June, 1st, 2014

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1ª Quinzena de Junho de 2014 Ano XXXIV - No. 1179 Modesto, California • $2.00 / $45.00 Anual

S.O.P.A.S.

Reconhecimentos

P.15 a 17

Ruben Bettencourt

P.18

Sugestões • • • • • • • • • • • • •

Junho 6 - Ruben Bettencourt actua em Santa Clara Junho 7 - Jantar do Dia de Portugal Junho 9 - Corrida de Toiros em Stevinson (Modesto) Junho 11 - Simpósio na PFSA San Leandro Junho 14 - Dia de Portugal no Kelley Park, San José Junho 16 - Corrida de Toiros em Stevinson (Turlock) Junho 20 - Corrida de Toiros em Tracy (Stockton) Junho 23 - Corrida de Stevinson Junho 27 - Corrida de Tracy Junho 30 - Corrida de Toiros em Gustine (Patterson) Agosto 29 - SOMBRAS em San José Setembro 5 - SOMBRAS em Artesia Outubro 11 - PALCUS - 2014 Annual Leadership Awards Gala in the Washington, D.C. area.

Duarte Silva Hall of Fame

P.15

O Adeus a John Vasconcelos John Bernard Vasconcellos, Jr. (May 11, 1932 – May 24, 2014) was an American politician from California and member of the Democratic Party. He represented the Silicon Valley as a member of the California State Assembly for 30 years and a California State Senator for 8 years. Vasconcellos came from Portuguese (paternal) and German (maternal) roots. P.5

www.portuguesetribune.com

portuguesetribune@sbcglobal.net


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SEGUNDA PÁGINA

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Visitar a California a tocar Música

EDITORIAL

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razer uma Filarmónica à California num total de 70 pessoas, não só requer um planeamento bem feito, como requer a intervenção de muita gente amiga. E foi isso que aconteceu à Filarmónia Liberdade Lajense que nos visitou recentemente. Como nós somos bons a receber, seria interessante saber como eles nos viram, como eles sentiram a nossa facilidade em movimentar pessoas através de toda a California. Não nos esqueçamos que a California tem uma área quase 5 vezes maior que Portugal Continental. Transportar uma banda desde San Diego até Novato e outras cidades circunvizinhas dá muitas dores de cabeça, para que tudo corra como planeado. E foi isso que aconteceu. Tudo correu bem, e temos a certeza que os nossos amigos do Pico, jamais, repito, jamais, se esquecerão desta sua viagem a este grande Estado desta grande Nação. Estão de parabéns todos aqueles que, liderados por Manuel Eduardo Vieira conseguiram que tudo corresse bem. Quando vimos desfilar pela primeira vez a banda do Pico, reparámos que metade dos elementos eram jovens, alguns muito jovens, e pensámos, que 90 % daquela juventude

nunca iria viver no Pico. Eles saiem da ilha para estudar e depois as fracas possiblidades de emprego na sua propria ilha obrigam-os a mudarem de terra, quer seja nos Açores, Portugal Continental ou outras terras mais longíquas. E é pena isso acontecer. Não há emprego, não há novas ideias de investimento, não há nada de novo. Muitas das nossas ilhas, devido à falta de jovens têm um futuro negro à sua frente. Não gostamos de ser pessimistas mas a realidade obriga-nos a olhar o futturo de muitas ilhas com sérias reservas. Esperamos numa das nossas próximas edições ter um depoimento de um responsável pela Filarmónica Liberdade Lajense, que irá partilhar com todos nós o sentimento de uma visita com sucesso e com amizade.

J

á que falámos do Pico queremos dizer-vos que sempre fomos apologistas desde há 40 anos que a Universidade dos Açores deveria ter o seu campus principal na Ilha do Pico. A Universidade estando em São Miguel não aquece nem arrefece aquela ilha. Se a Universidade estivesse no Pico outro galo can-

taria naquela ilha, sempre chamada a ilha do futuro. Acredito que a maioria dos professores universitários não quereriam trocar a sua vida social em Ponta Delgada pela vida mais calma e de melhor qualidade do Pico. São manias, são velhos costumes, que um dia têm de acabar. Os grandes empreendimentos fazem-se à medida das necessidades dos povos e não à medida das más intenções de meia duzia de pessoas que não querem perder o seu estatuto social. Lembramo-nos muito bem que, quando mudaram a capital do Brasil para uma nova cidade em construção - Brasília -, muitos políticos e outros, não viam com bons olhos a mudança, porque estavam habituados à vida rica e social do Rio de Janeiro e das suas praias. O Presidente Juscelino Kubitschek decidiu a mudança e isso aconteceu e os brasileiros acostumaram-se à nova capital no meio do mato. É o que deveria ter acontecido com a Universidade dos Açores. Quem não quisesse ir para o Pico, que não fosse. Não fariam falta nenhuma. Contratar-se-iam professores de outros lugares ou de outros países e hoje os Açores estariam mais equilibrados em mui-

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tas vertentes. Uma das maiores vitórias da nossa autonomia e do 25 de Abril - A Universidade dos Açores - ficou desde o seu princípio manchada pela hipocrisia humana e pela falta de liderança e de decisão em benefício dos Açores. Morreu John Vasconcelos, ex-Senador Estadual, D-Santa Clara, com raízes açorianas. Homem de grandes consensos, Homem de nunca virar a cara às grandes lutas que este Estado teve no passado. Foram mais de 30 anos a fazer política em Sacramento. Conhecia todos os corredores do poder e era muito respeitado por todos os grupos e partidos. Tivemos a sorte de beber o melhor vinho de Portugal na sua companhia durante alguns anos, sempre que ele passava o dia das Mães no antigo Restaurante Tamar, do Jorge Sousa, em San José. Um Homem simpático e amigo de todos. Paz à sua alma. josé avila

Year XXXIV, Number 1179, Jun 1st, 2014 $45.00


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COMUNIDADE

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A nova Rainha do Festival Cabrilho 2014 é Jocelyn Neves, na foto com seus pais Dina e Manuel Neves. Tem 18 anos, é sénior do Pt. Loma H.School, pratica hoquei e futebol.

Carlos Avalon, recently wowed record crowds with his performance at the Cosmo-

politan Hotel Casino in Las Vegas. Having been invited by the Liberace Foundation to play the renowned performer's world famous crystal encrusted piano, Avalon did not disappoint. In the words of the assistant manager of the exhibit: "He lit up the room".

Michelle Acosta foi recentemente reconhecida pela DWR (Dep. of Water Resources) com um Outstanding Services Accomplishment and Sustained Superior Accomp. Award.


COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

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ictor do Carmo Cruz Pai (18911978) nasceu na Vila da Povoação em S. Miguel dos Açores. Na cidade de Ponta Delgada cedo assumiu a chefia da oficina tipo­g ráfica do seu padrasto Rui Morais, ingressando simulta­neamente na tertúlia literária composta por José Barbosa, Oliveira San Bento, Rebelo de Bettencourt e Evaristo de Sousa. Apaixonado pela leitura, escrevendo com flu­ência e graça, lançou e manteve o jornal humorístico ETCETERA, que deu brado pelos ditos penetrantes e chistosos, e pelo desassombro das atitudes. Nas vésperas do segundo conflito mundial embarcou p’ra Moçambique, onde viveu durante 25 anos. De re­g resso a São Miguel manteve colaboração assídua na imprensa local, num estilo corrente e de inteligente aná­lise de fatos e ambientes, despertando sempre vasto interesse e largo aplauso dos leitores. Já octogenário, Victor Cruz (pai, avô e bisavô) conti­nuou a demonstrar pleno vigor físico e inteletual, desdo­ brando-se na sua conversação rica de recordações, a que os seus dotes de observador perspicaz conferiam maior realce, familiares como lhe eram todos os eventos locais desde os fins do século 19. Não constitui exagero acentuar que Victor Cruz (pai) foi realmente incomparável pela sua personalidade em saber rir e fazer rir como poucos, quer nas tertúlias jorna­ lísticas, quer nos bancos dos café, onde a sua presença era sempre procurada e apreciada. A sua invulgar boa dispo­sição, encarando a existência terrena num prisma de alegre filosofia, ficou autenticada particularmente com as suas populares colunas intituladas POIS ALEVÁ, muitas delas por mim transcritas nas páginas do já extin­to quinzenário “A Luta”, de Bronx, New York, donde com a devida vénia e saudosa estima passo a apresentar o recorte publicado a 10 de janeiro 1973. “Isto de chamar porco a um indivíduo que

Recordando

Victor Cruz Pai

não se lava convenientemente, que anda sujo e desmazelado, ou que é indecente, trapalhão e vigarista, é na realidade uma grande ofensa que se faz a qualquer suíno que se preza. O porco, propriamente dito, é um animal precioso e todas as partes do seu corpo são comestíveis e sabo­rosíssimas, incluíndo as tripas, despejadas e bem lava­ dinhas, evidentemente. Depois, as morcelas, os torres­ mos, o debulho, os chouriços, a linguiça, os chispes (pés de porco) com feijoada, tudo gostosíssimo e muito em particular o divinal molho de fígado, temperado à moda da Bretanha ou da Lomba de João Loução. Ora, e salvo seja a comparação, quem seria capaz (a não ser um antropófago) de comer os intestinos de um dos tais porcos da espécie humana, que em regra têm más tripas, maus fígados e se pelam por comer a tripa forra, passando a vida a grunhir por um tacho maior?! E porque é que os porcos chafurdam na lama? Sim­ples­mente porque não têm água limpa p’ra se banhar, ato que deveras apreciam! Visitei instalações porcinas, onde centenas de animais da raça Large White, mais alvos e limpos que os lençóis de muitas camas e rosados como bébés, continuamente se banhavam em grandes tanques d’água corrente, em especial nas horas mais quentes do dia. E quantos e quantos seres humanos, possuidores de bons quartos de banho, saem de casa sem lavar a cara? Portanto, nada de confundir os porcos da humana espécie com os simpatiquíssimos cevados, que nos for­ne­cem precioso alimento em troca de restos de comida, resíduos vegetais, bebendo sofregamente as águas da louça misturadas com farinhas ou sêmeas, alimentação paupérrima que ele transforma em suculentos lombos, litros de banha e anafados presuntos. Do que não padece dúvida alguma é que, afora as deliciosas porcarias do porco, quantas e quantas outras ingerimos nós, diaria-

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mente, sem analisar da sua prove­ niência, sem querer saber de e como são feitas, desde o pão que o diabo amassou aos croquetes de duvidoso mio­lo, aos recheios, etc., etc., e que fazem as delícias dos maridos, pela simples razão de que são cozinhados fora de casa! Saibam quantos que a maioria das afamadas petis­ queiras e dos manjares famosos que nos regalam o pala­dar são feitos à base de muita porcaria. Desculpem os lei­tores estar a causar-lhes engulhos e a fazê-los perder o apetite, mas o que não mata engorda, como diz o povo. Depois destas insólitas comparações entre o suíno e o homem, tenho de

confessar, embora envergonhado, que presentemente estou a valer muito menos do que um porco de dez arrobas, mesmo porque já sou todo pilancas. Pois Alevá!” Mataste um lindo porquinho, Contou-nos um nosso amigo; Deve ter um bom toucinho, Vamos lá medi-lo contigo. Vá comendo o teu porquinho, Que te custou a criar; Oxalá daqui a um ano, Tenhas outro p’ra matar.

John Vasconcelos He graduated from Bellarmine College Preparatory and Santa Clara University. After graduating magna cum laude and valedictorian of his class from Santa Clara, Vasconcellos spent two years as a lieutenant in the United States Army, serving in West Germany. Upon his return, he reenrolled in SCU, obtaining a law degree in 1959. He joined the law firm of Ruffo & Chadwick; after a year, he joined the staff of Governor Pat Brown for one year before returning to the firm. In 1966, Vasconcellos ran for a seat in the California State Assembly; he took office in 1967. By 1980 he was one of the longest serving members of the Assembly, second only to Speaker Willie Brown. Due to the Assembly's policy of awarding leadership positions based on seniority, he became the chairman of the Assembly Ways and Means Committee, one of the most powerful assignments in the California Legislature.Vasconcellos proposed the State Task Force to Promote Self-Esteem in October 1986.[2] In 1989, Brown appointed Vasconcellos to chair the Select Assembly Committee on Ethics. Vasconcellos held the positions until he was forced out of the Assembly

in 1996 by term limits. He then ran for, and won, a seat in the California State Senate, again representing Silicon Valley. In the State Senate, he chaired the Public Safety, Education, and Economic Development committees. Vasconcellos served two terms in the State Senate, again limited by term limits. In March 2004, Vasconcellos introduced Senate Bill 1606, known as Training Wheels for Citizenship, which would allow people 14 or older to vote. The votes of 14- and 15-year-olds would count as a quarter of a vote, and of 16and 17-year-olds a half.[3] The National Youth Rights Association supported the bill, but Republican legislators criticized it. Bob Stern, president of the Center for Governmental Studies, compared this bill's fractional vote to the policy of the Three-Fifths Compromise, which gave slaves three-fifths representation in the early history of the U.S.[4] Vasconcellos abandoned the bill after it fell one vote short in the final committee.

