15th, January, 2014

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2 a Quinzena de Janeiro de 2015 Ano XXXV - No. 1193 Modesto, California • $2.00 / $45.00

L ib er da de de Impr ensa The First Amendment to the United States Constitution codifies the freedom of speech as a constitutional right. The Amendment was adopted on December 15, 1791. The Amendment states: Congress shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the free exercise thereof; or abridging the freedom of speech, or of the press; or the right of the people peaceably to assemble, and to petition the Government for a redress of grievances.

Joe da Rosa

De Tecate, México a San António, Texas

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Próxima Edição/ Sugestões

• Curso de Português em Idaho • Lajes - que futuro?

• Jan 16 - Fundraise na Banda Portuguesa SJ • Jan 17 - Jantar de Aniversário da PFSA em SJ • Jan 17 - Crab Dinner no MPPA Modesto • Jan 17 - Crab feed Newark Holy Ghost • Jan 24 - Matança na Banda Portuguesa SJ • Jan 31 - Crab feed SDES Alvarado

O Adeus a Joe Ferreira P.2,5,6,7,8,9,12


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SEGUNDA PÁGINA

EDITORIAL

ensando bem, 2014 foi um extraordinário ano para a nossa Comunidade. Ora vejamos: Tivemos o melhor ano da história da California no respeitante à agropecuária. Nunca se ganhou tanto dinheiro como em 2014, no leite, nas vacas, nas frutas, com especial relevo para as amêndoas que bateram tudo e todos, sendo a mais valiosa mercadoria da California. Tivemos um ano rico em publicações de livros escritos pela nossa gente - para crianças, poesia, ficção, biografias e livros de organizações centenárias. Artísticamente, vimos jovens a despontar e a cantar cada vez melhor. Já quase nos esquecemos de contratar artistas de Portugal tal é o naipe bom que temos, quer na California quer na Costa Leste. A vinda pela segunda vez do Tributo de São Jorge mostrou a grande qualidade deste conjunto. O Conjunto 562 de Artesia foi à Terceira com muito sucesso bem como a Banda de Tulare. O Festival de Folclore, Festival das Bandas e o Festival da Juventude do Luso-American continuam a encher-nos o coração de alegria. Os 500 jovens do Luso aqueceram ainda mais Palm Springs com a sua arte. Não o percam este ano na Área da Baía em príncipios de Agosto.

15 de Janeiro de 2015

2014 em rápida revista Centenários de várias organizações orgulham a nossa comunidade - Newman, Crows Landing, IES, Paróquia das Cinco Chagas e talvez outras que não sabemos. Até o futebol comunitário deu alegria a muitos. O Açoreano da Casa dos Açores de Hilmar ganhou tudo o que havia para ganhar. O Congresso Mundial das Casas dos Açores realizado em Hilmar mostrou como bem sabemos receber pessoas e criar ambientes de bem estar. Tivemos a visita de duas filarmónias dos Açores - Pico e São Jorge. Uma alegria para toda a Comunidade Myron Cotta, foi ordenado Bispo Auxiliar de Sacramento. Um orgulho. Várias entidades comunitárias foram reconhecidas por diversas organizações, o que nos apraz registar. A Semana do Emigrante e o Dia de Portugal decorreram com brilhantismo. Entrega de Bolsas de Estudo pelas Fundações e outras organizações ficaram aquém do desejado. Porquê? A Comunidade precisa re-avaliar a sua contribuição. Num ano tão rico as bolsas foram mais pobres. Na festa centenária da IES houve uma Exposição de Capas das Rainhas do Espirito Santo que foi linda. O Programa Atlântida da RTP Açores veio

à California, não por sua alta criação, mas a convite da IES e outros amigos. Pela primeira vez em 39 anos. Um esquecimento grave de uma televisão pública. Pela primeita vez tivemos um Encontro de Juventude - YPS - que pode dar muito que falar. Visitas de várias entidades como o Bispo de Angra, Presidente da Câmara de Angra, Presidente do Governo Regional - é sempre bom receber pessoas amigas. Escolha da primeira mulher Chairwoman da Luso-American pela primeira vez na nossa fraternal. Boa escolha. A Red Carpet do Portuguese In California foi um sucesso. A apresentação deste programa veio alterar a maneira de ver-nos a nós próprios como comunidade. O Festival Cabrilho continua a fazer-nos lembrar de um português que ao serviço de Espanha mostrou mais mundos ao mundo. A viola mostrou a arte de um jovem da Terceira que deu concerto na California com sucesso e a pedir mais. Um grande artista com sangue nosso expôs em Paris a sua já muito conhecida arte - Mel Ramos. Um sucesso. A exposição baleeira do Museu Baleeiro de New Bedford foi um enorme sucesso no Museu Marítimo de San Francisco.

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A visita de um grupo de amigos que antigamente formaram um dos mais conceituados conjuntos dos 60's visitou e tocou na California, encantando todos aqueles amantes dos Beatles, dos Rolling Stones e de tantos outros - OS SOMBRAS. Para não serem jamais esquecidos. PFSA tem novo CEO, o que traz novas responsabilidades à nossa velhinha Fraternal. Novas ideias, novos rumos. Ainda arranjámos tempo para ajudar a Pediatria do novo Hospital de Angra do Heroismo, com uma angariação de fundos. Na próxima edição falaremos de outros aspectos menos positivos do ano passado. Ferreira Moreno quiz-nos deixar sem aviso. Teve uma morte rápida, como rápido era o seu pensamento em re-inventar as histórias que não sabíamos. Deleitou milhares de pessoas, ensinou a ver as ilhas e as suas histórias com outros olhos. Ensinou-nos a olhar para a California de uma maneira diferente. Criou expectativas do que iria ser lido a seguir. Vamos sentir a sua falta. Os seus escritos continuarão ainda por algum tempo. jose avila

Year XXXV, Number 1193, Jan 15th, 2015 $45.00


PATROCINADORES

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COMUNIDADE

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COMUNIDADE Falecimentos

Jose A. Ferreira

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Claudina Barcelos Freitas June 29, 1917 - December 2, 2014

Faleceu no dia 21 de Dezembro de 2014, Fr. Joseph A. Ferreira, conhecido no mundo da Comunicação Social como Ferreira Moreno. Nasceu em 1935 na Ribeira Grande, São Miguel, Açores. Frequentou o Seminário de Angra do Heroísmo entre 1946 e 1955, tendo vindo para os Estados Unidos em 1955. Concluíu a sua formação religiosa na California, no Seminário de São Patrício, em Menlo Park, que frequentou até 1958. Foi ordenado Padre no dia 6 de Janeiro de 1959, na Igreja Nacional das Cinco Chagas em San Jose, California. Foi Padre nas Paróquias de Nossa Senhora do Bom Conselho, entre 1972 e 1983 e posteriormente em St. Alphonsus Ligouri, ambas em San Leandro, California No dia do seu funeral a 6 de Janeiro, fazia 56 anos do seu Ordenamento Sacerdotal. Ao longo da sua vida colaborou com vários órgãos da imprensa tanto nos Açores como nos Estdos Unidos da América, enaltecendo e valorizando sempre a Ribeira Grande e as suas gentes. Começou a escrever em 1952, tendo publicado trabalhos nos jornais Diário dos Açores, A União, Correio dos Açores e A Ilha. Na California foi correspondente das agências portuguesas de noticias ANI e Lusitania. Foi colaborador assíduo do jornal Luso Americano, sediado em Newark, NJ, através da sua crónica semanal “Toque e Retoques”, que assinava com o pseudónimo de Fer-

reira Moreno e ainda dos jornais Tribuna Portuguesa, Portuguese Times, Jornal Português, Voz de Portugal, entre outros. A Missa de corpo presente teve lugar no dia 6 de Janeiro, 2015, ás 11:00, na Igreja de Nossa Senhora do Bom Conselho, 2500 Bermuda Ave. San Leandro, Calif. 94577, seguindo-se o funeral para o Cemitério do Santo Sepulcro, em Hayward, Calif. Ferreira Moreno foi sempre um grande amigo do Tribuna Portuguesa. Em vez de esperar pela sua cópia em casa, deslocava-se religiosamente à impressora que nos publica, sediada em Union City, donde levava algumas copias. Tinha a pachorra de recortar todos os artigos publicados e de os enviar em primeira mão e mais rápidamente a todos os seus amigos e nossos colaboradores. Ele era o líder dos jantares dos Ribeiragrandenses na primeira Sexta-feira de cada mês no Centro Leonino de San José. Era um Homem de uma apetência para descobrir histórias das nossas llhas e da California e de as poder contar a todos. Foi um cronista de um estilo que não temos na California e muito menos nos Açores. A Comunidade ficará mais pobre sem a presença dele nos jornais e revistas que ainda circulam nestes tempos internéticos e de rápido consumo de notícias. Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a familia e à Igreja Católica.

Clare Parish, 941 Lexington St., Santa Clara.

Claudina Barcelos Freitas passed away peacefully Tuesday December 2, 2014 at 97 years old. She was in her daughter's home surrounded by those she loved holding her hands in her final hours. Beloved wife of the late John C. Freitas. She is survived by her 3 children: John A. Freitas (Fatima Freitas), Filomena Ritter (Ken Ritter), Alice Teixeira (John Teixeira), and will be joining her late son, Joe G. Freitas in heaven. She leaves behind 10 grandchildren and 10 great grandchildren. Special thanks to her dedicated and loving caregiver Laisa. She was a very loving and devoted woman of her Catholic faith. The importance of her faith, family, and Portuguese culture was felt by all. She was an amazing cook and seemed to put love into everything she made. Her loving spirit and generosity will be missed by everyone who knew her. May she forever rest in peace until we all meet again. Visitation was held on Tuesday, December 9, 2014 from 5-9PM with Rosary at 7PM at Lima Family Santa Clara Mortuary, 466 N. Winchester Blvd., Santa Clara. The Funeral Mass was held on Wednesday, December 10, 2014 at 11:30AM at St.

Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a Família Freitas com especial carinho ao colaborador deste jornal João Freitas.

Missa por alma de Catarina Antunes

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Edições por Ano

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COLABORAÇÃO

15 de Janeiro de 2015

Ao Sabor do Vento

José Raposo

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jmvraposo@gmail.com

u não me recordo a primeira vez que falei com o Padre Ferreira. Foi-me apresentado como o Senhor Padre e por Sr. Padre sempre o tratei, embora muitas vezes ele me tivesse dito para o não fazer. Sempre o tratei com o devido respeito e ele a mim, com a exepção de uma vez que ele não estava lá muito bem disposto e eu querendo-me fazer de engraçadinho, ao dizer que já o conhecia há muitos anos e que o via sempre vestido de Padre, ele mandou-me às favas, com um “M” muito grande. Eu disse duas ou três coisas que também não ficaram lá muito bem e minutos depois ele pedia-me desculpas por ter reagido da forma que reagiu, e ficamos amigos na mesma. Comecei a ir ao Centro Leonino, em San José, para o almoço dos Ribeiragrandenses. Aí, então, ele trocava a vestimenta de padre por calças de ganga e a sua camisa Havaiana. Era ele que tomava nota das pessoas que estariam presentes para o almoço e que por sua vez no fim fazia as contas e entregava a quantia à Alice. Depois do almoço ainda ficavamos na rua por uma meia hora ou mais, enquanto ele fumava o seu cigarinho. Recordo-me de uma vez que escrevi sobre ele no jornal e antes de mandar o artigo para o Tribuna, mandei para ele, para sua aprovação. Dias depois ele telefonou-me e diz: “Ó José, está tudo muito bem, mas eu gostaria que retirasses essa parte que fala do meu cigarrinho”. Como o tal parágrafo não aquecia nem arrefecia, eu retirei-o e respeitei o seu pedido. Logo que o Tribuna saía ele recortava os meus artigos, escrevia o seu comentário e mandava-me pelo correio. Durante as nossas conversas depois do almoço, falavamos sobre os mais variados assuntos entre os quais não ficava atrás a

Além de ser Padre, era um Homem

religião. Muitas vezes as conversas eram divertidas, especialmente quando ele me dizia que eu tinha que ir à missa e eu perguntava para quê. Ele dizia :“Para rezar pelos pecadores“, ao qual eu respondia –“Estão todos a rezar por mim. Já estou salvo”. Como ele sabia que eu gostava de cantar ao desafio, uma vez que outra me desafiava para que eu fizesse umas quadras. Aqui estão quatro que fiz e que o deixou assim um tanto aborrecido porque eu estava a falar de um assunto sério e do qual sabia que a sua fé era inabalável. Será que Deus não criou Eva primeiro que Adão, E o homem depois alterou A história da criação? Se o Diabo tem pro mal, A força que Deus tem pro bem, Ele é em força a Deus igual E é outro Deus Também. Se Deus pode criar Do nada tudo o que há, Quando tudo acabar, Tudo ao nada voltará. Posso dizer na verdade Que há algo que Deus não fez: É a palavra saudade, Criação dum Português. Muitas vezes falamos ao telefone sobre os mais variados assuntos, tanto sobre algo que se passasse na comunidade ou sobre os artigos do Tribuna. Quando era eu a telefonar, raras vezes ele atendia de imediato. Esperava sempre que eu ouvisse os sinos da Matriz da Ribeira Grande cujo som estava gravado na sua secretária electró-

nica. Um amigo nosso telefonava-lhe várias vezes só para escutar as badaladas dos sinos. O padre Ferreira gostava muito de ouvir e contar também as suas anedotas ou de contar alguma peripécia que lhe havia acontecido na vida como por exemplo uma vez que lhe ofereceram uma passagem aos Açores e o no seu bilhete tinha Ferreira Moreno, em vez de José Ferreira. Não fosse o amigo Berney, o Padre Ferreira tinha ficado em terra, pois que não o queriam deixar embarcar no avião com o bilhete em nome de Ferreira Moreno, nem mesmo que ele moreno fosse. Algumas vezes me falou de assuntos um tanto ou quanto melindrosos e com certa emoção lamentava as não verdades que

se diziam. Conheço algumas pessoas que criticavam de forma ingrata os seus artigos no Tribuna e outros jornais. Houve até quem cancelasse a assinatura do jornal por causa disso. O padre Ferreira era meu amigo. Quando eu tinha algo que dizer sobre ele dizia de cara a cara. Quando tinha que dizer bem dizia e quando não concordava dizia da mesma maneira. Foi uma pessoa com quem sempre tive amizade e confiança e decerto que sentirei a falta da sua presence entre nós. Muitos agora realçarão as suas virtudes, quando em vida só lhe punham defeitos e isso porque esqueceram que ele além de ser padre era Homem...


