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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

Central Park, NY by José Ávila

2 a Quinzena de Dezembro de 2009 Ano XXIX - No. 1077 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual

www.portuguesetribune.com

www.tribunaportuguesa.com portuguesetribune@sbcglobal.net


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SEGUNDA PÁGINA

EDITORIAL

Que ano foi este?

O

que é que nos trouxe 2009? No que diz respeito ao Tribuna, foi um ano de muitas coisas novas e boas - estamos na Internet, no Twitter, no Facebook e fazemos o jornal num software mais moderno e com capacidades incríveis. Também milhares de pessoas têm visto os nossos slideshows de eventos ocorridos na California. Foi mesmo um bom ano para nós. O Tribuna fez trinta anos a servir esta nossa comunidade que se estende de Arcata a San Diego. Com muito orgulho e sentido de responsabilidade. Em termos de País e do Mundo, foi um ano triste, um ano para esquecer. Milhões de pessoas perderam as suas casas, os seus empregos, na maior crise económica dos nossos dias. Dias melhores virão, mas as dificuldades continuarão por algum tempo. No lado positivo, tivemos a posse de um novo Presidente, carismático, inteligente e com uma agenda de mudança para este nosso grande País. Também pela primeira vez na história da América tivemos os primeiros passos para uma mais abrangente Reforma da Saude, que irá benefciar aqueles que não têm seguros privados ou públicos de saúde. No outro lado do Atlântico, temos Portugal a explodir de incompreeensão (política) colectiva com uma partidarite aguda a governar os eleitos do povo. A Assembleia da República nestes últimos dias tem mostrado o pior dos políticos, que mais não são que “cucarachas falantes” de pouco saber e de muita falta de educação. Entretanto, o povo português espera que os verdadeiros políticos possam fazer a diferença nestes tempos de grandes dificuldades. Agradecemos aos nossos assinantes, colaboradores e patrocinadores todo o auxílio prestado ao Tribuna. Um bom Natal para todos vós. jose avila

15 de Dezembro de 2009

Trim, trim, trim....

E

u não sei qual é a vossa experiência em relação a comunicar com o nosso Consulado em San Francisco via telefónica, desde que ele implementou novas tecnologias de ninguém atender os telefones.

A minha experiência tem sido muito má. Espero que isso só aconteça a mim, porque se este mau serviço do Consulado é para toda a gente, então qualquer coisa está mal e tem de ser modificada. Vou-vos dar o ultimo exemplo que aconteceu comigo na Segunda-feira, dia 7 de Dezembro. Ligo para o Consulado, e depois de ouvir dizer que linguas é que lá falam, marquei uma extensão conhecida. Recebi uma mensagem dizendo que a pessoa estava de férias. Até aqui tudo muito bem. Liguei outra extensao e ouvi uma voz dizendo que estariam de greve no dia tantos de tal de Setembro (???). Liguei para outra pessoa e a voz disse que o Consulado estaria fechado no dia 8 de Dezembro (Festa de Nossa Senhora da Conceição em Portugal). Decidi deixar uma mensagem. Até hoje, dia 11 de Dezembro, não recebi nenhuma mensagem do Consulado. Se isto não é mau, é péssimo. Para vos dar um exemplo do inverso, posso dizer-vos que ontem à noite reparei que não tinha recebido mensagens num dos meus emails do

Crónicas do Perrexil

J. B. Castro Avila

AT&T, o que era estranho. Telefonei e depois de um minuto tinha uma jovem técnica a falar comigo. Em menos de três minutos o meu problema ficou resolvido. A isto chama-se competência e respeito pelos clientes.

João Brum

Um dos motivos que me levou ao Pico este ano foi ver e falar com o João Brum, fundador e primeiro editor desta Tribuna Portuguesa, que na altura era mais conhecida pelo Portuguese Tribune. O Pico não me quiz receber de sol aberto e foram dois dias de chuva a valer, mas valeu a pena a volta à Ilha, as visitas ao museu da fábrica da baleia, às Igrejas e nas Lajes lá encontramos o nosso amigo João, que já

não víamos há muitos anos. Tivemos talvez uma hora a recordar coisas do passado, da nossa comunidade, do jornal, mas a maioria do tempo falámos mais do presente e do futuro. O João queria saber das novas tecnologias empregues no Tribuna, queria saber se as pessoas tinham aderido a este novo projec-

to. Enfim, milhentas perguntas a que fomos respondendo o melhor que sabíamos. Sempre que vejo a primeira página deste jornal, tenho sempre na lembrança todos aqueles que por aqui passaram, dando o seu melhor a esta comunidade da California que é a nossa, e de que tanto nos orgulhamos de pertencer. Boas Festas a todos!