Vasconcellos retired in 2004.

Excursão ao Reno

Dias 15-16 of June (overnight). For reservations, please call Teresa: 408-295-5134 office or 408-272-7759 cell


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1 de Junho de 2014

Participe nas nossas festas tradicionais. Tudo isso ĂŠ fazer comunidade


COLABORAÇÃO

Rasgos d’Alma

Luciano Cardoso lucianoac@comcast.net

A

febre aí está. E vai subir de dia para dia durante o próximo mês e tal. É o futebol no máximo do seu colorido a levar as multidões ao delírio extremo. Portugal, nisto até dá cartas. Pequenino país de poucos milhões, quando se trata de apoiar a sua seleção num Mundial, agiganta-se em entusiasmo. Parece que somos muitos mais. As bandeirinhas, camisolas, cachecóis e outros símbolos nacionais multiplicam-se em festiva abundância por esse mundo fora. Não há nada que faça vibrar tantos portugueses à uma, onde quer que se encontrem, como a magia do futebol jogado a doer. Embuída em são desportivismo, a festa torna-se linda, sem dúvida. O pior é quando a doença contagiosa da clubite aguda se intromete e o fanatismo desmiolado cede à estupidez, à violência, para não falar na corrupção que envergonha e estraga tudo. É pena essa imagem negra que o desporto (poluído) projeta. Pena porque, em si, disputado e gerido como deve ser, é um jogo verdadeiramente fabuloso, como o testemunham ziliões de adeptos ao redor do planeta. Os melhores jogadores da modalidade, representando as melhores seleções nacionais, estão a caminho do Brasil – um país a arder em paixão futebólica e muito mais. O descontentamento popular, bem patente lá nos protestos de rua, ameaça continuar a dar

que falar. Oxalá corra tudo bem. Nem tudo correu de feição ao Benfica, o maior clube português e também, no decorrer da época agora finda, a melhor equipa nacional. Ganhou, ‘sem espinhas’, os três títulos domésticos em disputa mas, uma vez mais, sem a sorte do jogo, falhou a conquista dum troféu europeu. O desgosto claro de milhões de benfiquistas contrastou de pronto com o regozijo manifesto nos adeptos do segundo maior clube português: o do ANTIbenfiquismo, infelizmente, fundado em penosas dores de cotovelo. É pena tanta azia escusada. Coitados, custa-lhes sempre aceitar a grandeza inegável do emblema encarnado, o único que garante sempre alegrias plenas à nação inteira. Quando ganha, são seis milhões em festa; quando perde, os demais ficam contentes. É um defeito mesquinho essa tacanha mentalidade aziada contra o fascínio imenso das águias no universo futebolístico português. Nem sempre ganham mas voam mais alto, chegam mais longe, apaixonam mais gente e, porque vendem mais jornais ou já exploram o seu próprio canal televisivo, isso faz mal a muito pessoal irritado com tantos milhões de corações vibrando ao rubro por esse mundo fora. É um fenómeno que não se explica – sente-se. Se futebol é paixão cega, o Benfica é loucura pura. Em Portugal, doa a quem doer, nada se lhe compara… em termos de popularidade

Sonhar Alto

e não só. Claro que, se sairmos para o estrangeiro e alargarmos a conversa à dimensão galática do fabuloso Cristiano Ronaldo, a coisa aí já é outra. Porém, ficando-nos pelo nosso lindo jardinzinho à beira mar desfeado por passos de coelho, cavacos da silva, pintos da costa e o resto dessa malta desgastada no poder… só dá mesmo para chorar com tanto

Será mesmo que o cão é o melhor amigo do homem?

O

meu assunto de hoje poderá ser do interesse para muitos dos nossos leitores, assim e assim para outros e menos do que assim e assim ainda para outros, mas julgo que vale a pena perder um pouco do nossso tempo, referindo-me neste meu apontamento, especialmente aos cães. Quando tinha 7 ou 8 anos de idade, ouvi e li algumas vezes, que “quanto mais conheço as pessoas, mais gosto dos animais”. E confundia-me a mente, sem entender convenientemente o porquê do relacionamento do homem com os animais e porque envolver o homem e os animais (?). Com o crescimento e desenvolvimento do meu raciocínio e um melhor e mais profundo entendimento e interpretação dos textos, esta com mais facilidade agora do que naquele tempo, acabei por entender o que dantes era uma confusão para mim. E, infelizmente, já tive oportunidades na minha vida social de confirmar e viver situações que comprovam a veracidade da frase, a que tenho vindo a referir-me. Sem pretender abusar do espaço que me é concedido no jornal, é de toda a conveniência referir a 3 histórias verdadeiras que realçam o valor dos animais (neste caso dos cães), na vida das pessoas, que gostaria de compartilhar convosco. No Estado de Nova Iorque, uma menina de 15 anos foi a tribunal para confirmar e identificar o “monstro humano” que a vio-

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lara, a fim de ser julgado pela justiça. Nervosa e pouco concentrada nas perguntas que o Juiz lhe fizera, com medo de enfrentar o seu agressor, decidiu levar na companhia o seu cão, de raça "pastor alemão" que foi introduzido no espaço reservado à sua deposição, sem o conhecimento do Juiz e infringindo a lei. Quando foi feita a mesma pergunta pelo Juiz, pela 3ª vez sem resposta, “se era aquele o seu agressor”(?), o cão aproximou-se dela deitou a cabeça no seu regaço, e foi o tónico para lhe dar-

desgoverno, desvergonha, desemprego, desânimo, depressão. Desculpem-me mas assim custa a celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Dói ver a velha pátria amargurada, a sua imagem denegrida. Por causa dos políticos maus dirigentes que a enxovalham, a portugalidade sofre a bom sofrer. Se Camões fosse vivo, tapava o outro olho só para não topar a desgraça que

paira para aquém da Taprobana. Quando o povo faz do futebol religião, vê em Ronaldo outro D. Sebastião e o Benfica é quase meia nação de gente doida para ser feliz - está (quase) tudo dito. Só não disse, mas acho que já o sabem. Sou apenas mais um treinador de bancada, cronista das horas vagas, com direito a mandar umas bocas, de quando em vez, ao desbarato. Nisso também ninguém nos passa a perna. Somos dos melhores. Sabemos tudo. Quem não sabia, por exemplo, em fins de maio do ano passado, que Jesus ajoelhado, (… aquele nabo, cepo, anedota, perdeu tudo – “Sua besta!”…) afinal, é mesmo um tipo bestial. Vale quanto ganha. Não é o que se diz agora? Ganhou (quase) tudo. Nada ganhamos, isto é, adiantamos muito pouco em querermos fazer de Jesus um diabo ou de Ronaldo um deus. É tempo perdido. De carne e osso, como nós, fazem o que está ao seu alcance para nos escaldarem as emoções e manterem viva a esperança no sonho que só chega… quando calha. Este ano, calhou a Jesus ser campeão nacional e a Ronaldo campeão europeu. Será que nos vai calhar sermos campeões mundiais? Gostaria tanto de acreditar que sim. Com o melhor do mundo pelo nosso lado, quem nos proíbe de sonhar tão alto?

Uma Vez por Outra

Carlos A. Reis reis0816@yahoo.com

-lhe uma força física e moral para depôr contra o seu violador, que foi de imediato condenado. A partir deste caso, a lei no Estado de Nova Iorque em casos especiais e semelhantes a este, o tribunal aceita a entrada e participação de animais. Na cidade de Tulare, um jovem que possuia também um "pastor alemão" estava condenado a morrer, vítima de doença incurável. Encontrava-se internado no hospital da cidade e o médico (felizmente que há médicos acessíveis e humanos) autorizou a entrada e a permnência do animal no quarto do jovem, até ao momento do seu falecimento. Alguns dias depois na Casa Funerária, quando o cão se apercebeu que o seu dono estava no interior do caixão, apoiou-se nas patas traseiras e colocou as dianteiras no lado do caixão e beijou-lhe as mãos e a face, acabando por se deitar debaixo do caixão. Infelizmente não foi possível ao falecido tomar conhecimento quanto o seu cão o amava. Eu estava presente e posso testemunhar a ocorrência. No Estado de Maine, um casal de idosos, doentes e reformados, tinha um cão (desconheço a raça) que era a sua defesa e

companhia, que fora acometido de uma doença, por descobrir. O referido casal juntou todos os dólares possíveis e despendeu-nos na cura da doença do seu cão, esquecendo-se da sua doença pessoal e individual e dos medicamentos que deviam ser tomados, para se manter com vida. Denunciada esta situação por alguém que a conhecia, a Associação da Proteção aos Animais da sua residência enviou um dos seus veterinários para assistir o animal, enquanto fosse vivo e sem qualquer despesa para o casal, dado que o cão era uma parte integrante da família. Como companhia e para alegrar a nossa casa, minha mulher e eu, decidimos aceitar uma oferta valiosa (obrigado Fernanda) de um cão pequeno, de 5 meses, de nome “Slider” (ideia do meu neto), que é todo um enlevo para nós e do qual já não podemos prescindir. É bom que meditemos nas 3 histórias contadas e avaliemos porque motivo devemos respeitar os animais, sem reservas. Até breve !


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COLABORAÇÃO

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Água Viva

Ao Cabo e ao Resto

filomenarocha@sbcglobal.net

victor.dores@sapo.pt

Filomena Rocha

Victor Rui Dores

A Minha Décima

Ilha esta, onde vivo, faz hoje muitos anos... Está cheia de Espírito Santo!

V

ão dizer-me que estou a exagerar, já sei! Dirão também que estou a fantasiar, a romantizar um acontecimento que é muito nosso, mas não desta forma como se faz, como se celebra, como se passeia pelas longas “ruas”; melhor chamar-lhes caminhos sem fim, auto-estradas que levam ao fim do mundo, as nossas Tradições que nenhuma outra Raça étnica até hoje percorreu desta forma, teimosamente, orgulhosamente, de capa e espada, na defesa do que acredita, do que a viu nascer e ser criado, tanto nas festas de Espírito Santo, como nas Danças de Carnaval, nas procissões dos Santos maiores da sua Devoção, nas touradas da sua alegria incontida com foguete de júbilo. Não só pelos longos caminhos da Califórnia, mas pelas ruas mais aconchegadas da Costa Leste; pelas ruas de diversas cidades no Canadá... Brasil!!! – Não podemos esquecer esse grande País que orgulhosamente fala o nosso idioma e onde em todas as esquinas dos bairros, onde esteja um par de Açorianos, se vive e revive os nossos antepassados! Não só o das Descobertas com corajosos navegadores, mas o dos que povoando ilhas e grandes ou pequenos países, implantaram usos e costumes. Quantos anos? Centenas! Quantas Irmandades de Espírito Santo estão cumprindo mais de um século neste País Americano? Nesta California... ? - Fundadas do nada, que não fosse a grande vontade, a grande Fé, o grande Amor a Deus, parecendo muitas vezes que não... Mas sim, penso que sim, que apesar de sermos muitas vezes exigentes uns com os outros, um pouco rudes e intolerantes uns com os outros, no fundo do nosso ego, do nosso coração, temos sempre um espaço ternurento, uma medida de apreciação, de agradecimento, através da Promessa feita

ao Divino. Há quem interprete isso como um negócio, e Deus não se vende nem se troca... Deus é entrega! Mas nós, como figuras infinitamente pequenas e inseguras, necessitamos de nos sentir mais próximos. É como se estivéssemos mais a geito com o Deus que nos prometeu o Céu como Terra da Felicidade. Prometemos muitas velas ao Divino, e somos nós que precisamos delas a iluminar a nossa vida, nem sempre recta e coerente! Mas também creio que é a Saudade que tem movido vontades, transpondo montanhas ao longo dos séculos, no anseio de ver cumpridos os desejos do regresso à terra de origem, muitas vezes feito apenas por filhos e netos.

