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dezembro 2006

Belém - Pará - Brasil

www.paramais.com.br

ISSN 16776968

Edição 59

3,00

ELIZ

ATAL ÓTIMO 2007




ense!

ra Orgulhosamente pa

A Paz

UM NATAL DIFERENTE A HERANÇA DE ABRAÃO É UM PRESENTE DE NATAL

ORLANDO VIEIRA JOSEPH RATZINGER

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IMAGENS DE CÍRIOS 2006 A ESCOLHA DAS FOTOS

Maria Fernanda Ramos Coelho, Presidente da Caixa Econômica Federal, em Belém, junto com a superintendente da Caixa no Pará, Noêmia de Souza Jacob, anunciou uma série de investimentos nas áreas de microcrédito, habitação e cultura...

NATAL A FESTA QUE UNE OS POVOS Celebrado em todo o mundo, o Natal mantém seu caráter de festa religiosa e ganhou, em cada país, ingredientes próprios que os transformaram também numa grande comemoração popular. Não há festa que tenha se entranhado com mais força nos costumes e na vida das mais diferentes nações do que o Natal...

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O ANO NOVO OSHOUGATSU

TIMOR-LESTE UM PEQUENO GRANDE PAÍS

A ilha do Timor tem minúsculas dimensões... Oblonga como uma baguete (pão francês), tem apenas 473 km de comprimento e 106 km em sua parte mais larga, cobrindo uma superfície total de somente 33.917 km²... SÉRGIO PANDOLFO

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Editora Círios SS Ltda CNPJ: 03.890.275/0001-36 Inscrição (Estadual): 15.220.848-8 Rua Timbiras, 1572A - Batista Campos Fone: (91) 3083-0973 Fax: (91) 3223-0799 ISSN: 1677-6968 CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil www.paramais.com.br revista@paramais.com.br

Í N D I C E

PUBLICAÇÃO

ROSA TOKIKO

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O silêncio é o elemento no qual são realizadas coisas grandiosas. Para fazer frente a agitação e as dificuldades do cotidiano, nada como um repouso e uma reflexão, e esta se encontra no estado do “silêncio”, o melhor bálsamo para reordenar toda uma trajetória de vida. No final de cada ano, fará bem um balanço do passado. Segundo um artigo de Guido Wenzel (Livro da Família), conta-se que, no ano do nascimento de Cristo, havia paz em todo o Império Romano. Isso é muito sugestivo, pois Cristo é chamado nas Escrituras, de Príncipe da Paz. Muitos séculos antes da vinda de Cristo, o Deus de Israel era cultuado como o Deus da paz, a ponto de Gedeão, personagem bíblico, construir um altar a “Javé Shalom” (Jz 6,24). “SHALOM”, é uma palavra hebraica que se traduz, normalmente, por paz. Mas shalom tem em hebraico, conotações mais ricas e profundas do que a palavra paz. A paz bíblica (shalom) não é só “pacto” que possibilita uma vida tranqüila, nem o tempo de paz, em oposição ao tempo de guerra; ela designa sim, o bem estar da existência no dia a dia, o estado homem que vive, em harmonia com a natureza, consigo próprio e com Deus; concretamente ela é benção, repouso, glória, riqueza, salvação e VIDA. É esta paz que o coro dos anjos transmite aos pastores e nos pastores a nós, quando anuncia a Boa Nova: “Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens a quem Deus quer bem” (Lc 2,14). E quando os apóstolos, os amigos de Jesus, estavam tristes e desesperançados por causa da morte dele na cruz, o Cristo ressuscitado aparece no meio deles e os saúda: “A paz esteja convosco” (Lc 24,36). (Jô 20,19). E a esperança voltou a brilhar em seus olhos, a alegria se desenhou em seus lábios, e a vida voltou a reanimá-los. Todas essas referências sugerem que a paz o próprio Deus é um grande dom, uma dádiva incomensurável. Se todos os governantes e líderes de grupos e países bebessem um pouco dessa água que Deus nos oferece em cada Natal, certamente prezariam mais a vida do que as armas. Esta reflexão vale também para motoristas que possuem solado de chumbo na aceleração do veículo, e causam tantos acidentes, aos dependentes de drogas, álcool, jogo e a todos que sofrem. Finalmente, que as festas de fim-de-ano não signifique um foguetório de pólvora e ruído, mas sejam um tempo bom e de agradecimento para renovar nossos sentimentos e propósitos mútuos de fé e esperança num Deus que inventou ser menino para ficar muito perto da gente, “no meio de nós”. Que 2007 seja um ano especialmente abençoado, de encontros e reencontros, de realizações de antigos e novos sonhos. Que “as águas da harmonia”, de todo o ano, de toda a vida, seja o sinal maior da renovação da vida que se realiza em plenitude no Deus da Vida, no Deus Amor. Que cada desejo de “Feliz Natal e Ano Novo” seja portador de Paz e o presente fraterno da felicidade terrena e eterna. São nossos votos a todos os nosso anunciantes, colaboradores, leitores e amigos.

DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, João Modesto Vianna, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; REVISÃO: Paulo Coimbra da Silva; COLABORADORES: Acyr Castro, Anete Costa Ferreira, Camillo Martins Vianna, Celeste Proença, Garibaldi Nicola Parente, Joseph Ratzinger, J. Leonardo Link, Orlando Vieira Jr., Rosa Tokiko Sonoo, Sérgio Martins Pandolfo; FOTOGRAFIAS: Ademir Barros, Arthur Silveira, Helio Antunes, Lilian Lima, Magali Queiroz, Mori Veda, Sergio Castro, José T. Oliveira; DESKTOPING: Mequias Pinheiro; EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora Círios

*Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores

ANATEC ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES


ue o Natal não seja só um dia! O Natal que celebramos hoje coloca-nos em situação de reflexão séria. O ser humano tem chegado a níveis de conhecimento e pesquisa nunca dantes vistos, e tem dado passos nos campos das ciências, da medicina, do micro e macro-cosmo impressionantes. Nunca a produção literária, ar tística chegou a tais níveis. A consciência que temos de nossa responsabilidade, neste único planeta conhecido possível de habitarmos, seja com relação ao respeito à ecologia, seja com a preocupação com o desenvolvimento sustentável chega até aos primeiros graus das nossas escolas. Esse respeito ainda chega não só aos animais, que têm centenas de ONGs a defenderem seus direitos, mas até as plantas, água, terra, ar... A procura de novos remédios e tratamentos clínicos ou cirúrgicos para doenças anteriormente incuráveis tem levado os pesquisadores a grandes descober tas e passos. Porém, também nunca chegamos a situações de violência contra a pessoa humana (até mesmo contra própria família) como hoje. A cada dia os noticiários nos deixam boquiaber tos com os vários acontecimentos apresentados. O respeito ao cosmos nem sempre se traduz como respeito ao ser humano em todos os momentos de sua vida, da concepção à mor te. As lutas em defesa do abor to e da eutanásia, a violência em nossas cidades para conseguir dinheiro para o pagamento da droga, a dependência do álcool... têm o efeito de repensarmos esse nosso mundo como está sendo conduzido. A fome, a miséria, a falta de habitação em nossas cidades só nos chocam por alguns momentos e depois nos acostumamos... Porém, ao chegar o Natal, parece que tudo isso fica em segundo plano. As pessoas começam a descobrir no íntimo de cada um os valor es humanos que aparentemente estavam adormecidos: procuram trocar presentes, preocupam-se em ajudar famílias a se alimentarem... De maneira geral os corações se tornam

D. Orani João Tempesta, O. Cist.

mais humanos. Atrás do enfeites natalinos e do clima de confraternização nas empresas, famílias e comunidades, existe um acontecimento que move o mundo: Deus visitou a Terra e mostrou o caminho do bem e do amor para a humanidade. É impossível não enternecer o coração diante do clima que se implanta no Natal. Por isso mesmo é que neste tempo propício nós somos chamados a elaborar no interior de cada um de nós o desejo de que esse clima não seja ar tificial, criado só pelas cir cunstancias, mas seja a redescober ta da verdadeira pessoa humana que existe dentro de cada um de nós. O Natal tem essa vir tude! Faz-nos pessoas humanas novamente, com sentimentos de fraternidade, de paz, de amor! Não é uma utopia de sonhadores, mas a descober ta do verdadeiro coração de cada um de nós. Mas, e no resto do ano? Será o coração interesseiro, frio, calculista, violento, viciado... que dominará novamente? As comemorações natalinas nos impulsionam para que não seja assim. Que consigamos levar adiante esse clima humano, diariamente, pois o Natal deve transformar-se em experiência do Mistério da Encarnação cada dia de nossas vidas. Foi tão marcante a vinda de Deus habitar entre nós que passamos a contar os anos a par tir desse evento, e isso tem marcado a história da humanidade. Mesmo entre as pessoas sem fé ou com crenças não cristãs, o Natal contagia. O convite que faço é para que todos esses momentos positivos que vivemos sejam como a água limpa que transforma tudo por onde passa e leva a vida. Será muito melhor a nossa vida assim. Será muito melhor a vida da humanidade assim. Serão muito melhores nossos ambientes de trabalho assim. Por que não poderia ser assim sempre?

Feliz Natal agora e sempre! Feliz e abençoado 2007 a todos. Arcebispo Metropolitano de Belém EDIÇÃO 59 [DEZEMBRO] p a r a m a i s . c o m . b r

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A herança de

Abraão é um

presente

de Natal por Joseph Ratzinger

quando Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé

O Sacrifício de Abraão Tela de Rembrandt

P

or ocasião do Natal, recebemos e damos presentes, para proporcionar alegria uns aos outros e desta forma participar no júbilo que o coro dos anjos anunciou aos pastores, evocando na memória o dom por excelência que Deus concedeu à humanidade, entregando-nos o seu filho Jesus Cristo. Mas isto foi preparado por Deus em uma longa história em que - como afirma o Santo Ireneu Deus se acostuma a permanecer com o homem e o homem se habitua à comunhão com Deus. Esta história tem inicio com a fé de Abraão, pai dos crentes, pai

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também da fé dos cristãos e, em virtude da fé, nosso pai. Esta história continua nas bem-aventuranças através dos patriarcas, na revelação a Moisés e no Êxodo de Israel rumo à terra prometida. Uma nova etapa abre-se com a promessa a David e à sua linhagem de um reino sem fim. Por sua vez, os profetas interpretam a história, exortam à penitencia e à conversação e assim preparam o coração dos homens e receber o dom supremo. Abraão, pai do povo de Israel, pai da fé, é assim a raiz da benção: é nele que “se dirão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12,3). Portanto, a tarefa de todo o povo eleito é dar o seu Deus, o Deus único e verdadeiro, a todos os demais povos, e na realidade nós cristãos somos herdeiros da sua fé no único Deus. Por conseguinte, o nosso reconhecimento vai para os nossos irmãos hebreus que, não obstante as dificuldades da sua história conservaram, até hoje, a fé neste Deus e testemunham-no perante tidos os povos que, desprovidos do conhecimento do único Deus,


Joseph Ratzinger quando Cardeal

“estavam nas trevas e na sombra da morte” (Lc 1, 79). O Deus da Bíblia dos hebreus, que é Bíblia juntamente com o Novo Testamento - também dos cristãos, ora de uma ternura infinita, ora de uma severidade que incute temor, é também o Deus de Jesus Cristo e dos Apóstolos. A Igreja do século II teve de resistir contra a rejeição deste Deus por parte dos gnósticos e, sobretudo de Marcião, que opunham o Deus do Novo Testamento ao Deus demiurgo criador, de quem provinha o Antigo Testamento, enquanto a Igreja sempre manteve a fé num só Deus, criador do mundo e autor de ambos os testamentos. A consciência neotestamentária de Deus, que culmina na definição joanina “Deus é amor” (1 Jo