Year XXX, Number 1077, Dec. 15, 2009


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Da Música e dos Sons

Do Pacifíco ao Atlântico

Nelson Ponta-Garça

Rufino Vargas

npgproductions@gmail.com

Portugal,

País dos ± 3 F’S (X) Para além da costumária trilogia Fado, Futebol e Fátima, hoje incluo outro F respeitante à post mortem polémica autártica da Avoenga Vila das Lajes do Pico. Falatório. Aqui no não sempre oceano Pacífico que banha este grande Estado da Califórnia, que constitui parte da décima ilha, alvo de mutações de toda a ordem, particularmente no âmbito tecno-científico em que a inovação de hoje é considerada passé (obsoleta) no dia seguinte. Quando recebo os vários exemplares da imprensa escrita de diversa origem, os que merecem a minha atenção prioritária, são os provenientes das Ilhas dos Açores, que representam a minha Pátria. A minha principal preocupação é de ler e ponderar sobre a realidade do quotidiano insular independentemente do preconceito Ilha, almejando o paradigma homogénico lendário do Continente Atlântida da antiguidade. A raison d’être deste artigo é o meu desacordo ao timbre atribuído ao artigo intitulado “Nota da Redacção” publicada na edição de «o Dever» de 5 de Novembro de 2009. O articulista afirma. “Não aceitamos que o Jornal «O Dever» fique conotado com o PS, nem admitimos lições de moral mas receamos que Sara Santos tenha aberto, de vez, a “Caixa de Pandora”. Eu acho que a democracia demanda transparência

e reciprocidade de opiniões, trâmites que este jornal cumpriu, publicando a opinião da pessoa em causa - Sara Santos, logo abaixo do artigo em epígrafe. Quanto às lições de moral seria aconselhável reflectir sobre o que o Mestre da Cristandade preconiza «grosso modo», quem não tem culpas no cartório atire a primeira pedra, excusado será dizer que ninguém o fez. As eleições autárquicas foram efectuadas e concluídas de forma democrática. Na mesma nota a referida Autarca cessante é criticada por usar a velha máxima “que a melhor defesa é o ataque”. Este ensinamento que não é prerrogativa exclusiva do desporto, que eu pressuponho ser atribuído ao maior estratega Prussiano do século XVIII - Claus Von Clausewitz, contemporânio de um dos maiores ditadores da história Portuguesa, o “Marquês de Pombal”. Eu pessoalmente empreguei esta táctica, sempre que possível, com resultados positivos durante a minha comissão militar em Moçambique, desencadeando operações à noite, utilizando o factor surpresa, método contraposto à estratégia convencional que era desenvolver toda e qualquer actividade militar única e exclusivamente durante o dia. É tempo de pormos termo às guerrilhas interpartidárias e concentrar os nossos esforços em servir o povo. A nossa Pátria é Os Açores.


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Muito Bons Somos Nós

Joel Neto neto.joel@gmail.com

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omo se já não bastassem os gays, agora temos as brasileiras. Todas os meses, e esteja eu em Lisboa ou nos Açores, no Minho ou no Alentejo, ouço uma mulher portuguesa, a propósito de um filho, de um vizinho ou (sobretudo) de um pretendente involuntário, ter um desabafo do

Não são apenas as mulheres a desdenhar do que vem do Brasil, diga-se. Para muitos de nós, o brasileiro é o português que relaxou e saiu para sambar. Pensamo-lo nós, os detentores da mais frágil economia europeia, sobre eles, os protagonistas de uma das economias mais fulgurantes do mundo: o brasileiro é o por-