P

ensando bem, mais do que justo, pois foram pais, avós e bisavós que construíram as Irmandades que tanto nos orgulham hoje... Este mês de Junho, último fim-de-semana, será a afirmação de uma Comunidade Centenária que reviverá desde o salão de festas da I.E.S. as tradições regionais, em memorável cortejo, à Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas, ponto alto de encontro com o Divino Espírito Santo, a religiosidade em usos e costumes do nosso Povo. Num trabalho exaustivo de pesquisa, oxalá aprendamos com o passado, muito mais do que aprendemos até aqui. Cem anos de história passearão rua-acima, rua-abaixo em Alum Rock, mostrando a quem por-bem vier, o começo de muitos sonhos, feito de pequenas realidades, com persistência, muito trabalho e muita Fé!

S

"SAUDADE"

audade é uma canção triste, dolente, dorida e magoada. A nostalgia toma forma poética:

“A saudade é um luto Uma dor, uma aflição É um cortinado roxo Que me cobre o coração”.

Cantada em todo o arquipélago açoriano, a linha melódica da “Saudade” varia de ilha para ilha, mas subordinada sempre à mesma raiz temática. É uma cantiga que sempre me impressionou pela maneira como insiste na dominante sem chegar à tónica. De resto, a saudade tem sido, ao longo dos tempos, um modo português de estar no mundo – e é bem o símbolo da nossa tristeza em ré menor. Saudade e lonjura são dois conceitos que são particularmente caros aos açorianos. É de admitir que a ausência da terra-mãe dos primeiros povoadores destas

ilhas lhes tivesse criado um estado nostálgico bastante acentuado, e dele ter nascido, como reflexo natural, a canção “Saudade”. A saudade do vivido e do sentido. A saudade dos que partiram. A saudade dos que ficaram. A saudade que está configurada nos dois corações da nossa viola da terra (ou viola de arame com 15 cordas na Terceira e doze nas restantes ilhas) – o coração de quem fica, o coração de quem parte. E, é sabido, o açoriano é um povo de muitas partidas e poucos regressos. Este saudosismo tem origem em Bernardim Ribeiro, Camões, Garrett, mas é com Teixeira de Pascoaes que ele se transforma em movimento literário. Poetas como Correia de Oliveira, Afonso Lopes Vieira e António Sardinha encaram a saudade portuguesa como um foco de vida espiritual, centro e estímulo de energias raciais com possibilidade de fazer renascer vigoro-

samente a nação. Esta corrente nacionalista estendeu-se à música, tendo como seu expoente máximo o compositor Ruy Coelho, autor das famosas “Sinfonias Camonianas”, num tempo em que se quis fazer da Camões um Super-Camões, um Super-Homem, no sentido nietschiano. Mas nada disto tem a ver com a “Saudade” açoriana, canção intemporal, cantada com tristeza e dignidade – nunca a ouvi cantada de forma piegas ou lamechas. É um cantado sentimento que nada tem a ver com a saudadezinha do fado nacional. E deixo-vos com esta curiosidade linguística: quem, nos Açores, canta a “Saudade” faz a acentuação do u, mantendo assim a estrutura arcaica da palavra.

Eleições em Portugal - um desastre total Açores com 80.26% de abstenção e Continente com 65.33 % mais 7,49% de nulos ou brancos Resultados nos Açores: PS - 41.3 %, PSD/CDS - 29.62 %, MPT - 5.16% , BE - 3.68%, PCP - 3,87 %, PDA - 1.38 % Abstenção - 80,26 % (182,099 pessoas). Votantes: 19.74 % (44.786 pessoas).

Continente: PS - 31.5%, PSD/CDS - 27.7%, PCP - 12.7%, MPT - 7.2 % , BE - 4.6 %. PS - 8 deputados, PSD/CDS 7, PCP 3, MPT 2, BE 1. A abtenção foi de 65.33 % (6,300,000 de pessoas) A consequência lógica deste resultado seria a demissão imediata do Secretário Geral do Partido

Socialista, pedido de um congresso urgente e eleição de António Costa, actual Presidente da Câmara de Lisboa. Antonio José Seguro demonstrou mais uma vez que lhe falta carisma, convicção, liderança e se continuar, vai, de vitória (parca) em vitoria até á derrota total em 2015. A surpresa vem do MPT que elegeu dois deputatdos europeus e também de salientar o resultado do PCP. O Bloco de Esquerda eclipsou-se e o seu fim está próximo. Foi um partido que poderia ter sido de charneira, mas as inconsequências dos seus líderes em votar contra tudo e todos afugentou o eleitorado. Muitas freguesias recusaram-se a votar por protesto contra o governo em ter fechado tribunais e repartições de finanças. Foi um dia negro para a democracia.

Próximas edições: Festa da Bola 562 Festas de Crows Landing, Buhach, Newman Tracy Stockton Patterson Amigos Terceira


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Pedido de Ajuda Exmos. Sres. Portuguese Tribune Veio por este meio solicitar a difusão deste apelo junto dos leitores da Portuguese Tribune que pudessem guardar cartas de e para emigrantes que possam contribuir a um estudo histórico, que se explica em baixo. Pela importância dos EUA na história da emigração portuguesa, e a rica história das comunidades de Califórnia, tenho muito interesse em incluir histórias desses migrantes e suas famílias neste projecto académico. Caso seja possível difundir o apelo, fico muito agradecido. Para mais informação, é favor ver o apelo em baixo e também o artigo que foi publicado no jornal O Público sobre o projecto: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/ cartas-postais-fotos-e-diarios-vao-ajudar-a-contar-a-historia-da-emigracao-portuguesa-1623447#/0 http://www.publico.pt/sociedade/noticia/ cartas-de-chamada-um-investigador-argentino-com-raizes-na-guarda-1623448 Com os melhores cumprimentos, Marcelo Borges Professor of History, Dickinson College, Carlisle, PA, USA Netherlands Institute for Advanced Studies, 2013-14

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APELO Se guarda em sua casa cartas particulares escritas por pessoas que emigraram ou dirigidas a emigrantes portugueses e deseja que elas contribuam para o conhecimento das múltiplas experiências da emigração na dimensão quotidiana e familiar, por favor, contacte-nos. As cartas contribuirão para um projecto de história social da emigração portuguesa do séc. XIX e até os anos 60 do séc. XX através da correspondência privada e serão estudadas nas perspectivas histórica e linguística. Temos interesse em arquivos pessoais de famílias com emigrantes para todos os destinos, quer nas Américas, quer na Europa. Estamos, de igual modo, interessados em outras formas de contactos estabelecidos por emigrantes e suas famílias, tais como cartões postais e fotografias. A correspondência será digitilizada e a confidencialidade dos dados pessoais será preservada. Contacto por correio eletrónico cartas@dickinson.edu ou Projecto Cartas (Borges) / Department of History / Dickinson College / Carlisle, PA 17013 / EUA.

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PFSA FRATERNAL COUNCIL 5/36 Formerly COUNCIL HAYWARD NO. 14 I.D.E.S. 116th Anniversary June 9th thru 15th, 2014 1105 "C" Street Hayward, Ca. 94541 510-581-8518 June 9 - 13, 2014 Rosary: At the Hall Chapel, 7:30 P.M. Saturday, June 14, 2014 at 5:45 P.M., a procession will form in front of the Hall and proceed to All Saint's Church. There, the exchange of the crowns will take place. From 8:00 P.M. to Midnight, music and dancing with "Nova Edição", with a short break for the Presentation of the Queens at 9:00 P.M. Sunday, June 15, 2014, the parade will form at 11:30 A.M. in front of the Hall and proceed to All President Manuel e Maria Costa Saint's Church where Mass will be celebrated at 12:30 P.M. Following the Mass, the parade will return to the Hall for "Sopas and Carne". An auction will take place in the afternoon. Thereafter, we will have music and dancing with “Nova Edição".

JULIA-MARIE EBERLY Little Queen 2014-2015

ISABELLA HERNANDEZ ANGELINA FERREIRA

Senior Queen 2014-2015

Queen Saint Isabel 2014-2015

Side Maids

Leah Eberly & Allison Corvi

Side Maids

Morgan Folan & Lauren Soares


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COLABORAÇÃO

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges

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d.borges@comcast.net

stamos a entrar no verão de 2014 e já começaram, um pouco por todo o estado da Califórnia as festas populares das nossas comunidades. São, como se sabe, acontecimentos coloridos, que envolvem as tradições açorianas do Espirito Santo e as portuguesas dos santos populares. Ouve-se música, comemos sopas, vamos à igreja, desfilamos nas ruas do mundo americano e preservamos as tradições dos festejos populares açorianos com alguns (e ainda bem) salpicos de americanismo. Terminadas as festas, arrumamos os tachos das sopas, limpamos os salões e, particularmente, para as direções, lá vão uns dias de merecido descanso. Este ritual repete-se de ano para ano. E ainda bem! Porém, há que registar estas festas, e os outros acontecimentos das nossas vivências luso-americanas. E há que conhecer e refletir a história da de todos os acontecimentos que nos fazem comunidade, o popular e o menos popular, o que se faz na rua e nos bastidores, o que se criou à margem e o que se criou dentro do mundo americano. Há semanas atrás, no congresso da Luso-America Education Foundation, realizado em Berkeley, houve, como já aqui referenciei, um painel dedicado ao grupo YPA (Young Portuguese-Americans). Ao longo desse painel, como também já aqui o refleti, o jovem Jason Amarante, falou sobre o trabalho do grupo, na sua primeira reunião e disse algo que achei, crucial e que parafraseio: há que olharmos para o futuro, mas com o alicerce no passado. Há que trabalharmos para salvaguardarmos o que os nossos pais e avós construíram. Boca Santa, como diria a minha avó paterna,

que pelo menos para mim, era, é e será sempre Santa. Tenho refletido, muito mesmo, as nossas comunidades. Para o bem e para o mal, sou um produto das nossas comunidades. Vim para os Estados Unidos com 10 anos, e foi nas comunidades da Califórnia, mais concretamente na da zona de Tulare que vivi a minha juventude e tenho trabalhado, vivido, sonhado, aprendido, rido e chorado. Trabalho com as comunidades há quase 40 anos. Tinha 18 anos quando comecei na rádio. Por isso a questão das nossas comunidades é pessoal. Faz parte de quem sou. Nunca, na minha vida de adulto, vivi à margem das comunidades, nunca apareci nelas só por conveniência. Ás vezes querendo distanciar-me, para meu bem, não consigo. Daí a minha reflexão quase diária sobre as comunidades, mesmo quando estou geograficamente distante. Confio, veementemente, na capacidade dos nossos jovens, os que estão no seio comunitário e veem que há uma transmutação em processo e os que fora dela a vivem à sua maneira. Daí apoiar, incondicionalmente, a criação de um grupo de jovens (YPA) que reflita a comunidade de hoje e possa passar o nosso legado cultural ao dia de amanhã. Mas tenho que admitir, com toda a sinceridade, que só acredito, com toda essa veemência, quando vejo que são jovens, como verifiquei no Jason Amarante, que têm os pés alicerçados no que se fez no passado e que respeitam as bases construídas, com suor e algumas lágrimas, pelos seus pais e avós, ou seja respeitam o que lhes antecedeu e são conhecedores da realidade do mundo americano. Isso não só fica bem e é bonito, mas é ser-se intelectualmente coerente

1 de Junho de 2014

Do Passado ao Futuro:

O sentido histórico nas comunidades da Califórnia e faz parte das regras essenciais de homens e mulheres cultos/as. Sou um (para usar um termo da modernidade capitalista mundial) consumidor de tudo o que é comunidade. Vou a muitos acontecimentos da mesma, ao meu redor e quando posso mais longe; ouço rádios comunitárias; leio os jornais da comunidade, o Tribuna e os da costa leste; leio o que a imprensa em Portugal diz sobre as comunidades; leio os nossos romancistas e poetas emigrantes e luso-descendentes e tento acompanhar a vida comunitária na sua plenitude. Daí a minha preocupação com a falta de sentido histórico que se vê em alguns sectores da nossa comunidade. Acho, vital, que se compreenda o passado das nossas instituições, das nossas coletividades comunitárias, não para repetir, sem imaginação, o que já foi feito e que agora não resulta, ou tem resultados muito diferentes porque foi criado para um tempo e um espaço na vida comunitária. É que muitas vezes estamos a ser antropológicos com a contemporaneidade comunitária. Só a falta de sentido histórico (sem o mesmo ser um peso, entenda-se) é que nos leva a ver, ouvir, ler e sentir alguns despautérios que andam por aí. Quando em Dezembro de 1976 comecei um programa de rádio em língua portuguesa aqui no centro da Califórnia, com toda a rebeldia (e a ingenuidade) dos 18 anos de idade, já então estava consciente que só o podia fazer porque tinha por detrás a audácia e a capacidade dos pioneiros que me tinham antecedido e com os quais ainda iria aprender muito. Os pioneiros nesta zona como Joaquim e Amélia Morisson, Inácio e Margarida dos Santos, Ana Calado, Joaquim