4, 16), não contradiz o passado mas, pelo contrário, compendia a inteira história da salvação, que tinha como protagonista inicial Israel. Por isso, na liturgia da Igreja dos primórdios e até hoje ressoam as vozes de Moisés e do profeta; o saltério de Israel é também o grande livro de oração da Igreja. Por conseguinte, a Igreja primitiva não se contrapunha a Israel, nas acreditava com toda a simplicidade que era a sua continuação legitima. A esplêndida imagem do capitulo 12 do Apocalipse, uma mulher revestida de sol, coroada por doze estrelas, grávida e sofredora com as dores do parto, é Israel que dá a luz Aquele “que devia governar todas as nações com o cetro de ferro” (Sl 2, 9); e todavia, esta mulher transforma-se no novo

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Benedictus X VI, nosso Papa Bento X VI

Israel, mãe de novos povos, e é personificado em Maria, Mãe de Jesus. Esta unificação de três significados Israel, Maria e Igreja - demonstra que, para a fé dos cristãos, Israel e Igreja eram e são inseparáveis. Sabe-se que cada parte é difícil. Certamente, desde o inicio, a relação entre a Igreja nascente e Israel foi de caráter conflituoso. A Igreja era considerada pela sua mãe, como filha desnaturada, enquanto os cristãos consideravam a mãe cega e obstinada. Na história da cristandade, as relações já difíceis degeneraram ulteriormente, em muitos casos dando origem até mesmo a atitudes de antijudaísmo, que na história produziu deploráveis atos de violência. Embora a última execrável experiência do shoah tenha sido perpetrada em nome de uma ideologia anticristão, que pretendia atingir a fé cristão na sua raiz abramítica, no povo de Israel, não se pode contudo negar que uma certa, insuficiência, resistência da parte de cristãos a estas atrocidades se explica com a herança antijudaica presente na alma de não poucos cristãos. Talvez precisamente por causa da dramaticidade desta última tragédia nasceu uma nova visão da relação entre Igreja e Israel, uma sincera vontade de superar qualquer tipo de antijudaismo e de iniciar um diálogo construtivo de conhecimentos recíprocos e de reconciliação. Para ser frutuoso, este dialogo deve começar com uma oração ao nosso Deus, para que incuta, antes de mais nada em nós cristãos, maiores estima e amor por este povo, os israelitas, que “possuem a adoção de filhos, a glória, as crianças, a legislação, o culto, as promessas, os patriarcas; é deles que provém Cristo segundo a carne. Aquele que está acima de todas as coisas. Deus abençoado nos séculos. Amém” (Rm 9, 4-5), e isto não só no passado, mas também no presente, “porque os dons e a chamada de Deus são irrevogáveis” (Ibid. 11, 29). Rezarei igualmente para que conceda também aos

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filhos de Israel um melhor conhecimento de Jesus de Nazaré, seu filho e dádiva que eles nos oferecem. Uma vez que ambos vivemos na expectativa da redenção final, rezemos para que nosso caminho se realize em linhas convergentes. È evidente que o diálogo entre nós, cristãos, e os hebreus se situa num plano diferente em relação ao diálogo com as outras religiões. Para nós a fé testificada na Bíblia dos hebreus, o antigo Testamento dos cristãos, não é outra religião, mas o fundamento da nossa própria fé. Por conseguinte, os cristãos juntamente com os seus irmãos hebreus - lêem e estudam estes livros da Sagrada Escritura com muita atenção, como parte do seu próprio patrimônio. É verdade que também o Islão se considera filho de Abraão e herdou de Israel e dos cristãos o mesmo Deus, mas ele percorre um caminho diferente, que tem necessidade de outros parâmetros de diálogo. Reconsiderando a troca de presentes natalícios, com o qual comecei a presente meditação, devemos reconhecer em primeiro lugar que tudo aquilo que possuímos e realizamos é um dom de Deus, que se obtém por intermédio da oração humilde e sincera, uma dádiva que há de ser compartilhada entre as diversas etnias, entre religiões que estão em busca de um melhor conhecimento do mistério divino, entre nações que procuram a paz e de povos que desejam estabelecer uma sociedade em que reinem a justiça e o amor. Este é o programa delineado pelo Concílio Ecumênico Vaticano II para a Igreja do futuro, e nós católicos pedimos ao Senhor que nos ajude a perseverar ao longo deste caminho.





As Origens

do Natal

por Anete Costa Ferreira

N

a atualidade deparamos com inúmeros estudos abordando a origem do Natal. Dentre eles os Evangelhos que citam raros elementos impossibilitando-nos de situarmos no tempo, com precisão sobre a vinda de Cristo à terra. São Lucas tem o cuidado de mencionar o nascimento de Cristo num momento preciso da história, mas o seu evangelho falha na indicação relacionada à época do ano em que Jesus veio ao mundo. Pode-se, entretanto, fixar aproximadamente o seu nascimento mais ou menos pelo ano VI antes da nossa era. Pelo seguinte: o recenseamento de que trata Lucas 2,2 e que proporcionou a viagem de José com Maria a Belém, foi realizada durante a primeira legação de Quirino na Síria (anos 10 a 8 antes de Cristo) e prosseguiu no tempo do seu sucessor Sencio Saturnino(anos 8 a 6 antes de Cristo). Outro acontecimento possível de datar com certa probabilidade é o início da vida pública de Jesus e do seu batismo no rio Jordão. Tomando-se por base São

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Lucas (3,1 ss) deduz-se que Jesus teria iniciado o seu mistério público entre o ano 27 e 29. Lucas refere ligeiramente que Jesus teria cerca de 30 anos (3,23). Quanto à época exata do nascimento não podemos firmarmos nestes dados. Outra versão é que os pastores


de Belém permaneciam nos campos até ao fim do Inverno. O certo é que a Igreja primitiva desprezou estes detalhes. Para ela a grande data marcante da história era a Páscoa do Senhor, a sua Morte e Ressurreição, onde cada semana o “Dia do Senhor” constituía a sua comemoração festiva; cada ano, o início da Primavera permitia ao povo cristão reviver o mistério da salvação, a exemplo de Israel da Antiga Aliança, celebrando a Páscoa. Todavia, no século IV essa situação sofre alterações radicais quando começa a prevalecer cada vez mais as tendências para desvendar o mistério de Cristo. Desde o século III, estudiosos debruçam-se julgando poder determinar o próprio dia do nascimento de Jesus. Uma das hipóteses é que tendo sido o mundo criado no equinócio da Primavera conviria que o início da vida de Cristo,- o princípio da nova criação -, coincidisse com esse dia. Dedicaram especial atenção aos equinócios e aos solstícios, por causa do simbolismo solar de Cristo, posteriormente enraizado na consciência cristã. Calcados nessa hipótese, chegaram à conclusão de que João Batista fôra concebido no equinócio do Outono e nascera no solstício do Verão. E tendo Cristo sido concebido seis meses depois de João, segundo Lucas

Fone: (91) 3248-5651 EDIÇÃO 59 [DEZEMBRO] p a r a m a i s . c o m . b r

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1,26 a sua concepção deveria situar-se no equinócio da Primavera (25 de março) e o seu nascimento a 25 de dezembro. Para os cristãos dos séculos III e IV foi fácil a aceitação do nascimento de Jesus baseado no solstício de Inverno. Somente no final do século IV aquando da organização do culto cristão é que a data de 25 de Dezembro adquiriu direito de cidadania e se impôs na Igreja do Ocidente. A Igreja primitiva só conhecia uma festa: o dia de Cristo - o Senhor, ou seja a Páscoa semanal e anual. Preocupava-se muito em combater as festas pagãs do solstício de Inverno, celebradas em Roma a 25 de dezembro e no Egito a 6 de janeiro. Em Roma a festa do nascimento de Cristo já era celebrada na liturgia da cidade, desde 25 de dezembro de 336. É a dedução a que chegam os pesquisadores pelas listas de um calendário- o Cronógrafo-, de autoria de Filócalo. Nele estão registradas as datas da morte dos bispos daquela cidade e dos mártires romanos, daí considerarem haver o nascimento ocorrido provavelmente no ano de 354. Primitivamente, a festa do Natal foi celebrada na basílica de São Pedro, sendo as festividades dirigidas a Cristo, feitas pelos romanos que estavam habituados a prestar homenagens às divindades na colina do Oriente. A escolha da data e do lugar impôs-se sobretudo em razão do simbolismo da luz. O 25 de dezembro era no mundo pagão a festa do Natalis Solis Invicti; a festa do sol que nasce vitorioso sobre as trevas. Também para os cristãos o simbolismo da luz e do sol era familiar porque radicava na própria Bíblia. Cristo é o verdadeiro sol da justiça (Mat.3,20), a verdadeira luz que ilumina todo o homem (Jo.1,9), a luz do mundo (Jo.8,12), o esplendor da Glória de Deus (Heb.1,3). Os cristãos do século IV eram particularmente sensíveis a este simbolismo. Razão porque a Igreja não teve receio de adotar o dia de Natal para festejar o nascimento, a Aparição de Cristo, a Luz que as trevas não puderam vencer.

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Procedendo assim, a Igreja reagiu eficazmente contra uma corrente que ameaçava arrastar os fiéis para práticas pagãs. A Igreja aceitou as formas antigas que lhe oferecia o culto pagão e insuflou-lhe uma nova vida. No ano de 325, o concílio de Niceia analisou a heresia ariana que negava a divindade de Jesus Cristo. Este concílio afirmou que Jesus era da “uma substância do Pai”. A celebração do Natal, com a sua clara doutrina sobre a divindade de Jesus, era a afirmação poderosa


da Fé da Igreja. Um sermão de Optato de Meleni, o documento mais antigo que chegou até aos nossos dias sobre a celebração do 25 de Dezembro na África do Norte, pronunciado por volta do ano de 360, junta o fato do nascimento, a adoração dos Reis Magos e o massacre dos Inocentes. O Natal primitivo antes de se ter introduzida a festa oriental de 6 de janeiro, tinha em vista portanto, com toda a probabilidade, a Manifestação, a Aparição de Cristo em carne, manifestação que englobava o episódio dos Magos e do qual não se separava a memória dos meninos de Belém. Nas origens, a festa do Natal celebrava-se com certa simplicidade. Não havia um tempo de preparação nem de oitava de prolongamento. Além disso, só havia uma Missa, a do Dia. A Missa da noite foi introduzida depois do concílio de Éfeso. O Papa Sixto III acabava de construir a basílica Liberiana,

no monte Esquilino que deveria tornar-se para os romanos a réplica da basílica constantiniana de Belém. Ao introduzir esta liturgia noturna, queria imitar o uso palestino da oração à noite no lugar onde Jesus nasceu. O Papa Gregório Magno foi o introdutor das três Missas de Natal. Uma vez estabelecida, a festa natalina desenvolveu-se rapidamente. De comemoração de um dia, converteu-se num ciclo ou tempo litúrgico. Na segunda metade do século IV juntou-se outra festa de Natividade de origem oriental, a Epifania. Dois séculos mais tarde estava estabelecida em Roma um período de preparação conhecido como Advento. Pela mesma altura começou a celebrar-se a oitava do Natal, com a comemoração da maternidade divina de Maria. A vinda de Cristo à terra é uma manifestação do poder Divino em benefício os homens. Correspondente da Pará+ em Portugal

AV. GENTIL BITENCOURT N° 694, ENTRE RUI BARBOSA E QUINTINO. EDIÇÃO 59 [DEZEMBRO] p a r a m a i s . c o m . b r

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Um

Natal diferente por Orlando Vieira Jr.

