhecidos em todo o País, (Poesia Similitudes) através de belas canções, de que são exemplos: Foi Boto, Sinhá; Matintaperera; Louco de Amor.

*Médico e escritor – SOBRAMES

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Alimentos que queimam calorias

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arar de comer para emagrecer é uma velha prática que não dá muito certo e ainda prejudica a saúde. Mas que tal fazer o contrário, comer para queimar calorias e de quebra mandar uns quilinhos embora? Não é magia, mas sim a propriedade de certos alimentos chamados de termogênicos. - Quando digeridos, esses alimentos aumentam o metabolismo e a temperatura interna corporal. Com isso, queimam calorias e ajudam a emagrecer - explica o cardiologista especializado em nutrologia e medicina biomolecular Sérgio Puppin. Por exemplo, gengibre, pimenta vermelha e chá verde têm esse poder, mas não significa que comer um bolo de chocolate com uma xícara de chá vai fazer com que os pneuzinhos vão embora. - Esses alimentos são coadjuvantes no processo de emagrecimento. É importante ter uma alimentação equilibrada e praticar exercícios físicos para obter resultados - lembra a nutricionista Flavia Moraes, do Mundo Verde. No entanto, segundo ela, quem introduz os termogênicos numa vida regrada pode ter grandes benefícios.

Cardiologista e nutrólogo Dr. Sérgio Puppin

- Um paciente que aliou bons hábitos alimentares a três xícaras de chá verde por dia emagreceu 12 quilos em dois meses - conta a nutricionista.

Termogênicos devem ser consumidos regularmente Para fazerem efeito, os termogênicos devem ser introduzidos com regularidade no dia-a-dia. Mas há algumas medidas que queimam calorias sem nenhum sacrifício. Por exemplo, água gelada! - Beber oito copos de água gelada por dia queima cerca de 200 calorias. Isto porque o organismo gasta energia para elevar a temperatura da água de 5ºC para 37ºc, que é a temperatura corporal interna - conta Sergio Puppin. Ele acrescenta que pegar sol sem filtro solar até às 10 da manhã e após cinco da tarde, e dormir em um quarto bem escuro, libera o hormônio MSH (hormônio estimulador de melanócitos), que queima gorduras. O especialista cita, a seguir, alguns alimentos "milagrosos" que ajudam você a entrar em forma: Pimenta Caiena (pimenta vermelha): aumenta a circulação, melhora a digestão e aumenta a temperatura do corpo. Estudo realizado no Instituto Politécnico de Oxford mostrou que a pimenta caiena, aumenta o metabolismo em 20%. Este mesmo trabalho evidenciou ainda sua propriedade de retirar gorduras das artérias. Quantidade: 3 gramas ou 450mg (cápsulas), 2 vezes ao dia.

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Atuação de alguns termogênicos que devem constar da despensa de quem quer emagrecer cerca de 5 a 10 kg em apenas três meses:

Gengibre: Um trabalho realizado na China mostrou aumento do metabolismo em 20%. Pode ser usada crua, refogada ou em forma de chá, 3 vezes ao dia.Outra opção é bater no liquidificador com aipo, laranja, maçã ou qualquer outra fruta. Pode também ser consumida em cápsulas de 500mg, 3 vezes ao dia, no entanto a melhor forma é ao natural.

Vinagre de maçã: Um “cocktail” de 1 1/2 colher das de chá na água, 2 vezes ao dia, inicialmente pela manhã, e posteriormente, durante uma das refeições, pode diminuir a circunferência abdominal em 2,5 cm em dois meses. Em quatro meses, 5 cm. Depois, o organismo “cria resistência” e é aconselhável interromper a seqüência a cada três semanas, descansando uma. Mulheres que apresentam infecção por