O Universo é uma experiência em trânsito... 1 – “Dá-me a noite rebate ao pensamento” (A. Quental)

N

as comunidades pensantes nem sempre há espaço ideológico para o eterno descanso das exactidões. A humanidade continua a coexistir com as “aproximações” que lhe são facultadas, preferindo ser empurrada contra o arame farpado das probabilidades tangenciais à verdade. Ora como a verdade amedronta os incautos, foi preciso inventar a ‘palavra’ para mascarar as confissões intempestivas do pensamento. Daí que as gerações ditas modernas nem sempre resistem ao hábito de iniciar as suas narrativas com a seguinte precaução: ... era uma vez a ‘palavra de honra’! O mundo não tem sido um exemplo de paz, talvez porque o universo é uma experiência em trânsito; os indivíduos são meros pingos no infinito. Imagino que a humanidade vai ‘descobrindo’ o seu percurso à maneira que avança. Se o mundo fosse criado perfeito não haveria sentido em optar pelo ‘itinerário’ da relatividade, porque estaria tudo muito bem-feitinho à nossa espera... Entretanto, a palavra ‘democra-

cia’ continua a ser esfrangalhada pela algazarra dos feirantes da opinião. Quase nos apetece esticar a conversa até ao pensamento do filósofo cristão, Francis Schaeffer, que gostava de dizer que ‘a democracia é a ditadura dos 51 por cento’... Os chamados fundadores dos E.U.A. (há 238 anos) temiam que a ‘virgem democracia’ fosse canonizada pela escravatura, depois de Jefferson ter fechado o famoso negócio da ‘Louisiana Purchase’. Em finais do século XVIII, por uma questão de pragmatismo pós-colonial, os inventores dos Estados Unidos d’América apostaram no tipo de ‘república constitucional’. (Ora, vejamos o Artigo IV, Secção 4, da Constituição norte-americana: há ali uma posição clara que recomenda “cada Estado manterá a forma republicana de governo”). 2 – Viva a diversidade: nada de confundir igualdade com uniformidade... “Igualdade” é outra palavra mágica muito em voga no léxico do sermão político alusivo ao constitucionalismo norte-americano. O perigo está na pressa de confundir (ou misturar) “igualdade com uniformidade”. O próprio

conceito de santidade tem sido equiparado ao ‘primeiro-prémio’ da lotaria da bondade! Sinto-me cada vez mais convencido de que o prémio da ‘igualdade’ e a lotaria da ‘santidade’ são crendices de recurso para suavizar a precaridade existencial da natureza humana. Todavia, aceito que ambas noções possam funcionar como percursos alternativos para enfrentar o tenebroso ‘encontro’ com a Verdade... Ora, face à circunstância de me encontrar ainda vivo (embora cada vez mais perto da ponta final da existência humana) talvez não seja arrogante dizer que a morte é porventura um instrumento indispensável ao serviço da democracia radical. Ou seja, nada melhor do que a morte para vazar a confusão das diferenças individuais no oceano universal da igualdade. Entretanto, há cerca de 12 anos, arrisquei manifestar publicamente o seguinte desejo: “... caminhar o resto da existência com um cravo vermelho no cano da palavra.” 3 – Que bom ser aprendiz da Vida a caravelar no oceano da sabedoria... Desde o início da década de 1960

Correia Sr., entre outros. Porém, o meu sentido de história, e o meu respeito estes e outros pioneiros, não foi uma barreira, pelo contrário, foi com esse sentido de história e essa admiração e simpatia que tentei, com outros, modernizar a rádio, fazer mais e melhor sem desrespeitar, nunca mesmo, o trabalho, a coragem e a capacidade de quem me precedeu e traçou os primeiros caminhos. A melhor homenagem que podemos fazer a cada pessoa que tenha trabalhado nas nossas coletividades comunitárias não é repetir o que fizeram, no seu tempo e para a sua época. Repetir o que já não faz sentido não é homenagear. Partir do legado que nos deixaram e com ele construir as instituições e as comunidades do futuro, isso sim, é homenagear. Mais, não tenhamos preocupações ou pretensiosismos de sermos os primeiros a fazer esta ou aquela atividade, este ou aquele evento, ou os únicos e os maiores. Sempre tive problemas com o conceito de se fazer o maior bodo de leite, o maior desfile, a maior tourada, a melhor dança de carnaval, a maior exposição, o maior congresso, a maior festa. Será que isso significa qualidade? Será que significa construção de alicerce para o futuro? Será que significa passagem do legado cultural? Ao entrarmos num nova fase da nossa comunidade, com jovens adultos interessados nas nossas atividades culturais, é importante que se tenha a realidade histórica bem presente. Que se tenha a humildade de reconhecer o que foi feito e o que ficou por fazer. Que se tenha o sentido histórico da nossa cultura portuguesa em terras da Califórnia, do que foi feito e do peso desse legado cultural nas comunidades

de hoje. E que se vejam as comunidades de hoje além dos trâmites tradicionais do passado. Penso ser de suma importância que se saiba que se hoje temos um legado cultural a transmitir às futuras gerações, só o temos porque alguém, algures, plantou a semente e com os prós e contras de qualquer sementeira, com todos os triunfos e os dissabores, soube-se realizar e transformar. Mais, a humildade e o sentido de história que precisamos ter para crescermos como comunidade e passarmos o legado cultural exige, no presente, como exigiu, e. infelizmente, nem sempre aconteceu no passado, que a nossa presença numa instituição, seja ela qual for, é sempre efémera, em comparação com a vida da instituição. Daí que o mais importante não é o eu, mas sim, o nós. Há 38 anos quando comecei o programa de rádio "Voz do Emigrante Português" estava consciente que era apenas um rapaz que tinha sonhos (alguns meios-malucos), mas que só os podia concretizar, porque alguém, antes de mim tinha cavado o terreno, tinha plantado, tinha regado para que eu não só pudesse colhe, mas mais importante, criar novas colheitas. E tenho levado, praticamente toda a minha vida, e fá-lo-ei sempre que possa, a enaltecer esses homens e mulheres, construtores da nossa comunidade, que permitiram os meus sonhos. É urgente que se olhe ao estado da comunidade, que se parta para o futuro conscientes do passado se tenha um sentido histórico da nossa comunidade.

Memorandum João-Luís de Medeiros jlmedeiros@aol.com (sobretudo, a partir de Abril, 1974) tive a boa-sorte de usufruir da proximidade com mestres valiosos que me ensinaram a táctica de comparar ideias e a arte de compreender noções básicas da ciência politica. Felizmente, a minha ignorância (involuntária) nunca foi factor escondido na algibeira da vaidade. No tempo em que assentei praça na bancada do PS, na Assembleia da República, fui depressa aceite como caloiro faminto do saber: Mário Cal-Brandão, Igrejas Caeiro, António Guterres, Medeiros Ferreira, Teófilo Carvalho dos Santos (para mencionar apenas o grupo que se sentava na mesma área parlamentar) todos tiveram pontual conhecimento do nível secundário da minha preparação escolar. Ainda hoje ( apesar da distância temporal de 36 anos) parece que ainda sinto alguns calafrios de memória ao recordar a voz presidencial do inesquecível camarada, Vasco da Gama Fernandes: “– para que deseja V... usar da palavra?” Conclusão: há pouco dizia que “o Universo é uma experiência em trânsito”. Vejamos, naquele tempo – 1974-80, os mais jovens socialistas açorianos eram con-

siderados “peixinhos vermelhos a nadar em água benta”. Depois houve a chegada do conhecido slogan “Autonomia na Constituição”, logo seguido do conhecido projecto “Europa Connosco”... Entretanto, seja-me permitida referir uma recordação singela: em 1980, desembarquei em Boston com a voz ainda rouca de tanto gritar ‘25 de Abril, sempre! Todavia, desde a alvorada do século XXI, resolvi manter o “jejum do silêncio”. A tarefa de celebrar o “25 de Abril” (via internet) fica a cargo daqueles herdeiros que o ‘viveram’ via telefónica (ou dele tiveram notícias via compêndios académicos). .../... nos Açores, a alegria abrilista teve vida curta: por volta do ano 2.000, os micaelenses começaram a importar salsa, e a ilha de Santa Maria chegou a receber alfaces, via aérea... Eis algumas metafóricas referências aos sintomas musicados pelo refrão hedonista do tempo que passa: “quem trabalha muito não tem tempo para ganhar dinheiro”... (*) o autor não aderiu ao recente acordo ortográfico.


COLABORAÇÃO

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Temas de Agropecuária

Egídio Almeida eialmeida@yahoo.com

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A água ajudou a conquistar o Oeste

om água, plantaram-se imensas campinas de arvoredo, vinhas, construiram-se cidades e terra seca e árida, transformou-se em cestos de pão, que aumentou considerávelmente a produção alimentar, prencheu uma lacuna na alimentação universal, e ao mesmo tempo fez fortunas para gerações de agricultores. Com água em abundância e a preços acessiveis. Nos anos mais recentes no-

cujos efeitos podem vir a ser devastadores para os consumidores deste precioso líquido, muito mais do que agricultores e consumidores podem imaginar. Este veio em forma de leilão, por um pequeno Distrito de irrigação que armazenou um excesso de 12.000 “acre-feet” de água. Ofertas foram convidadas por uma parte ou o total dessa água, foram submetidas 50 por um total de 65.000 “acre-feet”. Uma procura

te paga cerca de $200.00 por “acre-feet” de água vinda do “State Water Project” o que é aproximadamente 16.3 galões por 1 cêntimo. Alguns Estados têm preços mais baixos. De acordo com a estimativa da U.S. Geological, cada pessoa nos Estados Unidos usa por dia 100 galões de água (incluindo jardinagem) e cada residência usa aproximadamente 260 galões. A água usada na produção de leite varia considerávelmente,

táveis secas por todo o País, especialmente no Oeste, e a dura realidade vem recordar-nos que a água foi, é, e sempre será uma preciosa dádiva da mãe natureza, indispensável para a vida principalmente nas terras áridas do Oeste, onde mais “batalhas” tem havido pela água de que própriamente pelo ouro. Mas no mês passado em Bakersfield, Califirnia, algo inédito se passou que foi considerado um pequeno tremor, na agricultura, que aliás se tem previsto por muitos anos, e

excessivamente maior que a oferta, os preços que foram oferecidos chocaram, e devem ser, um aviso atravéz da Nação. A maior parte da água usada pelo maior Estado produtor dos Estados Unidos, California, vem do seu “State Water Project”. Mas é importante ter na ideia de que 70 % da água atualmente vai para 25 milhões de residências urbanas. Eis aqui alguns outros numeros chave importantes para termos em atenção: A agricultura presentemen-

entre 100 e 250 galões por vaca por dia, dependendo do clima local, condições atmosféricas métodos intensivos para o uso da água, tais como lavagens, vaporisadoras, sistemas de arrefecimento etc..etc.. Uma vaca Holstein bebe, aproximadamente 40 galões por dia. De acordo com um artigo da “CNN.Money”, de 2012, a média da factura da água nos Estados Unidos é de $28.00 por mês, por família, o que se traduz em aproximadamente 2.2 galões por 1 cêntimo de custo. Se olharmos às maquinas ven-

dedoras de água fora dos establecimentos comerciais, aí tipicamente vai custar 37 cêntimos por galão. Agora recuemos para o leilão da água em Bakersfield, que nos parece ser o caminho do futuro a longo prazo, salvo algumas excepções, ou seja anos extra - chuvosos. A oferta mais baixa foi de $600.00 por “acre-foot”, ou três vezes o preço corrente da água no “State Water Project”. 17 ofertas foram pelo menos em media $1000.00 e a mais alta foi $1,350.00 que equivale a 1 cêntimo de custo por cada 2.4 galões de água. Isto é aproximadamente o que pagam os consumido-

res domésticos nas suas residências, mas ainda muito aquém do custo nas máquinas vendedoras. Quem ganhará no leilao da agua? Podemos prever as implicações de leiloar a água? Especialmente neste Estado em que tantos seguem, por exemplo, e afirmam que a água é barata e eles podem pagar mais. Principalmente as grandes cidades do Sul do Oeste. Esta é uma mensagem errada para enviar áqueles que tem água para venda, especialmente quando o sistema político não reconhece que a produção alimentar é uma prioridade nacional. Todos os dias os agricultores vi-

vem com a realidade de que sem água os alimentos não se produzem e as populações não se podem alimentar, ao mesmo tempo reconhecem o que acontece na economia do mercado livre, quem paga o preço mais alto e que ganha a “batalha”. Os consumidores americanos estao habituados a pagar preços mais altos pela água de que os agricultores, mas há que reconhecer que há 55 consumidores para cada 1 agricultor. Há no entanto que ter em atenção que a água da agricultura regressa ás nossas refeições diarias em forma de vegetais, carne, leite e ovos.