Num Doçe Balanço,

a Caminho do Mar ra, corresponder às necessidades do senhor, ajudar na iniciação do menino – e depois ir parir longe, a desavergonhada. Pois eu, que li o Érico e ouvi o Chico, que me ri com o Jô e dancei com a bateria do Salgueiro, que fiz amigos em Porto Alegre e me apaixonei em São Paulo – eu sei demasiado do Brasil e dos

... há brasileiras que vêm para Portugal trabalhar como prostitutas? Pois ainda bem. Só vieram trazer savoir faire, perfume e dignidade à profissão. Tanto quanto me parece, não são as brasileiras que andam pelos semáforos e pelas rotundas deste país, caçando camionistas em troca de uns cobres para a dose seguinte. género: “Eu não sou nada xenófoba. Juro. Mas, caramba, ele vai casar com uma brasileira… Com uma brasileira!” Para uma certa categoria de portuguesas, mais valia que os filhos, os vizinhos e os ex-futuros maridos casassem com uma boneca insuflável, uma ovelha ou mesmo uma abóbora, para citar apenas as heroínas românticas de Saramago. Brasileiras é que não. São todas levianas, vêm todas à procura de dinheiro – e, se o casamento der para o torto, de bom grado passarão a dedicar-se à má vida.

tuguês que fracassou na vida. O país que construiu, e que nós tão bem conhecemos durante aquela semana e meia que passámos em Porto de Galinhas, é uma coisa sem rei nem roque, manhosa e cheia de segundas intenções – e ele próprio, naturalmente, é assim também: vigarista e falinhas mansas, preguiçoso e ladrão de bancos. Se for futebolista, claro, pode jogar na selecção portuguesa. Mas com o mesmo estatuto que, antigamente, tinham as criadas trazidas da província: gente para lavar os paninhos da senho-

brasileiros para embarcar nessa conversa dos manhosos e das arrivistas. Dizer que todos os brasileiros são aldrabões e todas as brasileiras levianas é o mesmo que dizer que todos os portugueses emigrados no Brasil são padeiros e se chamam Seu Manoel e que todas as portuguesas emigradas em França são porteiras e se chamam Madame Silvá. E, assim de repente, lembro-me de umas quatro ou cinco brasileiras com quem me casaria sem pestanejar (se não fosse já casado, isto é): Gisele Bündchen, Maria

As Titias

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pêndulo do relógio de parede marca, no seu compassado “tictac”, a monotonia da sala… Estou na velha casa solarenga que, outrora, pertenceu às minhas tias Alice e Leopoldina – referências envolventes no meu imaginário afectivo. As minhas tias viviam, solteiríssimas, nesta casa por onde deambulavam, suspensas e remotas. Guardadoras de memórias, afagavam gatinhos, cultivavam ternura e plantas. Desfalecidas no cansaço do ócio, passavam as tardes a costurar e a ler romances de Júlio Dinis, Camilo Castelo Branco, Alexandre Dumas e Max du Veuzit, livros que as transportavam para mundos sonhados, imaginados e pressentidos… À noite rezavam o terço em frente de um oratório… Foram elas que me ensinaram a ler, a contar e a desenhar e foram elas que contribuíram, decisivamente, para o desenvolvimento da minha líbido… Delas recebi sabedoria, afectos, bolos frescos e inesperados afagos… Chamavam-me Menino Jesus e beijavam-me, com piedosa devoção, os pezinhos e as rosquinhas das coxas do bebé que eu fui. Anos mais tarde, já espigadote, punham elas (com imaginação maliciosa) beijos devotos na minha “bliquinha”… Eu partilhava com as minhas tias os seus mundos amarelecidos de pétalas e suspiros, de solidão e apelos, de cortinados e pó de arroz. Faziam-me biscoitinhos, trocavam segredinhos brejeiros (ao notarem que a minha voz entretanto engrossara) e obrigavam-me a beber copinhos de anis… Perspicazes, prudentes, conselheirais, zelavam por mim, apaparicavam-me. Meu pai bem que me avisava: -Eh, rapazinho, deixa lá as saias das tias! Mas eu era o “ai-jesus” delas. Em relação aos meus irmãos, era eu quem recebia mais

