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DÉRBI À MODA DO PORTO BOAVISTA RECEBE HOJE FC PORTO DESFALCADO MAS FORÇADO A GANHAR

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DIÁRIO NACIONAL

Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

Ano CXLVII | N.º 43

Segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Propostas de reformas parecem não agradar a gregos mas sim a troikanos

AF!NAL

COMO É? n O Governo grego está otimista sobre a aceitação da lista das reformas que irá apresentar hoje aos parceiros europeus para conseguir estender o financiamento ao país por mais quatro meses, mas as vozes internas já se fazem ouvir, com o eurodeputado Manolis Glezos a criticar o acordo alcançado, apelando à mobilização dos simpatizantes do partido para manifestarem a sua posição: “A mudança do nome da ‘troika’ para ‘instituições’, do ‘memorando’ por ‘acordo’ e dos ‘credores’ por ‘parceiros’ não altera nada a realidade anterior”, destacou o eurodeputado do Syriza. Por cá, PS e PSD têm leituras diferentes...

PORTO

Incêndio não impede fábrica de Felgueiras de voltar hoje ao trabalho

EUROGRUPO

Primeiro-ministro diz que Portugal esteve com uma “posição construtiva”

BANGLADESH Naufrágio de ferry sobrelotado provoca morte de 41 pessoas


2 | O Primeiro de Janeiro

local porto

Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2015

BREVES

Incêndio numa fábrica têxtil de Felgueiras

Funcionários regressam hoje ao trabalho O incêndio que deflagrou ontem numa fábrica têxtil de Felgueiras destruiu dois teares e matéria-prima, mas a unidade fabril vai poder retomar hoje a laboração, anunciaram os bombeiros. Hugo Ribeiro, segundo comandante da corporação de Felgueiras, explicou aos jornalistas que o alarme para o incêndio foi comunicado às 12h45, verificando os bombeiros que as chamas começaram num tear e alastraram a um segundo tear. As operações de rescaldo mantiveramse durante mais algumas horas. Pedro Ribeiro, diretor de produção da fábrica Docofil, em Penacova, Felgueiras, confirmou aos jornalistas que a empresa tem condições para trabalhar com todos os funcionários.

A pergunta “Quem Sou Eu?” dá título à peça que liga 18 pessoas do Centro Social Paroquial S. Nicolau, incluindo 16 maiores de 50 anos, ao Teatro de Marionetas do Porto para algo que dizem recordar a infância. A peça, que vai ser hoje apresentada na Casa do Infante, no Porto, leva ao palco o grupo de utentes do centro S. Nicolau, acompanhados por duas técnicas, para mostrarem quem são, as suas fragilidades e as suas forças. “É um projeto em que essencialmente está em causa a questão da identidade. O que é interessante é que nós partimos da ideia e tudo é construído com os intérpretes”, explicou a diretora artística do Teatro de Marionetas do Porto, Isabel Barros.

Contentores caíram ao mar

FELGUEIRAS. A pronta intervenção dos bombeiros impediu que a fábrica de Penacova tivesse prejuízos mais avultados

No combate ao fogo estiveram 60 bombeiros, das corporações de Felgueiras, Paços de Ferreira, Lousada, Freamunde e Lixa, apoiados por 21

viaturas, tendo um piquete da EDP sido também chamado ao local. A fábrica dedica-se à produção de têxteis-lar e atoalhados e empre-

ga 120 pessoas. A Polícia Judiciária esteve no local e já tomou conta da ocorrência para proceder à respetiva investigação.

FEUP e FBAUP lançam hoje projeto inovador

Com este projeto, centrado nas necessidades do utilizador, “pretende-se que os estudantes percebam que existem lacunas no design a esse nível em Portugal e que, a partir daqui, se abram caminhos para trabalhos futuros”, sublinhou a mesma responsável. A primeira ação do projeto vai decorrer, hoje e amanhã, num ‘workshop’ em que os estudantes do mestrado de Design Industrial e de Produto vão integrar equipas de projeto multidisciplinares e nas quais participam pessoas com paralisia cerebral, coordenado por Lígia Lopes (FEUP), em coorientação com o designer Matt Dexter, da Universidade Sheffield Hallam, do Reino Unido. Neste ‘workshop’ participam também designers de produto, modelação

3D, calçado e outros profissionais de várias áreas. “Para acrescentar valor científico e técnico na área da paralisia cerebral, junta-se ao projeto a Associação Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC)”, com a presença do ortopedista Deolindo Pessoa e da fisioterapeuta Cristina Soutinho, “que vão acompanhar e criticar as soluções propostas pelos estudantes”, explicou Lígia Lopes. A segunda ação prolonga-se pelo segundo semestre de aulas da Unidade Curricular Projeto Design Industrial na FEUP. “Se o projeto conseguir atingir os objetivos expectáveis, será uma boa oportunidade para desenvolver os produtos e prepará-los para o mercado. Daí ser essen-

Os quatro contentores vazios de um navio de Malta que caíram ao mar à entrada do porto marítimo de Leixões já não estão a perturbar a navegação e o acidente não causou danos na embarcação, informou fonte oficial. Em declarações à imprensa, fonte da Polícia Marítima (PM) esclareceu que os quatro contentores que tombaram cerca das 07h00 “vinham vazios”, ficaram “afundados no mar” e, desta forma, “já não provocam estorvo à navegação”. A mesma fonte indicou que o acidente com a embarcação de Malta, proveniente do porto de Sines e com destino ao porto de Leixões, se deveu “às condições do mar e do tempo”. “Foi um acidente”, notou. De acordo com a mesma fonte da PM, o navio seguia para o porto de Leixões para efetuar “cargas e descargas” e era naquele destino que deviam ter ficado os contentores que caíram. Segundo a mesma fonte, o acidente não provocou feridos, mas “apenas danos materiais”.