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1 de Junho de 2014

Participe nestas bonitas Festas do Calendรกrio Religioso da nossa Comunidade


Do Brasil...

Lélia Nunes

lelia_pereiranunes@hotmail.com

Paisagem da Cultura do Vinho é Património

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o outro lado do Atlântico, latitude 38, está a Ilha do Pico, a segunda maior Ilha do arquipélago dos Açores e quase do tamanho da nossa Ilha de Santa Catarina. Pico é a montanha que dá nome à Ilha e domina absoluta tudo em seu redor. Força telúrica! Ergue-se majestosa, no Atlântico Norte, cheia de segredos, mistérios e sensualidade na sua forma que parece um mamilo imenso, rodeado por uma auréola de nuvens que se movimenta num suave bailar. A visão da luminosidade rósea das nuvens abraçando a montanha no entardecer é um espetáculo indescritível. Nesta Ilha “morena” ou “negra” de solo vulcânico é deslumbrante a paisagem da cultura da vinha desenvolvida na sua parte ocidental e classificada pela UNESCO no dia 2 de Julho de 2004 como Patrimônio da Humanidade. Os muros geométricos dos “currais” de lava construídos em volta das vinhas para proteger dos ventos e preparar o plantio da videira cobrem uma área de 154,4 ha como uma manta quadriculada e muito lembram o serpentear das taipas na Serra Catarinense. Sim, “da pedra de fez vinho!” Lá e cá o vinho é uma questão de sobrevivência e sempre será uma paixão nesta relação ímpar do homem e a natureza. Não é sem razão, que os municípios da Ilha do Pico são geminados a São Joaquim. Quando os açorianos picarotos celebram os dez anos da extraordinária e belíssima Paisagem da Cultura da Vinha como Patrimônio da Humanidade nós, catarinenses, festejamos a excelente qualidade dos vinhos finos de altitude, reconhecidos nacionalmente, que a cada safra e a cada geração solidifica uma história de lutas, de desafio do homem no amainar o solo, plantar os bacelos, enxertar, corrigir falhas, assistir

brotar os verdes rebentos, podar as parreiras, acompanhar a maturação e colher a uva no momento ideal. Depois, o vinho faz-se na vinha diz o dito popular. Por tudo aqui dito, não reluto em afirmar que, em Santa Catarina, a Paisagem da Cultura da Vinha é Patrimônio dos catarinenses e a sua história revela essa longa caminhada na conquista de seu espaço sócio-econômico, já que, no âmbito sócio-cultural, existe um conjunto de manifestações de cultura popular associadas à época das vindimas e identificadas na gastronomia, nas músicas e danças, nos usos e costumes do cotidiano que refletem a riqueza do patrimônio cultural de natureza imaterial. Não poderia deixar de citar três nomes que fazem parte da história da vitivinicultura catarinense e cada um, no seu tempo, foram empreendedores na cultura da vinha, na produção do vinho e na sua comercialização. Da memória cultural destaco, do passado, Josaphat Lenzi, imigrante italiano trentino, que nos primórdios do século XX, na cidade de Lages, dedicou-se à produção de vinhos de excelente qualidade como o “Chianti Lenzi”, cuja fama ultrapassou fronteiras. Do presente, o Desembargador e escritor, Edson Nelson Ubaldo, que, em 1981, a partir de Campos Novos, foi pioneiro na produção de vinhos finos de altitude, com viníferas européias, sendo agraciado com a Medalha Anita Garibaldi, outorgada pelo Estado de Santa Catarina. Inegável, também, a grande contribuição do empresário criciumense Manuel Dilor Freitas, fundador da Vinícola Villa Franccioni em São Joaquim, que acreditou e apostou num grande sonho – o desenvolvimento da vitivinicultura na Serra Catarinense. Numa grande cumplicidade e amor à terra serrana esses pioneiros, fizeram nascer do solo basáltico o néctar da vida – o vinho.

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Santificado sem milagres Enfim, mais um santo brasileiro – o terceiro: São José de Anchieta! Mesmo sem a comprovação tradicional dos milagres exigidos para tal, pela dificuldade do tempo que passou, o Papa Francisco, depois de ouvir um relatório sobre a sua vida e sua obra, assinou o decreto de canonização do Padre José de Anchieta. Desse modo encerra-se o longo processo iniciado logo após a morte do Jesuíta, em 1597. Agora, poetas, professores, escritores, dramaturgos, etc., se acreditam em milagres, já têm um santo para suas “causas”, porque de acordo com as biografias sobre o Padre Anchieta, ele, também filólogo, exercia todas essas profissões, além do sacerdócio, na catequese dos índios. Temos poucos Santos se levarmos em conta a importância e a influência que teve a Igreja Católica desde o descobrimento e colonização do Brasil: o primeiro ato que oficializou a descoberta das novas terras foi a celebração de uma missa, por Frei Henrique de Coimbra. Difícil imaginar o crescimento do nosso país durante sua colonização, sem a ajuda dos missionários católicos. A maioria das cidades brasileiras foi construída em volta de uma igreja. Ainda hoje a maior parte dos feriados é em homenagem a algum Santo e o Catolicismo continua a

ter o maior número de seguidores entre as religiões aqui professadas. Tal predominância é em decorrência da presença da igreja Católica na nossa formação histórica. E não podemos falar em colonização e em Missionários católicos, sem nos lembrarmos do Padre José de Anchieta, o “Apóstolo do Brasil”, como ficou conhecido. Nascido em Tenerife, nas ilhas Canárias, de pai espanhol e mãe judia, por volta dos 14 anos foi enviado a Portugal para estudar. Matriculou-se no Colégio das Artes pertencente à Universidade de Coimbra e foi durante seus estudos de Filosofia, em contato com os Jesuítas, que se apaixonou pela causa da Companhia de Jesus, tornando-se um deles. Aos 19 anos, ainda noviço, ao invés de seguir para o oriente, como fazia a maioria dos Jesuítas, foi enviado pelo próprio Inácio de Loyola, fundador da Ordem, à colônia brasileira, na comitiva do Governador Geral Duarte da Costa, em 1553. Desembarcou em Salvador, Bahia, e logo depois de uma breve adaptação, seguiu para a capitania de São Vicente e em seguida para o planalto de Piratininga. Ali ajudou na fundação do colégio São Paulo, cujo nome foi em homenagem ao dia em que se comemorava a conversão do Apóstolo Paulo. Esse colégio foi o marco inicial da atual

COLABORAÇÃO

Sabor Tropical

Elen de Moraes elendemoraes_rj@globo.com cidade de São Paulo. Padre José de Anchieta teve outras importantes participações nos acontecimentos históricos no Brasil, como a criação de vários colégios; a pacificação dos índios Tamoios que, revoltados com a escravização dos indígenas, se aliaram aos franceses contra os portugueses. Padre Anchieta se entregou como refém, enquanto a paz era negociada. Durante os quatro meses que passou com os Tamoios, escreveu nas areias da praia os inúmeros versos latinos que compõem o “Poema à bem-aventurada Virgem Maria”, decorando-os enquanto os escrevia. Só conseguiu passá-los para o papel ao retornar a São Vicente, com os Tamoios já pacificados. No Rio de Janeiro ajudou na fundação do Colégio dos Jesuítas e na Casa de Misericórdia. Tornou o primeiro linguista da cultura brasileira, aprendendo a língua dos índios Tupis. Escreveu a primeira gramática dessa língua e os primeiros textos artísticos, peças teatrais e música popular, tanto em Tupi, quanto em português, latim e espanhol. Foi considerado como o primeiro escritor brasileiro, o fundador do teatro no Brasil e o primeiro professor. São José de Anchieta, entretanto destacou-se, sobretudo, como Missionário. Irrequieto, percorreu várias vezes o litoral brasileiro,

indo de Pernambuco a São Paulo, fundando diversos centros missionários. Mais tarde, sentindo-se cansado e doente, pediu licença do cargo de Provincial, para o qual fora nomeado com a morte de Padre Manuel da Nóbrega, e retirou-se para Reritiba, capitania do Espírito Santo, hoje chamada Anchieta em sua homenagem, fundada por ele, e ali viveu entre os seus amados índios até 1597, quando faleceu, aos 63 anos. Suas relíquias foram enviadas ao Vaticano, em 1611, visando sua canonização. Foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em 1980 e agora canonizado pelo Papa Francisco. Trechos do seu poema à Virgem Maria: “Da torrente que jorra até a vida eterna! Esta ferida, ó mãe, só se abriu em teu peito: quem a sofre és tu só, só tu lhe tens direito. Que nesse peito aberto eu me possa meter, possa no coração de meu Senhor viver! Por aí entrarei ao amor descoberto, terei aí descanso, aí meu pouso certo! No sangue que jorrou lavarei meus delitos, e manchas delirei em seus caudais benditos! Se neste teto e lar decorrer minha sorte, me será doce a vida, e será doce a morte!”

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1 de Junho de 2014


COMUNIDADE

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SOPAS - uma tarde de reconhecimentos

SOPAS escolheu este ano para o seu Hall of Fame, DUARTE SILVA, Professor da Universidade de Stanford em Palo Alto. Diniz Borges, Rebekah Cardoza Schnabel, Duarte Silva, Belina Feijó e Clemente Fagundes

Duarte Silva por sua vez aproveitou a ocasião da sua visita a Tulare para reconhecer o trabalho executado por Diniz Borges ao longo destes anos.

Duarte Silva agradecendo a distinção, e encorajando os estudantes a sonharem cada vez mais alto

Realizou-se no Tulare Union High School e pelo nono ano consecutivo a SOPAS MVPA Awards - Society of Portuguese American Students, que tem por objectivo reconhecer não só estudantes, mas individualidades da nossa Comunidade. Na

foto acima pode-se ver Linda Mendonça, viuva de João Mendonça a agradecer a entrega da Remembrance Tribute in Memorium atribuída ao seu falecido marido, industrial de lacticínios e ganadero de gado bravo.


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COMUNIDADE

1 de Junho de 2014

Organization of the Year: Tulare - Angra Sister City Foundation (Carmen Pinheiro)

MC: Lauren Silva

Portuguese II: Thanie Lerma, Devin Rosa, Hannah Price

Lauren Silva

Honorary Portuguese-American Student of the Year: Hussain Mumtaz

Leadership Recognition - First Honorary Consul of Portugal in Tulare Award: Derick Rocha. Emb: Volunteers of the Year: Mary & Victor Lawrence

Portuguese Language and Culture Award: Kimberly Lourenรงo

Portuguese-American Business of the Year: Tulare Locker Service Honorary Portuguese-American: Michele Borges

SOPAS O

Portugu


Vasco Gomes

Noah Ormonde, Madison Machado, Madalyn Vieira,

Officers of the Year: Michael Godinho, Jonathan Porter and Brittany Mendonรงa

uese-American Dairy of the Year: Manuel e Lina Borges Inspiration of th Year: Manuel do Canto

COMUNIDADE

Portuguese I: Naomi Jones, Emilia Hamilton, Jennifer Gutierrez

Portuguese IV and V: Annika da Silva, Ashley Meneses, Summer Elston

SOPAS alumnus of the year: Tim Fonseca

Teacher of the Year: Zilda Hilliard Artist of the Year: Paul Serpa

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1 de Junho de 2014


PATROCINADORES

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COMUNIDADE

Escola de Língua e Cultura Portuguesa Jorge de Sena A Escola de Língua e Cultura Portuguesa Jorge de Sena, de Turlock, levou a efeito no Salão da Igreja de Nossa Senhora da Assunção da mesma cidade, a sua festa de despedida escolar de 2014. Os miudos cantaram e bailaram modas do nosso folclore, entre outras, como já vem sendo habitual há muitos anos. Esta escola lecciona todas as Segunda-feiras das 5:30 até às 7:30 pm, e aceita crian-

ças do 2º ao 5º grau, bem como adultos. Esta escola é mais uma pérola da nossa comunidade que muitas vezes passa despercebida a todos nós. A Escola mantém uma página no facebook onde informa a comunidade das suas actividades. Seria importante que todos nós a visitássemos de vez em

quando, até porque, no principio do ano há sempre uma festa para angariar fundos para sustentar esta escola. Este ano, a 24 de Janeiro, a festa consistiu numa matança de porco, cuja receita revertiu para tão im-

portante obra. O director da Escola é Carlos Rocha, Assistant Principal da Hilmar Unified School District. Parabéns a todos.