E

xatamente na véspera de Natal, eu corri ao mercado para comprar os últimos presentinhos, que eu não havia conseguido comprar antes. Quando eu vi todas aquelas pessoas no mercado, comecei a reclamar comigo mesma: Isto vai demorar a vida toda, e eu ainda tenho

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tantas coisas para fazer, outros lugares para ir. "O natal está ficando pior a cada ano". Como eu gostaria de poder apenas me deitar, dormir e só acordar após tudo isso. Sem notar, eu fui andando até a seção de brinquedos, e lá eu comecei a bisbilhotar os preços, imaginando se as crianças realmente brincam com esses brinquedos tão caros. Enquanto eu olhava a seção de brinquedos, eu notei um garoto de mais ou menos 5 anos pressionado uma boneca contra o peito. Ele acarinhava o cabelo da boneca e olhava tão triste, e fiquei tentando imaginar para quem seria aquela boneca que ele tanto apertava. O menino virou-se para uma senhora próximo a ele e disse: Vovó, você tem certeza que eu não tenho dinheiro suficiente para


comprar esta boneca?A senhora respondeu: Você sabe que o seu dinheiro não é suficiente, meu querido! E ela perguntou ao menino, se ele poderia ficar ali olhando os brinquedos por 5 minutos, enquanto ela iria olhar outra coisa. O pequeno menino estava segurando a boneca em suas mãos. Finalmente eu comecei a andar em direção ao garoto e perguntei para quem ele queria dar aquela boneca. E ele respondeu: "Esta é a boneca que a minha irmã mais adorava, e queria muito ganhar neste Natal .Ela estava tão certa que o Papai Noel traria esta boneca para ela este ano." Eu disse: "Não fique tão preocupado,eu acho que o Papai Noel irá trazer boneca para sua irmã." Mas ele triste me disse: "Não,o Papai Noel não poderá levar a boneca onde ela está agora. Eu tenho que dar esta boneca pra minha mãe,assim ela poderá dar a boneca à minha irmã,quando ela for lá." Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ele falava: "Minha irmã teve que ir para junto de Deus. O papai me disse que a mamãe também irá embora para perto de Deus em breve. Então eu pensei que a mamãe poderia levar a boneca com ela e entregar a minha irmã." Meu coração quase parou de bater. Aquele garotinho olhou para mim e me disse: "Eu disse ao papai para dizer a mamãe não ir ainda. Eu pedi a ele que esperasse até eu voltar do mercado." Depois ele me mostrou uma foto muito bonita dele rindo, e me disse:

"Eu também quero que a mamãe leve esta foto, assim ela também não se esquecerá de mim. Eu amo a minha mãe e gostaria que ela não tivesse que partir agora, mas

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meu pai disse que ela tem que ir para ficar com a minha irmãzinha." Ai ele ficou olhando para a boneca com os olhos tristes e muito quietinho. Eu rapidamente procurei minha carteira e peguei algumas notas e disse para o garoto: "E se nós contássemos novamente o seu dinheiro, só para termos certeza de que você tem o dinheiro para comprar a boneca? E coloquei as minhas notas junto ao dinheiro dele, sem que ele percebesse, e começamos a contar dinheiro. Depois que contamos, o dinheiro iria dar para comprar a boneca ainda sobraria um pouco. E o garotinho disse: "Obrigada Senhor por atender o meu pedido e me dar dinheiro suficiente para compra a boneca" Aí ele olhou para mim e disse:” Ontem antes de dormir eu pedi a Deus que fizesse com que eu tivesse dinheiro suficiente para comprar a boneca, assim à mamãe poderia levar a boneca. Ele me ouviu... e eu também queria um pouco mais de dinheiro para comprar uma rosa branca para minha mãe,mas eu não ousaria pedir mais nada à Deus.E Ele me deu dinheiro suficiente para comprar a boneca e a rosa branca. Você sabe, a minha mãe adora rosas brancas. Uns minutos depois, a senhora voltou e eu fui embora sem ser notada. Terminei minhas compras num estado totalmente diferente do que havia começado. Entretanto não conseguia tirar aquele garotinho do meu pensamento Então lembrei-me de uma notícia no jornal local de dois dias atrás,quando foi mencionado que um homem bêbado numa caminhonete, bateu em outro carro, e que no carro estavam uma jovem se-

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nhora e uma menininha. A criança havia falecido na mesma hora e a mãe estava em estado grave na UTI, e que a família havia decidido desligar as máquinas, uma vez que a jovem não sairia do estado de coma. E pensei, será que seria a família daquele garotinho? Dois dias Envie e recomende este artigo para seus amigos após meu encontro com o garotinho, eu li no jornal que a jovem senhora havia falecido. Eu não pude me conter e sai para comprar rosas brancas e fui ao velório daquela jovem... Ela estava segurando uma linda rosa branca em suas mãos, junto com a foto do garotinho e com a boneca em seu peito. Eu deixei o local chorando, sentindo que a minha vida havia mudado para sempre. O amor daquele garotinho por sua mãe e irmã continua gravado em minha memória até hoje. É difícil de acreditar e imaginar que numa fração de segundos, um bêbado tenha tirado tudo daquele pequeno garotinho. Como estamos em pleno clima de Natal, que tal você enviar cópia desse artigo a todos aqueles que você conhece e também que irá presentear? Se você o assim fizer, talvez ajude aquelas pessoas que bebem e saem dirigindo pelas ruas a pensar um pouco mais e ajude a prevenir os acidentes que acontecem por embriaguez. Preocupe-se um pouco com as outras pessoas, antes de sair dirigindo bêbado pelas ruas, e pegue as chaves daqueles que julgar necessário, você estará salvando outras vidas e a sua vida também. Acho que será um belo presente de Natal.


Nos 40 anos da Embratur

anos

Gastos de turistas estrangeiros no Brasil batem recorde

J

eanine Pires, a presidente da Embratur comemora os dados, divulgados pelo Banco Central, mostrando que os gastos dos visitantes estrangeiros atingiram somente em outubro US$ 341 milhões, a maior quantia alcançada para este mês (10,32% a mais que os gastos efetuados em outubro do ano passado) e até outubro, os turistas estrangeiros deixaram US$ 3,54 bilhões no Brasil, valor 12,5% maior que o registrado nos dez primeiros meses de 2005. De acordo com a presidente da Embratur, Jeanine Pires, a quantia recorde mostra que a diminuição do número de vôos internacionais com a crise da Varig não se refletiu nos gastos dos visitantes de outros países. O perfil do turista estrangeiro que visita o Brasil mudou. Além do lazer, há mais pessoas vindo ao país por motivo de negócios e participação em eventos. São pessoas que, em média, gastam mais e depois voltam com a família para conhecer outros destinos brasileiros, explica a presidente da Embratur. A estimativa da Embratur é que até o final do ano a entrada de dólares via turistas chegará a US$ 4,4 bilhões, ultrapassando em US$ 600 milhões o valor registrado em 2005. Conforme Jeanine Pires, para atingir esses resultados houve Pires, uma contribuição importante do presidenteJeanine da Embratur

trabalho de promoção do país realizado pela Embratur. Para se ter uma idéia, neste último trimestre do ano, são mais de 100 ações de promoção, marketing e apoio à comercialização dos destinos, serviços e produtos turísticos brasileiros no mercado internacional, como a participação em feiras internacionais de turismo e o trabalho dos Escritórios Brasileiros de Turismo (EBTs) no exterior. Hoje há mais operadores de turismo internacionais trabalhando com destinos brasileiros e os que já incluíam o País em seus pacotes diversificaram os locais ofertados, completa Jeanine. Somente este ano há 90 novas operadoras européias comercializando turismo no Brasil. Conforme a presidente da Embratur, a maior realização de eventos internacionais no Brasil também pesa no volume de gastos registrado. A previsão é de que a marca de 145 sediados em 2005 seja ultrapassado neste ano. 40 anos A exposição comemorativa aos 40 anos da Embratur, "40 anos Embratur: Um passeio pela história do turismo no Brasil" está sendo exposta em várias capitais, esperamos que não demore muito a chegar à Belém.

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é

Então Natal! por Cleide A. Fonseca

J

á estamos em dezembro. Turbinas acionadas, lá vamos nós: presentes, enfeites, cartões, mais um final de anos com suas festividades obrigatórias, seus excessos alimentares e alcoólicos...tudo em nome da alegria e do 'espírito natalino'. Tal 'espírito' combina com generosidade, com empatia com o semelhante. Também com as reavaliações de final de ano, que produzem em geral leve grau de depressão, a bem da verdade mais epidérmicas que resultante das profundezas de alma humana. Estas tristezas, assim como a atmosfera geral natalina, parecem contagiar, como no Carnaval, mas sem possuir a força necessária para anunciar o clima da festa, vindo até mesmo a fazer parte da emulação das

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pessoas em busca da beleza e da luz. É daí que resultam as grandes emoções natalinas, na qual o belo monumental se mobiliza para ser a representação característica do Novo Natal. Algo semelhante ao que vemos na América, aliás, fonte de muitas de nossas inspirações. Um ego coletivo toma


conta das coletividades, ocupando em cada um o lugar do ego individual. Assim como no Carnaval. Por isso o contágio, a unificação dos estados de alma e o compartilhamento de uma única fruição estética. Tal comunidade, exaltada desde o amor familiar que se universaliza, representa algo assim como um enorme rebanho de ovelhinhas indefesas ante o desfrute marqueteiro dos profissionais da venda e da ilusão. E a grande celebração, hoje já com produção hollywoodiana, sai dos lares e das igrejas, fazendo das praças e dos estádios, assim como da televisão, seus verdadeiros templos, para o regozijo de todas as ovelhinhas e de seus pastores. Todos fomos filhos uma vez e curtimos o Natal que nossos pais nos proporcionam. E guardamos com carinho aqueles momentos mágicos vividos na noite da véspera e com animação, embora algumas vezes com certa frustração e ressentimento, as surpresas do dia do Natal, quando nossos 'desejos' eram plena ou

parcialmente atendidos. É essa a vivência básica que foi transplantada para o cenário espetacular do Novo Natal. Não tínhamos tantas luzes, nem cores, mas sempre as mães preparavam uma comidinha especial e os pais reservavam uma maravilhosa garrafa de champanhes e, ambos bem vestidos nas roupas e no espírito, como só ocorria nestas ocasiões especiais, tratavam de nos oferecer uma noite inesquecível. Será que o Natal de hoje ainda consegue exercer o mesmo fascínio nas nossas criancinhas como aqueles que não esquecemos jamais? Todas estas transformações que fizeram do Natal o espetáculo que hoje compramos ingresso para assistir, deixam espaço ainda para alguma poesia? Ou será simplesmente que estamos ficando velhos e insensíveis diante das transformações e do Novo? a autora é Psicóloga

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Sabe aqueles fogos coloridos que costumam ser soltos durante as festas de fim de ano? Se usados de forma errada eles podem provocar ferimentos graves tanto em quem solta quanto em quem estiver desprevenido e for atingido, alertam os bombeiros.

Antes de usar Fogos,

saiba os seus riscos O

s fogos podem dar brilho às festas, mas só pessoas sóbrias e bem preparadas podem soltá-los, mesmo assim em lugar seguro. É importante seguir as orientações de segurança que os fabricantes, por lei, devem publicar nas embalagens. Se estourar perto dos olhos, por exemplo, um foguete de vara (o modelo mais popular) pode causar cegueira; se o estouro for perto do ouvido, pode romper o tímpano. Nas últimas semanas de dezembro o movimento nos Hospitais cresce por conta dos fogos de artifícios. Muita gente se descuida e acaba se machucando. Foguetes e bebida não combinam Além de ferimentos, esses artefatos podem provocar incêndios se caírem sobre produtos inflamáveis ou causar problemas à rede elétrica se atingirem algum fio. Em linha gerais, os fogos deverão ser soltos em lugares abertos, longe de residências, da rede elétrica e em ponto onde não haja risco às pessoas. Os fabricantes dizem que “tecnicamente os foguetes

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são seguros” e que é preciso respeitar sua periculosidade: os classificados de C e D só podem ser usados por maiores de idade e os de calibre acima de três polegadas (observar embalagem) só por técnicos em pirotecnia.