Pimenta-Caiena (pimenta-vermelha): Estudo realizado no Instituto Politécnico de Oxford (EUA) mostrou que a pimenta aumenta o metabolismo em 20% e evidencia sua propriedade de retirar gorduras das artérias. Quantidade diária: 3 g, 2 vezes. Gengibre: Trabalho feito na China apontou o aumento do metabolismo em 20% com seu consumo freqüente. Pode ser usado cru, refogado ou em forma de chá. Outra opção é bater no liquidificador com aipo, laranja, maçã ou qualquer outra fruta. Quantidade diária: 1 pedaço de 2 cm, 3 vezes. Vinagre de Maçã: 1 1/2 col. (chá) num copo de água morna ajuda a diminuir a circunferência abdominal em 2,5 cm em dois meses. Quantidade diária: 2 vezes, uma de manhã e durante uma das refeições. Atenção: o vinagre não pode ser refinado. Chá Verde: Reduz a absorção do açúcar no sangue, inibindo a ação da amilase (enzima responsável pela digestão dos carboidratos), além de favorecer o trânsito intestinal e acelerar o funcionamento do metabolismo. Quantidade diária: 1 xíc. (chá) de 5 a 10 minutos antes das refeições.

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monilia (cândida albicans), devem evitar o consumo de vinagre. Ômega 3: Aumenta o metabolismo basal, ou seja, queima calorias. Elimina o excesso de “líquidos” e aumenta a energia do organismo. Além disso, funciona como antiinflamatório, previne e trata doenças cardiovasculares. Fontes: óleo de prímula, óleos de peixes(como salmão e sardinha), semente de linhaça (misturar duas colheres de sopa a vitaminas, salada de frutas, saladas etc).

Chá verde: Reduz a absorção de açúcar no sangue inibindo a ação da amilase (enzima responsável pela digestão de carboidratos). Diminui a compulsão por carboidratos, acelera o trânsito intestinal e aumenta o metabolismo, ajudando na queima gorduras. Beba diariamente 1 xícara de cinco a 10 minutos antes das refeições. Sergio Puppin pede cuidado para não se tornar vítima

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da "gordurofobia", ou seja, o pavor de aparentar alguns quilos a mais e a obsessão pela boa forma. Ele alerta também sobre outro aspecto do medo da gordura: - É a obsessão das pessoas em escolher alimentos dietéticos nos supermercados, sem colesterol. Acabam comprando produtos cheios de gorduras ruins, hidrogenadas, com excesso de carboidratos e p r o d u t o s processados e refinados - explica ele, lembrando que c o m o s termogênicos, aliados a uma vida ativa e saudável, é possível reduzir o peso sem grandes sacrifícios.



Comer beberrezar D por Alessandra Siedschlag

iz-se que o homem é aquilo que come. Esse ditado nos leva a filosofar sobre quanta influência o alimento tem sobre a gente. Quer dizer, lógico que o alimento tem uma direta influência em nosso físico, sobre a parte material do nosso corpo. E sobre a nossa camada, digamos, espiritual? Qual a influência da alimentação sobre nossa espiritualidade? Desde que o mundo é mundo, existe um caráter místico na comida. São oferendas, alimentação especial, jejuns – essas práticas sempre estiveram presentes na maneira pela qual o ser humano expressa sua religiosidade, sua re-ligação com o divino. Na maioria absoluta das religiões existe alguma prática estreitamente ligada à alimentação ou à privação de certo tipo de alimento (ou de qualquer alimento, por determinado tempo). Isso é apenas um ritual ou realmente influencia na espiritualidade? “Certamente que influencia”, diz Paresha Dasha, professor do Templo Hare Krishna de São Paulo. “Para nós, os alimentos alteram o estado de consciência”. De acordo com o Bhagavad-Gita, as impressões que alimentam nossos sentidos surtem efeito sobre nossas emoções. A qualidade dessas impressões, juntamente com o estado de consciência do indivíduo, oferece um acréscimo de valor ou faz com que ele se enfurne ainda mais na ansiedade e no sofrimento. “Cada alimento

