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ISSN 16776968

Edição 60 | janeiro 2007 | Belém-Pará-Brasil | paramais.com.br

Praça da República - Teatro da Paz FOTO: Fabio

3,00

PARABÉNS. FELICIDADES E PROFÍCUO SUCESSO ! SALVE CASTANHAL !


YAMADA Perfeita pra vocĂŞ


FOTO: Paulo Santos / w w w.interfotos.com.br

A nossa governadora Ana Júlia Carepa

Nasceu em Belém, no dia 23 de dezembro. Filha de Maria José Carepa e Arthur Sampaio Carepa. É arquiteta, formada pela Universidade Federal do Pará (UFPA), e bancária concursada do Banco do Brasil desde 1983. Em 1992, Ana Júlia foi eleita vereadora em Belém, a mais votada pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1994, foi eleita deputada federal. Em 1997, renunciou ao mandato de deputada federal para assumir a vice-prefeitura de Belém. Na administração municipal, também atuou como secretária municipal de Urbanismo. Em 2000, foi eleita a vereadora mais votada na história do Pará. Em 2002, foi eleita senadora sendo a primeira mulher a representar o Pará no senado. Em 2007, chega ao governo do Estado. Ana Júlia Carepa é a primeira mulher a governar o estado do Pará. Na Arquidiocese de Belém

Na Assembléia Legislativa

Ana Júlia e Belém

“Belém é muito importante na minha vida e na minha história. Por isso, como governadora e como pessoa pública, sinto-me na obrigação de retribuir com o melhor de mim a ela, que é o berço da minha existência.”

Parabéns. Felicidades e Profícuo Sucesso!

Ana Júlia com seu Vice


ense!

ra Orgulhosamente pa

ENCANTOS DE BELÉM E ILHA DO MARAJÓ HINO DA CIDADE DE BELÉM

A NOSSA GOVERNADORA ANA JÚLIA CAREPA

DESCRIÇÃO DE UM BELO TOUR REAL Claudio Sampaio

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AMAZÔNIA.

RECORDANÇAS DE ESCULÁPIO ITINERANTE II

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Na pequena comunidade de Tessalônica, no interior do município de Irituia, na zona bragantina paraense, atendimento solicitado ao Serviço Médico Social do Departamento de Estradas de Rodagem do Pará, por morador local, foi prestado aos alunos do coleginho que ficava numa das mais antigas comunidades evangélicas que começavam a surgir em nossa região...

CASTANHAL CRESCE COM PARTICIPAÇÃO POPULAR

RECORDANDO...

Camillo Vianna Em determinados momentos em nossas vidas relembramos através das velhas fotografias já amareladas com o tempo, ou por meio, agora, de um álbum cibernético e internético, um tempo para voltar a ser relembrado...

Muitos alimentos podem nos ajudar a manter uma qualidade de vida melhor. Nem sempre o melhor é se encher de remédios. Ás vezes o medicamento está ali, na sua casa, dentro da geladeira...

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Editora Círios SS Ltda CNPJ: 03.890.275/0001-36 Inscrição (Estadual): 15.220.848-8 Rua Timbiras, 1572A - Batista Campos Fone: (91) 3083-0973 Fax: (91) 3223-0799 ISSN: 1677-6968 CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil www.paramais.com.br revista@paramais.com.br

matérias

SAÚDE, QUALIDADE DE VIDA E ALIMENTAÇÃO

Um ano novo de paz Airton Rocha

O início do ano através da história Ronaldo Rogério Mourão

Saudade Sheila Araújo

Porque viver é aprender a viver!!! Carlos Marinho

Talentos para a tecnologia Fábio Vazquez

Fugas José Carlos Corrêa

Janeiro/2007 e o melhor do cinema em 2006

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Acyr Castro

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Agenda Cultural

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Í N D I C E

PUBLICAÇÃO

Sérgio Pandolfo

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Pág. 26

Pág. 14

MESTRE JOÃO. UM CIENTISTA NA ROTA DO DESCOBRIMENTO

Pág. 08

DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, João Modesto Vianna, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; REVISÃO: Paulo Coimbra da Silva; COLABORADORES: Acyr Castro, Ayrton Rocha, Carlos Marinho, Camillo Martins Vianna, Claudio Arthur Sampaio, Fábio Vazquez, Garibaldi Nicola Parente, José Carlos F. Corrêa, Ronaldo R. de Farias Mourão, Sérgio Martins Pandolfo,Sheila Araújo, Tom Coelho; FOTOGRAFIAS: Arquivo IANTT, Arquivo Fumbel, Arquivo Camillo Vianna, Claudio Azevedo, Cris Sampaio, Fabio Okamoto, Fabio Vazquez, João Vianna, Paulo Santos, Ray Nonato; DESKTOPING: Mequias Pinheiro; EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora Círios

*Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores

ANATEC ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES


Hino da Cidade de Belém Autor: Eduardo Neves Música: Luis Pardal

Sobre o verde berço da floresta Onde brota fauna e flora tão vibrante Nasceste tu, minha Belém Entre o leve alento dos igarapés E agrados de rios afluentes Junto aos pés do Fortim do Presépio Naquela distancia Feliz Lusitânia Entre índios, brancos e negros Gerou-se o forte gen do teu povo Essência do sangue cabano Cidade morena do cheiro-cheiroso És o elo entre rio e a floresta Solo fértil que arde imenso saber Círio e fé na alma do teu povo Vale Ver-o-Peso em festa És o portal da Amazônia A Cidade das Mangueiras Na Bandeira Nacional Brilhas Belém, na primeira estrela EDIÇÃO 60 [JANEIRO] p a r a m a i s . c o m . b r

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Um

ano novo

de paz

por Airton Rocha Às vezes fico pensando Como será o Ano Novo ! Será que eu vou viver em paz? Será que a Lua sorrirá para mim? Será que a luz das estrelas Iluminarão os meus olhos Que estão sempre à procura dos teus? Quero o silêncio das madrugadas, Para enfeitar a minha noite E a noite do meu bem Quero o silêncio profundo Que vem lá do fim do mundo Para acalmar a minha noite E a noite do meu bem Eu quero o sorriso do dia nascendo E o sonho da noite dormindo Para embalar os meus sonhos E os sonhos do meu bem Eu quero ver as águas dos rios correndo Me trazendo lembranças E levando as minhas lembranças pro meu bem Eu quero ver a rosa nascendo Na hora que o Sol chegar Eu quero levar esta rosa nas mãos Para o meu bem se encantar Eu quero levar o sorriso dos meus filhos Pro meu bem parar de chorar Porque eu já chorei tanto, Que meu pranto já secou Tudo porque, Aconteceu tão de repente Que a cabeça da gente, Virou só coração Quero um fim de tarde sereno Com um pôr do sol dourado Pros teus olhos reluzirem na tarde. Hoje cansado na sombra do destino Como o Sol triste no poente

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Com uma saudade que não me deixa jamais Ainda vivo sonhando Com uma só noite de paz Quero olhar os lírios do campo E ver a luz de um pirilampo Acendendo e piscando só pra nós dois Quero ver o azul verde do mar Banhando nossa história de amor Trazendo lembranças antigas Mostrando nossas alegrias do antes E o nosso sofrimento do depois Quero um oceano pacífico Sem tempestade E sem vendável Quero a serenidade De uma gaivota voando E a melodia de um pássaro cantando Uma linda canção de amor Para lembrar toda a minha ternura Que um dia foi embora E nunca mais voltou. Vem Ano Novo, Vem, mas sem esquecer jamais Que eu preciso de um tempo tranqüilo E um Ano Novo de Paz.



Encantos de

Belém eDescrição Ilhadedoum Marajó belo tour real por Claudio Arthur Sampaio Cheguei no bem c u i d a d o aeroporto de Belém e fui recebido pelo Augusto com as boas vindas paraenses e uns presentinhos muitos legais. Os bombons de bacuri estavam uma delícia. Seguimos para o hotel, deixei a bagagem e em seguida fui apanhado pela Judite, minha guia nos próximos dias, e fomos ao Bosque Rodrigues Alves passando por São Brás. No final da tarde fizemos um passeio de barco pelo rio Guamá. Neste passeio foram apresentados shows de danças

Primeiro dia

Passeio de búfalo na Ilha do Marajó - Soure

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típicas: carimbó, marujada, síria e lundu marajoara. Além da dança o visual da orla fluvial é muito interessante com muito movimento de barcos, pois o rio é utilizado como meio de transporte de praticamente tudo o que chega ou sai de Belém. No retorno fomos à Estação das Docas, antigos armazéns que foram reformados criando um conjunto de bares, restaurantes e áreas de eventos. Tive a sorte de presenciar nesta noite um show do grupo de Balé Folclórico da Amazônia com uma bela coreografia e vestimentas multicoloridas. Na saída passamos por uma sorveteria e não resisti a diversidade