FOTO: RAY NONATO

Evite soltar fogos, se for soltar, procure um lugar aberto. Fique a pelo menos 30 metros das pessoas. Não solte perto da rede elétrica. Evite soltar perto de escolas e hospitais. Se tiver bebido ou bêbado, não solte foguete.

Não permita que seus filhos adquiram fogos de artifícios. Nunca transporte os artefatos nos bolsos. Deixar caixas de fósforos ao alcance das crianças é uma imprudência, pois o fogo exerce atração sobre as crianças. Antes de soltar, leia as instruções de segurança.

Mantenha o braço na posição vertical (Para cima) Se o foguete falhar, mantenha-se afastado por um minuto. Não tente reacender o artefato. Só retire a cinta de segurança na hora de acender. Se for soltar no chão, coloque tijolos ou pedras para sustentar a base. Foguetes de vara devem ser acionados com auxilio de calha ou cano que acompanham a embalagem.

O que diz a lei

Como soltar Prevenção Cuidados

FIQUE ATENTO

Menores de 18 anos não podem soltar fogos. Só estabelecimentos certificados podem vender os artefatos. Os produtos precisam publicar normas de segurança nas embalagens.

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A TIRAÇÃO DE REIS por Garibaldi Nicola Parente

“Em nome do menino Jesus e dos três Reis Magos, viemos a sua casa fazer a visita para a entoada de Reis!”

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om estas palavras o mestre da charanga m u s i c a l , entusiasticamente, no mará do ribeirinho, solicita ao morador licença para a Tiração de Reis! Podem subir, estamos muito alegres com a presença de Reis! A Tiração de Reis é uma comemoração popular, de natureza folclórica que evoca a visita dos três Reis Magos, Melchior, Baltazar e Gaspar à gruta de Belém para adorar o Menino Jesus. É a primeira festa religiosa do ano. Pedir os Reis é basicamente cantar e tocar e, caracteriza-se pelo pedincha de portaem-porta. É de herança ibérica, mas aqui adotou modificações inerentes à cultura do povo. O saber folclórico, alma do povo, constitui-se de criações coletivas que se referem as suas crenças, usos e costumes, lendas, contos, músicas, cantos, provérbios; nos divertimentos, comemorações, cerimônias, nas noções de direito e moral, enfim, nas comidas, bebidas, trajes, enfeites e principalmente, no linguajar. O fato original modifica-se à medida que ganha novos espaços, desenvolve-se sobre um núcleo primitivo através de mecanismos instintivos, inconscientes. Submete-se às novas vivências e dessa maneira reveste-se de novas coerências, novos relacionamentos, novos significados - idéias e sentimentos que se refazem espacial e temporalmente. Nós nos movimentamos entre formas que se nos configuram diariamente, delas o homem recebe estímulos variados sons, cores, vistas, lembranças... que o impele a formar, a orientar-se entre os seres todos os seres. É o comunicar-se, necessidade

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existencial, criação que motiva o crescimento do ser humano. É, dentro desses valores culturais, que o homem age, pensa, sente, aspira, participa, idealiza, objetiva, imagina... e orienta se como ser sensível e consciente. "Na chegada do terreiro o Menino está orando Ele não sabe o caminho a estrela vai guiando". No reisado de Campopema, o Mestre Pistola é o tirador de versos e tocador do bumbo. o Bacu e o Pica-Pau tocam violas confeccionadas pelo mestre Periquito, do Guajará de Beja. O Ramiro toca a cuíca. O João da Vita toca pandeiro de cipó ou requeché de taboca. "Meu Senhor, dono de casa, sua porta mande abrir. Mande dar os nossos Reis que nós queremos seguir". "Alecrim bateu na porta. Manjerona: Quem está aí? É o cravo e a rosa e o botão de bogari". De porto em porto, de casa em casa, nas noites dos dias cinco e seis de janeiro as montarias deslizam nas águas calmas do rio à luz da Estrela Guia. Cada remada é uma esperança d'Alva - cada qual com seu remo mágico, os magos divinatórios exercem fascínio incomum, pois “cantar em grito” é fazer o estribilho da norabuena, a felicidade de anunciar a vida. “Grande tino tem o galo pra cantar de madrugada. Para acordar os foliões


anúncio da alvorada”. Nas residências enfeitadas com folhas diversas e ramagens de açaizeiros, os reiseiros cantam a folia. Todas ritmadas enaltecem a crença dos santos da devoção. Nos oratórios das casas adoração culmina com beijos ardentes nas fitas de enfeitar almas já coloridas. “Aquilo que vejo aqui envolto em fino véu é meu padroeiro Antônio que vem descendo do céu”. “Padroeiro São Benedito meu santo do coração Que bela encontrada irmão encontra irmão”. Feito isso, o dono da casa convida a todos para uma comida variada: cafezinho, rosca, cacetinho, beijucica, farinha de tapioca, gemada e, não poderia faltar, a pinga com limão. De almas ardentes, por dentro e por fora, o mestre agradece a acolhida e em seguida recebe a oferta de Reis que pode ser dinheiro, camarão frito, pato, galinha, mucura, ovos, miriti, bacaba … ou mesmo nada, mas sempre há alguma coisa, nem que seja roletes de cana caiana. “Vamos dar a despedida a despedida vamos dar Se despede Santos Reis Até janeiro voltar” - É hora, é hora

o coração chora Santos Reis já vai embora!” A entoada de Reis termina à meia-noite do dia seis de janeiro. No dia sete acontece outra encontrada que já não é mais dos Reis Magos, é do povo visitado e mais quem q u e i r a c o n g r e g a r- s e f e s t i v a m e n t e . Estrondosa ladainha puxada pelo capitulante Raimundo Berchoara no arraial de Santo Antonio, em seguida acontece a festa dançante regada a muita cachaça onde se consome tudo o que fora arrecadado na Tiração. No arraial enfeitado com bandeirinhas e bandeirolas, animado por estrondos de foguetes, pistolas, estalos e com a música do Jazz Abaeté as almas livres de qualquer peso, remorso, brincam com as estrelas e com a lua. Neste momento o caso é dançar, namorar, paparicar, brincar, troçar, enversar. “Ora viva a Pistola alegre e bonachão Que Deus sempre lhe tenha Com toucinho de leitão”. “Ora viva o Pica-Pau bicudo e pavulagem. Que Deus sempre lhe tenha com pirão e sarandagem”. “Ora viva o João da Vita de pandeiro na cintura que Deus sempre lhe tenha com guisado de mucura”. “Ora viva o Ramiro, roncador de cuíca. Que Deus sempre lhe tenha com marisco na mujica”. Garibaldi Nicola

E assim vai a brincadeira com muitas cantigas do imaginário poetizante de tanta gente boa.

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5º CONCURSO FOTOGRÁFICO

IMAGENS DE

2006

CÍRIOS

A escolha das Fotos Premiadas e Classificadas

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já tradicional Concurso Fotográfico IMAGENS DE CÍRIOS promovido pela Editora Círios, contabilizou este ano 8.105 fotos inscritas e conforme e dentro do Regulamento, foram 7.203 as fotos que disputaram como melhores fotografias, a Classificação e os Prêmios. A grande maioria das fotos foi do Círio de Belém, mas também concorreram fotos dos Círios de Portugal, Espanha, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Amazonas, Amapá, além dos municípios paraenses de Vigia, Curuçá, Ananindeua e Castanhal, dentre outros. O julgamento aconteceu na noite de 18 de novembro, na residência do diretor da Editora, Ronaldo Hühn. O júri foi formado por cinco membros: Paulo Araújo, Adenirson Lage, Elias Gorayeb, Ismaelino Pinto e Carlos Alberto D'ippolito. No início houve uma seleção preliminar, com a preocupação principal voltada ao padrão e a qualidade. Em seguida a seleção das fotos que melhor retratassem Os jovens do Conjunto Matizes alegraram a reunião

A foto vencedora e seu autor o fotografo João Modesto Vianna

a grande Romaria e os ícones dos Círios, pois as fotos premiadas e as classificadas, num total de 43, irão correr o mundo em várias exposições. Ao final, a comissão julgadora do Imagens de Círios, classificou em primeiro lugar a foto que mostra em primeiro plano a berlinda sobre uma multidão de fiéis, tendo ao fundo o casario da rua Marques de Pombal e o bonito relógio, recordações da Belém antiga, em frente EDIÇÃO 59 [DEZEMBRO] p a r a m a i s . c o m . b r


Quais as melhores?

O júri: Carlos A. D'ippolito, Adenirson Lage, Elias Gorayeb, Paulo Araújo e Ismaelino Pinto Rodrigo e Ronaldo Hühn, os coordenadores com os componentes do júri

Vianna, Marcelo Ribeiro Moraes, Fabiola Correa da Costa Oliveira, José Regis Junior, Alaise de Cácia Silva Ribeiro, Joanaldo de Jesus Silva, Wagner Santana, Marcos Berman, Joanaldo de Jesus Silva, Artur Vasconcelos Lima, Iago Fernando Oliveira Rodrigues, Eduardo Maroja, Maria da Conceição Reis do Amaral, Artur Vasconcelos Lima, Fernando Felipe Gomes de Araújo, Mercedes Queiroz Zuliana, Gilberto Toshiro Suzuki, Rubinaldo Conceição Maciel, e Celso Roberto de Abreu Silva. A Editora Círios agradece aos patrocinadores, o júri e os concorrentes, por tornarem o 5º Concurso Fotográfico IMAGENS DE CÍRIOS mais um sucesso sensacional. A todos, nossos Muitíssimo Obrigados! Realização

Apoio

ao Ver-o Peso; uma bela fotografia de João Modesto Viana. Os demais premiados: 2º Lugar Marcelo Ribeiro Moraes, 3º Lugar Ary Souza, 4º Lugar Edílson Lobato, 5º Lugar Marcio Santos Matos, 6º Lugar Maria Izete Castro Rodrigues, 7º Lugar Leonardo Coelho do Nascimento, 8º Lugar José Afonso C. dos Santos, 9º Lugar Natália Barata Rocha e 10º Lugar Fernando Felipe Gomes de Araújo. Os Classificados: Carlos Alberto Jorge de Oliveira Junior, Marcio Santos Matos, Fernando Felipe Gomes de Araújo, Advaldo José Gomes Nobre, Maria Raquel dos Santos da Cruz, Advaldo José Gomes Nobre, Celso Roberto de Abreu Silva, Pedro Leonardo Secco Gomes, Marcelo Ribeiro Moraes, Joanaldo de Jesus Silva, João Ismael Paraense da Paixão, João Modesto

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Natal:

a festa que une os povos

C

elebrado em todo o mundo, o Natal mantém seu caráter de festa religiosa e ganhou, em cada país, ingredientes próprios que os transformaram também numa grande comemoração popular. Não há festa que tenha se entranhado com mais força nos costumes e na vida das mais diferentes nações do que o Natal. Superando fronteiras geográficas, econômicas, sociais e culturais, a data escolhida para marcar o nascimento de Jesus Cristo é celebrada nos locais mais recônditos do planeta e recebeu ingredientes particulares de cada povo, que foi unindo às marcas natalinas tradicionais características próprias de sua cultura, chegando a ser comemorado até por comunidades não cristãs. No Japão, por exemplo, onde apenas 1% da população é católica, já o budismo e o xintoísmo são as religiões mais seguidas, o clima de Natal também toma conta da população. Se nos lares cristãos os japoneses reforçam o caráter religioso da festa, mantendo inclusive sob a árvore de Natal a figura do presépio, onde Maria e José, além de

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possuírem olhos puxados, estão vestidos com quimonos, a maioria da população aproveita a data para praticar o seibo, que literalmente significa


Natal no Rock feller Center

“presente de fim de ano”. Esse ano, no passado, voltava-se à oferta de oferendas aos ancestrais, mas hoje em dia transformou-se no costume de dar presentes ás crianças. Esse caráter comercial que também marca a festividade, expresso em vitrines ricamente decoradas e no frenesi das ruas apinhadas de pessoas carregando pacotes de presentes debaixo dos braços, pode ser observado sobre tudo nas grandes cidades do mundo. Em Nova Iorque, nos Estados Unidos, o clima natalino fica por conta das luzes colocadas na árvores da cidade e nos presépios e carrosséis mecânicos instalados nas vitrines de praticamente todas as lojas. Ao lado da figura do Papai Noel, são os principais atrativos para as crianças e também para os adultos. A grande sensação

da cidade, porém, é a enorme árvore de Natal armada no Rockfeller Center na famosa 5ª Avenida, com 23 metros de altura e iluminada por 20 mil lâmpadas. A despeito desse inegável apelo comercial, o período natalino continua a cultivar nas pessoas sentimentos de amor, solidariedade e fraternidade, e a pregar a reconciliação entre os homens. São sensações comuns a todos os povos, não importa a língua que essas mensagens são transmitidas. O modo diferenciado como cada canção celebra esta data também transformou o Natal numa manifestação religiosa e popular, mas não lhe retirou uma de suas facetas mais singulares: a de ser essencialmente uma reunião familiar.