PSP deteve 11 pessoas

Calçado para pessoas com paralisia cerebral As Faculdades de Engenharia e de Belas Artes da Universidade do Porto (FEUP/FBAUP) lançam hoje um projeto de desenvolvimento de calçado para pessoas com paralisia cerebral. “Pretendemos desenhar sapatos que, muito embora adquiram o estatuto de ‘par único’, confiram conforto, segurança e aumentem a autoestima dos utilizadores, que devem ter acesso a objetos tão desejáveis, sob o ponto de vista estético, quanto os estandardizados”, explicou a coordenadora do projeto. “O objetivo do projeto ‘Rita.Red.Shoes. cerebralpalsy.designproject2015’ é despertar os estudantes de design industrial para temáticas para as quais o design é inquestionavelmente essencial”, afirmou ainda a designer Lígia Lopes.

“Quem Sou Eu?”

cial a parceria que temos com a Klaveness, que trará ao projeto conhecimentos práticos na conceção de sapatos ortopédicos e na concretização de protótipos que serão expostos em Sheffield (Reino Unido), em julho, e no Porto em novembro”, continuou Lígia Lopes. Em julho, os protótipos e resultados do desenvolvimento do projeto estarão expostos em Sheffield, na exposição da conferência “Design4Health 2015” e, em novembro, vão estar patentes no Porto, no evento “BIN@PORTO”. A apresentação oficial do projeto, que decorre hoje na FEUP, conta com a cantora e compositora Rita Red Shoes, madrinha do projeto “Rita.Red.Shoes.cerebralpalsy.designproject2015”.

A PSP do Porto anunciou a detenção, na Baixa da cidade, de 11 pessoas, uma das quais por posse de arma proibida, sete por condução sob o efeito do álcool e três por tráfico de droga. Em comunicado, o Comando Metropolitano da PSP do Porto esclarece ainda ter fiscalizado 297 viaturas e condutores e que todos eles foram submetidos ao teste de álcool no sangue. A operação foi desenvolvida entre as 23h00 de sexta-feira e as 08h00 de sábado na Baixa do Porto e a arma apreendida era uma arma branca, vulgo “borboleta”, acrescenta a PSP. A ação policial resultou ainda na apreensão de haxixe e cocaína suficientes para cerca de 116 e 15 doses individuais, respetivamente, bem como dez documentos de viaturas. A PSP indica também ter identificado 32 pessoas “no âmbito do combate ao consumo e tráfico de estupefacientes”. Aquela força policial aplicou ainda 24 multas (autos de notícia por contra-ordenação) devido a infrações ao Código da Estrada e demais legislação rodoviária.


regiões

Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2015

O Primeiro de Janeiro | 3

Governo Regional dos Açores gere preços dos sacos plásticos na região

Aumento só em 2016 Saúde em Benavente

Manifestação pede médicos e enfermeiros

Mais de uma centena de pessoas manifestaram-se, ontem, em frente ao Centro de Saúde de Benavente, reclamando mais profissionais de saúde para um concelho que tem 8 mil utentes sem médico de família. “É urgente, é urgente, mais profissionais de saúde em Benavente”, foi uma das palavras de ordem. O presidente da Câmara Municipal de Benavente, Carlos Coutinho, frisou as dificuldades que vivem sobretudo os mais idosos, referindo em particular a falta de consultas de especialidade, que deixam sem acompanhamento diabéticos, hipertensos, grávidas e crianças.

Região do Alvarinho

Melgaço quer ser ouvido no alargamento

A Assembleia Municipal de Melgaço quer que a autarquia e os viticultores da sub-região do Alvarinho sejam “ouvidos” antes do Governo decidir sobre o alargamento da produção daquele vinho. Segundo o autarca, Manoel Baptista, aquele órgão enviou à ministra da Agricultura e do Mar uma moção aprovada, por unanimidade, na qual sublinhou que o “futuro” daquela sub-região “com um passado de trabalho na vinha e no vinho não pode ser decidido por três ou quatro reuniões de iluminados, que num mês puseram em causa o trabalho de décadas”.

Criado período de adaptação de um ano para as grandes superfícies e dois anos para o pequeno comércio. Cada saco plástico vendido nos Açores vai passar a custar quatro cêntimos, mas esta taxa ambiental só entrará em vigor dentro de um ano, revelou, ontem, o secretário regional da Agricultura e Ambiente. Neto Viveiros, que falava na cerimónia de inauguração do Centro de Processamento de Resíduos da Ilha do Faial, adiantou que a regulamentação desta legislação regional, destinada a reduzir o consumo de sacos de plástico nas ilhas, já está concluída e será publicada dentro de “pouco dias”. Segundo explicou, além da fixação do valor da taxa aplicada sobre cada saco de plástico, o Governo Regional determinou também a “proibição da inserção de publicidade nos sacos”, e criou um período de adaptação de um ano para as grandes superfícies comerciais e dois anos para o pequeno comércio. “Esta iniciativa dá bem nota da forma acertada e responsável como o Governo dos Açores abordou esta questão, contrariamente ao mau exemplo que temos assistido com a implementação de medida similar no

AÇORES. Neto Viveiros criticou a maneira como a taxa ambiental sobre os sacos plásticos foi aplicada no Continente território continental”, adiantou Neto Viveiros. No entender do governante, estes mecanismos “não podem”, no entanto, ser encarados como “fontes de financiamento do Estado”, mas antes como “instrumentos desincentivadores” de determinadas práticas. “O sucesso da medida será, pois, aferido em função da redução da base tributária e da diminuição da receita arrecadada” sublinhou o titular da pasta do Ambiente na região. No seu entender, é necessário

continuar a apostar na redução dos impactos ambientais negativos gerados pelos resíduos ao longo do seu ciclo de vida, desde o momento em que são produzidos até à sua eliminação, passando pela reciclagem. É nesse sentido que foi criado o Centro de Processamento de Resíduos da Ilha do Faial, obra que custou 5,7 milhões de euros, que vai permitir efetuar a triagem dos lixos, com vista à reciclagem, a valorização por compostagem e a eliminação. O equipamento, que será gerido pela Câmara Municipal da Horta,

inclui um ecocentro, para deposição seletiva de lixos, um centro de valorização orgânica por compostagem, para a transformação dos resíduos orgânicos em composto destinado à agricultura, e uma estação de transferência que encaminha os resíduos não recicláveis para a “valorização energética” ou para a “eliminação”. Neto Viveiros lembrou que o executivo está a construir equipamentos idênticos em sete das nove ilhas dos Açores, num investimento global de cerca de 40 milhões de euros.