COLABORAÇÃO

Ao amigo Moreno

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epressão é uma palavra perigosa, penalizante. Ao penetrar-nos a pele, se acaso nos nica os nervos, pode dar-nos cabo do miolo em tempo nenhum. Ganha um poder dos diabos quando se infiltra na mente pela banda do avesso como um feio bicho de sete cabeças danadas para nos estragarem a saúde. 2014 não me deixou saudades. Sempre fui um rapaz animicamente saudável até ao dia em que perdi minha mãe, há coisa de quatro meses. Após anos e anos de memórias doces, meladas em aconchego mútuo, não estava preparado para o azedo do vazio. Deprime demais. Também não creio que a diáspora lusa estivesse preparada para a partida súbita do seu prolífico cronista de já mais de meio século, o nosso saudoso Ferreira Moreno. Era duma simpatia à parte e tenho a certeza absoluta de que não tencionava ausentar-se assim, sem mais nem menos. Ao volante do seu carro, sentindo-se indisposto, avagou para a berma da estrada e entregou as chaves ao Criador. Serviu-O durante cinquenta e seis longos anos de dedicado múnus sacerdotal. Nado e criado na então vila da Ribeira Grande, José Ferreira foi um dos muitos meninos micaelenses matriculados no Seminário Episcopal de Angra do Heroísmo, logo após a segunda guerra mundial. Gabava-se de ter tido então excelentes professores responsáveis pela sua sólida formação académica que, ao longo de largas décadas, lhe alimentou o irriquieto ‘bichinho’ da escrita – paixão que dominou a sua vida.

lucianoac@comcast.net

era uma preciosidade de pessoa. Paroquiava em San Leandro quando cá me radiquei no início da década de oitenta. Comungávamos esse bichinho e, a partir daí, estreitámos uma relação de particular amizade brindada com essa afinidade de rabiscar crónicas para o jornal. Foram vários, no decorrer dos anos, os jornais da diáspora e dos Açores privilegiados com a subtil colaboração da distinta

por quem mais estimava. Por isso, partiu, altamente estimado, desta para melhor. O vácuo que deixa como cronista ímpar na imprensa da diáspora, a meu ver, é impreenchível. As suas qualidades e apetências eram únicas. O seu espólio, de facto, não tem par. Alberga horas, dias e serões prolongados de pesquisa e dedicação extrema às múltiplas vertentes da colorida alma açoriana. Os nossos costumes, valo-

mbcalado@aol.com

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Luciano Cardoso

pena deste humilde sacerdote que deixou marca relevante nas páginas e nas mentes das nossas gentes acolhendo-o sempre com um sorriso de agrado suplementar. Ferreira Moreno tinha esse condão na sua escrita: dispunha bem quem o lia. Para além dos seus mui apreciados artigos, dedicava regularmente tempo à delicadeza dos recortes de jornal que enfiava num envelope para enviar aos muitos amigos espalhados pelo mundo. Cultivava essa particularidade com empenho e carinho

Manuel Calado erreira Moreno, não era seu nome de batismo. Mas todos os leitores deste jornal decerto o conheciam por esse pseudónimo. As suas crónicas ormentaram as páginas do Portuguese Times e de muitas outras publicações como o Tribuna Portuguesa, e especialmente nos Açores por algumas dezenas de anos. Nas igrejas onde serviu, era conhecido como padre Ferreira, ou “Father Joe”. Era expansivo, falava alto, na língua do povo açoreano, e gostava de escrever. Escrevia crónicas sobre tudo o que lhe vinha à lembrança. E ultimamente, quase só recordações, lembranças as tradições da sua terra, da sua ilha, do seu povo e de muitos açoreanos que ao longo da vida se distinguiram. Pois como já todos sabem, Ferreira More-

Rasgos d’Alma

A meados dos longínquos anos sessenta, era eu ainda puto da escola primária, a senhora professora Dona Aurora encarregava-me de trazer os seus jornais, ‘A União’, depois de lidos, para a tenda do Ti Manel Sapateiro, meu vizinho que tambem gostava de os ler. Um dia abri um e lá notei o nome dum cronista que escrevia da Califórnia... assinando-se Ferreira Moreno. Moreno da pele, Ferreira de raíz, corisco bem amanhado naquele castiço sotaque que o afeiçoava à malta amiga, Father Joe

Do Tempo e dos Homens

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res e tradicões conheceram neste culto homem de bem um dos seus mais dinâmicos promotores na palavra escrita. Admira-me muito, por conseguinte, que os responsáveis governamentais lá da terra amada, tão generosos na distribuição assídua de penduricalhos por estas bandas, não lhe tenham prestado, em vida, a homenagem que bem mereceu. O que vale é que o carismático ‘Father Joe’ também pouco ligava a supérfluos salameques que pouco ou nada lhe diziam. Elogios ocos e palmadinhas nas costas não eram com ele. O que tinha a dizer, dizia, cara a cara, sem redundâncias escusadas. Tal e qual como escrevia, de forma simples, escorreita e direta ao coração ‘emigramado’ de todos nós. Claro que houve quem o criticasse e acusasse grosseiramente de pecadilhos por sarilhos algo obscuros. Como se um padre não fosse gente, que se coça e (res)sente. (“Pois é! C’mas coisas é!”, gostava de gracejar o nosso defunto amigo). Felizmente, muito mais houve quem adorasse e aprecie todo o seu valiosíssimo contributo em prol da açorianidade que nos congrega na lata dispersão da diáspora. Marcaste uma era, de forma indelével, meu bom amigo. Vais deixar muitas saudades – cá na Tribuna, bem como no coração de tantos quantos te liam e recordam com um sorriso inapagável. Tocaste-nos de forma inesquecível. Que a tua alma descanse em paz.

Ferreira Moreno

no faleceu, repentinamente, no carro que conduzia, e que ele teve ainda o senso de estacionar à beira da Estrada, onde foi encontrado, provávelmente, pela polícia de viação. Encontrei o Padre Ferreira apenas uma vez, aquando de uma visita aos Açores. Mas o nosso contato nas páginas do PT, era semanal. O Manuel Adelino Ferreira, então director, se encarregou de acantonar a nossa “coluna” na mesma página, onde as nossas fotos passaram a olhar uma para a outra, durante muitos anos, até à hora do seu passamento. Depois da reforma, o Padre Ferreira vivia só, e a sua principal distração, era escrever para várias publicações, aqui e nos Açores. Julgo que por princípio, Ferreira Moreno não “proselitava”, nem a fé era, obrigatoriamente, tema dos seus escritos.

A sua formação de cunho liberal e democrático, ditava-lhe outro caminho, o da literatura e especialmente do jornalismo. As suas crónicas, abundam no espólio de numerosas publicações. Apesar do mínimo contato pessoal que tivemos, Ferreira Moreno nutria por mim uma simpatia a que eu talvez não soube corresponder como devia. Escrevia-lhe uma ou duas vezes por ano, especialmente para lhe agradecer os bilhetes que me enviava pelos meus anos e pelo Natal, e especialmente os recortes de todos os meus artigos que ele encontrasse em publicações, aqui ou dos Açores. Precisamente no dia anterior à sua morte, recebi uma carta sua, com o recorte duma crónica minha publicada no único jornal Português da California. Quando o professor Onésimo Almeida me informou da sua morte, fiquei estupefacto. Por acaso tinha ainda a sua carta em cima da mesa, mesmo em frente de mim. Como vêem, a vida, é um fenómeno magnífico, mas cheio de imprevistos. Quem havia da dizer que o Ferreira Moreno, das crónicas semanais do Portuguese Times, havia de desaparecer tão subitamente. Que, às vezes, a partida súbita, sem grande esteiral de sofrimento, é o melhor presente que a morte pode oferecer a qualquer ser

humano, cujo comboio chegou ao fim da linha e parou na última estação. Resta-me, a mim e a todos os que apreciavam as suas crónicas açorianas, desejar aquele nosso amigo, que descanse em paz.


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Água Viva

Ao Cabo e ao Resto

filomenarocha@sbcglobal.net

victor.dores@sapo.pt

Filomena Rocha

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Adeus Amigo, Father Joe

or muito Cristãos que sejamos, e neste caso Católicos, com promessas de Eternidade Feliz, será sempre difícil a despedida final, a um parente chegado ou afastado, amigo ou amiga, para nunca mais, pelo menos nesta vida. Ao saber do falecimento do Rev. Padre José Ferreira Moreno, foi como se não fosse verdade, talvez porque foi repentino. Sempre nos esquecemos que nunca sabemos nem o dia nem a hora. E a hora chegou para o amigo Ferreira Moreno, de quem me habituei a ler os seus escritos, as suas incessantes pesquisas dos mais diversos assuntos, que nos traziam à memória do tempo, os que nem ao tempo pertenciam ou pertenceram. Eu tive, e ainda tenho muita admiração e respeito por esse - “Corisco” como às vezes eu o chamava, por ser micaelense - pela sua paciência incrível de pesquisar os mais díspares assuntos e pormenores de vidas de pessoas e lugares mais desconhecidos das gentes. Ferreira Moreno fazia, com as suas crónicas, despertar a curiosidade dos menos letrados e pachorrentos para indagar o que quer que fosse. Desde que vivo por nesta cidade de San Jose, e o encontrei celebrando Missa, na sua Igreja Paroquial de San Leandro, em diversas Organizações e festas particulares, em que eu fosse cantar, tinha sempre uma palavra agradável para comigo e o meu marido, mas a nossa amizade firmou-se mais quando eu me tornei Editora de Tribuna Portuguesa, e ele nos visitava na Redacção, para nos deixar os seus escritos, que naquele tempo, não havendo e-mail, chegavam pelo Correio ou pessoalmente e aproveitava para nos convidar sempre para o almoço no Restaurante Sousa, encontros que não serviam apenas de repasto, mas também como troca de impressões para o nosso trabalho no Jornal. Entretanto, o Padre Ferreira Moreno gostava também que eu lesse as suas crónicas na Rádio, e eu com todo o gosto o fazia, lembrando lendas e pequenas histórias das nossas Ilhas, e pràticamente, todas as semanas eu recebia um envelope no correio, com mais uma ou duas histórias. Os meus ouvintes gostavam de as escutar. Até que a minha ausência na Radio fez a diferença. Eu limitei-me a transcrevê-las no Jornal, lendo-as muitas vezes, e outras tantas foram motivo de conversa entre mim e o Rev. Padre Leonel Noia, de quem depois fui Secretária durante

Victor Rui Dores

Das nossas incertezas e indecisões (com alguns exemplos práticos)

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ós, lusitanos, somos dados a profundas indecisões e a basilares incertezas. Por exemplo: à pergunta “Como estás?”, respondemos invariavelmente: “Assim, assim”; “Mais ou menos”; “Vai-se andando”; “Vou escapando”. Raramente dizemos: “Estou bem” ou “Estou muito bem”, e “Estou mal” ou “Estou muito mal”. É inata a nossa tendência para a imprecisão. Se calhar porque não gostamos de nos enganar: -Como está o tempo? -Não está frio, mas também não está calor.

13 anos. Numa dessas conversas, ele disse-me do muito que admirava o Rev. Padre José Ferreira. Até que num desses dias de Céu nublado, que envolveu a nossa Igreja, ao aperceber-me dessa pouca disposição, eu referi isso mesmo, da admiração do fiel leitor que ele era das suas pesquisas e nesse instante lhe vi um brilhozinho nos olhos. Devo dizer que deveras me senti uma pessoa feliz, por ter contribuído para uma melhor relação entre duas pessoas que até se admiravam mùtuamente. Os anos passaram, e o tempo altera tanto as nossas vidas. Cada vida deixa as suas memórias, consoante o que cada ser humano fez dela dentro do destino que Deus lhe deu. O Rev. Padre Joseph A. Ferreira, natural da Ilha de São Miguel, ordenado Sacerdote a 6 de Janeiro de 1959, na Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas, Ferreira Moreno, como muitos o conhecem na Comunicação Social, partiu da nossa companhia física, mas deixa-nos muitas histórias de pesquisas que fez, em muitos jornais diferentes, que ainda muita gente não leu. Descanse em Paz, junto de Deus, a Quem durante muitos anos serviu.

Afina pelo mesmo diapasão a nossa juventude. Diariamente sou confrontado, na minha escola, com tiradas como esta: -Correu bem o teste? -Podia ter sido pior. E depois existem aqueles diálogos falhados que constituem o paradigma da incomunicação perfeita, da surdez integral: - Vais à pesca? -Não. Vou à pesca. -Ah, pensava que ias à pesca. De resto, a língua portuguesa

presta-se a este tipo de incomunicação: -O barco já chegou? -Se queres que te diga, não sei. E sinto vontade de dar bofetadas quando me perguntam o óbvio. Por exemplo: quando estou de férias na minha Graciosa ilha, é habitual fazerem-me esta pergunta: -Estás cá? Ao que muito polidamente respondo: -Não, estou em Nova Iorque… Há aquele outro exemplo clássico de dois casais portugueses que se encontram num bar. O

primeiro pergunta: “Onde é que vocês vão logo à noite?” E o outro esclarece, fulminante: “Vamos sair”. Riposta o outro casal: “Para onde?” Dão-se as coordenadas: “Vamos aí a um sítio qualquer”. Pronto. E eles? “Ó pá, nós em princípio também estávamos a pensar em ir aí beber um copo”. “Aí onde?” Resposta: “Aí a qualquer lado”. “Então está bem. A gente vê-se por aí”. E assim se combinam grandes e profícuos encontros…

No relativismo subjacente ninguém nos leva a palma: -O filme é bom? -É… dentro do género. E, em matéria de ambiguidade e de subentendidos, somos mesmo mestres: -Vou ali fazer uma coisa que tu não podes fazer por mim… Por via dos nossos vaticínios fracassados, lançamos dúvidas ao ar: -Então, o Benfica vai ser campeão? -Eu já não digo nada… E há aquelas perguntas desnecessárias que fazemos nos restaurantes: - O goraz é bom?

O empregado é obrigado a responder que sim, mesmo que quisesse recomendar um peixe melhor… E, com toda a certeza, somos o único povo no mundo que assim chama os empregados de mesa: -Psst… Isto é que é falar português direito e que se entende…


COLABORAÇÃO

Ferreira Moreno - a voz emocional da solidão

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costume dizer-se que a má notícia raramente paga multa pelo seu excesso de velocidade. Mal acabara de completar a viagem Palm Springs/Boston (com destino a Fall River, a fim de cumprir a voluntária incumbência de actuar como ‘avô-natal’, no convívio familiar) fui cordialmente informado do falecimento do estimado amigo, padre Joseph Ferreira – autor da veterana coluna Repiques da Saudade – presença assídua na imprensa da diáspora lusófona, sob o conhecido pseudónimo “Ferreira Moreno”. Atrevo-me a acreditar que a Comunidade Açoriana está de luto. Enquanto não chegar o dia em que o nosso relacionamento pessoal possa ser descrito com base no bom-senso fraternal que ele bem merece, hoje, vamos apenas recordar à vol d’oiseau alguns aspectos do seu humanismo cristão... Na alvorada da década de 1990, aconteceu a agradável surpresa de conhecer, pessoalmente, o padre Joseph Ferreira, durante um breve convívio na residência de um amigo-comum (doutor João Botelho, Westport, Massachusetts). Até então o nosso relacionamento limitava-se à ‘vizinhança colunista’, nas páginas da imprensa luso-americana. Entretanto, a nossa amizade foi ‘amadurecendo’, sem ficar cativa da vigilante corja amiguista que detesta a autonomia do talento individual… Logo que teve conhecimento do endereço da minha nova experiência imigrante, na região sudoeste da ‘sua’ Califórnia, o amistoso Ferreira Moreno resolveu enviar o seu postal de boas-vindas, bem como recortes de antigos artigos da minha autoria, publicados na imprensa micaelense; além disso, não demorou a oferta do volume intitulado “Beckoning Desert – Impressions of the sunlit land, its people, its miracles old and new”, da autoria de Edward Mad-

din Ainsworth, reconhecido jornalista especializado na realidade geo-humana do Coachella Valley. E assim continuámos o nosso percurso amigável: as frequentas conversas telefónicas eram perfumadas pela espontaneidade verbal, sem todavia vulgarizar a fraternidade do nosso ideal cristão; de resto, a nossa comunicacão era exercida através do estilo ‘bilhete-carta’, como é o caso daquele que guardo, datado de 1 de Dezembro do ano findo, em que referia o desejo de ‘Happy Birthday’, informando também que se deslocara à Fricke Parks Press, em Union city, para juntar algumas exemplares do ‘Tribuna Portuguesa’ acrescentando: “aí vai o recorte do teu MEMORANDUM – desta feita vem na página 9… o Moreno continua na página 12…”

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ontinuo a falar por mim (mas não me sinto sozinho): o estimado Ferreira Moreno foi um incansável evangelista da Novo Testamento da açorianidade comovida a Oeste. Sem complexos aristocráticos de baronia filosófica, Ferreira Moreno sabia manusear (com experimentada espontaneidade e autenticidade linguística) os valores tradicionais da nossa inesquecível Terra. Ora, como o solitário sacerdote não aderiu a qualquer religião electrónica, nem se dedicou ao culto da arte de investir nas mordomias do patronato cultural, podemos concluir que o estilo e as prioridades da sua Obra foram porventura apreciados (ou tolerados) mas sempre à boca-calada… Ora, como já foi publicamente confirmado pela leitura dos factos, o reverendo padre Joseph Ferreira teve a ventura de “emigrar” para a eternidade, sem magoar o seu semelhante. Todavia, a memória do cronista Ferreira Moreno vai continuar acesa, e talvez consiga iluminar o cinzentismo da indiferença micaelense. A municipalidade da Ribeira Grande já mostrou ter

Santos-Robinson Mortuary San Leandro

a sensibilidade bem afinada para cuidar da real valia do seu património memorial. Se o reverendo padre Joseph Ferreira interrompeu o seu sac-

Memorandum João-Luís de Medeiros jlmedeiros@aol.com

erdócio, nada sabemos! Todavia, vamos acreditar que o seu irmãogêmeo, Ferreira Moreno, continua connosco… Bom Ano! Haja Vida!