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O ANO

O

por Rosa Tokiko Sonoo

01) GANTAN ou GANJITSU que é o dia primeiro de janeiro, o dia do ano novo. 02) SHIN-NEN que é o ano novo, daí vem a palavra SHIN-NENKAI, a festa de ano novo. 03) MUTSUKI que é o mês de janeiro pela antiga denominação. 04) SHOSHUN-HATSU-HARU que é o ano novo, aguardando o início da primavera. 05) SHINSHUN que é o ano novo com a chegada da primavera. 06) KYUU-SHOUGATSU que é o dia primeiro de janeiro pelo antigo calendário japonês. Pelo atual calendário cai no dia 15 de janeiro, portanto, pode se festejar duas vezes o ano novo. Enfim, o povo japonês festeja o ano novo até os meados de janeiro e cumprimenta seus amigos do dia primeiro até o dia 15 de janeiro assim:

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OSHOU


NOVO

GATSU 01) GANTAN ou GANJITSU que é o dia primeiro de janeiro, o dia do ano novo. 02) SHIN-NEN que é o ano novo, daí vem a palavra SHIN-NEN-KAI, a festa de ano novo. 03) MUTSUKI que é o mês de janeiro pela antiga

denominação. 04) SHOSHUN-HATSU-HARU que é o ano novo, aguardando o início da primavera. 05) SHINSHUN que é o ano novo com a chegada da primavera. 0 6 ) K Y U U SHOUGATSU que é o dia primeiro de janeiro pelo antigo calendário japonês. P e l o a t u a l calendário cai no dia 15 de janeiro, portanto, pode se festejar duas vezes o ano novo. Enfim, o povo japonês festeja o ano

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impulsiva às compras, quando a pessoa vê um certo produto e não se sossega enquanto não consegue comprá-lo. 03) SHOUGATSU KOTOBA - termo utilizado somente na época do ano novo, mas se usa também quando alguém elogia e este responde “Ah! Você está me dizendo SHOUGATSU KOTOBA”. 04) NE-SHOUGATSU se diz passar o ano novo dormindo para aqueles que trabalharam o ano inteiro sem descanso. O povo japonês costuma festejar o ano novo como se estivesse festejando o aniversário, pois pelo sistema de contagem de idade no Japão, a pessoa fica mais velha um ano no dia primeiro de janeiro. Podemos entender isso, vendo o exemplo da passagem da Era de Shouwa para a Era de Heisei. No ano de 1989 até o dia 7 de janeiro, denominava-se SHOUWA 64-NEN (ano 64 da Era de Shouwa). Após o dia 8 de janeiro, denominavase HEISEI GAN-NEN ( ano 1 da nova Era Heisei). No dia primeiro de janeiro de 1990 que seria HEISEI GAN-NEN, passou para HEISEI 2-NEN (ano 2 da Era Heisei).

novo até os meados de janeiro e cumprimenta seus amigos do dia primeiro até o dia 15 de janeiro assim: a) AKEMASHITE OMEDETOU GOZAIMASU Parabéns pela abertura do ano. b) SHIN NEN OMEDETOU GOZAIMASU Parabéns pelo ano novo. c) KINGA SHIN- NEN - Parabéns pelo ano novo somente ao escrever. Há também expressões idiomáticas referentes ao SHOUGATSU: 01) SHOUGATSU KIBUN - quando a pessoa está radiante, alegre como se o ano novo tivesse chegado. 02) ME NO SHOUGATSU - quando a pessoa fica

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Va m o s r e s u m i r p a r a entender melhor essa contagem: Sete de janeiro de 1989 equivale ao dia sete de janeiro do ano 64 da Era Shouwa. Oito de janeiro de 1989 equivale ao dia oito de janeiro do ano 1 da Era Heisei. Primeiro de janeiro de 1990 equivale ao dia primeiro de janeiro do ano 2 da Era Heisei. Ainda devo esclarecer, para melhor compreensão, que a Era do Japão (o ano do Japão) muda quando o último imperador em gestão vem a falecer. De acordo com essa contagem, a criança quando nasce no Japão é considerado como tendo um ano de idade e no dia primeiro de janeiro do ano seguinte terá dois anos. Por

essa razão, costuma se dizer no ano novo: “ M AT A H I T O T S U TOSHI O TOTTA” Fiquei um ano mais velho - portanto, o ano novo é muito importante para o povo japonês e ao meu ver, o ano novo pode ser considerado o aniversário de todas as pessoas que nasceram no Japão daí, é comum ver japoneses não se manifestarem tanto no seu próprio aniversário, não querendo comemorar o seu nascimento nas datas respectivas, pois todo ano no dia primeiro de janeiro, seu aniversário é comemorado por todos!! *Nossa homenagem ao povo Japonês, em especial à Família Yamada. SHIN NEN O M E D E T O U GOZAIMASU!

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Acyr Castro

Um Novo

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Natal

ezembro é o mês da vida, já que nele, se acredita, historicamente nasceu Jesus de Nazaré, que caminhou o mundo no curso de exatos 30 anos. Dois mil e seis anos depois, nenhum evento sequer o iguala, a ele o filho do homem e, portanto de Deus. O Deus que está em todas as coisas e todos os seres e nada nem ninguém o logra limitar. Jesus está dentro de cada um de nós e é o total de cada qual infinitamente além do que, um a um, possamos estar na unidade e no conjunto. Tão imenso é o Nazareno que, em verdade, é infindo. Tão infindável que nem a vaidade patriótica dos homens o consegue restringir, e falo aqui do patriota vaidoso a garantir, se brasileiro, que vivemos no maior país do mundo, se norte americano no melhor de todos os países, se britânico naquele imaginário império da imaginação e nos fazer crer que ali nem o sol se punha. Quantas seitas, e em não poucas vezes, buscam reduzir Jesus prendendo o seu santo nome aos Acyr Castro, um dos q u a d r o s d e u m fundadores da Associação pieguismo a que, Paulista de Críticos de Arte t e i m o s a m e n t e ,

c h a m a m d e c r e n ç a . “A b u s a r d o sentimentalismo”, dizia George Moore, irlandês por entre 1852 e 1933, “é ter êxito”. E Jesus a todos e a tudo resistiu, pois era e é em si próprio inesgotável. Se Stephane Mallarmé (1842 / 1898) andou acertado e “o mundo existe para chegar a um livro”, por que não chegar a um autor se inexiste livro sem autoria? Que caminhos, então, seguir? Há, naturalmente, os caminhos da liberdade para usarmos o título da trilogia célebre (“A idade da razão” e “Sursis” em 1945 e “Com a Morte na Alma” de 1949) em que o filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905 / 1980) explica que somente é possível a liberdade se para todos e em beneficio da coletividade. Só há liberdade engajada. Até o silêncio compromete em determinadas


situações. Diante da ditadura, da maldade, da intolerância, omitir-se é optar pelo mau, pelo odioso, pelo que oprime e tiraniza. Tornei isso claro na palestra que proferi, na Semana Cultural, a de número 10, na Academia Paraense de Letras. A idéia dessas semanas remonta á administração do novelista Hilmo Moreira na presidência da APL, consistindo em visita a escolas e condução de estudante à Academia. Coube a mim, vinte e três anos Secretário da entidade, transformar a idéia posta em prática numa efetiva praxis pra discussões e debates culturais. Em 2006 ficou comigo falar sobre o teatro sartreano no atendimento de que as artes e as letras não são apenas educativas mas educacionalmente políticas, não-alienadas e, sim, a serviço de ideário emancipador e de libertação individual e coletiva. Faço minhas as palavras de Sartre: “Não se é homem enquanto não se encontra alguma coisa pela qual se está disposta a morrer”. Nem chegara ainda aos 17 anos quando publiquei meu primeiro texto literário e jornalístico, e esse tempo inteiro venho entendendo que o meu destino para a literatura se mistura à vocação jornalística, e vice-versa. O exercício das letras se faz e se tem feito sem cortes nem interrupções, contra toda a espécie de preconceito e de censura. Nunca me faltaram o que contar e o que cantar, uma necessidade intima insopitável, desimportado da modéstia que não me ofende e da humildade que não me humilha. Renasço neste dezembro, em dois dos meus mais amados companheiros de oficio e de destinação: o Ruy Guilherme Paranatinga

Barata (1920 / 1990), a saber das “contorções da esfera entre a noite e a madrugada”, e o Abguar Bastos (1902 / 1995) como eu “pastor de rebanhos impossíveis feitos de sonhos e ilusões fatais”. Noites a desaguar em manhãs após atrevidas madrugadas ávidas como lua do sol, árduas espadas a habitar tempo e espaço, numa solidão que me põe nas mãos ecumênicas tempestades. E nisso vou fluindo, de joelhos diante de Jesus, o Cristo de Deus. *Jornalista e Escritor

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Camões, Os Lusíadas, I-1

E-mail: serpan@amazon.com.br

Sérgio Pandolfo

“Entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram”

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Ilha do Timor (Oeste e Leste) em foto de satélite

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TIMOR-LESTE Um pequeno grande país

infelizmente pouco ou quase nada sensibilizou as potências dominantes, as quais se mantiveram lenientes e silentes, incluindo os EUA, aliados da Indonésia. Nosso país, igualmente ex-colônia lusa, também lusoparlante e ostentando papel de destaque no contexto das nações e enorme responsabilidade geoestratégica, conquanto tenha votado e assinado a resolução da ONU muito pouco se empenhou para a validação prática, real, dela, emanada de deliberação soberana desse foro supranacional, que mais não fosse, pelo menos em defesa da elevação e difusão da lusofonia, de que é a maior expressão. Um único país, a Austrália, reconheceu de pronto a anexação do Timor-Leste à Indonésia, e diga-se já por que: em troca da concessão, pelo governo de Jacarta, da exploração pelas companhias prospectivo-extrativas australianas, do riquíssimo lençol petrolífero suboceânico do Mar de Timor, vigente até hoje. Em 1999 os governos de Portugal e Indonésia começaram, então, a negociar a realização de um referendo sobre a independência do território, sob a supervisão de uma missão da ONU. A percepção, por parte da ala radical do exército indonésio, de que era iminente a conquista da independência pelo Timor-Leste, levou-a a recrutar e treinar milícias armadas locais que espalharam o terror entre os habitantes, o que não impediu que, em consulta plebiscitária, quase 80% da população votassem pela independência. Com o recrudescimento das ações violentas de terrorismos e assassinatos, a ONU decide criar força de paz internacional e intervir na região, forças essas que foram comandadas com excepcional habilidade e bom êxito pelo diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello (já falecido). Em vista do fato consumado, o parlamento indonésio, em sessão de 19 de outubro de 1999, viu-se forçado a homologar o referendo popular e anular a anexação de Timor-Leste. Durante as lutas de resistência à ocupação muitos nomes se destacaram, quer pela bravura, resignação, resiliência, quer pelo enfrentamento e liderança que assumiram no aceso dos combates, bastando por citar os do bispo Carlos