FOTO: J. Ramid

Teatro da Paz, Praça da República

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Bosque Rodrigues Alves

Monumento a Magalhães Barata Baia do Guajará

FOTO: João Vianna

FOTO: Ray Nonato

Estação das Docas

de sabores. Pedi para provar todos os sabores típicos, dentre eles o delicioso sorvete de tapioca com açaí. Para encerrar a noite fizemos um tour pela cidade onde conheci os principais monumentos e igrejas. Começamos bem cedo num tour p e l o P a r q u e Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi. Este parque retrata as principais espécies da fauna e flora da Amazônia, tais como a árvore Samaumeira, o peixe-boi e o incrível poraquê, um peixe elétrico que pode ferir mortalmente uma

pessoa. Mas ao meu ver a grande atração deste parque foi a Vitóriarégia. Outro ponto interessante foi o Parque da Residência. Logo mais nos dirigimos a famosa basílica de Nossa Senhora de Nazaré, achei belíssima em todos os aspectos. Mas a grande atração do dia foi na feira Ver-o-peso que pude

Segundo dia

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Parque da Residência

Museu Paraense Emílio Goeldi


Feira do Ver-o-Peso

realmente ver um pouco de tudo que se produz na Amazônia, desde peixes, carnes, frutas, artesanatos, especiarias e a medicina natural que tem cura para tudo quanto é problema, realmente um grande barato. Almoçamos no restaurante do Hotel Fazenda Paraíso na praia de Mosqueiro, distante cerca de 60 km de Belém, banhado pela baia do Marajó, Mosqueiro possui belas praias de água doce com ondas e é local de bonitas casas de veraneio. O dia começou muito cedo quando as 6h30 estávamos embarcando no Lady Lídia com destino a Ilha do Marajó. A embarcação é bem grande e além do transporte de turistas também serve a população. Nas três horas de duração até o porto de Camará em Salvaterra foi possível observar a vida desta população que faz dos rios suas estradas. Praticamente tudo gira em torno dos rios e nele se transporta de tudo, até búfalos. Após a chegada em Salvaterra fomos recepcionados pelo Artur que nos levou de carro até outro rio. Lá, fomos pegos pelo Beto, nosso novo guia local e após

Terceiro dia

Praia do Paraíso - Mosqueiro

30 minutos de voadeira, uma lancha rápida, chegamos na Fazendo Nossa Senhora do Carmo. Uma das muitas fazendas ativas de Marajó adaptadas para o turismo ecológico. A fazenda do Carmo está muito bem localizada e é de uma tranqüilidade incomparável. Após a chegada e distribuição dos quartos fomos recebidos com um delicioso almoço: filé de filhote, preparado com um tempero todo especial pela Socorro, cozinheira da fazenda. Após o cochilo na rede, que passaria a ser sagrado nos próximos dias, saímos

Hotel Fazenda Paraízo

para uma cavalgada pelos campos. Cavalgada essa, que deixou lembranças por alguns dias. Passamos por lagos

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FOTO: Ray Nonato

onde bandos de Jaburus e Maguaris tentavam extrair alimento no pouco de água que ainda restava. Já no fim do dia fomos até um rio onde o Beto pegou na mão alguns filhotes de jacarés. De volta à fazenda era hora do jantar e de contar experiências do dia e de outras viagens. Numa dessas horas de descanso, examinei o livro de visitantes da fazenda e fiquei surpreso com o número de estrangeiros que já visitaram a ilha. Acordamos às 5h30 e fomos de voadeira até os igarapés observar a vida selvagem. Durante o passeio foi possível observar vários animais, tais como o barulhento macaco guariba, garça, martinho-pescador, cigana e jurutaí. Outro ponto interessante nos passeios de barcos pelos igarapés são as raízes aéreas das árvores, pois essa é uma área de mangue. Retornamos à fazenda para o café da manhã e em seguida partimos para outro passeio de voadeira, após atracarmos o barco fizemos uma caminhada pela mata através de um sítio arqueológico, onde pudemos observar vestígios de uma antiga civilização indígena, como restos de cerâmicas e utensílios. O Cláudio, também guia da fazenda, fez uma impressionante demonstração de como se apanha o açaí. Com a própria folha de outra palmeira ele fez uma espécie de laço, batizado de peconha, que colocado nos pés permite que ele suba até o topo da palmeira com uma "aparente" facilidade. O Cláudio também nos demonstrou como se obtém a cura para muitos problemas com as árvores medicinais. Praticamente cada espécie da mata tem uma finalidade para o homem, desde fornecer madeira específica para a confecção de remos, até cura para cólicas, cicatrizantes, etc. No retorno à sede da fazenda fomos fotografar os

búfalos numa área alagada próxima e após o almoço aquele tradicional cochilo nas redes. Já com o sol mais fraco fizemos um passeio de búfalo pela fazenda. Fiquei impressionado, pois apesar de bem maior que o cavalo o búfalo domesticado é dócil e fácil de se conduzir. Ao anoitecer tivemos uma atividade inusitada, saímos de voadeira com o Beto e o Cláudio Dias, proprietário da fazenda, para a focagem de jacarés no rio. Enquanto Cláudio pilotava, o Beto iluminava as margens e copas das árvores com uma potente lanterna a procura de olhos brilhantes, que poderiam ser de jacarés ou cobras. Para surpresa do grupo, além de termos visto vários jacarés o Beto pegou com a mão um filhote de cerca de um metro de comprimento.

Quarto dia

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Nos despedimos da fazenda do Carmo e fomos para a Paracauary Ecoresort, localizada a cerca de três quilômetros de Soure. A pousada fica às margens do rio Paracauari e logo na chegada fomos fazer um passeio de barco pelo rio e conhecer o furo do Miguelão, um canal aberto manualmente numa das curvas do rio para encurtar o trajeto dos pequenos barcos. Após o almoço partimos para conhecer um pouco do município e suas atividades, tais como o artesanato em cerâmica e couro. O próximo programa me deixou extasiado, ao nos dirigirmos para a praia de Barra Velha, passamos por uma área de alagados com centenas, talvez milhares de Guarás. O Guará é uma ave de porte médio típica da região norte de uma cor vermelha muito forte. Essa cor é devida a um tipo de crustáceo que é seu alimento predileto. A praia de Barra Velha é ponto de encontro dos moradores de Soure e vive lotada nos finais de

Quinto dia


semanas. Suas águas também passam de doce a salobra dependendo da maré, apesar do mar estar a cerca de 60 km baia afora. Para fechar o dia com chave de ouro retornei para a pousada a tempo de conseguir um belo por de sol no rio Paracauari e um bate-papo na piscina. Fui apanhado às 7h da manhã pelo Jerônimo da Fazenda São Jerônimo que durante o trajeto me contou o s p l a n o s d e desenvolvimento turístico na fazenda que ganhou fama nacional quando serviu de cenário para a realização do programa No Limite III da rede Globo. Guiado pelo Sr. Raimundo, proprietário da fazenda, e juntamente com dois franceses, fizemos um passeio de canoa pelos igarapés Goiabal, Tucumanduba e Tucumandubazinho. Além das muitas garças e guarás que cruzaram nosso caminho fiquei impressionado com o número e tamanho das raízes das árvores do mangue. Após um delicioso peixe preparado por Dona Jerônima fiz um passeio pela praia do Goiabal e praia do Pesqueiro. No caminho dessa praia passei novamente pela área dos Guarás e não resisti em fazer novas fotos.

Sexto dia

Acordei muito cedo e o Álvaro me trouxe para o porto de Camará para pegar o barco das 6h30 de volta para Belém. Uma vez em Belém fui para Icoaraci visitar algumas lojas de cerâmica. Foi realmente impressionante ver o trabalho dos artesões e como é confeccionado Icoarací um vaso desde a moldagem da argila até o desenho e pintura. Aproveitei para conhecer as bonitas peças atuais e reproduções de cultura marajoara na loja Anísio. Foi um belíssimo p a s s e i o q u e recomendo a todos. Imperdível!