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chocolates pelo Natal e mais amêndoas pela Páscoa. Como poderia eu resistir à intimidade das tias? Atraía-me o ambiente tépido daquela casa… As titias sobreviviam de pensões e rendas. Alugavam quartos a professoras do ensino primário, fornecendo-lhes cama e roupa lavada. As professoras tornavam-

se primas entre si, sobrinhas entre elas; o jogo cumpria-se até à ambiguidade, até ao fingimento ser real; a vida, os sentimentos abriam-se, as doenças de cada uma passavam-lhes pelas mãos, as dificuldades, os desgostos, as emoções faziam-se comuns. Ah, as minhas titis Alice e Leopoldina, de peles macias que cheiravam a flores e a sabonete Mikado… Libertárias e desafia-

Rita, Maitê Proença (sim, Maitê Proença), Camila Pitanga, Juliana Paes. Estas todas e, aliás, uma série de outras que me interessariam sobretudo por razões físicas, portanto não intelectuais. Casaria eu e casará, com total apoio do pai, um filho meu, se assim o entender. Mesmo sendo açoriano, sempre fui muito bem acolhido aqui, neste vosso país – e nada terei contra um casamento com uma nativa, tentação em que eu próprio já caí. Mas há algo numa brasileira bonita que me encanta. Talvez seja apenas o sotaque, mas o mais provável é que seja o facto de quase todas elas parecerem saídas de uma daquelas telenovelas que me povoaram a adolescência. Más, as novelas brasileiras? Pelo amor de Deus: as novelas brasileiras puseram frente a frente os ricos e os pobres (e depois misturaram-nos); puseram frente a frente o homem e a mulher (e depois explicaramlhes que não havia uma forma só de misturá-los); puseram frente a frente a obrigação e a diversão (e depois mostraram-nos que era possível elas coexistirem sem se misturarem). As novelas brasi-

leiras foram os nossos anos 60: a nossa revolução sexual, a nossa libertação estética, a nossa democratização do quotidiano. Não fossem as novelas brasileiras e, provavelmente, a depilação do buço teria demorado ainda mais a implantar-se entre as portuguesas. De resto, há brasileiras que vêm para Portugal trabalhar como prostitutas? Pois ainda bem. Só vieram trazer savoir faire, perfume e dignidade à profissão. Tanto quanto me parece, não são as brasileiras que andam pelos semáforos e pelas rotundas deste país, caçando camionistas em troca de uns cobres para a dose seguinte. Pelo contrário, e depois de tantos anos de neo-realismo, o mercado está agora novamente bem servido de cortesãs, o que não deixa de ser um conforto para muita gente. No mais, e para um jovem português em idade de casar encontrar galdérias fatelas, não é preciso ir ao Brasil: basta ir às personagens de muitas telenovelas portugueses – e, provavelmente, bastará, dentro de alguns anos, ir às raparigas autorizadas pelos pais a assistir diariamente àquelas paradas de maus costumes.

Crónicas Terceirenses

Victor Rui Dores victor.dores@sapo.pt

doras, optaram conscientemente pela vida de solteiras. Ficaram para tias, apesar das paixões avassaladoras que ambas, quando jovens, conheceram. Amaram e foram amadas e viveram momentos de suprema felicidade. A tia Alice, com um alferes do exército; a tia Leopoldina, com um caixeiro viajante… Quando chegava a Páscoa, as tias faziam questão que eu e o meu irmão fossemos as Marias do Pé da Cruz. Vestiam-me de “Maria” e trajavam o meu irmão José de “Verónica”. A gente finava-se a rir quando se via ao espelho, ante a reprovação benevolente das tias. Sabíamos que o Luciano, o Peixe-Rei e outros cegões da Barra iam fazer troça de nós… Mas as tias preparavam-nos para esses e outros incidentes de somenos importância. E caprichavam, durante dias, na costura das vestimentas, não dando descanso à velha Singer. Ajudavam-nos a aprender a melodia do vos omnes e a decorar o latinório… E ensaiavam toda a movimentação cénica. Na tarde de mormaço da Sexta Feira Santa, as titias davam os últimos retoques. O meu irmão José e eu, de azul e roxo vestidos, lá íamos, compenetrados, a fazer o nosso papel, tropeçando, de quando em vez, nas nossas saias compridas, apesar de enroladas no cós. Acompanhados de homens, mulheres e crianças, dispostos em duas alas, caminhávamos em fervorosa prece, num silêncio de passos abafados e tosses secas. Nos sítios previamente combinados, nós, as “Marias”, fazíamos uma paragem e o

