The Portuguese Tribune, February 1st 2012

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1 a Quinzena de Fevereiro de 2012 Ano XXXII - No. 1125 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual

A Exposição Mundial de Agricultura vai ter lugar nos dias 14 a 16 de Fevereiro na Cidade de Tulare. Este ano comemora-se o seu 45º Aniversário. “Word Ag Expo” nem só trás à Região Central da California, uma exposição agricultural de primeira classe, mas oferece também grandes oportunidades e benefícios a estas comunidades”. O evento beneficiará veteranos recentemente chegados, oferecendo preparação para empregos de longo prazo na industria agrícola. Ler artigo de Egídio Almeida na página 11. Fotos da WAExpo

António Furtado

José Rodrigues, um Homem multifacetado

Homenageado

Pág. 16, 17

www.portuguesetribune.com

Olga Bove

Pág. 9

LALIS National Sales Director

Pág. 28

www.tribunaportuguesa.com portuguesetribune@sbcglobal.net


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SEGUNDA PÁGINA

EDITORIAL

Debates, quem os quer... Os republicanos de vitória em vitória e de debate em debate qualquer dia não têm ninguém para concorrer com o actual Presidente. Segundo certos comentadores, até pode acontecer que chegando à Convenção possa aparecer um candidato consensual que deite por terras todos estes ainda com sonhos de disputarem com Obama a Casa Branca. Isso aconteceu em Portugal com Cavaco Silva em 1985. Ele não era candidato a presidente do PSD e ao ir ao Congresso da Figueira da Foz foi eleito sem ter concorrido. É a política a trabalhar...nas traseiras dos palcos. Os candidatos eram Rui Machete e João Salgueiro. O discurso do Presidente Obama, como sempre, foi uma boa peça de oratória. Numa América um tanto ou quando dividida, foi um discurso de visão e de alento para o futuro, que pode ser sempre brilhante nesta terra de ciclos económicos a que já estamos acostumados. O grande problema é que a nossa "máquina" pode enferrujar com as desgraças dos outros (Europa, euro, países em bancarrota, etc.). É importante que não continuemos com a mania que o Estado é que deve ser o motor da economia. Só o será quando tudo estiver de pernas para o ar. Não precisamos de ser doutorados em Economia pela Univeridade do Cantagalo, para compreendermos que, sem classe média capaz de consumir e de comprar bens, nada se pode fazer. E então aí entra o Estado a ajudar com obras muitas delas necessárias e muitas outras, elefantes brancos, sómente para dar emprego temporário. O importante é que haja crédito e taxas justas para pequenas e médias empresas que, essas sim, são o verdadeiro motor de qualquer economia moderna. Este jornal, em 2012, irá sair cerca de uma semana mais cedo do que o habitual, para chegar a casa das pessoas a tempo e horas. Os Correios estão a atravessar uma crise, por isso é preciso inventar medidas. jose avila

1 de Fevereiro de 2012

Somos bons...

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spero não esconjurar muita gente por aquilo que vou expor. Há muitos, muitos anos atrás, a nossa comunidade era visitada por artistas e outros afins, que não tinham nem categoria, nem nos vinham dizer nada. A partir de certa altura, também há muitos anos, as nossas organizações começaram a despertar para a qualidade dos artistas que contratavam. E então, começámos a ver do melhor que havia em Portugal e nos Açores. Entretanto, essa qualidade começou a descer nos últimos anos, e por razões que desconheço, começamos a ser invadidos por pessoas que de artistas têm muito pouco e para vos ser muito sincero, até nos envergonhavam, como portugueses que somos. Não vou recitar aqui tudo o que de melhor veio, mas todos vós sabeis que já vimos o melhor que temos em Portugal. O importante é continuar na senda da qualidade e contratar

Crónicas do Perrexil

J. B. Castro Avila pessoas que nos venham mostrar a sua arte e que possamos aprender com elas. Esta ideia aplica-se aos bailinhos de Carnaval que nos visitam da Terceira. Eles, antes de embarcarem para a America, devem ter a consciência em trazerem bailinhos de muita qualidade, porque aqui nas Americas, já os temos com esse nível. É triste chegarmos ao fim de um bailinho que nos visita e ouvir as nossas "velhinhas" dizerem: "Antes tivessem ficado em casa." A nossa comunidade tem os seus gostos já muito apurados e isto não só se aplica aos cantadores, como aos bailinhos, aos toureiros e mesmo aos padres que nos visitam, que muitos deles nem sabem pregar. Acabou o tempo de sermos os "coitadinhos" e de muita gente vir cá passar férias á custa do nosso trabalho. Venham, e serão benvindos, mas tragam sempre o melhor. Por cá fazemos do melhor em tudo o que nos metemos, por isso todos os que nos visitam

têm de ter em consideração que só do melhor queremos ver e ouvir. Esta ideia também se aplica à nova Rádio na Internet. Já escrevi há muitos anos da importância dos independentes nas rádios. Eles deveriam ser os melhores e poderiam e deveriam apresentar o que de melhor se faz na nossa musica e nas outras. Não há desculpa nenhuma, havendo milhares de artistas de qualidade, que ainda se oiçam pimbas, pimbocas e poesia de vinte cinco tostões, muitas delas ordinárias. Como eles só trabalham poucas horas ao dia, têm o tempo todo da vida para fazer escolha do melhor que temos. E até, num certo sentido, poderiam ter a função de ensinar a ouvir o melhor. Havendo milhares de rádio na Internet, muitas delas de alta qualidade, tem de haver uma razão muito forte para ouvirmos as nossas. Essa razão chama-se qualidade.

Year XXXII, Number 1125, Feb 1st, 2012


PATROCINADORES

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COLABORAÇÃO / COMUNIDADE

1 de Fevereiro de 2012

Coluna da Saude

Memorandum

Nozes contra o cancro da mama

Caroline Randmer Pesquisa revela que elas são capazes de prevenir e combater tumores, até mesmo em estágio mais avançado Comum em receitas natalinas, esse fruto oleaginoso tem potencial para marcar presença o ano inteiro nas mesas brasileiras. Seus nutrientes — gorduras boas, caso do ômega- 3, aminoácidos e algumas vitaminas, como a E — são responsáveis por benefícios como o controle da pressão arterial, a redução da taxa do colesterol ruim, o LDL, e até a cicatrização. Agora, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Marshall, nos Estados Unidos, comprovaram que uma nova benesse deve ser acrescentada a essa lista: a prevenção do câncer de mama, tipo mais frequente entre as mulheres. O trabalho foi realizado com dois grupos de roedores. Um deles recebeu o que, para nós, equivaleria a 56 gramas — inclusive durante a gestação, através da alimentação da mãe — e o outro nem uma lasca sequer de nozes. Para os que tiveram os pratos salpicados com o alimento, o risco de desenvolver a doença caiu pela metade. E mais: os especialistas verificaram que, entre os que apresentaram esse câncer, o número e o tamanho dos tumores eram menores. Até mesmo a inclusão da oleaginosa na dieta após o diagnóstico da doença se mostrou uma estratégia bem-sucedida: as nozes brecaram a velocidade do crescimento do aglomerado de células malignas. "É possível que a vitamina E atue junto com o ômega-3 de sua composição, dificultando o desenvolvimento do problema", sugere Elaine Hardman, a bioquímica que assina a pesquisa. "Já a suplementação do ácido graxo, sozinho, não proporcionou o mesmo efeito", ela vai logo esclarecendo. Isso talvez porque só quando combinadas essas substâncias auxiliem pra valer a

João-Luís de Medeiros jlmedeiros@aol.com

manter as células saudáveis. Mas há um porém. A quantidade sugerida no estudo — 14 unidades diárias — está acima da que geralmente é recomendada pelos nutricionistas — de seis a dez nozes apenas por dia. Ora, a noz pesa na balança no quesito calorias e, em excesso, suas gorduras poli-insaturadas podem chegar até a diminuir as taxas do colesterol bom, o HDL. Apesar disso, a autora afirma que estudos realizados com a mesma quantidade não adicionaram quilos a mais à silhueta ou outras complicações. Será? Para driblar essa questão de peso, existe uma tática: "As porções de nozes devem ser bem distribuídas ao longo do dia", aconselha Gilberto Simeone Henriques, coordenador do curso de nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais. Simeone, aliás, acredita que outras oleaginosas, como amêndoas ou avelãs, possam se comportar de maneira semelhante à das nozes na prevenção de tumores de mama. Ele, no entanto, aconselha evitar qualquer uma delas à noite: "As gorduras, por exigirem mais trabalho para serem absorvidas, deixam o sistema digestivo muito lento". Daí, para quem logo se deita, uma indigestão pode dar as caras. Portanto, mulheres, caprichem nas nozes antes do anoitecer e protejam suas mamas.

Raio X da noz Origem: Fruto da árvore nogueira-comum, a noz é proveniente da Europa e da Ásia Quais são seus principais nutrientes: Ômega-3 e 6, vitaminas C e E, zinco, potássio e arginina, um aminoácido Calorias: 698 (em 100 g) Pode-se incluir nozes em: Saladas, massas, tortas e doces Benefícios já comprovados: Protege o coração, diminui as taxas do colesterol ruim e evita o cansaço. in revista Saude

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Conversa sem Coleira

a já longa travessia do deserto da imigração açoriana, reconheço ter sido pessoalmente contemplado com a descoberta sedutora de alguns oásis lusófonos, prévia e generosamente cultivados pelas gerações pioneiras que me antecederam. Como anónimo sobrevivente do mitridatismo político pós-revolucionário, continuo afecto à prioridade cívica de proteger o indivíduo da ditadura da maioria... Aliás, nestes últimos dez anos de experiência californiana, tenho procurado trabalhar, dormir, amar, pensar... sempre à revelia das mordomias étnico-académicas, que me parecem geralmente motivadas pelo delírio do proveito próprio... Estamos cientes de que não somos altruístas como as formigas. O ilhéu-atlanta foi aqui chegando como corajoso tripulante das caravanas do futuro. As romarias dos funcionários do turismo da saudade vieram mais tarde... Entretanto, continuamos a digerir o individualismo americano (que não deve ser confundido com o egoísmo) dado que é mais universalista do que familiar. Desde então começámos a perceber que o nepotismo genético tenha sido expulso do tolerantismo legal estadunidense, ao contrário do que podemos observar no direito consuetudinário das culturas asiáticas... Uma das pragas psico-culturais que observo por aí, é a tendência para pensar que a verdade já é conhecida: não há mais outra verdade... Ora, convinha não esquecer a pertinência do pensamento kantiano que nos alerta para o facto de estarmos, exceptis excipiendis, à mercê da tirania científica. Mais: desfilamos na vida desprovidos de humildade intelectual para aguardar ‘man’s release from his self-imposed tutelage’ ... Durante os escassos dias de folga que antecedem o fim-de-ano, procurei escapar (com mais ou menos sucesso) às solenidades do consumismo emocional. Es-

colhi permanecer alheado do festival pirotécnico da intelectualidade da praxe. Porém, a certa altura dei por mim cativo da tentação de reler trabalhos de Harry Frankfurt, educador ímpar que nos alerta para a denúncia da glorificação das verdades mentirosas, emolduradas pelas falsidades piedosas da ditadura da realidade. Não me sinto isolado. Como não disponho de cargos para ofuscar eventuais debilidades pessoais (nem cuido de frontispícios institucionais para ornamentar diplomas), imagino-me na boa companhia dos que preferem reflectir no espectáculo medonho resultante da cínica vigília mundial da Paz. Entretanto, lá vai a “procissão” da mediocridade sacripanta dos patrões da guerra e seus acólitos no desfile obsceno, auto-suficiente, indiferente aos gemidos lancinantes da humanidade… ... Outro assunto: é cada vez mais aliciante ‘açorianizar’ os Açores Não é d’agora que a minha geração ficou a saber (nunca é tarde!) que durante o longo consulado do Estado Novo, a história de Portugal insular não constava dos compêndios oficiais do ensino. Agora gostaria de acreditar que as novas gerações gozam do acesso à informação elementar da recente história política das regiões atlânticas. Poucos desconhecem o facto de que alguns filhos dos Açores fazem parte da primeira-divisão do património científico, político e cultural da República. Porventura ainda falta dizer que os cidadãos eleitos para as mais elevadas instâncias da hierarquia político-institucional (Região, Estado e Nação) não deveriam ser catalogados como compadres ou comadres para acudir ao nepotismo afecto ao corporativismo medieval. Mesmo correndo o risco de ser considerado ingénuo, vejo-os como compatriotas que aceitaram o compromisso missionário de servir a República, sob o pálio

democrático do Estado de Direito. Seja-me entretanto permitida uma breve nota elementar: em democracia representativa, os canais institucionais são as “molas amortecedoras” do regime politico português em vigor. É nesses canais que a “pressão cívica” deve ser legítima e democráticamente exercida. Até prova em contrário, não nos parece civicamente elegante a corrida ao ‘salto de obstáculos’ para conseguir uma presença fugaz junto do pedestal dos deuses políticos do momento que passa. Em democracia política, os indivíduos podem saciar a fome de protagonismo, mesmo que o façam com mais ou menos comicidade aparatosa... Porem, nunca é tarde para lembrar aos mais distraídos que a prática democrática não deve ser civicamente trivializada pelos habituais ‘festivais da gargalhada avinhada’... Sempre que revisito mentalmente o gigantismo empresarial dos Descobrimentos portugueses do século XV, interrogo-me se as nossas gentes têm a noção da importância do espírito científico. De quando em vez somos agradavelmente surpreendidos pela presença (e pela obra) da comunidade científica açoriana residente fora dos Açores. Não existe ainda em Portugal (e, obviamente, nos Açores) uma tradição científica. Lamentavelmente, há situações em que os habituais boticários da Cultura não sabem resistir ao protagonismo vanglório da feira das medalhas. Deixá-los! Falta talvez rematar, nesta conversa sem coleira, que a maioria portinglesa é por temperamento avessa à matemática das ideias: prefere avançar sem passaporte nas vistosas caravelas da emoção. A sua indiferença não é moldada pela maldade, porque afinal são portadores duma enfermidade clássica porventura incurável, chamada “dor de ser quase...”


COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

O

meu ilustre amigo, dr. Ramiro Dutra, distinto conferencista, jornalista e autor de várias obras em prosa e poesia exerceu por muitos anos as funções de professor universitário no California Polytechnic Institute. É natural de Ponta Delgada, ilha de S. Miguel, onde nasceu em 1931 e donde transitou em 1948 p'rà Califórnia, prosseguindo os seus estudos e obtendo o seu doutoramento em Bioquímica pela University of California at Davis, perto de Sacramento. O episódio, que ora tenciono transcrever, foi-me narrado por Ramiro Dutra mas com a vaga memória de ter ocorrido em 1941. Aparentemente, num testemunho que mais tarde me foi transmitido por Gustavo Moura, o incidente teria acontecido no ano anterior, como apontarei na próxima crónica. A esse tempo, o Atlântico Norte continuava a ser infestado por submarinos alemães e um deles, num típico implemento de intimidação, havia afundado o navio português "Ganda". No dizer de António José Telo, aos 19 de Junho 1941 o "Ganda" (na foto) tinha sido atingido por um "submarino desconhecido" no Atlântico sem aviso prévio, apesar de perfeitamente identificado e de navegar na rota prevista e combinada. (A Neutralidade Portuguesa & O Ouro Nazi, pg. 54, Ed. 2000). Conforme a narrativa de Ramiro Dutra, foi precisamente num domingo de manhã cedo que a ainda meio-adormecida cidade de Ponta Delgada acordou esbugalhada devido a uma série de estrondos violen-

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Imagens da Segunda Guerra na minha Terra (11)

tos. Presumiu-se que, talvez, um submarino alemão, mas oficialmente designado "desconhecido", tentara alvejar com tiros de canhão as áreas portuárias de Ponta Delgada onde, detrás da doca, estavam localizados os depósitos de combustível, os quais (embora expostos) estavam pintados

de camuflagem a fim de algum modo coibir ataques de potências inimigas. No entanto, no decorrer dessa manhã, um projéctil caiu nas vizinhanças da igreja de Santa Clara causando alguns danos materiais, mas afortunadamente sem vítimas humanas. Um outro projéctil viria a cair no Calhau do Estradinho, lugar desabitado e usado p'rà recolha do lixo. Quanto ao terceiro projéctil, Ramiro Dutra não se lembra aonde caiu, mas recorda-se que o tal "submarino desconhecido", uma vez cumprida a sua missão, foi-se embora embuçado ainda no pouco que restava da escuridão crepuscular. Entrementes, as autoridades locais fizeram o possível p'ra minimizar a relevância do

ocorrido, mas à tardinha gente curiosa viu o contratorpedeiro português, que normalmente estava ancorado no porto, começar a deitar fumo pelos canos e ao cair da noite partiu com destino ao... desconhecido! O contratorpedeiro regressou durante a noite, após uma viagem obviamente demasiado curta p'ra ter qualquer utilidade. Aliás, Lisboa havia aprovado a saída do barco de guerra doze horas após o ataque do submarino, o que claramente evidencia o grau de interesse das autoridades em satisfazer a curiosidade popular com esse ingénuo "caldo de papas". Nesse caso, e em abono da verdade, convém elucidar que não convinha à política externa nacional portuguesa intrometer-se em qualquer atividade que pudesse ser interpretada como hostil por qualquer potência beligerante, uma vez que Portugal estava sumamente empenhado em manter uma escrupulosa postura de neutralidade. Mas o certo é que, na manhã seguinte, a versão oficial anunciava que um submarino (não identificado) tinha tentado atacar a cidade de Ponta Delgada e que a nossa Marinha havia posto o inimigo em fuga. E mais não adianto, confiando na inteligência dos leitores p'ra tecer os devidos

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e apetecidos comentários. Por ora, e tão somente, compete-me transcrever as palavras de despedida de Ramido Dutra que, num tom de profunda nostalgia, concluiu: "Os anos fazem do prosaico o pitoresco, e às vezes parece que tudo aquilo que há muito passou parece belo. Afastados de tudo isso no tempo e na geografia, só nos cabe bendizer a réstea de meninice que teima em sobreviver ao inevitável naufrágio dos cabelos brancos". A fechar, apresento o soneto "Sorrisos da Califórnia", de Ramiro Dutra: Lagos de anil, poentes de carmim, Pomares que rescendem no calor, Manadas branco e pretas sem ter fim, Colinas prenhes de pão e de amor. Vinhal fecundo, imenso jardim, Por ti eu rendo graças ao Senhor, Por tudo que me deu e sinto em mim, Por tudo que contemplo ao meu redor. E se algum ignorante ou esquecido Tentar cobrir no fundo do olvido Teus sorrisos e graças, tuas cores, Lembrarei que do mar no outro lado, Doutro jardim à beira-mar plantado É que vieram muitas destas flores.

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Actividades Comunitárias: Fev 4 - Crab dinner no Turlock Pentecost Fev 11 - Apres. Rainhas no MRPS, Manteca Fev 11- Ramana Vieira canta no Village Baking Co & Café em Modesto 7pm Fev 18, 19 - Matança em Watsonville Fev 25 - 98º Aniversário do IES, San José Mar 4 - Crab dinner em Alvarado Mar 23 - Jantar de Peixe, angariação de fundos para a nova Igreja de Hilmar

Grupo de Carnaval Cultural San José: Fev 4 - Banda de Escalon, 8 pm Fev 5 - PAC, San José, 4 pm Fev 11 - Centro São João Baptista, Hanford, 8 pm Fev 17 - Grupo de Carnaval S. José, 7 pm

Grupo da Casa do Benfica: Fev 4 - Hall S, João, Hanford, 8pm Fev 10 - Banda Portuesa S. José, 8 pm Fev 12 - Banda de Escalon, 4 pm Fev 17 - Casa do Benfica, 8 pm Admissão para os bailinhos $7.00


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Rasgos d’Alma

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aborear a vida em pleno nem sempre é fácil. Os desafios superabundam e dificultam-nos a tarefa. O plano passa pelo trabalho, apoiase no esforço, depende da atitude, mas não enjeita de forma alguma um súbito aceno da sorte. Demasiado solicitada porque muito pretendida, faz-se cara e raramente está disponível. Pagará a pena ficarmos à espera? É claro que não. Venha se lhe apetecer. Apareça quando quiser. De surpresa ainda é melhor. Se nunca se dignar vir, no entanto, há que sorrir na mesma. O segredo, para mim, reside no culto da tranquilidade. Não está ao alcance de todos. Avessa ao pânico e ao desassossego, imperturbável na sua dócil quietude, aconselha-nos a tomar fôlego. É, sem dúvida, um belíssimo conselho. Hoje em dia, o frenesim e a pressa são tais, até parece que nem tempo há para se respirar em condições. Vive-se para aí numa desenfreada barafunda, às vezes, a correr tanto atrás de tão pouco que irrita mesmo. Frusta-nos não podermos fugir. A armadilha laça-nos pelo pescoço da ambição que nos consome. Desinquieta-nos. Entontece-nos. Mas não nos desalenta. Era só o que faltava. Desistir é que nunca. Sacode-nos a teimosia. Regula-nos o contrarrelógio. Por vezes, na ânsia da ganância e ao ritmo da ambulância, até abraçamos a irrelevância do que não tem grande importância. Não há tempo a perder, lembra-nos o miolo programado em pressionante português. Time is money, relembra-nos a escorreita língua inglesa, convicta de que tempo mal aproveitado equivale a dinheiro perdido. Não é que a equação esteja mal feita, o pior é quando não bate certa. Intriga-nos. Espicaça-nos: …valerá a pena andar-se p’raí, à bruta, na puta da labuta que nos faz perder o sono e dá cabo do juízo..?... Qual deles é (que eu) mais preciso? A pergunta massacra-nos repetidamente o cérebro, stressado. A bailhar, indecisa, a resposta pede auxílio. O raciocínio pondera-se. Recomenda-nos calma e descontração. E tem razão. No fundo, precisamos deles todos e o melhor é não dispensar nenhum. Sem sono, o juízo avaria. Sem juízo, o dinheiro some-se. Sem dinheiro, a saúde atrapalha-se. Sem saúde, a vida esmorece, estremece e, se o sangue nos arrefece, a gente só não endoidece. Estou doido para saber se me vai sair a sorte grande na lotaria do fim de semana. Se me saísse, seria o fim da macacada. Ma-

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O Sabor da Vida

cacos me niquem se não dava um party de fazer partir a loiça toda. Tenho a certeza absoluta de que a música tocaria bem alto e a festa iria até às tantas. O pior talvez tivesse de ser, no dia seguinte, o comovido adeus ao patrão e a custosa despedida do emprego. Nem quero imaginar. Adoro o que faço. Não sei fazer outra coisa. …E se soubesse? Já pensei nisso mais do que uma vez. Com aquilo que hoje sei e o talento de que então dispunha, se pudesse voltar atrás, bafejado pela fortuna, julgo que teria ido longe, bem longe mesmo. Não estou a exagerar. Cheguei a ser astronauta, num dos meus sonhos preferidos. Mas não parei na lua. Andei por outros mundos e gostei do que vi. Deixei-me mesmo fascinar pelo que não cheguei a ver. Imaginei-o. O potencial era tremendo. Francamente, por cá, nada se lhe compara. O nosso pequenino mundo, este degradado globo que habitamos, começa a ficar poluído e corrupto demais. A carente condição humana, porventura desgastada em demasia ou sem intelecto para tanto, aos poucos e poucos, começa a revelar-se incapaz de encontrar soluções adequadas aos conflitos que proliferam, às crises que se alastram. Dá a impressão nítida que as receitas óbvias já pecam por caducas porque a tormenta persiste. Os problemas agudizam-se. O stress aglomera-se. Enquanto os pretensos donos do planeta se esgrimem em cíclico desacordo, a humanidade sofre em penoso desespero. Mete dó, ante tanta hipocrisia doentia e tão absurdo desentendimento, ouvir-se sempre o mesmo e mais fraco desafino demagógico – cada qual do seu fino poleiro a inflamar o seu refinado paleio como se fosse o único, o ideal. Mete dó e mete nojo, tanta podridão mesquinha, tanto suborno insensato, tanta banha de cobra à míngua e vendida ao desbarato. Claro está, haverá quem diga e me contradiga, que tudo isto não passa de pessimismo imprimido no seu pior. O melhor, opina-se com prudência, é aguardar que a presente tempestade económica amaine e deixe de stressar o relacionamento humano do dia a dia. Por outras palavras, recomenda-se dar tempo ao tempo porque a bonança vai voltar. A chave, no entanto, pode estar precisamente aí, no tempo que não temos para darmos ao que nos falta. Foi-se e não volta. Voltando atrás, todavia, se não pudesse ser astronauta, creio que me teria dedicado à pesquisa clínica. Em sonhos idos, também já fui médico analista dos críticos males

da sociedade. Uma vez no laboratório, tentei focalizar-me intensamente numa fórmula curativa para o maldito stress, esse nocivo caruncho que, hoje em dia, pela calada, rói e arruína milhões e milhões de almas sãs. Fez-me acordar com um medonho amargo de boca. Nunca tampouco ouvira falar dele nos belos tempos em que me criei. Mas parece que veio para ficar. Nem por sonhos, atestam os especialistas, se vislumbra uma cura mágica que o faça desaparecer por completo. O melhor que receitam para momentâneo alívio, mesmo assim, o remédio mais indicado, continua a ser uma dose diária de recomendável

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tranquilidade. É segredo de que não abdico. as não me basta recomendá-lo. Tenho que saber geri-lo. De contrário, arriscome a amargurá-lo. Isso é que não. Admito que a vida é curta. Tolero-a salpicada. Mas detesto-a dissaborosa.


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COLABORAÇÃO

1 de Fevereiro de 2012

Agua Viva

Ao Cabo e ao Resto

Filomena Rocha

Victor Rui Dores

filomenarocha@sbcglobal.net

Carnaval

A

ssim começa o Carnaval: Com penachos, que da estravagância passam ao entusiasmo, transmitem alegria e fazem esquecer as penas do coração e da alma! Foram necessários ensaios aturados com gosto até ao cansaço, que nestas coisas parece não sentir-se quando se escutam os aplausos na plateia, ainda que alguns sejam em forma de apupos e palavras pouco agradáveis, se sobretudo as piadas não forem convenientes a todos. É preciso seguir com graça toda a chacota e ninguém se sentir lesado com os ditos nos bailhinhos. Carnaval é isso mesmo! Carnaval, é a forma alegre e bizarra de extravasar os sentimentos recalcados, as ansiedades e angústias reprimidas. É o mesmo que abrir um baú de penas no alto de uma montanha, para que o vento leve e arraste para lugar distante e desconhecido. Neste ano bissexto, é mais cedo o tempo da folia. Aí estão os compadres e as comadres e outros parentes chegados do Rei Mômo, com o gosto das filhós, das malassadas, das fatias douradas e os licores que sobraram do Natal... E outros que se fizeram de novo! Em cima da mesa, sobretudo de algumas sociedades, há abundância de diversas guloseimas e muitos acepipes confeccionados pelas senhoras e cavalheiros que pertencem às suas direcções para oferecer aos componentes dos Bailhinhos que vêm de longe. Terceirense que se preze, mesmo longe da sua Ilha cumpre a sua tradição, de nestes e outros dias, saber receber os que vêm de fora. O rito repete-se em cada ano, com a diferença dos assuntos. Desde o drama na Dança de

Espada, cujo gume atravessa o coração com assuntos saídos da vida real, ao Bailhinho de senhoras, cavalheiros ou misto, com a alegria e a piada de encomenda, a tarde e a noite fazem-se ali, sem se arredar pé dos salões. O Ratão? – Desse, já ninguém fala! Esse, é nome que fica para os senhores que nos atiraram para a crise! Crise que nestes dias nem parece existir, porque a Alegria do Carnaval suplantou todas as más situações. Oxalá fosse por muito tempo! ar os talentos que temos, que para esta época festiva, escrevem assuntos, compõem músicas e os que representam personagens imagináras, que fazem chorar ou rir naturalmente pelo seu tão bom desempenho. A vida é demasiado breve para “arrufos”, desentendimentos... Rir, é pois o melhor remédio. Se deixamos de rir, envelhecemos o coração que magoado se mostra no nosso rosto - seu espelho. Se perdemos o gosto pela vida que Deus nos deu de mão beijada, perdemos energias que a Natureza nos regala a cada instante no Sol, na água, no vento, nas plantas, nas flores, nos animais e pessoas que vivem à nossa beira. É Carnaval! Ninguém leva a mal! São três dias e este já vai na conta! A conta que Deus fez, que nunca sabemos a quanto chega! FELIZ CARNAVAL!!!

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"A bola é minha!"

aquele tempo não havia delinquência juvenil e quem era gordo jogava à baliza… Jogávamos à bola, dentro e fora da Escola, e sabíamos gerir os nossos tempos livres – a rapaziada organizava-se em grupos desportivos, segundo critérios variáveis: os do Corpo Santo contra os de S. Pedro; os dos Quatro Cantos contra os de Santa Luzia; os do Pisão contra os do Alto das Covas; os do Lusitânia contra os do Angrense; os de baixo contra os de cima… Jogávamos à bola sem árbitro, sem regulamentos nacionais ou

eram decididos por consenso, nem sempre rápido. Mas o jogo reatava-se democraticamente, por obediência à maioria e com uns sopapos à mistura. Porém, uma nódoa empanava o pleno funcionamento autogestionário dessa prática desportiva: o dono da bola. Quando este declarava: “A bola é minha! Se o meu golo não valeu, não há mais bola”, a diplomacia tinha de entrar em cena, que isto de ser-se dono da bola tinha muito peso num tempo de muitas e variadas penúrias económicas e em que uma bola custava os olhos da cara. Mais de quarenta anos depois, a

internacionais, sem irregularidades na inscrição dos jogadores, sem a contratação de craques. Quem poderia, naquele tempo, imaginar que isto de chutar e cabecear uma bola faria de um cidadão objecto de compra, troca e venda? É claro que a nossa autogestão tinha, como tudo, o seu preço. Havia tempos livres, é certo, mas encontrar um espaço livre nem sempre era fácil. Um pedaço de caminho pouco utilizado servia às mil maravilhas: duas pedras de cada lado faziam de balizas, e as restantes marcações do campo eram mentalmente calculadas (era no tempo do “cálculo mental”). As faltas e os castigos

prática do futebol tornou-se, entre os adultos, numa indústria de milhões e numa sofisticada engrenagem onde se não avista qualquer resto de autogestão. Neste âmbito tudo está regulamentado e profundamente comercializado. Há até quem diga que o verdadeiro jogo se realiza nos bastidores. Se assim é, não admira que as bancadas se apresentem às vezes quase desertas. Quem é que vai pagar bilhete para assistir a um jogo já jogado?... Hoje o futebol está ensombrado por vilões, criminosos e corruptos. Os donos da bola já não são os jogadores: são dirigentes desportivos, treinadores, presidentes

de federações e associações… Tenho saudades do tempo em que os heróis eram os jogadores e havia uma verdade no futebol. Esse era o tempo em que o Eusébio marcava golos de meio campo, tinha aquelas arrancadas que deixavam os defesas para trás, e ficávamos pasmados com aquela velocidade incrível… Hoje o que me deixa com os nervos em pé é a linguagem de alguns comentadores desportivos. Noutros tempos, o Alves dos Santos tinha laivos poéticos: “A bola foi beijar a barra da baliza”; o Gabriel Alves era dado a gaffes: “Chutou com o pé que tinha mais à mão”; o Fernando Correia era imagético: “Figo, cabelos ao vento, classe em campo”. Ac t u a l me nt e temos o Luís Freitas Lobo que é erudito e fala em “linhas”, em “movimentos de dentro para fora”, em “transições defensivas” e “transições ofensivas” e em “zona de pressão”… Para ele, “tácticas” são “modelos de jogo”. E pontapés lá para a frente são “solicitações para explorar espaços nas costas da defensiva”. E tem mais: o Cristiano Ronaldo não recebe a bola, “recepciona o esférico”… É por estas e por outras que, quando me disponho a ver um jogo de futebol televisionado, desligo o som do televisor e, sem tirar os olhos do écran, ponho música clássica a tocar. E é então que um encantador bailado acontece à flor da relva…