Sétimo dia

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ecordando… m determinados momentos em nossas vidas relembramos através das velhas fotografias já amareladas com o tempo, ou por meio, agora, de um álbum cibernético e internético, um tempo para voltar a ser relembrado. Em uma fração de segundo, somos transportados para o exato momento em que se imortalizou aquela emoção; lembrando momentos congelados naquelas fotos, em ambiente que convivíamos, e/ou de recordações de ouvir dizer, de nossos familiares e entes queridos. Dessa maneira saudosa, nossa história volta a ser revivida. Nas fotos as recordações estão gravadas de maneira indelével, e em nossas mentes e em nossos corações, registros e lembranças do tempo que já se foi. Curta, portanto, esses momentos mágicos de nossa Belém, de um tempo não tão longe assim... Leão da América

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Margens do Rio Guajará (1908)


Café da Paz, hoje sede do Banco da Amazônia

Rua Conselheiro João Alfredo - Banco do Brasil

Rua Conselheiro João Alfredo

Grande Hotel, hoje o Hilton

AV. GENTIL BITENCOURT N° 694, ENTRE RUI BARBOSA E QUINTINO. EDIÇÃO 60 [JANEIRO] p a r a m a i s . c o m . b r

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Solar da Beira (Casa da Recebedoria)

Forno Crematório

Capela Morgue do Ver-o-Peso

Largo da Sé

Casa Outeiro (hoje Manoel Pinto da Silva) Início da Avenida Nazaré

Praça D. Pedro

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Canal das Docas quando ainda era navegável, seus barcos e as construções baixas ao lado do Canal


Mina Musical - Na praça Visconde do Rio Branco, Largo das Mercês, da família Hühn

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Doca do Ver-o-Peso

Bonde, esse funcionava

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Chalé Tavares Cardoso (em Icoarací)


Armazém e Ponte metálica

Cidade de Belém

Boulevard da República

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O início do ano através da história por Ronaldo Rogério de Freitas Mourão*

O

estabelecer um calendário início do ano foi cristão, designado em latim f i x a d o como "annus gratis" (ano da convencionalme graça) ou "annus domini" (ano nte em diferentes do Senhor), cuja elaboração estações do ano por diversos deve-se ao monge, teólogo e povos. Entre os antigos historiador Beda, o Venerável romanos e os muçulmanos, (672-735), que empregou a que adotaram um ano de 364 Tábua Pascal Dionisíaca, dias, o seu início poderia compilada por volta de 525. c o r r e s p o n d e r Esse ano foi usado em quase sucessivamente a todas as todos os países cristãos da e s t a ç õ e s . N ã o e x i s t i a Calendário solar Europa Ocidental, exceto na interesse em saber quais Espanha. eram os primeiros meses desses anos A definição Para origem do ano da graça adotou-se o lunares. Na realidade, uma definição relativa ao início do ano só teve um sobre o início do Natal, a Anunciação ou a Páscoa. O Natal, empregado teoricamente por Beda, tornousignificado real quando os povos se mais popular, sendo utilizado no império passaram a adotar um calendário solar ano só teve até o segundo quartel do século 18. relativamente preciso. significado real Nos séculos 6 e 7 da nossa era, na Europa, Antes da reforma do calendário, em particular em diversas províncias ordenada por Júlio César em 45 a.C., o quando foi francesas, se manteve ainda o hábito de ano começava em 1º de março, data que considerar o início do ano em primeiro de coincidia com o equinócio da primavera adotado um no hemisfério Norte. Com essa reforma, calendário solar março ou no Natal. Se, por um lado, nos tempos do reinado de Carlos Magno (768o início do ano passou para 1º de janeiro, 814), o ano começava no Natal, uso que condição que foi aceita lentamente por relativamente permaneceu ainda na região de Soissons até todas as nações ocidentais submetidas o século 12, por outro lado, em algumas ao (ou sob influência do) domínio preciso . regiões, o novo ano tinha início em 25 de romano. No entanto, mesmo após terem março, próximo ao equinócio Calendário Gregoriano adotado o calendário juliano, Calendário juliano da primavera ou no dia da muitas divergências Anunciação. permaneceram com relação à Um edital de Carlos 9, origem do ano. assinado em 1564, mas que só O ano histórico com origem teve efeito em 1567 (15 anos em 1º de janeiro, em analogia antes da reforma gregoriana de ao ano civil romano, foi 1582), tornou obrigatório o usado até o século 6. uso da data de 1º de janeiro. Alegações de natureza Convém lembrar que tal religiosa sobre as suas escolha já era de uso comum conotações pagãs levaram as na Alemanha desde o começo autoridades eclesiásticas a

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Beda, o Venerável

dos anos 1500. Uma das grandes dificuldades em adotar o Ano Novo no início de janeiro foi provocada pela resistência das autoridades católicas, que relutavam em aceitar comemorar a origem do ano num mês que tinha o nome de uma divindade pagã: Janus. Na Rússia, o ano começava em 1º de setembro até o reinado de Pedro, o Grande, que instituiu Carlos Magno o ano começando em 1º de janeiro do calendário Juliano, que correspondia ao 12 de janeiro do calendário gregoriano. Nos dias de hoje, a escolha do dia 1º de janeiro é de uso

unânime entre as grandes nações, embora os judeus e os muçulmanos adotem o início do ano em épocas coincidentes com suas crenças religiosas. A última tentativa de alterar tal convenção ocorreu em 5 de outubro de 1793, quando a Revolução Francesa instituiu um calendário que teria início em 22 de setembro de 1792, dia do equinócio do outono, primeiro aniversário da Primeira R e p ú b l i c a f r a n c e s a . Ta l rompimento com a tradição do 1º de janeiro durou 13 anos, na França. *Ronaldo Rogério é astrônomo, criador e primeiro diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins do Rio de Janeiro.

Fone: (91) 3248-5651 EDIÇÃO 60 [JANEIRO] p a r a m a i s . c o m . b r

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audade por Sheila Araujo

V

ocê certamente já sentiu saudade, já falou versos e já cantou músicas que falam de saudade. Talvez já tenha ouvido falar que esta palavra só existe na nossa língua. Nos outros idiomas se diz que se sente falta, mas o nome do sentimento não existe. E é tão difícil explicar o que é saudade... Muitas vezes, sabemos por experiência própria, o que quer dizer uma palavra mas não conseguimos explicar o que ela é. E é interessante parar e refletir sobre o significado que têm pra nós, porque afinal fazem parte do nosso cotidiano. Saudade faz pensar imediatamente em imagens do passado, em pessoas queridas que não estão mais próximas de nós, ou algum momento específico da vida da gente...São recordações que ficaram guardadas com carinho em alguma parte do nosso mundo de dentro, como uma caixinha de recordações. Quando vem a lembrança, vem também, junto, uma série de outras lembranças e sentimentos e pensamentos. Muitas vezes até temos receio de abrir essa caixa, porque não sabemos exatamente o que vai surgir. E se a deixar fluir, a gente tem medo também de não conseguir parar nunca mais. Por exemplo, como será que vai ser lembrar de um momento especialmente emocionante da nossa infância, ou de alguém importante da nossa adolescência que nem temos mais notícia? Ou daquela pessoa que amamos tanto e já não está conosco, ou porque morreu ou porque a vida separou? Por causa desse receio, algumas vezes fechamos a sete chaves essa nossa caixinhamas que, no entanto, é tão preciosa! Lembranças e sentimentos representam o ouro das nossas vidas, porque contam nossa história, nossa vida. Pessoas, fatos, idéias, situações, tudo que vivemos e que foram fazendo de nós o que somos, com um passado, uma trajetória, e vinculações. Mesmo o que não está mais presente ao vivo e a cores, pode estar vivo e colorido no universo de nossas emoções. A vida passa, pessoas se vão, acontecimentos acabam, relações terminam, mas dentro de nós deixam marcas dentro de nós. Assim como deixamos marcas dentro dos outros. Quando se pode sentir saudade é como sentir um perfume suave que traz um pouco de alguém ou alguma coisa.

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O dicionário diz que saudade é a lembrança nostálgica e ao mesmo tempo suave, de pessoas ou coisas distantes, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las. E diz também que a palavra saudade tem influência da palavra saúde! Quer dizer, sentir saudade é saudável. Só o fato de sentir já mostra que não estamos anestesiados nem robotizados. E especialmente sentir saudade mostra que podemos estar de bem com o passado, lembrar sem medo de sofrer, que podemos suportar a ausência com o conforto do sentimento de bem-querer. Saudade é então um estado de espírito quase sereno, meio triste mas sem explosões. Assim como podemos estar com fome, estar com sede, estamos com saudades. Saudades de alguma coisa que faz falta, mas que é bom de lembrar. Muitas vezes, junto com a saudade vem a percepção de que éramos felizes, de como gostávamos de alguém, de como estávamos satisfeitos com determinada situação! São momentos importantes esses, pois temos a chance de rever e reformular as idéias que tínhamos na época que passou e aproveitar a experiência que o passado deixou.

Difícil Tradução

Uma lista compilada por uma empresa britânica com as opiniões de mil tradutores profissionais coloca a palavra "saudade", em português, como a sétima mais difícil do mundo para se traduzir. A relação da empresa Today Translations é encabeçada por uma palavra do idioma africano Tshiluba, falando no sudoeste da República Democrática do Congo: "ilunga". "Ilunga" significa "uma pessoa que está disposta a perdoar qualquer maltrato pela primeira vez, a tolerar o mesmo pela segunda vez, mas nunca pela terceira vez". Em segundo lugar ficou a palavra "shlimazi", em ídiche (língua germânica falada por judeus, especialmente na Europa central e oriental), que significa "uma pessoa cronicamente azarada"; e em terceiro, radioukacz, em polonês, que significa "uma pessoa que trabalhou como telegrafista para os movimentos de resistência ao domínio soviético nos países da antiga Cortina de Ferro".