Relacionado com assalto violento aos CTT

Apreendido material em buscas domiciliárias A GNR efetuou nove buscas domiciliárias no âmbito da investigação ao violento assalto aos CTT em Celeirós, Braga, registado na quinta-feira, tendo apreendido vário material presumivelmente relacionado com a prática criminosa dos indivíduos entretanto detidos, informou, ontem, aquela força. Em comunicado, a GNR refere que nas buscas domiciliárias, efetuadas no sábado em Braga (sete) e em Guimarães (duas) e presididas por um juiz de instrução criminal, foram apreendidos um automóvel, «walkie-talkies», luvas, 50 relógios, chaves de ignição de

CELEIRÓS. Os cinco assaltantes ficaram sujeitos a prisão preventiva pelo assalto violento aos CTT

veículos automóveis, gás pimenta, pés de cabra, gazuas para estroncamento de portas, uma soqueira, gorros, matrículas de viaturas estrangeiras e 400 euros, entre vários outros objetos. Foram também apreendidos os documentos de um veículo furtado, que já tinha sido apreendido e que terá sido utilizado nos assaltos de que os detidos são suspeitos. As bucas foram comandadas pela Secção de Informações e de Investigação Criminal (SIIC), apoiada por militares das subunidades territoriais e de intervenção, num total de cerca de 60 militares.

O assalto aos CTT de Braga registou-se no final de tarde de quinta-feira, tendo os assaltantes efetuado vários disparos para o ar, para intimidar os funcionários que ali se encontravam. A GNR já deteve, na madrugada de sexta-feira, cinco dos assaltantes, com idades compreendidas entre os 26 e os 46 anos e com profissões ligadas à segurança privada. O juiz de instrução criminal aplicou-lhes prisão preventiva, a mais gravosa das medidas de coação. A GNR prossegue as investigações para tentar localizar outros eventuais assaltantes.


4 | O Primeiro de Janeiro

nacional

Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2015

Passos diz que Portugal manteve “posição construtiva”

“Governo deve ter uma atitude positiva” O primeiroministro diz que Portugal esteve no Eurogrupo para analisar a situação da Grécia com uma “posição construtiva”, recusando qualquer concentração com a Alemanha..

“Portugal esteve como todos os outros países que compõem o Eurogrupo com uma posição construtiva procurando que fosse possível ao Governo grego pedir uma extensão não apenas do empréstimo que tem vigorado, mas também das condições que lhe estão associadas”, afirmou o primeiro-ministro, em declarações aos jornalistas à saída da cerimónia de apresentação de cumprimentos ao cardeal Manuel Clemente, que decorreu no Mosteiro dos Jerónimos. Assinalando uma evolução na atitude do Governo grego, Passos Coelho

PASSOS COELHO. O primeiro-ministro esteve, nos Jerónimos, na apresentação de cumprimentos ao cardeal Manuel Clemente

defendeu que se deve ter “uma atitude positiva” para que se mantenha a disponibilidade para que “tudo dê certo” e a Grécia possa fechar o seu programa de assistência financeira. Entretanto, o vice-presidente do PSD congratulou-se com o acordo de princípio entre o Eurogrupo e a Grécia e acusou o PS de se comportar como porta-voz do Syriza, em vez de defender o interesse nacional. “O Partido Socialista tem assumido uma atitude de porta-voz dos interesses

do Syriza em Portugal, em vez de ser porta-voz dos interesses nacionais, no plano europeu e no plano nacional”, disse Marco António Costa, acusando, também, os socialistas de se demitirem das responsabilidades que têm enquanto principal partido da oposição. “Gostávamos de conhecer as propostas que o PS tem para a Europa e para Portugal, em vez de ver o líder do PS transformado em comentador político e porta-voz do Syriza em Portu-

Jerónimo critica atuação do Governo no Eurogrupo

“Continua com a política do custe o que custar”

gal. Julgamos que não é um contributo para a democracia nem adianta nada ao interesse e à vida dos portugueses”, acrescentou. Para o vice-presidente do PSD, os socialistas têm tentado colar a situação de Portugal à Grécia, situação que considerou “perigosa e irresponsável”, atendendo a que, a situação na Grécia é muito pior do que a situação portuguesa. “Nós sabemos que os juros que a Grécia paga hoje são cinco vezes superiores aos que Portugal paga. Sabemos que hoje os gregos continuam a discutir a necessidade de fazerem cortes nos rendimentos e nas pensões. Nós estamos na fase de devolução de rendimentos e de redução do IRC e do IRS”, disse. “Nós olhamos para o futuro com esperança, os gregos, infelizmente, estão numa situação muito difícil. Estar a colar Portugal à Grécia, como tem feito a esquerda e particularmente o Partido Socialista, é um péssimo serviço aos portugueses e a Portugal, a não ser que o PS deseje que as coisas corram mal e que Portugal seja obrigado a pagar taxas de juro de 10%, como estão a pagar os gregos”, concluiu, frisando: “O PS alimenta os boatos porque lhe interessa mais a política da intriga do que a política da resolução dos problemas”.