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Ao Sabor do Vento

Coisas da Vida

José Raposo

Maria das Dores Beirão

raposo5@comcast.net

winesao@gmail.com

Preservar o que é nosso

empre que o Tribuna chegava à minha casa dava de imediato uma vista de olhos nas suas páginas. Lia com atenção o editorial e reparava para as fotos, entre elas as dos colaboradores, e lá ia lendo, um por um, as suas crónicas. Agora, embora continue a recebê-lo pelo correio, o Zé Ávila manda-o pela internet e quando o recebo já li praticamente tudo. Confesso que há colaboradores cujos artigos leio com mais interesse do que os restantes e até tenho aprendido muita coisa, entre elas algumas palavras que, por esquecimento, ou por nunca as ter visto, haviam deixado de existir ou nunca estiveram no meu pobre vocabulário. Por exemplo, no “Memorandum” do amigo João-Luis de Medeiros, assim como nas “Perspe(c)tivas” do meu amigo Dr. Fernando Silva, já alguma vez tive que fazer uso do tira-teimas para saber o significado de uma ou outra palavra. Sem, de maneira alguma, querer menospresar a sabedoria dos outros, que talvez por não me lembrar de seus nomes e do nome das suas colunas, que me perdoem, devo dizer que essa gente que frequentou o seminário, mesmo que não tenha chegado a abrir coroa, tem realmente uma grande vantagem por ter aprendido Latim. A “Maré cheia” do Diniz Borges faz com que nos “Reflexos do dia-a-dia” se possa verificar que nem todo o mar é de rosas e que ao ler “Ao Cabo e ao Resto”, do Victor Rui Dores, é preciso ter muito cuidado para não apanhar um escaldadela dos belos artigos da “Água Viva”, da Filomena Rocha. Os “Traços do Quotidiano”, de minha cunhada Margarida, muitas vezes vão de encontro aos “Rasgos de Alma, do Luciano Cardoso” e até fico a ponderar na “Outra voz, de Goretti Silveira.” “Do tempo e dos homens”, de Manuel Calado, deixa-me sempre tempo para desgustar o “Sabor Tropical”, cheio de encantos mil, mandado pela minha amiga Elen, da cidade maravilhosa do Rio de Janeiro. São as “Coisas da Vida”, da minha amiga Maria das Dores, que por vezes me deixam a maturar e entram como que uma “Lufada de ar Fresco”, do Paul Mello, conseguindo atravessar “Do Pacífico ao Atlântico”, como o Rufino Vargas. Estava eu a mencionar ao meu amigo Ferreira Moreno, o padre Joe Ferreira, quando fui ao almoço dos “Amigos da Ribeira Grande”, na primeira Sexta-feira deste mês, o quão importante é manter estas crónicas. Há quatro anos que não ia a esse almoço. Agora que me encontro mais ou menos reformado, fui e constatei que o

número de amigos está a aumentar. A Alice continua sorridente e a cozinhar bem e para mim tanto me faz vestir vermelho, verde ou azul, desde que haja paz e o jogo seja limpo, perder ou ganhar, tudo é desporto. Dizia eu, então, ao Sr. Padre durante o almoço que não temos só que manter essas crónicas, mas preservá-las. Alguns dos colaboradores do Tribuna já publicaram seus trabalhos em livros e andam por aí, alguns “Ao sabor do vento” e outros talvez estejam só a enfeitar as prateleiras como diz o meu amigo Zé Ávila. De uma forma ou outra eu perguntei: “Quando é que o Senhor padre publica as suas crónicas mais importantes num livro para que assim seja mais fácil para quem as queira ler?” Ele respondeu-me de uma maneira que faz com que eu tenha que fazer uma pergunta aos leitores, colaboradores do Tribuna e às diversas sociedades e agremiações Portuguesas desta bela California. Publicar livros custa dinheiro. Sei que o padre Ferreira não é muito apologista de computadores. Parece que o Homem tem medo da electronica. Mas, as suas crónicas devem estar todas arquivadas nos computadores dos jornais que as publicam. Não haverá por aí um grupo de pessoas ou uma organização qualquer que tenha interesse em publicar as crónicas do padre Ferreira, para que assim seja dado o devido valor à “Tribuna da Saudade”? O Senhor padre escreve tanto bem em Inglês como em Português, por isso, para mim, tanto faz que as crónicas saiam com o titulo de Heritage ou Herança. O sentido é o mesmo e o propósito só um: preservar o que é nosso.

Saudades

C

á estamos novamente na encruzilhada entre o ano que passou e o que já entrou. O que foi...foi, o que será...será! Mas é entre estas duas realidades que existem as pequenas e grandes coisas, que aconteceram e acontecerão e não fizeram nem farão notícia. Mas essas ficam para ser vividas por cada um de nós, mas que por vezes faz bem partilhar. Um momento que vai ficando arquivado na lista das coisas que gosto, é a chegada deste jornal, a curiosidade de olhar a sua primeira página, espelho do que se segue. Depois ir à busca dos seus colaboradores, ler as suas ideias, mirar as suas palavras cada uma com o peso duma indentidade própria, duma opinião pessoal sempre válida, que posso ou não concordar, mas que respeito e sempre aprendo o que quer que seja, mesmo que seja rejeitá-la. Depois através as suas páginas vejo a comunidade em movimento, o muito que se está fazendo, a diversidade das atividades, a importância de cada uma, consoante o impato que possa ter naqueles que atinge, quando o efeito é manter o que é bom e digno duma gente, modificar e transformar o status quo, quando este se torna insensível e apático. Depois, o olhar pára nas fotografias que por vezes dizem mais do que as palavras, e tenho sempre a

curiosidade de fazer uma viagem imaginária pelas firmas que representam a iniciativa dos nossos empreendedores, em maior ou menor escala, mas que são o tonificante que mantem este periódoco com vida. Por tudo isto que acabo

escrever estas palavras, é para vós que o faço, imagino rostos amigos, rostos alegres, outros marcados pelos temporais da existência. Imagino a tribuna a invadir momentos de solidão, a servir de escape à monotonia dos dias cinzentos e insípidos.

de mencionar, e pelo que omiti, cabe-me enviar o meu agradecimento, como assinante e amiga deste jornal, a todos os que colaboram nas diferentes capacidades, cuja maoiria posso chamar amigos e amigas (sinto-me previligiada), que continuam quinzena após quinzena a colocar a comunidade portuguesa da California numa caminhada de progresso no mapa da comunicação social de qualquer lugar. Por fim, o que devia ter sido a primeira coisa a mencionar, os leitores da Tribuna, que beneficiam e são beneficiados, porque são eles a razão de ser da sua existência. Quando me sento aqui a

Por isso, neste segundo mês do novo ano, apeteceu-me tanto fazer esta visita a cada leitor, uns que conheço, amo e admiro, outros que não conheço, mas que nesta cumplicidade da escrita, tambem conheço amo e admiro, e que me permitem invadir a sua privacidade, darlhe um abraço e dizer do mais profundo espaço do meu ser: Feliz Ano Novo. Até à volta

Homenagem a António Furtado No contexto da celebração do seu 90° aniversário natalício e do cinquentenário de actividade comercial da casa Furtado Imports na Califórnia, um grupo de amigos de António da Rosa Furtado prepara uma homenagem ao empreendedor, comerciante, distinto faialense e estimado membro desta comunidade, na Sexta-feira, dia 10 de Fevereiro de 2012, na sala do Portuguese Athletic Club em San José pelas 7:00 horas da noite. O evento constará de jantar de salmão e várias actividades relativas à efeméride. Os interessados em participar no evento terão de adquirir os seus ingressos no valor de $35.00 através do pagamento do mesmos na estação de rádio KSQQ ou no Portuguese Athletic Club até ao próximo dia 5 de Fevereiro (Domingo).

Comissão organizadora: Batista e Dolores Vieira John e Connie Goulart Dr. Décio de Oliveira Joe Sousa Nelson Ponta-Garça David Vieira Tony Goulart


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1 de Fevereiro de 2012

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges d.borges@comcast.net

É

do conhecimento geral que o Presidente Barack Obama tem o que minha avó descrevia como “o dom da palavra.” Os seus discursos são, quase sempre, extremamente bem orquestrados. É um exímio orador e sabe conjugar a retórica política com linguagem popular. O seu discurso à nação, no dia 24 de Janeiro, o denominado discurso do “estado da nação” foi dos melhores, em apresentação e em substância. O Presidente começou por enaltecer o trabalho efectuado pelas forças armadas americanas e o facto de ter acabado de cumprir uma das suas promessas eleitorais, retirar as tropas americanas do Iraque. Barack Obama, magistralmente, acentuou os sucessos militares da sua administração nos últimos 12 meses, incluindo a morte de Osama bin Laden, desmistificando a eterna acusação dos conservadores de que os Democratas não sabem liderar as forças armadas. Nem que trabalhar para a paz fosse uma imperfeição. Aliás, o próprio povo americano já começa a compreender que os chefes de estado do Partido Democrático sabem acabar com as guerras e sabem retirar um ditador sem custar uma fortuna ao país, para não falar em vidas humanas. O Centro para o Progresso Americano acaba de publicar um cartaz interessantíssimo que mostra as diferenças entre a remoção do ditador iraquiano (obra de George W. Bush) e a de Muamar Kadafi na Líbia em que os Estados Unidos, com o apoio da NATO, tiveram um papel preponderante. O referido centro de estudos relembra-nos que nem uma vida americana se perdeu na Líbia e no Iraque perdemos 4484 vidas americanas, para não falar nas centenas de milhares de iraquianos, que é sempre bom relembrar, porque também são seres humanos e filhos de Deus. O conflito na Líbia durou 227 dias o do Iraque 3196. A guerra do Iraque custou ao erário público americano cerca de um trilião de dólares , ou seja mil biliões de dólares (não incluindo os gastos pós guerra com soldados e equipamentos) e a da Líbia cerca de 1,1 bilião. Mas como nem só de guerras vive o ho-

Um Belo Discurso Uma Visão Judiciosa

mem, apesar dos conservadores nunca terem visto uma guerra da qual não gostassem, o discurso do Presidente focou a economia e o sonho americano. É que apesar de Barack Obama não ter concor-

rido em 2008 como um candidate populista, a sua mensagem foi sempre a de unir o país, de ser um Presidente pós partidos politicos, e trabalhar para que os EUA tivessem um governo que trabalhasse para o seu povo e não para as grandes multinacionais, o discurso da terça-feira, 24 de Janeiro, foi um discurso populista e um discurso positivo, ou como escreveu um jornalista da revista Time: “um discurso optimista para um povo que está pessimista.” Porém, Barack Obama e os seus assessores sabem, muito bem, que apesar do país possuir algum cinismo em relação a Washington, algo que mencionou desassombradamente, os americanos, na generalidade, querem que os seus presidentes sejam positivos. E a campanha Obama

já descobriu que o povo americano não pode com a mais do que óbvia obstrução dos Republicanos. Apesar do presidente continuar a insistir, a verdade é que os Republicanos jamais dirão sim a qualquer proposta deste Presidente, mesmo que tenha sido originalmente deles. Daí que, com uma mensagem positiva sobre as capacidades da sociedade americana, o Presidente, delineou uma série de medidas para apoiar a economia e a classe média. E não teve receio em chamar os “bois pelos nomes”, ou seja: se querem cognominar um sistema mais equitativo “luta de classes” que o chamem. Apelou para a reestruturação do sistema fiscal que como disse, beneficia os mais ricos da sociedade. Repetiu, o que sempre tem insistido: aumentos nos impostos de quem faz mais de 250 mil dólares por ano e quem faz menos de um quarto de milhão de dólares não terá qualquer aumento, pelo contrário, terá uma redução. E quem faz mais de um milhão de dólares por ano voltará a pagar impostos como pagavam na década de 1990. E nenhum rico ficou pobre por isso, bem pelo contrário. Aliás, ainda há dias um emigrante açoriano, que conheço e respeito há várias décadas, empresário da agro-pecuária, disse-me que os anos em que fez mais dinheiro foi durante a administração de Bill Clinton.

O

Presidente falou e apresentou propostas concretas relacionadas com a falta de equidade na sociedade americana. É bom relembrar um estudo divulgado pelo Centro Para o Progresso Americano, um por cento da população deste país controla mais de 40 da riqueza dos EUA, enquanto que os 80% que têm menos rendimento controlam apenas 7% da riqueza. Tal como disse o Presidente, ninguém é contra

Recordando o Passado Um livro de Clímaco Ferreira da Cunha

O

s arquivos das tradições e costumes da ilha de São Jorge ficaram mais enriquecidos com o recente lançamento do livro Recordando o Passado da autoria de Clímaco Ferreira da Cunha na Pousada da Juventude, na Calheta de São Jorge. Ao longo das 280 páginas, este amante das coisas da sua terra fala “sobre muitas e diversas coisas simples da vida, reconstituindo um mosaico da forma de ser e de estar das gentes de São Jorge, num passado não muito longínquo”, como afirma Eduardo Guimarães no prefácio da obra. Motivado pelo amor à sua terra, Clímaco da Cunha, conhecidíssimo comerciante da ilha de São Jorge, pesquisou pequenos mas importantes aspetos da vida das suas gentes. E eis que nas suas palavras singelas, ele capta a beleza e a singularidade do seu viver. Ela fala do namoro em épocas passadas, das festas do Divino Espírito Santo, do avental das avós, das matanças do por-

co, dos bailes, dos apelidos, da apanha do milho, dos carros de bois e dos nomes de todas as suas partes, das festas dos tremoços e de São João e muitos mais interessantíssimos aspectos das experiências e vivências de ilhéus. Como o próprio autor referiu durante a cerimónia do lançamento do livro, ele é “ um apaixonado por transmitir e manter viva a nossa cultura, passando o testemunho do quão difícil foi a vida dos nossos pais e avós na nossa ilha...” As páginas deste livro estão recheadas de informações importantes, detalhes cativantes e histórias interessantíssimas das gentes, dos costumes e dos lugares que deixaram saudades e as melhores recordações. Na sua entrevista ao jornal O Breves, publicado mensalmente na ilha de São Jorge, Clímaco da Cunha afirmou, “nasci ilhéu, cresci ilhéu, vivi ilhéu e quero morrer ilhéu”. Por isso, não causa admiração que este amor à sua terra já o tenha motivado a preparar uma

segunda publicação dedicada às Festas do Divino Espírito Santo em todas as freguesias de São Jorge. Clímaco da Cunha decidiu publicar este livro sem reserva de direitos de autor para que, como afirmou na cerimónia do seu lançamento, “toda esta informação possa ser usada ou melhorada por quem o possa fazer com o seu saber”. Além disso, e num gesto de grande nobreza, o autor doará a totalidade da receita das vendas, ao Centro de Atividades Ocupacionais da Santa Casa da Misericórdia da Calheta. Estamos todos mais ricos ao podermos partilhar as experiências e personalidades da antiga vida quotidiana na ilha de São Jorge que, tal como Clímaco da Cunha, nos moldaram o espírito e nos motivaram a fazer mais e melhor pela nossa terra e a preservar o nosso património cultural.

os ricos, apenas se deseja que paguem a mesma percentagem da classe média. É que uma família que tem vencimento anual na ordem dos 100 mil dólares paga impostos na ordem dos 25 a 31 %, enquanto que os multimilionários com o candidato Republicano Mitt Romney pagam cerca de 14%. Haverá mesmo alguém que acredite que os trabalhadores das companhias em que Mitt Romney investe devem pagar o dobro da percentagem dos impostos do seu patrão? Aliás, o candidate Romney faz num dia muito mais do que um cidadão da classe média ganha num ano. Para um cidadão da classe média fazer o vencimento anual de Mitt Romney teria que viver e trabalhar 365 anos. Nem nos tempos de Moisés. E o Presidente não teve receio de enumerar as múltiplas acções de sucesso desde que assumiu o poder há apenas 3 anos. Falou, entre muitas outras medidas, da legislação para reestruturar o sistema de saúde que em poucos meses já trouxe alguns benefícios, incluindo cobrindo mais de 2,5 milhões de jovens que estavam sem seguro e proibindo as companhias de rejeitarem clientes com doenças prévias, assim como poupando às pessoas da terceira idade mais de 500 dólares por ano em medicamentos; salvando a industria automobilística, particularmente a General Motors que foi de um estado de emergência em 2009 para a companhia que mais carros vendeu no mundo no ano passado. Foi, um discurso marcante na vida política americana. Durante cerca de uma hora, Barack Obama traçou a sua visão para o país. Uma visão alicerçada numa sociedade mais equitativa, o que significa, uma sociedade mais justa e uma América muito melhor pra todos os seus cidadãos, independentemente da cor, etnia, crença religiosa (ou não crença), sexualidade e cultura. Foi um discurso que patenteou o verdadeiro sonho americano. A América que todos aspiramos e que o mundo admira.