Contex to cultural

Segundo a diretora da Today Translations, Jurga Ziliskiene, embora as definições acima sejam aparentemente precisas, o problema para o tradutor é refletir, com outras palavras, as referências à cultura local que os vocábulos originais carregam. "Provavelmente você pode olhar no dicionário e (...) encontrar o significado", disse. "Mas, mais importante que isso, são as experiências culturais (...) e a ênfase cultural das palavras.”

Veja a lista completa das dez palavras consideradas de mais difícil tradução: 1. Ilunga (tshiluba); 2. Shlimazl (ídiche); 3. Radioukacz (polonês); 4. Naa (japonês) palavra usada apenas em uma região do país para enfatizar declarações ou concordar com alguém; 5. Altahmam (árabe) um tipo de tristeza profunda; 6. Gezellig (holandês) aconchegante; 7. Saudade (português); 8. Selathirupavar (tâmil, língua falada no sul da Índia) palavra usada para definir um certo tipo de ausência não-autorizada frente a deveres; 9. Pochemuchka (russo) uma pessoa que faz perguntas demais; 10. Klloshar (albanês) perdedor.

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viver

Porque

é aprender A

por Carlos Marinho

a viver!!!

prendi que peixinhos dourados não gostam de gelatina. Aos 5 anos. Aprendi que meu pai pode dizer um monte de palavras que eu não posso. Aos 8 anos. Aprendi que minha professora sempre me chama quando eu não sei a resposta. Aos 9 anos. Aprendi que os meus melhores amigos são os que sempre me metem em confusão. Aos 9 anos. Aprendi que, se tenho problemas na escola, tenho mais, ainda, em casa. Aos 12 anos. Aprendi que quando meu quarto fica do jeito que quero, minha mãe manda eu arrumá-lo. Aos 13 anos. Aprendi que não se deve descarregar suas frustrações

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no seu irmão menor, porque seu pai tem frustrações maiores e mão mais pesada. Aos 15 anos. Aprendi que nunca devo elogiar a comida de minha mãe, quando estou comendo alguma coisa que minha mulher preparou. Aos 25 anos . Aprendi que se pode fazer, num instante, algo que vai lhe dar dor de cabeça a vida toda. Aos 29 anos. Aprendi que quando minha mulher e eu temos, finalmente, uma noite sem as crianças, passamos a maior parte do tempo falando delas. Aos 35 anos. Aprendi que casais que não têm filhos, sabem melhor como você deve educar os seus. Aos 37 anos. Aprendi que é mais fácil fazer amigos do que se livrar


deles. Aos 40 anos Aprendi que mulheres gostam de ganhar flores, especialmente sem nenhum motivo. Aos 42 anos. Não espere chegar nesta idade para reconhecer que FLORES para quem se AMA faz bem sempre !!!!!! Aprendi que não cometo muitos erros com a boca fechada. Aos 43 anos. Aprendi que existem duas coisas essenciais para um casamento feliz: contas bancárias e banheiros separados. Aos 44 anos. Aprendi que a época que preciso, realmente, de férias é justamente quando acabei de voltar delas. Aos 45 anos. Aprendi que você sabe que sua esposa o ama, quando sobram dois bolinhos e ela pega o menor. Aos 46 anos. Aprendi que nunca se conhece bem os amigos, até que se tire férias com eles. Aos 46 anos. Aprendi que casar por dinheiro é a maneira mais difícil de consegui-lo. Aos 47 anos. Aprendi que você pode fazer alguém ganhar o dia, simplesmente, mandando-lhe um pequeno cartão. Aos 48 anos. Aprendi que a qualidade de serviço de um hotel é diretamente proporcional à espessura das toalhas. Aos 49 anos. Aprendi que crianças e avós são aliados naturais. Aos 50 anos. Aprendi que quando chego atrasado ao trabalho, meu patrão chega cedo. Aos 51 anos. Aprendi que o objeto mais importante de um escritório é a lata de lixo. Aos 54 anos. Aprendi que é legal curtir o sucesso, mas não se deve acreditar muito nele. Aos 57 anos.

Aprendi que não posso mudar o que passou, mas posso deixar prá lá. Aos 63 anos. Aprendi que as maiorias das coisas com que me preocupo nunca acontecem. Aos 64 anos. Aprendi que todas as pessoas que dizem que "dinheiro não é tudo", geralmente, têm muito. Aos 65 anos. Aprendi que se você espera se aposentar para começar a viver, esperou tempo demais. Aos 67 anos. Aprendi que nunca se deve ir para cama sem resolver uma briga. Aos 71 anos. Aprendi que quando as coisas vão mal, eu não tenho que ir com elas. Aos 72 anos. Aprendi que amei menos do que deveria. Aos 82 anos Aprendi que tenho muito a aprender. Aos 90 anos Abraços para todos aqueles que participarão da minha vida e espero que mantenham um álbum de fotos da sua vida tão completo quanto o meu.

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A Igreja de São José com sua nova e bela praça

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om a par ticipação de todos e a fé num futuro cada vez melhor, Castanhal escr eve uma impor tante página da sua história, garantindo maior impulso ao desenvolvimento, ao crescimento ordenado e à geração de emprego e renda. Com dois anos de administração e consolidando seu nome como um dos mais dinâmicos gestores públicos do Estado do Pará, o prefeito Hélio Leite tem procurado investir numa das maiores características da cidade: a hospitalidade. Esse diagnóstico, aliado à implantação definitiva do Plano Diretor Par ticipativo, traz a Castanhal, nestes 75 anos, a perspectiva de crescimento ordenado e melhoria da qualidade de vida da população, além de sagrar-se

Castanhal cresce com

participação popular Asfaltamento nos mais diversos bairros de Castanhal

como a cidade que mais cresce no Estado do Pará. Em pouco mais de 2 anos de governo, já foi possível realizar: *construção de novas unidades de saúde, pavimentação de mais de 100 quilômetros de ruas; * reconstrução das unidades de ensino; *entr ega de 11 laboratórios de informática para a rede municipal de ensino; * incentivo à produção agrícola; * inclusão social; *r eapar elhamento da Pr efei tura, possibilitando a realização de limpeza, aber tura de ruas e maior infra-estrutura para os bairros, sobretudo para a


Iluminação de primeiro mundo na rua Major Ilson Santos

A educação em Castanhal também é modelar No Laboratório Municipal de Castanhal mais agilidade e precisão nos resultados de exames emitidos

Abrigos garantem maior comodidade para usuários

A Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (Semutran) vem desenvolvendo um grande trabalho na zona urbana e rural da cidade modelo do Pará, que é a padronização de abrigos para passageiros que utilizam os serviços de ônibus coletivo, transporte alternativo e mototáxis. A nova estrutura dos abrigos é composta em ferro e com assento em madeira. Ao todo já foram instaladas 300 unidades.

Posto Médico do Apeú

Fábrica de Pré-Moldados da Prefeitura de Castanhal


FOTO: João Vianna

Castanhal, que garantirá a transformação de um espaço de 173 hectares em uma das maiores áreas industriais do Nor te do Brasil. O Pólo Industrial de Castanhal está sendo implantado em uma área privilegiada às margens da PA-10, a cerca de cinco quilômetros de distância da sede do município. Para o prefeito Hélio Leite, um castanhalense de fé e da gema, “tudo o que nós precisamos é de parceiros que queiram ver Castanhal cr escer cada vez mais. Unidos somos for tes, por isso, governo e povo devem caminhar em sintonia na busca por dias melhores para todos que vivem em Castanhal”. periferia. O paisagismo, arborização e urbanização dos canteiros e praças têm sido alguns exemplos de que o meio-ambiente é o sorriso de uma cidade como Castanhal, que beira os 200 mil habitantes e atrai a atenção do Pará, com tamanho potencial territorial, turístico, cultural, empresarial, industrial e agrícola. Consciente do grande potencial da cidade, a Prefeitura de Castanhal têm um planejamento estratégico para o desenvolvimento da cidade e continua investindo na realização do projeto de instalação do Pólo Industrial de Praça levou o nome do saudoso José Ursolino do Nascimento

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Vista aérea de Castanhal


Castanhal recebeu o prêmio Gestão Eficiente de Merenda Escolar Hélio Leite: melhor gestor de merenda do Norte

Em Castanhal a educação

tornou-se modelo no norte do Brasil

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astanhal recebeu o prêmio Gestão Eficiente de Merenda Escolar que foi entregue fim do ano passado, no Bay Park Resort Hotel, em Brasília, com a presença do Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, da senhora Marisa Letícia Lula da Silva, do ministro da Educação Fernando Haddad, de vários ministros de Estado e de outras autoridades do Governo Federal. Entre outras ações a cidade forneceu a merenda para mais de 36 mil alunos, uma creche e 64 escolas municipais e 16 estaduais, além de entidades filantrópicas. A Prefeitura adquiriu alimentos

diretamente de comunidades agrícolas, entre eles, farinha de tapioca, de mandioca, sorvetes, polpa de frutas regionais, picolés e até o açaí. O prefeito Hélio Leite e o secretário municipal de Educação Luiz Paiva estiveram em Brasília para receber o prêmio. O prefeito recebeu a premiação das mãos de Nelson Simbre (membro do comitê gestor da Ação Fome Zero) e foi cumprimentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela primeira-dama Marisa Silva e pelo ministro da educação Fernando Haddad, além de Antoninho Trevisan (idealizador do prêmio e presidente da ONG Ação Fome Zero). EDIÇÃO 60 [JANEIRO] p a r a m a i s . c o m . b r

