The Portuguese Tribune, November 15th 2011

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2 a Quinzena de Novembro de 2011 Ano XXXII - No. 1121 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual

Presidente de Portugal visitou a América numa ...

Semana de Muitos Reconhecimentos

CALIFORNIA: Jack Cunha, Ordem do Infante D. Henrique, grau de Oficial (póstuma, recebida por sua sobrinha), Manuel Bettencour, Ordem do Infante, com o grau de Comendador, Manuela Silveira, Ordem de Mérito, grau de Oficial e Manuel Eduardo Vieira, Ordem de Mérito, com o grau de Comendador.

COSTA LESTE: António Silvestre Matinho, Ordem de Mérito, com o grau de Oficial, Fernando Rosa, Comenda da Ordem de Mérito, Gregory Rabassa, Comenda da Ordem de Mérito, Carlos Andrade, Comenda da Ordem de Mérito, Maria Teresa Paiva-Weed, Comenda da Ordem de Mérito. (fotos cortesia presidencia.pt, portuguesetimes,henrique mano))

Presidente Cavaco Silva falando às 820 pessoas presentes no Jantar do Fairmont Hotel, disse que Portugal poderia ser a California da Europa. Uma Terra de Oportunidades. Pág, 3,4, 13 a 15, 28

Pág. 14 a 18

PALCUS: Tony Goulart, Liderança ao Serviço da Comunidade

www.portuguesetribune.com

PRINCE HENRY SOCIETY: Manuel Calado, Personalidade do PALCUS: Berta Cabral, Liderança Internacional 2011 Ano. Calado é o decano dos jornalistas portugueses nos EUA

www.tribunaportuguesa.com portuguesetribune@sbcglobal.net


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SEGUNDA PÁGINA

EDITORIAL

O futuro tem de ser melhor

Se é verdade que estamos muito contentes pelo reconhecimento que personalidades da nossa comunidade tiveram aquando da visita do Presidente Cavaco, é bem verdade que também estamos tristemente tristes por ver que outros, também merecedores de tais condecorações foram esquecidos. Até pensamos que, quer a Presidência da Republica quer a Chancelaria das Ordens deveriam ter perguntado à California a razão de não haver mais recipientes, sabendo-se que houve muitos anos sem haver qualquer reconhecimento. Algo está mal neste processo. Não faz sentido nenhum deixar para amanhã o que se pode fazer hoje. Iremos tentar compreender o processo desde a sua origem até ao seu final, porque assim como está, não trabalha, criando injustiças que poderiam ser sanadas. Compreendemos as dificuldades do processamento das condecorações, mas é de elementar justiça sermos justos para aqueles que servem as causas da comunidade, defendem a nossa cultura, a nossa língua e a nossa estreita ligação a Portugal. Esperemos que o encontro do Presidente Cavaco Silva com a comunidade empresarial do Silicon Valley seja um sucesso e que dentro de pouco tempo possamos ver resultados. Sabemos que a Cisco Systems vai continuar a investir em Portugal, o que é um bom sinal e mostra bem o extraordinário trabalho feito pelo Helder Antunes, quadro superior da Cisco. Esperemos que o Presidente possa transmitir ao Governo e a outras entidades empresariais da necessidade de se continuar com estes encontros bi-laterais. É verdade que pouco ou nada fizemos nos ultimos 20 anos, mas o futuro é que conta agora. Lastimar já não é boa conselheira. Muitas vezes "brincamos" com o trabalho dos assessores dos Presidentes, mas em boa verdade se diga, que deve ter sido muito complexo manter o nosso Presidente durante oito dias numa tight schedule desde Washington, New York e California. Fizeram um bom trabalho. Só as bandeiras é que poderiam ter estragado a noite. Sempre a aprender, deve ser o lema. jose avila

15 de Novembro de 2011

As minhas Heroínas

M

orreram outro dia na California duas mulheres nascidas em São Jorge e que ficaram viuvas muito cedo na sua ilha, com 10 filhos cada uma, para tratar e sustentar. Alguém pode imaginar nos anos 60, nas nossas pobres Ilhas dos Açores e em lugares pequenos como eram o Topo e a Fajã dos Vimes, duas mulheres com 10 filhos cada uma, colocarem na mesa comida três vezes ao dia para esses filhos todos? Hoje, com a facilidade que temos na vida, quer na America e mesmo nos Açores, é quase impossível imaginarmos tal cena. Nem nos filmes realistas italianos tais cenas foram alguma vez projectadas. E estas duas famílias emigraram e o trabalho das mães e dos filhos deram fruto nesta California de mil amores. Padres, freiras, professores universitários, diáconos, empresários de lacticinios e tantas outras profissões foram o resultado de uma educação simples, mas completa, de amor, respeito e carinho. Poderia isto acontecer nas nossas Ilhas naqueles anos? Claro

Crónicas do Perrexil

J. B. Castro Avila que não. Ao sairmos do anticiclone dos Açores, todos nós, ficamos diferentes, criamos horizontes que nunca conheceramos, lutamos por coisas nunca pensadas, enfim, somos mesmo um novo Homem e uma nova Mulher. Foram estas duas mulheres e tantas outras, algum vez reconhecidas pela sociedade ou pela sua comunidade, como verdadeiras heroínas? Claro que não. Em compensação, o Presidente Cavaco Silva condecorou os jogadores da Selecção sub-20 a 6 de Setembro de 2011, com o grau de Cavaleiro da Ordem do Infante D. Henrique, e a única coisa que eles fizeram na vida foi dar uns pontapés numa bola, meter alguns golos e terem ficado em segundo lugar numa competicão internacional. O mundo está assim. As futilidades da vida tem mais valor do que uma vida de trabalho e de estudo. E é por isso que muitas sociedades, outrora ricas de valores, estão descambando para o nada, para o abismo e ninguém acredita em ninguém.

E

os maus exemplos tanto vem de Presidentes como de outras classes profissionais. Lembro-me de alguns pescadores das nossa ilhas que não pescavam a partir da quinta-feira, para que o peixe não descesse de preço e beneficiasse os mais pobres. Os políticos da Europa que não estiveram à altura das suas responsabilidades estão a ser substituídos por tecnocratas, amantes de novos e ainda não experimentados liberalismos. Como dizia o brasileiro: que mais nos irá acontecer?

61.2 % dos portugueses gostariam de emigrar. É um número inquietante que deveria tirar o sono quer a Passos Coelho quer a Cavaco Silva. Como é possível esse sentimento? A primeira baixa foi o Bispo Auxiliar de Lisboa, Carlos Azevedo, de 58 anos, nomeado Delegado do Conselho Pontifício para a Cultura, um organismo da Santa Sé, no Vaticano. É um dos candidatos a futuro Cardeal Patriarca de Lisboa.

Year XXXII, Number 1121, Nov 15th, 2011


COMUNIDADE

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Cavaco Silva ouviu Missa nas Cinco Chagas

O Administrador da Igreja das Cinco Chagas, Monsenhor Patrick Browne, conversando com o casal Cavaco Silva

Como estava previsto, o Presidente da Republica acompanhado pela esposa Maria Cavaco Silva e 83 acompanhantes, chegou ao Aeroporto de San José às 12:55 pm do Domingo, dia 13 de Novembro de 2011. Depois de descansar algumas horas, dirigiu-se à Igreja Nacional das Cinco Chagas onde participou na Missa das 5:30 pm. Com alguns padres presentes a missa decorreu em ritmo normal, acompanhada pelos coros adulto

e juvenil. À sua chegada à Igreja, Cavaco Silva escutou os Hinos Nacionais, tocado por um conjunto de 6 Bandas Filarmónicas. Também ouviu uma nova composição chamada "Alma Portuguesa" da autoria de Julio Matos, maestro da União Portuguesa de Santa Clara. Por razões desconhecidas o Presidente não se dirigiu à assistência presente na Igreja, como outros politicos fizeram nas suas

visitas à Comunidade. Foi celebrante o Padre Manuel de Sousa, da Igreja de Nossa Senhora da Assunção de Turlock, o que surpreendeu muita gente de San José. Depois da missa, a comitiva presidencial seguiu para o Hotel Fairmont, onde o Presidente ofereceu uma recepção e jantar a 820 pessoas. Também condecorou quatro personalidades da nossa comunidade.

Deputados pelo Círculo Fora da Europa, Carlos Páscoa (Brasil) e Maria João Avila (EUA). Embaixo: José Cesário, Sec. Est. Comunidades


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COMUNIDADE

Padre Manuel de Sousa, acolitado pelo Diácono Victor Silveira

15 de Novembro de 2011

Padre Raul Marta, co-celebrante, no momento da oração pelos Defuntos


COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

N

o ano 2002 estive de passagem na ilha de S. Miguel a fim de participar nas festas comemorativas do vigésimo-primeiro aniversário da elevação da Ribeira Grande à categoria de cidade. Ao tempo tive a oportunidade de me encontrar com o dr. Joaquim Forte de Sampaio Rodrigues, licenciado em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina na Universidade de Ciombra. Veio p’rós Açores durante a Segunda Guerra (1939-45) integrado, como oficial miliciano, no Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria Nº. 12, instalado na antiga Fábrica do Álcool situada no chamado Cabo da Vila da Ribeira Grande. Sampaio Rodrigues casou na Ribeira Grande com Maria Antónia, filha do dr. António de Medeiros Franco (1882-1995), fixando-se na Ribeira Grande onde exerceu a sua atividade profissional, como médico de clínica geral, desde 1947. Foi autor (pois faleceu alguns anos após o nosso memorável e amistoso encontro no Café Central) de dois livros intitulados, respetivamente, “O insólito na Vida de um Médico, 1993” e “A Face Prosaica da Prática Clínica, 1996”. Com a devida vénia, mencionarei concisamente o episódio referente ao Honorato, incluído no livro “O insólito na Vida de um Médico”. Aqui e agora, incumbe-me apontar que conheci o Honorato e lembro-me de vê-lo frequentemente no antigo “Salão da Juventude”, entretido ali a ler jornais ou jogando às cartas. Como escreveu Sampaio Rodrigues, o Honorato, apesar de oligofré-