tem um nível de energia”, diz Paresha. Aquele cuja base é a matança de animais descontrola o indivíduo que se alimenta, emocionalmente falando. A emoção do animal (medo, ansiedade) continua na carne. Uma alimentação violenta traz um padrão de energia mais ansioso. Logicamente que isso não basta para a pessoa se equilibrar – lembre-se de que Hitler era vegetariano – mas é condição essencial”, afirma. E continua: “O momento de preparar um alimento (a prática do Bhaktiyoga) também é sagrado. Porque você vai preparar uma comida que será oferecida à divindade. Existe uma arte de cortar as verduras, de dosar os temperos... tudo isso é oferecido a Krishna, a Deus, através de orações. Toda a sua energia vai se impregnar no alimento – e vai passar para as pessoas que dele se servirem. O alimento, depois desse processo todo, se chama “prassada”, ou seja, a misericórdia da divindade”, conclui Paresha.

No Budismo Tibetano, o alimento também exerce alguma influência sobre a prática espiritual No Tibete existem duas regiões distintas, as terras baixas e as terras altas. Nas terras baixas as pessoas são vegetarianas e nas altas, por causa do frio intenso,

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comem carne e muito pouco vegetal. “O que eu sei, através das orientações que ouvi dos meus lamas, é que quando as pessoas estão muito instáveis emocionalmente devem se alimentar muitas vezes por dia e comer comidas que sustentem mais, como leite e ovos, por exemplo, pois elas assentam os ventos nos canais sutis onde a energia do corpo circula”, diz Candida Bastos, do Odsal Ling, Centro de Budismo Tibetano em São Paulo. “Em algumas práticas espirituais se recomenda que não se coma depois do meio-dia, e que as refeições sejam leves, sem condimentos brancos, do tipo cebola e alho, e sem a ingestão de proteína animal. Entretanto essa orientação é dada em determinadas práticas e também em alguns votos monásticos”, completa ela.

Candomblé No Candomblé, comer é um ritual sagrado, é agradar aos deuses. Quem nos explica um pouco é Lucia Helena Corrêa, cantora e seguidora do Candomblé: “Os yorubás viviam (algumas tribos ainda vivem) do plantio do inhame (isu), milho (àgbado), feijão (ewa), quiabo (ilá) e mandioca (paki). E, para garantir a colheita farta, mas também em sinal de agradecimento pelo que lhes chega à mesa, eles oferecem aos orixás parte da refeição que contém esses alimentos, e que também se definem como comidas secas (livres do sangue ou qualquer bebida)”. “Quando a oferenda (ebó) leva um pedido de socorro (maleme), o 'sacrifício', imposto ao filho de santo, é abster-se de comer os alimentos oferecidos. Às vezes, apenas por algum tempo, outras vezes, para sempre”, diz ela. “Depende da gravidade da situação. O mesmo acontece no caso dos rituais de limpeza com alimentos.

O filho de Obaluê que usar pipoca (flores), elemento de Obaluaê/Umulu para passar no corpo e, assim, libertar-se de alguma doença, dificilmente poderá voltar a comer pipoca. Alguns, no dia do orixá de cabeça (coroa), evitam comer alimentos que Ele coma, em sinal de respeito”.