Manuel Cabral ORGANISTA • VOCALISTA

Musica Bem Portuguesa e Inglesa

Contacto: 562.924.3509

www.radiolusalandia.com Sábados - das 12 - 4pm Domingos - das 9 - 11am

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15 de Janeiro de 2015

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges d.borges@comcast.net A mudança não virá se esperarmos por outra pessoa ou outros tempos. Nós somos aqueles por quem estávamos à espera. Nós somos a mudança que procuramos. Barack Obama, 44° Presidente dos EUA

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á precisamente 6 anos, na friíssima manhã do dia 20 de Janeiro de 2009, estava eu, com os meus dois filhos, Steven e Michael, junto ao Capitólio em Washington para testemunharmos a tomada de posse do primeiro afro-americano eleito Presidente dos Estados Unidos da América. Nunca, na minha vida tinha presenciado um acontecimento tão marcante. Nunca vi Washington cheio de tanta gente. Ficámos em Richmond, no estado de Virginia e para estarmos em Washington antes da cerimónia, que começava às 10 da manhã, tivemos que levantarmo-nos às duas da madrugada e fazer um percurso que normalmente levaria menos de duas horas, em 7 horas e pouco. Foi um dia de muitas emoções. Acima de tudo foi um dia de muita esperança. Acre ditava, veementemente, quer pelo

percurso que tinha acompanhado, quer pelos livros que tinha lido, quer pelos testemunhos que ouvia e via, que Barack Obama seria um Presidente transformante. Um líder que continuaria bem perto do cidadão comum. Seis anos mais tarde, e apesar de nem sempre concordar com as suas decisões, posso afirmar, categoricamente, que Barack Obama, transformou a América. O país está muito melhor do que estava há seis anos. Apesar de ter sido maliciosamente atacado pela direita americana; apesar de duas horas depois de ter sido empossado, o novo líder do Senado, o antiquíssimo Senador Mitch McConnell ter afirmado que a prioridade principal do Partido Republicano seria a de "destruir Obama"; apesar de ter tido a FOX News continuamente a propagandear, 24 horas por dia, contra a sua presidência, inventando as mais disparatadas acusações e teorias conspiratórias; apesar das nefastas manifestações de puro racismo vindas das hostes mais conservadoras da direita (incluindo de alguns elementos reacionários nas nossas comunidades portuguesas nos EUA); apesar de ter que lutar contra o apedeutismo de quem

Precisa de Novo Dono Este popular restaurante alcançou a sua idade de Ouro de 25 anos e o seu proprietário gostaria que uma entusiasta familia pudesse continuar a manter este popular restaurante. Este tipo de negócio pode muito bem ser alterado para um restaurante Cal-Mex ou continuar a servir bifes e mariscos, como sempre o têm feito. Este restaurante foi e continua a ser uma operação de muito sucesso. Tem bar, terraço, sala de jantar, sala de banquete e licença de álcool. Também tem um amplo estacionamento. A razão da venda é devido ao seu dono querer reformar-se. Para mais informação e para visitar o restaurante, contactar Frank Machado 209-918-2855 entre as Quartas-Feiras e Domingos.

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Um Presidente Transformador

Caminhando para o verdadeiro ideal americano insiste em votar contra os seus interesses económicos, o Presidente tem, ao longo dos últimos seis anos, transformado a América e ao fim e ao cabo, não foi a transformação apocalíptica que tanto se apregoou. Hoje, a América vive e respira muito melhor do que o fazia a 20 de Janeiro de 2009. A esperança voltou a ser vocábulo americano. Podíamos estar aqui a numerar uma litania de leis que vieram mudar a América. Algumas que ainda hoje estão a ser navalhadas pelos conservadores, são, indubitavelmente, mesmo com a nefasta propaganda, leis transformadoras. Primeiro, e acima de tudo, temos a lei de reestruturação da saúde publica, a denominada Obamacare. É bom recordarmos que a lei, apesar de ter algumas imperfeições (mostrem-me uma lei perfeita, por favor) fez com que ao começarmos 2015, mais de 15 milhões de cidadãos americanos têm um plano de saúde do que no começo de 2014, calcula-se que este ano o numero poderá ultrapassar 22 milhões dos 38 milhões que nunca tiveram um plano de saúde. Mais, apesar das meias-verdades vendidas pela FOX e os seus acólitos no Congresso, o CBO (Congressional Budget Office) indica que os custos nacionais relacionadas com a saúde têm decrescido e que dentro de dois anos a lei será um autêntico sucesso. Daí que, tal como afirmou recentemente o Nobel em Economia Paul Krugman, já não há mais que travar e a América caminha para o pior pesadelo da direita americana: um país onde toda a gente poderá ter acesso à saúde. Eco as palavras de Krugman, num artigo para o Rolling Stone: o Obamacare transformou a América. Estamos muito melhores com o Obamacare. Um dos aspetos mais significativos em qualquer presidência desta nossa era do pós-modernismo é, infalivelmente, a economia. Para o bem ou para o mal, os inquilinos da Casa Branca são avaliados pelo estado da economia, mesmo numa economia de mercado como, supostamente, é a economia americana. Daí que, mesmo os membros mais conservadores da direita, que se dizem apologistas de uma economia laissez faire, culpam (mas nunca elogiam) o chefe do executivo pelo andar da situação económica da nação. Aliás, a hipocrisia da direita vai ao ponto de, há dois anos, quando a economia ainda estava em maus lençóis, culpar todos os males no Presidente Obama. Hoje, que estamos em total recuperação, os mesmos porta-vozes dizem-nos que o Presidente nada tem a ver com a situação económica. Nem que as politicas de Barack Obama não tives-

sem salvo a industria automóvel, a construção civil, repercussões na descida no preço do petróleo, conservado as instituições bancárias (apesar de algumas, na minha perspetiva, merecerem desaparecer) e criado, durante 60 meses consecutivos, inúmeros postos de trabalho. Aliás, convém relembrar que mesmo em 2010, quando a economia ainda não tinha recuperado, só nesse ano, o país criou mais postos de trabalho do que durante os 8 anos da presidência de George W. Bush. Segundo todas as estimativas económicas, o PIB americano terá, em 2015, o maior crescimento dos últimos 20 anos. Isto é mais do que esperança, é, a como escreveu algures o presidente: ao enfrentar as situações impossíveis, as pessoas que amam o seu país podem mudá-lo

E

stará a América a viver um oásis económico nos próximos dois anos? Nem pensar. Ainda temos uma grande percentagem de iniquidade, das maiores do mundo ocidental. Ainda há quem sofra economicamente. Porém, se o Congresso aprovasse alguns dos projetos lei apresentados pela administração para modernizar o sistema de transportes públicos, as pontes e as autoestradas, os aeroportos e o ensino publico, teríamos, seguramente, e em escassos meses, a maior expansão económica desde a segunda guerra mundial. Mas isso não dá certo aos Republicanos em 2016. Daí que, se houve obstrução do Congresso durante os últimos seis anos, e que impedimentos, nos próximos dois, Barack Obama terá que, forçosamente, governar e continuar a mudar a América, a renovar a esperança, através de decretos presidenciais. Mais, a América tem mudado, muito mesmo, durante os últimos seis anos em termos sociais. Se é verdade que a eleição do primeiro afro-americano para o cargo mais alto do país não veio, infelizmente, acabar com o racismo que é inerente em muitos setores desta sociedade, não é menos verdade que devido à postura e candura de Barack Obama, em muitos assuntos pertinentes e alguns extremamente controversos, somos hoje, aqui nos EUA, uma sociedade mais aberta e mais tolerante. Caminhámos imenso em aceitar as pessoas que têm outras opções diferentes das nossas. Em vários

campos, os Democratas, que favoreciam esta abertura social, estavam na retaguarda. Tal como disse o Professor Krugman, no seu texto para o Rolling Stone, estavam sempre a jogar à defesa em termos de progresso social. O Presidente, como o seu estilo único e cerebral, com a sua crença religiosa que não é fanática, soube, pouco a pouco, permitir que os Democratas acompanhassem, o que ao fim e ao cabo estava a acontecer na sociedade em geral, ou seja: os jovens adultos querem uma outra abertura, querem um mundo mais justo e querem não só a tolerância, mas a aceitação, em pé de igualdade, para todos, independentemente da sua orientação sexual, da sua religião, da cor da sua pele, da sua etnicidade ou do seu estatuto económico. Dir-me-ão: mas há jovens muito retrógrados. É verdade! Concordo! Conheço alguns, mas são uma minoria e, infelizmente, sempre houve jovens que estivessem no lado errado da história e do progresso humano. A certeza é que a vasta maioria dos jovens querem outro mundo e Barack Obama, com uma forte ligação aos jovens adultos tem permitido essa mudança. Argumentaria, que apesar de ainda haver muito que fazer, de concordar que os próximos dois anos serão demasiado importantes para o seu legado como Presidente da ainda mais poderosa nação no mundo (poderosa não apenas economicamente falando, mas em termos de justiça, de inovação, de criatividade, de oportunidades) Barack Obama, considerando o que herdou quando chegou à Casa Branca, considerando o tratamento abominável que teve dos Conservadores, que questionaram tudo, desde a sua politica, ao seu patriotismo, à sua religião até à sua certidão de nascimento, foi, apesar de todos estes adversos, um Presidente Transformante. Ninguém, em condições tão espinhosas, teria edificado o que ele edificou. Bem haja aquela manhã fria de 20 de janeiro de 2009. É que apesar da política cínica da direita conservadora, o Presidente lutou e implementou uma política de esperança. Hoje os americanos estão, de novo, com olhos postos no futuro e no sonho que, se queremos, podemos!


Temas de Agropecuária

Egídio Almeida eialmeida@yahoo.com

Como se produziu leite por detrás da "cortina"

O

nosso último trabalho sobre a industria de laticínios foi dedicado a Wisconsin, e ao mesmo tempo encontrámos informações referentes à produção de leite em parte da antiga União Soviética que achamos interessante. Não é prática comun para os produtores de leite visitarem, ou se informarem do que se passa na Europa do Leste, e se familiarizarem com aquilo a que o mundo chamou “Soviet Union’s Wisconsin”. Moldova era a província da Roménia, ao Norte do Mar Negro, que foi conquistada por Stalin antes da Segunda Gerra Mundial, e foi uma “Dairyland” (terra de leite durante os tempos da União Soviética. Moldova foi base para mais de 1.2 milhões de vacas produtoras de leite, os seus solos produtivos são semelhantes aos solos do centro do Estado de Illinois e a topografia parece-se com o “Eastern South Dakota”. Além de milho, soja, beterraba, alfafa, girassol e trigo, tem vinhedos e pomares de frutos variados e nozes, o clima é seco temperado, e a época produtiva é longa e é verdadeiramente uma zona premiada para a agriccultura. Moldova é ao mesmo tempo o País mais pobre da Europa. Mais de um terço do seu GNP vem dos seus cidadãos que trabalham fora do País e enviam as suas reservas às suas famílias. A maioria dos Moldovans vive com menos de $1,000.00 por ano. Quando um perito da agropecuária americana visitou recentemente a Moldova, verificou que o numero de vacas produtivas caíu para apenas cerca de 10,000.00 e Moldova não produz o suficiente para o seu mercado interno, enquanto a industria de laticínios se prepara para produzir mais, olhando estes numeros é difícil imaginar uma rápida subida, e a recuperação do titulo de “Soviet Union’s Wisconsin”. Em muitas aldeias havia buracos nas ruas e estradas suficiente fundos para sepultar uma carrinha até ao topo da sua cabine. Olhando em volta podia-se ver ainda o dia em que a União Soviética deixou de existir 20 anos antes. Máquinas agrícolas tinham sido estacionadas numa tarde e nunca mais usadas, produções de leite coletivas que no passado albergaram entre 100 e 1000 vacas, por unidade, estavam em completa ruína. Como pode uma desafortunada ocorrência como esta acontecer num País onde as ofertas naturais existiam e entre os mais culturalmente educados cidadãos do mundo. Um antigo gerente de uma operação coletiva explicou que na sua opinião estava prevista a decadência coletiva por largos anos antes da final derrocada. Moldova perdeu completamente a sua industria de laticínios com a total ruína da economia a nivel nacional, devido ao desfuncionamento do governo, factos que não eram imagináveis e demasiado chocantes para a imaginação dos Americanos.

Kosovo é de uma beleza extrema com planícies e cordinheiras, completamente cercadas por montanhas cobertas de neve, o clima é temperado devido a influência do mares Mediterrâneo e Adriático. Kosovo foi formado para pastar os animais, nas encostas das suas montanhas, tais como, ovelhas, cabras e gado de carne ou leite, misturado com diversas pequenas produções agrícolas de milho, misturas de forragens, aveia, cevada e trigo. À distancia, Kosovo parece perfeito para uma fotografia natural. Até que o visitante percorra as suas estradas com curvas e contra curvas, os que pereceram durante as guerras foram sepultados mesmo aonde foram assassinados, em todas as direções se vêem sepulturas, nenhuma famíilia foi poupada aos horrores daquela terrível carnificina. Dois irmãos que trabalhavam a terra juntos convidaram o jornalista americano, J. Kappelman, a subir a encosta da montanha fronteiriça à sua residência e antigo negócio, agora coberto de ervas daninhas, e explicou-lhe: foi aqui que nos escondemos com a nossa família quando os soldados vieram e mataram o nosso gado, queimaram as nossas casas e estábulos até ao chão. Esmagaram os nossos tratores e maquinaria. Nós assistimos a tudo isto, o nosso trabalho e sacrificio desapareceu diante dos nossos olhos. Kosovo tinha sido a província mais ao Sul da Serbia, um dos Países que incluia a antiga Yugoslavia. Mesmo que esta fosse comunista, o tipo de comunismo praticado era muito mais localizado. Possuir terras ou agricultura privadas nao tinham sido abolidas. Depois do seu líder morrer, a Yugoslavia foi dividida em diferentes Países étnicos das Balcãs: Serbia, liderada por Slobadan Milosevic, tomou o controle das Forças Armadas da antiga Yugoslavia e assumiu durante anos a limpeza étnica da população muculmana moderada nos Países vizinhos. Depois de finalmente ser expulso pelas Nações Unidas na Bósnia, ele levou a pior carnificina étnica ás suas populações rurais e agrícolas com abusos sexuais, queimando, matando e destruindo a agricultura animal. Finalmente os Estados Unidos tomaram acção, convencidos de que o Mundo já tinha esperado demasiado tempo para intervir na Bosnia, depois de alguns meses as Nações Unidas chegaram e iniciou-se a longa e dificil caminhada para a democracia. Se é possivel para alguém amar mais os Estados Unidos que os Americanos, poderia ser os Kosovanos. Fotografias de George Bush e Bill Clinton estão expostas em lugares de honra nas escolas públicas lado a lado com igual reverência, pelas suas iniciativas para salvar o Kosovo e mantê-lo salvo.

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15 de Janeiro de 2015

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

O

escritor faialense António de Lacerda Bulcão (1817-1897) esteve de passagem na ilha do Corvo em julho 1842. As impressões dos cinco dias da sua estadia encontram-se transcritas no Volume XI do “Arquivo dos Açores.” Cativaram-me as referências relembrando o amistoso convívio entre o Vigário da ilha (sic) e o pirata Almeidinha, que rondava os mares dos Açores nos anos 1819 e 1820 e abastecia-se no Corvo. Entretanto, e incompreensivelmente, Bulcão descuidou-se em apresentar dados biográficos identificando esse par de protagonistas. No caso do Vigário entendo tratar-se do padre João Inácio Lopes, mencionado pelos irmãos Bullar, hospedados na casa paroquial de 23 a 24 d’abril 1839. (Um Inverno nos Açores e Um Verão no Vale das Furnas). O padre Júlio da Rosa anotou que “o pirata Almeidinha fazia comércio com os corvinos, o que muito os favorecia. Servia então de intermediário o pároco (nascido em S. Jorge) que ali residida.” (A Cidade da Horta, Primeiro Tomo, Página 348, Edição 1989). Em verdade, João Inácio Lopes Bettencourt (nome completo), natural do Toledo, S. Jorge, havia sido nomeado p’rà ilha do Corvo em 1791, ali permanecendo até falecer em 1853. (Padre Lourenço Jorge, Notas do Corvo, Edição 2001). P’ra identificar o Almeidinha entrei em contato com Pedro da Silveira (1923-2003), de quem fiquei a saber que, presumivelmente, o Almeidinha era micaelense, natural de Rabo de Peixe ou Vila Franca do Campo. Teria sido recrutado como corsário em Baltimore, Estados Unidos, servindo os interesses da Argentina e Venezuela na luta de indepedência contra o domínio de Espanha. Acudiu-me então à lembrança que, entre 1808 e 1816, o movimento insurgente na América Latina havia falido, exceto na área do Rio de la Plata, mas entre 1816 e 1825 a independência estava finalmente assegurada. Ocorreu-me também à lembrança que, em novembro e dezembro 1818, o pirata francês Hippolyte de Bou-

Recordando

Corsário Micaelense

chard, navegando ao serviço da Argentina havia atacado a Califórnia simplesmente por ser possessão espanhola. No dizer de Pedro da Silveira, o Almeidinha aparentemente odiava os espanhóis, que o haviam maltratado numa prisão em Cartagena (Colômbia). Tão destemido era o Almedinha que até se atrevera atacar e afundar navios no porto espanhol de Cádiz. Muitos outros corsários açorianos foram recrutados nos Estados Unidos, mas Almeidinha foi certamente o mais famoso. Acerca dessa situação, Peter Uhrowczik escreveu: “Embora o governo dos Estados Unidos se mantivesse neutro na revolução hispano-americana, o porto de Baltimore continuou a fornecer navios e tripulações aos corsários, inflingindo devastadores prejuízos ao comércio de Espanha. Por exemplo, o Capitão Almeida, um Português-Americano ao serviço dos insurgentes de Buenos Aires, inspecionou 167 navios no alto mar e confirmou que 24 eram inimigos. Almeida incendiou 5, devolveu 9 e mandou 7 p’ra Buenos Aires e 3 p’rós Estados Unidos.” (The Burning of Monterey, Edição 2001). Em 2007, por feliz acaso, tive a boa fortuna de ler o bem elaborado artigo “Joseph Allmeida, Portrait of a Privateer, Pirate & Plantiff”, assinado por Jeffrey Orentstein e publicado em “The Green Bag”, Second Series, Spring 2007, Volume 10, Number 3. Visto ser restrito o espaço reservado a este recordando e o artigo exceder uma centena de páginas, serei sucinto na minha narrativa. Apraz-me confirmar que Joseph Almeida teria emigrado dos Açores p’ra Baltimore em 1796, obtendo a cidadania americana e iniciando a carreira de corsário. Foi pai de 10 filhos e grangeou honras de herói nacional, capturando cerca de 35 navios britânicos nos anos após o Congresso norte-americano ter declarado guerra contra a Inglaterra em 1812. No inverno de 1814 o Capitão Joseph Almeida notabilizou-se ao atacar audaciosamente um combóio de nove embarcações e uma fragata britânica, alcançando esmagadora vitória com a debandada dumas e

captura doutras. Porém, após a cessação das hostilidades em 1815, Almeida foi surpreendido ardilosamente por tropas espanholas em Cartagena (Colômbia), e bru- talmente espancado juntamente com os seus compa- nheiros. Eventualmente posto em liberdade, Almeida retomou o comando de corsário ao serviço dos países latino-americanos na luta contra o domínio colonial de Espanha. Almeida perseguiu ferozmente embarcações espanholas e atacou portos inimigos, incluindo Cádiz. Finalmente, em 1827, foi capturado pelos espanhóis e encarcerado no Forte El Morro em San Juan Bay (Puerto Rico), onde permaneceu até à execução e fuzilamento militar aos 14 de fevereiro 1832.