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Imagens da Segunda Guerra na minha Terra (7)

nico por natureza, tinha uma habilidade extraordinária em manter uma conversa escorreita, não deixando entrever a quem não o conhecia pessoalmente, de como ele psiquicamente sofria dum certo atraso mental. Em verdade, apraz-me acrescentar que o Honorato não era de forma alguma um “tipo avariado”. De preferência, podíamos considerá-lo um indivíduo cumpridor dos seus deveres e que se empenhava, com toda a seriedade, em partilhar localmente nas várias manifestações, quer políticas e religiosas, quer sociais e culturais. Aparentemente, o Honorato estimava a companhia dos oficiais militares, e de vez em quando ia “fazer serão” com eles no quartel que, como acima ficou dito, esteve localizado na Fábrica do Álcool durante o período da guerra. Porém, na sua ingeuidade, o Honorato jamais se apercebeu e nunca desconfiou que a sua presença dava azo aos jovens oficiais p’ra uns momentos de alegre galhofa e divertimento. No entanto, creio que o Honorato mudou de ideias na sequência do insólito episódio ocorrido no quartel e descrito na narrativa de Sampaio Rodrigues. Isso aconteceu numa noite de inverno. Como habitualmente, o Honorato tirou o sobretudo que o agasalhava e dependurouo no respetivo cabide, ajuntando-se imediatamente ao convívio dos oficiais, que conversavam ou jogavam às cartas. Foi então que, sorrateiramente, o oficial de serviço meteu uma pistola no bolso do sobretudo, e ao despedir-se advertiu o Honorato que, devido a recentes instruções de defesa militar, tinha que o revistar

embora soubesse que o Honorato não era comunista ou espião. O oficial acrescentou ainda que tal era apenas uma formalidade, mas que ultimamente haviam surgido tentativas de infiltração nos quartéis p’ra um possível golpe de estado. Inocentemente, o Honorato ofereceu toda a sua cooperação, abrindo até os braços p’ra ser devidamente inspecionado. Disseramlhe que estava limpo. Sorridente, o Honorato encaminhou-se p’ró cabide, quando alguém recomendou que era legal revistar, também, o sobretudo. E foi aí que encontraram a pistola! Ao ouvir a acusação do oficial, o Honorato entrou a empalidecer e a tremer de tal maneira que acabou estatelado no chão. Como descreveu Sampaio Rodrigues, “foi um susto p’ra todos nós tentando reanimálo com leves bofetadas, salpicos de água fria na cara e assegurando-lhe que se tratava de uma brincadeira. Ao fim e ao cabo sentimos um grande sobressalto”. A fechar, aqui segue outro episódio desta vez narrado pelo general Manuel de Sousa Menezes (A Defesa dos Açores Durante a

Segunda Guerra Mundial, 1939-1945). A estória relaciona-se com um alferes miliciano apaixonado por uma encantadora rapariga açoriana, cujo nome era Dora e com a qual continuou a corresponder-se, após ter sido desmobilizado e regressado ao Continente. Temos depois, preocupado com o silêncio da Dora, que cessara em responder às suas cartas amorosas, o alferes miliciano decidiu escrever ao seu antigo comandante a indagar, urgentemente, notícias da sua namorada. O comandante, que era dotado de um bom humor e inclinações poéticas, enviou-lhe o seguinte telegrama: Manda saudades embora, Na vida há muitas mulheres; A Dora já não te adora, A Dora adora um alferes.

"The AVILA family wishes you a Happy Thanksgiving and sends a heartfelt thanks for your support of our business.

Sincerely, Joe and Jenni Avila QUINTA de CASTANHAS Modesto, California Aviloop@aol.com"

PHPC announces the release of its latest publication, the luxury edition of the book IV International Conference on The Holy Spirit Festas, a hard cover, full color, 100-page, photojournalist’s report of the June 2010 conference in San José, California, by Miguel Valle Ávila, Assistant Editor of The Portuguese Tribune. All author proceeds revert in benefit of the San José State University Portuguese Studies Program.

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15 de Novembro de 2011

Barbados para venda Vendem-se cachorros da raça Barbados da Ilha Terceira, puros. Tratar com Joe Morais

Retiro Anual do Grupo de Oração Divina Misericórdia Com um dos principais fundadores do Renovamento Carismático em Portugal

Padre Jerónimo Rocha Monteiro, Salesiano e Equipa Coordenadora

Tema: A promessa do pai, o Espírito Santo, seus Dons e seus frutos, Hoje! (Jo.16,13) Convidados: toda a Comunidade Portuguesa da California, grupos de oração e Paróquia de Nossa Senhora da Assunção

Quando: 25, 26 e 27 de Novembro Onde: no Salão Paroquial de Nossa Senhora da Assunção, 2602 S. Walnut Road, Turlock, california

Horários: Começamos na Sexta-feira à noite, das 7 às 9, com uma informação geral sobre a acção do Espírito na Igreja desde o Concílio Vaticano II e um tempo forte de conversão e reconciliação. Continuamos no Sábado - acolhimento às 8 horas e início à 9 com oração da manhã, seguindo-se reflexões sobre os dons e os frutos, abrindo-nos para os receber numa Celebração de efusão do Espírito, à noite. O dia de Sábado acaba pelas 9 horas da noite. O Retiro culmina com a Santa Missa às 11 horas. Almoço final no Domingo à 1 da tarde. Reserve o seu lugar telefonando para a Secretaria Paroquial - 209-634-2222, ou para qualquer membro da equipa Coordenadora do Grupo de Oração: Rosa Maria Avila, José Brum, Fátima Dias, Elvina Flores, Manuel e Alzira Lopes, Humberto Oliveira, Ana Silva e Padre Manuel Sousa.

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Rasgos d’Alma

Luciano Cardoso lucianoac@comcast.net

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avaqueio já a custo. O telefone colou-se-me à orelha. O café perdeu o efeito. As pálpebras, esfalfadas dum dia extenuante, alertam-me os olhos sonolentos para os cronométricos ponteiros do relógio. Não me traem. Meia noite já lá vai. Não quero dar sinal de fraco. Evito bocejar. Mesmo à distância, sei que fica feio. Faço-me forte. Do outro lado da linha prende-me um conversador nato com um argumento vibrante. Não ouso mudar-lhe o fio à conversa. O tipo está com a corda toda. Reconheço que, lá na ilha, a manhã apenas desponta. Apercebo-me também, porque já não é a primeira vez, que o melhor será aturá-lo por uns instantes mais. Somos amigos, afinal. O que, de jeito algum, quer dizer que tenhamos que estar de acordo.

“Acordaste com os pés de fora…?...Ou faz mau tempo por aí?” “Nem uma coisa nem outra. Deixa-te de piadinhas parvas porque isto não está para brincadeiras. Com toda a franqueza, há prendas tão descabidas que me põe o café amargo e as ideias a ferver.” “Descabido…?...O generoso mimo do nosso prezado presidente…? Acho que não. A meu ver, até tem todo o cabimento. Uma coisa é não engraçares lá muito com o professor Cavaco ou com a sua cor política, outra é quereres debater a louvável atitude do ilustre homenzinho ao decidir oferecer-

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Jantar melhorado

nos cá um jantar de gala em hotel de luxo. Talvez seja um gesto que te irrite mas, a nós, cala bem fundo. Penso que não foi má ideia. Cá ao longe, esquecidos e ignorados, fartamo-nos de angariar fundos quando as causas bem o merecem e nunca nos esquivamos a enviar as remessas preciosas para a saúde económica dessa ditosa pátria amada. Também somos filhos legítimos, não? Ou vocês, por aí, já nos tem por uns meros enjeitados?” “Eu não discuto a legitimidade dos filhotes mal ou bem amados que a pátria um dia pariu e, porventura, à falta de tetas para todos, se recusou dar-lhes a devida mama. Mas não estou mesmo nada de acordo em ver o emproado presidente desta empobrecida nação, à beira da bancarrota, a passear-se em grande estilo por essas longínquas Américas, armado em benemérito Pai Natal, fazendo-se bonito a pagar jantares com dinheiro que não é seu.” “Não me vais dizer agora que a veneranda presidência da república portuguesa pediu dinheiro emprestado para pagar a fatura do banquete cá em S. José? Creio que, por mais feia que se desenhe, a crise ainda não chegou a esse ponto.” “Falas de cor porque, aí, talvez seja diferente. Mas, por cá, como bem sabes, a previligiada classe política, a começar pelo distinto chefe de estado, com seus ordenadões garantidos e regalias intocáveis, estão-nos a obrigar a apertar o cinto cada vez mais, forçando-nos a amargurar uma dieta intratável. Acredita que já há gente p’raí a comer pão com bolor, para não dizer pão com merda, porque o conduto… Bem, para bom entendedor, acho que meia palavra basta. Até parece mentira…jantar de gala em hotel de luxo, com discursos gastos em lisongeios fúteis e salameleques falhos, para quê…?...Para celebrar a nossa hipotecada pobreza de espírito? Espero bem que não.” “Irra! Já vi que estás a começar bem o dia. Mas, aqui, a noite vai alta. Vou ter que me ir deitar. Ataca-me o sono e sumiu-se-me o apetite. Não sei se deva ir ao tal jantar. Martelaste-me a consciência e toldasteme o estômago com culpinhas que me escapam.” “Vai lá, pá! Não ligues ao que eu te disse. Já me conheces. Estava só a brincar. Vai e, se tiveres a chance, diz ao doutor Cavaco

que não se preocupe em puxar da carteira. A despesa já está paga. Mais taxa, menos imposto, não podemos ser todos uns ingratos forretas. Nem somos assim tão pobres como isso. O euro ainda vale mais do que o dólar. O pior está para vir.” Veio até nós com a melhor das boas vontades. É, decididamente, um homem de bem. Quer a nível académico, quer no domínio político, apresenta um currículo invejável. Trata-se dum líder reeleito sem margem para dúvidas. Os portugueses, em clara maioria, orgulham-se do seu prestimoso contributo à causa nacional. Ficará na história como décimo nono presidente da mimosa república que nos sugeriu um dia

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emigrarmos, porque lá não haveria lugar nem futuro para todos. Cá, como sempre fazemos aos ilustres dignatários que ousam visitar-nos, recebemo-lo muitíssimo bem. O abraço estreitou-se. A vida continua. Portugal, embora sempre no coração, já é apenas parte daquilo que somos. Aníbal Cavaco Silva, porém, não tem culpa disso. Nem, julgo eu, merece critiquinhas baratuscas como as do meu velho amigo e dos demais que o imitam. Censurar o atual chefe da dispersa família portuguesa por se ter dignado vir brindar estes seus filhos mais distantes com um jantar melhorado? Francamente, é vontade de dar o cavaco.