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Talentospara a

tecnologia

por Fábio Vazquez ivemos numa época em que a disponibilizarão eficiente de informações confiáveis é fundamental para que as in s t i t u i ç õ e s s o b r e v i v a m d e f o r m a competitiva. A criação de valor para uma empresa tem origem na geração de conhecimento. E só conseguimos gerar conhecimento se ele for extraído a partir de informações seguras e corretas. É nesse contexto abrangente que aparece o profissional de TI Tecnologia da Informação, o responsável em promover o desenvolvimento de sistemas de informação e, ainda, a disponibilizarão de infraestrutura de informática adequada para as empresas. A TI engloba a forma como tratamos e organizamos as informações com as quais lidamos no dia-a dia. Esse tratamento conta com recursos tecnológicos, mas também depende em grande parte do correto gerenciamento dos processos que são utilizados para garantir a confiabilidade e o acesso a essas informações. Mesmo quando lidamos com informações pessoais,

V

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como planilhas e dados bancários, também contamos com o poder dos sistemas que usamos. Lidamos com informação diariamente e, cada vez mais, essa informação é acessada e transmitida de forma eletrônica, usando computadores e grandes redes de comunicação, como a internet. Linhas telefônicas e até T V s j á p o d e m


funcionar de forma digital e, com isso, transformam simples sinais em dados que podem ser digitalizados e convertidos em informação. No ramo de entretenimento, a indústria de criação de jogos vem crescendo bastante e tendo grande destaque no Brasil. Já existem, inclusive, cursos de graduação específicos sendo disponibilizados para essa área. Como o crescimento do mercado de dispositivos móveis, como telefones celulares e PDAs, esse também passa a ser um nicho interessante para os profissionais de TI é a automação industrial, que é habilidades humanas e, também, de relacionamento. O mercado nacional ainda tem carência de profissionais de alto nível na área de tecnologia. É preciso divulgar a idéia de desenvolver tecnologia e fomentar iniciativas nesta área. Por fim, também cabe a nós, profissionais e futuros profissionais, a tarefa de estudar, pesquisar e atuar na construção de uma industria de TI altamente desenvolvida e que possa competir não só no mercado interno, mas também em âmbito mundial.

igualmente uma grande geradora de demandas. Para atender a grande demanda do mercado, e baseando-se na naturezamultidisciplinar da área de TI, temos a necessidade não só de profissionais com a formação específica (Ciência da Computação, Engenharia da Computação, Sistemas de Informação, Telecomunicações e áreas afins), como também de talentos das áreas de negócios e outras áreas exatas. O perfil ideal é ser um excelente profissional com

o autor é graduado em Ciência da Computação e gerente de Desenvolvimento da Phidelis Tecnologia

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por José Carlos F. Corrêa

Q

uando disse a um amigo que estava trabalhando muito, ele logo definiu: “Isto é uma fuga”. Quando acrescentei que nunca tinha estudado tanto, ele arrematou: “Isto é uma fuga também”. Conclui, então, que, nesses três anos, minha vida tem sido uma sucessão desalinhada e mal acabada de fugas e mais fugas. Deve ser por isso que me emociono tanto. Me emociono com os textos de Ana Laura e a musica de Tom, nos reencontramos e nas despedidas, quanto falo com Deus, Choro de saudade, pelas perdas, pela esperança que se foi, pela dor no coração. Choro diante de cheiros e fotos, ao deitar, ao abrir armários, quando me sinto feliz. Acredite, fico com os olhos molhados até vendo as comédias de Woody Allen e os comerciais da TV.

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As minhas indecisões, certamente, devem também ser uma espécie de fuga. Assim como as minhas caminhadas, os meus impulsos, as coisas que faço sem pensar, ou que penso sem fazer. A música alta no carro, as pilhas de jornais e livros não lidos, a constante sensação de que há algo a ser feito que não pode ser esquecido, as poucas horas de sono. Diria o meu amigo: São fugas, nada mais do que fugas. Mas, justiça se faça, eu


reajo a elas. Ou, pelo menos, procuro reagir, tirando delas o máximo do que elas têm de bom. Se não é possível deixa de tê-las, que eu, pelo menos tente usalas. Foi por isso que decidir não fugir das minhas fugas. Ao contrario, passei a encará-la e, incrível, a gostar delas. Acho mesmo que chega a desejá-las com todas as minhas forças. Como no poema de Viviane Mosé sobre tempo, fiz um acordo com elas. A partir daí as minhas fugas passaram a ficar cada vez mais charmosas. Se maquiam, vestem calças jeans cintura-baixa e blusas que mostram a barriquinha. Dançam, se perfumam e, às sextas e sábados, cheiram a cigarro e bebidas. Curtem o sol do verão e do inverno e a lua nos seus mais diversos tamanhos. Mudam o

cabelo a cada dia e passam gloss ressaltando o brilho dos lábios. Nesses anos de convivência, procuro entende-las sem, contudo, ter a esperança de conseguir. Pois as fugas, pelo menos as minha, são imprevisíveis. Elas, como as pessoas, não vêm acompanhadas de manual de instruções. Diante disso, é melhor admira-las pele que elas trazem de bom e perdoa-las pela dor que causam. Afinal, são elas que, bem ou mal, até hoje, me fazem rir e chorar, sentir alegria e tristeza, prazer e sofrimento. São elas, enfim, que me fazem continuar a viver o meu tempo e ter a coragem de procurar ser feliz com o que sou e o que me restou.

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Camillo Vianna

Amazônia Recordanças de esculápio itinerante II

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a pequena comunidade de Tessalônica, no interior do município de Irituia, na zona bragantina paraense, atendimento solicitado ao Serviço Médico Social do Departamento de Estradas de Rodagem do Pará, por morador local, foi prestado aos alunos do coleginho que ficava numa das mais antigas comunidades evangélicas que começavam a surgir em nossa região. As crianças apresentavam sintomatologia compatível com anemia ferropriva associada à carência múltipla e ao parasitismo intestinal. A medição indicada foi antihelmíntico, ferro reduzido e orientação quanto à correção alimentar. Na praia de Atalaia, em Salinópolis, na Amazônia atlântica, assistência foi prestada a jovem veranista de Belém, que foi ferrado durante o banho, por peixe que se enterra, superficialmente, na areia e quando pisado causa dor lancinante no lugar atingido. O paciente foi levado ao Atalaia em Salinópolis Hospital Municipal José da Silveira Netto, onde foi submetido à anestesia local, como resultante da experiência sobre o problema, freqüente na orla do balneário. O tal peixe que chega a fazer estrago entre os veranistas é conhecido como Bagrinho ou Muiritinga. Atendimento de difícil tratamento ocorreu na ilha de Mosqueiro, na região metropolitana de Belém, exatamente na praia do Chapéu Virado, comprometendo a esposa do Diretor da Faculdade de

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Medicina de Ribeirão Preto, parceiro do autor em Simpósios Brasileiros de Alimentação e Nutrição, (SIBAN). Dutra de Oliveira que chegara à Belém em ônibus leito particular, por indicação de seu colega, foi conhecer praia de água doce que foi considerado pelos paulistas verdadeiro paraíso e encantandose com a beleza acolhedora do local, resolveram banhar-se nas águas tépidas e doces que apresentavam ondas convidativas. Porém, a alegria acabou, quando arraia que estava só esperando por uma vítima, ferrou o pé da esposa do médico. Sem ter a menor idéia do que estava acontecendo, solicitaram ajuda para chegar até ao Posto Médico, onde o caso foi esclarecido e dado o prognóstico de que a dor intensa poderia perdurar por mais de 24 horas. De volta à Belém, a paciente foi entregue aos cuidados do médico cirurgião Henrique Ribeiro Neto, da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, que recomendou acompanhamento severo por vários dias. A tão sonhada e planejada viagem foi interrompida sem que se completasse o circuito amazônico e Praia do Chapéu Virado