PS diz que Governo só está preocupado com os seus interesses

“Quem perde é o povo português” O deputado do PS João Galamba critica a postura do Governo português durante as negociações com a Grécia, considerando que o executivo esteve mais interessado em defender as suas políticas de austeridade do que o interesse nacional. “O Governo português, em vez de defender o interesse nacional e o interesse da Europa, esteve mais preocupado em defender os seus próprios interesses e o seu próprio discurso dos últimos três anos. Quem perdeu com isso foi o povo português”, referiu o deputado socialista. Segundo João Galamba, “o Governo português esteve durante todo este processo de negociações com a Grécia mais preocupado em impor austeridade aos gregos do que a perceber que uma negociação positiva para os gregos seria também positiva para Portugal e para a Europa”. O mesmo político realçou que “a Grécia é o caso extremo da aplicação de austeridade e empobrecimento” e que “essa estratégia falhou na Grécia, como falhou em Portugal”. E acrescentou: “Ontem, a ministra das Finanças deu uma entrevista em que tentou apagar esta imagem, mas as justificações da ministra

não colhem, porque já são demasiadas descrições do que se passou na reunião do Eurogrupo e demasiadas descrições do que foi o comportamento do Governo português nas últimas semanas para que Maria Luís Albuquerque, dê as entrevistas que der, faça as declarações que fizer, possa apagar essa imagem”. O deputado do PS sublinhou ainda que, na sua opinião, “o que não é normal é Portugal, depois de ter ido além da ‘troika’, como toda a gente sabe, escolha agora ir além do Governo alemão. Isso é que não é aceitável e é mesmo incompreensível”. Galamba vincou também que “o que o Governo português dá a entender é que aquilo que mais teme não são políticas erradas, não é o desemprego no seu país, não é a estagnação económica, não é a recessão, mas sim que haja algum Governo que consiga mostrar uma coisa que o Governo português sempre disse que não é possível: existem alternativas, há é que batalhar por elas, e procurar junto dos parceiros europeus uma avaliação realista daquilo que se passou com a aplicação das medidas de austeridade

e, se possível, uma alternativa política que funcione”. De acordo com o responsável socialista, “o Governo português não está interessado nisto, a única coisa que está interessado é bloquear toda e qualquer possibilidade de haver uma alternativa”, considerando que “isso é muito negativo para Portugal e é muito negativo para a Europa”. E Galamba reforça: “É triste, e indigno até, assistir, depois do que Portugal passou nos últimos anos, depois do que a Grécia passou nos últimos anos, depois do que a Irlanda passou nos últimos anos, aliás, depois do que a Europa passou nos últimos anos com este tipo de políticas, ver o Governo português a defender a sua manutenção e a combater a possibilidade de alterar estas políticas é de facto muito negativo para o país, mas é revelador do Governo que temos e tivemos estes anos”. João Galamba fez questão, também, de criticar a posição assumida pela ministra das Finanças portuguesa durante as reuniões do Eurogrupo. “Tivemos as declarações do ministro Varoufakis, que disse que, por uma questão de educação, não

ia comentar publicamente o que tinha feito Maria Luís Albuquerque e, já agora, também o ministro das Finanças espanhol na reunião do Eurogrupo, mas penso que ficou bem claro. Mesmo não dizendo, Varoufakis disse tudo”, assinalou. “E ontem tivemos uma sucessão de grandes jornais internacionais a darem relatos sobre o que se passou no Eurogrupo. Aliás, o jornal Die Welt até diz que Maria Luís Albuquerque pediu pessoalmente a [Wolfgang] Schauble [ministro das Finanças alemão] que fosse muito duro e para que não cedesse aos gregos”, destacou João Galamba, considerando que, “felizmente, a linha dura foi derrotada na sexta-feira. Infelizmente, nessa linha dura, encontrava-se o Governo português”. O deputado insistiu ainda que “o Governo português está a tentar a todo o custo garantir a sobrevivência do seu próprio discurso político”. E concluiu: “O Governo português disse que não havia alternativa, que este era o único caminho e, portanto, é natural que veja como uma ameaça um governo e uma negociação que podem mostrar que isso não é assim”.

O secretário-geral do PCP diz que o Governo “sempre alinhou com o que de pior houve nas orientações europeias e é legítima a leitura de subserviência à Alemanha, “porque a ministra das Finanças pôs-se a jeito”. “Nenhum de nós sabe o que se passou no Eurogrupo, mas é bom lembrar que neste processo de intervenção das ‘troikas’, designadamente no nosso país, perante os ditames da União Europeia e do seu diretório, Passos Coelho afirmou na altura que o seu programa era o programa da ‘troika’, e que, custe o que custar, esse programa tinha de ser concretizado”, afirmou. Sobre a notícia de um jornal alemão de que a ministra das Finanças havia sugerido dureza de posições à Alemanha na negociação com a Grécia e o desmentido da governante portuguesa, o líder do PCP comentou que “há uma identificação clara e um alinhamento” do Governo português com as posições alemãs. “A ministra das Finanças pode dizer que não disse nada, mas ao longo deste processo mostrou um claro alinhamento. Parecia o mais devoto defensor desse diretório e, particularmente, da Alemanha e de uma coisa não se livra: foi ter-se posto a jeito na célebre fotografia em que parecia a aia do senhor”, disse. Jerónimo Sousa falava aos jornalistas após a inauguração da nova sede do PCP em Águeda, onde defendeu a ideia de que, mais do que uma atitude de subserviência, o posicionamento do Governo tem a ver com a sua própria sobrevivência. “O Governo não pode ver cair por terra toda a sua argumentação que levou a tantos sacrifícios para o povo português, a tanto esbulho, a tanto corte, a tanto roubo e, de repente, alguém dizer que o rei vai nu”, declarou, concluindo: “Este Governo e a ministra das Finanças, no quadro do Eurogrupo, sempre tiveram um alinhamento de abdicação do interesse nacional, sempre se identificaram com os objetivos particularmente dos alemães e, nesse sentido, é fácil inclinarmo-nos para a leitura de um Governo que não é solidário com seu povo e com outros povos que estão a passar por dificuldades tremendas, devido a esta orientação das instituições da União Europeia”.


Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2015

economia

O Primeiro de Janeiro |

Governo grego apresenta hoje lista de reformas para estender apoios

“Medidas são questão de soberania nacional” Ministro das Finanças, Yanis Varufakis, disse ser “quase certo” que as reformas vão ser aceites por Bruxelas.

Associação de lesados do BES promete agir

Até ao fim

A associação Os Indignados e Enganados do Papel Comercial, que representa lesados pela compra de papel comercial aos balcões do antigo Banco Espírito Santo (BES), garantiu, ontem, que irá até às “últimas consequências” para obter uma solução. “A solução vai ter que sair do Novo Banco, o Novo Banco é quem se comprometeu a nos pagar e vai ter que ser o Novo Banco, juntamente com as diversas entidades, CMVM [Comissão do Mercado de Valores Mobiliários], Banco de Portugal, o próprio Governo. Vamos até às últimas consequências, eles vão ter que arranjar uma solução para nos ressarcir”, afirmou o presidente da associação, Ricardo Ângelo. Aos jornalistas, no final de uma assembleia-geral da associação, que se realizou na freguesia de Souto da Carpalhosa, concelho de Leiria, Ricardo Ângelo assegurou que a associação está disposta a tudo, quando questionado se pondera colocar entraves à venda do Novo Banco caso não haja reembolso. “Mas, neste momento, estamos mais que abertos para a solução negocial. Somos pessoas de bem, somos cidadãos que queremos, acima de tudo, ser ressarcidos e tentamos evitar tudo o que seja jurídico e tribunais, não temos interesse nenhum nisso”, afiançou.

O Ministério das Finanças grego enviou, ontem, uma carta de três páginas a Bruxelas com as reformas que pretende realizar para que as instituições façam uma avaliação inicial. O objetivo é que as instituições pudessem enviar observações e, assim, moldar a proposta que Atenas vai apresentar hoje às instituições europeias para conseguir estender o financiamento ao país por mais quatro meses. Segundo os meios de comunicação locais, as medidas não incluem um custo concreto das reformas, mas são semelhantes às propostas políticas, ou seja, o Governo explica os seus métodos para combater a evasão fiscal, a corrupção, a reforma da administração pública e combater a crise humanitária. O ministro de Estado, Nikos Pappas, advertiu hoje que algumas reformas que o Governo grego irá apresentar “não são negociáveis” e são uma “questão de soberania nacional”. “O Governo grego vai discutir essas reformas com os parceiros na zona euro, partindo do princípio que há questões de soberania dentro da política interna que não são negociáveis”, disse Nikos Pappas ao canal televisivo Mega. O vice-primeiro ministro, Yanis Dragasakis, disse, no sábado, depois de participar numa reunião do Conselho de Ministros, que a elaboração da lista de reformas “não é algo complicado, é um processo fácil”. Fontes governamentais asseguraram que a intenção do executivo de Alexis Tsipras é não aceitar quaisquer cortes nos salários e pensões. Função pública e evasão fiscal

O Governo grego está otimista sobre a aceitação da lista das reformas, segundo a Efe. O ministro das Finanças grego, Yanis Varufakis, disse ser “quase certo” que as reformas vão ser aceites por Bruxelas, e que o passo seguinte será dado de-

pois das instituições analisarem o seu conteúdo. Yanis Varufakis explicou que se a resposta for afirmativa “haverá uma teleconferência com as instituições e, automaticamente, o processo avançará”. Um alto oficial do governo, citado pela AFP, disse ontem que Atenas irá apresentar propostas que levarão a economia grega a lutar “fora de sedação”. “Estamos a compilar uma lista de medidas para tornar mais eficaz a função pública grega e para combater a evasão fiscal”, disse o ministro de Estado, Nikos Pappas, ao canal televisivo Mega. Críticas fortes vindas de dentro

GRÉCIA. Fontes governamentais asseguraram que a intenção do executivo do Syriza é não aceitar quaisquer cortes nos salários e pensões

Aviões de combate

Korean Air e Airbus juntos em concurso

A principal companhia aérea da Coreia do Sul, a Korean Air, e o conglomerado europeu Airbus, vão apresentar, esta semana, a concurso um projeto para fabricarem em conjunto aviões de combate para o exército sul-coreano. Segundo informaram, ontem, porta-vozes da Korean Air à agência Yonhap, as duas entidades firmaram para o efeito,

esta semana, um memorando de entendimento. Por negociar estão, porém, detalhes em matéria de cooperação tecnológica e investimento, segundo as mesmas fontes. As duas empresas vão apresentar, esta semana, uma proposta com vista a obterem o contrato para o projeto KF-X, avaliado em cerca de 8,5 biliões de won (6.725 milhões de euros), que compreende o fabrico de 120 caças F-16 para substituir os F-4 e F-5 por volta do ano de 2025.

O eurodeputado grego do Syriza Manolis Glezos criticou, ontem, o acordo que foi alcançado entre o Governo helénico e os parceiros europeus, apelando à mobilização dos simpatizantes do partido para manifestarem a sua posição acerca do mesmo. “A mudança do nome da ‘troika’ para ‘instituições’, do ‘memorando’ por ‘acordo’ e dos ‘credores’ por ‘parceiros’ não altera nada a realidade anterior”, assinalou Glezos num artigo publicado num blog, noticiou a agência de notícias espanhola EFE. Manolis Glezos pediu a “todos os membros e simpatizantes” do Governo de coligação encabeçado pelo Syriza que decidam “em reuniões extraordinárias a todos os níveis da organização” se aceitam a decisão do executivo de Alexis Tsipras. O emblemático político esquerdista sublinhou que já passou um mês desde as eleições, mas ainda não foi cumprida a promessa do Syriza de “abolir a ‘troika’ e o programa de resgate”. No seu artigo, Glezos pede desculpa aos eleitores gregos por tê-los feito “participar na ilusão” durante a campanha eleitoral de ter um Governo de esquerda, pedindo-lhes uma reação “antes que seja demasiado tarde”. Segundo a EFE, fontes governamentais reagiram às críticas apontando para o decorrer das negociações com os países da zona euro, afirmando que Glezos “não faz ideia das duras negociações” com os parceiros europeus.