NOTA: Com todos sabem o nosso amigo e querido colaborador faleceu de morte repentina. No entanto ainda temos muita colaboração de Ferreira Moreno, por isso continuaremos a tê-lo nas páginas do Tribuna sempre que possível. Na foto acima pode-se ver a despedida dos seus amigos padres e bispos em San Leandro depois da Missa de Corpo Presente.


DESPORTO

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Liga Portuguesa Benfica a correr para ser Campeão LIGA J 1Benfica 16 2FC Porto 16 3Sporting 16 4V. Guimarães 16 5SC Braga 16 6Rio Ave 16 7P. Ferreira 16 8Belenenses 16 9Moreirense 16 10Marítimo 16 11Estoril 16 12Boavista 16 13Nacional 16 14Arouca 16 15V. Setúbal 16 16Académica 16 17Penafiel 16 18Gil Vicente 16

2ª LIGA

J 1Freamunde 22 2Tondela 22 3Benfica B 22 4Portimonense 22 5Chaves 22 6Oliveirense 22 7Feirense 22 8União 22 9FC Porto B 22 10Covilhã 22 11Beira-Mar 22 12Farense 22 13Sporting B 22 14V.Guimarães B22 15Académico 22 16Oriental 22 17Olhanense 22 18Leixões 22 19Atlético 22 20SC Braga B 22 21Aves 22 22Santa Clara 22 23Marítimo B 22 24Trofense 22

V 14 11 9 9 8 6 6 6 5 6 4 5 4 4 4 1 3 1

E 1 4 6 4 4 6 5 5 6 2 7 1 3 3 2 9 2 6

D 1 1 1 3 4 4 5 5 5 8 5 10 9 9 10 6 11 9

G 37-7 39-8 30-12 26-13 26-11 21-16 21-21 15-18 14-15 21-20 19-25 13-29 13-21 10-24 10-27 11-21 12-32 11-29

P 43 37 33 31 28 24 23 23 21 20 19 16 15 15 14 12 11 9

V 11 10 10 10 9 10 10 9 9 9 8 7 8 8 7 7 7 7 5 6 5 4 6 4

E 7 9 8 8 10 7 5 6 5 5 6 8 5 4 7 7 6 4 8 7 8 9 3 4

D 4 3 4 4 3 5 7 7 8 8 8 7 9 10 8 8 9 11 9 9 9 9 13 14

G 26-11 30-23 43-28 31-23 29-22 28-23 32-28 28-22 36-26 30-23 27-27 20-20 25-26 38-36 28-29 24-26 26-33 23-33 33-32 28-34 21-32 19-27 21-41 17-38

P 40 39 38 38 37 37 35 33 32 32 30 29 29 28 28 28 27 25 23 23 23 21 21 16

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Sporting em 3º lugar

Sporting sobe ao terceiro lugar Os "leões" esperaram pelo último minuto do tempo de compensação para marcarem, num livre perfeito de Tanaka, e chegarem ao terceiro lugar da Liga, por troca com o V. Guimarães.

Divino Espírito Santo, Vós que iluminais todos os caminhos para que eu atinja o meu ideal. Vós que me dais o dom Divino de perdoar e esquecer todo o mal que fazem e que em todos os instantes da minha vida estais comigo, eu quero neste curto diálogo agradecer-Vos por tudo e confirmar mais uma vez que nunca me quero separar de Vós por maior que seja a ilusão material. Não será o mínimo da vontade que sinto de um dia estar Convosco e todos os irmãos, na Glória perpétua. Obrigado mais uma vez. A pessoa deverá fazer a oração 3 dias seguidos e o pedido. Dentro de 3 dias alcançará a graça pedida por mais difícil que seja. Publicar assim que receber a graça. MFN

compensação, num livre perfeito apontado pelo japonês Junya Tanaka. • O atacante nipónico faz o seu primeiro golo na Liga, à 16ª jornada.

Benfica e Porto imitam-se

Jonas, Ola John e Gaitán fizeram os golos da vitória tranquila do Benfica por 3-0, em casa, sobre o V. Guimarães, resultado idêntico da recepção do FC Porto ao Belenenses. • SL Benfica vence por 3-0 em casa ante o até agora terceiro

Oração

• Sporting Clube de Portugal sobe ao terceiro lugar da Liga portuguesa, em troca com o Vitória SC, graças à vitória por 1-0 na visita ao SC Braga. • Único golo da partida surge no último minuto do tempo de

classificado Vitória SC e continua imparável no topo da classificação. • Jonas abre o activo para o Benfica aos 13 minutos, precisamente o número que Eusébio usou na camisola por Portugal no Mundial de 1966, em dia de homenagem ao "Pantera Negra" - quarto

golo do brasileiro na Liga portuguesa. in uefa.com


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COMUNIDADE

15 de Janeiro de 2015

Natal e Fim de Ano - festas bonitas

Nova Aliança, San José Em quase todas as nossas organizações portuguesas realizaram-se festas de Fim de Ano. Um agradecimento aos autores destas fotografias via facebook.

Festa rija no Newark Pavillion

Santa Cruz, Graciosa. Festa de Natal e anos de Raul Costa

Casa dos Açores em Hilmar

Como acontece todos os anos, o VALER ofereceu um almoço de Natal no Salão da Igreja de Nossa Senhora da Assunção em Turlock a todas as pessoas da terceira idade. De recordar que esta Igreja da Assunção transmite semanalmente via vídeo na internet as Missas Dominicais das 11:15 am e 6:00 pm, numa iniciativa da Voz dos Açores, de Euclides Alvares e da Rádio PortugalUSA, de João Manuel Dias. Caso inédito nas nossas igrejas da California.

Nova Direcção da Luso-American Education Foundation Executive Officers: Presidente - Frank X. Sousa VP of Education - Joann Malta-Weingard VP od Membership - Tisha Marie Cardoza VP of Fundraising - Bernica Pelicas VP of Public Relations - Liz Motta Treasures - Anthony Pio Adm Director/Secretary - Sara Rodrigues

Board of Directors: Chairman - Eduardo Eusébio Vice- Chair - John Perdigão Bernice Pelicas, Frank X. Sousa Jr., Deolinda Adão, Liz Motta, Francisco Alves, Francisco Cabrita, Joann Malta-Weingard, Nilza Bettencourt, Tisha Cardoza, Joseph Resendes, Manuel Bettencourt, José Luís da Silva (not pictured).


COMUNIDADE

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Núcleo Sportinguista do Vale de San Joaquin em Festa

Com casa cheia, realizou-se no Salão de Festa do GPS a Festa de Natal do Núcleo Sportinguista de Vale de San Joaquin, liderada por John Alferes, Elisa Martins (Tes.) e Carlos Rocha (Sec.). Os

vogais são Jorge Martins, Manuel Areias, Maria Alferes, José Freitas, Maria Areias, Tina Rocha e Frank Silva. A Assembleia Geral tem Tony Martins (Pres.), António Maciel (VP) e Connie

Areias (Sec.). Conselho Fiscal: Joe Sousa (Pres), Iria Martins (Sec.) e José Freitas (Relator).

Carlos Rocha, MC da noite. Apresentou a nova Direcção para 2015

A nova Miss Sporting, Odete Mancebo, acompanhada pelo Presidente de 2015, John e Maria Alferes

George Costa Jr e David Garcia

John e Maria Alferes, Odete Mancebo, Janell Moules, Iria e José Manuel Martins

George Costa Jr., Manuel Escobar e João Cardadeiro, acompanharam David Garcia, Angela Brito (embaixo) e o próprio George Costa Jr.


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COMUNIDADE

15 de Janeiro de 2015

Artesia D.E.S. - Passagem de Ano

Dançar, dançar, dançar...

Muita juventude nesta festa de fim de ano

Artesia D.E.S. encheu o seu bonito Salão no ultimo dia do ano com a musica do Conjunto 562 que acompanharam durante horas a linda voz de Sara Pacheco. Foi uma noite muito bem passada com um jantar bem servido. O Artesia D.E.S. na pessoa do seu Presidente, Paulo Meneses e dos seus directores estão de parabéns. No site do clube pode ler-se o seguinte: "O Artesia DES foi fundada em 1927 com a idéia de promover as tradições dos Português em Artesia. Ela surgiu após a fundação da Igreja Católica Sagrada Família, em 1925, pela Comunidade Português e pelo Padre Manuel Vicente, seu primeiro

Pastor. A primeira Festa do Divino Espírito Santo foi realizada em 1927, Missa foi dito no Edifício Frampton para os primeiros dois anos da festa, seguido de um desfile para o mesmo local em que o Artesia DES está hoje. Tendas de circo foram utilizadas como abrigo temporário para atender as “sopas do Espírito Santo“, até que o salão foi construído em 1935. O objetivo principal do salão Artesia DES é promover as tradições e o património portugueses através das mais diversas atividades realizadas durante todo o ano. A principal função da organização nos dias de hoje é manter a Filarmonica do Artesia DES e o Artesia D.E.S. Clube de futebol.

Aspecto geral do lado esquerdo do Salão

Elem


COMUNIDADE

mentos da próxima direcção 2015 do Artesia D.E.S. liderada por Antonio Aguiar Sara Pacheco e os 562 brilharam na ultima noite do ano

Aspecto geral do lado direito do Salão

Os heróis da cozinha, sempre na rectaguarda de qualquer festa, comandados por Manuel Aguiar

Conjunto 562

Elementos da direcção do Artesia D.E.S. de 2014, liderada por Paulo Meneses

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COMUNIDADE

15 de Janeiro de 2015

Feliz Ano Novo Genealogy Day -

Saturday, February 7th Sacramento The Portuguese Historical and Cultural Society of Sacramento (PHCS) is excited to announce a genealogy event for anyone interested in Portuguese genealogy. Time: 2-5PM Location: North Natomas Library 4660 Via Ingoglia Sacramento, CA 95835, near Inderkrum High School off of Del Paso Blvd. (not far off I-80) Speakers: Mary Ann Mars-

hall - PHCS president and me, Doug da Rocha Holmes - PHCS board member & professional genealogist Mary Ann plans to speak on basic genealogy research for about 20 minutes I will speak the rest of the time on using DNA testing to help with your genealogy research, and take questions on anything else related to Portuguese genealogy. Price: FREE The price is nothing because it's a public library and we can't charge, so instead we will be accepting do-

nations that 100% will go towards PHCS activities of the future. Room capacity is about 75, and since it's free, it could easily fill up. Please let me and/or Mary Ann Marshall know if you plan to come and how many will be in your party. I will look forward to meeting some of you there. More details will be posted later. Doug da Rocha Holmes Sacramento, California Terceira Genealogist 916-550-1618 Website: www.dholmes.com


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Joe da Rosa - Presidente da Toyota Motor Manufacturing, Texas, Inc. em San Antonio

Quase todos se lembrarão quando entrevistámos Joe da Rosa há uns anos, ainda ele era Vice-Presidente da Toyota Motor Manufacturing em Tecate, México. Foi uma visita muito interessante a uma fábrica de alto rendimento e que nos proporcionou conhecer um Homem do Pico que cresceu a pulso no mundo dos negócios. Passado não muito tempo Joe da Rosa tomou o lugar da Presidência deste grande conglomerado que é a Toyota. O seu trabalho tem sido sempre reconhecido a alto nível e em 2013 recebeu o convite para presidir à Toyota Motor Manufactu-

ring de San António, Texas. Nesta fábrica fabricam-se os Toyotas Tundras e Tacoma, que são desenhados na California. A produção é tão grande que os números impressionam. Em cada minuto do dia fabrica-se uma dessas carrinhas. Esta fábrica de San António tem 2,900 empregados directos e 15,344 indirectos num total de 18,244. Foi um investimento de $4.4 biliões de dólares. O investimento da Toyota nos Estados Unidos cresceu para $20.1 biliões. Esta companhia em conjunção com os seus ven-

Toyota Motor Manufacturing, Texas, Inc. San Antonio Vehicle Manufacturing Plant dedores e fornecedores geraram 365,000 empregos. Desde 1986 foram construídos 21 milhões de Toyotas. A Toyota e a Lexus oferecem 14 modelos híbridos. Mais de 2.2 milhões de carros híbridos foram vendidos até agora. Até hoje a Toyota doou mais de $700 milhões de dólares a organizações nonprofits através dos Estados Unidos. No Texas, contribuiram com mais de $15 milhões a organizações que in-

cluem: • American Heart Association • Boys & Girls Clubs of Greater Houston • Boys & Girls Clubs of Greater Dallas • Boys & Girls Clubs of San Antonio - Eastside Branch • El Centro del Barrio dba CentroMed • FIRST Robotics • PreK 4 San Antonio • University of Texas San Antonio

Sempre que sabemos notícias do Joe da Rosa dá-nos um prazer publicá-las. Quanto mais Joe's da Rosa existem em toda a nossa America? A Toyota e Joe da Rosa têm sido sempre um dos maiores patrocinadores da Rádio Televisão de Artesia (ver foto da festa de Aniversário da RTA em 2013). Tribuna Portuguesa foi mais uma vez convidado a visitar a fábrica da Toyota. Qualquer dia será.

Invitation to participate in a research project in connection with the Portuguese Community being organized by Thelma Pinheiro, M.S. My name is Thelma Pinheiro Rocha and I am a Doctor of Psychology student at the University of La Verne in La Verne, California and an active member of the Portuguese community in Chino, California. I am also a member of PFSA from Chino. I am currently in the midst of completing my dissertation study that focuses on the predictors of quality of life among Portuguese Americans. There continues to be minimal research focused on the well-being and psychological health of Portuguese Americans. As a Portuguese American, my hope is to bring forth awareness about our culture and the resilient factors within the Portuguese American population to improve the quality of services offered to this population. I am interested in identifying whether acculturation level, ethnic identity, and religiosity/spirituality predict the level of quality of life among

Portuguese Americans. I would like to ask for your organization’s support in this endeavor by requesting if your organization would be willing to publicize my dissertation to your organization (via a flyer and/or letter I can provide) either via your organization's social media pages, organization website, boards at the facility, or any other means to reach your community’s Portuguese American population. I am requesting assistance from various Portuguese organizations and clubs across the U.S. to assist me in this process. Participants will be asked to complete a survey that should take about 20-30 minutes to complete. Surveys will be available in Portuguese and English and via online or hardcopy. Participants will not need to identify themselves due to the confidential nature of this study. Participation is completely voluntary and individuals may

withdraw at any time. Individuals will also have the opportunity to win 1 of 8 $25.00 gift cards should they choose to participate. I have attached a flyer with information that can be used and the link to the survey. i appreciate your assistance in helping me with recruitment of participants. As noted previously, the study focuses on addressing whether acculturation, ethnic identity, faith, contribute to quality of life among Portuguese Americans. The hope is that this information will shed light on the important factors in our culture that contribute to our overall health. This information will help contribute to the minimal research on our culture and bring forth awareness to the public of our Portuguese community in America.