José Rodrigues


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Temas de Agropecuária

Egídio Almeida almeidairy@aol.com

45º Aniversário da World Ag Expo

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ensaríamos que esta monumental exposição de máquinas, alfaias agrícolas e uma quantidade ilimitada das mais avançadas tecnologias para a agricultura e agro-pecuária, poderia estar avagando, mas não. No seu 45º aniversário está explorando uma forma de utilizar por inteiro o limite da sua capacidade de 2.6 milhões de pés quadrados de su-

a figura pricipal no “Ag Warriors Gala” na Quarta-Feira à noite, 15 de Fevereiro, durante a “World Ag Expo”. O evento beneficiará veteranos recentemente chegados, oferecendo preparação para empregos de longo prazo na industria agrícola. O concerto musical deste ano tem como primeira figura Trace Adkins, quatro vezes “Grammy nominee”, cinco vezes “(ACM)

perfície. “World Ag Expo” traça a sua história em retrocesso, com início no original “Tulare Field Crop Equipment Show” iniciado no “Tulare Couty Fairgrounds” em 1968 que atraíu 157 exibicionistas e 28.000 visitantes. Hoje é a maior exposição de máquinas da agricultura, agropecuária e processamento de produtos, de todo o mundo, que normalmente vende toda a sua capacidade de 1.600 exibicionistas e recebe uma média de 100.000 visitantes. Em adição à importante função dos seus mais de 1.200 “orangejaket-volunteers”, os exibicionistas são a coluna vertebral, que fez deste anual evento um sucesso de longo prazo. “Word Ag Expo” nem só trás à Região Central da California, uma exposição agricultural de

American Coutry Music” e “Country Music Television (CMT) award winner”. Espera-se que o festival deste ano seja um dos maiores de sempre. Contínuamente esta organização tem participado na educação agrícola, nem só a nível comunitário, mas também, Estadual e Nacional. Por exemplo, em 2011, o ano inaugural dos “Concerts for a Cause Program” um donativo de mais de $60.000 foi entregue ao “College of the Sequoias”, Tulare Center for Agriculture and Techology”. Uma contribuição foi feita à National FFA, para enviar dois futuros professores da Agricultura ao World Food Prize em Iowa, e uma contribuição de $20.000 para AgVentures Learning Center.

primeira classe, mas oferece também grandes oportunidades e benefícios a estas comunidades, de forma que têm atraído grandes nomes no mundo da música e não só. Este ano o seu convidado especial é o Ex-Presidente George W. Bush! Mr. Bush vai ajudar o “International Agri-Center” a lançar o seu projecto “Ag Warriors” e será

em exposição as maiores tecnologias e inovações dos últimos tempos. Como sempre será uma importante ocasião para aqueles que planeiam expansões nos seus negócios. Os portões abrem às 9.00 da manhã nos três dias, 14-16 de Fevereiro de 2012, e encerrarão às 5.00 da tarde, nos primeiros dois dias e às 4.00 da tarde no ultimo dia.

A indústria de lacticínios vai ter

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Comunidades do Sul

Fernando Dutra

1 de Fevereiro de 2012

Festa Natalícia do Grupo Hora Social Portuguesa de Artesia

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ais uma vez, este simpático grupo celebrou no dia 3 do passado mês de Dezembro, o tradicional convívio natalício, com um magnifico programa que decorreu entre as 12:30 e as 4:oo horas da tarde. O director e mestre de cerimóninas, António Coelho, fez as respectivas apresentações, incluindo o programa a seguir, o qual teve início com a oração de graças. Sob o comando do mestre Manuel Madruga da Silva, o grupo coral apresentou os seguintes maravilhosos cânticos: Nas Terras do Oriente, A Vida, Ano Novo, Voz da Saudade, Abraço de Natal e Canção de Natal. Pelas 13:15, como é habitual, foi a vez da apresentação do programa da família Martins, e como seria de esperar, um programa muito alegre e de acordo com a festividade. Pelas 13:30, hora do lanche com um lauto Actuação do Grupo Coral sob a regência de David Costa

beberete, como tem sido sempre. Este ano apareceram as deliciosas lapas, sem necessidade de mencionar o nome do promotor que é sobejamente conhecido, por tão louvável ideia. Seguiu-se o programa de Rafael Ferreira acompanhado ao acordeão por Manuel Ivo Cota e ao violão por Larry Coelho. Mais uma vez este programa foi muito apreciado por todos os presentes. Para terminar, o grupo de metais do Artesia D.E.S. orientado pelo maestro David

BAILINHOS da Nova Aliança

Costa, alegrou os presentes com maravilhosos números musicais natalícios. Por motovos justificados, não conseguimos marcar presença entre este grupo de amigos, no entanto agradecemos o convite que nos foi endereçado. Votos de uma Ano Novo repleto de felicidades e prosperidades para todos os componentes deste grupo e respectivos familiares.


Recordações dos anos 40's

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meu pai tinha mercearia e botequim no Porto Martins, e em todas as épocas festejadas na Ilha, que não eram poucas, ele aproveitava para vender uns petiscos, batatas com malagueta, ovos cozidos, acompanhados, com vinho de cheiro do local, e assim, ia fazendo o seu negócio. O Carnaval, era uma delas, durante o dia, o pessoal das redondezas juntava-se na frente da venda, para ver uma ou duas danças, que davam a palavra, de vir dançar. À noite, ele abria as portas (como diziam) para receber mascarados! Era o teatro do povo, na sua melhor forma! Pensando no entrudo, lembreime do meu primo Aniceto, que tambem foi ver danças... todo prezado! Tinham dado à mãe dele, um capote azul ferrete, dos Ingleses, que estavam no serviço militar na Ilha, na década dos 40. Como tudo se aproveitava, o sobretudo foi descozido e virado, pois o avesso depois de escovado com álcool e passado, ficava como novo. Com essa fazenda a mãe do Aniceto fez-lhe um casaco comprido, usando também os botões dourados do casacão do

No domingo de entrudo, a mãe encheu as algibeiras do seu casaco novo, com favas e pevides de abóbora torradas, e lá foi o Aniceto, pr'a freguesia ver danças... todo prezado! Passou a tarde fascinado com as cores das roupas dos dançarinos, as cantigas, a musica, as graças que o Ratão da dança dizia... a tarde passou depressa! Ficou triste quando ouviu alguém dizer: "Hoje, não vem mais danças". Foi ao chafariz encher a barriga d'água, para temperar as favas e as pevides que tinha comido durante a tarde, e começou a descer a ladeira, de volta a casa. Nesse trajecto, passava pela casa do tio Jose Piseca, que morava à beira do caminho e tinha a porta aberta para receber mascarados. Aquele movimento, despertou a sua atenção... ainda era muito cedo...Aniceto resolveu entrar! Porque não? e esperar, os primeiros mascarados! Foi para consolar, rir a partir com as graças que os mascarados iam dizendo... as danças tinham sido poucas, mas para o seu encanto, mascarados, haviam muitos.

Tour Portugal with Carlos Medeiros

Partida a 11 de Agosto de San Francisco/Boston/Terceira Dia 14 - Visita ao Faial Dia 16 Partida para Lisboa Dia 17 Saída para Fátima, Batalha, Nazaré, Obidos. Dia 18 Visita a Lisboa e outras cidades em redor À noite Corrida de Toiros no Campo Pequeno Dia 19 Regresso aos Açores e EUA VER PROGRAMA COMPLETO NA NOSSA PROXIMA EDIÇÃO

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Julia Borba

Inglês, para que ficasse uma réplica perfeita.

Excursão a Fátima

707-338- 5977

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que ladeavam a canada, viviam vacas, burros, porcos, sem falar em galinhas e inúmeros cães que me matavam de medo quando tentava ir ao outeiro, sózinha!

O Aniceto, não reparou, que a tarde já tinha dado lugar à noite! Uma noite sem lua, coberta de densas nuvens! Não se via um palmo na frente do nariz! Quando ele, pela primeira vez, se apercebeu que a noite tinha chegado, foi-se encostando ao tio José Piseca, que estava de pé perto da porta, como pedindo socorro. O tio José, olhou pr'a baixo e encarou com os olhos assustados do Aniceto, que tinha no máximo 9 anos, e perguntou-lhe: "Aniceto, o que é que estás aqui a fazer, a estas horas sózinho? Estava a ver mascarados, tio José! Com quem é que vais pr'a casa? Não sei, disse ele, com voz tré-

mula! Queres que o tio José te leve até à boca da canada? Sem hesitar, disse: quero sim!" Lá foram os dois. O tio José, quando foi chegando à boca da canada, disse: Aniceto, a canada, tens que a subir sozinho, o tio José não vai contigo! O Aniceto, preparou-se para a corrida, que ainda era longa, largou- se com tanta força que os calcanhares, batiam-lhe no rabo. Nunca mais olhou para traz, mas esqueceu-se, que o outeiro era povoado não só pelas duas famílias que lá residiam, dois irmãos, o meu tio Mateus e o tio José, pai do Aniceto, mas... nos cerrados

A foto da Quinzena É um penteado único no mundo. Nem na Wikipedia vem referido qualquer penteado deste género. Esta extraordinária peça de arte está patenteada, por isso ninguém a pode usar sem ordem expressa do seu inventor. Vários cabeleireiros internacionais já tentaram convencer Joe Parreira a deixá-los usar tal estilo. Somas enormes de $$$$ estão em causa.

Naquela noite de entrudo, sem lua, um BURRO, destinou fazer a cama no meio da canada, atravessado no atalho que o Aniceto tinha que passar. Com a gaita que ele levava tropeçou no burro deu umas tantas cambalhotas, arrastando o seu casaco novo, no pedregulho alagado da canada! Não perdeu tempo, levantou-se muito depressa, cheio de medo, todo esburgado....sempre correndo, chegou a casa... sem fala! Quando olhou para si, mesmo com a claridade pálida da luz de petróleo, viu que até os botões brilhantes do seu casaco, não tinham resistido aquela cambrela. Aniceto, estava como um galo em dia de briga... todo depenado! Nunca mais pôde vestir o seu casaco comprido! A mãe, tornou a fazer, peça nova dele! Um novelo bem grande de retalhos... para juntar aos que já tinha numa saca, para botar uma teia a fazer ... A fazer uma teia nova!


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COMUNIDADE

1 de Fevereiro de 2012

Do Tempo e dos Homens

Manuel Calado

N

mbcalado@aol.com

este dia de domingo, depois de almoçar com a familia algures nos arredores desta velha cidade baleeira, cujos alicerces estão caldeados no sangue e no suor de muitos meus irmãos açorianos dos séculos que passaram, dispusme a dizer duas coisas sobre mim e a vida. Porque a vida, embora não seja fácil acreditar, tem neste meu estádio de passagem no planeta onde aconteci, uma atração especial. É estranho, mas é verdade. Não sei se isto é uma condição natural dos que se aproximam da meta final. Há como que uma vontade de sugar até à última gota, os pingos de vida que a vida guarda para os que estão à beira da estação à espera do comboio. Este sol primaveril que hoje incendeia estas paragens da Nova Inglaterra, não calculam como o corpo onde habito, recebe estes eflúvios acariciadores. Sinto-me possuido duma alegria íntima, de um “estar em paz” dificil de explicar. Isto, num mundo onde a luta é um elemento fundamental nos homens, nos animais e na Natureza. È dificil de conceber, mas é verdade. Muitos dos irmãos que escutam ou leêm as humildes e pobres veleidades que consigo produzir, ainda

não sabem que entrei neste ano do meu octagésimo oitavo aniversário, com três visitas rápidas ao hospital, onde os sábios acólitos de Esculápio, me implantaram um “marca-passo” oculto sob a pele do meu ombro esquerdo. Aqui está mais um exemplo em que a Ciência colabora de boa vontade com a obra primordial do Criador das coisas, corrigindo as faltas ou esquecimentos da própria Natureza. E os sábios doutores, que a fé exaltada e perigosa perseguiu um dia, a ponto de os queimar vivos na praça pública, não me perguntaram se era ateu, ou judeu, cristão ou do Islão, democrata ou republicano, numa atitude verdadeiramente democrática e cristã. Este sim, é cristianismo de pura água. Foi precisamente assim que procedeu o meu “Amigo” da Galileia quando apedrejavam a prostituta. – “A propósito desta minha maneira simplória de chamar Amigo a alguem que me não dá trela, o meu editor perguntou-me há dias -- “Como sabe que ele é seu amigo?”.Ao que respondi, “Se ele não é meu amigo, eu sou amigo seu, e isso me basta”. Neste interregno de visitas hospitalares, recebi uma carta, por via indirecta, de outro meu amigo, pastor de almas, com dois belos sermões em letra de forma, e lindas considerações em letra miudinha, bem

Mistérios desenhada, quase invisível. Precisamente o meu tipo de letra quando tinha os meus quinze anos. Admiro como ele tem conservado bem firme a sua mâo, para produzir aquela beleza de escrita. Nesse capítulo tenho a dizer que perdi quase completamente a minha capacidade de escrever à mão, e se não era hoje esta máquina milagrosa chamada computador, não teria possibilidade de comunicar. Uma razão mais para acreditar na sabedoria do povo, de que Deus não fecha uma porta, sem abrir outra. E quero aqui mencionar também e agradecer a outro meu amigo “pastor de almas”, este da Longínqua California, pelo bilhete de boas festas e todas as outras atenções, que ele bem sabe quais são. Como cristão rebelde que sou, honra-me o facto de contar entre os meus amigos estas duas almas boas, capazes de gritar em público, “quem estiver isento de culpa, que atire a primeira pedra !” E assim, julgo-me salvo de outras pedradas que me queiram atirar. E a terminar, um poema:

Sabores da Vida

O Poeta O poeta é um fala-só, fala consigo e o mundo Fala em Fá e fala em Dó, e fala com o mar profundo. Ouve música no ar, cheira perfumes no vento E confia à luz do luar,do peito o seu sofrimento. Olha de olhos fechados, vê mistérios invisiveis Tem sonhos belos, dourados, e anseios impossíveis. Mas não desdenhem do pobre, nem de seus vôos irreais O seu pensamento é nobre, seus sonhos não são banais. Ele pinta com a palavra, suas pinturas são rimas E os frutos da sua lavra, por vezes são obras primas. Quem me dera ser poeta, poeta mesmo a valer Poeta sem pau nem muleta, ser poesia o meu viver. Sentir na carne e no peito, a divina inspiração De quem canta sem despeito, com amor e devoção. Cantar a terra e o mar, o homem e seu viver Passar a vida a cantar, a cantar até morrer. Ir cantar de terra em terra, cantador ao desafio Cantar os dramas da guerra,e de quem tem fome ou frio. Levantar a minha voz,como camartelo ou espada Lutar por quem não tem voz,por aqueles que não têm nada. Do meu livro “Frutos da Minha Lavra “

Sãozinha lança CD em Tulare

Quinzenalmente convidaremos uma pessoa a dar-nos a receita do seu prato favorito, com uma condição - que saibam cozinhá-lo. Hoje temos uma receita de Bacalhau à Laureano, uma das preferidas do nosso amigo Fernando Corvelo, residente em Toronto, Canadá, mas feita pela esposa Alice. Bacalhau cozido e desfiado batatas (4 ou 5) cenouras cozidas couve flor cozida 3 ovos cozidos grao de bico (pode ser de lata) azeitonas verdes recheadas pickles facultivo, cebola alho salsa especiarias a gosto. Utilize pimenta branca e preta azeite sal Cosem-se as batatas e as cenouras cortadas aos cubinhos e mistura-se o grão de bico adiciona-se as azeitonas e pickles picadinhos, desfia-se o bacalhau. Faz-se um refogado com as cebolas e alho, junta-se o bacalhau, retifique o sal e adicione as especiarias Misture todos os ingredientes e coloque num pirex, regue com fio de azeite por cima, decore com os ovos cozidos cortados ás rodelas a salsa picada, as azeitonas e os pickles.