escapando do tradicional tratamento aplicado pelos ribeirinhos, que era encostar a genitália de jovem donzela no local atingido, para aliviar a dor. À bordo do barco São Gregório, de propriedade do então Presidente da Associação Comercial do Pará, Antonio Martins Junior, ao cruzar o cabo do Maguari, na contra-costa marajoara, onde o mar encontrava-se bastante encalpelado, fazendo o barco jogar pra valer, provocando vômito em todos os membros da família que retornavam das férias na fazenda Livramento e que no barco haviam saboreado refeição à base de carne de jacaré. Como se fazia antigamente, foi usado o método de correr a garganta para estimular mais o vômito. O mal-estar acabou quando a baía de Marajó serenou, já no rumo de Belém. Como curiosidade vale relatar que, recentemente, surgiu banco de areia no mesmo local e foi batizado de Ilha das Baia de Marajó Malvinas, inspirado no que ocorreu na confrontação entre ingleses e argentinos, pela posse das ilhas Malvinas (Falkland). Os colandos da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, do ano de 1986, tiveram como paraninfo o autor e como patrono o ex-Presidente Juscelino Kubistchek de Oliveira que veio, especialmente, de Portugal, para a cerimônia. Os serviços de segurança ficaram alvoroçados e boatos, os mais absurdos, circulavam por Belém. Um deles previa a prisão do Ex-Presidente, do paraninfo e de alguns estudantes tachados de subversivos. A cerimônia foi impedida de realizar-se na Basílica de Nazaré, por determinação de autoridades, sendo transferida para a quadra de esportes da sede do clube do Remo. Em viagem de retorno de Santarém para Belém em avião de carreira, o autor, devidamente autorizado, fez distribuir entre os passageiros interessados no assunto, cartilha sobre educação sexual, excedentes das que eram utilizadas nos colégios de Belterra, Fordlândia e Daniel de Carvalho, onde as professoras haviam solicitado esse tipo de orientação, porquanto o problema da gestação precoce estava se tornando de difícil solução, e as alunas comprometidas eram, simplesmente,

afastadas das salas de aula. A partir daí o tema passou a fazer parte do currículum escolar. Em determinada ocasião, em 1972, em Altamira, no rio Xingu, o médico foi solicitado a prestar assistência a uma criança moradora na Agrovila Brasil Novo, que estaria em precária situação de saúde. Em lá chegando, já de noite, a realidade era outra e a criança, filha de parceleiros recémchegados, havia falecido e O paraninfo Camillo Vianna e o patrono, exo pai, armado com enorme Presidente Juscelino Kubistchek de Oliveira, facão, queria, porque dos colandos da Faculdade de Medicina e queria, que o Cirurgia do Pará, do ano de 1986 sepultamento de seu pequeno rebento ocorresse na própria Agrovila, o que não seria possível, pois os planejadores das Agrovilas, Agrópolis e Rurópolis, haviam esquecido de incluir necrópole nelas. Depois de longa conversação o cidadão cedeu, desde que o médico acompanhasse a família até a sede do município, no que foi atendido. Durante atendimento realizado por doutourandos de medicina que faziam parte dos Comandos Médicos realizados aos sábados no ambulatório do DER-PA, em Taciateua, não mais que de repente, encostou um caminhão pau-de-arara usado no transporte dos cabeludos, como eram chamados os lavradores àquela época, que traziam seus produtos agrícolas para vender nas feiras, como era costume no Nordeste, seu lugar de origem. Dentro do transporte havia alvoroço pois uma gestante estava prestes a parir. Exatamente quando o médico aproximou-se, a criança nasceu, para alívio do mesmo, especializado em Clínica Médica que apenas cortou e amarrou o cordão umbilical. No barraco do Bastião, situado na rodovia estadual Bragança-Viseu,

Altamira, no Rio X ingu

na extrema do Pará com o Maranhão, em acampamento de frente de EDIÇÃO 60 [JANEIRO] p a r a m a i s . c o m . b r

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serviço do DER-PA, braçal apresentou problema muito comum, qual escritor e o então chefe do serviço Médico-Social do seja, a peculiar maneira de se expressar, que não era entendido, DER-PA, Hilmo Moreira, reuniram-se com o causando problemas aos não acostumados. representante do Prefeito, objetivando a A queixa do trabalhador era “gastura no miolo do juízo” e, depois de contribuição do Serviço Médico à Prefeitura, por ser cuidadosa observação, chegou-se à conclusão que poderia ser sede de Residência do órgão rodoviário. síndrome geral de adaptação, neurodistonia vegetativa, atual Terminada a negociação, no torna viagem, o avião, estresse ou angústia, hoje, a doença do século. ao levantar vôo, deu violenta encontroada na copa O autor elaborou cartilha sobre os termos usados pela população de um filhotão de Embaúba (Cecropia arborea) interina, apresentada em Congresso Médico Amazônico. felizmente, não houve conseqüências maiores, a Ainda no tema, em atendimentos processados em Postos Médicos do não ser o grande susto aos passageiros. Já em órgão rodoviário era hábito dos pacientes, nos dias de Comando Belém, foi determinado ao Engenheiro Residente, a Médico, apresentarem suas queixas e solicitação de medicamentos ampliação da pista em mais 60m. em bilhetes escritos à mão que Fato interessante ocorreu Caminhão pau-de-arara poderiam ser do paciente, ou não. no teco-teco do governo Acompanhado do também médico João de Goiás que conduziu Garibaldi Vianna, que na ocasião era equipe do Serviço de responsável pela Fazenda Santa Rita, Proteção à Tartaruga do no Marajó, foi atendida uma criança Ministério da Agricultura, que havia sido picada por cobra composta pelo autor cascavel. representante da Sopren, Ao chegarmos ao Retiro Araçateua a pelo Coordenador do MA, criança já havia falecido. O fato ocorria para a Região Norte José com freqüência na região e por esse Alfinito e mais dois motivo o proprietário da fazenda auxiliares da base dos oferecia CR$ 2,00 por chocalho tabuleiros Jacaré, apresentado ao Feitor. Tapagem e Intendência, Como último recurso era usada pelos comunitários a sucção oral no no rio Trombetas. O pouso ocorreu na base de local do ferimento e o emprego do Específico Pessoa, que no entanto empresa que estava abrindo a rodovia Perimentral era absolutamente ineficaz. Este medicamento, largamente usado na Norte, em Cachoeira Porteira, situada na Ilha, foi encontrado, pelo escriba, anos depois, em farmácia de Boa confluência dos rios Mapuera e Trombetas, que até Vista, Roraima, em uma de suas hoje não foi concluída. andanças. Ainda no chão o motor começou Após contacto com a equipe de saúde a ratear e o piloto deu uma do Estabelecimento Rural do Tapajós, esquisita ordem de serviço aos da antiga companhia Ford Plantation, o passageiros: “desce todo autor voltou a Belém em avião mundo para empurrar o avião”. monomotor. Já na boca da noite, o vôo Com essa ajuda, depois de até então tranqüilo enfrentou a várias tentativas, a aeronave mudança do tempo e, de repente, o que alçou vôo, deixando os mais se via no céu eram raios, coriscos viajantes completamente em e chuva baguda, que provocou pânico. Graças ao bom Deus, sacolejos na pequena aeronave. tudo terminou bem. O piloto, novato na área, avisou ao Estes foram alguns dos passageiro que havia saído de rota e problemas enfrentados por este não conseguia contacto com a torre do esculápio, em suas andanças aeroporto de Val-de-Cans, em Belém. por rios, furos, paranás, lagos, Após algum tempo de muita ansiedade, lagoas, colônias agrícolas, conseguiu comunicar-se com uma colônias de pesca, Filhotão de Embaúba (Cecropia arborea) estação de broadcasting (sic) que era a acampamentos rodoviários e Rádio Clube do Pará. Daí em diante tudo ocorreu na Santa Paz do quilombos, entre outros, que serão relatados em Senhor. próximas escritas. Por solicitação do pároco do município de Acará, próximo à Belém, o *SOPREN/SOBR AMES