Jejum A ausência de comida em algumas religiões é tão importante quanto o próprio alimento. O jejum é utilizado por vários povos, desde sempre, por vários motivos diferentes. O próprio Catolicismo mantém a tradição de se jejuar em algumas datas importantes. “O Cristianismo herdou muito do Judaísmo quanto a este assunto”, diz o Pe. Casimiro Irala, de Salvador. “Mas nem tudo, porque o próprio Cristo selecionou, ficou com algumas coisas e deixou outras. Cristo não comia carne de porco, mas liberou isso a seus seguidores. Ele começou seu apostolado jejuando, e, quando tentado pelo demônio a transformar pedras em pães, respondeu que 'Nem só de pão vive o homem, e sim de toda a palavra que sai da boca de Deus'”, conta o Pe. Irala. Segundo ele, antes se jejuava por doze horas antes de se comungar. Atualmente há um jejum simbólico de uma hora – e, em se tratando de bebidas alcoólicas, de três horas. “Hoje, essa história de não se comer carne em dias específicos, de se fazer jejum, tudo isso foi relativizado. A importância está na penitência real, mais do que na material. As pessoas sempre trataram de driblar as leis, deixando, por exemplo, de comer carne no dia de abstenção deste alimento e abusando do peixe. O próprio Jesus disse que o importante é o espírito com o qual se jejua, os impulsos interiores, os motivos de amor. É isso que importa”, sintetiza o padre.

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Seja Feliz

muito além do conhecido... V por Rubia A. Dantés

ejo tanta gente seguindo tanta coisa e tão pouca gente seguindo o coração... Existem muitas pessoas que gostam de ter seguidores e muitas que gostam de seguir... mas poucas ainda se arriscam a seguir o próprio coração. Sei que é mais fácil seguir alguém que nos mostra o caminho do que assumir responsabilidade e traçar o nosso próprio caminho porque para seguir outros não precisamos arriscar “aparentemente” nada... Mas esse nada... é muito... porque representa perdermos a possibilidade de descobrir quem realmente somos... Quantas vezes abdicamos de tomar decisões e as colocamos nas mãos do outro? Já fizemos isso por tanto tempo,

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seguindo tantas crenças, regras, e seitas e mais um monte de coisas ao longo da nossa jornada evolutiva que ficou quase automático a gente se acostumar a seguir... Como se a goiana estivesse fora e não fôssemos capazes de ouvir o nosso guia interno... o coração. Mas, olhando ao redor e vendo onde seguir os outros têm levado a humanidade, acho que fica imperativo que cada um de nós tenha coragem de escutar o coração... Ouvir no silêncio do vazio o sopro da Divindade... Ouvir e ter coragem de arriscar a fazer o que Ela nos indica. Cada um que arrisca esse salto no desconhecido, com certeza vai encontrar muito mais do que encontra nos caminhos já traçados e indicados.


Sinto que o Grande Mistério pede cada vez mais coragem e determinação para que estabeleçamos a nossa própria conexão com o Sagrado... Estou sendo testada de muitas formas a confiar na minha intuição e acredito que nesse tempo muitos estão. Afinal, quem vai colher o fruto das nossas ações somos nós e por mais difícil que nos pareçam determinadas escolhas, não devemos deixá-las simplesmente nas mãos do outro. Devemos sim decidir com o nosso coração. Ouvimos aqui e ali... Mas... deixamos que o coração dê a última palavra e nos indique o melhor caminho. Tenho percebido como é rico e único o caminho de cada um... E como só você pode saber de todas as nuances de uma situação que vive... Não um saber racional, mas um saber que vem da Alma... e que não passa pelas palavras... É esse conhecimento silencioso que pode nos indicar momento a momento o melhor caminho.... a melhor ação. Quantas velhas estruturas estão caindo bem diante dos olhos atônitos da humanidade e quantas ainda vão ruir.

Nosso crescimento não segue exatamente igual o do outro... Às vezes, seguimos junto por um tempo, mas logo à frente tomamos outro rumo... Acostumamos tanto a olhar para o lado e ver como as pessoas estão fazendo as coisas e nos comparando a elas que quando o nosso coração pede uma coisa diferente da maioria... isso nos deixa numa encruzilhada... Mas pouco a pouco o gosto por seguir a Alma cala tão profundo que não conseguimos fazer diferente, por mais diferente que possa Ser esse fazer indicado pelo coração... é o único que nos alimenta e que nos dá força para continuar. Entre no silêncio... não tema o profundo... mergulhe e arrisque ir além do que prende... Escute os sussurros do seu coração que nunca pára de bater por mais que você tente ignorar o que ele está dizendo... Seja feliz muito além do conhecido... Designer