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Agua Viva

Falecimento

Filomena Rocha

Maria Freitas Avis

filomenarocha@sbcglobal.net

A Crise e a Cultura da Amizade

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15 de Novembro de 2011

oucos momentos altos, têm enobrecido tão grandemente a nossa Comunidade Portuguesa, como os dois dias que vivemos na California, mais pròpriamente, na cidade de São José, no Vale de Santa Clara, com a visita do Chefe de Estado Português, Aníbal Cavaco Silva, sua esposa Drª Maria Alves Cavaco Silva e respectiva comitiva, numa missão deveras importante para Portugal. Em tempo de crise, não se olha a questões de orgulho e temos a sensação de que toda agente é nossa amiga e se isso contribui para uma maior aproximação dos povos, então todos devemos cultivar, não a Crise, mas a cultura da Amizade. Mesmo sabendo que a situação em Portugal não é das melhores, o Chefe de Estado Português, decidiu brindar os Imigrantes deste lado, convidando-os para um formal banquete. Muitos foram os que não ficaram contentes com esta decisão, que seria esbanjar dinheiro enquanto outros passam fome no seu país, mas sejamos compreensivos com os mais de 4 milhões de Portugueses que vivem fora e que em mais de duas décadas não tiveram o privilégio de ver Portugal inteiro vir até eles. Nenhuma das 800 pessoas convidadas aceitou este jantar como uma esmola, mas como um brinde, uma forma afável e agradável de dizer, “finalmente estou aqui e quero compensar-vos por esta longa espera”. Aproveitando esta curta passagem, alguém teve a ideia de adicionar outra forma de tirar partido do acontecimento a favor da Organização Portuguesa POSSO. Mais do que rendeu a ideia, valeunos o prazer de ver mais de

perto e por mais tempo a Drª Maria Cavaco Silva que veio trazer ao ambiente da Terceira Idade, o prazer e o prezamento da sua presença, pela sua elegância, pela sua simplicidade e encanto para com outras mulheres que tiveram a alegria de a receber com algumas prendas. Poderíamos chamar a estes momentos, criatividades para a Lei da Cultura. O saber estar, saber receber, saber preservar as coisas boas que aprendemos no berço da nossa terra de origem, não tem utilidade se o não enobrecer e fortalecer. Há ocasiões na vida de todos nós, que valem por vidas inteiras, e isso aconteceu hoje na POSSO, com esta “visita de dar e receber, uma das maiores alegrias do ser humano”, como disse Maria Cavaco Silva. Neste aperfeiçoamento que deveríamos todos tentar fazer, mesmo que não sejam muitas vezes, sempre fica o sabor doce de uma conquista para o nosso ego, a nossa alma. Estou certa de que outros momento “ricos” de importância hão-de surgir, cada um na sua qualidade. Apenas temos de não esquecer a maneira de os fazer perpectuar, sendo tolerantes, bondosos, generosos e estar atentos a todo aquele que a cultiva em forma do Bem, da Esperança e da Caridade. Por agora, podemos dizer que atingimos esses três motivos de Cultura, recebendo entre nós as figuras mais altas da Nação Portuguesa, numa longa viagem, que esperamos tenha sido frutífera a todos os níveis para a Pátria de todos nós, a que não esquecemos nunca, a que mora sempre no nosso coração de Emigrantes.

Maria Freitas Avis, de 98 anos de idade e residente em Watsonville, faleceu no dia 9 de Julho. Nasceu a 19 de Janeiro de 1913 na Ilha Terceira, Açores. Emigrou para a California em 1967. Maria Freitas gostava imenso de ler, de fazer crochet e de tomar conta das suas flores. Era membro da Young Ladies Institute nº 138 de Watsonville, Lady of Fatima at Valley Church e Irmandade da Santíssima Trindade de Watsonville (ISTW). Praticava a sua religião na Igreja Católica de St.Joseph em Capitola e apreciava muito a missa Life Teen. Maria Avis deixa de luto sua filha e genro, Goretti Avis e John A. Carvalho, netos Shanne A. Carvalho, Victor A. Carvalho, Dr. Erick A. Carvalho e Chris A Carvalho, todos de Watsonville, e bisneta Lycia A. Carvalho, de Aptos, e sua cunhada Maria V. Freitas, da Terceira, além de muitos sobrinhos e sobrinhas. Seu marido de 47 anos Carlos Avis e seu filho Victor Manuel Avis, já falecidos. Depois do Rosário e da Missa de corpo presente, foi sepultada no Saint Francis Cemetery em Capitola.

Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a família.

Joe e Natalia Avelar 50 Anos de Amor

Realizou-se na St. Mary's Catholic Church em Arcata a celebração dos 50 Anos de matrimónio do casal Natalia e Joe Avelar. Casaram a 30 de Abril de 1961 na Igreja de São Pedro, em Ponta Delgada, São Miguel, Açores. Depois da missa realizou-se um jantar seguido de baile no Leavey Hall. Os padrinhos desta bonita celebração foram os casais, Avelar, de Sacramento e Pimentel de Rhode Island. Tribuna Portuguesa sauda o casal Avelar com desejos de continuação de muitas felicidades.

Assine o Tribuna Portuguesa e fique a par do que se passa na nossa Comunidade


PATROCINADORES

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COLABORAÇÃO

15 de Novembro de 2011

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges d.borges@comcast.net "César seria útil aos propósitos de Cavaco, que se devem confundir com os do país nesta visita. Mais do que desprezar os seus préstimos, falta ao respeito à comunidade açoriana. Assim se unem os portugueses!"

A

citação é de um editorial do jornal Diário Insular de Angra do Heroísmo, que magistralmente sintetizou os equívocos e os conflitos que o Presidente da República soube criar com esta visita. É que enquanto fala em unir os portugueses (dentro e fora do país) as políticas e a soberba desta presidência são antagónicas à retórica. A realidade é que a visita do Presidente Aníbal Cavaco Silva ao estado da Califórnia, com um banquete na cidade de S. José, cujos fundos reverteram a favor de uma das três organizações de serviços sociais ao serviço de gente de origem portuguesa, existentes entre nós, foi motivo para desunião nas nossas comunidades. Primeiro há que dizer-se, desassombradamente, que estas visitas, mesmo a de um Presidente da Republica, se não forem preparadas com pelo menos sete a oito meses de antecedência, com reuniões preparatórias que englobem todas as forças vivas das nossas comunidades, dispersar por todo o estado, mas com maior afluência no Vale de São Joaquim, não terão os resultados que se desejam e que Portugal precisa, hoje mais do que nunca, dentro e fora do seio comunitário. É urgente que o Terreiro do Paço compreenda, de uma vez por todas, que no mundo americano não basta deslocarem-se à Califórnia, ou a outra região deste país, uma dúzia de assessores (literalmente uma dúzia e alguns com a arrogância que conhecemos e detestamos) e ditatorialmente expressarem o que será o teor da visita.

Aliás, devem ter compreendido que tal táctica não funciona. O mundo norte-americano, desde a política à academia, também com as suas vicissitudes e a sua própria embófia, não aceita semelhantes imposições. E o da alta finança, esse mundo de oportunistas momentâneos, se conseguir extorquir mais uns tostões ao já empobrecido erário público português, ao abrigo de faustosos benefícios fiscais, criando meia dúzia de postos de emprego temporários, fá-lo-á, com muito gosto. Aliás, há que acrescentar-se, porque nos Estados Unidos, devido à nossa composição do governo federal, esquecemo-nos facilmente, que o Presidente da República Portuguesa não tem qualquer poder executivo. Não pode celebrar qualquer protocolo, nem pode tomar qualquer decisão governativa. Apesar deste Presidente, o mais partidário de todos os presidentes desta terceira republica, como já o disseram em Portugal, ter gosto especial em actuar como Presidente/ Primeiro Ministro, a verdade é que a constituição não lhe confere esses poderes. E ainda bem! As injunções de uma presidência emproada só resultam em alguns cada vez mais reduzidos círculos comunitários. São os mesmos velhos do Restelo que há anos infestam-nos com as suas pseudo lideranças o os seus auto designados "sacrifícios pessoais" em prol das nossas comunidades. À espera da tão cobiçada condecoração, não só vendem, como diz o provérbio popular, "a alma ao diabo", como abdicam das suas capacidades cerebrais, particularmente da competência critica. Em troco de um momento de efémera glória pessoal e habituados que estão às suas chefias paroquias, demitem-se de qualquer comprometimento colectivo. É que não há outra explicação pelas decisões feitas neste lado do atlântico, ou feitas na "capital do império"