6 | O Norte Desportivo

desporto

Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2015

Lopetegui diz que FC Porto está pronto para “adversário que mais tem crescido”

“Boavista é mais difícil do que Basileia” A uma semana do clássico frente ao Sporting, FC Porto defronta uma das duas equipas que conquistaram pontos no «Dragão». O FC Porto está obrigado a vencer hoje em casa do Boavista, no encontro que encerra a 22.ª jornada da I Liga, sob pena de ver o Benfica destacar-se ainda mais na liderança, bem como de permitir a aproximação do Sporting ao segundo lugar que ocupa. Frente a uma das duas equipas que «roubaram» pontos na sua casa, os «dragões» estão avisados para o perigo, até porque os «axadrezados», que lutam para escapar aos lugares de baixo da classificação, além da surpresa no Dragão (0-0), têm obtido resultados positivos em encontros aos quais não são favoritos. A equipa do espanhol Julen Lopetegui não se pode dar ao luxo de perder pontos, uma vez que, para já, dista sete pontos da liderança do Benfica – os «encarnados» venceram no sábado em Moreira de Cónegos por 3-1 – e tem o Sporting, que no domingo recebeu e venceu o Gil Vicente por 2-0, a apenas dois pontos, sendo que os dois se defrontam no próximo fim de semana no Dragão, em mais um «clássico» do futebol português.

Sporting de Braga e empatado com o Rio Ave, jogando quase todo o encontro com dez, Lopetegui diz não ter dúvidas de que estará perante a equipa que “mais melhorou na Liga”, antevendo um jogo muito “duro fisicamente”. As várias baixas na equipa portista foram também abordadas pelo técnico espanhol: “A realidade é essa e temos de conseguir dar resposta. Temos plantel para isso e confiamos em todos os jogadores. É uma oportunidade de darem um passo em frente, de mostrarem que têm a personalidade e o caráter de que precisamos.” Quanto ao relvado sintético do Bessa, Lopetegui disse apenas que “foi uma decisão que a Liga tomou” e que não lhe compete “dizer nada”, enquanto que, relativamente à arbitragem, se limitou a desejar que o juiz Hugo Miguel “tenha um bom dia”. “Noite perfeita”

I LIGA. Frente a uma das duas equipas que «roubaram» pontos na sua casa, o FC Porto está obrigado a vencer o Boavista

“Quarta-feira é história”

O treinador do FC Porto considera que este jogo será “mais difícil” do que o encontro da última quarta-feira, com o Basileia. “É uma equipa que já na primeira volta nos causou dificuldades [na altura, no Dragão, as duas equipas empataram sem golos]. É a formação que mais tem crescido e é agora uma equipa mais completa”, referiu o espanhol Julen Lopetegui, frisando, ainda: “Quarta-feira é história, já passou. São encontros com circunstâncias totalmente diferentes. Penso que este jogo será ainda mais difícil do que o de quarta-feira.” Dando ainda o exemplo de este Boavista ter conseguido vencer o

Campeonato grego

Vítor Pereira foge de adeptos do Panathinaikos

O treinador português Vítor Pereira, do Olympiacos, campeão grego em título, teve, ontem, que fugir, na sequência de uma invasão de campo dos adeptos do Panathinaikos, quando o técnico se encontrava junto a uma das balizas. Antes do início do dérbi, que o Olympiacos perdeu por 2-1, Vítor Pereira aproximou-se de uma das ba-

lizas, situação que acabou por desencadear a ira dos adeptos da equipa da casa, que de imediato lançaram fumos e tochas para a zona onde estava o técnico. A situação ainda ficou mais tensa quando a claque forçou a entrada no relvado, ainda antes do início do jogo, levando a que a comitiva do Olympiacos e os jogadores que faziam o aquecimento tenham corrido para o túnel de acesso ao relvado. O início do jogo acabou por se atrasar, com a equipa de Vítor Pereira a perder.

Já o treinador do Boavista não esconde que a sua equipa tem de fazer “uma noite perfeita” para poder pontuar diante do FC Porto. Petit espera um “jogo “extremamente difícil e muito sofrido” face a uma “equipa com muita qualidade, tanto a nível coletivo como a nível individual, e que não pode perder pontos”, porque luta pelo título nacional. O técnico salientou também que os «dragões» terão pela frente “uma equipa que no seu estádio tem feito um bom trabalho e resultados positivos”. “Vamos ter que ser solidários e sofrer sem bola e quando tivermos bola também temos que fazer mal, no bom sentido”, acrescentou. Petit é de opinião que não vale a pena comparar este jogo com o da primeira volta: “São jogos diferentes, já lá vão alguns meses. Estamos melhor e o FC Porto também está melhor.” “Espero que seja um grande espetáculo, que tenha uma grande moldura humana e que os adeptos compareçam e nos ajudem do primeiro ao último minuto. Isso é o que nós vamos esperar”, realçou, rematando: “a pressão para já está mais do lado do FC Porto, é uma pressão para ganhar.”

Nani chora depois de marcar grande golo

Felizes com lágrimas

O Sporting regressou, ontem, às vitórias na I Liga, após receber e bater o Gil Vicente, por 2-0, num jogo da 22.ª jornada que ficou marcado por um grande golo do internacional português Nani. O extremo dos «leões», que foi um dos nove portugueses que integrou o onze inicial do técnico Marco Silva, protagonizou o momento do jogo, quando, aos 69 minutos, «disparou» inesperadamente do «meio da rua» para a baliza dos gilistas, depois de Tanaka ter inaugurado o marcador, aos 52 minutos. Nani, que tem sido algo criticado na imprensa desportiva pelas mais recentes exibições, foi também determinante no golo do japonês, já que desviou a bola ao primeiro poste, num lance que se iniciou num pontapé de canto. Com o estádio José Alvalade a receber a segunda maior enchente da temporada para o campeonato (42 mil pessoas), o Sporting acabou por realizar uma exibição suficiente para bater um aflito Gil Vicente e continuar a nove pontos do líder Benfica. Ao vencer o Gil Vicente, a formação lisboeta pôs fim a uma série de três jogos sem vencer, dois para o campeonato, frente a Benfica e Belenenses (empates 1-1) e um para a Liga Europa, derrota frente ao Wolfsburgo.