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Acyr Castro

no trabalho, na miséria (a pobreza erá o Pará um estado realmente independente? O permitida somente se com o mínimo de Brasil viverá sob a Independência tal o queriam D. dignidade), na educação e na saúde. Pedro e os paraenses que os apoiavam? Basta de discurceira vazia e sem Não quero com isso dizer que somos uma nação e significado algum, com sentido apenas de uma província tão dignamente paraoara, em situação de eleger dirigentes que genericamente não completa escravidão. Tecnicamente talvez o sejamos, estão à altura, nem aí para os que queiramos ou não. votaram e somente interessados nos Dependemos, nós os paraenses, do governo central que, por próprios interesses, os “de cima” a sua vez, depende de sistemas econômico-financeiros mandar e a desmandar nos “de baixo”. subjugados a uma sistemática maior com sede ou nos Estados Machado de Assis: Falo pensando política e eticamente em Unidos da América do Norte ou nos Países mais ricos da O futuro começa nome dos que não tem voz para expressar Europa. “onde a água e céu dão o que os publicistas conseguimos, no meu um abraço infinito” Ninguém pode deixar de observar o que é óbvio e enxergado por caso graças a benevolência e a generosidade de Ronaldo e todos os que são perceptíveis a realidade subjacente de Rodrigo Hühn e a sua “Pará +” com que acolhem minhas imediato à flor da pele. singelas porém as vezes oportunas reflexões tão bem recebidas Uma questão tão clara que dói na vista e nos leva a pensar. O nesta revista magnificamente editada. colunista, todo colunista, jornalista de verdade, de fato escritor Que os governantes não estejam na situação daquele famoso no dia-a-dia, precisa para olhar com leveza masAlfred sobretudo,Hitchcock jogador de futebol que, ouvido pela reportagem da área, com inspiração, saber o que precisa ver e todamente respondeu uma pergunta feita: “não me venha com problemática compreender o que o coração dita pelos olhos da face. que eu não tenho solucionática”. São problemas complexos esse s que nos envolvem,

S

Independência ou Morte

canhestamente delineados aqui de intensa realidade. Sem encará-los de frente, com coragem, com sabedoria, como dizer pois que as liberdades públicas e particulares são respeitadas e mantidas quer pelos governantes quer pelos cidadãos estejam estes em dia ou não com seus impostos. Uma nação moderna, uma província ligada e atualizada requer como principio básico, interpreta-los eficazmente a fim de entendê-los, devidamente, em suas deficiências da hora, sem o que não será possível resolve-los. Problemas na segurança geral, Mário de Andrade : “Estou vivendo idéias nos transportes, que por si só são destinos”

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“Estou vivendo idéias” (Mário de Andrade) “que por si só são destinos”. Nós paraenses damos a vida para viver brigando. Cléo Bernardo de Macambira Braga, nascido na Praça da Bandeira nesta ensolarada, sofrida e amada Santa Maria das Graças de Belém do Grão Pará, sabia disso, ele que morreu exata e precisamente em 7 de setembro, preferia que brigássemos não entre nós mais contra os que nos exploram e prejudicam, imperialismo externo e interno a impedir a libertação desta tão cobiçada Amazônia. Machado de Assis lembrava que o futuro começa “onde a água e céu dão um abraço infinito”. E até outubro, se os fados permitirem. (*) Escritor e jornalista, membro da Academia Paraense de Letras


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BELÉM 27 e 28 Festival do Açaí Aeroporto e Caruaru FONE/FAX: (091) 37711264 / 3771-3150 / 3771-1755

SÃO SEBASTIÃO DA BOA VISTA 28 a 31 XXIII Festival do Açaí Praça da Matriz FONE/FAX: (91) 3764-1117 / 3222-3581 borgesandressa@yahoo.com.br

