Indicador trabalho de investigação 2014

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Indicador Trabalho de Investigação Relativamente ao indicador Trabalho de Investigação, esta segunda fase do projeto foi dedicada ao tratamento e análise estatística dos dados do questionário sobre violência doméstica entre casais homossexuais residentes no concelho de Lisboa recolhidos na primeira fase do projeto (2012/2013). Os dados apurados, de maior relevância, são os seguintes: 1. Dos 250 inquiridos 34% afirmam terem sido vítimas de um ou mais tipos de violência doméstica (física, psicológica e sexual), o que revela que o fenómeno da violência domestica conjugal é de facto uma realidade inegável no contexto das relações entre casais do mesmo sexo.

Vítima de Violência Doméstica Conjugal (%) Vítima 84 34% Não Vítima 166 66%

2. No total dos inquiridos do sexo masculino regista-se uma percentagem de 42,5% de vítimas e no total dos inquiridos do sexo feminino regista-se uma percentagem de 19,6% de vítimas, o que revela a existência de uma maior predominância da violência conjugal entre casais do sexo masculino. 3. A violência psicológica é a que mais predomina, com 83% de vítimas, seguida da violência física com 66% de vítimas. A violência sexual regista apenas uma prevalência de 5%. 4. Os atos de violência mais frequentes de que as vítimas são alvo são: agressões verbais, tais como, Insultos, difamações, acusações, humilhações (64% vítimas); agressões físicas, tais como, murros, empurrões, puxões de cabelo, bofetadas, cabeçadas, pontapés, etc. (63% vítimas); gritos, ameaças e chantagens (57% vítimas); atos de controlo, tais como, controlo de objetos, telemóvel, computador, perseguição na rua, controlo da vida social (51% vítimas).


5.

O local onde ocorrem com maior frequência os episódios de violência doméstica é a casa do agressor, da vítima, ou de ambos (96,4%), regista-se, no entanto, uma percentagem significativa de 51,2% de casos que ocorrem em espaços públicos.

6. Em relação à reação das vítimas nas sequência dos atos de violência, verifica-se que 55% vítimas terminaram a relação com o agressor/a, o que corresponde a um numero significativo de vítimas que terminam a relação. Apenas 16% das vítimas contactaram ou apresentaram queixa nas forças policiais. Apenas 4% das vítimas pediram ajuda a instituições de apoio às vítimas de violência doméstica. As principais razões apontadas para a não apresentação de queixa são: 33,3% das vítimas afirmam ter vergonha de demonstrar que são vítimas de violência doméstica; 31% das vítimas diz ter vergonha de assumir perante a polícia que mantêm uma relação homossexual. 7. Dos sentimentos das vítimas que estas associam ao facto de terem sido vítimas de violência doméstica conjugal destaca-se o sentimento de ansiedade (51% de vítimas), de medo (36% vítimas) e de tristeza (36% vítimas). É de salientar o facto de cerca de 35% das vítimas, afirmarem não possuir sentimentos relacionados com a violência. 8. Mais de metade dos inquiridos (51%), vítimas e não vítimas, consideram que existe uma certa desvalorização do fenómeno quando este ocorre entre casais do mesmo sexo, comparativamente à ocorrência do fenómeno entre casais heterossexuais, nomeadamente, nos casos de violência doméstica contra as mulheres. 9.

69% dos inquiridos, vítimas e não vítimas, consideram ser necessário a criação de mecanismos de apoio específicos para as vítimas de violência doméstica conjugal homossexuais.

10. Quando questionados os 250 inquiridos sobre qual o mecanismo de apoio e de intervenção que consideram mais urgente criar, para ajudar as vítimas de violência doméstica conjugal LGBT, 57% dos inquiridos são da opinião que o mecanismo mais urgente será o desenvolvimento de ações de sensibilização junto das forças policiais e das instituições. Apenas 2% dos inquiridos consideram não ser necessária a criação de nenhum mecanismo exclusivo para esta população.


Mecanismo de apoio que é urgente criar (%) Nenhum mecanismo exclusivo para a população LGBT

2.0%

Todos os mecanismos mencionados

2.4%

Ações de sensibilização dirigidas para a população LGBT

1.6%

Mais ações de sensibilização junto das forças policiais e das instituições

56.8%

Abertura de uma linha de apoio telefónica exclusiva para homossexuais vítimas de… Criação de uma casa abrigo para homossexuais vítimas de violência doméstica

21.6%

15.5%

0.0% 10.0% 20.0% 30.0% 40.0% 50.0% 60.0%

Nota: As explicações e considerações teóricas para os dados estatísticos apresentados encontram-se no relatório de investigação.

Equipa de Investigação: Dr. António Guarita (Coordenador), Dra. Patrícia Raínho (Socióloga)


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