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PATROCINADORES

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Ruben Bettencourt em Santa Clara Here is the information about the June 6 concert in Santa Clara. First Friday at Santa Clara’s Triton Museum: A Free Musical Evening with the Mission Chamber Orchestra and Portuguese Guitarist Ruben Bettencourt Sponsored by The Santa Clara Performing Arts Foundation Friday, June 6, 2014, 7:30 p.m. Triton Museum of Art, 1505 Warburton Ave. Santa Clara Admission: Free Website: www.santaclara.arts.org Facebook: www.facebook.com/scpaf Contact information: Carolyn@santaclaraarts.org or call 408-462-2784

A first-ever event for the City of Santa Clara. Just in time for Portugal Day, on Friday June 6 the Santa Clara Performing Arts Foundation presents a free musical evening with the Mission Chamber Orchestra (www.missionchamber.org), featuring Portuguese guitarist Ruben Bettencourt (www.rubenbettencourt.com), selections from MCO’s upcoming concert, and musical insights from MCO Director Emily Ray. While vistors enjoy the music, they can also view the Triton's 2014 Statewide Photography Competition & Exhibition.


COMUNIDADE

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Tulare nas Sanjoaninas de 2014

A Filarmónica Portuguesa de Tulare, fundada em 1981, fará, em breve, a sua primeira deslocação aos Açores para participar nas Sanjoaninas 2014. Esta é a segunda viagem fora do estado da Califórnia, já que a Filarmónica, há alguns anos atrás, fez dois cruzeiros ao México. Esta é uma oportunidade única para muitos músicos, particularmente alguns mais novos, que vão, pela primeira vez à terra dos seus pais, avós ou bisavós. Segundo dados fornecidos pelos atuais diretores da Filarmónica, numa entrevista dada ao programa Os Portugueses No vale do canal 49 de Fresno, esta organização recebeu o convi-

te da comissão das Sanjoaninas em Setembro do ano passado e a decisão foi feita em Novembro, depois das eleições anuais desta instituição e após uma conversa com a comissão das Sanjoaninas, a qual visitou Tulare, para promover as festas e angariar fundos para as mesmas. Um dos primeiros passos, segundo o vice-presidente da instituição Luís Rebelo, em afirmações para o canal 49, foi: "assegurar que teríamos uma filarmónica para participar na festa do Espírito Santo de Tulare, já que temos um protocolo com o TDES, uma vez que a sede da Filarmónica está localizada nos terrenos da mesma instituição." A Filarmónica Portuguesa de

Tulare, presença em muitas das nossas festas populares através do estado, com enfase nesta parte central do Vale de São Joaquim, estará nos Acores, mais concretamente na ilha Terceira, de 17 a 30 de Junho, daí que não participará, como já é tradição, nas festas do Espírito Santo de Tulare e Visalia. A Filarmónica levará aos Açores 38 músicos. Desses, muitos são elementos que têm feito parte da banda há vários anos e outros recém convidados para participarem nesta viagem. É um projeto ambicioso e dispendioso, já que segundo os dados prestados ao canal 49, a instituição pagará, a todos os músicos, 80% da viagem/pacote assegurado pela comissão das Sanjoaninas junto da SATA. Porém, segundo o tesoureiro Victor Lawrence, também em declarações ao canal 49, a Filarmónica não só tem alicerces financeiros, construídos ao longo da sua existência de 31 anos, para o mesmo projeto, como já efetuou algumas atividades de angariação de fundos, tais como: uma rifa, a venda de filhós e um torneio de golfo. O Presidente da Filarmónica, Tony Nunes, afirmou ainda na mesma instância, que após o verão deste ano serão

efetuadas outras iniciativas no âmbito da angariação de fundos para esta viagem. Como se compreende a Filarmónica sente-se orgulhosa de ter as condições económicas e musicais para poder aceitar um convite desta envergadura, e fazer uma viagem até Angra do Heroísmo, cidade irmã de Tulare. Produto de três décadas de trabalho, e dedicação, pelas várias direções, regentes, músicos e membros, a Filarmónica desfilará nas ruas de Angra, fará concertos, um dos quais na Praça Velha e participará nas touradas da feira taurina de S. João. Segundo Frank Mendes, que foi um dos fundadores da Filarmónica Portuguesa de Tulare, e presidente durante alguns mandatos, A Filarmónica havia recebido, nos seus primeiros anos de existência, um convite para ir às Grandes Festas do Espirito Santo da Nova Inglaterra, porém nesse momento da sua existência não conseguiu responder a esse convite. Segundo um artigo escrito por Luís Hernandez, do jornal Tulare Advance-Register, no qual foi destacada esta viagem, Dennis Bettencourt, primeiro regente da Filarmónica de Tulare, foi convidado para fazer parte do elenco,

assim como a sua filha Kelsey. Os músicos atuais, e alguns que já se haviam "reformado", mas foram convidados pela direção atual para fazerem parte desta viagem, têm ensaios 2 vezes por semana a fim de preparem, o que Tony Nunes afirmou ao canal 49 ser: uma amalgama de músicas diferentes e algumas peças que já fazem parte do repertório há vários anos. Do começo ao fim das Sanjoaninas a cidade de Angra terá, a Filarmónica Portuguesa de Tulare, a filarmónica da sua primeira cidade irmã (geminação prestes a celebrar o seu cinquentenário--em dois anos 2016) a fazer parte integral da sua vida social e cultural. Uma viagem relevante na vida desta Filarmónica, que após o dia 30 de Junho, depois de duas semanas nas célebres Sanjoaninas, voltará a Tulare e continuará com o seu notável trabalho (o mais admirável) de preservar e promover a cultura popular açoriana e portuguesa, através da sua presença nas festas e romarias das nossas comunidades e nos momentos importantes da vida do mundo norte-americano onde está, intrinsecamente, inserida. Diniz Borges


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COLABORAÇÃO

Antigamente era assim

João Bendito bendito@sbcglobal.net

T

odos nós temos certas ideias, certos sonhos ou desejos que carregamos toda a vida à espera de, um dia, os concretizar. Acontece que alguns deles nunca passam de sonhos. Desde criança que também trago às costas, ou melhor dizendo, metidas no fundo do meu consciente, algumas dessas ideias. Gostaria de ir visitar as ruínas de Machu Picchu, no Peru; Sei que nunca vou lá chegar. Mas também não deixo de sonhar que hei-de percorrer parte da Muralha da China; Ou passar uma temporada nas praias e montanhas de Tahiti. Felizmente que alguns dos meus sonhos já os concretizei... Já testemunhei um nascer do sol do cimo do vulcão Haleakala, no Hawaii e já tive a felicidade de pisar as mesmas pedras que os antigos Incas pisaram na mística cidade de Chichen Itza, no México. Embora tivesse também tido a oportunidade de ver e admirar a beleza das majestosas Sequóias nas montanhas de Santa Cruz e no Yosemite Park, ainda nunca tinha visitado as florestas das imponentes árvores no norte da Califórnia. Era um desses tais sonhos... Aconteceu a semana passada, não com a disponibilidade e o tempo que eu gostaria de ter tido, já que estava em viagem de trabalho. Mas não quis perder a ocasião, dei uma finta ao percurso que o meu patrão havia destinado e perdi-me de propósito. Fiz um desvio que até nem é assim muito grande e, em vez de continuar no HW 101, meti-me pela Avenue of the Giants, que lhe fica mais ou menos paralela. Que maravilha! Poderia o patrão ter-me despedido que eu não me teria importado. Valeu a pena! A calma, a serenidade, a paz

enche-nos a alma ao ver aqueles monstros (no bom sentido da palavra) que se erguem, lado a lado, em direção aos céus. Se se tiver a sorte, como eu tive, de percorrer aquela estrada em altura de pouco tráfico, ainda melhor. O cheiro, o silencio, os verdes das copas a contrastar com o vermelho-escuro dos troncos, a luz do sol a tentar penetrar na espessa cama-

da dos ramos que se entrelaçam nas alturas... tudo são pormenores que nos saltam aos sentidos e nos fazem pensar como tal coisa é possível. Algumas dessas árvores já lá estavam ainda antes de Jesus ter nascido!

E

ntretive-me uns minutos na base da famosa “Immortal Tree”, uma das jóias do parque. Com atualmente 75 metros de altura e 4.40 metros de diâmetro na base, a árvore é um exemplo de longevidade. Calcula-se que te-

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Old Man John nha entre 950 a 1.000 anos e ficou com o nome de imortal porque tem passado por maus bocados mas ali está, forte e hirta como as demais. Sobreviveu ao grande fogo de 1908; As enchentes do Eel River em 1964 alagaram o seu tronco mas não a molestaram; E várias vezes foi atingida por relâmpagos, um deles até fê-la perder 15 dos seus originais

91 metros de altura. Se nós, os humanos, não a incomodarmos muito, esta jovem (há outras mesmo ali perto com o dobro da idade dela) ainda vai encher os olhos e os sentidos de muitos dos nossos descendentes. Não a chamem velha que ela pode ficar ofendida. Também não fiquei ofendido quando, outro dia, me chamaram velho. É a realidade da vida! Aconteceu numa pequena troca de mensagens com um dos crew-leaders da companhia onde trabalho. O Sean Moore é o nosso melhor trabalhador. Educado,

forte como toiro, não vira a cara às tarefas que se lhe deparam todos os dias. Quando soube que eu era português fez-me logo saber que nutria certo respeito pelas nossas gentes. O pai, pescador profissional em San Pedro, empregou por muito tempo um marinheiro açoriano de nome Sebastião. “”That guy was crazy””, disse-me ele. Não tinha medo de

nada, não havia tempestade que o assustasse. Foi com esse pescador que o Sean aprendeu a ser um trabalhador duro e também aprendeu a gostar de bacalhau, coisa que poucos americanos se podem gabar. Sean disse-me, na sua mensagem electrónica, que eu o tinha “deixado mal” perante o patrão porque, numa inspeção que fiz a uma casa onde ele tinha trabalhado, eu tinha encontrado uma série de problemas que talvez, se quisesse fazer vista grossa, ninguém tinha dado por isso.

Respondi-lhe aquilo que ele, inteligente como é, sabia que era a minha opinião... Também tenho que “mostrar trabalho”, tenho as minhas responsabilidades e procuro seguir as diretivas que me são impostas por inerência do meu cargo. E, ficasse ele sabendo, que não tenho interesse nenhum em deixar mal ninguém, esta coisa de ter que julgar ou inspecionar o trabalho dos outros não é matéria fácil. Não há uma única vez que eu comece o meu dia de trabalho que não me ponha na pele dos trabalhadores, antes de anotar alguma infração tento sempre imaginar porque razão não terão atuado melhor ou feito de maneira diferente. Para terminar a minha resposta eu disse ao Sean que nunca me achei um ser omnipotente, sou simplesmente humano e capaz de fazer asneiras também. Se ele assim o entendesse, poderíamos analisar os casos um por um e ver o que estava mal. Ele deve ter sentido que afinal eu tinha razão e só finalizou com esta frase: “It’s all good, I still love you, OLD MAN JOHN!” Foi aquele “old man John” que me deixou a olhar para o telefone por uns largos minutos. Parece-me que vi a minha vida toda desfilhar à minha frente, de fio a pavio. Eu, que me prezo de ter uma mente sempre aberta, que não tenho medo de aceitar novas ideias e novos desafios, afinal já sou visto pelos outros como um velho! Será que o moço se estava a referir só ao aspecto físico? É possível, dentro de poucas semanas já vou atingir a idade mínima de reforma. Mas não tenho intenção de parar de trabalhar, enquanto tiver saúde e um pouco de forças, eu não abandono o barco. Não sei fazer outra coisa senão trabalhar! Nesta minha curta vida não passei por tantas vicissitudes como as que aconteceram à “Immortal Tree”. A dolorosa perca dos meus pais e umas ocasionais visitas ao hospital para limpar a “pedreira” da bexiga não são assim coisas fora do normal para um humano. Espero que os anos que me restam também não me tragam problemas de maior e as pequenas experiências que fui adquirindo me ajudem a ter uma velhice em pleno. Se conseguir ainda concretizar alguns dos desejos que trago guardados, tanto melhor. Se não, paciência. Pode ser que ainda tenha a sorte de levar os meus netos a um passeio pela Avenue of the Giants e lá encontrar ainda bem altaneira, a “Immortal Tree”. Razão tinha o filósofo quando escreveu... Não corro como corria Não salto como saltava Mas vejo mais do que via E sonho mais do que sonhava.