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Caminha. Muito pouco se conhece, em verdade, sobre Mestre João. Inúmeros historiadores, já desde o final do século XIX, têm-se interessado em desvendar a vida dessa eminente e sedutora personalidade, como Sousa Viterbo, Caroline Michaëlis, Carlos Malheiros Dias, Gerhard Moldenhauer e muitos outros. Sabe-se que era natural da Galiza (eis razão por que a carta foi escrita em um português A Carta de Mestre João com o desenho do Cruzeiro do Sul à direita castelhanizado!), se chamava bacharel mestre João, físico e cirurgião de Vossa João Faras, e houvera traduzido para o espanhol o De Situ Orbis Alteza, beijo vossas reais mãos.” Vê-se, por elas, que (conspícuo códice de Cosmografia), de Pompônio Mela, de que se serviu o autor era médico (físico era a denominação antiga Duarte Pacheco Pereira, um dos maiores navegadores do século XVI, que, dada aos médicos) e cirurgião particular do rei, sendo, induvidosamente aportou na costa brasileira, em 1498, às proximidades portanto, pessoa de alta qualificação. Além disso, da Ilha do Marajó antecedendo, portanto, Cabral, em dois anos , na esse ainda hoje obscuro personagem possuía outras redação de seu Esmeraldo de Situ Orbis, dando conta ao Venturoso D. aptidões, como nos dá conta ao encerrar sua pessoal Manuel de suas descobertas das terras desse lado do Atlântico. missiva a el-rei: “Do criado de Vossa Alteza e vosso Sabe-se, também, que Mestre João era exímio conhecedor de leal servidor Johanes, Artium et medicine astronomia, de astrologia (àquela altura aceita como ciência e da qual bachalarius” (expressão latina para bacharel em Camões foi, igualmente, experto cultor) e teria pertencido à afamada Artes e Medicina). Escola de Sagres, reacendida, após a morte do Infante D. Henrique, pelo A verdadeira identidade de Mestre João, entretanto, só Príncipe Perfeito e aquecida por D. Manuel I. foi desvendada quase três séculos e meio mais tarde, Tem-se como certo que, apaixonado pelas ciências náuticas pois sua carta restou perdida até 1843, quando foi imprimiu ao astrolábio, vetusto instrumento astronômico “descoberta” pelo arguto historiador brasileiro inventado pelo grego Hiparcos, no século II, a.C., muito Francisco Varnhagen, providencialmente escondida usado pelos navegadores árabes e aperfeiçoado pela em algum estratégico escaninho da Torre do Tombo, Escola de Sagres, reais avanços, aumentando-lhe a em Lisboa. Isto se deveu, certamente, aos efeitos acurácia mensurativa para a determinação da remanescentes da “política do sigilo”, imposta por D. latitude, que, até então, era tarefa cumprida João II, o “Príncipe Perfeito”, antecessor de D. Manuel muito precariamente com as tábuas da Índia, a I, a fim de manter secretos os descobrimentos balestilha e o próprio astrolábio anterior ao portugueses no Atlântico, ocultando - os, protótipo refinado pelas mãos habilidosas de principalmente, do trono espanhol. Esse precioso Mestre João. Tanto é assim verdade que, ao documento, que tem sido impresso repetidamente, e fazer a aferição da latitude em que se está a salvo, a bem da História, no Arquivo Nacional encontravam, em Vera Cruz, assim se (Torre do Tombo), é muito mais curto que a carta de expressou: “Senhor: ontem, segunda-feira, que

Astrolábio Náutico aperfeiçoado pelo engenho português

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principal estabelecer uma feitoria em Calicute, inferese que ninguém melhor que Mestre João poderia ter sido indicado por D. Manuel para desincumbir-se da difícil missão de guiar a esquadra a bom termo, executando a correta aferição das distâncias de latitude e longitude, tendo, para tanto, de abrir mão da presença, decerto importante e necessária, de seu “físico (médico) e cirurgião particular”.

As diversas abril, descemos em terra (....) e tomamos a altura do sol ao meio dia e rotas portugueachamos 56 graus e a sombra era setentrional. Pelo qual, segundo as sas dos Descoregras do astrolábio, julgamos estar afastados da equinocial por 17 graus brimentos

e, por conseguinte, ter a altura do pólo antárctico em 17 graus, segundo é manifesto na esfera”. Mestre João acabava de constatar, na prática, a validade e superioridade de suas achegas apostas ao velho astrolábio, fato que fica patente ao referir, no fecho da carta, que: “Para o mar, melhor é dirigir-se pela altura do sol, que não por nenhumas estrela (sic); é melhor com o astrolábio, que não com quadrante nem outro instrumento.” Sobre os préstimos e superioridade do astrolábio náutico criado pelo subtil juízo e sábio engenho português Camões faz referência em seu épico magistral, Os Lusíadas, monumento máximo da ascensão e consolidação do idioma português, nas estâncias 25 e26 do canto V: 25 - E pra que mais certas se conheçam As partes tão remotas onde estamos, pelo novo instrumento do astrolábio invenção de sutil juízo e sábio e na estância seguinte: 26 - Porém eu cos pilotos na arenosa Praia, por vermos em que parte estou, me detenho em tomar do Sol a altura e compassar a universal pintura Sabendo-se do extremado critério seletivo que a Corte portuguesa imprimia na escolha dos componentes das frotas que demandavam a praia do Restelo (de onde partiam os barcos) em busca das terras “d'além mar”, maximamente para a expedição comandada por Cabral, a “segunda armada do século” (era a maior, mais cara, mais bem armada e equipada e com objetivos precisos e ousados), que tinha por escopo

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Mestre João teve, como se viu, atuação soberba na frota de Pedr'Álvares - responsável pelo descobrimento oficial do Brasil -, destacando-se como “o narrador dos novos céus”, ao fazer relatório de observações astronômicas tão minucioso, a ponto de fazer inserir, de permeio ao texto epistolar, o desenho do Cruzeiro do Sul, junto a outras “guardas” (estrelas) e ao demonstrar a precisão de seu aperfeiçoado astrolábio, pois que, ao dimensionar a situação de Vera Cruz em 17 graus de latitude Sul, muito próximo estava da exatidão: Porto Seguro situase a 16º 21' 22". Deixa ainda entredito, o Mestre, que os portugueses já tinham conhecimento da existência do Brasil antes de

D.Manoel I, o Venturoso Monumento nos jardins do Castelo de São Jorge, Portugal


Cabral - e disso hoje não mais se descrê -, quando assinala: “Quanto, senhor, ao sítio desta terra, mande Vossa Alteza trazer um mapa-mundo que tem Pero Vaz Bisagudo e por aí poderá ver Vossa Alteza o sítio desta terra; mas aquele mapa-mundo não certifica se esta terra é habitada ou não.” E mais adiante: “Ontem, quase entendemos por acenos que esta era a ilha, e que eram quatro, e que de outra ilha vêm aqui almadias (canoa comprida e estreita, feita de um só tronco escavado) pelejar com eles e os levam cativos.” É fora de toda dúvida, por fim, que, sendo médico e cirurgião deverá ter prestado i n ú m e r o s atendimentos aos sacrificados marinheiros do navio em que seguiu viagem, “por ser muito pequeno e estar Pedro Álvares Cabral, o descobridor oficial do Brasil

Caravela, a “senhora dos mares nunca dantes navegados”

muito carregado, que não há lugar para coisa nenhuma”, como relata, ainda, em seu registo epistolar. Foi ele, destarte, o primeiro cientista a estudar e situar o Brasil. *Médico e Escritor. SOBRAMES

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Acyr Castro

Janeiro/2007

e o melhor cinema em 2006

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omeça 2007, janeiro em flor, e indicio para nossa revista “PARÁ+” os destaques cinematográficos da temporada que se foi. Não esqueço que sou fundamentalmente crítico de cinema cuja associação de classe fundei na década de 30/40 do século XX.

Filmes 1)“ O Segredo de Brokeback Mountain” de Ang Lee; 2)“ Ponto Final” de Woody Allen; 3)“ Os Infiltrados” de Martin Scorsese; 4)“ Cachê” de Michael Haneke; 5)“ Boa Noite e Boa Sorte” de George Clooney; 6)“ Munique” de Steven Spielberg; 7)“ Capote” de Benett Miller; 8)“ Syriana” de Stephan Gaghan; 9)“ Os Três Enterros” de Tommy Lee Jones; 10)“ O Vôo 93” de Peter Markle Diretor: Ang Lee

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Philip Seymour Hoffman

Roteiro Original: “Boa Noite e Boa Sorte” Roteiro Adaptado: “Brokeback Mountain” Fotografia: “Brokeback Mountain” Cenografia: “Boa Noite e Boa Sorte” Trilha Sonora: “Brokeback Mountain” Ator: Philip Seymour Hoffman, “Capote” Atriz: Vera Formiga, “Os Infiltrados” Coadjuvante Masculino: Jack Nicholson, “Os Infiltrados” Coadjuvante Feminino: Catherine Keener, “Capote” Montagem: “Os Infiltrados” *Jornalista e Escritor



Saúde qualidade de vida

e alimentação

M

uitos alimentos podem nos ajudar a manter uma qualidade de vida melhor. Nem sempre o melhor é se encher de remédios. Ás vezes o medicamento está ali, na sua casa, dentro da geladeira, e você nem desconfia que ele possa ajudar a tratar da sua saúde. Desde uma disfunção no intestino até o câncer de mama, por exemplo, pode ser ajudado com uma alimentação correta. Veja abaixo alguns alimentos que contém esse “poder” e aproveite-os em suas receitas.

Feijão Bom auxiliar para prevenir vários tipos de câncer.

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Laranja

Repolho

Excelente antioxidante, previne o câncer e rico em Vitamina C.

Previne seu organismo contra o câncer, principalmente o câncer de mama.


Melancia Ótima para prevenir você contra o câncer de próstata.

Morango Previne seu organismo contra o câncer.

Tomate

É antioxidante e inimigo dos radicais livres. Também previne seu organismo de vários tipos de câncer: mama, bexiga e próstata.

Kiwi

Cebola

Cenoura

Excelente antioxidante.

Bom para quem é alérgico.

Livra as suas células dos radicais livres, previne câncer ( próstata, mama e bexiga ).

Manjericão

Espinafre

Soja

Ótimo diurético.

Previne seu organismo contra muitos tipos de câncer: mama, pulmão, cólon, reto, estômago e próstata. Bom para a diminuição de doenças do coração.

Ajuda você a se prevenir contra alguns tipos de câncer, como o câncer de mama, por exemplo.