Segunda-feira, 23 Dezembro dede Fevereiro 2015 Terça-feira, 7 de 2014 dede Terça-feira, 30Outubro de 2014

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A violência tem estado associada ao futebol desde as suas origens no século XIII. Na idade medieval os jogos de futebol que, sob diversas designações, aconteceram nos vários países da Europa, envolviam centenas de jogadores pelo que se transformavam em autênticas batalhas campais onde muito aproveitavam para resolGustavo Pires verem contendas que nada tinham a ver com as questões do jogo da bola. Entretanto, na tradição aristocrática e das escolas públicas inglesas, associadas aos valores vitorianos do cristianismo muscular, a partir de princípios do século XX, o futebol começou a ser desenvolvido na Europa de uma forma mais disciplinada muito embora a violência, tirando pequenos períodos que se seguiram às Grandes Guerras, nunca tivesse deixado de lhe estar associada. E, em princípios dos anos sessenta, a violência apareceu com todo o seu esplendor em Inglaterra associada aos espetadores oriundos das classes trabalhadoras sob o nome de “hooliganismo”. Primeiro, no interior dos estádios, depois, acabou também por tomar conta das ruas. Hoje, presenciamos na comunicação social cenas lamentáveis como a dos adeptos do Feyenoord que, no passado dia 19-022015, embriagados, desencadearam o caos no centro de Roma por ocasião da 1.ª mão dos 16 avos de final da Liga Europa. Entretanto, no dia 21/02/2015, assistimos envergonhados a uma desprezível cena racismo no metropolitano de Londres protagonizada por alguns adeptos do Chelsea. Nas palavras de Gadamer (1900-2002) o jogo é o “fio condutor da explicação ontológica”. Assim sendo, dá um sentido à vida pelo que pode assumir a dimensão trágica da luta pela sobrevivência ou do próprio jogo da guerra. Heraclito (535 a.C.-475 a.C.) há mais de dois mil e quinhentos anos afirmava que: “de todos a guerra é pai, de todos é rei; de uns faz deuses, de outros homens; de uns faz escravos, de outros homens livres”. Esta dimensão trágica do jogo da guerra, em termos atuais foi magistralmente expressa no filme “Apocalypse Now” quando o Coronel Bill Kilgore, perante a cena dantesca de um ataque de helicópteros a uma aldeia vietnamita, dizia: “I love the smell of napalm in the morning... It smells like victory”. Arnold Toynbee (1889-1975), no livro “Guerra e Civilização”, defendeu que: “não há nenhuma civilização em que a guerra não tenha sido uma instituição estabelecida e dominante, mesmo nos estádios mais primitivos da humanidade. Por exemplo, a ideia de que a civilização maia era pacífica não passa de uma mistificação. Linda Schele (1942-1998), no livro “The Blood of Kings” vai mesmo ao ponto de afirmar que: “o sangue era a argamassa da sociedade dos antigos maias”. Perante a violência que acontece no futebol, as burocracias instaladas, invariavelmente, tratam de fazer com que sejam fixadas regras cada vez mais pesadas para combater o holiganismo, o racismo e a xenofobia e exigem mais leis, mais coerção, mais julgamentos e mais condenações exemplares. Estão convencidas que, então, conseguirão instituir mais disciplina e paz no futebol. As burocracias instaladas deviam atentar nas palavras de Thomas Moore quando diz que é ilusório abordar a violência movidos pela singela ideia de que pode ser eliminada. Qualquer tentativa para erradicar a violência que existe no ser humano, poderá fazer com que ele se desligue do poder profundo que sustenta a vida criadora. O futebol moderno desafia as leis do caos quando, ao mobilizar centenas de milhares de apaniguados, tal qual horda incontrolável, de um momento para o outro, numa espécie de “retrocesso biológico”, apupa os jogadores, insulta os dirigentes, crucifica os treinadores, agride os polícias, ofende os cidadãos e promove a violência. Contudo, esta violência que erradia das tribos do futebol não se combate com mais violência. Combate-se com educação desportiva e cultura desportiva. Porque, é através delas que o homem consegue direcionar num sentido positivo a violência que está contida dentro de si que o leva a realizar tanto os maiores feitos como as maiores atrocidades.

Forças Armadas rejeitam diploma do Governo

Assistência médica em causa A Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) alertou ontem para a possibilidade de mais de 12 mil cônjuges deixarem de receber assistência médica no subsistema de saúde ADM (Forças Armadas e GNR), devido a nova legislação. “As condições leoninas, em termos de descontos aos militares, que são impostas, embora com o direito de opção, mais parecem visar o afastamento da ADM de um universo que atinge mais de 12 mil cônjuges”, pode ler-se num comunicado divulgado pela AOFA. Em causa está a aprovação de um diploma por parte do Governo que, caso entre em vigor, define que o acesso ao direito à ADM passa a ser facultativo para os cônjuges que aufiram rendimentos, provenientes de atividade exercida no âmbito do setor privado ou por conta própria. Essa opção poderá ser efetuada ao longo dos próximos três meses mediante um desconto ao militar de 3,5% sobre 79% da respetiva remuneração base (excluíndo o suplemento de condição militar) e, no caso dos militares que se encontrem em