meu irmão, subindo para um banquinho, cantava com uma seriedade que me espantava: O vos omnes, o vos omnes Qui transistis per viam Atendite et videte… E, assim que chegava ao videte, o meu irmão, de véu de baeta roxa caída pela cara abaixo, desenrolava aquele santo sudário quadradinho e o povo ajoelhava-se, com a gravidade que as circunstâncias exigiam. Eu, de olhos semi-cerrados, respondia com um acanhado Domine Salvator noster! E prosseguíamos, em cortejo lento e lúgubre, pelas ruas da vila. Terminada a procissão, eu corria para casa das tias que me aguardavam com o sorriso de um merecido cartucho de amêndoas…


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Rasgos d’Alma

Luciano Cardoso lucianoac@comcast.net

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apaz do melhor e do pior, do genial ao abismal, a natureza humana surpreende-nos dia a dia. Fascina-nos ano após ano. A história testemunha-nos. O futuro intriga-nos. A realidade nua e crua da situação actual é deveras enervante. Ninguem pode ignorar a crise. É histórica. É global. É local. Bate-nos à porta a cada instante. Sensibiliza-nos a todo o momento. Basta olharmos lá para fora. Faz um frio arrepiante. O agasalho escasseia. O mantimento diminui. A resposta encolhe-se. A alma condói-se. Dá sempre a impressão nitida que muito mais se poderia fazer em prol da tão apregoada harmonia universal angelicamente encenada há dois mil e tal anos no interior da mágica gruta de Belém. O Natal ajuda. Só por si, todavia, não resolve. O calor humano esmera-se apenas por uns dias. A magia do presépio não dura mais do que umas horas. Os anos passam. A história repete-se. A mensagem dilui-se por entre luzinhas e mais luzinhas a acen-

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Sapatinho da Paz

der e a apagar. E a esquecer. Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar. Há conflitos a mais neste pestilento planeta que habitamos. Ainda se vivessemos num paradisíaco mundo de fadas. Tudo seria bem mais fácil. Mas vivemos num paradoxal mundo de fado, de dor, desilusão, desigualdade. A miséria alastra-se. A injustiça impõe-se. A guerrilha comanda. A guerra é que manda. “Paz na terra aos homens de boa vontade” soa bem mas cheira mal à voraz apetência humana pelo intruso abuso das armas. “Amor ao próximo como a nós mesmos” não passa duma rósea utopia bíblica que o dócil Menino sugeriu a seu tempo com a melhor das intenções mas o vil cinismo da laica humanidade teima em rejeitar como lema libertador. A liberdade não existe. O homem bem que tenta iludir-se mas continua a escravizar-se. Pior ainda, há homens demais a quererem

idolatrar-se. Trazem o rei na barriga e só vêem o bico luzidio do seu umbigo a esticar. O juízo que lhes resta não lhes dá para mais. Incapazes de reconhecerem as suas próprias limitações, julgam-se deuses. Ou preferem adular o deus errado. Deus não erra. Não tenhamos ilusões.

I

ludi-me eu por breves instantes ao pretender poetizar-vos auspiciosas boas-festas com votos adornados num sapatinho de muita paz. Fui incapaz. Não sou poeta. Aqui fica o rascunho.

A paz, reciclada nos bidões da porca miséria que nos rodeia não existe. E persiste apregoada nos sermões da doce homilia que nos encanta. Negociada nos círculos podres da politica que nos explora, é triste. E insiste em inchar-me o nó que trago na garganta

porque A paz não se apregoa. A paz semeia-se… não com bocas, punhos e punhaladas, nem com a ponta de línguas afiadas. A paz não se negoceia. A paz conquista-se… Sem bombas, metrelhadoras ou canhões, Nem a destruição de povoados ou populações. Em paz não se repousa. Em paz trabalha-se… a toda a hora, todo o dia, todo o instante, ou não fosse a paz um esforço constante. Em paz não se amortalha. Em paz liberta-se… mesmo quem cai, se quando cai se alevanta. Ou não fosse de paz este esboço poético-natalício que me atrapalha ao libertar-me o reles nó da garganta.