Quarto Tércio

José Ávila josebavila@gmail.com Esta página de hoje é só para tirar chapéus. Já tinha saudades de o fazer.

nhecerem pessoas que durante toda uma vida os aplaudiram e os acarinharam.

Tiro o meu chapéu aos Forcados Amadores de Merced na pessoa do

Tiro o meu chapéu a uma grande aficionada Mary Jane Ford, que em

seu Cabo, João Azevedo, pela boa ideia que tiveram em reconhecer os 30 Anos de Ganadero de Manuel do Carmo, bem como os 20 anos de toureio na California de Alberto Conde.

todas as corridas oferecia ramos de flores aos artistas como recompensa pelo seu trabalho e pela sua arte.

Tiro o meu chapéu ao Manuel do Carmo e ao Alberto Conde, como

te cartel das Sanjoaninas. Oxalá toiros e artistas estejam nos seus melhores dias para satisfação de tantos milhares de aficionados que encherão a Monumental de Angra dentro de um mês.

Tiro o meu chapéu a Paulo Ferreira pela excelente ideia de dedicar a sua

No mês de Junho vamos ter 6 (seis) corrida de toiros. Vai ser um mês movimentado de aficion. Oxalá toiros e artistas se empenhem em oferecer noites de boa aficion.

prova da minha aficion e como agradecimento de tudo terem feito para engrandecer a nossa festa brava na California.

nova casaca, a estrear no dia 9 de Junho, na Corrida de Modesto, em memória de uma grande aficionada, recentemente falecida - Mary Jane Ford. Assim são os verdadeiros artistas. A Festa brava está cheia de gestos como estes em reco-

TAUROMAQUIA

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É tão bonito reconhecer

pessoas

Tiro o meu chapéu à Tertulia Tauromáquica Terceirense pelo excelen-

Próximas Corridas: 9 de Junho, Corrida de Modesto (Stevinson); 16 de Junho, Corrida de Turlock (Stevinson);

20 de Junho, Corrida de Stockton (Tracy). 23 de Junho, Corrida de Stevinson; 27 de Junho, Corrida de Tracy; 30 de Junho, Corrida de Patterson (Gustine).


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PATROCINADORES

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Se conhece alguém que está procurando comprar ou vender casa nós gostaríamos de ter a oportunidade de ajudá-lo a atingir os seus objectivos imobiliários.


Ao Sabor do Vento

José Raposo

A

jmvraposo@gmail.com

razão principal da nossa ida ao Brasil foi para participarmos do casamento da amiga Karla Moraes Carvalho com Raphael Dias. Depois de uma semana em São Paulo, em casa dos amigos Sérgio e Vani Baffi, partimos para o Rio de Janeiro, com passagem por Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, fundada por Açorianos, em meados do século XVIII. Chegamos ao Rio já noite e pudemos presenciar o mar de luzes dessa cidade maravilhosa. Esperavam-nos os pais da noiva, Carlos e Edilamar e fizemos a viagem de mais ou menos hora e meia para Teresópolis, cidade assim nomeada em homenagem à imperatriz Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II, Imperador do Brasil. Em 1583 os índios da tribo Arariboia receberam uma sesmaria que incluía a serra dos Órgãos, serra essa onde está situada a cidade de Teresópolis, onde residem nos-

sos amigos. A auto estrada que liga o Rio de Janeiro a esta cidade está toda iluminada até à entrada da serra e o verde da mata atlântica ao longo de toda estrada é deveras impressionante.Não menos são as imensas rochas de granito, entre as quais se destacam o dedo de Deus e a pedra do Sino. Foi esta a segunda vez que visitei o Brasil e ao ver tamanha beleza costumo dizer: se há Deus, Ele passou por aqui. O jantar de sushi com que nos presentearam nessa noite num dos melhores restaurantes Japoneses da cidade foi deveras pantagruélico e, sem dúvida alguma, saborosíssimo. No dia do casamento, pela manhã, na Pousada onde ficamos com uma grande parte da família da noiva, era uma azáfama. As mulheres tiveram quem lhes arrumasse os cabelos, fizessem a maquilagem e as unhas. Todas falando e se arrumando ao mesmo tempo. Se bem que a língua oficial do Brasil seja o Português, é impressionante os termos usados e algumas pala-

COLABORAÇÃO

O Começo de um novo Lar

vras, com as quais deveremos ter muito cuidado. Enquanto que em Portugal, se toma o pequeno almoço, arranja-se o jantar e a casa, se pintam as unhas, se está ao telefone ou vai-se a casa da vizinha, no Brasil, toma-se o café da manhã, arruma-se o jantar ou a casa , faz-se a unha, está-se no telefone e vai-se na vizinha. Não sei se será por causa do calor, os casamentos são à noite. Como a igreja era perto da Pousada, saímos uns 15 minutos antes da cerimónia. A amiga que nos levou, como não estava muito segura do percurso, acabou por dar mais voltas do que o necessário, até que fomos parar a uma favela. Depois de mais curvas e contracurvas, voltamos ao ponto de partida e só então conseguimos encontrar a igreja. Confesso que foi a primeira vez que entrei numa Igreja Evangélica. Não vi santos nenhuns. Não havia flores naturais. Penso que os noivos são muito amantes da natureza e preferem apreciar as flores no seu estado natural do que lhes dar uma morte prematura. No entanto, a igreja estava muito bem decorada. Dois pastores - um deles primo e padrinho da noiva - celebraram a cerimónia e embora não houvesse “bride maids”, como há aqui na Califórnia, havia padrinhos e madrinhas. Foi uma cerimónia bastante alegre, entre recitais de poesia, aplausos, e até incluiu uma bailarina, cuja presença foi uma homenagem que a noiva, bailarina, assim como varias de suas madrinhas, quis fazer ao ballet. Ela se aproximou dos noivos fazendo as habituais piruetas e levando-lhes o par de alianças. Eu conheci a noiva, que é sobrinha da colaboradora deste jornal e minha amiga, Elen de Moraes, há oito anos, quando pela primeira vez visitei o Brasil. Moça requintada, inteligente e muito hábil. Além da sua vida profissional de cirurgiã dentista, é atriz e cantora, tendo feito parte de alguns importantes musicais. Durante a recepção, num hotel de luxo, ela e o noivo presentearam os convidados com um show. Não teve meias medidas: mudou os sapatos que havia usado para a cerimónia por uns próprios, para fazer sapateado (tap dancing). O noivo, engenheiro de computação, que também é ator e baterista de um conjunto, acompanhou-a na célebre canção do filme Mary Popins, supercalifragilisticexpialidocious. A festa durou

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até às 5 da madrugada. Todos tiveram a oportunidade de saborear as mais variadas iguarias da culinária brasileira. Os doces e guloseimas eram de fazer crescer água na boca. Durante esse tempo todo o bar servia bebidas de toda a qualidade, não faltando, naturalmente, a famosa caipirinha. Achei muito interessante a cerimónia de atirar o ramo da noiva. Bem, realmente, a noiva não atira o ramo. O mesmo é amarrado com uma quantidade de fitas e as moças solteiras seguram a extremidade da fita. A noiva de olhos vendados pelo noivo vai cortando as fitas uma a uma, até que fique uma só. À moça que segura a ultima fita, cabe o ramo. Dessa forma, não há saltos, nem empurrões para ver quem ganha o ramo da noiva. Foi em suma uma bela experiência e foram uns dias bem passados entre amigos. Tivemos a oportunidade de presenciar uma cerimónia de casamento sem pompas, mas simples e elegante. Via-se perfeitamente nos olhos dos noivos a alegria, a felicidade e o amor mútuo de dois jovens bem preparados para o começo de um novo lar e uma nova família.


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CULTURA

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Crónicas Americanas Nuno A Vieira

in Notas de Rodapé Mão avisada, de amigo fiel, salvaguardou papéis que, em princípio, poderiam ter acabado na lixeira. Trata-se de uma série de crónicas, de Eduardo Mayone Dias, na sua maioria publicadas no jornal californiano – Diário Popular – e que, inicialmente, foram editadas em dois livros: Crónicas das Américas (1981) e Novas Crónicas das Américas (1986). Já no presente ano de 2014, essas duas obras, com a actualidade e frescura originais, foram compiladas e publicadas num só volume - Crónicas Americanas – na colecção Rio Atlântico, edição da Opera Omnia e com o apoio da FLAD. O Dr. Eduardo Mayone Dias nasceu em Lisboa, licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras de Lisboa e doutorou-se em Literatura Hispânica pela University of Southern California. Tanto na Europa como nos Estados Unidos, leccionou em diferentes instituições de ensino; a partir de 1964, foi professor de Língua e Literatura Portuguesa na University of California, Los Angeles (UCLA) até à data em que se reformou. O professor Mayone Dias tem uma produção literária cujos títulos são expressivos da temática a que se dedicou – Crónicas das Américas, Açorianos na Califórnia, Coisas da Lusalândia, Novas Crónicas das Américas, Falares Emigreses, Língua e Cultura (co-autor), Crónicas da Diáspora, e Miscelânea LUSAlandesa, A presença Portuguesa na Califórnia. Além dessas obras, publicou centenas de artigos e crónicas, em diversas revistas e jornais, versando aspectos das literaturas e culturas hispânicas. A seguir, passarei a parafrasear um ilustre aluno do Professor Mayone Dias, também ele catedrático e escritor, o Dr. Francisco Cota Fagundes, onde em introdução a Crónicas Americanas, traça um perfil do homem, do professor e do escritor que foi Eduardo Mayone Dias. - Como homem, Mayone Dias foi um mentor, um amigo amável, atencioso, sociável, generoso, compreensivo, tolerante e modesto. Como docente, era amante e conhecedor profundo da sua bem-amada língua portuguesa. Foi, para mim, uma fonte de inspiração; soube ensinar o aluno a ensinar-se em vez de o submergir em informação que ele ou ela poderiam adquirir por si próprios na biblioteca. Tinha um invejável sentido de humor que, por vezes, emergia duma simples manipulação da linguagem.Como escritor, interessou-se pela evolução da língua portuguesa em contacto com o inglês (Falares Emigreses).- Na qualidade de filólogo e pedagogo de línguas, foi co-autor de Portugal: Língua e Cultura e, mais tarde, de Língua e Cultura e Brasil: Língua e Cultura. Sendo ele emigrante, dedicou-se à investigação do fenómeno emigratório. A um nível mais pessoal, convivia com as comunidades portuguesas a quem dispensou uma amizade genuína e que, por sua vez, o acolhiam com estima e considera-

ção. Bastava-se a si próprio, isentando-se dos títulos de doutor e professor. Foi uma presença constante em congressos, apresentando trabalhos literários. Francisco Fagundes identifica a diáspora como experiência observada e a diáspora como experiência vivida como o principal dos denominadores comuns nos vários tipos de crónica de Mayone Dias. O professor Fagundes enquadra as seguintes rubricas no corpus cronístico de Mayone Dias: a crónica histórica, a crónica de lugares (designação à que agora gostaria de acrescentar e crónicas de viagens), a crónica etnográfica, a crónica–retrato ou álbum; a crónica memorialista. No New York Times Bestseller, The Geography of Bliss (A Geografia da Felicidade), Eric Weiner viaja por diferentes países no intuito de localizar a felicidade. Em Crónicas Americanas, Mayone Dias parece encontrá-la em cada esquina, desde as Ilhas de San Blas, em contacto com a cultura dos índios Kuna até ao Rio, em contacto com os cariocas. A manhã do seu primeiro dia no Rio tem o mesmo entusiasmo de todas as outras manhãs em que Mayone Dias se levanta para ver, observar, conhecer, explorar e contactar outras terras, outros povos, usos e costumes. Nas suas próprias palavras: Acordara cedo, excitado pela perspectiva de conhecer aquela cidade que por tantos anos para mim fora só sonho.