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Ximenes Belo e do jornalista José Ramos Horta, galardoados com o Prêmio Nobel da Paz, em 1996, e o do líder maior inconteste do movimento de resistência maubere, José Alexandre “Xanana” Gusmão. Preso em 1991 e condenado à prisão perpétua pelo regime opressor, Xanana cumpriu nas masmorras de Jacarta, com invulgar sobranceria e firmeza, à distância, o seu papel de comandante, até sua libertação, ocorrida logo após a entrada das forças de paz. Adite-se, aqui, que Xanana, além de líder carismático do povo do Timor-Leste é , homem de grandes estudos e cultura, poliglota, escritor e poeta reconhecido. Travou duros combates com o fuzil e com a pena. Ao entrar em Dili, a capital, os soldados da força de paz encontraram um país totalmente incendiado e devastado, com a maior parte de sua infraestrutura (bancos, escolas, repartições, delegacias, igrejas, mercados transportes, iluminação, abastecimento d'água, hospitais) e conjuntos arquitetônicos inteiros, alguns de belíssima e histórica feitura, herdados do período colonial, queimados, saqueados, arruinados, a ponto de Xanana Gusmão, atual presidente do país, ao entrar em Dili, após libertado da prisão, haver exclamado, entre estupefacto e resoluto: “Eu achei que íamos ter que começar do zero. Mas é muito pior do que eu pensava.”. Mas não há bem que sempre dure ou mal que nunca se acabe, diz o brocardo popular, e em abril de 2001 os timorenses elegem, em pleito livre e liso, o novo líder do país, consagrando Xanana Gusmão como o primeiro presidente timorense e, ainda em 2001, é eleita a Assembléia Constituinte. Em 20 de maio de 2002 Timor-Leste tem sua independência oficialmente reconhecida, colimando objetivos tão duramente alcançados e tão longamente anelados. Nascia, assim, o mais


infelizmente pouco ou quase nada sensibilizou as potências dominantes, as quais se mantiveram lenientes e silentes, incluindo os EUA, aliados da Indonésia. Nosso país, igualmente ex-colônia lusa, também lusoparlante e ostentando papel de destaque no contexto das nações e enorme responsabilidade geoestratégica, conquanto tenha votado e assinado a resolução da ONU muito pouco se empenhou para a validação prática, real, dela, emanada de deliberação soberana desse foro supranacional, que mais não fosse, pelo menos em defesa da elevação e difusão da lusofonia, de que é a maior expressão. Um único país, a Austrália, reconheceu de pronto a anexação do Timor-Leste à Indonésia, e diga-se já por que: em troca da concessão, pelo governo de Jacarta, da exploração pelas companhias prospectivo-extrativas australianas, do riquíssimo lençol petrolífero suboceânico do Mar de Timor, vigente até hoje. Em 1999 os governos de Portugal e Indonésia começaram, então, a negociar a realização de um referendo sobre a independência do território, sob a supervisão de uma missão da ONU. A percepção, por parte da ala radical do exército indonésio, de que era iminente a conquista da independência pelo Timor-Leste, levou-a a recrutar e treinar milícias armadas locais que espalharam o terror entre os habitantes, o que não impediu que, em consulta plebiscitária, quase 80% da população votassem pela independência. Com o recrudescimento das ações violentas de terrorismos e assassinatos, a ONU decide criar força de paz internacional e intervir na região, forças essas que foram comandadas com excepcional habilidade e bom êxito pelo diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello (já falecido). Em vista do fato consumado, o parlamento indonésio,

em sessão de 19 de outubro de 1999, viu-se forçado a homologar o referendo popular e anular a anexação de Timor-Leste. Durante as lutas de resistência à ocupação muitos nomes se destacaram, quer pela bravura, resignação, resiliência, quer pelo enfrentamento e liderança que assumiram no aceso dos combates, bastando por citar os do bispo Carlos Ximenes Belo e do jornalista José Ramos Horta, galardoados com o Prêmio Nobel da Paz, em 1996, e o do líder maior inconteste do movimento de resistência maubere, José Alexandre “Xanana” Gusmão. Preso em 1991 e condenado à prisão perpétua pelo regime opressor, Xanana cumpriu nas masmorras de Jacarta, com invulgar sobranceria e firmeza, à distância, o seu papel de comandante, até sua libertação, ocorrida logo após a entrada das forças de paz. Aditese, aqui, que Xanana, além de líder carismático do povo do TimorLeste é , homem de grandes estudos e cultura, poliglota, escritor e poeta reconhecido. Travou duros combates com o fuzil e com a pena. Ao entrar em Dili, a capital, os soldados da força de paz encontraram um país totalmente incendiado e devastado, com a maior parte de sua infra-estrutura (bancos, escolas, repartições, delegacias, igrejas, mercados transportes, iluminação, abastecimento d'água, hospitais) e conjuntos arquitetônicos inteiros, alguns de belíssima e histórica feitura, herdados do período colonial, queimados, saqueados, arruinados, a ponto de Xanana Gusmão, atual presidente do país, ao entrar em Dili, após libertado da prisão, haver exclamado, entre estupefacto e resoluto: “Eu achei que íamos ter que começar do zero. Mas é muito pior do que eu pensava.”. Mas não há bem que sempre dure ou mal que nunca se acabe, diz o brocardo popular, e em abril de 2001 os timorenses elegem, em pleito livre e liso, o novo líder do país, consagrando Xanana Gusmão como o primeiro presidente timorense e, ainda em 2001, é eleita a Assembléia Constituinte. Em 20 de maio de 2002 Timor-Leste tem sua independência oficialmente reconhecida, colimando objetivos tão duramente alcançados e tão longamente anelados. Nascia, assim, o mais novo país “deste rotundo Globo”, a redizer Camões,

Casa sagrada construção tradicional, evocativa dos ancestrais e crenças familiares, inteiramente artesanal dos habitantes nativos timorenses.

Moedas de centavos já circulam e equivalem-se ao par com as de dólar

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Xanana Gusmão, 1º Presidente Constitucional de Timor-Leste

tomando o nome em tétum de Timor Lorosae (Timor do Sol Nascente). O mais jovem país do mundo ocupa, como já visto, a metade Timor-Leste oriental da ilha de Timor, além do encrave de Ocussi-Ambeno, na situa-se 550 km costa norte da banda ocidental (indonésia), a ilha de Ataúro, a norte, a norte da Austrália, e mais algumas ilhotas ao largo da ponta leste da ilha. Suas mantendo com fronteiras terrestres com a atual Indonésia foram fixadas em ela fronteira definitivo, em 1914, em tratado firmado entre Portugal e Holanda. marítima a meio Mantém fronteira marítima com a Austrália no Mar de Timor. do Mar de Timor Constitui-se em território de grande importância estratégica, dada sua situação entre influentes nações, tais: Austrália, Indonésia e Filipinas, além de dar acesso à China. Mas, para muito mais além disso, eis “que outro valor mais alto se alevanta” (ainda a redizer o poeta-mor da língua portuguesa) nos dias correntes!: sua imensa riqueza em petróleo, elemento essencial no dia-a-dia das sociedades. Costumamos dizer, e já o inscrevemos algures , que o “Mar de Timor sobrenada um mar de petróleo”, o que faz voltar para ele os olhos cobiçosos e sôfregos das grandes potências, que vêem-no, assim, com indisfarçável má-vontade e até ímpetos de detenção de seu desenvolvimento e crescimento. Estado independente, democrático, soberano e progressista, seus interesses, por óbvias razões, colidem, frontalmente, com ambições e interesses imperialistas da grande potência regional, a Austrália (e de seus aliados, os EUA e Inglaterra) - recorde-se : o único país a Manifestação reconhecer a anexação - e da própria Indonésia. festiva de As tarefas e desafios são gigantescos mas não inalcançáveis. comemoração da Negociar acordos bilaterais com a Austrália e internacionais com independência outras potências para a correta e auspiciosa exploração de petróleo e gás é uma delas. Neste ponto, defendemos a ampliação dos laços de fraternidade, amizade e idioma comum que historicamente mantém com o Brasil, visando à entrada da Petrobrás na disputa pela prospecção petrolífera, sabido de todos ser nossa estatal do ramo a que detém maior conhecimento e experiência em extração de óleo em águas profundas. Mas não nos parece haver grande movimentação nesse sentido, o que é uma lástima. O Timor-Leste é hoje um país pobre e destroçado pela crueldade de seus vizinhos-algozes, porém detentor de riqueza incalculável, representada pelos recursos naturais que detém, máxime de petróleo e gás, que, se bem explorados e conduzidos o farão um país rico e respeitado em muito pouco tempo, como já anteviu o Secretário Geral da ONU, Kofi Annan. Um outro aspecto que queremos ressaltar é o da escolha soberana e igualmente por consulta popular, do idioma de Camões como língua oficial, juntamente com o tétum, língua nacional, refutando ofertas e facilidades oferecidas pela Austrália, caso viesse a optar pelo inglês como língua oficial, fazendo, simultaneamente, algumas veladas

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cominações ao novo país, em caso contrário. É o único país de língua oficial portuguesa no N o v í s s i m o Continente. Para finalizar, alguns dados relativos a essa jovem nação, que já integra a Comunidade dos Países de Língua PortuguesaCPLP, desde sua independência. Capital: Dili. Área total 18.615 km². Regime político: república parlamentarista. Situação geográfica: essencialmente sob esse aspecto o país enquadra-se no chamado sudeste asiático, porém, sob o prisma bioétnico mais se aproxima das ilhas vizinhas da Melanésia, razão porque hoje se o considera como parte integrante da Oceania e, por conseguinte, uma nação transcontinental. O país é muito montanhoso e tem clima tropical. Sua população é hoje estimada em derredor de um milhão de habitantes. Há um grande esforço governamental para avivar e incentivar a educação e a cultura no país, para o q u e p a r t i c i p a m a t i v a m e n t e Po r t u g a l , principalmente, com o envio de centenas de professores da língua portuguesa, assim como o Brasil, em menor proporção, estimando-se que em quatro anos todo o ensino oficial em Timor-Leste será feito em português. Amplia-se o número de escolas e a Universidade Nacional do Timor é uma realidade em crescente expansão. É cada vez maior o interesse pela Língua Portuguesa no país. A religião dominante é o catolicismo, que se expande e incrementa após a independência. Moeda corrente: é o dólar americano, mas já se cogita, em curto espaço de tempo, criar uma moeda nacional. Além do petróleo e do gás, são também elementos da economia timorense o café (de excelente qualidade), coco, trigo, arroz, soja, mandioca, manga, milho, pesca e outras culturas de subsistência. Exportações: café, sândalo, copra (amêndoas de coco secas de que se extrai o copraol, usado em medicina e cosmética) e mármore. Grande é a expectativa de excelente potencial turístico, que já começa de se insinuar e que poderá vir a ser, num futuro não tão distante, um dos sustentáculos econômicos do novel país. *Médico e Escritor. SOBRAMES


Minha Prece

de

Natal por Celeste Proença

C

omo a pureza do amanhecer, ele chegou de mansinho, enchendo de esperança o coração da gente! Como um facho de luz, mostrando ao mundo que ainda existe o amor, escondido e envergonhado entre os povos da terra. Chegou o Natal! É o Natal que chega em ritmo de festa, numa saudação de paz, escrevendo no céu que a mensagem de Deus é somente perdão. Que a Sua mensagem consiga trazer ao mundo a certeza dessa Paz! Que se faça uma trégua em tanta mortandade, na violência que impera e se apossa de tudo, da palavra, da ação, da criança, do mundo! O Natal só é Natal, se o sorriso voltar aos lábios descorados dos que passam fome, daqueles que não têm mais amor no coração, porque a ilusão fugiu de suas consciência e não se fala mais em gestos de perdão. Ó Deus de tanta magnificência! Abraça a humanidade de Te mostrar num gesto de união, de países que promovem o luto,

riscando no infinito do universo, a paz! Faze um milagre, Deus. O mundo está esperando, inquieto e sem fé, mas atento ao Teu gesto de muito amor, de muita confiança. Há tanta gente desorientada, louca; há tanta criancinha abandonada, só. E há mulheres alugando ventres, procriando seres para alguém estéril, se promovendo na riqueza fácil de quem não sabe o mal que está fazendo. Não deixes que se formem serem monstruosos, trasladando “gens” na mais louca euforia, na criação de séries de super-dotados, programados apenas para a destruição. Abraça a humanidade tão carente, ousada. E faze com que haja a boa vontade antiga entre os povos da terra, a fim de que percebam o quanto é preciso se encontrar a paz, vestindo o mundo esfarrapado e triste, onde a violência é uma ostentação! Faze um milagre, Deus, a fim de que sintamos que Tu estás conosco, amando ainda mais a Tua criação.