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Natal

Sabor Tropical

Elen de Moraes elendemoraes_rj@globo.com

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mente é fabulosa por guardar e catalogar tantas informações, imagens, sons, memórias e emoções, de uma forma tão bem organizada que fica impossível não reconhecer Deus em tanta perfeição. Quando algo nos vem à lembrança, um maravilhoso arquivo se abre e surgem dados que desfilam em nossa mente numa velocidade incrível e em frações de segundos afloram à nossa consciência todas as sensações que se referem àqueles momentos. Sem que consigamos detê-las, como num filme acelerado, as imagens vão se desenrolando até nos fixarmos naquelas que se congelam e que, independente da nossa vontade, são escolhidas, talvez, por tocarem mais intensamente as nossas emoções, sobre as quais repousam os nossos doces ou amargos sentimentos. E é assim que nesta época de fim de ano meus instantes felizes emergem, trazendo-me, com o mês de Dezembro que tanto amo, as suas cores e cheiros e a cidade enfeitada de luzes, papais-noéis e anjos. Dezembro. Natal. Mês de confraternização, de esperanças, de novos projetos, da maior comemoração Cristã, com gentes mais afetivas, sorridentes e solidárias e até quem não aceita Jesus Cristo como o Filho de Deus, se veste de “boa vontade” e entra no clima festivo. Emocionalmente, o Natal é uma festa importante e o seu significado vai além do seu aspecto religioso. Este período nos traz recordações dos tempos marcantes da nossa vida, uns alegres, outros nem tanto, mas que continuam no nosso consciente. É, sem dúvida, na nossa infância que ficam as marcas mais significativas, que nos afloram nesta época e influenciam o nosso estado de espírito. O último mês do ano chega-me sempre em ritmo de grande contentamento e, junto, os aromas de cravo, canela e baunilha; per-

José Raposo raposo5@comcast.net

A

cabei agora mesmo de falar com a minha amiga Elen que me lembrou que eu deveria escrever meu artigo sobre o Natal. Ela por vezes é mais chata do que as coisas chatas... Aborreci-me logo, porque é um tema muito difícl para mim e já disse que o espirito de Natal deveria reinar todos os dias e não só uma vez por ano. Portanto, vou-me limitar a desejar um Feliz Natal a todos e que o Ano Novo seja muito próspero. Durante os últimos 23 anos, a noite de Natal tem sido quase sempre passada na nossa casa, com a maior parte da família. Este ano será diferente pois que tudo indica que temos a nossa casa vendida e por bom preço. Se bem que fizéssemos uma oferta noutra para comprar, o contracto ainda não está fechado. Então resolvi escrever sobre as peripécias de vender uma casa. Eu detesto ler papelada e, embora não me considere velho, sou ainda do tempo em que se fazia um contracto com a palavra, um aperto de mão e pronto. Logo no primeiro dia que a casa foi para a internet tivemos uma

Imagens, sons, memórias e emoções

fumes de infância e do colo de mãe; sabor de peru recheado com farofa de frutas; gostinho de chocolate, tortas de morango com chantilly e rabanadas; farfalhar abafado dos papeis de presentes; cores de fitas verdes, vermelhas e douradas, cheirinho de roupa nova e a claridade difusa das pequeninas luzes coloridas que piscam ao ritmo das batidas do coração e do sorriso das crianças. Lembranças gostosas de todos os Natais. Nada que o dinheiro possa comprar, porque não é o luxo dos ambientes, o valor dos enfeites, dos presentes e das comidas que fazem do Natal uma noite de paz, uma noite feliz e, sim, o amor que é trocado, o carinho verdadeiro e recíproco e toda atenção e respeito concedidos às crianças. Sabemos que nem sempre os brinquedos mais caros são os mais estimados por elas: aqueles que criam vida e podem ser manuseados, que fazem parte do imaginário do seu mundo encantado são os mais apreciados, por causa das suas fantasias ingênuas e infantis. Fantasias infantis me reportam à minha primeira boneca de tamanho e bem parecida com um bebê. Eu era só felicidade com ela no meu colo, na noite de Natal. No dia seguinte, hora do banho, tranquei-me no banheiro e coloquei-a numa pequena bacia. Fui lavando, lavando... e assustada vi “minha filha” se desmanchar, aos poucos. Sabia que tinha feito uma “arte”, porque mamãe me havia dito para não molhá-la. Como não entendi aquela recomendação, fui em frente, porém, depois do desastre, fiquei de boca fechada e quando ela quis saber se eu estava feliz com meu presente, tive que lhe contar a verdade. Choramos juntas, abraçadas, e ela prometeu que escreveria para o papai Noel. Dito, feito! “Ele” me trouxe outra, igual à primeira, dias depois. Entretanto, não vivo Dezembro só com