Limão

Maracujá

Pimentão

Excelente antioxidante, previne o câncer e rico em Vitamina C.

Previne seu organismo contra o câncer

Ajuda a inflamação nas gengivas.


Gengibre

Uva

Manga

Melhora as defesas do organismo.

Diminui o colesterol e também previne vários tipos de câncer, além de serem ótimos antioxidantes.

Ajuda você a se prevenir contra alguns tipos de câncer, como o da próstata, por exemplo.

Caju

Couve-flor

Cereja

É um ótimo antioxidante e protege suas células dos radicais livres.

Diminui o risco do câncer de mama e é um excelente antioxidante.

Deixa as paredes dos vasos sanguíneos mais resistentes.

Brócolis

Rabanete

Vinho Tinto

Tem componentes anestésicos e age contra fungos. E diminuem o risco de câncer de mama.

Previne seu organismo contra o câncer

Diminui o colesterol e também previne vários tipos de câncer, além de serem ótimos antioxidantes.

Ostras

Auxilia no tratamento de quem tem herpes labial.

Couve

Diminui o risco do câncer de mama e é excelente antioxidante.

Cravo Erva-doce

Tem componentes antiinflamatórios,bom cicatrizante e excelente analgésico. Auxilia na regularização da pressão arterial e diminui o risco de câncer ou infarto.

Auxilia a manter o bom nível de colesterol no sangue, reduzindo a incidência de doenças do coração e ajuda a prevenir vários tipos de câncer. Frutos do mar Melhora a sua atenção e memória. Ervilha

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Sassafrás U

por Garibaldi Nicola Parente

ma vez perguntei a uma escritora iniciante como se fazia um bom poema. Ela respondeu que com mais expedida convicção: - Com palavras bonitas, ora! As palavras são como as gentes, têm corpo e alma. Em mim fez-se um silêncio de incredulidade. Chegando em casa desarmei o dicionário à procura de palavras bonitas. Eu queria fazer mesmo um poema. Pernas pra que te quero? Andei... Corri mundo e as estrelas também. Andei por todos os continentes. Encontrei palavras geladas que nem se importam com tanto frio; encontrei palavras temperadas, sempre ativas no intento de conciliar os contrários, encontrei palavras tropicais, quentes para valer, abrasadoras, tanto no norte dos cancerianos, quanto no sul dos capricornianos, o sol em toldo lhes é simétrico. Ah! Mas, são tantas e tantas palavras. Só não desisti de andar porque este mundo é realmente maravilhoso. Ufa! E a minha vontade de conhecê-las foi aumentando passo a passo, passo muito importante, não só para fazer um poema como para facilitar-me viver mais prodigiosamente. A natureza é um prodígio, as palavras também prodigiosamente pródigas. Lancei cabeça em todas as paragens: palavras desérticas, montanhosas, vulcânicas, palavras polares, palavras das florestas, das pradarias, das caatingas, palavras marcantes, costeiras, varzíticas, pantanosas. Encontrei palavras de pele clara e fina, encontrei palavras brancas arcaicas, encontrei palavras de pele castanha e

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olhos oblíquos, encontrei palavras ameríndias, encontrei palavras de negro carapinha, mulatas, malucas, brejeiras... Encontrei palavras voando com asas de anjo. Suei frio, dei pinotes no vento, chutei bolas de neve, mergulhei no lago dos cisnes, andei de bubuia no rio, escondi-me no matupá, quase me afoguei no mar. Louco, saí correndo nu nas ruas. Depois de tanto penar, recolhi-me a minha morada. Implantei na minha face dois olhos novos: um de coruja e outra de águia. Subi na Torre de Babel, lá de cima passei a ver e a sentir as coisas com todas as cores do arco-íris e suas combinações. Tomei um chá de erva-cidreira para acalmar os ânimos e a opressão. O quê! Zéfiro mimoso!! Insight! Como diria um americano da Califórnia. Uma descoberta quase científica para avaliar os quilates do meu tesouro. Heureca! Melissa! Melissa! Foi a expressão mais luminosa, mensagem da aurora a mostrar-me as rédeas do céu e a indicar-me a saída desse labirinto do espírito. E bote pensamento nisso! Queria uma palavra que despertasse um “psiu!”, que cantasse o farfalhar das folhas, que fosse de uma magia luminosa a ativar todos os olfatos com perfumes da manhã. Coloquei uma coroa de louro na cabeça do sol. Além da aparência preciosa, o âmago das coisas novas está em penetrarlhes a essência. Não encontrei uma palavra mais bonita que a outra. Todas são belas, belíssimas. Alguma em estado de humildade, ou mesmo de timidez. Escondem-se tão simplesmente que é preciso tirar-lhes as cascas de suas especiarias para nascerem de novo em nascedouros de agradáveis aromas.


BREU BRANCO 01 a 30

TUCUMÃ 01

ABAETETUBA 05 e 06

Reveillon Salão Paroquial Fone: (94) 3433-1478

Tiração de Reis Principais ruas da cidade Fone: (91) 3751-2012

CACHOEIRA DO ARARI 10 a 20

IGARAPÉ-AÇU 10 a 20

Festividade de São Sebastião Praça Matriz Fone: (91) 3758-1550

Festividade de São Sebastião Praça de São Sebastião Fone: (91) 3441-1237

BELÉM 12

Comemoração do 390º Aniversário de Belém Solenidade Comenda Francisco Caldeira Castelo Branco Palácio Antonio Lemos Fone: (91) 4008-9416

ÓBIDOS 01 a 28/02

Festividade de São Sebastião Praça da Bíblia Fone: (94) 3786-1150

Carnapauxis Praça Sesquicentenário Fone: (93) 3547-1766

BELÉM 06

SÃO MIGUEL DO GUAMÁ 06

Festa de Santo Reis Distrito de Mosqueiro Praia de Carananduba Fone: (91) 3771-3624

Festa dos Santos Reis Principais ruas da cidade Fone: (91) 3446.-1822 [R:37]

SÃO SEBASTIÃO DA BOA VISTA 10 a 20

BELÉM 12

Festividade de São Sebastião Igreja Católica e Centro Comunitário Fone: (91) 3764-1242

Comemoração do 391º Aniversário de Belém Complexo Feliz Lusitânia Fone: (91) 4009-8707

BREVES 12 a 20

SANTA BÁRBARA DO PARÁ 16

SANTA CRUZ DO ARARI 18 a 20

Festividade de São Sebastião Igreja de São Benedito Fone: (91) 3783-1109 [R.42]

Círio de São Sebastião Santa Bárbara Centro Fone: (91) 3776-1152/ 9629-1255

Festividade de São Sebastião Vila de Igarapé Fundo Fone: (91) 34541198


AS ILUSTRAÇÕES USADAS NESTAS PÁGINAS SÃO MERAMENTE ILUSTRATIVAS

BREVES 19 a 26

TRACUATEUA 19 a 20

Forrozão Marajoara Ginásio de Esportes Fone: (91) 3783-1109 [R. 42]

BELÉM 20

Festividade de São Sebastião Distrito de Cotijuba - Praia Funda Fone: (91) 9619-2082

PORTEL 24 a 02/02

VISEU 19 e 20

ALTAMIRA 20

Festividade dos Gloriosos São Sebastião e São Benedito - Marujada Barraca da Marujada Fone: (91) 3485-1190

Festividade de São Sebastião Praia do Apéu Salvador Fone: (91) 3429-1522

Festividade de São Sebastião Salão Paroquial da Igreja Matriz Fone: (93) 515-3928

PARAUAPEBAS 20

SANTARÉM NOVO 20

IGARAPÉ-AÇU 21

Corrida de São Sebastião PA-275 Fone: (94) 3346-3434

Festividade de São Sebastião Praça de São Sebastião Fone: (91) 3484-1198

8ª Corrida de São Sebastião Principais ruas da cidade Fone: (91) 3441-1237

SENADOR JOSÉ PORFIRIO 27 a 29

BELÉM

Festividade de Nossa Senhora da Luz Igreja Matriz / Salão Paroquial Fone:(91) 3784-1126

Festival do Caratinga Praia do Leme Fone: (91) 3556-1469

Exposição “Belém Olha Belém” Bazar BR-Tv. Benjamin Constant, 1122 Tel: (91) 3230-2444 8156-9970 / 8162-3603

BELÉM 15 A 19

BELÉM 22 A 26

BELÉM 09/02

UEPA Matrículas de Veteranos Campi da UEPA

UEPA Matrículas de Calouros Campi da UEPA

Rainha das Rainhas 2007 Assembleia Paraense Tel: (91) 3224-3661/3216-1000 Fax: (91) 3228-0864

BELÉM 28

Corrida de Belém Do Entroncamento a Praça D. PedroII Tel: (91) 3223-1506 3283-4719

BELÉM 06/02 a 10/04

PHOTOMORPHOSiS - Fotografia para iniciantes, do artesanal ao digital Informações e inscrições: Associação Fotoativa Tel: (91) 3225-2754 fotoativa@amazon.com.br




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