Memorandum João-Luís de Medeiros jlmedeiros@aol.com

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reio não ser motivo de estranheza o facto de continuar vivamente recordado daquela saudosa sessão plenária da Assembleia da República, em 16 de Maio de 1978: a sessão que aprovou na generalidade a Lei do S.N.S. (Serviço Nacional de Saúde), com os votos favoráveis do PS, PCP, UDP, e 3 deputados independentes, tendo votado contra o PSD e o CDS. Até à sua última gota de vida, o signatário procurará merecer o privilégio democrático de ter participado naquele inesquecível episódio parlamentar... Embora o Partido Socialista (sobretudo durante o primeiro semestre de 1978) tenha assumido o patrocínio do projecto do Serviço Nacional de Saúde, é justo salientar que, naquele período, o nosso grupo parlamentar não defendia tal aposta como um projecto partidário. Os tempos eram outros: vivia-se numa era em que o PS apresentava nas suas fileiras políticas (sem desprimor para os casos raros do presente) democratas possuidores de rara valentia ética e serenidade ideológica – qualidades substantivas que continuo a admirar: António Arnaut, Medeiros Ferreira, Jaime Gama, Miller Guerra, Mário Mesquita, Raul Rego, Salgado Zenha, (não terminámos a lista)... É justo recordar que, em Portugal, a ideia e as bases de um Serviço Nacional de Saúde

A visita do Presidente da Republica Portuguesa (2) - a saga continua... e aceites neste lado, pelos "escolhidos", que coloquem uma associação de serviços sociais num patamar e desconsiderem as outras duas. Ou que se inaugure um centro de língua portuguesa (pela primeira dama) numa universidade sem se fazer do acontecimento uma verdadeira celebração e um espaço de debate sério e digno (tão necessário) sobre o ensino da língua e cultura portuguesas em todo o estado da Califórnia. A "falta de respeito à comunidade açoriana" que o Diário Insular referiu na sua edição de 8 de Novembro, é pertinente e também passou ao lado da maioria da liderança comunitária, quase todos eles açorianos, entenda-se. É do conhecimento geral (basta seguir as notícias na televisão portuguesa) que existem alguns conflitos políticos entre o Presidente do Governo Regional dos Açores e o Presidente da República. Mas uma visita às comunidades ultrapassa qualquer conflito pessoal, qualquer oportunismo político. É um insulto comunitário que o Presidente da República, ao visitar uma comunidade onde cerca de 99% dos seus membros são originários ou de ascendência açoriana, não tenha convidado o Presidente do Governo da Região Autónoma dos Açores. Está na moda o 1% querer ultrapassar todos os direitos dos 99%. E o mais assustador é que para além do Diário Insular em Angra, mais ninguém refere este vitupério, esta "falta de respeito." É que apesar do banquete realizar-se com sala cheia, esta visita, para a vasta maioria dos 330 mil californianos, que confessam ser de origem portuguesa, ficou totalmente despercebida. E não teve uma única repercussão na vida comunitária, nem utilidade para o debate urgente de: pensarmos as comunidades e construirmos o futuro. Mais, como já o disse e escrevi, esta visita, infelizmente, teve

o mérito (porque, felizmente, nem toda a gente se cala ou anda à caça de uma condecoração) de fragmentar ainda mais uma comunidade já bastante fragmentada. Acredito, veementemente, que a preparação de uma visita desta natureza tem que ser mais abrangente. Não aceito que o seu planeamento, em termos de comunidade, fique à mercê de assessores de Lisboa que não conhecem a nossa realidade, ou de um Conselho Consultivo Consular que numa geografia de milhares de milhas, cerca de 70% residem num raio de menos de 80 milhas quadradas: um grupo de vizinhos, já que muitos não são amigos. A comunidade, mesmo sem se expressar, porque está, infelizmente, mais virada para outros comodismos, merece melhor. E assim, digníssimos senhores assessores, e Excelentíssimo Senhor Presidente, não se une os portugueses, nem se ajuda, um milímetro, a preservar e disseminar a língua e a cultura portuguesas em terras da Califórnia. Todos os ofícios e despachos oficiais destacavam, com veracidade, que esta era a primeira vez, em 21 anos, que um Presidente da Republica visitava a Califórnia. Nem que isso, só por si, justificasse todas as injúrias e as quezilas que a mesma provocou. Se esta é a matriz das visitas presidências, espero que passem outros 21 anos até que venha cá outro presidente. Até porque, até ao ano 2032, talvez Portugal, finalmente, tenha aprendido a respeitar as suas comunidades. E nas comunidades talvez tenhamos tido a grande sorte de terem aparecido líderes com a audácia de defender os interesses colectivos de todas as zonas deste estado do Pacífico americano onde vivem gente de origem portuguesa, a vasta maioria com raízes no arquipélago dos Açores.

Durante a Crise Haja Saúde

foram lançadas em 1961 pela Ordem dos Médicos. Olhando à distância de meio século, nada custa louvar aqueles médicos que muito arriscaram para exprimir as suas ideias reformadoras sobre os serviços de saúde e assistência social. Hoje em dia, por exemplo, recordar em poucas palavras o perfil cívico-político do deputado Miller Guerra, não é perda de tempo. Na segunda metade do século XX (1960), a história da politica portuguesa regista a corajosa presença de Miller Guerra na Ala liberal da antiga Assembleia Nacional. Durante a sua distinta participação na Assembleia Constituinte, fez lembrar os seus colegas (na sua dupla qualidade de médico e de parlamentar eleito) que “ninguém pode tirar lucro da compra e venda dos cuidados de saúde”... Como quem diz: seria legítimo exibir em saldo a dor humana, no mercado livre do sofrimento...? Vamos imaginar que haverá ainda quem se recorde de que, a seguir ao 25 de Novembro de 1975 (que chegou a bom tempo para exibir o ‘primeiro cartão-amarelo” aos franco-rematadores do fanatismo esquerdista) o Estado português andava às trelas sem saber como disciplinar os latifundiários da saúde, dotados com cerca de 13 mil médicos (cerca de metade fixada na grande área lisboeta); além disso, para os doentes residentes nas zonas mais prósperas do rectângulo ibérico, havia cerca de

9 mil enfermeiros – uma classe profissionalmente à rasca para decifrar a razão da existência de 14 mil especialidades farmacêuticas à venda, sendo apenas algumas centenas de substâncias medicamentosas activas e comprovadamente eficazes... Ora, a partir de Abril de 1976, ficámos dotados com o preceituado no artigo 64º da Constituição da República. Aliás, cerca de 2 anos antes de sermos mimados com a prenda constitucional atrás referida, o decreto 203/74 (Maio 15, 1974) cometia ao Governo Provisório o “lançamento de bases para a criação de um Serviço Nacional de Saúde”. Se optarmos por recuar algumas décadas, iríamos encontrar o ano de 1948, época da criação da Organização Mundial de Saúde, em que o Ocidente começou a matutar no investimento num plano transnacional de saúde mental (doenças da miséria versus doenças da luxúria)...

D

ado que nas últimas três décadas a distância geográfica e a ausência politica não nos permitem vislumbrar os eventuais debates relacionados com o Serviço Nacional de Saúde, apenas podemos afirmar alguns dizeres preambulares do Estatuto do Médico, elaborado em Maio 1978. Para ilustrar o que acaba de ser dito, seria aconselhável visitar o Diário XI, de Miguel Torga (poeta e médico), onde podemos ler

que “o amor ao próximo (.../...) é estar sempre disponível para acudir ao semelhante de dia, de noite, a toda a hora, com a mesma solicitude, a mesma paciência, a mesma compreensão; ouvir queixas, enxugar lágrimas, minorar sofrimentos”... Até parece que continuamos a ouvir ressonâncias da famosa Declaração de AlmaAta – cidade localizada no Kazakhistan onde, em Setembro de 1978, foi debatida a chamada “doutrina sanitária” para toda a humanidade. Na época, o representante português àquela famosa conferência foi o dr. António Arnaut, na altura Ministro dos Assuntos Sociais e, em nosso (falível) entender, um dos mais lúcidos e inspirados defensores do Serviço Nacional de Saúde. Há 30 anos, o desafio não ocultava a sua táctica: lutar contra a tendência de predominante medicina curativa; denunciar a tendência exclusivamente profiláctica da chamada saúde pública (visão terceiromundista). A definição de saúde aprovada em Alma-Ata sugere “o bem-estar fisico, mental e social, e não apenas ausência de enfermidades”. Num desabafo metafórico para atenuar a crise em curso (que não é apenas financeira) seria preciso contrariar o predomínio das medidas curativas sobre as opções preventivas. Como quem diz: durante a crise – haja saúde!


COLABORAÇÃO/COMUNIDADE

Sabor Tropical

Elen de Moraes

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Novo Doutor em Terapia Física

elendemoraes_rj@globo.com

Urubus, esse lixo é meu!

C

orrem na internet fotografias de pessoas remexendo em lixões, dividindo espaços e restos de comida com urubus também famintos, que impressionam até os mais insensíveis. Entretanto, bem mais do que qualquer outra, chamou-me a atenção a foto de uma criança em cima de entulhos apodrecidos, acuada por abutres e seus filhotes, não sei se a brincar ou tentando salvar, talvez, sua única refeição do dia. Uma imagem chocante, que revolta pelo descaso e por ver um ser humano tão indefeso ser tratado com desconsideração, vivendo na miséria, abandonado à sua sorte. À medida que foram lendo, os leitores devem ter feito, certamente, cada um de acordo com a sua imaginação criadora, uma imagem sobre a criança, o lixo e essas aves que se alimentam de carne em decomposição. Bem provável que tenham experimentado aversão pela foto presumida. Os impressionáveis, podem ter sentido um aperto no estomago ou um calafrio de repulsa. Agora, então, imaginem lixo hospitalar, com lençóis, fronhas e jalecos manchados por algo que se deduz serem substâncias e secreções humanas, restos de curativos, seringas e drenos usados, luvas cirúrgicas sujas com o que se parece ser sangue, misturados e manuseados por gentes ignorantes quanto ao material, sua procedência e o perigo de contaminação que os envolvem, sendo vendidos sem a devida esterilização, para pessoas carentes. Vendidos, também, para hotéis e pólos têxteis, que mais tarde seriam usados na confecção de vestuário.