Link to survey: http://goo.gl/7wzXGL If you have any questions pertaining to this study, please feel free to contact me at Thelma.pinheiro@laverne.edu. I look forward to hearing from you. Thank you, Thelma Pinheiro Rocha, M.S. Clinical-Community Psy.D. Program University of La Verne Thelma.pinheiro@laverne.edu Thelma Pinheiro Rocha, M.S. University of La Verne Clinical-Community Psy.D., Student


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COMUNIDADE/OPINIĂO

15 de Janeiro de 2015

2014 - O positivo e o negativo de um ano de muitas mudanças Maria João de Ávila: O ano de 2014 que agora acaba de terminar, foi sem dúvida, um dos mais importantes na história recente de Portugal e dos portugueses. O aumento do salário mínimo nacional, a queda do desemprego no nosso país e o crescimento da nossa economia, são fatores de esperança que a todos deve orgulhar. O combate á corrupção no nosso país, a eficácia da justiça portuguesa e o trabalho de todos os operadores judiciários pela verdade e pelo cumprimento das leis, é tambem um dos grandes acontecimentos do ano de 2014 que quero sublinhar. No que se refere às Comunidades Portuguesas, fica a minha satisfação e alegria, porque o PSD , conseguiu depois de vários anos de impasse e com o meu pessoal empenho, resolver a siutação da mobilidade dos professores do ensino do português nos Estados Unidos, que são uma das grandes mais-valias da Portugalidade na sua expansão global. A vida peregrina do Papa Francisco e o seu exemplo no seio da Igreja, despegado da luxúria e de bens materiais, faznos entender que a vida pode ser diferente e ajudar-nos a motivar e a incentivar a Paz e a Concórdia entre todos os Povos e todas as Nações. Mas infelizmente em 2014 tambem tivemos muitos acontecimentos com uma dimensão mais trágica, desde logo a violência doméstica que continua a ser um dos grandes flagelos das nossas sociedades contemporaneas. A infeção pelo virus do Ébola que já matou mais de 10 mil pessoas em Africa,e destruíu tantas outras famílias, depressa foi renegado para segundo plano, assim que o dito primeiro Mundo, percebeu que poderia controlar a epidemia nas suas fronteiras naturais. Paira no ar uma espécie de Paz podre, arrepia-me saber que voltamos a assistir uma Guerra de palavras entre o Ocidente e o Oriente e o desrespeito pela soberania territorial de alguns países. A Guerra fria do Estado Islamico faz-me regressar aos anos 30 do século 20, durante a Segunda Grande Guerra Mundial, onde a ganancia pelo poder a todo o custo, causou a morte a milhões de seres humanos civis, que tal como hoje, apenas querem ser felizes e viver a vida.

João-Luís de Medeiros 2014 – Sucessos a) Há sinais visíveis do investimento na Educação dos Povos, face à urgência democrática de fortalecer a autonomia individual. A nosso ver, o Futuro precisa de um Presente diferente… O segredo está na preparação prévia da classe docente, inspirada na ciência e na arte de “aprender a ensinar”. b) Nos E.U.A., a Reforma do Serviço Nacional de Saúde apresenta-se como fenómeno irreversível. A saúde humana é um capital precioso que exige sistemática vigilância preventiva. As enfermidades humanas fazem parte da existência; assim

sendo, está justificada a escolha racional de um sistema orientado no sentido de minimizar os seus efeitos… c) Que dizer da (demorada) reconciliação USA/CUBA? Tudo leva a crer que o projecto seguirá em frente: trata-se duma aposta corajosa, inspirada no humanismo global, dado que em democracia não há vitórias ou derrotas eternas. A meu modesto ver, o povo cubano não merece continuar ‘ilhado’ no penedo do silêncio; as populações dos Estados Unidos d’Amé-

Jesus, à frente do Benfica, ganhando tudo o que havia para ganhar em Portugal. Agora a sério, lá por fora, fiquei bastante bem agradado com a entrega do Prémio Nobel da Paz também a Malala Yusafzai, a corajosa jovem paquistanesa, de dezassete anos de idade, símbolo quase milagroso de heróica resistência à fúria criminosa dos Taliban, autênticos diabos à solta na era em que vivemos. Por cá, surpreendeu-me agradavelmente a implementação do ‘Obamacare’ – um sinal mais em prol dos que menos tem. Na comunidade, creio

Em segundo lugar fica a economia americana que há oito anos estava moribunda. A crise da Grande Recessão pôs em questão a continuidade do capitalismo, mas como os gatos, a América parece que sempre encontra maneira de reanimar os restos mortais e hoje as ideias experimentadas nós últimos oito anos estão a ser usadas pelo banco do Japão e o Banco Central Europeu. O que mais me decepcionou: a fraca participação dos eleitores americanos nas eleições de novembro. A democracia depende da participação formada dos eleitores e parece que chegamos ao ponto em que a principal estratégia dos concorrentes e' de fazer com que os apoiastes do oponente não venham as urnas e não conquistar vitória com as melhores ideias.

Serafim Cunha:

rica (e do Canadá) merecem o acesso ao convívio sócio-económico, de pendor latino-americano… Decepções: a) Continuamos a observar episódios pontuais de “reciclagem” racista, tais como a tendência imperial de militarizar a Polícia de Segurança Pública. Muitos fingem ignorar a esquecida (mas sempre remoçada) cumplicidade do capitalismo com a escravatura. b) Aviso: durante 2015, temos de nos prevenir face ao eventual perigo de surgir mais um degrau para o pedestal “letífero” da dinastia “bushana”. Veremos!

Luciano Cardoso O MELHOR E O PIOR 2014 castigou-me de sobremaneira com a maior tristeza da minha vida: o falecimento de minha mãe. Desapontou-me também com o encarceramento do ex-primeiro ministro, José Sócrates, suspeito num feio escândalo que (a ser provado) promete vir a dar muito mais que falar sobre corrupção política no seu pior. Desagradou-me igualmente imenso a difusão do “Prós e Contras”, em direto, de Ponta Delgada para todo o mundo, confirmando sem quaisquer reticências: os Açores são São Miguel e o resto... é paisagem. Cá, no ‘país das maravilhas’, em pleno século XXI, amargura-me lastimar, um ano mais, esse rude pesadelo do racismo (agora agravado com indesejada frequência por jovens negros baleando polícias brancos e viceversa) ... o país mais rico do mundo a sofrer de gritante pobreza social. Na brincadeira, diria que 2014 me impressionou em grande com o ‘milagre’ de

que se impôs, pela positiva, a creatividade de Nelson Ponta-Garça com o seu formidável documentário, “Os Portugueses na California”. De salientar também o contínuo lançamento de livros de apreciável qualidade, com especial relevo para “A Vestibule to Heaven”, de Miguel Ávila, ilustrando brilhantemente o centenário da paróquia das Cinco Chagas, brindada com a ordenação sacerdotal do reverendo Tony Silveira – porventura o acontecimento comunitário do ano.

Em resposta à tua pergunta quero dizer-te que o jornal tem uma boa apresentação gráfica, um número significante de colaboradores, e está definitivamente dedicado, e virado para a comunidade, o que eu penso ser o primeiro objetivo. Por vezes há uma saturação de reportagens sobre festas locais, mas eu compreendo que depois de se fazer uma reportagem a uma organização, as outras não podem ser esquecidas. É lamentável que alguns colaboradores usem o jornal para se elogiarem uns aos outros, com temas mais de ordem pessoal do que de interesse comunitário, revelando um oportunismo inaceitável. Não deve ser fácil ser-se diretor de um jornal, mas faz o que poderes para manter a voz dos Luso-Americanos viva na diversidade cultural e linguística deste país.

João Bendito:

Manuel Eduardo Vieira:

IMPRESSÕES E DECEPÇÕES

O que mais me impressionou em 2014:

A nível dos Estados Unidos, o melhoramento na implementação do Affordable Care Act, mesmo depois de um começo bastante atribulado; A subida, pelo menos nos últimos meses de 2014, dos números dos indicadores económicos; A tentativa, por parte do Presidente Obama, de tomar nas suas próprias mãos, a resolução de problemas importantes, tais como a Lei da Emigração e o reatamento das relações diplomáticas com Cuba; A retirada das tropas americanas dos cenários de guerra. Decepcionou-me a total passividade dos políticos do partido Democrata que abandonaram o presidente e perderam a maioria no Senado a favor dos Republicanos; Os problemas raciais, principalmente entre as forças policiais e as comunidades de afro-americanos; A falta de planeamento por parte das autoridades estatais no referente aos problemas causados pela seca e mudanças climatéricas.

Santo Padre - Jorge Mario Bergoglio Papa Francisco. Primeiro Latino Americano a liderar a igreja catolica. Seu exemplo, estilo de vida e seus pronunciamentos chamam a atencao de qualquer cidadao atento ao que acontece no mundo. Maior decepção em 2014: Inúmeros e inexplicáveis escândalos politicos e financeiros no nosso Portugal. Num país pequeno e pobre, deveras é mau demais para ser verdade. Pior ainda, não se vê luz ao fundo do tunel !!!

Elmano Costa: O que mais me impressionou: o fim (oficialmente mas não na prática) das guerras americanas. Pela primeira vez em 13 anos não estamos envolvidos directamente numa guerra. A guerra no Afeganistão foi a mas longa da história americana - esquecida por alguns anos em que a Guerra no Iraque lhe roubou a atenção. (Infelizmente essa guerra ainda continua para os afganistaneses, como a do Iraque continua).

A nível de Portugal... são poucas as boas impressões. Talvez, e neste caso, mais a nível da literatura açoriana, o aparecimento de novos autores e o surgimento de novas obras de alguns dos consagrados. Decepcionou-me, no campo desportivo, a má figura da seleção nacional no Mundial


COMUNIDADE do Brasil; no campo da política, o constante “lavar de roupa suja” entre os partidos e as repetidas notícias acerca de casos de corrupção; A permanente descida dos indicadores económicos e o inadmissível ataque às pensões dos reformados. Que melhores dias traga o ano de 2015!

mostrar ao mundo a contribuição que os emigrantes portugueses e Luso Americanos deram no desenvolvimento deste grande Estado da California e ao mesmo tempo veio mostrar aos Portugueses residentes em Portugal do nosso potencial e do que somos capazes.

Lino Amaral:

O outro evento foi a Procissão comemorando o Centenário da Paróquia da Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas, no dia 16 de novembro de 2014. Esta procissão (não parada) foi a maior que tenho visto na California, andores com vários Santos, várias Filarmónicas e em especial a Estátua de Jesus Cristo na Cruz na frente, a servir de guião.

O que mais me impressionou em 2014: Eu fico sempre impressionado com o orgulho dos nossos Portugueses que ainda existe em nossa comunidade. Não necessariamente daqueles que sempre estiveram envolvidos, mas a partir de novas fontes que podem nos ajudar a continuar a promover a nossa cultura Portuguesa. Além de nossa própria Luso-American Fraternal Federation da Juventude e dos 20-30, o novo movimento de YPA (Young Portuguese Americans) e também aqueles de segunda, terceira e quarta geraçãoes luso-americanos que estão se tornando mais conscientes de sua herança do documentário "Português na Califórnia" e eventos como o "Portuguese Heritage Night" com o San Jose Earthquakes e os San Francisco Giants deve dar-nos esperança para preservar nossos ideais para o futuro. O que mais me decepcionou no ano passado: Ainda estou desapontado que, embora nós compartilhamos esse orgulho, estamos constantemente a competir uns com os outros em vez de apoiar uns aos outros para o bem maior de nossa comunidade. Só espero que 2015 nos traz um passo mais perto de todos trabalhando juntos para aumentar a consciência do quanto temos contribuído como luso-americanos para a nossa sociedade como um todo.

Davide Vieira: I was most impressed by how the robotic lander Philae landed on the comet Agilkia. Philae was launched from the Rosetta spacecraft after a 10-year journey. It transmitted data back to scientists that was previously out of reach. This serves to remind us of how our insatiable thirst for knowledge knows no bounds and how we can accomplish things that were once thought beyond the realm of possibility. What least impressed me was the extent to which money plays a decisive role in American political campaigns at every level of government. What was once a constitutional democracy is rapidly becoming a constitutional plutocracy.

Carlos Reis: O + : - As intervenções do Papa Francisco, especialmente por ter denunciado Cardeais envolvidos em dinheiros do Vaticano, a doença de Halzheimer espiritual de muitos deles, o encerramento da prisão de Guantánamo, apoio à reabertura das relações diplomáticas EUA/Cuba e a reunião familiar no jantar do Natal. O - : - As decapitações consecutivas e brutais efetuadas pelos militantes terroristas do Estado Islâmico; e as mortes entre brancos e pretos nos EUA, por motivos racistas.

O que mais me decepcionou o ano passado foi a falta de apoio na angariação de fundos para o Programa de Estudos Portugueses na Universidade de San Jose. Sem o apoio necessário da comunidade portuguesa sera dificil continuar com o "Minor" em Português nesta Instituição de Ensino Superior.

nunca televisão e, no entanto, via YouTube, tenho depois acesso ao que vai sobrevivendo do que me merece atenção. De outro modo, mais não faria do que ler/ver notícias a toda a hora e deixar-me transformar num manequim dos acontecimentos que pululam p​ or​todo o lado.​ ​Deve ser da idade, mas hoje dou mais atenção a tendências do que a eventos. E como, no meio de tudo isto, ainda não disse nada sobre o ano que finda, só me resta acrescentar que não me recordo de nada que tivesse alterado sensivelmente as tendências que tenho vindo a notar na última década.​ Quando insistimos em fazê-lo, corremos sempre o perigo de privilegiar factos mais recentes por estarem mais vívidos na nossa memória. É o que pode estar a acontecer-me ao salientar dois altamente significativos eventos muito recentes que apontam para grandes transformações, embora ainda seja muito cedo para ajuizarmos do seu impacto. Um é a abertura de Washington​ em relação a Cuba; o outro é a corajosa mensagem do Papa Francisco à Cúria Romana, um evento sem precedentes.

Henrique Dinis:

Diniz Borges:

No que diz respeito ao aspecto positivo, a visita dos "Sombras" à California deu-nos a oportunidade de reviver momentos da nossa juventude e conviver com amigos que a distancia havia separado.

O que mais impressionou:

No que se refere a novas publicações, o livro bilingue para crianças "Maria and the Lost Calf", da autoria de Kate Morejohn, ilustrado por Dwight Morejohn e publicado pela editora comunitaria Portuguese Heritage Publications, veio proporcionar aos pais e avós de origem Portuguesa a oportunidade de transmitir as suas crianças as nossas origens e tradições familiars, numa linguagem infantil própria para idades entre os 2 e os 12 anos. O primeiro encontro dos Young Portuguese Americans (YPA) e, actividades comunitárias subsequentemente levadas a efeito por este grupo de jovens de origem Portuguesa, dão-nos esperanca e encorajamento relativamente ao futuro e continuidade da nossa comunidade. O falecimento inesperado do nosso caro amigo Reverendo Padre Jose Ferreira, popularmente conhecido no mundo das letras pelo pseudónimo "Ferreira Moreno", colaborador assiduo da "Tribuna Portuguesa" e de muitas outras publicações espalhadas pela diáspora e Açores, representa uma perda significante para as comunidades da California e dos Acores. Paz a sua alma.

João Manuel Dias: Para mim o que mais me impressionou em 2014 foi a atitude e as barbaridades cometidas pelo grupo Isis. O que mais decepcionou, depois de termos eleito um Preto para a Casa Branca, ainda hoje se fala de divisões entre as raças. Os prostestos contra a polícia em varias cidades dos Estados Unidos em pleno século XXI é a maior decepção dos nossos tempos. A falta de intervenção por parte do Governo neste ramos deixa muito a desejar.

Manuel Calado:

Onesimo Almeida:

A prisão de José Sócrates, o estado lamentável da justiça portuguesa--as decisões de Obama sobre os imigrantes e o reatamento das relações com Cuba--as actuações do extraordinario Papa Francisco. Para mim estes foram os principais pontos fulcais de 2014.