Em Crónicas Americanas, Mayone Dias viaja nos Estados Unidos, principalmente na costa da Califórnia. Vive no México. Visita Cuba e Jamaica. Vai a Cartagena de Índias. Passa um fim-de-semana em Lima. Anda à toa no Rio [sic]. Em Toronto e Newark, encontra ruas portuguesas, onde não se ouve uma sílaba em inglês, respec-

Apenas Duas Palavras

Diniz Borges d.borges@comcast.net

tivamente a Ferry Street e a Rua Augusta. Num primeiro contacto com a América, Mayone Dias começa por decifrar a linguagem das estatísticas nas mais diversas situações. Democratiza-se aos poucos com a informalidade do tu-para-cá-e-tu-para-lá, com o tratamento pelo primeiro nome e com a irreverência para com as autoridades políticas. Observa a vida no campus universitário, os programas universitários e as actividades extra-escolares, assim como o ambiente numa sala de aula e a relação cordial do aluno com o professor. Mais chocante foi o streaking, praticado sobretudo nas universidades, onde estudantes se lançavam numa corrida rápida, justamente com o toillete com que vieram a este mundo. A devida altura, Mayone Dias apercebe-se da coexistência de dois tipos de americanos: o da imaginação europeia e o generoso, um pouco ingénuo e idealista às vezes, mas com sentido pragmático da fraternidade e da hospitalidade aberta e efusão instantânea que encontra expressão em linguagem corrente – Thank you! Dear! Honey! Have a nice day! E ainda em sorrisos. Não poderá esquecer a amabilidade dos seus vizinhos novos que lhe adocicaram a boca e a alma com um bolo onde se lia a palavra Welcome. Num país diferente, há a cartilha dos feriados com uma nova História, outras tradições e celebrações. A América deslumbrante aparece nos exotismos de Hollywood Boulevard, no mundo fantástico da Disneylandia e na incrível cidade de Las Vegas, onde o jogo e o amor se conjugam. A convivência, lado a lado, de diferentes etnias em relativa harmonia, é outra surpresa. Veja-se Los Angeles com os bairros judeus, coreanos, japoneses, chineses, mexicanos, negros e de uma classe privilegiada que são os artistas. – Essa talvez seja a América de um povo híbrido e contraditório de que fala Miguel Barbosa no prólogo de Crónicas Americanas. De maior perplexidade é o receber notícias da mãe pátria à distância, como por exemplo a notícia inesperada da revolução do 25 de Abril. O trabalho de Mayone Dias não passou desapercebido ao governo português. Na badana da capa do livro Crónicas Americanas lê-se o seguinte em referência a Eduardo Mayone Dias: Pela sua obra e importante divulgação da língua e cultura

Em pleno verão de 2014, a Maré Cheia traz-nos um magnifico texto sobre a nova publicação de um dos livros que mais gosto do Professor Doutor Eduardo Mayone Dias, Crónicas Americanas. A nova edição acaba de sair, inserida numa nova coleção da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), coordenada pelo meu amigo, o Professor Doutor Onésimo Teotónio Almeida, cuja dedicação às causas comunitárias é único. A nova coleção chama-se, apropriadamente, Rio Atlântico e nela já vimos publicações de João Medina e de Francisco Cota Fagundes. Ainda bem que Onésimo Almeida está a dirigir esta nova coleção da FLAD. Só o Onésimo, com o seu conhecimento das nossas comunidades, e do mundo português, com o seu rigor, a sua visão, a sua grandeza, a sua idoneidade intelectual e a sua invulgar capacidade de trabalho poderia dirigir uma coleção desta magnitude. Parabéns à FLAD por dedicar alguns dos seus recursos a esta coleção, a qual, tenho a certeza, só dignificará as nossas comunidades e servirá para estreitar os laços entre as comunidades dos Estados Unidos e Portugal. Dessa coleção, como referi, acaba de ser republicado o livro Crónicas Americanas do meu amigo, e amigo das nossas comunidades, Professor Doutro Eduardo Mayone Dias, a quem se deve a história dos portugueses neste estado e muito, muito mais. O magnífico texto de Nuno Vieira, a quem agradecemos a partilha, é ilustrativo do valor desta obra de Mayone Dias. abraços diniz portuguesa recebeu o grau de Comendador e Grande Oficial de Ordem do Infante D. Henrique e a Medalha de valor e Mérito da Secretaria de Estado da Emigração, do governo de Portugal. Nos Estados Unidos foi alvo de várias homenagens e condecorações. Uma citação feita na contracapa de Crónicas Americanas é significativa da visão, índole e acção de Eduardo Mayone Dias. O seu vizinho Freddie, indignado com a existência de uma cerca imposta por disposições camarárias entre a sua casa e a de Mayone Dias, largou a dissertar sobre o mundo por que ansiava, mundo onde não houvesse cercas, onde Deus estivesse em toda a parte, onde todos fossem como irmãos tolerantes e caritativos. Crónicas Americanas, pela sua observação crítica, ajustada e englobante, poderá ser o primeiro Manual de Informação para quem emigre para os Estados Unidos e um bom guia turístico para todos aqueles que pretendam pisar as muitas terras por onde passou Eduardo Mayone Dias. É ainda memorabília preciosa para quem seguiu trilhos semelhantes.


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ENGLISH SECTION

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SERVING THE PORTUGUESE–AMERICAN COMMUNITIES SINCE 1979

Mais Lúcia Soares

portuguese

• ENGLISH SECTION

luciasoares@yahoo.com Remembering community leader and philanthropist BERNADINE GOULARTE:

Not Just A Visionary Leader, a Jewel of a Person establishing the San Jose State Portuguese Studies Program Advisory Board helping to fund and ensure the continuity of Portuguese Studies to ensure that our language, literature and culture are not forgotten. They were also one of the Founding Members of the Dr. Martin Luther King, Jr. Library Portuguese Heritage Collection. Bernie had vision and carried out a strategy, that although not highly publicized has certainly made a lasting difference for our community. You can learn much more about Bernie and Lionel through the Oral History project at UC Berkeley (http://bancroft.berkeley.edu/ ROHO/projects/portuguese/index.html). They were both interviewed in 2002. Having attended her funeral service, I had the privilege of hearing her eulogy delivered by Al Dutra, another community leader I highly admire. I decided that although I was too late in capturing Bernie’s voice for this column, Al’s eulogy was the absolute next best thing. So, with his permission, here is the story of a strong Portuguese-American female leader. I hope her story resonates within you and causes you to realize that leadership doesn’t have

parents and father came from the Azores. The family worked a farm in the Alviso district in Alameda County and she attended a one room schoolhouse. Her grammar school graduation class consisted of eight students. In her teen years, like some of us, she worked in the canneries in the summer. It was a simpler time before suburbia and freeways. Bernie always wanted to become a teacher and attended Dominican College in Oakland and San Jose State. After graduating she began teaching, including a year in Germany and with the travel bug had a chance to do some international travel. On her return, Bernie started her career at the Fremont Unified School District where she taught

ever the truth , they were married in 1972 and the dynamic duo of Lionel and Bernie was created. Their first big joint project was to work with immigrants in updating their green card status and assisting them in becoming citizens. They did this through the Portuguese Immigrant Center in Newark, working with the immigration authorities in San Francisco. They did this from 1994 thru 1997. It included all nationalities and was a huge undertaking. But the list of her involvement and commitments of time and financial support goes on and on. Bernie is a 25 year volunteer at the Washington Hospital. A member of the Portuguese Historical Museum Board of Directors, where she served as Secretary and Data Base Admin-

Photos by Miguel Ávila

Earlier this year, I reached out to her wonderful husband, Lionel one of the women I consider to be Goularte) were part of the Lusoa beacon of inspiration and lead- American Education Foundation ership in our serving on c om mu n it y, Bernie wasn’t seeking the EducaBernie GoulConfergrand honors or praise, tion arte. I asked ence comif I could in- she was in search of mittee at that terview her to making a difference, and time. She was highlight her not a charisstory in this she surely did! matic, takecolumn. Uncharge type fortunately, she was undergoing leader. She was quiet, humble, chemo treatment and was unable but extremely well-grounded, to recover from it, leaving us on warm, smart and inclusive leader. April 29, 2014. Her reply to my She led in the less visible areas, interview request was typical of but they were the areas that reher modest and humble self: “As ally mattered. for the interview, it is an honor In short, she Bernie had vision and carried to be considered. At this time wasn’t seeking I would like to put it off until grand honors out a strategy, that although not later when I can really think…I or praise, she highly publicized has certainly see myself as a member of Por- was in search Bernie inseparable from her husband Lionel in April 2013 in San Leandro tuguese organizations who have of making a made a lasting difference for been the leaders and I as one who difference, and our community. helped on committees. I am sure she surely did. there are others… Yes, I have Besides parbeen a leader in my community ticipating and leading in many to be loud or visible. It doesn’t at the elementary level and some istrator. as President of the Hospital Ser- community organizations, Ber- mean you need to have an im- English as a Second Language Held various positions with her UPEC council, now part of the vice League and as President of nie and Lionel have generously portant title. It simply means that classes. you are driven by a higher callDuring these years, she was just PFSA. the Washing Township Business supported a variety of programs ing and you do not back down casually involved in the PorMember of the San Jose State and Professional Women’s Club.” and initiatives that have imfrom it. You live your calling to tuguese community, attending Portuguese Studies Program Ad(Feb 26, 2014). pacted many in our community its fullest. local Festas and, in the 1960’s, visory Board. I first met Bernie shortly after and will continue to deliver even helping her mother assist PorOne of the Founding Members graduating from college. She more value in the future. For exRest in peace Bernie. tuguese immigrants from the of the King Library Portuguese and her partner in crime (a.k.a ample, they were key leaders in Azores. Cultural Center. Memories of But, let’s step back for a mo- Active member of the Portument... guese Heritage Publications of Bernie Goularte Starting in high School Bernie California. May 5, 2014 became acquainted with a shy, Also, she partnered with Lionel Holy Spirit Church quiet, introspective and someon many other projects like the Fremont, California what good looking young man Fremont Sister City Program. By Al Dutra who then also graduated from Not surprising, both Bernie and San Jose State and also became Lionel have been recipients of Friends and Family: a teacher. Let’s see, SHY, QUI- numerous commendations and In life we sometimes have the ET, INTROSPECTIVE AND awards, - I’ll not even try to list privilege of the friendship with a SOMEWHAT GOOD LOOK- them. jewel of a person. Bernie Goul- ING…..isn’t that a perfect de- Like many other aspects of her scription of Lionel? Oh, meu life, Bernie handled her serious arte was such a friend. illness with grace and a positive Pleasant, cheerful, with a ready Deus! Since they were both unmarried, attitude. She became our hat smile and always ready to help they were sometimes paired tolady, wearing interesting hats afothers, yet determined and well gether as part of the wedding ter her first operation. organized and always willing to party of mutual friends. Bernie, we will miss your friendgive of her time and energy. Now, at this point the story beship and love. Like a diamond, her life story has comes a bit fuzzy. According to May the peace of the Lord be many facets. Lionel, Bernie proposed to HIM with you and your family. Bernie with her husband Lionel attending the preview of the TV docuShe grew up as part of the imduring leap year. However whatAl Dutra mentary “Portuguese in California” in March 2014 in San José migrant experience, her grand-


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COMUNIDADE

1 de Junho de 2014

Festa da Irmandade do Espírito Santo de San Leandro

Rainha Grande Ashley Diaz e aias Elyana e Bridget

Rainhas Pequena 2013 - Francesca de Melo, aias Tessa e Luciana

José Mendes, Presidente da Festa agradecendo a comparência de todos Aspectos da Coroação e das Sopas, que foram servidas no Salão e numa tenda no exterior,

Esta festa tem 132 anos. A data de construção do Salão e do Império é de 1882. Embora seja uma festa pequena, tem sempre muita assistência.

O celebrante da missa foi Paul Vassar coadjuvado por Victor Silveira que fez a pregação


COMUNIDADE

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Rainhas de 2013, 2014 (Grande e Pequena) e Rainha Santa Isabel

Sociedade Filarmónica Recreio do Emigrante Português. Tocou os hinos correctamente. Primeiro o Portuguës e por ultimo o Americano.

Bernie Ferreira, Victor Silveira, José Mendes e Polly Mendes

Manuel Bernardino da Silva, Nelson e Daniela Silva, Mary Miranda Silva e José Miranda Silva. Manuel e Mary vieram do Brasil visitar o filho Nelson (vive em Sacramento) e o irmão José, residente em Modesto e aproveitaram para participar na festa. Manuel Bernardino é Presidente do Gabinete Português de Leitura, na Bahía, Brasil.

Eliseu Neto com a sua equipa da rectaguarda. As sopas e as carnes requerem um certo conhecimento de bem fazer e Eliseu tem sido um bom cozinheiro.


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1 de Junho de 2014


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