I

nacreditável até onde vai a ganância de certas pessoas. Revoltante o “jeitinho” que alguém dá, com intuito de tirar vantagem, usando o próximo, sem remorso por colocar em risco a saúde de terceiros. Incredível como tudo vinha se repetindo há anos, sem que autoridades competentes tomassem conhecimento, e que só agora tenham descoberto, por amostragem (aleatoriamente se escolhe o que será inspecionado), como o Governador de Pernambuco explicou. Quando a Receita Federal apreendeu os dois contêineres carregados com o lixo vindo dos Estados Unidos, com logomarcas de hospitais americanos e a televisão expôs o material em detalhes, a surpresa e a vergonha eram mais pesadas do que as 46 toneladas daquele lixo. Para o coordenador de “Emergência Ambiental” do Ibama de Pernambuco, Gustavo Moreira, responsável pela operação que autuou a empresa que “importava” o lixo hospitalar americano, o material precisa ser

devolvido aos Estados Unidos e não incinerado, como forma de evitar a contaminação da camada de ozônio. O lixo não é nosso! Atendendo ao Secretário de Defesa do Estado que solicitou ajuda do FBI, Richard Cavalieros veio a Pernambuco para auxiliar nas investigações que visam descobrir a empresa que exportou o lixo e em que circunstâncias. A questão só será resolvida quando sair o resultado do laudo do Instituto de Criminalística sobre os resíduos encontrados no material. Entretanto, Usha Pitts, consulesa dos Estados Unidos para o nordeste, diz que “É prematuro falar sobre a legalidade do caso e afirmar se houve alguma falha do governo americano. Neste caso específico, ainda estão sendo investigadas as irregularidades”, e acrescenta que a Lei dos Estados Unidos permite exportar material hospitalar usado e que o impasse ocorre porque no Brasil a Lei impede a importação desse tipo de material.

Erik Avis Carvalho recebeu o seu doutoramento em Terapia Fisica, pela Duke University, em Durhan, North Carolina. Erik é filho dos amigos desta Tribuna, Goretti e John Carvalho, residentes em Watsonville. Saudamos o novo doutor com desejos de muito sucesso na sua vida profissional.

Bom, mas resta-nos saber se a Lei americana permite a comercialização de material sujo e contaminado, ou se só depois de lavado e esterilizado é consentida a sua exportação. De qualquer modo, os responsáveis por essa transação, como não se importaram em colocar em risco a saúde de tantos em beneficio de enriquecimento fácil e ilícito, deveriam ter seus bens alienados para futuro pagamento de indenizações. Cadeia para eles é pouco. O comercio de lixo tem regras internacionais desde 1992. A “Convenção da Basiléia” foi firmada na Suíça e restringe a exportação de lixo tóxico para países pobres, mas libera os que são usados para reciclagem. O acordo permite a concessão prévia e explícita de importação e exportação dos resíduos autorizados entre os países, de modo a evitar o tráfico ilícito. O acordo já foi assinado por mais de 50 países, incluindo o Brasil e os da União Européia. No entanto, os Estados Unidos, o maior mercado consumidor do mundo, não ratificaram até hoje o tratado. Será que algum país ousaria exportar lixo toxico para os Estados Unidos? Será que algum americano ousaria recebê-lo ilicitamente? Vamos investir na educação do nosso povo e ensiná-lo a ser mais patriota.

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15 de Novembro de 2011

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serving the portuguese–american communities since 1979

Ideiafix

Miguel Valle Ávila

portuguese

ENGLISH SECTION

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• engLish section

miguelavila@tribunaportuguesa.com

President Cavaco in Silicon Valley After attending mass at Five Wounds Portuguese National Church in San José on Sunday, November 13, Portuguese President Anibal Cavaco Silva hosted a dinner for the PortugueseAmerican community at the Fairmont Hotel with 820 guests. The following day, Cavaco Silva hosted a business breakfast with twenty venture capitalists at the Rosewood Sand Hill Hotel in

Menlo Park, lectured at Stanford University, and visited Cisco Systems, Lockheed Martin, and Plug and Play. During the visit with Cisco Chairman and CEO John Chambers, the President heard about new technologies and how Cisco will be increasing its headcount in Portugal. Chambers promoised to persuade other CEOs to invest in Portugal. Text & photos by Miguel Ávila

Left: Cavaco Silva speaking with venture capitalists on Sand Hill Road. Right: Visiting Stanford University.

Above: The President meeting with the venture capitalists.

Above: Visiting with Stanford’s president, John Hennessy. Above left: Cavaco Silva with Cisco Chairman John Chambers. Above right: Helder Antunes, director of engineering at Cisco, is one of the most influential promoters of doing business in Portugal.

Above: Q&A session following the lecture at Stanford. Below: With Cisco Chairman John Chambers connecting live with Cisco’s Lisbon office.

Above left: President and First Lady after the meeting with the venture capitalists. Above right: A guest using his Phone 4 to record the President’s lecture at Stanford University’s Graduate School of Business.


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COMUNIDADE

15 de Novembro de 2011

A Visita do Presidente Cavaco Silva O Presidente da República Portuguesa, Anibal Cavaco Silva, visitou o Silicon Valley nos passados dias 13 e 14 de Novembro. Depois de assistir à missa na Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas, ofereceu um jantar em honra da comunidade luso-americana da California no Fairmont Hotel de San José. Compareceram 820 convidados

que fizeram donativos no valor de $32,000 que reverteram a favor da POSSO. Os hinos foram entoados por Crystal Mendes (“Star Spangled Banner”) e Zélia Freitas (“A Portuguesa”). Depois de proferido o discurso do Presidente da República, este agraciou quatro membros da comunidade com distinções honoríficas: Jack Cunha, a título póstumo, Manuel

Bettencourt, Manuela Ávila Silveira e Manuel Eduardo Vieira. Após o jantar houve lugar a um sarau cultural apresentado por Lúcia Soares e Miguel Ávila. Os jovens do Conselho de Newcastle da Luso apresentaram versos de poetas portugueses intercalados com música e dança. Maria das Dores Beirão recitou “Vocês não sabem?” acompanhada por Hélio

Beirão na viola da terra de 15 cordas que também tocou uma peça da sua autoria. O Conjunto de Fado, Os Rouxinóis, com George Costa Jr. na guitarra portuguesa, Steve Soares na viola de fado e Joseph Sousa no violão baixo acompanharam Natália Rosa em “Meu amigo João” e “Zangueime com o meu amor”. Roberto Lino apresentou uma música da

sua autoria, “Cais” e acompanhou Zé Duarte no “Baleia, Baleia”. Este jantar foi organizado por uma comissão que incluia membros da comunidade luso-americana da California, Consulado de Portugal em San Francisco e elementos da Casa Civil da Presidência da República.

Texto: Miguel Ávila Fotos: Miguel Ávila, Manuel Mendes


COMUNIDADE

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A Visita do Presidente Cavaco Silva

Reportagem da visita presidencial continua na pรกgina 28

Veja mais fotos no seu iPhone ou iPad


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HILMAR

15 de Novembro de 2011

Nossa Senhora do Rosário de Hilmar

Missa da Festa

George e Dorothy Martins (Past President); Mary e John Kay (Presidente); Cremilde e Joe Faustino (Vice-Presidente).

Há sempre muita juventude nesta Procissão de Nossa Senhora do Rosário À Direita: Ultima foto antes da imagem recolher ao seu altar As filhas do Presidente ladeiam os pais e Vice-Presidente

Embaixo: A imagem a chegar à Igreja de Hilmar


HILMAR

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Coro da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Hilmar. Hilmar começou como uma colónia de emigrantes suecos em 1917. O primeiro Correio abriu em 1920, e esta pequena freguesia de 4 mil pessoas é Sede da maior companhia de queijo do mundo - Hilmar Cheese Company.

Familia do Presidente John e Mary Kay


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HILMAR

Padre Paulo Borges, ladeado por Hilary Silva e Luís Cordeiro. À frente no pálio reconhecem-se José Manuel Martins e João Lemos.

Aspecto parcial da tenda onde se realizou a Missa de Festa, presidida pelo Padre Paulo Borges

15 de Novembro de 2011


HILMAR

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Fotos de Jorge Avila "Yaúca" BODO DE LEITE: Padre Paulo Borges acompanhado pela Comissão da Festa presidida por John e Mary Kay

Padre Paulo Borges benzendo cavalos e cavaleiros da POSSE Manuel dos Santos, José Ribeiro, Vital Marcelino, João Pinheiro e Adelino Toledo

Santo Antão, Padroeiro dos Animais

Grupo Folclórico Mar Bravo da Casa dos Açores de Hilmar

A Festa de Nossa Senhora do Rosário começou com os terços presididos pelo Padre Paulo Borges, de 14 a 20 de Outubro de 2011. Na Sexta-feira, dia 21, depois do Terço houve espectáculo de variedades com artistas locais. No Sábado, dia 22, o habitual Bodo de Leite subornidado ao tema de "Os Sete Sacramentos". Pézinho, benção dos animais e arrematações. À tarde missa campal cantada pelo Coro Paroquial, seguindo-se a Procissão das Velas, que foi muito concorrida. Baile com o Zodiac de San José e cantoria. No Domingo, Missa da Festa, Procissão tradicional e almoço de torresmos, batata doce, feijão, a todos os presentes. À noite, actuação dos artistas Eduardo Santana e Maria Lisboa, ambos de Portugal. Dança no Salão com Marson Brothers DJ. O Presidente foi John e Mary Kay, Vice-Presidente Joe e Cremilde Faustino, Secretária Inês e António Vieira, Tesoureira, Mary Xavier.