Nem eu sei já o que mais me impressionou e decepcionou este ano que ora finda. Somos assediados diariamente por tantas notícias, cada uma delas procurando captar a nossa atenção, que prefiro recebê-las filtradas algum tempo depois quando desapareceu já parte da sua fúria de se imporem ao público. Prefiro os balanços dos comentários do fim-de-semana aos assaltos diários e prefiro um longo texto sobre um tema (de preferência um livro) a uma dezena de notícias. Não vejo

Manuel Bettencourt: Tenho de mencionar dois eventos que mais me impresionaram de uma maneira similar. Foram eles, o projecto de Nelson Ponta Garça: "The Portuguese in California". Este projecto, de varios documentários sobre os Portugueses na California, veio

no mundo--a coragem e a determinação da jovem paquistanesa Malala Yousafza, co-vencedora do prémio nobel da paz, provando o velho provérbio judaico: Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro. nos EUA--a persistência do Presidente Barack Obama, que apesar de liderar um país ainda infestado pelo racismo e de um Partido, o seu, que não soube compreender o valor que tem no seu líder, transformou a economia e melhorou a vida de milhares de pessoas através do Obamacare e da lei da amnistia parcial para milhares de imigrantes. Na comunidade--a entrada de mais jovens nas nossas organizações e o começo de dois cursos de língua e cultura portuguesas em duas comunidades da Califórnia. Mais me dececionou: no mundo: o peso que o fundamentalismo religioso tem para destruir vidas individualmente e coletivamente. nos EUA: o peso que o racismo e a discriminação étnica ainda têm na sociedade americana, visto em múltiplas cidades deste grande país. na comunidade: a nossa recusa coletiva de aceitarmos a metamorfose que vivemos nas nossas comunidades e a nossa letargia perante a reflexão. O nosso desejo constante de não irmos além da efemeridade da próxima festa.

Ilídio Gomes No meu caso específico o que mais me impressionou em 2014 foi o Sombras Tour à California! A maneira como fomos recebidos pelos nossos amigos foram 6 estrelas! O que mais me decepcionou por enquanto ainda nada!

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Osvaldo Palhinha O melhor para mim em 2014 foi sem duvida a persistência e coragem da equipa de Diáspora Media Group, liderada por João Manuel Dias. A unidade faz a força e isso tem sido o lema deste grupo de produtores, colaboradores e gerentes. Viva a liberdade de expressão, e viva a este maravilhoso País que nos acolheu e nos ofereceu de mão beijada esse direito democratico. O pior de 2015 será sem duvida a redução das forças laborais Portuguesas e Americanas (em numeros aterradores para a economia dos Açores) das forças armadas dos Estados Unidos da America do Norte na Base Aérea das Lages na Ilha Terceira, Arquipélago dos Açores. Mostra primeiramente que afinal é verdade que perdemos a completa expressão e influência em Washington. Depois vamos ter que nos resumir á nossa insignificância e aos "pesos leves" os tais que temos apregoado aos quatro ventos como sendo pilhares das geraçõs portuguesas no Congresso dos Estados Unidos eleitos pelo Estado da California. E agora Sr. Presidente da República Portuguesa Cavaco Silva, e agora Sr. Primeiro Ministro Passos Coelho e agora Sr. Vice-Primeiro Ministro, Paulo Submarino, e agora Sr. Presidente do Governo Regional dos Açores? Agora, de facto, o dito popular que mais se identifica com o acontecimento é "chorar na cama que é lugar quente".

Nelson Ponta-Garça Posivo Destaco o papel do jornal "Tribuna Portuguesa" e o seu diretor e equipe como meio de comunicação social na Califórnia, sempre presente e crucial na documentação das atividades e destaques comunitários. Negativo Decréscimo acentuado da participação das pessoas em eventos comunitários, cada vez menos gente em tudo e cada vez mais falta de ideias inovadoras para reverter esta tendência. Não se pode fazer sempre o mesmo e esperar resultados diferentes. Algo positivo poderá no futuro originar desta tendência, a consolidação de organizações e eventos.


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COLABORAÇÃO

15 de Janeiro de 2015

Comunidades do Sul

Fernando Dutra

P

Festa Natalícia - Hora Social Portuguesa do Grupo Coral Senior de Artesia

rosseguindo a tradição, este grupo, mais uma vez, levou a efeito uma magnífica festa de Natal no dia 6 do passado mês de Dezembro, no salão do Civic Center da Cidade de Artesia com o excelente seguinte programa: Oração de agradecimentos pelo padre Rui Proença. Grupo Coral - Hino - Viva a 3 idade; Saudade de um ausente; Nas terras do Oriente; O Meu Menino Jesus; Boas Festas oh meu Menino Jesus; Oh imigrante; Oh meu lindo canarinho e Adeus Ano Velho - Feliz Ano Novo. Este grupo composto por 23 elementos incluindo 5 tocadores, João Esteves-bandolim, Antonio Sousa-bandolim, Ivo Cota-piano e acordeão, Manuel José Martins-saxefone e Larry Coelho-violão, sob o comando do Mestre Manuel Madruga da Silva. Todo o programa apresentado pelo mestre de cerimónias - Antonio Coelho, também elemento e coordenador do mesmo grupo. Pela primeira vez estiveram presentes os irmãos Patrick e Kaitlyn Sales, dois novos artistas dignos de serem apreciados, infelizmente a Kaitlyn não pôde cantar devido a problema de garganta, no entanto acompanhou seu irmão á viola. Também pela primeira vez ouvimos o jovem Matthew Teixeira que tambem cantou e muito bem, acompanhado por Ivo Cota. Seguiu-se o "pot luck - lanche" como sempre, abundante e tudo maravilhosamente confeccionado e como também já é tradição, apareceram as deliciosas lapas, oferta de Fernando Meneses, este ano foram acompanhadas com um copinho de vinho, o que realmente é apropriado e apreciado. Seguiram-se as apresentações de diversas individualidades entre as quais o Mayor da Cidade - Tony Lima e dois Vereadores, Imprensa Portuguesa, diversos intervenientes no evento responsáveis pelo mesmo e R.T.A. Artesia. Seguiu-se o Grupo de Violas composta por três sobejamente conhecidos tocadores de instrumentos de

corda, David Barcelos, Jersey Machado e Tony Coelho - Mestre de Cerimónias. apresentando o Grupo Coral Jeremias Enes, que tocaram maravilhosas músicas diversas. Como não poderia deixar de ser, todos assistiram a mais uma magnifica exibição do Grupo Folclórico de Artesia "Retalhos Antigos" que mais uma vez satisfizeram todos os presentes. Seguidamente, sob a regência do maestro David Costa, assistimos a um excelente pequeno concerto de músicas natalícias, pelo Grupo de Metais da Filarmonica de Artesia. Para terminar todos juntos cantaram América de "The Beautiful". Parabens a todos os componentes do grupo "Hora Social" e seus colaboradores pelo êxito obtido com votos de um Ano Novo muito feliz e repleto de prosperidades. Aproveitamos a ocasião para desejar a todos os assinantes e amigos do Tribuna um Bom Ano, repleto de felicidades e de muita saúde. Os irmãos Sales numa excelente actuação

Tony Lima, Mayor de Artesia, acompanhado por dois Vereadores, recebe uma recordação do Coordenador do Grupo Coral, Tony Coelho. Esq: actuação do Grupo Folclórico de Artesia

Costa Condemns Reductions at Lajes Field Washington, DC — Congressman Jim Costa (Fresno-D) released the following statement after the Pentagon announced that efforts to reduce the mission at Lajes Field would continue. “Today’s announcement that Lajes Field, one of America’s oldest foreign bases, will face further force reduction at the recommendation of the Air Force is extremely disappointing. This decision, in my opinion, does not reflect proper evaluation of a number of issues, including the geo-political climate that we are facing in the Middle East or that terrorism, as we witnessed yesterday, is a constant threat regardless of where one lives. Additionally, the environmental costs of a possible base closure have yet to be assessed. I and my fellow colleagues in the Portuguese Caucus will continue our efforts to keep the base operating at its current level and will do everything possible to continue to strengthen the relationship between the United States and Portugal, our longtime ally and friend.”


PATROCINADORES

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COLABORAÇÃO

15 de Janeiro de 2015

Antigamente era assim

João Bendito

T

joaobendito@yahoo.com

al como em muitas outras famílias açorianas, também a minha foi abençoada com a arte e o gosto de grandes cozinheiras. Gente sem medo de experimentar novos temperos e com a amabilidade de partilhar com vizinhos e amigos aquilo que ia para cima das suas mesas. Na Graciosa, a avó Delminda Virtuosa de Cristo Santos , que só de nome até já era uma santa de verdade, não deixava os seus créditos por mãos alheias. Nunca me farto de recordar os torresmos de cancelinha, as linguiças e as morcelas que ela fazia. Teve o cuidado de passar às filhas e ao “menino Nelson”, como ela maternalmente chamava o ai jesus dos seus olhos, as suas maneiras simples e eficientes de temperar, de cozer o pão de milho e de trigo, a arte de dar ao forno de lenha o calor certo, as quantidades de ingredientes para as molhangas especiais dos dias de vindima e de matança. As filhas (e o menino Nelson) seguiram-lhe as pisadas. Madalena, a de doce sorriso, espalhou as suas habilidades pela doçaria. Bolos e pudins saiam das suas mãos como aguarelas de famoso pintor; Lurdes, de alegre gargalhada, era mestra nas sopas e cozidos, nos peixes fritos e grelhados e então na massa sovada ninguém a vencia; Glória, a mais nova das senhoras, confecionava gloriosos caramelos de chocolate e bonitas peças de alfenim; Nelson, o menino de sua mãe, aprimorava-se com as carnes guisadas e assadas que vendia, em pratinhos de meia-dose, no seu pequeno restaurante na Calheta, a camponeses, baleeiros e apanhadores de algas e era visitado, nas tardes de verão, pelos senhores finos de Santa Cruz à procura de uma salada de lagosta ou um par de cavacos temperados a primor. Faltou falar na filha mais velha de Delminda. Eulina, a meiga senhora minha mãe, também não ficava atrás das irmãs nas artes culinárias. Não posso dizer que fosse especialista numa qualquer ementa. Fazia

Nascer com o avental vestido

de tudo e (quase) tudo lhe saia bem. Não era fácil ter que providenciar três refeições diárias para cinco filhos e ainda ter que cuidar do amanho da casa. Em certas alturas teve ajuda de moça encarregada de lavar roupas e chãos mas era ela que destinava, cozinhava e servia refeições. Por vezes aldrabava um pouco nas quantidades e inventava uma refeição, mesmo que fosse só um prato de fatias de batata doce

começar esta vivência que já dura há mais de quarenta anos, as coisas mudaram um pouco. Não é que eu tenha ficado apreensivo com os dotes culinários da minha dona, felizmente sou de boa boca e qualquer coisa me serve para tapar um buraco no bucho. Depressa vi que ela era capaz de desenrascar uma refeição ligeira ou mesmo uma mais elaborada sem grandes prob-

fritas com ovos. Os tempos assim o exigiam. Nem eu nem os meus irmãos fomos alguma vez para a cama com a barriga vazia. Mas tive sempre a impressão que ela preferia coser as bainhas de uma saia do que cozer uma galinha. Era mais talhada para a costura do que para a cozedura. Por minha parte, nunca aprendi a cozinhar nada. A minha companheira de vida até diz que eu nem sei ver quando a água está a ferver! Ela, quando era (mais) jovem, também não deve ter fervido água ou cozinhado alguma coisa de jeito. Menina de estudo e filha também de cozinheira prendada, não tinha necessidade de sujar as mãos a descascar batatas ou a dar à bomba ao fogão “Primus”. Contudo, depois que resolvemos ajuntar os trapos e

lemas. Nas conversas com amigas foi tirando alguns palpites e trocando receitas. Absorveu facilmente os ensinamentos da bondosa Tia Laura, cozinheira também de se lhe tirar o chapéu, e, com a ajuda das primas Edla e Cecília, foi dominando os segredos das carnes, dos peixes e (graças a Deus!) dos doces e pudins. Já aqui, na Califórnia, era raro o dia em que não trazia para casa receitas novas, produto das trocas com as colegas de trabalho nas fábricas de electrónicos. Os “Malcasados” que aprendeu a fazer com a senhora Juvelina ainda são os meus favoritos. Neste passado dia de Natal, a minha “patroa” esmerou-se ao máximo. Sozinha, conseguiu produzir um leque de pratos e acompanhamentos que fizeram a delícia

das nossas filhas e genros. O Brandon, com antecedentes Porto-riquenhos, já se aventura no Bacalhau de Natas e até repete; O outro, Marco, natural do Peru, foge ao cheiro do fiel amigo mas não deixa o seu quinhão de Alcatra para ninguém. À sobremesa, a conversa girou de novo para as técnicas de cozinha... como é que tinha aprendido, como é que tudo sempre lhe saia bem, etc. A resposta dela foi bem esclarecedora... “Eu tornei-me cozinheira no dia em que nasci!” A estória é simples e conta-se depressa. Com as dores de parto a chegarem sem grande aviso, a minha sogra despachou o marido em busca da parteira. Na casinha pequenina na Rua do Cardoso, no Corpo Santo, as aflições da Sra. Angelina eram mitigadas apenas pelas palavras de conforto da prima Mariazinha. Não houve tempo de se abeirar da cama. Ali mesmo, agarrada a uma cadeira da cozinha (lugar certo para se nascer! ), sentiu o bebé a escorregar-lhe pelas pernas abaixo. Valeu-lhe a pronta intervenção da prima, que, rapidamente, estendeu o seu avental por entre as pernas da nova mãe e segurou a menina antes dela cair ao chão. Minutos depois chegou a Sra. Alcobia, parteira que trouxe ao mundo centenas de terceirenses. Ao ver a Maria Alice, ainda embrulhada no avental, não teve meias palavras e alvitrou logo um futuro risonho para a recém-nascida...”Esta rapariga vai ser cozinheira, já nasceu de avental vestido!” Com a entrada de mais um ano, já sei que, de certeza, vamos ter vários repastos para celebrar as datas festivas e reuniões familiares. Até o Menino Jesus (como se dizia antigamente), trouxe à minha neta Mia Isabel, um avental pequenino, para ela se ir treinando. A tradição tem que continuar. E eu prometo que vou fazer como sempre tenho feito... a louça vai ficar bem lavada!


Reflexões Taurinas

Joaquim Avila bravoi3@sbcglobal.net

S

e a memoria não me falha, foi em 1977 que assisti à minha primeira corrida de touros na Califórnia, lá nos cabeços de Turlock, num lugar chamado Pico dos Padres. A praça ainda era retangular e os assentos eram no monte adjacente à praça. Lembro-me de achar aquilo tudo muito primitivo, mas ao mesmo tempo de sentir uma alegria enorme de poder assistir a uma corrida de touros, mesmo perante as condições não tanto adequadas. Nesse dia também senti um grande orgulho de ser português e de conhecer o “Ti Manel”. Quem o me apresentou foi o cavaleiro João Carlos

falava-se português e ali praticava-se umas das mais belas tradições que emigraram nos nossos corações, que é a tauromaquia. Não só bocados da tauromaquia, mas praticamente todos os aspectos da mesma, incluindo desmames, ferras, tentas, apartações, embolações, touradas à corda, touradas de praça e até procissões em louvor à Padroeira Nossa Senhora do Pilar que se encontra na bela capelinha ao cimo do cabeço, quase como a dar as boas vindas a todas as pessoas que por ali entravam. Lá também se cantava o fado, o desafio e até se dançavam chamarritas. Não havia um dia de ajuntamento que não houvesse

Pamplona que se encontrava na Califórnia para tourear nesse dia. Mal sabia eu que mais tarde viria a sentir um grande prazer por passar tempo nesses cabeços e de também de formar uma grande amizade pela família Sousa. Não posso pensar no Pico dos Padres sem pensar no senhor Manuel de Sousa. Ganadeiro pioneiro de grande visão e com muita persistência para combater todos os obstáculos que encontrou aquando montava a sua ganadaria, a Praça e a Ermida no Pico dos Padres, lugar este que se tornou quase como o centro épico da nossa tauromaquia por estas terras. Há sem duvida outros lugares aonde se vive bem a tauromaquia, mas na minha maneira de ver e de sentir, não há outro lugar como o Pico dos Padres. Quando se entrava no Pico dos Padres era como se entrássemos num território português. Ali

um jogo de cartas, normalmente à sueca, e muitas horas de troca de impressões sobre a tauromaquia em geral, desenvolvendo assim a nossa cultura taurina. Muitas e muitas horas, e até noites, passei no Pico dos Padres durante muitas das atividades taurinas que ali se passavam. Os montes eram sempre os mesmos mas as cores mudavam conforme a época do ano e as lides camperas. O verde dos montes representava o desmame e as ferras. O dourado dos montes representava as touradas à corda e as touradas de praça. O verde era para mim a altura mais bonita do ano porque penso que o associava com o belo verde das nossas ilhas dos Açores, e até porque sempre gostei muito das lides camperas. O dourado também tem a sua beleza, mas levou-me algum tempo para poder-me sensibilizar com o seu encanto.