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Camillo Vianna

O

autor, na condição de médico, teve oportunidade de prestar assistência as mais remotas comunidades, nas suas andanças, avoanças e naveganças pelo Grande Sertão Verde, em condições, às vezes, de extrema dificuldade, muito embora, sistematicamente, fizesse parte de sua bagagem maleta de primeiros socorros com medicamentos que pudessem ser usados entre os companheiros de equipe e com pacientes que solicitassem assistência, como é o caso ocorrido no Trombetas, nos complexos de quilombos situadas em barrancos dos tabuleiros de Tartaruga, Jacaré, Tapagem e Intendência. Ancorados para pernoitar próximo ao tabuleiro Jacaré, fomos solicitados por quilombola para atender paciente que, de acordo com a informação, estava passando mal. Por ser noite bastante escura, foi utilizada lamparina a querosene - poronga - para iluminar o caminho até a residência do Patriarca da comunidade que encontrava-se prostrado em uma rede. Praticamente, toda a comunidade estava no local, mantendo-se em silêncio absoluto, aguardando o aparecer do médico que, se fazia acompanhar, pelo filho mais velho do paciente. Após a colheita da história, e exame físico o mais cuidadoso possível, tornou-se evidente doença pulmonar grave e terminal,

provavelmente por contaminação pelo bacilo de Koch. O prognóstico de que era extremamente grave o estado do Patriarca, foi dado em reunião com familiares, no principal cômodo da casa. Por absoluta carência de medicamento específico, foram usados apenas sintomáticos disponíveis na ocasião. No torna viagem da equipe de preservação da tartaruga que se deslocava na lancha Maycuru do Ministério da Agricultura, chefiada pelo coordenador para a Região Norte, José Alfinito, fomos informados do falecimento do chefe quilombola, poucos dias depois do atendimento. Na caiçara, espécie de trapiche usado no embarque e desembarque de gado, no rio Jutuba, na fazenda Santa Rita, Marajó, foi solicitado atendimento para o neto de seu Velhozinho. Este, tinha a peculiaridade de sempre andar a pé, em grandes passadas, como se fosse tirar o pai da forca, jamais utilizando qualquer tipo de montaria. O moleque apresentava seqüelas de possível poliomielite ou outra condição mórbida que afetou o sistema nervoso, impedindo sua locomoção. A solução encontrada para tentar amenizar a situação, foi indicar massagens com azeite de andiroba, banha de galinha e outros, além de fazer uso de uma espécie de cinta que

AMAZÔNIA Recordanças de it i n o e i r p a á n l u t eI c s e

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abarcasse o corpo do menino, para sustentá-lo em imersões no rio, a fim de exercitá-lo em manobras repetidas, objetivando possível retomada de movimento, o que deveria ser feito pela irmã mais velha, várias vezes ao dia. Infelizmente o acompanhamento não pode ser realizado. Por solicitação de familiares, foi prestada assistência à senhora de idade alcançada, na travessa do Cumaru, perto de Quatro Bocas de Nova Timboteua, que apresentava os longos cabelos inteiramente esbranquiçados, pele completamente alva e outros sinais de carência, resultante de alimentação defeituosa, ministrada por familiares. Foi recomendado ao Guarda-de-Saúde, Waldemar Melo, do Posto de Médico do Departamento de Estradas de Rodagens em Taciateua, que orientasse o emprego de ferro reduzido e polivitaminas, além de tentar a correção alimentar. Em avião de carreira para Boa Vista, Roraima, através do rádio de bordo, foi solicitado atendimento médico ao Comissário, que estava com problema de saúde. E encontrava-se no sanitário e vomitando coercitivamente. Por não existir no avião qualquer tipo de medicamento, a solução foi estimular o vômito, uma vez que o hálito e o cheiro no ambiente caracterizavam o uso de bebidas inebriantes, Hidratação oral também foi indicada. Em uma das chegadas à Fordlândia, no trapiche de dois andares, típico do local, na condição de Coordenador de Saúde, Educação, Ação Comunitária e Meio Ambiente do Estabelecimento Rural do Tapajós (ERT) do Ministério da Agricultura, representante do Colégio das irmãs religiosas, apresentou problema que parecia de difícil solução, uma

vez que, por determinação da Secretária Estadual de Educação, o Colégio só poderia funcionar no ano seguinte, se todos os alunos tivessem sido submetidos a exame médico, o que era impossível, por não existir profissional no local. A solução foi arregaçar as mangas e dar início a essa tarefa, que entrou pela madrugada. Três principais problemas foram detectados, a presença de bócio, principalmente, nas adolescentes; verdadeiro estrago nos dentes superiores e, por insistência da freira que as acompanhava o problema de gestação precoce foi detectada. Com relação aos dois primeiros problemas, foi solicitado ao M.A, a contratação imediata de médicos, dentista e assistente social para os hospitais de Fordlandia e Belterra, herança dos norteamericanos da Companhia Ford Industrial do Brasil. Em Belterra, juntamente com o médico Getulio de Carvalho Galvão, membro da equipe da Sociedade de Preservação aos Recursos Naturais e Culturais da Amazônia (Sopren) e do Projeto Rondon, foi dado atendimento a paciente com história de só alimentar-se de farinha d'agua, e por esse motivo apresentava sinais de carência múltipla. O doente foi encaminhado para Santarém, onde havia médico especializado, na suposição de tratar-se de caso de anorexia. Na condição de médico do DER-PA, foi prestada assistência à equipe que estava asfaltando a rodovia Santa Luzia Salinópolis, na costa Atlântica. O acampamento estava situado na comunidade de Corema, à pequena distância da Estância Hidromineral. As noticiais que chegavam à diretoria, em Belém, eram inquietantes, parecendo, segundo os dirigentes da base, ser até coisa de assombração. Os tratoristas paravam as máquinas, os braçais não conseguiam trabalhar e dormir e estava havendo desavença entre eles, que apresentavam febre elevada, em certas ocasiões. As obras praticamente pararam, daí a necessidade da presença do Serviço-Médico. Na realidade, tratava-se de surto localizado de malária, comprovado por exame realizado em laboratório de Capanema. O diagnóstico clínico foi feito a partir da sintomatologia apresentada pelos pacientes. Aquelas alturas, a malária não estava em efervescência, como acontece agora. No início dos anos 70, em Altamira, no rio Xingu, ou mais precisamente, na Agrovila Brasil Novo, depois sede de município, foi realizada a primeira Missa Campal, na realidade a segunda, pois a primeira já havia acontecido. A programação foi presidida pelo Coordenador do Ministério da Agricultura, de cuja equipe o autor fazia parte. Para a cerimônia foi enviada de Brasília, uma Cruz de Pau-Brasil, colocada em EDIÇÃO 58 [NOVEMBRO] p a r a m a i s . c o m . b r

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altar armado na parte central da Agrovila. Tempos depois essa cruz, simplesmente desapareceu. Para a ocasião, a Companhia Brasileira de Alimentos (COBAL) fez instalar enorme barracão de lona para exposição das mercadorias que iriam ser oferecidas aos parceleiros que estavam chegando para ocupar a região. Uma dúzia de jovens uniformizadas atuavam na orientação aos visitantes. A temperatura ambiental era mantida por potente motor à diesel que em dado momento deixou de funcionar e foi aí que tudo começou. O calor ficou insuportável e várias atendentes, que obedeciam ordens de não se afastar do local, chegaram a desmaiar, outras apresentavam quadro de desidratação. A solução encontrada pelo médico foi retirar as atendentes, coloca-las à sombra, aplicar hidratação oral e, naturalmente, encerrar a Exposição. O fato a seguir aconteceu em duas etapas. A primeira em Taciateua, município de Santa Maria do Pará, onde família de retirantes do Rio Grande do Norte havia chegado em precárias condições de saúde. Uma das crianças apresentava quadro febril, diarréia, vômito, dores no corpo e mal estar geral. A segunda etapa teve seguimento anos depois na Casa de Cultura de Altamira que estava sendo inaugurada com os festejos de colação de grau de jovens professores preparados por docentes da Universidade Federal do Pará, com a presença do Vice-Reitor. A coordenadora da festividade em sua fala de abertura, dirigindo-se ao vice-reitor apresentou-se dizendo que apesar de não a ter reconhecido, precisava passar-lhe mensagem de gratidão ao médico que a atendera no ambulatório do DER-PA, em Taciateua, onde havia sido internada em estado grave e que o ouvira recomendar ao Guarda-de-Saúde: “esta menina não pode morrer, fica perto dela e faz tudo o que estiver ao teu alcance para salva-la”. Sou Ritinha, aquela criança que o senhor atendeu. A viagem de retorno em avião da linha, de Santarém para Belém, começou de mau jeito, pois na hora do embarque surgiu um batriça acompanhado por dois latagões da PF, prontos para