Ao Sabor do Vento

oferta e a aceitamos. Depois começaram as papeladas. “Disclosures” e mais “disclosures”. Tenho de dar muito crédito à minha mulher que foi quem lidou com a agente de vendas e eu só assinei onde ela me disse para assinar. Depois da oferta aceite, apresentam-nos uma quantidade de coisas que os compradores queriam que eu fizesse: algumas das calhas deveriam ser amanhadas; o esgosto debaixo da casa, teria que tirar a bomba que eu instalei e fazer um esgoto à francesa, mais conhecido por “ French drain”; queriam que eu fizesse parede nova na lareira por causa de umas pequenas rachas. Eu disse que coloquei a casa no mercado pelo preço que coloquei, porque sabia que tinha algo que deveria ser arranjado. O preço é esse e só arranjarei o que eu havia começado e que ainda não terminei. Concordamos e eu pensei que me havia livrado dessa e que não teria mais problema algum. Vêm em seguida as inpecções. Inspeções de termitas, da piscina, do terreno, etc. etc.. Imaginem que fizeram furos no quintal para testarem a qualidade do solo e eu pensei que talvez estivessem

15 de Dezembro de 2009

as lembranças dos Natais passados. Procuro otimismo e motivos de alegrias nos de agora e mesmo que a nostalgia invada minhas noites festivas, pelos entes queridos, amigos e amores que já não estão comigo, afugento-a e busco novas imagens, fotografo novas situações e pessoas e as arquivo no banco de dados das minhas melhores memórias e emoções, porque se prestarmos atenção ao tempo, veremos que, independente da nossa vontade,

as crianças crescem e vão embora, novas famílias são formadas, nós envelhecemos, a vida segue seu curso e tudo se renova... Então me esforço para que meus Natais presentes sejam bons, porque daqui a alguns anos, se tiver a graça de viver até lá, quero me sentir feliz em revivê-los, mesmo que as circunstâncias me obriguem vez ou outra, a estar sozinha. Feliz Natal e um Novo Ano cheio de bênçãos!

Para os Homems de Boa Vontade à procura de petróleo ou para ver se as merdas das galinhas e das pombas tinham contaminado o lençol de água, pois tenho uma nascente na propriedade. Teve que vir um engenheiro para ver se não havia perigo de desmonoramento. Eu já estava quase a dizer que não queria vender a casa. Tive que arrancar uma nespereira para levar comigo, porque depois do contracto assinado tudo o que estiver no solo eu não posso retirar. or fim, vem o inspector da cidade e aí é que a porca torceu o rabo. Há uns 5 anos remodelamos a cozinha e se bem que fizemos tudo de acordo com os regulamentos, haviam-me dito que desde que não alterássemos paredes, não era preciso licença. Tirei licença para instalar janelas, para instalar o ar condicionado e outras coisas mais. Durante a procura dessa papelada toda até encontrei a licença do departamento da agricultura para que eu pudesse trazer canários legalmente de São Miguel. Diz-me o inspector que eu deveria ter tirado licença para a cozinha, mas que não era problema

P

porque poderia ir ao “city hall” e num dia ma davam. Diz, em seguida, que tenho que mudar 50% das luzes para fluorescentes. Se bem que desde que tenho a minha cadela de fila, nunca mais liguei o alarme ao qual está ligado um alarme de incêndio, que por sua vez está ligado a uma central, o homenzinho me diz que tenho que ter um alarme de incêndio em cada quarto de cama, especialmente porque as pessoas dormem com as portas fechadas. Os portões da propriedade têm que ter umas molas especiais para fecharem automáticamente. A porta de casa para a garagem tem que ter o mesmo tipo de mola. Quando pensava eu que tinha estas coisas todas em ordem, chama-me o “real state agente” e pergunta-me:“Are the toilets on your house low flow?” Eu disse: Quais toiletes? Quando me dá a vontade, vou ao fundo do quintal, faço como o Bocage e viro a cara para a parede... Minha mulher, começou a resmungar pelo lado, que eu era um malcriato, etc., etc., e perguntame se eu já tinha encomendado os contentores para colocar os