CAMETÁ 27 e 28 IV Torneio de Rabetas e Canoagens de Cametá Rio Tocantins em frente a Orla da Cidade FONE/FAX: (91) 8149-1083 a-luizcaldas@hotmail.com

AUGUSTO CORRÊA 29 Festividade de São Miguel Arcanjo Concha Acústica FONE/FAX: (91) 34821650 / 3482-1151

COLARES 27 Festival do Açaí Localidade de Fazenda FONE/FAX: (91) 3461-7143 / 8126-3445 idaliacei@hotmail.com

SÃO MIGUEL DO GUAMÁ 29 Festa de São Miguel Arcanjo - Padroeiro Principais ruas da cidade FONE/FAX: (91) 3446-1822 secretariadeculturasmg@yahoo.com.br /

SÃO FRANCISCO DO PARÁ 27 a 04/10 Festividade de São Francisco do Pará Praça Matriz FONE/FAX: (91) 3774-1224 / 3774-1384 / 3774-1195 / 8169-5303 pmsfpa@linknet.com.br

MÃE DO RIO 26 a 04/10 Festividade de São Francisco de Assis Largo da Igreja Matriz FONE/FAX: (94) 34441184 / 3444-1295 / 3444-1294 / 3444-2599

BELÉM 1, 15 e 29

BELÉM 22 e 03/10

BELÉM 1, 15 e 22

BELÉM 26, 27 e 28

Danças Circulares Anfiteatro do Instituto de Artes do Pará (IAP) Inscrições podem ser feitas no local FONES: (91) 4006-2915/ 2916/2926

Edição de Imagem Núcleo de Produção Digital FONE: (91) 4006-2947/2924

Dramaturgia Sala de Danças do Instituto de Artes do Pará (IAP) FONES: (91) 4006-2915/ 2016/ 2926

Oficina para intérpretes-criadores, bailarinos, atores, estudantes e pesquisadores As inscrições serão abertas no dia 15 FONES: (91) 4006-2915/ 2016/ 2926

BELÉM 25 Estética Contemporânea Palestra "Lugar da crítica anos 60/70: Mário Pedrosa e Frederico Morais" Auditório do Instituto de Artes do Pará (IAP) A entrada é franca FONES: (91) 9999-4563/ 4006-2945/

BELÉM 22 a 26 II Encontro de Saberes e Práticas Culturais Sede da FCV, Casa da Linguagem fcvgabinete@gmail.com

BELÉM 10 a 19 de outubro Festival das Flores BelémHolambra 2008 Centur – Praça do Artista

BELÉM Curso de Mestrado Edital de seleção para o Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido 2008/2009 Fone: 3201-7655



O S R U C 7 º C O N RAFICO FOTOG

ÕES Ç I R C S N I TAS GRATUI

s n e g a m i CIRIOS 2008 DE

CONCORR A INSCREVA-SE E er motivos diversos As fotos deverão cont “Nossa Senhora de sobre a temática ios, Ecumenismo, ír C us se é, ar az N r e Po p u l a r e o l c l o F , o ã ç o v De ntes às Festividades Artesanato”, refere quer dos Círios em Nazarenas em qual or à Virgem de homenagem e louv Nazaré, em 2008.

4º Lugar - Cele

stino França Gon

çalves

rafia aberto Concurso de fotogprofissionais para amadores e PELOS SITES: GULAMENTO

INSCRIÇÕES E RE

m.br www.cirios.co .br www.paramais.com

8º Lugar - Marcio Sant

os

Círios: ou na sede da Editora . Eutíquio e Pe tre (en Rua Timbiras, 1572 os - Belém-PA Apinagés) Batista Camp

6º Lugar - Fernando Araújo

73 / 3223.0799

9 Fones: (91) 3083.0

Parceiros

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Realização

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