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entrar em ação e o libanês, de dedo em riste, apontou na direção do cronista, acusando-o de ter passado inúmeros cheques sem fundos para comerciantes locais. A reação do acusado foi imediata e provocando verdadeiro alvoroço chamou a atenção dos presentes, identificando-se como médico, negando a acusação. Após os esclarecimentos, tudo ficou na Santa Paz do Senhor e de Alá. Porém, os percalços da viagem não terminaram aí. Logo depois de alçar vôo, o comandante, comunicou que a aeronave retornaria à Santarém por motivos técnicos. Após taxiar na pista o avião estacionou e os ditos PF entram, abruptamente, e deram voz de prisão ao verdadeiro falsário. Para completar os percalços ocupante de poltrona vizinha, o também médico Antonio Lobão, não muito chegado a viagens de avião, repentinamente, deu um angustiante brado de alerta: “O avião vai cair! O cano do óleo está furado!” Como era de se esperar, houve princípio de pânico a bordo, cada um procurando meio de escapar. A comissária, tentando acalmar os passageiros, procurou localizar o tal vazamento e, para alívio de todos, informou: “Dr. não é cano furado, o pote de mel que o senhor trouxe e colocou no maleiro virou e está pingando em sua mão. Prove para-se certificar”. Constatada a veracidade da informação o vôo continuou, desta vez, em céu de Brigadeiro. Das mais difíceis foi a Remoção de paciente de Fordlandia para Belém, uma vez que apresentava quadro mental de alta agressividade e encontrava-se recolhida há mais de mês na cadeia pública. A solução


encontrada foi levá-la na lancha do M.A. até Belterra apesar da vigilância constante, em plena madrugada o Comandante alertou que a paciente havia desaparecido. Na realidade ela encontrava- se no toldo apreciando, tranquilamente, as estrelas. Já no avião que a levaria até Belém, onde seria internada no Hospital Juliano Moreira, sentouse no lado da janela e os médicos que acompanhavam sentaram-se, nas poltronas ao lado para forçá-la a permanecer no local. Por precaução foram levadas medicações para sedação, caso fosse necessário. Tudo ocorreu bem até a chegada a Belém, quando,

repentinamente, ainda dentro do avião, começou a cantar e dançar, porém sem maiores conseqüências. Internada no hospital psiquiátrico, tornou-se eficiente colaboradora nos serviços de limpeza, até sua alta, quando retornou à Fordlândia. Nos idos de 60, equipe do Projeto Rondon da qual faziam parte universitários paraenses, cariocas e paulistas quando em atuação na antiga PA-70, município de São Domingos do Capim, na presença de funcionários rodoviários e alguns moradores do local, o Coordenador do PR, o autor, leu Ata de Fundação de Vila Rondon, hoje Rondon do Pará, maior bacia leiteira do Estado. No meio da cerimônia, o Comandante do avião do DER-PA recebeu ordem expressa de Belém para que fosse apanhar gestante em Marabá, acompanhado do médico, pois a mesma estaria com dificuldades em relação ao parto. No inicio do vôo Marabá-Belém desabou chuvueiro, desses que chamam de cabeceira o que fez o avião sacudir que nem bode de embarque. Em dado momento, o piloto avisou aos dois únicos passageiros que estava escapando gás dentro da cabine. Depois de muito procurar, foi achada a causa: A paciente, calmamente, estava retirando o esmalte das unhas com acetona. Em viagem noturna, em avião Caravelle, no trecho Rio - Belém, onde o escritor fora fazer conferências na Casa do Pará, a convite do General Emmanuel Moraes, sobre Patologia Amazônica e Meio Ambiente. Problemas e perspectivas, o Comandante, exatamente à meia noite, anunciou que seria servido um lanche especial, acompanhado de champanhe e desejava facilidades ao passageiros. Era noite de Natal e sobrevoávamos o Majestoso Presépio Verde dos Trópicos, a floresta amazônica. Feliz Natal e Próspero 2007 aos leitores da PARA +. *SOPREN/SOBRAMES

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Festas Natalinas... O Despertar de

Consciências por J. Leonardo Link

E

stamos vivendo as festas natalinas. Há como que uma euforia generalizada, que se materializa na troca de presentes, nas manifestações de afeto e de cordialidade entre os povos. Com as festas, a comercialização dos produtos tomou conta das cidades. Em todos os lugares aparecem os temas natalinos, bonitos, aliás. Se por um lado as festas natalinas são bonitas e sensíveis ao coração, servem também, para uma reflexão mais profunda sobre os problemas sociais que pululam em todos os lugares, que sacodem o mundo em convulsões incontornáveis, em desagregação de toda ordem...Que bom seria se as festas manifestações de amizade que aparecem em profusão no Natal se fizessem sentir todos os dias, em substituição às agressões, ao ódio, às maldades. As festas natalinas são um grande sonho; cheio de belezas e fantasias, mas que dura pouco. Há

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mesa farta, mesa modesta e mesa bem pobre, ou simplesmente não há mesa de espécie alguma. Ao acordar, a pessoa tem que encarar a realidade que se apresenta bem diferente e, as vezes, por ironia do destino, mais triste do que antes do sonho. Se o Natal houvesse de fato, uma conscientização para se melhorar o quadro social do Brasil, se todos assumissem um compromisso por melhores dias, as festas não seriam as comemorações de praxe. O egoísmo, a violência, a maldade inerente a muitos nada de bom constroem. O egoísmo desagrega, divide as pessoas; cada uma luta por si, sem a compreensão de que a comunidade é um todo, e não se pode viver bem ao lado de pessoas sofridas e abandonadas. É também verdade que cada um de nós, isoladamente, não vai resolver o drama social em que vivem milhões de brasileiros; mas se cada um de nós fizer um pouco c o m h o n es tid ad e d e propósitos, junto às comunidades, o quadro futuro será bem melhor. A luta por um mundo melhor é, por isso, um verdadeiro d e s p e r t a r d e consciências...



SANTARÉM NOVO 01 A 08

Festividade de Nossa Senhora da Conceição Praça da Matriz Tel: (91) 3484-1198 Fax: (91) 3484-1198

ÓBIDOS 01 A 31

Um Presépio no Presépio Praça Barão do Rio Branco e Adjacências Tel: (93) 3547-1766 Fax: (93) 3547-1550

CUMARÚ DO NORTE 03 E 04

Trilha do Ouro Edição III Estrada do Antigo Garimpo da Maria Bonita Tel: (94) 3309-1293 Fax: (94) 3309-1292

SALINÓPOLIS 07 A 11

Exposição do Potencial de Salinópolis Complexo Esportivo e Cultural Luís de Sousa Bentes Tel: (91) 3423-3831 Fax: (91) 3423-3831

VIGIA 02 E 03

Festival de Gurijuba Praça da Independência e Espaço Cultural Tel: (91) 3731-2330 Fax: (91) 3731-2330

CAPANEMA 05 A 12

Feira da Cultura do Festival a Canção Praça Moura Carvalho Tel: (91) 3462-1435 Fax: (91) 3462-1435

BELÉM 07

Festival de Iemanjá Distrito de Outeiro - Praia do Amor Tel: (91) 3267-1485 Fax: (91) 3267-2143

BUJARÚ 03

Círio de Nossa Senhora de Nazaré Avenida Princesa Isabel Tel: (91) 3746-1133 Fax: (91) 3746-1156

ALMEIRIM 06 A 08

Festival da Canção Praça do Centenário Sebastião Baía Águila Tel: (93) 3737-1263 Fax: (93) 3737-1263

ABAETETUBA 08

Festividade de Nossa Senhora da Conceição Praça Matriz Tel: (91) 3751-1779 Fax: (91) 3751-1779

BELÉM 01 A 31

Natal com arte em toda parte Igreja de Santo Alexandre e o Museu de Arte Sacra Tel: (91) 4009-8745 Fax: (91) 4009-8730

SANTARÉM 03 E 04 XI Caminhada de Fé com Maria Saída do Distrito de Mojuí dos Campos ou do Tabocal, com encerramento na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Santarém Fone: (93) 3523-1200

BELÉM 06

Lançamento do Livro “Mandalas de Poder” - Suely Cals Memorial dos Povos Av. Gov. José Malcher Horário: 19hs

BELÉM 08 Festa de Nossa Senhora da Conceição Distrito de Mosqueiro Comunidade da Baía do Sol Tel: (91) 9619-2082 Fax: (91) 9619-2082


AS ILUSTRAÇÕES USADAS NESTAS PÁGINAS SÃO MERAMENTE ILUSTRATIVAS

CANAÃ DOS CARAJÁS 08 Festa de Nossa Senhora da Conceição Pátio da Igreja Matriz Tel: (94) 3358-1322 Fax: (94) 3358-1322

CAPANEMA 10

Dia da Bíblia Principais ruas da cidade Tel: (91) 3462-1802 Fax: (91) 3462-1802

SANTARÉM NOVO 16 A 31

IV Festrimbó e Carimbo Tradicional de São Sebastião Praça da Matriz Tel: (91) 9905-5732 Fax: (91) 3484-1198

CACHOEIRA DO ARARI 17

Círio de Nossa Senhora da Conceição Praça da Independência Tel: (91) 3758-1550

BELÉM 10

LIMOEIRO DO AJURÚ 08 A 18

PARAUAPEBAS 09 E 10

Festividade Nossa Senhora da Conceição Salão Paroquial Tel: (91) 3636-1121 Fax: (91) 3636-1258

Final do Campeonato Paraense de Motocross City Park Clube Estrada de acesso a Ferrovia Tel: (91) 3729-3963

Círio de Nossa Senhora do Ó Distrito de Mosqueiro - Praça da Matriz Tel: (91) 3771-3624 Fax: (91) 3771-3624

ALTAMIRA 15 A 05/01

BELÉM 16 A 21

COLARES 10

Círio de Nossa Senhora do Rosário Paróquia de Nossa Senhora do Rosário Tel: (91) 8831-0604 Fax: (94) 3461-7275

CURUÇÁ 16 A 17

Festividade do Glorioso de São Benedito Achado Praça Coronel Horácio Tel: (91) 3722-1196 Fax: (91) 3722-1196

MÃE DO RIO 17

Círio de Nossa Senhora de Nazaré Principais ruas da cidade Tel: (94) 3444-1294 Fax: (94) 3444-1295

Decoração natalina Orla do Rio Xingu Tel: (93) 515-3929 Fax: (93) 515-1845

PONTA DE PEDRAS 16 E 17

Festival da Mangaba Praia da Mangabeira Tel: (91) 3777-1104 Fax: (91) 3777-1113

BRAGANÇA 18 A 26

Festividade de São Benedito Largo de São Benedito e principais ruas da cidade Tel: (91) 3425-1520 / 9117-4415 Fax: (91) 3425-1520

Temporada da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz Theatro da Paz Tel: (91) 4009-8766 Fax: (91) 4009-8760

BELÉM 17 A 23

Natal dos Sonhos Belém e Distritos de Mosqueiro, Icoaraci e Outeiro Tel: (91) 4008-9416

CASTANHAL 19 A 23

Programação Natalina Avenida Barão do Rio Branco Tel: (91) 3721-7309 / 3711-7137


BAGRE 20 A 30

Festividade de São Francisco das Chagas Salão Paroquial na Praça da Matriz Tel: (91) 3603-1219 / 9121-1932

BREU BRANCO 25

VITÓRIA DO XINGU 20

Natal sem Fome Praça Municipal

XINGUARA 28 A 06/01

ANAJÁS 22 A 25

Festividade do Menino Deus Salão Paroquial da Igreja Menino Deus Tel: (91) 3605-1305 / 3224-5152 / 3225-1321

IGARAPÉ-MIRI 30

VI Corrida do Ano PA-151 Km-12 e Palacete Senador Garcia Tel: (91) 9609-9801 Fax: (91) 3755-1495

BREJO GRANDE DO ARAGUAIA 25 A 06/01

Festa do Reisado Peregrinação Tel: (94) 3337-1201 Fax: (94) 3337-1201

PACAJÁ 31

Corrida de São Silvestre Principais ruas da Cidade Tel: (91) 3798-1230 Fax: (91) 3798-1248

Natal Praça da Bíblia Fone: (94) 3786-1150

XXX Folia de Santos Reis Residências da Comunidade Local

AFUÁ 31

BELÉM 31

BRAGANÇA 31

ÓBIDOS 31

Reveilon Popular Quadra de Esporte Dr. Nelson Salomão Tel: (96) 3689-1122 Fax: (96) 3689-1110

Reveillon Distrito de Outeiro Orla da Praia do Amor Tel: (91) 3267-1485 Fax: (91) 3267-2143

Reveillon na Orla Orla de São Benedito Tel: (91) 3425-4287 Fax: (91) 3425-4287

II Reveillon Popular Obidense Praça Sesquicentenário Tel: (93) 3547-1766 Fax: (93) 3547-1550

OURÉM 31

Reveillon Ourém 2006 Complexo Cultural e Turístico Tel: (91) 3467-1140/8155-1827 Fax: (91) 3784-1140

PARAGOMINAS 31

SALINÓPOLIS 31

SÃO MIGUEL DO GUAMÁ 31

Reveillon Ginásio de Esportes Tel: (91) 3729-3963

Reveillon Orla do Maçarico e Praia do Atalaia Tel: (91) 3423-5353 Fax: (91) 3423-5353

III Reveillon do Povo Orla Fluvial de São Miguel do Guamá Tel: (91) 3446.-1822 Ramal 37 Fax: (91) 3446-1887




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