TAUROMAQUIA

O Saudoso Pico dos Padres

Penso que ainda hoje posso ouvir o Ti Manel durante as tentas a ordenar o destino de cada gueixa após de ser tentada; “Pró Lameirinho” ou então ”Pró Pico dos Padres”, conforme a bravura da mesma. Se a gueixa fosse mandada para o Lameirinho, queria dizer que ia para o matador. Se fosse mandada para o Pico dos Padres, então a sua vida seria poupada para ter o importante cargo de reprodutora da ganadaria. Nas apartações o Ti Manel encontrava-se sempre no seu lugar de comando, aonde podia controlar tudo o que se passava. Se alguém fizesse alguma coisa malfeita, ele não escondia o seu descontentamento e logo dava um “tickete” de aviso. Era sempre momentos de grande tensão para que tudo corresse da melhor maneira. Qualquer movimento

errado poderia fazer com que um touro partisse um corno ou qualquer membro, fazendo com que o animal ficasse totalmente inapropriado para a praça. O prejuízo seria grande após quatro anos de investimento nesse animal. Normalmente quando havia touros no Pico dos Padres, envolvia o fim de semana inteiro. No Sábado havia a tourada de praça à tardinha e no Domingo uma tourada à corda, convidando mesmo as pessoas a ficarem de noite se não quisessem perder nenhum dos eventos. Os touros da tourada à corda normalmente eram os melhores touros que se tinham corrido no Sábado na praça, o que fazia com que as pessoas quisessem assistir à tourada à corda para verem o comportamento dos seus touros preferidos. As espectativas eram grandes e passávamos muitas horas em verdadeiras tertúlias a trocarmos opiniões muito pacificamente. Era sem duvida um fim de semana em festa. Mesmo que os touros, ou os toureiros não fossem muito bons, saíamos dos Pico dos Padres sempre satisfeitos pela oportunidade de se passar aquelas horas, ou aqueles dias, num lugar tão tauromáquico e tão português como aquele. Também não posso deixar se associar o Picos dos Padres ao saudoso amigo Pedro Ávila a quem Deus também o já chamou. Pedro, além de não ser da família tinha um grande gosto pelo Pico dos Padres e pela ganadaria Manuel Sousa e Filhos. Para ele, naquela ganadaria não havia touros mansos. Normalmente quando um touro não saía bem era porque o matador ou cavaleiro não o sou-

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be tourear. Passávamos muitas horas a falar de touros e muitas vezes as nossas opiniões divergiam, mas mantinhamos sempre a mesma amizade e respeito mútuo pela maneira de pensar de cada um. Muitas histórias se contam de acontecimentos bons, e outros mais aflitivos, que se passava no Pico dos Padres, mas a história que eu mais gostei de ouvir sobre o Pedro Ávila, foi quando ele teve que se atirar para um tanque de água, mesmo sem saber nadar, para fugir de um touro que ele e outros amigos tentavam cercar. Histórias como esta existem muitas do Ti Manel, do Pedro e de muitas outras pessoas, que pelo gosto da festa brava, e amizade pela família Sousa ajudavam nas lides árduas e perigosas de natureza. Felizmente ainda hoje em dia acontece alguns ajuntamentos aonde ocorrem algumas brincadeiras taurinas do agrado de muita gente, mas nunca é como no passado. Falta-nos as touradas e falta-nos o Ti Manel assim como o Pedro e muitos outros que também já lá vão. Não é o mesmo e infelizmente nunca mais será o mesmo. A vida é mesmo assim, tudo muda e temos que nos conformar com as mudanças, mas ainda aguardo esperanças para que um dia as corridas voltem aos Picos dos Padres para que todas as horas de trabalho do senhor Manuel Sousa e dos seus amigos não tenham sido em vão. A bem da festa brava


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CULTURA

15 de Janeiro de 2015

Vamberto Freitas

Apenas Duas Palavras

o leitor atento da nossa escrita

Álamo Oliveira

B

orderCrossings/ leituras transatlânticas – 2 reune 80 textos recenseativos e ensaísticos, que dão continuidade aos incluídos em BorderCrossings – 1. Os textos estão agrupados por quatro espaços geográficos, cada um com título próprio, assim designados: «Literatura e açorianidade», «Diáspora e literatura», «Imaginários americanos» e «Brasil próximo e distante». Nestes subtítulos, cabe um conjunto significativo de leituras que, de uma maneira ou de outra, motivaram Vamberto Freitas para comentários críticos e opinativos que, por sua vez, exercem a função de originarem um outro e alargado número de leitores. A aproximação analítica aos livros dos outros faz com que Vamberto Freitas seja, de forma indiscutível, o nosso crítico mais atento, mais ecléctico, melhor informado e também o que melhor domina as ferramentas que permitem a dissecação do texto, para proporcionar melhor leitura e melhor entendimento, sem que o seu ponto de vista fique maculado por qualquer tipo de pragmatismo. Aliás, acrescente-se que ele é um crítico generoso, exercendo o seu direito de opinião sob uma perspectiva pedagógica otimizada. Não fosse a sua generosidade e o seu gosto pela leitura e muito pouco se saberia, a nível regional e nacional, sobre a actividade editorial açoriana. Como se sabe, Vamberto Freitas é a voz au-

torizada dos livros de autores portugueses, com predominância para os dos Açores e também dos livros de autores que escrevem na língua dos seus países de adoção e que têm procurado conquistar visibilidade nas designadas literaturas étnicas dos espaços da emigração portuguesa. São já muitos os livros que Vamberto Freitas tem publicados, nos quais vem a reunir um trabalho persistente no âmbito da recensão crítica. Sabem disto quantos têm acompanhado o que faz publicar em jornais, revistas e, sobretudo, em suplementos literários, muitos dos quais coordenados por ele. Todos têm a noção de que se está perante um contributo inestimável para a revelação e apreço do que tem sido a nossa escrita criativa. E veja-se o conteúdo de Border Crossings – 2: «Literatura e açorianidade» é o capítulo que acolhe as recensões sobre os livros de autor açoriano. São diversos os nomes, alguns já desaparecidos do nosso convívio (Natália Correia, Fernando Aires), e outros tão novos ainda como Joel Neto e João Pedro Porto. O capítulo dedicado à «Literatura da diáspora» está aberto a diversas aproximações críticas sobre livros de autores lusodescendentes, mas também europeus e até islâmicos. Em «Imaginários americanos» cabem muitas abordagens a autores e livros que ajudam a reflectir sobre aqueles «imaginários» específicos. O quarto capítulo apresenta alguns escritores brasileiros que Vamberto Freitas vem a ler (Assis Brasil e George Monteiro, entre

muitos) e que partilha com os outros. Ao folhear este livro, cada leitor se apercebe facilmente que um dos aspectos importantes é o da sua estruturação, arrimada a uma arrumação lógica e cuidada, tornando-o de fácil consulta e fazendo com que os textos, para além da sua virtualidade pedagógica, possam reanimar o gosto pela leitura. Já alguém disse que, se não fosse a persistência crítica e de registo de Vamberto Freitas, seria muito difícil falar-se da literatura açoriana com sabor a História, cronologicamente exposta e devidamente rodeada pela escrita nacional e internacional. Na verdade, ele contextualiza, sem ser sua intenção obedecer a tal propósito, a produção literária açoriana, relevando-a pelo que ela vale e pelo contributo indelével que vem a dar ao corpus da literatura de Língua portuguesa. Posto isto, pretendo deixar expresso que o que devemos a Vamberto Freitas não se paga com agradecimentos de circunstância. Claro que temos outros nomes que têm prestado também um grande contributo na divulgação da escrita açoriana, como José Martins Garcia, António Machado Pires, Urbano Bettencourt e outros. Neste momento, cabe-me fazer emergir a generosidade de Vamberto Freitas, a qual não é passível de qualquer suborno sentimental, mesmo quando bem intencionado. Fico com BorderCrossings/ leituras transatlânticas – 2 para ler grata e atentamente.

José Medeiros Ferreira

(d)escrito por Cristóvão de Aguiar Victor Rui Dores Escritor da condição humana, Cristóvão de Aguiar escreveu, com os olhos da memória, O Coração da Memória Na Festa Da Amizade, Em Memória de José Medeiros Ferreira (Letras Lavadas edições, 2014). Trata-se de um belíssimo texto que evoca, invoca e convoca esse homem de cultura e pensamento que foi José Medeiros Ferreira (1942-2014), açoriano da ilha de São Miguel, mas “nascido por casualidade no Funchal”. No seu diário Relação de Bordo, Cristóvão de Aguiar já havia tecido abundantes considerações sobre Medeiros Ferreira, não se misturando com o coro daqueles que, agora que Medeiros Ferreira é um morto exemplar, dócil e moldável, aproveitam o de profundis e andam por aí a tecer desvairadas ladainhas e litanias de exaltação – esses mesmos que, em vida do historiador, nunca escreveram nem disseram uma só palavra sobre os seus livros, silenciando-os na maior parte dos casos. Mas já se sabe: a necrofilia literária instituiu-se em Portugal, ha-

vendo, entre nós, quem continue a promover aquilo a que Augusto de Castro chamou “o culto do osso”. Só depois de morto é que o autor terá a sua consagração. As academias, por exemplo, são danadas para o requiem. Aos necrófilos não interessa quem está vivo e não foi ainda mitificado pela morte. A morte dos autores facilita a vida a certos estudiosos, e agora sim: morto aos 72 anos de idade, Medeiros Ferreira passou a ter existência contemporânea. Mas adiante, que o tempo é pouco e o papel está caro. Vasculhando a memória, Cristóvão de Aguiar revisita “os velhos tempos do Liceu Nacional de Ponta Delgada” e fala-nos do triunvirato de uma grande amizade selada por José Medeiros Ferreira, Viriato Madeira e o próprio autor. Sim, este livro é a história de uma amizade, iniciada nos verdes anos e mantida até aos nossos dias, com um foco especial na adolescência micaelense, numa altura em que os bons tempos não eram tempos bons. Vivia-se, então, a preto e branco, num Portugal rural, agrário, analfabeto e dominado pela repressão e pela opressão do

Estado Novo. Folheando as 60 páginas do livro, ficamos a conhecer melhor José Medeiros Ferreira, o amigo, o político, o professor, o intelectual, o historiador, o investigador, o ensaísta, o comentador, o observador acutilante que olhava a realidade portuguesa e a do

mundo com insaciável curiosidade e que tinha na ironia a sua imagem de marca. Insubmisso, inteligente, culto, espírito independente, socialista sempre à beira da dissidência, este micaelense bateu-se corajosamente pelas suas ideias e convicções e fez da sua vida e da sua obra um ato cívico. Conheci-o em 1987 num Encontro de Escritores realizado na Praia da Vitória, e desde então

Diniz Borges d.borges@comcast.net Feliz 2015! Cá estamos na primeira edição de 2015 com dois textos sobre dois livros de autores açorianos. O primeiro é de Álamo Oliveira e fala-nos do último livro do critico literário Vamberto Freitas. O segundo texto é de Victor Ruis Dores sobre o livro de Cristóvão Aguiar, um dos mais conhecidos escritores açorianos Dois textos a ler e dois livros a não perder. Aliás, em breve sairá mais um livro de Vamberto Fritas desta série BorderCrossings. Nestas duas palavras registamos ainda duas mortes que aconteceram quase no final de 2014 e que muito vieram entristecer as letras dos Açores. Primeiro foi a morte do escritor Manuel Machado, uma das vozes mais interessantes das nossas ilhas, com uma vasta experiência europeia. O Manuel Machado tem contos, histórias e textos magníficos que marcarão para sempre a literatura dos Açores. A segunda morte foi a do Padre José Ferreira, mais conhecido como Ferreira Moreno. Um homem que embelezou este e muitos jornais da diáspora e dos Açores com os seus escritos em que focava a cultura açoriana, debruçando-se sobre assuntos de ordem etnológica. Ferreira Moreno, nunca falhava. As suas crónicas cheias de informação sobre a nossa cultural popular, a religião, o folclore e a etnografia eram presenças constantes nos jornais dos Açores e da diáspora. Duas razões para as letras dos Açores estarem de luto. Pessoalmente, perdi dois amigos, e isso é sempre duro. abraços diniz

mantive com ele fugazes relações de amizade, de camaradagem literária e de outras cumplicidades. Nos últimos tempos ia sabendo dele através do seu (excelente) blogue “Cortex Frontal”. Deixando os Açores, Medeiros Ferreira iniciou o seu percurso na oposição estudantil à ditadura, sendo um dos principais dirigentes durante a crise académica de 1962. Foi preso e torturado pela PIDE. Exilado na Suiça, enviou uma comunicação ao Congresso da Oposição Democrática de Aveiro, realizado em 1973, na qual afirmava (com acutilante previsão) que o regime do Estado Novo só poderia ser derrubado se as Forças Armadas entrassem em ação. Licenciado em História e doutorado em História Institucional e Política, Medeiros Ferreira foi docente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa entre 1981 e 2009. Depois de aposentado permaneceu como membro do Instituto de História Contemporânea e do Instituto Português de

Relações Internacionais daquela instituição. Deputado à Assembleia Constituinte (1975-1976), foi Ministro dos Negócios Estrangeiros do I Governo Constitucional (chefiado por Mário Soares), assinou a adesão da República Portuguesa ao Conselho da Europa, assim como à Convenção Europeia dos Direitos Humanos e preparou, com êxito, o pedido de adesão à Comunidade Económica Europeia, em 1977. É autor, entre outros, das seguintes obras: Portugal em Transe; Um Ensaio Histórico sobre a Revolução; O Comportamento Político dos Militares; Os Açores na Política Internacional; Cinco Regimes na Política Internacional; Não há Mapa Cor-de-Rosa, a história (mal) dita da integração europeia, seu último livro publicado em vida. Narrativa coesa, consistente e equilibrada, escrita com o virtuosismo verbal a que Cristóvão de Aguiar já nos habituou, O Coração da Memória é um livro dos afetos, rico de espessura evocativa e profundamente humano. A ler.


TAUROMAQUIA / COLABORAÇÃO Pela Primeira Vez Nesta Praça

were consistent in their positive characteristics that make for good bullfighting – a readiness to charge and a focus on the torero and the capes. The fact they showed the consistency that ganaderos seek to produce with their years of careful sejim-verner@earthlink.net lection bore witness to Manuel’s success. But when the fourth heifer ran into the ring, all present immediately saw that this was about more than just careful selection: this heifer displayed the characteristics ganaderos dream of, the equivalent of winning the ganado bravo genetic lottery. Jim Verner had the luck that it was December 7 his animal, and after a long and varied faena that Although the day was foggy and overcast, the four ended with Verner simulating the estocada recibiheifers tested confirmed once again that Manuel endo, the heifer continued her noble charges with do Carmo’s herd is at an exceptional moment. impressive stamina that allowed the other aficioWhile raising brave bulls always includes a bit of nados to also work with her before returning to the luck, good control and a strict selection produce corrals. This was a world-class vaquilla brava, as more luck. So, Manuel had four experienced and good as the best of Spain, Portugal, and Mexico. capable aficionados practicos, Omar Griego, Jet Fabara, Bill Torres and Jim Verner do the testing. Photos Courtesy of Francisco Romero The results were excellent. The first three animals

A Outra Voz

Jim Verner

Outstanding Tenta at Manuel do Carmo

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Goretti Silveira goretti@domdinis.com

Did Aristides de Sousa Mendes violate Portugal's immigration laws? Yes

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any people in our Portuguese-American community share the belief, with that of many other Americans, that immigrants who enter the United States illegally, whether to escape poverty, seeking protection, or to be united with loved ones, are outlaws and have no right to be here, much less benefit from our services and privileges. They presume that to cross our borders without the required paperwork is an immoral act like lying, stealing, or worse. Do we believe in our hearts that the tired, the poor, the huddled masses yearning to breathe free, crossing our borders without the required documents, are committing an immoral act? Or, do we believe that they deserve to be held captive, mistreated, separated from their families, even killed? Before we rush to answer these questions, sometimes it helps to reflect on the people we consider our heroes and see what actions earned them that status among us.

was also aware that many people were at risk of being shot as rebels if caught by the enemy. For him it was the law that needed correcting not those transgressing it. "I would rather stand with God and against man than with man and against God," he is known to have said. He knew he was in a position to help many people and he let his own conscience lead him. Some will argue that a comparison between the Nazi regime and the U.S. immigration policies is inappropriate if not outright irreverent. Although this is true, it is instrumental to look at the present situation throughout the world and here in the U.S. in particular, and try to understand what drives parents to send children, some as young as 4 with notes pinned to their shirts, alone across the border; what drives people to cross through rivers infested with alligators; what drives people to walk a desert without food or water, or to sleep in locked containers with 20 or more people.