Assine o Tribuna e fique a par do que se passa na Comunidade

Grupo Etnográfico do Espírito Santo do Vale de San Joaquin, California


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HILMAR

O tema do Bodo de Leite foi os Sete Sacramentos. Acima: Sacramento da Confirmação

15 de Novembro de 2011

Sacramento da Eucaristia. Embaixo: Sacramento da Santa Unção

Sacramento do Matrimónio. Embaixo: Sacramento da Penintência e Batismo

Embaixo: Sacramento da Ordem


PATROCINADORES

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TAUROMAQUIA

15 de Novembro de 2011

Tertúlia Tauromáquica Terceirense galardoada pela Tertúlia Tauromáquica Sobralense.

Quarto Tércio

José Ávila josebavila@gmail.com Devido à falta de espaço nesta

edição, a crónica da ultima corrida da temporada só sairá no próximo jornal. Mesmo longe, ficamos sempre muito contentes quando a nossa Tertúlia Tauromáquica Terceirense é reconhecida em terras taurinas de todo o mundo. Os nossos parabéns.

Fico com o meu chapéu em pantanas quando

vimos o nosso amigo José Sózinho, director das corridas da Feira de Thornton, fechar os olhos a tantas irregularidades, tais como, não fazer sorteios.

Mandei o meu chapéu de férias quando soube que os meus amigos Joe Alves e João Silveita, que forneceram os novilhos para a primeira corrida da Feira de Thornton, e que tinham um bonito curro para apresentar, aceitaram trocar os toiros a "pedido" de João Moura. Afinal para que é que serve sermos donos de toiros? em defesa da Festa Brava. Em nome da Tertulia recebeu o galardão Carlos Avila (na foto de baixo, à direita), director de corridas. A apresentação foi nestes termos:

Tertúlia Tauromáquica Terceirense

Durante o jantar anual da Tertulia Tauromáquica Sobralense, a Tertulia Tauromáquica Terceirense foi reconhecida com um Galardão de Prestígio, pela excelência do seu trabalho

O meu chapéu entrou em paranóia quando

contei o número de pessoas que estavam entre-barreiras ao segundo toiro da primeira corrida de Thornton. Cento e trinta pessoas, repito, 130 pessoas, a maioria delas sem nenhum relacionamento com a corrida. Eu penso que as pessoas que ficam entre barreiras devem sentir-se mais sexy. Algumas, devido ao seu tamanho, e quando encostadas à parede só vêem a cabeça do cavalo. Qual é o gozo? A partir da segunda parte e sem o director mexer uma palha, metade desta gente debruçase na barreira como se estivessem a ver uma tourada à corda. Quando é que aprendemos a comportar-nos como gente grande e responsável? O seguro da praça não paga para as pessoas que estão entre-barreiras. As organizações que se acautelem.

No centro do imenso oceano e no centro do Mundo tauromáquico, autêntica plataforma giratória e de confluência de todos quantos amam a tauromaquia. Angra do Heroismo, património mundial. Tourada à corda. Solar de toiros bravos e de uma apaixonada afición ao toiro que podiamos dizer ser única. Uma Tertúlia fundada há 45 anos tem desenvolvido um notável trabalho na defesa e na promoção da festa brava, do culto ao toiro e disso são exemplo dois momentos inolvidáveis: o IX Congresso Mundial de Criadores de Toiros de Lide realizado em Angra do Heroismo em 2010 e a inauguração do monumento ao toiro de lide em Janeiro deste ano. Mantém há quase 40 o seu Grupo de Forcados!

Para quem é que trabalham as comissões taurinas das nossas festas? Parece uma pergunta parva, mas infelizmente não é, como temos visto ao longo de muitos anos. O grande problema está em que a maioria das comissões taurinas das nossas festas não têm defendido a nossa festa, não têm defendido as nossas organizações festivas. Porquê? Simplesmente porque defendem muito mais os artistas que nos visitam e que fazem gato-sapato deles todos. O exemplo mais recente e mais irracional aconteceu na Feira de Thornton. A palavra que mais ouvimos nesta feira foi: "Isto é uma autêntica vergonha!" E porquê? Simplesmente porque os artistas que nos visitaram e que foram pagos a peso de ouro, brincaram connosco, não quiseram tourear os toiros escolhidos, não fizeram sorteios, um cavaleiro amador vestiu-se de casaca e quiseram que o mesmo cavaleiro amador toureasse em segundo lugar à frente de uma cavaleiro com 10 anos de alternativa. Uma autêntica vergonha, digo eu também. Como é possivel que estando nós a pagar, venham esses senhores de Portugal ou de outro planeta, mandar na nossa festa? Quem é e porquê se abaixam a estas "malandrices" todas? É preciso e urgente arrasar com todas estas comissões e criar

novas, com espírito de liderança e de saber mandar, naquilo que nós pagamos. Não nos devemos esquecer que muitos artistas ganham em meia hora o que a maioria das pessoas que vão às pracas, ganham num ano. Sempre que estes escândalos acontecem, lembro-me do John Rocha, então Presidente da Festa de Modesto, que ao ver um matador espanhol no Pico dos Padres recusar tourear um toiro já escolhido, indicou-lhe o caminho do Aeroporto de San Francisco. Desde esse dia o John Rocha é o meu herói. Esse toiro até foi o melhor do ano. O que nós queremos é mais John Rochas na nossa comunidade. Estamos fartos de ver as comissões a capitularem em frente a esses senhores. É justo dizer-se que temos tido muitos artistas portugueses que defendem a nossa festa, quando cá toureiam e aceitam as nossas regras. O que nos aborrece e entristece é que as organizações quando querem fazer "batota", convidam directores de corridas que aceitam tudo o que venha deles. Isto é triste e fica feio às pessoas que aceitam ser manipuladas. A responsabilidade no futuro para evitar estas escandaleiras todas, está na Presi-

dência das nossa festas. Os Presidentes, se sentirem necessidade de constituirem comissões taurinas, têm o dever de salvaguardar o bom nome da sua festa e das pessoas que dão donativos para esse efeito.

É preciso repensar-se muitas coisas da nossa festa. Nestes ultimos anos andámos para trás em muitas boas coisas que levaram anos a conquistar.

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COLABORAÇÃO

AMERICA’S BEST... Depois de trocados os abraços e beijos de primos que somos fiz a primeira pergunta. JR: Quando e por quê decidiste ingressar na reserva da Força Aérea Americana? S: Eu decidi quando tinha 18 anos de idade e por causa dos benefícios que a Força Aérea Americana oferece aos jovens.

Silvania Raposo, a filha de

meu primo Abel e de sua esposa Eduarda, partiu para o Afeganistão no dia 11 de setembro passado. Será uma data que de certo lhe ficará marcada na memória assim como dos pais, restantes familiares e amigos. Assim que eu soube que Silvania se havia voluntariado para prestar serviço militar no Afeganistão, resolvi fazer-lhe umas perguntas.

JR: Quais são esses benefícios? S: Tenciono seguir a carreira médica e a Força Aérea dá-me a oportunidade de ao mesmo tempo que sirvo o meu país poder me formar numa profissão de que eu gosto. JR: Por quê a escolha do Afeganistão e não outro país? S: Havia vaga para eu ir para dois lugares no Iraque e um outro lugar no Afeganistão. A Força Aérea decidiu que eu fosse para o Afeganistão. JR: Quais vão ser as tuas res-

ponsabilidades no Afeganistão? S: Eu serei responsável pela verificação dos documentos de qualquer pessoa que entra ou sai da base seja ela militar ou civil, tem a sua própria identificação e todos os documentos em ordem. JR: Isto quer dizer então que não estarás num lugar de combate. Correto? S: Eu não irei para combate mas a base para onde eu vou já foi atacada várias vezes com fogo de morteiros. JR: Tens conhecimento de ter havido alguns feridos e mortos nessa base devido aos ataques? S: Pessoalmente não tenho mas se houver algum ataque à base o meu posto de trabalho será o primeiro a ter notícia para que depois nós possamos informar a companhia de onde os militares são provenientes. JR: De acordo com o que me estás dizendo há portanto possibilidades que tenhas que pegar numa arma para te defenderes em caso de seres atacada. S: Sim. Durante todo o tempo eu terei uma arma comigo caso ve-

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Ao Sabor do Vento

José Raposo raposo5@comcast.net nha a ser atacada terei que me defender. JR: Isto pode parecer uma pergunta ou tanto ou quanto esquisita mas, estás mentalmente e fisicamente preparada para disparar uma arma sabendo que vais matar alguém? S: Se eu estiver numa posição em que a minha vida ou a vida dos meus camaradas esteja em perigo, eu terei de me defender usando todos os meios ao meu alcance. Espero que nunca esteja numa situação dessas. O meu propósito não é o de atacar ninguém. JR: Enfim, já vi que medo não tem. Mas não te custa deixar a família atrás e ir para um lugar tão longe dos teus e correr esse perigo? S: É muito difícil porque meus pais irão ficar preocupados e eu ficarei preocupada porque eles estão preocupados. Mas, fazemos decisões na nossa vida e teremos que assumir as responsabilidades das decisões que tomamos. JR: Tens algo que queiras acrescentar? Ou falar de algum pormenor que eu não tenha

perguntado? S: O que tenho a dizer é que terei saudades das Festas, tais como o Natal, o Ano Novo e o meu aniversário natalício. Mas eu irei por 6 meses para o Afeganistão e poderei depois ir para outra missão qualquer onde haja uma base americana. Foi o que eu resolvi fazer e tenho a certeza que será uma experiência que muito me ajudará a ter mais vontade e força para enfrentar seja qual for a situação que se me depare pela frente. Terei muito orgulho de servir o meu país em qualquer parte do mundo. Farei todo o possível para que esta nação se orgulhe de mim e para que meus pais tenham orgulho da sua filha e que meus familiares e amigos se sintam da mesma maneira. Depois desta conversa pensei em tantos jovens que estão na mesma situação da minha prima e que por uma razão ou outra tomaram a decisão de irem lutar quer seja por um ideal ou pelos interesses, certos ou errados, deste pais, merecem na realidade o titulo de AMERICA’S BEST.