situação de reforma, incide sobre o total das suas pensões, tal como nas pensões de viuvez. Numa nota informativa, ontem emitida pelas Associações Profissionais de Militares (APM), é realçada a convicção de que é “justo e adequado que os cônjuges de todos os militares devem beneficiar do direito à assistência sanitária”, isto, “sem que, da parte destes, tenha que se verificar desconto para a ADM”. As alterações introduzidas neste regime são apelidadas de “injustas” pelas APM. Já no início da semana passada, os responsáveis da AOFA tinham denunciado que o executivo da maioria PSD/CDS-PP está “em guerra” com os militares, reagindo à alteração aos regimes específicos de assistência na doença dos seus familiares. “A realidade impõe-se: estamos em guerra. Uma guerra que não utilizando meios militares, nem por isso deixa de ser uma guerra! Porque morre gente, porque é semeada a pobreza e a miséria, porque há refugiados eufemisticamente designados de emigrantes forçados pelos líderes do

seu próprio país a abandoná-lo”, pode lerse ainda no comunicado. O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira a possibilidade de “cônjuges ou unidos de facto dos beneficiários, titulares dos subsistemas ADM [Forças Armadas e GNR] e SAD [PSP]” se inscreverem “nesses mesmos subsistemas, mediante o pagamento de uma contribuição”. O texto da AOFA lamenta que, “para além do desconto de 3,5%”, haja agora “mais um desconto suportado por um estranhíssimo algoritmo (3,5% sobre 79% da remuneração base do militar) que mais não é do que um expediente para extorquir uma fatia mais do já parco rendimento dos militares”. “Mas nada demove os que, tendo sido legitimados para governar o país, não foram certamente eleitos para o destruir e, muito menos, incumprindo compromissos que assumiram e que logo a seguir renegaram”, lê-se ainda, antes de os governantes serem acusados de “afrontar o seu povo, que deviam servir e defender, os militares e as forças armadas”. .

A EDUCAÇÃO DA VIOLÊNCIA

Naufrágio de um ferry sobrelotado no rio Padma

Mais de 41 mortos incluindo 11 crianças

Um ferry sobrelotado naufragou ontem no rio Padma, no centro do Bangladesh, depois de chocar com um navio de carga, provocando a morte de 41 pessoas, incluindo 11 crianças, disseram responsáveis. “Os mergulhadores recuperaram 41 corpos. Os mortos incluem 11 crianças e sete mulheres”, informou o chefe da polícia local Rakibuz Zaman à agência

France Presse. Os responsáveis ignoram o número exato de desaparecidos, mas adiantaram que a operação de busca e salvamento vai continuar durante a noite. Sobreviventes disseram que o ferry MV Mostofa estava sobrelotado, com entre 70 a 150 passageiros a bordo, quando se virou. O chefe da polícia Zaman informou ainda que 50 pessoas “nadaram para terra

ou foram salvas por outras embarcações”. No Bangladesh, os ferries não guardam habitualmente listas de passageiros, tornando difícil determinar o número de desaparecidos após um acidente. Os naufrágios são comuns no Bangladesh, um dos países mais pobres da Ásia, atravessado por mais de 230 rios.

Conflito na Ucrânia continua a fazer vítimas

Explosão em Kharkiv

Três pessoas morreram e 10 outras ficaram feridas na explosão de uma bomba durante uma marcha patriótica em Kharkiv, uma cidade do leste da Ucrânia a cerca de 200 quilómetros da zona de combates com os rebeldes pró-russos. A informação foi dada à agência France Presse pelo porta-voz do procurador regional, Vita Dubovik. Um jornalista da AFP viu dois corpos, a duas dezenas de metros um do outro,

ambos cobertos com a bandeira ucraniana. A polícia investiga um provável “atentado terrorista”, indicou o Ministério do Interior num comunicado divulgado no seu ‘site’. Entre os mortos estão um polícia e um militante pró-europeu, segundo os organizadores da marcha, que assinalava o primeiro aniversário da queda do expresidente ucraniano pró-russo, Viktor Ianukovich. Segundo testemunhas, o atentado ocorreu pouco depois das 11:00

TMG (mesma hora em Lisboa) em frente de uma carinha estacionada nas proximidades do palácio dos desportos. A cidade de Kharkiv foi palco nos últimos meses de uma dezena de explosões suspeitas, várias das quais causaram feridos e foram qualificadas de atentados terroristas. Em Kiev e noutras cidades também se realizam marchas comemorando a queda do Ianukovich e a chegada ao poder de novas autoridades pró-ocidentais.

Num mercado de Potiskum na Nigéria

“Rapariga bomba” matou cinco pessoas

Uma rapariga aparentando sete anos fez-se explodir ontem num mercado na cidade de Potiskum, no nordeste da Nigéria, matando mais cinco pessoas, contaram à agência noticiosa AFP testemunhas do atentado suicida. A explosão aconteceu no mercado de Kasuwar Jagwal, dedicado à venda e reparação de telefones, na capital económica do Estado de Yobe, um dos três mais afetados pelos ataques do grupo terrorista Boko Haram. A criança acionou o cinto de explo-

sivos que levava à cintura, indicaram as testemunhas, segundo as quais a bombista suicida parecia ter cerca de sete anos. “Cinco pessoas morreram ao mesmo tempo que a menina e outras 19 foram hospitalizadas devido aos ferimentos”, afirmou uma das testemunhas, Buba Lawan, que lidera uma milícia local de defesa. O balanço foi confirmado por uma fonte hospitalar que pediu o anonimato. Este é o segundo atentado suicida que visou o mercado Kasuwar Jagwal desde o início do ano, depois de duas rapari-

gas se terem feito explodir no dia 11 de janeiro, matando seis pessoas e ferindo outras 37. Na véspera, um outro atentado semelhante, cometido por uma menina de cerca de dez anos, provocou a morte de 19 pessoas no principal Mercado de Maiduguri, capital do Estado de Borno, vizinho de Yobo. Os atentados foram atribuídos ao Boko Haram, que controla várias localidades no nordeste da Nigéria e tem vindo a multiplicar os seus ataques sangrentos desde 2009.


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