Terá lugar no Tulare Angrense, no Domingo, dia 12 de Fevereiro de 2012, da 1 hora da tarde até às 7 da noite, o lançamento do novo CD de Sãozinha. Aperitivos e refrescos serão servidos, seguindo-se baile com Alcides Machado. A entrada é grátis para toda a gente. Toda a Comunidade está convidada. Aproveite esta oportunidade para ouvir e ver esta nossa artista. Sãozinha Toste, vive em Tulare, nasceu na Vila de São Sebastião, e este CD é composto por Canções Regionais.


COMUNIDADE

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Baile de Carnaval no PAC de San José

Já há muitos anos que não se via uma noite de Carnaval tão divertida como esta no popular Portuguese Athletic Club de San José, que dentro em breve comemora os seus 50 anos de actividade social.

Padrinhos, madrinhas, avós dos noivos e até uma cabritinha fizeram parte deste casamento real. O Padre até tinha sotaque brasileiro aprendido com uma tia-avó emigrada no Brasil.

Brincou-se ao carnaval e não faltou um casamento não muito real mas com grandes majestades. O Padre até veio de uma ilha graciosa de beleza e pequena em tamanho.

Fotos de Mário Ribeiro


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ENTREVISTA

1 de Fevereiro de 2012

José Rodrigues Um Homem multifacetado O José Rodrigues está ligado à PHPC desde o seu princípio. Fale-nos dessa caminhada de quase dez anos. As coisas boas, os escolhos, o que não correu tanto bem. Foram dez anos de enorme satisfação pessoal e de excelentes resultados. Por um lado, os autores e coordenadores têm sido incansáveis ao desenvolverem trabalhos sérios e profundos. Por outro, a comunidade tem sido inexcedível no seu apoio desde a primeira hora. E, finalmente os membros da mesa directiva, e muito particularmente os membros do Comité Executivo, através do seu esforço pessoal apoiaram este enorme processo criativo e de interesse para a comunidade. O grande desafio continua a ser a identificação e a divulgação junto da enorme comunidade portuguesa de segunda e terceira gerações, essa quantidade enorme de luso-descendentes que geralmente está desligada das nossas organizações e actividades, não é servida pela rede de comunicação social da nossa comunidade, mas que frequentemente tem demonstrado um interesse na história da nossa experiência imigrante. Durante esse tempo quantas publicações saíram? Ao longo destes 10 anos a Portuguese Heritage Publications of California (PHPC) publicou 18 livros. Quatro livros de pesquisa sobre a história dos portugueses na Califórnia: The Holy Ghost Festas, a história de todas as irmandades no Estado da Califórnia The Portuguese Californians, um trabalho exaustivo sobre a emigração portuguesa, a sua distribuição geográfica pelo estado da Califórnia e como essa população imigrante se tornou uma força dominante numa das maiores indústrias deste estado, os lacticínios. The Portguese Shore Whalers of California, a história definitiva dos nossos baleeiros e o início da comunidade portuguesa da Califórnia. Capelinhos, A Volcano of Synergies, uma perspectiva histórica completa das comunidade nas duas costas dos Estados Unidos após a erupção do vulcão dos Capelinhos e o impacto e percurso da subsequente vaga de emigração de um terço da população dos Açores. A coleção “Pioneiros” é dedicada à narrativa, na primeira pessoa, da vida e experiência dos nossos imigrantes neste estado. Já publicamos 6 livros. A coleção “Décima Ilha”, inteiramente voltada para a expressão literária dos imigrantes portugueses na Califórnia, 7 livros. Publicámos ainda o livro América, uma obra destinada a ajudar os nossos imigrantes na sua preparação para a aquisição da cidadania americana. Este livro tem sido distribuído gratuitamente por todas as organizações portuguesas que ajudam neste processo importante. Publicámos ainda em DVD os estudos apresentados no IV Congresso Internacional sobre o Espírito Santo, realizado na Califórnia em 2010, e em edição de luxo, a lindíssima reportagem foto-jornalística de Miguel Avila sobre este importante Congresso. Por se encontrar esgotado o livro sobre

as Festas do Espírito Santo na Califórnia, também editamos o mesmo em formato digital, que se encontra à disposição do público. Por fim, e originalmente parte do trabalho sobre a comunidade portuguesa no período pós-Capelinhos, editámos o DVD do Vulcão dos Capelinhos de António Furtado, que também ainda se encontra disponível na sua loja comercial. Todas estas publicações estão à venda no nosso website www.PortugueseBooks. Org Qual é o processo de selecção das obras que a PHPC aceita publicar? Os livros de pesquisa são conduzidos e orientados pelo Comité Executivo, composto por 12 membros. É a esta comissão central que cabe a responsabilidade de avaliar e escolher os projectos de pesquisa sobre a nossa história na Califórnia, tendo em conta a disponibilidade de pesquisadores, o interesse do assunto a abordar, o esforço financeiro necessário, a disponibilidade dos nossos voluntários e dos meios, etc. Todas os outros manuscritos para as coleções Pioneiros e Décima Ilha são submetidos ao Comité de Avaliações, composto por 5 membros da mesa directiva, e a quem cabe determinar se o manuscrito tem interesse e mérito para publicação pela PHPC. Neste processo, são ainda os membros deste comité quem trabalham com o autor, às vezes durante meses, a polir e retocar o manuscrito de modo que se possa considerar apto para publicação. Quantos elementos tem a direcção da PHPC e como funcionam? A mesa directiva é constituída por 24 indivíduos, 12 dos quais compõem o Comité Executivo. A mesa directiva conta entre si com membros que representam organizações portuguesas de afinidade cultural espalhadas por todo o estado, desde Sacramento a San Diego. Desde a primeira hora, foi sempre muito importante para nós dar ao “Board” a maior representação possível, dada a enorme variedade e quantidade de organizações e a sua distribuição geográfica por este enorme estado. O Comité Executivo é responsável pelo dia-a-dia da PHPC, o que automaticamen-

Sabemos que a História das Igrejas "portuguesas" da Califórnia a publicar brevemente tem sofrido atrasos e mesmo redução do seu conteúdo. Quais são as razões do atraso e da redução? Como já sucedera com várias das publicações anteriores, sem sempre é possível seguir-se o caminho traçado aquando da concepção inicial do projecto. A pesquisa força-nos a explorar caminhos nunca dantes trilhados, descobrir pistas desconhecidas no plano inicial, modificar opiniões e definições do âmbito do projecto e consequentemente, alterar o calendário de maneira a que se possa fazer justiça ao

A comunidade portuguesa tem-nos apoiado incondicionalmente desde o primeiro dia te implica maior envolvimento de todos os seus membros, incluindo as reuniões infindas e muitas horas de trabalho voluntário. É neste comité que se coordenam os projectos, projecta-se a angariação de fundos, mantém-se a contabilidade, procuram-se e nutrem-se sinergias, estabelecem-se protocolos, avaliam-se propostas, mantém-se o website e faz-se a distribuição dos livros encomendados. Durante o ano cada membro do Comité Executivo dedica centenas de horas a uma miríade de projectos e tarefas que garantem o funcionamento da Portuguese Heritage Publications.

tema em pesquisa e garantir a qualidade da publicação. PHPC assumiu a responsabilidade perante a comunidade de publicar obras de qualidade. E esta nossa promessa jamais poderá ser descuidada ou comprometida quando se descobre que a realidade é diferente do plano inicial. Há ainda o facto de todas as nossas obras de pesquisa serem o produto do trabalho voluntário de autores, coordenadores e pesquisadores que fazem enormes sacrifícios às suas vidas profissionais e familiares para poderem produzir as obras de que tanto nos orgulhamos. Alguns dos nossos autores dedicaram mais de 5 anos da sua

vida à pesquisa e escrita dos seus manuscritos. Portanto, é também necessário ter isso em conta, porque afinal ninguém é pago. Assim cabe ao Comité Executivo encontrar o equilíbrio entre estes tantos factores que influenciam o trajeto de cada publicação desde a proposta inicial até ao seu lançamento no mercado. E, numa obra desta envergadura, abrangência e importância, tem que haver disciplina editorial no seu conteúdo pois trata-se da história das nossas igrejas e não das “intriguinhas” que muitas vezes afligem as nossas organizações e que não têm qualquer impacto na nossa história comunitária. É necessário não descuidar a razão de ser destas obras – arquivar e disseminar a história da experiência dos portugueses no Estado da Califórnia. Poderá um projecto demorar mais do que aquilo que desejaríamos ou antecipávamos, mas o importante é recolher e divulgar a informação de um modo eficaz e dentro das limitações e condicionalismos a que uma associação deste género está sujeita. O que lhe posso afirmar é que o livro em nada descuidará da história importante deste pilares da nossa comunidade. Desde o início da emigração portuguesa para a Califórnia, as igrejas portuguesas foram da maior importância para o bem-estar espiritual da nossa gente bem como na criação e manutenção da comunidade. Tem a nossa comunidade sido receptiva às vossas obras? Vale a pena continuar ou o futuro poderá ser complicado? A comunidade portuguesa tem-nos apoia-


do incondicionalmente desde o primeiro dia. E, na verdade, sem a generosidade da nossa gente, teria sido impossível produzir livros de tão alta qualidade a preços tão acessíveis. Para além do esmerado trabalho dos seus autores, cada obra foi produzida utilizando a melhor qualidade gráfica possível. O trabalho tem que continuar porque há ainda muitos aspectos da nossa vida comunitária que necessitam ser pesquisados e arquivados. Com o passar dos anos vamos perdendo esta ligação com os nossos pioneiros e as suas experiências. Cabe a todos nós, esta geração que bem fala as duas línguas e tem muito interesse na nossa história, construir e manter estas pontes entre os pioneiros e os luso descendentes, assegurando assim esse trabalho importante de recolha e disseminação. Quais são as perspectivas para 2012 e anos seguintes? Como nos anos anteriores, este ano de 2012 também será de mudança e de tra-

balho para PHPC. Publicaremos o livro Power of the Spirit, a história das igrejas fundadas pelos portugueses na Califórnia, possivelmente uma novela agora a ser avaliada pelo comité, a publicação no nosso website de toda a bibliografia relacionada com a comunidade portuguesa da Califórnia e ainda o possível lançamento de um livro em formato digital. E já agora lembro a todos que uma cronologia dos eventos mais importantes da nossa comunidade, uma compilação exaustiva do nosso amigo Dr. Mayone Dias, foi traduzida para inglês por Kathie Baker, e está agora disponível no nosso website www.PortugueseBooks.Org. E se algum dos leitores do Tribuna souber de um evento que não está incluído nessa cronologia, mas que deveria constar, basta enviar-nos a informação segundo as instruções no website. Esta cronologia é mais uma forma de Portuguese Heritage Publications dar a conhecer a nossa juventude um pouco mais da nossa importante história.

ENTREVISTA

Claro, tudo isto para além do tempo e energia que teremos de dedicar à venda dos nossos livros, bem como ainda organizar uma equipa para estudar a possível publicação de um livro sobre a imprensa portuguesa na Califórnia jornais, revistas, rádio e televisão – e os indivíduos que lideraram esses importantes meios da comunicação social. Que obras é que esgotaram e quais as mais difíceis de vender? A primeira obra a esgotar-se foi o livro sobre As Festas do Divino Espírito Santo, já numa terceira edição, e logo depois o livro sobre os Portugueses na Agricultura. Os livros na língua portuguesa continuam a ser aqueles mais difíceis de vender. O exemplo perfeito está na versão portuguesa do livro Capelinhos.

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participar na PHPC? PHPC está de braços abertos e sempre à procura na comunidade jovem de quem nos queira ajudar nesta missão de pesquisar e disseminar a historia da experiência dos portugueses na Califórnia. Nós reconhecemos que esta nossa juventude traz uma gama de experiências e conhecimentos, especialmente no uso dos novos media, que certamente muito nos irão ajudar a alargar o mercado a que se destinam as nossas publicações.

Que mensagem quer deixar à nossa comunidade jovem que esteja interessada em

The Assad Brothers

Sexta-feira, 17 de Fevereiro, 8 pm First Congregational Church "O melhor duo de guitarristas da atualidade e talvez da historia" - Washington Post Nascidos no Brasil, os irmãos Sérgio e Odair Assad tem servido de referência para todos os outros guitarristas e criaram um novo padrão de inovação guitarrista, engenhosidade e expressão. O seu conjunto artístico, misteriosa e excepcional atuação são provenientes tanto de uma família rica na tradição musical brasileira e de estudos com os melhores guitarristas da América do Sul. Reprodução de música que vão de Bach a Villa-Lobos a Gershwin e Piazzolla, a dupla vencedora do Grammy também tem desempenhado um papel importante na criação e introdução de novas músicas para dois violões.

Biografia do nosso entrevistado José do Couto Rodrigues, filho de José e Albina Bento Rodrigues, nasceu na Lomba da Maia, Sao Miguel, Acores. Frequentou o Liceu Nacional Antero de Quental em Ponta Delgada onde completou o sexto ano antes de emigrar, como estudante, para os Estados Unidos. Completou o BA em Marketing e o MBA no San Francisco State University. Foi o primeiro tesoureiro da Associação Académica daquele Universiade após a greve estudantil de 1968, e depois de três ano ao serviço da universidade, foi escolhido para General Manager da Associação Académica da SFSU, posição que ocupou por seis anos, durante o qual foi contruído o moderno edifício do Student Union . Trabalhou 15 anos na industria do renta-car, e depois de ocupar várias posições

na gerência da Hertz Rent-a-Car, juntouse a National Car Rental, onde como Regional VP, foi responsável por uma frota de 30,000 carros de aluguer distribuidos pelos vários estados da costa do pacifico. Foi também General Manager da companhia GreenTeam de San Jose de 1994 a 1998. Esteve envolvido na rádio com o programa Voz da Colonia Portuguesa,1965-1971, da direção do seu tio Agnelo Clementino, e foi sócio do mesmo na importação de filmes e artistas portugueses. Sempre muito envolvido na comunidade portuguesa da California, foi presidente da Assembleia Geral do Atlético, membro do Portuguese American Action Association, Portuguese Communities Day, etc. Presentemente é secretário da Catholic Association for Seminarian Education e presidente da Portuguese Heritage Publications. È casado com Delminda Batista e residem na cidade de San Mateo.

Ana Moura

Sábado, 18 de Fevereiro, 8 pm, Zellerbach Hall "Beleza física de Moura é inegável, mas o seu apelo hipnótico irradia de dentro, mesmo se não sabe uma sílaba do Português." NPR-Música A vocalista portuguesa Ana Moura surgiu como uma das principais vozes do fado tradicional, com suas interpretações cativantes de resposta da alma do seu país para o blues. Já uma estrela na Europa, a cantora de 25 anos de idade tornou-se uma performer líder deste estilo poético e profundamente expressivo, tendo a forma de arte em novas direções, com colaborações com artistas como Mick Jagger e Prince.