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ARTES & LETRAS

15 de Novembro de 2011

Morreu Um Grande Poeta A Califórnia acaba de perder um dos seus grandes nomes das letras em língua portuguesa. Temos o seguinte texto do seu e nosso amigo Professor Doutor Eduardo Mayone Dias, a quem agrademos todas as informações. Na próxima edição da Maré Cheia, esta página e este jornal prestar-lhe-ão uma simples mas justa homenagem. Urbino de San-Payo é o “nom de plume” de Urbino Manuel Sampaio Ferreira. Nasceu a 21 de Novembro de 1933 na Rede, aldeia perdida nas serranias transmontanas. Depois veio uma infância passada em Peso da Régua, vila encaixada entre as encostas do Marão e um por vezes impetuoso Douro. Filho de família humilde, feita a quarta classe, vieram anos de rigoroso estudo, culminados com o Curso de Teologia no

Seminário de Cristo-Rei, localizado no subúrbio capitalino dos Olivais. Todavia, quase em vésperas de ser ordenado o jovem Urbino disse não a uma carreira sacerdotal e enveredou por anónimos empregos burocráticos. Trabalhou em Lisboa na Caixa Geral de Depósitos, CTT e Siderurgia Nacional. Escreveu teatro infantil para a Emissora Nacional. Encontrou-se contudo fascinado pelo ambiente cultural da agitada Lisboa dos anos 50, ainda na sequela dos tempos inquietos após a queda das ditaduras nazista e fascista. Urbino de San-Payo convive com gente das Letras e do Teatro, participa nas suas tertúlias de café, começa a escrever poesia. Assume também uma atitude contestatária ao salazarismo e chega a ser ferido, durante uma manifestação, dissolvida por uma carga da cavalaria da GNR.

Impulsionado por motivos familiares, em 1968 emigra para a Inglaterra, onde casou com Maria Amélia de Almeida Neves. Dois anos mais tarde, transfere-se para a Califórnia. Ao serviço de opulentos produtores de Cinema tem oportunidade de testemunhar, nos seus largos anos de Beverly Hills e Malibu, um estilo de vida do mais alto esplendor económico. Nunca deixou sem embargo de se irmanar com o emigrante português comum e de se integrar em actividades comunitárias. Durante anos escreveu para o Jornal Portuguese Tribune a série "Cartas à Filomena." Faleceu a 20 de Outubro e está sepultado, ao lado dum irmão, no cemitério Forest Lawn em Hollywood Hills.

Deixemos de Chorar a Saudade Olhemos esses desertos/onde é impossível deixar-se/mesmo o coração. Cecília Meireles in Nem Sempre a Saudade Chora Alguns livros açorianos saíram aqui há uns poucos anos em momentos de pouca atenção da nossa parte, e suponho que perante a alienação de uns tantos outros. Não será nunca uma ou outra crítica apreciativa a um qualquer livro que lhe proporcionará o lugar a que tem direito num determinado cânone literário, pois os processos de legitimação institucional e intelectual são muito mais complexos do que isso, o tempo sendo o outro grande (e talvez o mais decisivo) factor na consagração ou estatuto que qualquer obra passa a ter numa cultura ou distinta geografia humana. Só que, também todos saberão, sem este trabalho constante de comentar, criticar e apreciar um livro mesmo com alguma brevidade, seja de nome conhecido ou não, esse esforço criativo dificilmente fará parte da cultura literária viva de um povo, o seu autor ou autores quedando-se na solidão e na incerteza do valor ou da aceitação das páginas que quase sempre são inventadas entre a dor, solidão e a maior disciplina de corpo e mente frente a um computador ou a uma página em branco, a sua obra depois, na melhor das hipóteses, objecto de conhecimento de um muito reduzido grupo de leitores mais atentos ou de especialistas académicos. O acto crítico, acredito, deve incluir de quando em quando estas outras reflexões, e do mesmo modo tentar sabermos o que significam nalguns casos palavras demolidoras ante uma obra ou, pior ainda, ante o seu autor. A crítica negativa raramente perdura no tempo; a comunhão de prazeres da leitura e dos seus

conteúdos, esses sim, permanecem. Veio tudo isto a propósito de Nem Sempre a Saudade Chora: Antologia de Poesia Açoriana sobre a Emigração, com selecção, introdução e notas de Diniz Borges, editado aqui nas ilhas em 2004. Nem falemos sequer da beleza artística do seu formato e qualidade da sua impressão, nem do prazer imenso que é tê-lo nas mãos ou num lugar especial das nossas estantes; fiquemo-nos antes pelo seu vasto conteúdo, um rol de poetas açorianos ou aos Açores ligados em várias partes do mundo e tempos por laços literários e/ ou de sangue, como é o exemplo de Cecília Meireles de quem tirei os versos citados em epígrafe, e que significativamente abre esta longa rapsódia poética com o poema “Emigrantes” da nossa aventura no além-fronteiras. A grande virtude de uma antologia temática é que ficam justificadas todas as inclusões, poetas absolutamente anónimos convivendo com alguns dos mais conhecidos ou famosos entre nós. Mais do que a estética ou formalismos apurados ou não de uns e outros, é a narrativa simultaneamente desconexa no espaço e mesmo no tempo da nossa experiência e/ imigrante nos mais dispersos países e recantos do mundo que nos orienta numa leitura sequencial ou ao acaso, conforme a página que aleatoriamente abrimos num dado momento. Disse-me um dia Eduíno de Jesus, presente aqui com o poema “Cais da Saudade”, que lia poesia em condições de absoluto relaxamento à noite, preferivelmente de copo na mão e com uma fina música ao fundo. Eis neste belo livro poetas populares das nossas comunidades norte-americanas (Estados Unidos e Canadá), poetas açorianos desde há muito residentes e com

nome feito no continente português, poetas residentes no arquipélago mas para quem as partidas e chegadas dos seus comoveu-os com a mesma força emotiva que empurrou a maior parte da nossa gente para o exterior, como no grande poema de Álamo Oliveira, “Manuel 6 vezes pensei em ti”, necessariamente incluído nesta antologia. Com efeito, Nem Sempre a Saudade Chora traz-nos essa outra oferta: o olhar duplo e cruzado dos que ficaram e dos que se foram rumo a todas as margens por onde nos dispersámos durante o século passado, a nossa muito antiga emigração entrando na modernidade, ou modernidades, que se estendem desde Toronto às terras ainda mais distantes do Brasil. Roberto de Mesquita, o genial florentino simbolista de Almas Cativas, por mais literariamente afrancesado que pareça na leitura de outros, nunca ficou alheio à sorte dos seus nem à sua própria condenação de “desterrado” desde a sua nascença à morte numa pequena ilha atlântica, então ainda mais isolada e só. Do poema em forma de soneto “Os que ficam”: Ao verem-me partir, as coisas familiares/tinham, assim o cria, um mudo olhar amargo./ Já longe eu descobria os campos, os pomares/olhando para mim, saudosamente, ao largo. Muitos outros poetas aqui -- desde Vitorino Nemésio e Pedro da Silveira a Urbano Bettencourt -- poderão ter ficado sempre ou vivido fora das ilhas nas mais diferentes condições de profissão e cidadania, mas o seu profundo conhecimento da nossa história não lhes podia deixar alheios aos vectores social e económico que mais formaram e moldaram a existência dos ilhéus cá dentro e lá fora. Uma literatura, em qualquer língua ou cultura, será sempre um

Apenas Duas Palavras

Diniz Borges d.borges@comcast.net Esta edição está marcada pela triste notícia que o nosso amigo e ilustre Professor Doutor Eduardo Mayone Dias nos deu, o falecimento do poeta Urbino San-Payo. Temos ainda uma texto do escritor e crítico literário Vamberto Freitas, sobre o qual, por razões óbvias, nada escreverei, apenas agradecer ao Vamberto, muito mesmo, por este seu gesto. abraços diniz

Vamberto Freitas

corpo vivo e criativo contendo em si em termos de absoluta igualdade o que subjectivamente definimos como sendo “popular” ou “erudito”. O seu valor nunca poderá ser anunciado pela exclusividade de formas, ideias ou temas. Poderá ser que um qualquer poema não carregue em si qualquer sentido para além da beleza sequencial e sonora das suas palavras, como que num lindo quadro abstracto na nossa parede significando absolutamente nada. Do mesmo modo, creio que só muito raramente lemos exclusivamente pela música que algumas palavras nos evocam, pela genialidade da forma sem conteúdo. Uma antologia como Nem Sempre a Saudade Chora só poderia congregar em si esta multiplicidade de vozes que se completam num mosaico, uma vez mais, narrativo e que só pela arte, vista e entendida ao gosto de cada leitor, nos apresenta o outro lado da nossa história: a emotividade que o convencionalismo académico nunca permitiria, e só muito raramente teria a capacidade verbal de o expressar. Só a palavra poética perdura na memória colectiva de um povo ou de uma comunidade, oferecendo a base para as mais variadas representações e reinterpretações de toda a sua caminhada regida por leis, vontades ou fatalidades políticas, ou, com a mesma gravidade, pelos acidentes de percurso a que todos estão sujeitos e influem decisivamente nos nossos caminhos percorridos: a história dos Açores, por certo, inclui enfaticamente a sua geografia, o cerco e a inclemência da sua Natureza, e como toda a comunidade no século passado procurou um outro futuro nos países acolhedores e, por que não dizê-lo, solidários. De todas estas movimentações ao longo do século que ainda há

pouco findou, nos dão conta as vozes reunidas por Diniz Borges. São poucos os poetas açorianos ausentes de Nem Sempre a Saudade Chora, tão raros como os que entre nós dirão que nunca foram pessoalmente afectados ou comovidos pelas nossas andanças em busca de cidadania e salvação. A poesia açoriana tem sido larga e consistentemente antologiada nestas últimas décadas, e não só na nossa língua. Se é muito lida ou não nas próprias ilhas poucos saberão dizer, mas isso na verdade também pouco importa. Só que a memória colectiva de um povo élhe tão essencial como o pão que lhe alimenta e lhe permite a vida, ou como as fronteiras que definem o seu reinado de soberania e liberdade. Foram sempre as minorias que se encarregaram de interpretar, reinterpretar e arquivar depois a narrativa dos seus compatriotas, dando corpo à alma, que, chorando ou não, partilha a tragédia de se estar vivo e condenado à sobrevivência entre amigos e inimigos. Não se pode ser do mundo sem sermos primeiro de casa própria, não se pode conhecer nada nem ninguém antes de nos conhecermos portas adentro, e muito para além das meras intuições ou dos palpites de quem somos ou deixamos de ser. Poucos entenderão estes factos -- e a arte que deles nasce -- como os que embarcaram, ou estavam no cais a dizer-nos adeus. Nem Sempre a Saudade Chora: Antologia de Poesia Açoriana sobre a Emigração (Selecção, Introdução e Notas de Diniz Borges), Açores, Edição da Direcção Regional das Comunidades, 2004.