Aristides de Sousa Mendes comes to mind. He was a Portuguese diplomat assigned in 1938 as Consul-General to the Portuguese consulate in Bordeaux, France. Portugal's immigration policies at the time reflected Portugal's limited resources as well as Salazar's fear of any and all aliens entering Portugal and infiltrating the country with ideas counter to his regime. In the four months between September and December 1939, after Germany invaded Poland, 9,000 refugees flooded Portugal, a country with a population of 6,825,883 at the time. And, in one week, Aristides de Sousa Mendes, against the express orders of the Portuguese government, issued around 30,000 visas, including 10,000 to Jews fleeing from the Nazis. No doubt the Portuguese government's ability to take on new immigrants was saturated. At no time were Portuguese immigration policies motivated by sentiments of anti-Semitism. Neither were Sousa Mendes acts of civil disobedience solely pro-Semitic. He believed he was saving lives, regardless of race or religion. Aristides Sousa Mendes decision to disobey his government was an act of conscience — when confronted he opted the ethical choice rather than the rule of law. Aristides de Sousa Mendes refused to follow Portugal's immigration laws because he believed them to be intrinsically wrong. He knew that there were people who had lost their spouses, others were looking for news from missing children, many had seen their loved ones killed by German bombings. Sousa Mendes

What indeed is driving people to take such drastic measures to cross our borders? Could it be the extreme economic, social, and educational inequality between nations? Could it be the many small and medium-scale Central American farmers that have lost their livelihoods under the Central America Free Trade Agreement (CAFTA) or the 1.5 million Mexican campesino farmers that had already lost their livelihoods under NAFTA's agricultural terms, under which CAFTA's policies have been crafted? Could it be the increasingly growing cartel activity that thrives under our drug policies? Could it be our immigration laws that have conveniently looked the other way when it serves our needs but insists in breaking up families by keeping wives from joining their husbands or rips mothers away from their children? Did Aristides de Sousa Mendes violate Portugal's immigration laws? Yes. Were his actions moral and ethical? In my opinion, yes, absolutely.


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15 de Janeiro de 2015

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Quem lê o Tribuna sempre aprende alguma coisa

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ENGLISH SECTION

15 de Janeiro de 2015

SERVING THE PORTUGUESE–AMERICAN COMMUNITIES SINCE 1979

Ideiafix

Miguel Valle Ávila

portuguese

• ENGLISH SECTION

miguelavila@tribunaportuguesa.com

The Best of 2014: Portuguese in California Honorary mentions go to: the Portuguese-American Forum of Santa Clara for always bringing the local politicians into the community; the Semana do Emigrante for also showcasing the Portuguese-American community to the broader American community; and Lou Toste for pursuing the dream of establishing sports fields for the youth.

The Portuguese Tribune has been distinguishing the Best of the Year since 2004. After ten years, 2014 was no exception and included many community leaders who continued to provide examples of why the Portuguese-American community will continue to strive and grow. It was also a year when The Portuguese Tribune and its publisher and editorin-chief José Ávila continued to be recognized by multiple organizations and individuals for this newspaper’s role in promoting and defending the Portuguese-American community. José Ávila was recognized as the Best Leader Award Lifetime Achievement and the Conselho Mundial das Casas dos Açores (Worldwide Council of the Casas dos Açores) recognized The Portuguese Tribune for its 35 years of service.

MUSICAL ARTIST OF THE YEAR A California fadista released her CD and caught the community by storm in 2014. Angela Brito is no stranger to musical performance, but became a certainty in 2014 being invited to some of the most demanding fado shows.

PERSON OF THE YEAR The dream of producing a TV documentary on the Portuguese in California finally became reality with the release of “Portuguese in California.” While many community members contributed to its success, one person had the vision, the dedication, and the tenacity to bring it to reality -- Nelson Ponta-Garça is therefore The Portuguese Tribune’s 2014 Person of the Year. This is the second time that The Portuguese Tribune recognizes Nelson -- last time was 2008 --, but he significantly grew as a community leader in 2014 deserving this distinction. The honorary mentions go to: Diniz Borges who became the Honorary Consul of Portugal in Tulare, Linda Vieira who was the first woman to become chairperson of the LusoAmerican Fraternal Federation, Maria Rodrigues Alsheikh for her leadership in educational efforts, and Bill Goulart for his contributions towards a more just treatment towards our veterans.

2014 Person of the Year Nelson Ponta-Garça with wife Kathy Nunes Ponta-Garça

Honorary mentions go to: Carlos Avalon for his continued musical success; 562 Band and Filarmónica Portuguesa de Tulare for contributing to the good image of the Portuguese-American community in the Azores; and Os Sombras for the tremendous success of their tour in California. ARTIST OF THE YEAR A lot of this artist’s work is behind the scenes. His contributions towards a more modern Portuguese Tribune, beautiful design of all graphics for Five Wounds Portuguese National Parish centennial celebrations -- commemorative medallion, logo, banner, and the pièce de résistance was the stunning layout of the book, A Vestibule to Heaven: Five Wounds Portuguese National Parish. Roberto Ávila is indeed a very talented designer.

2014 Business of the Year: California’s Agricultural Industry had its best year ever.

Honorary mentions go to: José João Dutra for his exhibit “Origens,” Mel Ramos for his art gallery exhibit in Paris, Lucina Ellis for the paintings on display at Five Wounds Church’s vestibule, and Goretti Carvalho for the exhibit during the Five Wounds Parish centennial.

BUSINESS OF THE YEAR

BOOKS OF THE YEAR

California’s Agriculture experienced its best year in history. Record profits were seen in dairy and almond growers. With many PortugueseAmericans in agriculture, they greatly contributed to the record-setting year.

2014 may also have been designated as the Year of the Book. Therefore, we recommend all books that recognized the Portuguese-American presence in the United States, such as: My Portugal by Chef George Mendes, Batista Vieira: Construtor de Sonhos e Realidades by Álamo Oliveira, IES of San José: A Century of Devotion to the Holy Spirit and Community Service by Maria Cunha Carty, A Vestibule to Heaven: Five Wounds Portuguese National Parish, 1914-2014 by Miguel Valle Ávila, João & Cecília Pires: Uma Leitaria em Gustine by Liduino Borba, Sausalito Portuguese Heritage Walking Tour Guidebook by the Sausalito Portuguese Hall (IDESST), O Canto… da Minha Poesia by Júlia de Sousa Borba, Gustine Pentecost Society Centennial coordinated by Lloyd Vierra and authored by Liduino Borba, and Azorean Cooking: From My Family Table to Yours by Maria Lawton. Two books by Azorean authors are worth mentioning: Marta de Jesus, A Verdadeira by Álamo Oliveira and Lugar Caído no Crepúsculo by João de Melo. Pirates and the months of the

Honorary mentions go to: Luso Media for establishing a new Portuguese-American media group, and Leadership Business Consulting for continuing to believing in bringing together the West Coast of Europe -- Portugal -- with the West Coast of the United States and for recognizing local leaders in their annual Best Leaders Awards ceremony.

2014 Community Leadership Award: Casa dos Açores of Hilmar. Photo by John Freitas.

COMMUNITY LEADERSHIP Casa dos Açores of Hilmar hosted several key events in 2014. Among them, the 17th Worldwide Council of the Casas dos Açores. Once again, the local community was showcased across the world. Founded in 1977, it includes a folk dancing group (Mar Bravo), an ethnographic group (Pérolas do Atlântico), a soccer team (Açoreano Sport), a guitar group, a library, a knitting group, and English and Portuguese classes.

year by Higina da Guia. Maria and the lost calf by Kate Morejohn 2014 Musical Artist Angela Brito (above left) and 2014 Artist of the Year Roberto Ávila (above right).

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ENGLISH SECTION

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The Best of 2014: Portuguese in California

From left: Religious of the Year: Bishop Myron Cotta; Cultural Event of the Year: “Portuguese in California” Red Carpet Gala; Educator of the Year: Duarte Silva

RELIGIOUS OF THE YEAR Monsignor Myron Cotta was ordained as a Bishop at The Cathedral of The Blessed Sacrament in Sacramento, California on March 25, 2014. He was appointed by Pope Francis as the Auxiliary Bishop of Sacramento. POLITICIAN OF THE YEAR Devin Nunes (R-CA 22nd District) was appointed on November 18, 2014 by US House of Representatives Speaker John Boehner as the Chair of the House Permanent Select Committee on Intelligence in the 14th Congress. He replaces chairperson Mike Rogers. Devin easily won reelection to the US Congress during the November 2014 elections. Honorary mentions go to US Congressmen David Valadão (R-CA 21st District) and Jim Costa (D-CA 16th District) for their reelections; and Fernando Dutra Jr., reelected as Whittier city councilmember and selected as mayor pro tem. EDUCATOR OF THE YEAR Duarte Silva from Stanford University has been for decades a supporter of Portuguese language and cultural classes throughout California at all levels of schooling. Duarte was recognized in 2013 by the Portuguese Education Foundation of Central California and in 2014 inducted into the SOPAS Hall of Fame. Honorable mentions go to: Carlos Rocha selected as administrator of the year and the Cristo Rey San José Jesuit High School on its inaugural year at the former Five Wounds School site. PHILANTHROPIST OF THE YEAR Bill Goulart is tireless in dedicating his time and treasure to the veterans’ cause. He also organized a fundraising event for the pediatric ward at the Hospital de Santo

Espírito in Angra do Heroísmo, Azores. A community leader always willing to assist his fellow person. Honorary mentions go to: Santa Clara Sporting Soccer Club for the continued contributions toward cancer cure initiatives; Carlos Vieira Foundation for fundraising activities for autism and cancer; and Mr. and Mrs. Emidio Fonseca for the tireless hours and financial contributions towards education and inducted into the Luso-American Education Foundation Wall of Fame. CULTURAL EVENTS The Red Carpet Gala of the TV Documentary “Portuguese in California” showcased what can be done beautifully and differently in the community. The organizers transformed the IES hall into a true, red carpet gala reception hall. The two most recognized Portuguese organizations in San José celebrated their centennial in 2014: IES and Five Wounds Portuguese National Parish. Both generated by the same ‘father’ -- Msgr. Henrique Augusto Ribeiro --, one (IES) was established to finance the construction and maintenance of the other (Five Wounds Church). A group of community leaders led by Tony Goulart negotiated with Portuguese TV station, RTP Açores, for the broadcast of its biweekly program “Atlântida” hosted by Sidónio Bettencourt to showcase the Portuguese-American community of California and the centennial of these two San José institutions. And all at the community’s expense. Bringing over 200 youths to discuss the future of the Portuguese-American community was an unimaginable feat. The Young Portuguese Americans (YPA) was promoted by the Portuguese Heritage Publications of California and its leadership turned over to a group of dynamic young leaders. The first YPA Summit resulted in a resounding success. Honorary mentions go to: the Cabrilho

Festival; the 11th Festival of Portuguese Bands for becoming one of the largest gatherings of Portuguese-American youth; the Luso Youth Theatrical Program brings over 500 singers and dancers before a few thousand spectators during the annual Luso American Fraternal Federation convention; and the popular Carnaval dances for continuing our traditions and making us proud. EDUCATIONAL EVENT The New Bedford Whaling Museum’s Yankee Baleeiros Traveling Exhibit at the San Francisco Maritime National Historical Park was visited by over 103,000 people. This exhibit celebrates the stories of Azorean, Cape Verdean, and Brazilian from the early immigration in the 18th century through late 20th century. This traveling exhibit will be on display between January 25 and April 12, 2015 at the Cabrillo National Monument in San Diego. SPORTS TEAM OF THE YEAR The Açoreano Sport of Hilmar had never seen such a winning season -- champion of the Premiership Soccer League, winners in three tournaments, and the Major League Cup. The Açoreano Sport ended the regular season with 17 wins, 2 draws, and no losses. Honorary mentions go to: Yannick Djaló for signing a one-season contract (on loan from Benfica) with the San José Eartquakes of Major League Soccer helping to bring thousands of soccer fans to the stadium; and Tulare Angrense Atlético Club for celebrating its 50th anniversary. INSPIRATIONS Several people made us all proud: Maria Cabral for her continued positive attitude even as she celebrated her 90th birthday, Luisa Baltazar and Pedro Vieira for bringing together the young Portuguese

professionals with their PortugueseAmerican counterparts, Bethany Mota for reaching the semifinals of “Dancing with the Stars,” Michael Camara for his dedication to education, and Robert Louis Silva for his academic achievements. Several organizations celebrated key milestone anniversaries: Tracy TDES (90 years), Newman FDES (100 years), Visalia PPAV (100 years), Crowns Landing Pentecost Association (100 years), and Monterey FDES (70 years). “BASTA” OF THE YEAR “Basta” or “enough is enough” called out a headline in The Portuguese Tribune in 2008 calling out an unfair situation. That headline made news even in the Azores. The 2014 “BASTA” goes to Goretti Silveira for her article “Já é tempo de deixar as tetas da Mãe Pátria” where she describes why the local community does not need to act as a subject to the old country and its institutions. Two examples of this were widely discussed later in the year with the troubles of SATA Internacional airlines and the abrupt interruption of RTPi’s satellite signal without prior notice (to see if anyone notice). “RETHINK” OF THE YEAR “Só aparecem quando precisam de alguma coisa” (They show up only when they need something) seemed to be motto in 2014 with an unusual high number of visits by Portuguese government officials -- President of Portugal Cavaco Silva, Economy Minister Pires de Lima, President of the Regional Government of the Azores Vasco Cordeiro, Mayor of Angra do Heroísmo Álamo de Meneses and even Bishop of Angra António Braga and a couple of marching bands -- Filarmónica Liberdade Lajense and Filarmónica Recreio Topense. The local PortugueseAmerican community always welcomes its visitors regardless of intention, but we just expect the same attention for our community back in Portugal.

From left: Philanthropist of the Year Bill Goulart; Sports Team of the Year Açoreano Sport of Hilmar; Educational Event of the Year “Yankee Baleeiros” Exhibit


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15 de Janeiro de 2015

The Best of 2014: Portuguese in California 2014 IN MEMORIAM Eusébio da Silva Ferreira, 1942-2014 Carolina Fragueiro Antunes, 1938-2014 Silvana da Silva, 1921-2014 José Medeiros Ferreira, 1942-2014 Howard Drew, 1970-2014 Tony John Azevedo, 1922-2014 António “Tony” Feliciano Salvador, 1949-2014 Bernadine “Bernie” Goularte, 1933-2014 Edmundo Macedo, 1936-2014 John Vasconcellos, 1932-2014 Michael Anthony Silva, 1979-2014 Lucília Bulcão Ávila, 1926-2014 Shirley Brazil Teixeira, 1938-2014 Orlando Lopes Soares, 1947-2014 Arlinda Bettencourt, 1923-2014 Ilda de Melo Medeiros Amaral, 1922-2014 Ana Pereira Goulart, 1928-2014 Maria Odete Silva, 1928-2014 Carlos Manuel Ourique, 1960-2014 José Manuel Santos “da Fiat”, 1946-2014 J. H. Borges Martins, 1947-2014 Maria Emília Sousa, 1920-2014 Frank Machado Sr., 1935-2014 José Gonçalves Pedro, 1931-2014 Kenneth Mathew Castro, 1952-2014 Rev. Joe Ferreira “Ferreira Moreno”, 1935-2014 Furtado Imports, 1962-2014 Claudina Barcelos Freitas - 1917-2014 And many other friends and relatives... May their souls rest in peace!

Cultural Events of the Year: YPA Summit (above) and Five Wounds Portuguese National Parish and IES Centennials (below).

2013 IN CELEBRATION Wedding Anniversaries: Celina and Tibério Belém, 50 years Weddings: Anna Jakobsen and Michael “Mikey” Silva Goretti Silva and Danny Furtado Kathy Nunes and Nelson Ponta-Garça Birthday: LeVerne Cabral, 92 Maria Cabral, 90 Graduations and Educational Awards: Robert Louis Silva, PhD, UC Santa Cruz Giovanni do Valle Aviles, Aliso Niguel HS And many more who might otherwise receive recognition if published in The Portuguese Tribune.

Above from left: My Portugal by Chef George Mendes; Marta de Jesus A Verdadeira by Álamo Oliveira; O Canto... da Minha Poesia by Júlia de Sousa Borba; Lugar Caído no Crepúsculo by João de Melo; Sausalito Portuguese Heritage Walking Tour Guidebook by Sausalito IDESST. Below from left: Batista S. Vieira: Construtor de Sonhos e Realidade by Álamo Oliveira; Azorean Cooking: From My Family Table to Yours by Maria Lawton; João & Cecília Pires: Uma Leitaria em Gustine by Liduino Borba; A Vestibule to Heaven by Miguel Valle Ávila; Gustine Pentecost Society (GPS) Centennial by Liduino Borba and coordinated by Lloyd Vierra.


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