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COMUNIDADE

1 de Fevereiro de 2012


Portugal, País dos 3 F's

F

ÁTIMA - Um dos bons costumes que nós residentes em terras estranhas (reparem que não usei o termo emigrante), foi trazer na sua bagagem espiritual a Imagem e devoção à Senhora de Fátima. Nos Estados Unidos em geral e na California em particular, onde há uma comunidade Portuguesa, há uma Senhora de Fátima. No dia 3 de Dezembro de 2011, tive a oportunidade de participar num jantar – convívio promovido pela Irmandade de Nossa Senhora de Fátima desta prestimosa cidade de Santa Clara. Para além do esmerado conforto gastronómico e convivência social, o que me surpreendeu e me agradou sobremaneira, foi o acto de concessão de bolsas de estudos aos filhos(as) dos nossos compatriotas, para prosseguimento das suas carreiras formativas educacionais. Como não vivemos numa ilha, Nossa Senhora, abriu os braços à comunidade em que estamos inseridos, angariando fundos e alimentos destinados à conceituada organização de solidariedade “Second Harvest”. Acredito que Fé sem obras não é Religião. Parabéns à direcção desta Irmandade pela visão realista, prática e benemerente que indubitávelmente tem o beneplácito da Mãe do Céu. Uma vez mais, atavés deste paradigma, a comunidade Portuguesa de Santa Clara estabelece um farol a seguir. FADO - A geração actual intitula-se de forma queixosa de «à rasca». Claro que desconhecem a minha – nossa geração, que viveu, sofreu e não usufruiu do direito de dissenção, reclamação ou exigência de qualquer ordem. Lembramo-nos de Santa Bárbara quando faz trovões, e do Fado quando escasseia o dinheiro. O fado foi consagrado património imaterial (não gosto deste termo), prefiro cultural da humanidade. Esta distinção deve-se essencialmente à luta persistente desencadeada por duas figuras carismáticas do fado, Carlos do Carmo e Mariza. Não é preciso beber o Fado para aliviar a dor. FUTEBOL - Eu era verde no Faial e encarnado no Continente (Benfica). In illo

COLABORAÇÃO Do Pacifíco ao Atlântico

Rufino Vargas

(XVIII)

tempore, a rotina dominical no tempo da minha juventude, era assistir ao jogo de futebol entre as equipas locais, depois ouvir o relato desportivo continental, transmitido pela Emissora Nacional e à noite ir ao cinema. O sizudo patrão do Benfica, Luis Filipe Vieira, declara que 2011 foi um annus horribilis, mas que o próximo vai ser duríssimo, em referencia às dificuldades financeiras que o clube está a incorrer. A moléstia não se restringe exclusivamente à bola. O país está a ser governado por estrangeiros i.e. Troika. A Madeira vai ter que pagar pelos excessos e irresponsabilidade do Ditador - Democrático Alberto João Jardim. É considerado e temido como

bôbo da corte pela suzerania metropolitana e equiparado ao delfim de Fidel de Castro, Hugo Chavez, da Venezuela, segunda pátria para milhares de Madeirenses. Este ditador enfiou a Madeira num colossal buraco financeiro, em que o pobre povo terá que pagar. No entanto não haja desespero, porque a Esperança é a última a morrer. FRANCAMENTE - Penso em geral que os objectivos desta visita foram alcançados, afirmou Cavaco Silva aos jornalistas no luxuoso hotel Fairmont em San Jose da California a 13 de Novembro de 2011, Eu respeitosamente discordo pelas seguintes razões: 1˚- Um presidente de uma República que neste caso é o nosso Portugal, práticamente em bancarrota, governado por uma Troika estrangeira, venha a expensas do Zé-Povinho esbanjar as preciosos e tão necessitadas divisas do érário publico, em viagens sem proveito algum, neste caso ao

ainda bastião do Capitalismo - Os Estados Unidos da América, não proletando o Silicon Valley considerado a meca da alta tecnologia no mundo. 2˚- A pretenção de atrair investementos, tanto por parte de americanos como compatriotas nossos é simplesmente surrealista. Quem é que com discrição vai investir num país que é assolado por manifestações, protestos e greves laborais constantes? Por esta razão os próprios empresários Portugueses preferem investir no estrangeiro. 3˚- Quanto à Portugalidade, que para mim tem uma tonalidade equivalente ao Dia da Raça, remontando aos dias da ditadura, não se justifica porque através das comunicações via satélite vemos e ouvimos d iá r ia mente ad nauseum o Presidente da Republica. Não é a primeira vez que Sua Excelência, para se evadir das suas responsabilidades perante o país, se refugia em outras paragens, em certas instâncias considerado persona non grata como foi o caso da famigerada visita em meados de Setembro de 2011 aos Açores. Carlos César considerou a viagem como irrelevante de “não grande importância e de não amigo dos Açores”. A atribuição de condecorações a indivíduos ou instituições que se distinguiram na nossa comunidade, no meu parecer deixou muito a desejar, aliás já como foi amplamente expresso pelo o editor do Tribuna Portuguesa. Por razões óbvias vou-me restringir à California, excluindo a Costa Leste. Estar a medalhar e atribuir título honoríficos de forma repetitiva às mesmas individualidades, dá a impressão que não temos mais pessoas com valor para serem devidamente reconhecidas e homenageadas. Para mim a melhor e mais gráfica mensagem, que o mais alto representante da Nação Portuguesa teve que dificilmente

engolir, foi da boca de um próspero empresário Açoriano Picoense – o Comendador Manuel Eduardo Vieira - declarando de forma clara que “nunca admitiria uma troika para administrar as suas empresas”. Amen. FINALMENTE - Neste verão passado, ao me despedir de um casal amigo faialense no cais da Madalena, pronunciei de forma jocosa a um outro interlocutor presente, que o meu Faial tinha parado no tempo. Aparentemente esta opinião não foi bem aceite e quiçá considerada irreverente, pelo hebdómadário faialense Tribuna das Ilhas na secção sobe – desce. Segundo o articulista alguns naturais acham que não se faz nada e outros de fora, dizem que o Faial parou no tempo. Passo a deliniar as minhas razões: 1˚- Já há anos nas minhas deslocações do Pico para o Faial, noto com consternação que o relógio da Capitania do belo e cosmopolita porto da Horta parou às dez para as quatro. Em contrapartida a torre do Relógio, ao que parece fazia parte da primeira Igreja Matriz, funciona a rigor. 2˚-O facto de o Director do jornal matutino faialense O Incentivo ter sido condenado ao pagamento de uma indeminização civil de mil euros por difamação em 2009. O artigo em causa publicado em Janeiro de 2007, intitulado corrupção oficial, denunciava a forma pouco transparente como o Parlamento Regional financiava os partidos ali representados. Onde está a Liberdade de expressão alcançada pela Revolução dos Cravos? Faz-me retroceder ao tempo dos carimbos de Visado pela censura e Exame Prévio da detestada PIDE-DGS, polícia política da ditadura. 3˚-O facto do aeroporto da Horta, embora tenha sofrido alguns melhoramentos, não tenha sido aumentado, é outro sinal da pasmaceira política dos meus conterrâneos. Em suma acho que a terminologia de catalogar naturais contra os de fora - eufemismo para emigrantes, é divisória e xenofóbica. Temos 9 ilhas separadas fisicamente umas das outras. A união faz a força. Feliz 2012.

Apurados vencedores do Prémio de Jornalismo Comunidades O Governo dos Açores, através da Direcção Regional das Comunidades, lançou, no presente ano, o Prémio de Jornalismo COMUNIDADES, tendo como objectivo premiar os trabalhos jornalísticos que contribuam para a integração das comunidades emigrantes nas sociedades de acolhimento e das comunidades imigrantes na sociedade açoriana, que permitam estreitar laços, bem como promover a identidade cultural das comunidades migradas e contribuir para uma maior divulgação dos Açores. O júri deste prémio, composto pelos directores da RTP Açores, Jornal Açoriano Oriental e Rádio Atlântida, decidiu premiar os seguintes trabalhos: Na categoria “Comunidades Açorianas”, venceu o candidato Waldson de Jesus Oliveira Menezes com o trabalho Das Ilhas Açorianas ao Espírito Santo: 199 anos de colonização. A peça jornalística em questão, publicada no jornal Tribuna Vianense do Brasil, versa sobre a colonização açoria-

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na, por cinquenta e três famílias, no município de Viana, Estado do Espírito Santo, no Brasil. É relevada a importância e impacto da fixação destas cinquenta e três famílias açorianas na vida daquela cidade até aos dias de hoje, nomeadamente a nível da gastronomia, cultura, vestuário, valores, crenças e tradições como a celebração da Festa do Divino Espírito Santo. Na categoria “Açores Imigrante”, venceu a candidata Begoña Romero Sáez com o trabalho Apaixonados pelos Açores, publicado no site da RTP Açores. A peça jornalística reflecte a história de jovens europeus que emigram para os Açores para trabalhar, completar os estudos ou mudar de estilo de vida. A peça pretende igualmente que o leitor compreenda o olhar desses jovens imigrantes perante o arquipélago, qual o seu dia-a-dia e quais os motivos que os levaram a permanecer nos Açores. Na categoria “Açores Emigrante”, venceu o candidato Alexan-

dre Soares, com o trabalho Na pista dos baleeiros açorianos de Moby Dick. A peça jornalística, publicada na Notícias Sábado do Diário de Notícias, surge no âmbito do 160º aniversário da obra-prima de Herman Melville, Moby Dick. O jornalista seguiu a pista dos baleeiros açorianos imortalizados por aquele escritor e descobriu uma odisseia sobre a chegada dos portugueses à América. O autor foca igualmente a presença de açorianos na caça às baleias imortalizada no New Bedford Whaling Museum, na recente Azorean Whalemen Gallery, onde se encontram referências a vários açorianos que se dedicaram à indústria baleeira e onde consta, igualmente, a lista da tripulação do navio Acushnet, onde Melville viajou para obter inspiração para as suas obras, e na qual consta igualmente nomes de quatro açorianos, oriundos da ilha do Faial. O júri apreciou os trabalhos tendo em consideração aspectos relevantes de âmbito jornalístico,

designadamente, a originalidade, a inovação, a criatividade, a pesquisa, a correcção formal, o impacto na sociedade e o benefício público. Relembre-se que este Prémio, de âmbito nacional, tinha três categorias, nomeadamente: Açores Emigrante destinada aos jornalistas residentes em Portugal nas áreas da imprensa (escrita e digital), da rádio, da televisão e do fotojornalismo com trabalhos que tenham sido publicados ou difundidos em órgãos de informação de Portugal, e que incidam sobre a temática da Emigração e Comunidades Açorianas, promovendo a integração dos emigrantes açorianos nas respectivas sociedades de colhimento, bem como contribuindo para um maior conhecimento deste fenómeno. Açores Imigrante destinada aos jornalistas residentes em Portugal nas áreas da imprensa (escrita e digital), da rádio, da televisão e do fotojornalismo com trabalhos que tenham sido publicados ou

difundidos em órgãos de informação de Portugal, e que incidam sobre a temática da Imigração e Comunidades Imigradas nos Açores, promovendo a integração dos imigrantes na Região Autónoma dos Açores, bem como contribuindo para um maior conhecimento deste fenómeno. Comunidades Açorianas Categoria destinada aos jornalistas das Comunidades Açorianas residentes na Bermuda, Brasil, Canadá, Estados Unidos da América, Havai e Uruguai nas áreas da imprensa (escrita e digital), da rádio, da televisão e do fotojornalismo com trabalhos que tenham sido publicados ou difundidos em órgãos de informação destes respectivos países, e que incidam sobre a temática da Emigração e Comunidades Açorianas, integração dos emigrantes açorianos nas respectivas sociedades de acolhimento, bem como, de âmbito geral, sobre a Região Autónoma dos Açores. GaCS/DRC


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COMUNIDADE

1 de Fevereiro de 2012

Open Letter

To the City of Turlock Dear Mayor and City Council Members of Turlock, As you may know, the Turlock Pentecost Association celebrates its 100th anniversary this year. For this celebration, dignitaries from the US, Canada and Portugal will be on attendance. A book on the centennial of this important organization will be released. Due to the importance of this event, we would like to call your attention to the streets surrounding the Turlock Pente-

cost Association, such as Lincoln Street and Canal Rd and those surrounding the Sacred Heart of Jesus Catholic Church (Lyons Avenue, Cooper Avenue, and Oak Street) that remain in really bad condition for many years as can be seen in the attached photographs. Your timely attention would be appreciated as the streets have a bad reflection on the City of Turlock and the centennial will be a great showcase of this important city of the Central Valley.

Sincerely, JosĂŠ Avila Editor/Publisher of The Portuguese Tribune


DESPORTO

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LIGA ZON Sporting a 13 pontos do Benfica Liga Zon Sagres 1Benfica 2FC Porto 3SC Braga 4Sporting 5Marítimo 6V. Guimarães 7Académica 8Nacional 9Olhanense 10Beira-Mar 11Gil Vicente 12Feirense 13Rio Ave 14UD Leiria 15V. Setúbal 16P. Ferreira

J 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16

V 13 12 10 8 8 6 5 5 4 4 3 3 4 4 3 3

E 3 4 4 5 5 2 4 4 6 4 7 6 2 2 5 3

D 0 0 2 3 3 8 7 7 6 8 6 7 10 10 8 10

P 42 40 34 29 29 20 19 19 18 16 16 15 14 14 14 12

V 9 9 7 7 7 6 6 4 5 5 5 4 4 4 4 3

E 5 3 6 5 3 6 5 8 5 4 4 6 6 5 4 3

D 2 4 3 4 6 4 5 4 6 7 7 6 6 7 8 10

P 32 30 27 26 24 24 23 20 20 19 19 18 18 17 16 12

V 11 9 7 7 7 7 6 7 6 5 5 4 5 4 14 0

E 3 3 6 5 5 5 5 2 4 6 5 7 4 5 1 5

D 2 4 3 4 4 4 5 7 6 5 6 5 7 7 1 1

P 36 30 27 26 26 26 23 23 22 21 20 19 19 17 7 5

Benfica 3 Gil Vicente 1 Porto 3 Guimarães 1

Liga Orangina 1Estoril 2Moreirense 3Desp. Aves 4Atlético 5Leixões 6Naval 7Penafiel 8Arouca 9Oliveirense 10Santa Clara 11Sp. Covilhã 12Freamunde 13Belenenses 14U. Madeira 15Trofense 16Portimonense

J 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16

II - Zona Norte J 1Varzim 16 2Ribeira Brava 16 3Tirsense 16 4Mirandela 16 5Desp. Chaves 16 6Limianos 16 7Mac. Cavaleiros16 8AD Fafe 16 9Camacha 16 10Ribeirão 16 11Vizela 16 12Marítimo B 16 13Famalicão 16 14Lousada 16 15Merelinense 16 16AD Oliveirense16

II - Zona Sul J 1Torreense 16 2Oriental 16 3Carregado 16 4Est. Vendas Novas16 5Fátima 16 6Pinhalnovense 16 7Louletano 16 8Mafra 16 9Sertanense 16 101º Dezembro 16 11Juv. Évora 16 12Monsanto 16 13Moura 16 14Tourizense 16 15At. Reguengos 16 16Caldas 16

V 9 9 8 8 8 9 7 6 6 5 5 3 4 3 3 2

E 5 3 5 4 4 1 5 7 3 4 2 7 3 5 5 3

D 2 4 3 4 4 6 4 3 7 7 9 6 9 8 8 11

P 32 30 29 28 28 28 26 25 21 19 17 16 15 14 14 9

E 4 1 3 5 2 7 7 6 4 3

D 1 3 2 3 6 3 4 5 7 10

P 28 28 27 20 17 16 13 12 10 3

III Divisão - Açores J 1Lusitânia 13 2Praiense 13 3Santiago 13 4Prainha 13 5Guadalupe 13 6Boavista S. Mateus13 7Sp. Ideal 13 8U. Micaelense 13 9Fayal 13 10Águia 13

