Hermenêutica: A Prioridade do Novo Testamento | Por Tom Hicks

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HermenĂŞutica: A Prioridade do Novo Testamento Tom Hicks


Traduzido do texto em inglês

Hermeneutics: New Testament Priority By Tom Hicks

Via: Founders.org

Tradução por Antonio e Jeniffer de Souza Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Abril de 2018

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissão do Ministério Founders Ministries (Founders.org) e do próprio autor, sob a licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License. Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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Hermenêutica: A Prioridade do Novo Testamento Por Tom Hicks

Um aspecto importante da hermenêutica bíblica (a teoria da interpretação bíblica) é o princípio da “prioridade do Novo Testamento”. No início da Idade Média, Agostinho de Hipona (354-430) expressou a prioridade do Novo Testamento com a frase: “O Novo está no Antigo velado; o Antigo está no Novo revelado”. Agostinho quis dizer que o Antigo Testamento contém tipos e figuras sombrios que só são claramente reveladas no Novo Testamento. Em outras palavras, o Novo Testamento explica o Antigo Testamento. Os Reformadores Protestantes e os Puritanos também olharam para o Novo Testamento para governar sua interpretação do Velho. No início do Confessionalismo Batista Particular, Nehemiah Coxe, concordou com o princípio interpretativo Reformado quando escreveu: “...o melhor intérprete do Antigo Testamento é o Espírito Santo nos falando no Novo”. 1 O princípio interpretativo da prioridade do Novo Testamento é derivado de um exame das próprias Escrituras. Ao ler a Bíblia, percebemos que textos anteriores nunca interpretam explicitamente textos posteriores. Os textos anteriores fornecem o contexto interpretativo para textos posteriores, mas textos anteriores nunca citam textos posteriores e os explicam diretamente. Em vez disso, o que encontramos é que textos posteriores fazem referência explícita a textos anteriores e fornecem explicações sobre eles. Além disso, a parte posterior de qualquer livro sempre deixa clara a parte anterior. Quando você começa a ler um romance, por exemplo, você ainda está conhecendo as personagens, a configuração, o contexto, etc., mas, mais tarde, à medida que a história avança, as coisas que aconteceram no início do livro fazem mais sentido e tomam um novo significado. Mistérios são resolvidos. As conversas anteriores entre personagens ganham novo significado à medida que o romance se desenrola. Partes posteriores da estória têm o principal poder explicativo sobre as partes anteriores. O princípio hermenêutico da prioridade do Novo Testamento simplesmente reconhece esses fatos. Seguindo o exemplo da Bíblia, os intérpretes devem permitir que uma revelação posterior na Bíblia explique a revelação anterior, ao invés de insistir em suas

1

Neemias Coxe e John Owen, Covenant Theology from Adam to Christ [Teologia Pactual de Adão a Cristo], ed. Ronald D. Miller, James M. Renihan e Fransisco Orozco (Palmdale, CA: Reformed Baptist Academic Press, 2005), 36.

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próprias interpretações sem a inspiração da revelação anterior, sem referência às explicações autoritativas da revelação posterior. Uma Resposta à Oposição de John MacArthur à Prioridade do Novo Testamento Sobre e contra a prioridade do Novo Testamento, John MacArthur afirma que fazer “do Novo Testamento a autoridade final sobre o Antigo Testamento nega a perspicuidade do Antigo Testamento como uma revelação perfeita em si mesmo”. 2 Claro, a afirmação de MacArthur é facilmente revertida. Pode-se argumentar que sugerir que o Novo Testamento não é a autoridade final sobre o Antigo Testamento nega a perspicuidade (que significa “clareza”) do Novo Testamento como revelação perfeita em si mesma. Além disso, MacArthur não explica o fato de que o Antigo Testamento ensina que suas próprias profecias podem ser difíceis de entender porque são dadas em enigmas (Números 12:6-8). O Novo Testamento também reconhece que o Antigo Testamento nem sempre é claro. Ele nos diz sobre “mistérios” no Antigo Testamento ainda por serem revelados (Colossenses 1:26). O significado das “sombras” do Antigo Testamento (Hebreus 10:1) e “tipos” (Gálatas 4:24) apenas ficam claros depois que Cristo veio. Os Batistas Históricos entenderam isso. A Confissão de Fé Batista de 1689 1.7 afirma com precisão: “Nem todas as coisas em si mesmas são igualmente claras na Escritura”. Ou seja, nem tudo na Escritura é igualmente claro, contrariando o que diz John MacArthur. Assim, a crítica de MacArthur à prioridade do Novo Testamento não é consistente com o que a Bíblia ensina sobre o caráter “sombrio” do Antigo Testamento.3 Preioridade do Novo Testamento: Dispensacionalismo e Pedobatismo Para ilustrar como esse princípio da prioridade do Novo Testamento afeta a nossa teologia, considere o exemplo de Dispensacionalistas e de Pedobatistas. Tanto Dispensacionalistas como Pedobatistas permitem erroneamente que o Antigo Testamento tenha prioridade sobre o Novo Testamento. Ambos os sistemas de interpretação leem a 2