DESPORTO

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UEFA EURO 2012 A última hipótese

Depois do Bósnia 0 Portugal 0, o quê? A Bósnia e Herzegovina não conseguiu aproveitar o ambiente tremendo que se viveu no Estádio Bilino Polje, na sexta-feira, mas o médio Miralem Pjanić continua a acreditar que a equipa de Safet Sušić pode afastar Portugal e fazer do UEFA EURO 2012 a sua primeira participação numa grande competição. A equipa da casa fez tudo para ganhar vantagem no encontro da primeira mão, com o suplente Vedad Ibišević a desperdiçar uma boa oportunidade para marcar nos últimos minutos de um jogo muito animado, mas os bósnios tiveram de se contentar com o nulo. As decisões ficaram adiadas para o Estádio da Luz, na terça-feira, mas Pjanić não se sente intimidado. "Continuamos confiantes para o que está para vir", afirmou ao UEFA.com. "Se conseguirmos marcar, penso que nos vamos apurar. Isso obrigá-los-ia então a marcar dois, e temos jogadores para isso. Está tudo em aberto, por isso vai ser um grande jogo." Tendo empatado 1-1 em França na última jornada do Grupo D, confiança é coisa que não falta e os jogadores bósnios mostramse ansiosos por terem a possibilidade de jogar noutro estádio emblemático. "Vamos jogar o nosso futebol", afirmou Pjanić. "Provámos em França que é possível. Não temos qualquer receio.” "Não foi só neste jogo que mostrámos maior maturidade", acrescentou. "A nossa equipa ainda não parou de evoluir e esta-

mos a conseguir dar luta a adversários bastante cotados. A nossa ambição é estar nas grandes competições e vamos participar na próxima." Antes do encontro da primeira mão, o organizador de jogo da AS Roma deixou a ideia que o empate não seria um mau resultado para a Bósnia e Herzegovina, e reforçou agora que está tudo a correr como o planeado. "Mantenho a mesma opinião", afirmou. “Evitámos sofrer golos, que era o nosso principal objectivo. Agora sabemos que vamos jogar num relvado de melhor

Figo homenageado antes do Portugal-Bósnia

qualidade, em condições que nos beneficiam mais, por isso será mais fácil para nós, apesar de que vai ser difícil." Por seu lado, o português Rúben Micael também espera um jogo de grande qualidade em Lisboa, depois da equipa de Paulo Bento ter dominado o encontro de Zenica desde o início. "Não ficámos desiludidos", destacou. "Sabíamos que iria ser um jogo difícil, num estádio complicado, com um relvado péssimo. Mostrámos que conseguimos jogar em quaisquer condições." O médio do Real Zaragoza também não

poupou elogios aos defesas Pepe e Fábio Coentrão, que regressaram à equipa e ajudaram os finalistas do UEFA EURO 2004 a ficar em boa posição para carimbar o passaporte para a Polónia e a Ucrânia. "São dois jogadores muito importantes para nós e toda a gente sabe que têm enorme qualidade", explicou. "Penso que Pepe esteve fenomenal e, quando temos jogadores deste nível, tudo se torna mais fácil." @UEFA.com

Cartilha de Domingos para os jogos "grandes"

tranquilidade. 5 - Privilegia o diálogo em grupo em vez de conversas individuais. 6 - Em situações muito específicas, pede aos capitães que passem uma mensagem. 7 - Exige o máximo respeito pelo adversário, seja ele qual for. 8 - Analisa meticulosamente os pontos fortes e as debilidades da outra equipa.

Luís Figo vai ser homenageado, esta terça-feira, pela UEFA, em pleno Estádio da Luz, momentos antes do início do jogo entre Portugal e Bósnia, decisivo quanto ao apuramento para o Campeonato da Europa de 2012. As 127 internacionalizações de Luís Figo pela principal Selecção Nacional (entre 1991 e 2006) são o motivo da homenagem da UEFA, que está a entregar

uma medalha a todos os jogadores que cumpriram 100 jogos pelas respectivas selecções. Figo já era para ter recebido a medalha em Outubro passado, quando Portugal defrontou a Islândia no Estádio do Dragão, mas obrigações profissionais levaram ao adiamento da homenagem. Por isso, na altura só Fernando Couto foi homenageado. abola.pt

A época já teve altos e baixos, mas o duplo confronto com Sp. Braga e Benfica será teoricamente o maior teste à capacidade dos leões até ao momento. Na preparação, porém, vão notar-se poucas diferenças. Record foi à procura de saber como lida o técnico, de 42 anos, com momentos como o que se segue, quando a pressão sobe em flecha.

Confira a cartilha do técnico para os jogos grandes: 1 - Não há jogos "grandes"ou "pequenos"; todos são iguais e todos são para ganhar. 2 - O trabalho de campo não se altera em função do nome do opositor. 3 - A pressão mediática, no que depende de si, não passa para o balneário. 4 - O comportamento com os jogadores é de absoluta

9 - Prepara vídeos motivacionais, com momentos que exaltem a união e a confiança do grupo. 10 - Repete o princípio: "É importante não sofrermos, porque um golo vamos marcar de certeza" 11 - Reúne os jogadores nos instantes que antecedem a entrada em campo e é ele quem dá o "grito de guerra". in record.pt


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15 de Novembro de 2011

A Visita do Presidente Cavaco Silva

Jovens do Conselho de Newcastle da Luso American Fraternal Federation

Maria das Dores e Hélio Beirão, de Napa

Conjunto de Fado, Os Rouxinóis, de Hilmar

Roberto Lino, de Santa Clara, e Zé Duarte, de San Diego

POSSO recebe $32,000

A POSSO recebeu das mãos da Primeira Dama de Portugal, Maria Cavaco Silva, um cheque na quantia de $32,000. Este montante foi doado pelos participantes no jantar oferecido pelo

Presidente da República no Fairmont Hotel. Maria Cavaco Silva dirigiu-se à sede da POSSO no dia 14 de Novembro para pessoalmente entregar o cheque.

Segundo fontes junto da POSSO, este montante será aplicado no pagamento de parte dos empréstimos nos obras da cozinha. Fotos de Filomena Rocha-Mendes

Lúcia Soares e Miguel Ávila, de San José

Em cima: Maria Cavaco Silva entregou o cheque à diretora executiva da POSSO, Mary Sousa Em baixo: Manuel Bettencourt, presidente da POSSO, agradece o apoio da comunidade com os seus donativos sob o olhar atento do Secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, e o deputado pelo círculo fora da Europa, Carlos Páscoa

www.PortugueseTribune.com www.TribunaPortuguesa.com

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A melhor cobertura da visita presidencial foi mesmo aqui www.facebook.com/portuguesetribune


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15 de Novembro de 2011

Espírito Santo em Livingston

Banda Em Louvor Divino Espírito Santo formada exclusivamente para esta festa

Banda Filarmónica Lira Açoriana de Livingston

Monsenhor Ivo Rocha. À esquerda, coroação da alguns netos do casal anfitrião

A história desta festa já é conhecida. Manuel Morais ofereceu uma vaca ao Manuel Eduardo Vieira e este sem saber o que fazer, propôs comprar outra e fazer uma festa. Manuel Morais quiz oferecer então a segunda vaca. Chico Avila oferece o vinho Merlot. E assim começou uma linda e simples festa. Este ano a festa foi antecipada de uma semana devido à vinda do Presidente da Republica Cavaco Silva, que coincidia com a data, que é sempre a mesma, desde há dois anos. Cerca de 800 pessoas participaram e para o ano, Manuel Eduardo Vieira pensa alugar uma tenda maior, porque há cada vez mais amigos.

Os convidados assistindo à Missa da Festa celebrada por Monsenhor Ivo Rocha Embaixo: Morgan Vieira e Christopher Vieira Bettencourt

Coro que participou na Missa. À frente reconhecem-se Maria Garcia Goulart e Casal Vieira

Bruno Vieira, Catarina Vieira Bettencourt, Stephanie Vieira Bettencourt, Vitor Vieira, Asia e Carlos Vieira.

Ricardo e Miriam Vieira, Marcia Vieira Bettencourt e Stacey Rosa.


Laurinda e Manuel Eduardo Vieira com Monsenhor Ivo Rocha

A rectaguarda feminina sempre presente nas grandes "guerras" culinárias

Depois das sopas e da carne houve música para todos os gostos e no fim dançou-se a chamarrita do Pico. Também se celebraram as Bodas de Ouro do Casal Raimundo Ferreira (ver foto). Raimundo é o maior e mais doente benfiquista da California. Antecipadamente também se cantou o Happy Birthday ao Miguel Canto e Castro. Direita: Banda Em Louvor do Espírito Santo com Manuel Eduardo Vieira. Embaixo: Família Vieira

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Família Vieira

Cerca de 800 pessoas assistiram a esta Festa em Louvor do Divino Espírito Santo

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