V 8 9 8 5 5 3 2 2 2 0

Benfica e FC Porto entraram nesta 16ª jornada, a primeira da segunda volta da Liga portuguesa, com dois pontos a separá-los, e no final da ronda, tudo ficou na mesma, mercê de dois triunfos por 3-1, as "águias" frente ao Gil Vicente e os "dragões" ante o V. Guimarães. O Sp. Braga também ganhou. Os portistas jogaram primeiro, no Estádio do Dragão. O Vitória até começou melhor, com boas trocas de bola em progressão e futebol seguro. Mas faltou sempre aos vimaranenses um último passe ou uma boa finalização, e o FC Porto aproveitou para se adiantar no marcador. Rolando, aos 18 minutos, dominou no peito um excelente passe de Jaimes Rodríguez antes de rematar forte, sem hipóteses para Nilson. Paulo Sérgio desperdiçou a seguir uma excelente oportunidade para os minhotos, aos 30 minutos, após passar por diversos adversários, mas perdeu

tempo de remate e Rolando acabou por cortar para canto. João Paulo falhou na pequena área, aos 37 minutos, deixando-se antecipar por um defesa quando tinha tudo para marcar, pelo que o intervalo chegou com os "azuise-brancos" na frente. O FC Porto entrou a toda a velocidade no segundo tempo e, aos 46 minutos, fez o 2-0, por João Moutinho, a concluir excelente assistência de Kléber por cima da defesa vimaranense. O Vitória respondeu aos 58, por Faouzi. Toscano bateu um livre directo com força, Helton não segurou e o atacante surgiu a emendar de cabeça. Mas o Porto arrumou o jogo aos 76 minutos, através de uma grande penalidade apontada por James, a castigar falta de Toscano sobre o colombiano. Na Luz, o Benfica sofreu para bater o Gil Vicente, mercê da grande réplica dos homens de Barcelos. Os "encarnados" entraram dominadores, mas foi Ri-

chard quem quase fez o 1-0, aos 14 minutos. Na confusão na grande área benfiquista, o gilista não conseguiu emendar. Em cima do minuto 26, contudo, Óscar Cardozo abriu a contagem. O paraguaio facturou de cabeça, após livre apontado por Nolito do lado esquerdo. Aos 40 minutos, o Gil empatou. Rodrigo Galo recolheu uma bola perdida à entrada da área benfiquista e rematou de forma espectacular para um golo de belo efeito, e foi com 1-1 que a partida chegou ao intervalo. No arranque do segundo tempo, o atacante Hugo Vieira, isolado, viu Artur negar o segundo tento dos minhotos. Já com Pablo Aimar e Bruno César em campo, aos 72 minutos, Rodrigo conseguiu finalmente arranjar espaço em zona frontal, rematou, a bola desviou num defesa e entrou na baliza contrária. Estava feito o 2-1 e aberta a defensiva visitante, que

permitiu o 3-1 apenas dois minutos volvidos. Aimar concluiu na grande área, após magnífica tabelinha com Rodrigo. O Sp. Braga continua a oito pontos do Benfica e a seis do FC Porto, pois ganhou 2-1 na recepção ao Rio Ave. Douglão e Hélder Barbosa fizeram os tentos "arsenalistas", perto do intervalo. Também em grande forma está o Marítimo, que foi ganhar 2-1 ao terreno do Beira-Mar e ultrapassou provisoriamente o Sporting (joga esta segunda-feira, com o Olhanense), no quarto posto. Nos restantes encontros, o Nacional bateu o Feirense em casa por 2-0, o Paços de Ferreira ganhou na recepção ao V. Setúbal por 2-1 e Académica e U. Leiria empataram sem golos, na partida de abertura da jornada, na sexta-feira.

Olhanense 0 Sporting 0 O Sporting não foi além de um nulo na deslocação ao terreno do Olhanense, com a equipa de Domingos Paciência a ficar a 13 pontos do líder Benfica. Obrigado a vencer no Algarve para não se atrasar ainda mais na luta pelo título, o conjunto leonino encontrou pela frente uma forte oposição e teve de se contentar com uma igualdade sem golos. Os dois guarda-redes foram obrigados a trabalhado apurado durante todo o encontro, com destaque para Rui Patrício, que efectuou três defesas providenciais no espaço

de outros tantos minutos da etapa complementar. O empate deixa o Sporting na quarta posição com 29 pontos, os mesmos que o Marítimo e a 13 do líder Benfica. Quanto ao Olhanense, a formação agora comandada por Sérgio Conceição segue na nona posição, com 18 pontos. in uefa.com

in uefa.com


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TAUROMAQUIA

Estatísticas da Festa Brava na California

Ganadarias Toiros

Toiros Corridos em prontos para 2011 correr em 2012

Açoriana António Cabral António Nunes Casa Agrícola Machado Frank Borba & Filhos Joe Parreira Joe Rocha Joe Souza Manuel Carmo Manuel Correia Manuel Costa Jr. Manuel Sousa Jr. Mario Teixeira

Vacas de ventre

Sementais

Corridas contratadas + faladas para 2012

36 26 4 6 0 4 4 (corridos no 7 Canadá) 12 24

120 25 40 20

4 2 1 1

2 1/2 + 1/2 + 1/2 0 0 0

80

2

1

18 14 7 25 0 15 35 1 A desbastar

35 30 72 110 22 60 130 15 TOTAL

2 3 2 3 2 9 14 2 Éguas

Agualva António Cabral Irmãos Martins Joe Correia Joe Souza Manuel Correia Artistas Locais

4 3 10 1 (4 à corda) 0 6 9 + 8 Canadá 0 Cavalos prontos para tourear 9 9 11 2 0 1 Actuações 2011

4 2 2 3 5 3 Contratos 2012

13 11 13 5 5 4

9 5 5 0 14 10

1/2 + 1 0 3 0 0 1+3 2+2 0 Poldros + poldras 2+1 0+6 4+2 0 1+2 3

Mário Teixeira Paulo Ferreira Sário Cabral Grupos de Forcados

15 10 5 Corridas em 2011

5 1 0 + 3 faladas Toiros pegados Corridas conem 2011 tratadas + faladas 2012 20 4+3

Coudelarias

Forcados Ama- 9 dores de Merced Forcados Ama- 15 dores de Turlock Forcados Apo- 13 sento Turlock

43*

5+0

* 6 em Portugal 3 no Canadá * 2 na Terceira 2 no Canadá

30*

1 de Fevereiro de 2012

Quarto Tércio

José Ávila josebavila@gmail.com Outro dia perguntaram-me o que é que eu não gostaria de ver na temporada que se avizinha. Vou compilar uma lista de coisas que qualquer aficionado que se preze não gostaria de ver. Também irei dizervos o que gostaria de ver, o que é muito mais fácil. A primeira coisa a evitar seria na apresentação dos toiros. Quando se paga pequenas fortunas para se tourear e se apresentam toiros sem cara e com a cornamenta virada para o chão, isso é um atentado a todos os aficionados e só demonstra que alguém não está a defender a festa, mas sim o artista. Aqui fica este exemplo. Qual é a emoção em tourear um toiro destes? Para um festival não me importo.

Há um outro aspecto da nossa festa, quer ao nosso nível, quer a nível português, que é chamar um toiro à porta do curro. Além de ser ilegal, é contrário a tudo o que se aprecia num toiro. Este deve entrar na arena sem se machucar e não percebo como é que os nossos ganaderos deixam fazer isso aos seus toiros que criaram com carinho durante quatro anos. Os peões de brega fazem este mau serviço a mandado dos cavaleiros. Porquê? Porque os cavaleiros é que lhes pagam. E os directores deixam fazer isto, porque não têm vontade de alterar este estado de coisas. Porque não?

Notas: Ganadaria do Pico dos Padres vendeu 12 toiros para o Canadá. Ganadaria de Joe Rocha vendeu 7 toiros para o Canadá Ganadaria de Joe Souza vendeu 3 toiros para o Canadá Ganadaria Açoriana vendeu 12 toiros que foram corridos a pé nos dias 8 e 22 de Jan12 em McLey, Texas Joe Pacheco desistiu de ser ganadero em 2011

Terceira

sempre na vanguarda taurina

Sempre que a Ilha Terceira patrocina qualquer evento taurino, quer a nível nacional, quer a nível internacional, uma certeza temos - qualidade da melhor em todos os aspectos. E é por isso, que cada vez mais a Terceira é

procurada para estes eventos. Este ano, o II Fórum Mundial da Cultura Taurina, trouxe à nossa Ilha grandes especialistas de todo o mundo taurino para discutir e partilhar aspectos variados da festa brava.

Tivemos muita pena que a California não tivesse sido convidada. Não sabemos como se processa os convites deste Fórum, mas seria interessante que a California pudesse partilhar a sua experiência num País que não é taurino, com todos os outros lá representados. Teríamos imenso gosto ter visto o nosso amigo Joaquim Avila, profundo conhecedor da nossa festa, ter partilhado com todos os participantes, a nossa curta mas bonita e rica festa. Foi pena... outros anos virão e outras oportunidades hão-de surgir no futuro. Viva a Festa Brava e a Terceira.

O que é que eu gostaria de ver em 2012? Para já e pensando só em mim, eu adoraria ver um bom matador fazer uma faena que me enchesse a alma de alegria. Pensando na maioria das pessoas que enchem as nossas praças, e que gostam de cavalos e pegas, eu propunha a vinda de 3 cavaleiras, que as há em Portugal e boas. Seria uma novidade e quero crer que teríamos casa cheia. Mesmo que fosse a pagar. Ainda me lembro da corrida do Manuel da Costa Junior, que trouxe duas cavaleiras e uma matadora e foi um sucesso tremendo. É preciso variar e as nossas cavaleiras estão ao nível do melhor que se faz em toureio equestre. E três grupos de forcados, claro.


COMUNIDADE

E a festa continua, com Chico

E a festa continua! Chico Avila celebrou 14 anos consecutivos de cruzeiros. Desta vez no maior navio do mundo “Oasis Of The Seas” numa viagem inesquecível pelas Caraíbas. Aqui vão algumas fotos dos serões com o Chico nesta grande viagem. Fiquem atentos ao Tribuna para serem os primeiros a saber qual o destino do próximo passeio com o Chico Avila. www.chicoavila.com

Avila

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ARTES & LETRAS

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1 de Fevereiro de 2012

De Edurardo Lourenço e de Nós

Com efeito, a ortodoxia impregnara de tal modo ‘organicamente’ o tecido mental português que ser ortodoxo (assumir posições sólidas, absolutamente verdadeiras e totalmente incontestáveis) era ser português. Miguel Real, Eduardo Lourenço e a Cultura Portuguesa

Vamberto Freitas

P

or certo que todos reconhecerão as palavras de Miguel Real no seu extenso Eduardo Lourenço e a Cultura Portuguesa (2008) como referência à própria obra do autor em foco, quer como títulos dalgumas colectâneas dos seus primeiros e mais conhecidos ensaios quer como a partida para o combate que ele, Eduardo Lourenço, travou durante toda a sua vida e continua a travar com os seus mais de 80 anos de idade. A partir dos anos 50-60 mais ninguém como ele se tornaria entre nós o filósofo e intelectual público totalmente empenhado na libertação do pensamento político e cultural português, e que já depois do 25 de Abril de 1974 dava lugar à publicação da sua mais influente e hoje canónica obra, O Labirinto da Saudade: Psicanálise Mítica do Destino Português (1978), os ensaios que desconstroem o nosso enclausuramento num passado imaginário mantendo-nos sempre às margens da Europa, espaço no qual nos deveríamos incluir começando pelo diálogo inédito e a absorção da sua modernidade. O que mais me interessa aqui -- a obra de Eduardo Lourenço deve ser actualmente a mais referenciada e comentada nos nossos meios intelectuais -será uma breve síntese de como ele, visto pelo ensaísta e romancista Miguel Real (que ainda há bem pouco tempo publicaria o seu volumoso O Pensamento Português Contemporâneo 1890-2010), praticamente só entre os seus pares mais destacados, integrou no seu pensamento as questões cívicas em torno da democracia e liberdade -- a crítica literária e o ensaio cultural

em que a política estava sempre implícita, assim como, nesses inigualáveis gestos de elegância, ética e justiça literária, se relacionava com os Açores já nos anos da nossa libertação abrilista, tendo a obra de Antero de Quental (lado a lado com a de Fernando Pessoa e Camões) sido sempre um dos seus principais objectos de estudo e reflexão literária e filosófica. De resto, aproveito aqui a ocasião de Eduardo Lourenço ter sido agora distinguido em Lisboa ainda há poucos dias com o também prestigiado Prémio Pessoa, depois de receber há uns anos o Prémio Camões. Em Eduardo Lourenço e a Cultura Portuguesa, Miguel Real interliga toda a longa carreira de intelectual público do autor em quatro grandes secções, abordando as questões cultural, política, estética e filosófica, numa revisitação aos respectivos ensaios em cada época e contexto próprio, dentro e fora do nosso país, revendo cada polémica que travou entre os seus pares de língua portuguesa, ou o confronto com o Poder ditatorial que então nos governava e amordaçava, ora por meios abertamente brutos ora por subtis colaboracionismos internos e externos. Tinha como interlocutores na crítica literária, tal como nos relembra Miguel Real na obra presente, Jorge de Sena, Jacinto Prado Coelho, David Mourão Ferreira, ou ainda Urbano Tavares Rodrigues, que apesar da sua “ortodoxia” política sempre teve na escrita criativa a sua rebeldia libertadora. Seria sempre, no entanto, através de linguagens literárias e filosóficas que a sua escrita nos levava ao pensamento livre, mesmo que na solidão vivida por cada um no seu labirinto que demarcava em absoluto as vidas pública e privada de cada cidadão consciente mas temente do regime reinante. Em periódicos nacionais ou fundados e dirigidos pelos que haviam optado ou teriam sido forçados ao exílio, o diálogo travado por Eduardo Lourenço manteve sempre a civilidade do pensador autêntico, do cidadão que tinha a consciência da nossa incapacidade multissecular de nos libertarmos da nossa própria mítica e saudade de grandezas perdidas e imaginadas na bruma do tempo e na miséria a que tínhamos sido condenados nos últimos cinco séculos. Eram sempre as ideias no centro da sua discursividade, e raramente os indivíduos (com a excepção de Salazar) o alvo do que se escondia na profundidade de cada linha sua em combate pela nossa libertação política e cultural, ou mesmo psíquica. Cedo, tanto se aproximou da crítica presencista como se distanciava relativamente a outras figuras a ela associada. A literatura, para Eduardo Lourenço, tinha substituído na modernidade a noção do Sagrado e toda a religiosidade agora relativizada, e por isso deveria concentrarse na sua vertente fundamental: a estética como signo da beleza e da liberdade de cada um, a ética, uma vez mais, a outra componente com que deveríamos receber e fazer parte do nosso ser cada gesto de apreciação artística. Naturalmente que na

Apenas Duas Palavras

Diniz Borges d.borges@comcast.net época dos anos em causa representavam o seu contraditório intelectual os neo-realistas com as suas formas de pensamento e exteriorização pré-determinadas e obedientes às suas noções do combate político anti-fascista e vastamente societal. Era a negação da “ortodoxia”, do pensamento português aprisionado – política, literatura e sociedade em Eduardo Lourenço são indissociáveis -- e a aceitação da “heterodoxia”, o pensamento liberto das construções de pensamento mítico e castrador, tudo o que nos mantinha fora do diálogo e da aceitação e integração na modernidade europeia. É claro que Miguel Real revisitaria posteriormente noutros contextos da sua própria obra muitas das questões já presentes em Eduardo Lourenço e a Cultura Portuguesa mas que para mim e creio que a maioria dos leitores permaneciam mais ou menos desconhecidas. Uma delas diz respeito aos artigos mais abertamente políticos que logo no início dos anos 60 seriam publicados no Portugal Democrático (Casais Monteiro e Jorge de Sena na companhia de outros destacados exilados políticos) e no Portugal Livre (fundado e dirigido por Miguel Tavares Rodrigues, que depois de Abril estaria intimamente ligado ao Avante! do Partido Comunista no nosso país), ambos de São Paulo, e próximos dos quais estavam dois dos mais consequentes conspiradores anti-salazaristas, Humberto Delgado e Henrique Galvão. Os ensaios de Eduardo Lourenço continuavam a insistir nas questões literárias e obras de outra natureza para acusar a opressão que caíra sobre os portugueses e perpetuava os séculos de regimes absolutistas fundamentados na mítica civilizacional lusa a partir dos Descobrimentos. A besta negra de Lourenço nesses anos em que o império começava a ruir por toda a parte, começando com Goa, Damão e Diu, foi a obra do brasileiro Gilberto Freyre, particularmente Casa Grande e Senzala e livros posteriores em defesa das suas propostas do luso-tropicalismo, a singularidade da convivência de raças e etnias nos Trópicos sob a governação centralizada em Lisboa, que Salazar e o seu regime aproveitavam para justificar a suposta singularidade da nossa colonização, justificando perante o

Nesta segunda edição de 2012 trazemos um belíssimo ensaio do nosso amigo e distinto colaborador Vamberto Freitas sobre um livro agora publicado dedicado à obra de Eduardo Lourenço, o grande pensador e escritor português dos nossos tempos. É um ensaio extremamente bem escrito e de uma grande reflexão. A obra de Eduardo Lourenço é de suma importância para a literatura portuguesa e para o pensamento português do século vinte e século vinte um. abraços diniz restante mundo a presença portuguesa agora só em África. O autor de Recife foi desusadamente atacado, chamado por Eduardo Lourenço de “intelectual safado”. Eduardo Lourenço viria a Angra do Heroísmo em 1987 para participar na VIII Semana de Estudos dos Açores onde leu o ensaio “Dos Açores Como Questão Cultural”, que ainda hoje mantém um eco vivo entre nós, algumas dessas suas palavras reproduzidas mais tarde pelo seu grande amigo Onésimo T. Almeida em Açores, Açorianos, Açorianidade (1983), tendo sido sempre este autor açoriano quem o manteve até hoje ligado às questões referentes às nossas ilhas, a que ele desde há muito já se tinha habituado pela admiração que mantinha pelas obras de Vitorino Nemésio, Antero de Quental e Teófilo Braga. “Todavia eu sei também – e se não o soubesse a realidade histórica e mítica do Arquipélago mo lembraria – que não estou precisamente em Viana do Castelo nem em Bragança que não são definidas na Constituição como regiões autónomas (e que o fossem…) mas nos Açores, território e realidade singular no espaço de raiz e invenção portuguesas a que os séculos, a distância e os homens imprimem uma identidade particular”. Façam o favor de passar este texto aos que mandam actualmente no nosso país. ____________________ Miguel Real, Eduardo Lourenço e a Cultura Portuguesa (1949-1997), Matosinhos, QuidNovi, 2008.