John MacArthur, “Why Every Self-Respecting Calvinist is a Premillennialist” [“Por que Todo Calvinista Consistente é um Pré-Milenista”, um sermão pregado na Shepherd’s Conference [Conferência de Pastores] em 2007. 3 Para um tratamento extensivo do Dispensacionalismo de John MacArthur, veja Samuel E. Waldron, MacArthur’s Millennial Manifesto: A Friendly Response [Manifesto do Milênio de MacArthur: Uma Resposta Amigável] (Owensboro, KY: Reformed Baptist Academic Press, 2008). Para uma breve crítica da hermenêutica do Dispensacionalismo em geral, veja Kim Riddlebarger, A Case for Amillennialism: Understanding the End Times [Uma argumentação em Favor do Amilenismo: Entendendo o Fim dos Tempos] (Grand Rapids, MI: Baker, 2003), 33-40.

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promessa de uma descendência em Gênesis 17:7 como uma promessa de um grande número de descendentes físicos de Abraão. Em Gênesis 17:7, Deus diz: “E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti”. Os Dispensacionalistas pensam que Gênesis 17:7 estabelece uma promessa eterna para o Israel nacional, e eles interpretam o Novo Testamento, convencidos que Deus tem planos futuros para o Israel nacional. Os Pedobatistas, por outro lado, pensam que a promessa em Gênesis 17:7 é p Pacto da Graça com Abraão e com todos os seus filhos físicos, o que leva ao batismo de bebês no Novo Testamento e às igrejas intencionalmente mistas contendo em sua membresia crentes e incrédulos.4 Se, no entanto, permitimos que o Novo Testamento interprete Gênesis 17:7, então evitaremos o erro cometido pelo Dispensacionalismo e pelo Pedobatismo. Gálatas 3:16 diz: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo”. Note que Gálatas 3:16 nega explicitamente uma descendência plural. A promessa é apenas para um filho e não para muitos. “Não diz: E às descendências” (Gálatas 3:16). Portanto, à luz do ensinamento claro do Novo Testamento, devemos concluir que tanto Dispensacionalistas como Pedobatistas interpretam mal o Antigo Testamento porque não conseguem permitir que o Novo Testamento tenha prioridade de interpretação. Ambos os sistemas concluem que a promessa à semente de Abraão é uma promessa aos descendentes físicos, e não a Cristo. Este erro leva os Pedobatistas a enfatizar excessivamente uma igreja visível propagada por uma geração natural com sua leitura das Escrituras e leva os Dispensacionalistas a enfatizar excessivamente Israel, quando o Novo Testamento claramente nos ensina a enfatizar Cristo. A promessa da “descendência” é uma promessa a Cristo, não aos homens.5 Esta não é uma negação de qualquer aspecto coletivo em relação à descendência; em vez disso, reconhece que a semente é Cristo e que, pela união salvífica com Ele, os eleitos também são descendência nEle (Gálatas 3:7, 14, 29).

4

Para uma excelente crítica do Pedobatismo Reformado, veja Fred A. Malone, The Baptism of Disciples Alone: A Covenantal Argument for Credobaptism Versus Paedobaptism [Batismo de Discípulos Somente: Um Argumento Aliancista para o Credobatismo versus o Pedobatismo] (Cape Coral, FL: Fundadores, 2003, revisado e ampliado, 2007). 5 Para ver este argumento elaborado mais detalhadamente, veja Fred A. Malone, “Biblical Hermeneutics & Covenant Theology” [Hermenêutica Bíblica e Teologia Pactual] in Covenant Theology: A Baptist Distinctive [Teologia Pactual: Um Distintivo Batista], ed. Earl M. Blackburn (Birmingham, AL: Solid Ground Christian Books, 2013), 63-87.

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Assim, todas as promessas feitas a Abraão em Gênesis 17: 7 foram feitas a Cristo e a todos os que estão unidos salvificamente a Ele, judeus e gentios. A promessa é, portanto, centrada em Cristo, não centrada no homem, como os Batistas Históricos sempre ensinaram.

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2 Coríntios 4 1

Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos; Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem, 3 na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está 4 encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória 5 de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo 6 Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, 7 para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. 9 10 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus 11 se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na 12 13 nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, 14 por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará 15 também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de 16 Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o 17 interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação 18 produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se Nossa loja da Amazon não veem são eternas. 2


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