COMUNIDADE

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Classes de Português podem acabar no Mission College Como se pode ler neste email enviado pela LusoAmerican Education Foundation, as clases de Português ensinadas no Mission College de Santa Clara podem acabar se não houver estudantes inscritos nessa classe até 30 de Janeiro.

À Tribuna Portuguesa, de Modesto, CA Lanço mão à tecla moderna Num cumprimento com alegria Novo Ano está à perna Só mesmo a crise é a agonia. Que o quinzenal de Modesto Do nosso querido José Seja sempre o manifesto De que não se arreda pé.

Have you ever thought of taking Portuguese classes? if so, please read below email from Mariel Fedri, Portuguese professor at Mission College. If a set number of students are not enrolled prior to the first day of class, Portuguese Classes at Mission College may be something of the passed. Please help us to continue supporting our Language and Culture, the best way to do so, it is to continue offering Portguses classes at our local colleges and universities!

Que todos os nossos olhares Se voltem para a escrita Que vem de belos lugares De gente fina e bonita.

Desde já, obrigado! Bela Ferreira-Gonçalves Administrative Director Luso-American Education Foundation Office# 925-828-3883

Que as rádios e televisões Jornais, revistas e afins Celebrem boas ocasiões Adornem nossos jardins.

I was informed last week that “Portuguese classes at Mission College will be closed if the minimum amount of students are not enrolled by the first day of class. This semester begins Monday Jan 30th!!!

Que este ano seja doce Produtivo e amoroso Como se na terra fosse Um lugar harmonioso. Mas se esta utopia Não encaixa no real Que venha sempre o dia De se ler o Quinzenal. A Tribuna Portuguesa Fixa o tempo e a tradição É imagem da realeza Que tem a comunicação. E a todos os leitores Espalhados em qualquer parte Mando da ilha dos Açores Um abraço em popular arte.

Rosa Maria Silva "Azoriana"

COMUNICADO O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus melhores cumprimentos e, com pedido de divulgação, comunica que no passado dia 21 de Janeiro decorreu a abertura oficial de Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura. Quem estiver interessado em obter informação sobre o programa dos eventos, organizados pela Fundação Cidade Guimarães, pode consultar www.guimaraes2012.pt. ou entrar em contacto com este Consulado-Geral, das 9 da manhã às 4 da tarde, das segundas às sextas-feiras, pelo telefone 415-346-3400, ext. 201.

San Francisco, 24 de Janeiro de 2012.

Manuela Ávila Silveira Vice-Cônsul Gerente

Port 50A/50B Beginning Conversation Classes are Monday night at 7:00 pm, maybe you or someone you know would like to learn Portuguese, the time is now! Please sign-up for classes before it is forced out due to low enrollment. Mariel Fedri Port50A/50B Mission College Santa Clara, CA. Please feel free to pass this on to all your friends!


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ENGLISH SECTION

1 de Fevereiro de 2012


Lúcia Soares luciasoares@yahoo.com

societies, the Italians in Chicago had church and school-oriented clubs and sodalities that worked at fundraising, as well as specialinterest organizations sponsored by the settlement houses.”3 By 1930, the U.S. Census reported that more than 400,000 Polish immigrants resided in Chicago, outgrowing other immigrant groups. The Polish Catholics formed the largest Catholic population in the United State’s largest Catholic diocese.4 Tensions between these local Polish parishes and the Vatican rose when disputes over how funds from these local parishes should be allocated – to support local parishes, or to be sent abroad in support of the parish’s national interests.5 The social consequences of estab-

speaking ones, and hardly any new German national parishes were created. When established, new territorial parishes were intended for Germans as well as for the Irish” and other communities.6 Not too soon after allowing the establishment of national churches, the Vatican decided to revise its law. “National parishes with but a few exceptions were replaced by territorial parishes in 1918.”7 This would not end up impacting the status of Five Wounds as a Portuguese national church. The Code of Canon Law states: “As a general rule, a parish is to be territorial, that is, it is to embrace all Christ’s faithful of a given territory. Where it is useful however, personal parishes are to be established, determined by reason of the rite, language or nationality of the faithful of a certain territory, or on some other basis.”8 Msgr. Ribeiro requested that Five Wounds be a national parish. The reasons that prompted this action echo what occurred in Chicago’s Catholic immigrant experience. Msgr. Ribeiro and the Portuguese immigrants wanted to re-create their religious national identity, and over the years, Five Wounds became a prototypical national parish: it established a school, a hall, and ties to the community that allowed the Portuguese to work within the community, attracting Portuguese immigrants from various areas in California. Lúcia Soares is a researcher of the upcoming book, The Power of The Spirit, by the Portuguese Heritage Publications of California (to be published in 2012).

lishing “national” parishes were obvious. On the one hand, this form of institution allowed for a remembrance of the old country and a preservation of both national and religious identity; on the other hand, it became a form of religious/cultural segregation, closing the immigrant community within itself. But as the rate of immigration slowed, and the Americanization of the second and third generations began, national churches were no longer needed by the religious communities: “This system began to change slowly toward the end of the nineteenth century. By 1900 there were large numbers of American-born German Catholics who used English as their first language. As a result, existing German national parishes gradually became English-

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National Churches: Immigrant Faith

Threads of Thought

When the Five Wounds parish was founded, it was established as a Portuguese National Church, not a territorial parish church. This conscious difference shaped the vision and mission of its people and the community with which it would interact throughout the coming years. The concept of the national church started in Chicago during the late 1800s when Chicago’s multicultural diversity flourished as a result of steady immigration. During the 1900s, ninety-six languages were spoken in Chicago.1 The richness of this diversity did not produce the legendary melting pot of American culture. Instead, the ethnic communities in Chicago were a mosaic of rich traditions, distinctly set in their own neighborhoods, but nevertheless comprising one overall portrait of Chicago’s American immigrant experience. The strongest immigrant presence in Chicago during the early 1900s centered around the Irish, German and Polish communities. From a religious perspective, the Irish and Polish ethnicities were devoutly Catholic; the German community also had a strong penchant for Catholic representation in Chicago. The shared faith would seem to foreshadow a reason for these communities to work together. Contrary to these expectations, the cultural religious differences of these groups proved to be a dividing force. Much of the tension within immigrant Catholics stemmed from their ability to dominate the English language. “Because of their numbers, early arrival, and ability to speak English, the Irish held the dominant role in the Catholic Church in Chicago for decades. Until 1916 all the Catholic bishops in Chicago, except one who served for five years, were of Irish birth or parentage.”2 With the dominance of the Catholic Irish presence, came also the subduing of Polish, Italian and German cultural traditions that had been celebrated as part of their Catholic faith in their home communities. The need to foster their own cultural identity became closely linked with a need to re-build their national Catholic identity. In the early 1900s, other immigrant communities started to grow faster than the Irish immigration, and their national identity began to take firmer root: “The Italian communities of Chicago were enriched by a phenomenon all too rare in their towns of origin — voluntary associations. By the 1920s in addition to the paesani-based mutual benefit

ENGLISH SECTION

1 Parot, Joseph John. “Multicultural Difficulties in Chicago’s Polish Catholic Community: Historical Perspectives.” Illinois History Teacher. Illinois Historic Preservation Agency, Springfield, Illinois:Volume 6:2 1999. P. 23-25 2 Funchion, Michael F. “The Irish in Chicago.” Illinois History Teacher. Illinois Historic Preservation Agency, Springfield, Illinois: Volume 6:2 1999. P. 12 - 22

Candeloro, Dominic. “Chicago’s Italians: Immigrants, Ethnics, Achievers, 1850-1985.” Illinois History Teacher. Illinois Historic Preservation Agency, Springfield, Illinois: Volume 6:2 1999. P 37 3

Parot, Joseph John. “Multicultural Difficulties in Chicago’s Polish Catholic Community: Historical Perspectives.” Illinois History Teacher. Illinois Historic Preservation Agency, Springfield, Illinois:Volume 6:2 1999. P. 23

4

Parot, Joseph John. “Multicultural Difficulties in Chicago’s Polish

5

Catholic Community: Historical Perspectives.” Illinois History Teacher. Illinois Historic Preservation Agency, Springfield, Illinois:Volume 6:2 1999. P. 26 Funchion, Michael F. “The Irish in Chicago.” Illinois History Teacher. Illinois Historic Preservation Agency, Springfield, Illinois: Volume 6:2 1999. P. 13

6

Parot, Joseph John. “Multicultural Difficulties in Chicago’s Polish Catholic Community: Historical Perspectives.” Illinois History Teacher. Illinois Historic Preservation Agency, Springfield, Illinois:Volume 6:2 1999. P. 27

7

Canon 518, Catholic Code of Canon Law. N.d. Web. 31 July 2005. <htt p://w w w.vatican.va/archive/ ENG1104/__P1U.HTM>

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COMUNIDADE

1 de Fevereiro de 2012

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Grupo de Carnaval Cultural Português de San José Bailinho das Crianças Tema:"Vinte e Cinco Anos de Glória" Mestres: Xiomara Cervantes e Jordan Bargas Dança de Espada Tema: "Pela Vida da Minha Irmã" Mestre: Michael Sousa Dança de Adultos Tema: "Uma Carnaval Escaldante" Mestra: Sandra Pacheco

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COMUNIDADE

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Nunes, Merced

O presépio de Filomena Nunes, residente na Cidade de Merced, tal como os outros da California, continua a crescer a olhos vistos, desta vez com maior incidência na temática regional terceirense, como podem observar nas fotografias. Na próxima edição continuaremos esta série dos presépios.


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PATROCINADORES

1 de Fevereiro de 2012

Portuguese Fraternal Society of America

ASSURANCE. PROTECTION. RELIABILITY.

What Matters Most?

• Provide security for years to come • Help protect your family’s standard of living • Avoid leaving debt behind

We Protect Your Future…

Offering SAFE and SECURE Fraternal Insurance for its members since 1880… WHAT DIFFERENTIATES A FRATERNAL SOCIETY OVER COMMERCIAL INSURERS ? While commercial insurers utilize "closed" contracts, i.e., self-contained agreements with set terms, fraternal benefit societies employ "open" contracts. Open contracts are memorialized by the member's application, the insurance certificate, and the society's articles of incorporation and bylaws. Central to this dispute, open contracts also explicitly recognize that the articles of incorporation and bylaws are subject to change, and that any subsequent amendment to them is incorporated into the preexisting open contract as long as it does not destroy or diminish the benefits promised in the original contract. (Kaplan Financial, 2008) When you become a member of the PFSA, you are eligible to purchase term life insurance, return of premium insurance, whole life insurance, and a Coverdell Education IRA.—The PFSA, an organization that is committed to family, community, and country. From a college education for your children, to a secure and rewarding retirement, we have a variety of financial and investment choices that can help you take control of you and your family’s future.

HOW DO I BECOME A MEMBER? It’s simple. Our members are our insured. Anyone purchasing a…

10-YEAR AND 20-YEAR TERM: Level premium plans with a fixed term coverage. Although these plans do not offer cash value or reinstatement provisions they provide protection at a lower cost than whole life. All these Term plans are convertible to a whole life at any time during the term of the contract, by request of the insured and before the insured’s 60th birthday and for an amount equal or lower than the original coverage amount. The Conversion provision does not require additional proof of insurability or medical examinations.

BENEFITS:

➢ Lower cost ➢ More purchase power ➢ Conversion provision

TARGET MARKET: Young families planning for their children’s education and raising needs. The conversion option makes these plans very attractive because it allows the insured to convert the plan to a whole life.

10-YEAR AND 20-YEAR PAY LIFE: Level premium plans with a fixed number of premium payments. These Plans offer cash value accumulation and re-instatement options. Excellent product when planning costs of insurance.

BENEFITS:

1-866-687-PFSA (7372)

• Protect your family or provide a benefit to others • Automatic and flexible payment methods annually, semi-annually, quarterly, or monthly • Help protect you and your family’s assets from the unexpected

➢ Cash Value accumulation ➢ Discounts for early payoff ➢ Forecasting the total cost of insurance ➢ Policy Loans may be granted against the cash value (loan may not exceed 80% of available cash value) ➢ Policy may be re-instated up to 5 years from last due date (medical approval may be required) ➢ Lower Face limit amounts than “interest sensitive” products

TARGET MARKET:

Excellent product for someone who wants to buy or offer insurance protection, but wants to budget and manage the cost of coverage.

20-YEAR AND 30-YEAR RETURN OF PREMIUM: Level premium plans with a fixed number of payments and fixed term. Unlike term insurance, these plans offer cash value accumulation, re-instatement options and policy loans. At the end of the 20 or 30-year term, insured will be paid the total premiums paid minus council dues and any indebtedness they may have.

BENEFITS:

➢ Lower cost than whole life plans ➢ Policy Loans may be granted against the cash value (loan may not exceed 80% of available cash value) ➢ Policy may be re-instated up to 5 years from last due date (medical approval may be required) ➢ Cash Value accumulation ➢ Forecasting the total cost of insurance ➢ Reimbursement of premiums. At the end of the Term member gets reim bursed for all premiums paid except the Council dues.

TARGET MARKET: Young adults and families who want to buy insurance protection for a determined number of years with the assurance that at the end of the term they will get the premium amount returned to them. Home buyers looking for Mortgage Insurance

COVERDELL EDUCATION IRA ➢ Coverdell (Education) IRA – great to start a college fund for children; deposits can be made until the child is 18 years of age; annual deposits up to $2,000.00; funds can be withdrawn for education tax free; funds my be transferred to another child. Minimum to open is $100.00 plus Membership dues

PORTUGUESE FRATERNAL SOCIETY OF AMERICA 1120 East 14th Street, San Leandro, CA 94577 Phone: (510) 483-7676 • 1-866-687-PFSA Fax: (510) 483-5015 www.mypfsa.org

Have a rep contact you today! 1-866-687-PFSA (7372) Or email us at MyPFSA@MyPFSA.org


1 de Fevereiro de 2012

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