nossos haveres até que comprassemos casa. Eu disse que sim mas, que teria de telefonar para a cidade, porque talvez fosse preciso uma licença para colocar os contentores na rua. Por sim ou por não, telefono para o “city hall” e depois de ter falado com não sei quantos empregados e deixado mensagens em secretárias electrónicas, uma senhora de voz muito meiga me chamou e disse que eu precisava um “permit” para os contentores estarem na rua e que seriam 244 dolares. Eu fiquei furioso e disse: - Tenho que pagar 244 dolares para você e outros malandros como você estarem a dar à perna ou aquecendo o cú nas cadeiras? Claro que não tive resposta. No entanto, pensei que para alguns políticos e pessoas que fazem leis dessas, que os leve o diabo e que haja paz na terra para os homens de boa vontade.


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Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges d.borges@comcast.net

E

stamos à beira de mais uma viragem no calendário gregoriano. Passaremos, em breve, para o ano 2010 da Era Comum, o nono ano do terceiro milénio e do século XXI e o décimo e último ano desta década. No calendário chinês, celebrou-se o ano do boi. As Nações Unidas, através das suas várias agências, decretaramno como o ano Internacional da Astronomia, das Fibras Naturais,

Walter Cronkite

da Reconciliação, da Aprendizagem sobre os Direitos Humanos, e o ano Internacional do Gorila. Estas efemérides são sempre espaços privilegiados para a reflexão. Aliás, a comunicação social aproveita esta viragem anual para nos relembrar o que houve de bom e de mau ao longo do ano que agora termina. Desejo fazer o mesmo. Utilizarei este espaço para ponderar os acontecimentos que mais me marcaram ao longo de 2009. Bem sabemos que foi um ano cheio de notícias. Aqui nos Estados Unidos, apesar de continuarmos a viver a pior recessão económica desde a grande depressão, o ano começou com uma verdadeira aura de esperança e tive a colossal oportunidade de a viver: a cerimónia de tomada de posse do Presidente Barack Obama. Com os meus dois rebentos (ambos já homens feitos), estive em Washington DC, e ao lado de mais de dois milhões de americanos vivi este momento histórico para os Estados Unidos e para o mundo. Foi um dos momentos mais significativos do meu pobre e inábil meio século de existência. Ao lado de muita gente, a maioria afro-americana, revivi o sofrimento dum povo, a renascença dum país, a espe-

rança duma mudança no mundo. Celebrou-se o fim de oito anos de cinismo, de assaltos às liberdades individuais, do empobrecimento da classe média, das torturas ilegais e das guerras desnecessárias e imorais. E viver esse momento com os meus dois filhotes (que apesar da idade serão sempre nos meus olhos aqueles meninos pequenos e desprotegidos) foi uma satisfação dupla. É que apesar de carreiras muito diferentes, ambos escolheram o serviço publico. E ambos, graças aos deuses, têm um forte sentido de justiça social. E ambos, com o velhote pelo meio, viveram jubilosamente este dia. Estarmos em Washington, num dia frio, mas cheio de calor humano, e vivermos na sua plenitude este momento ímpar na história deste grande país, foi extremamente gratificante e só por isso valeu a pena viver este ano de 2009, particularmente quando no primeiro dia do seu mandato o Presidente deu ordens para começar o processo que fecharia a vergonha deste país: a prisão de Guantanamo. Mas o ano foi também marcado por uma amalgama de outros eventos que me tocaram. Em termos económicos foi duro ver o índice do desemprego subir. É que na frieza dos números está a crueldade desta crise: milhares de homens e mulheres de se mprega dos. Muitos estão à beira do desespero. Nenhum ser humano deveria ser reduzido à tristeza e à pequenez do desemprego. Na terra mais rica do mundo, nenhum ser humano deveria ser sujeito à impiedade de não ter o suficiente para sustentar a sua família. Esta administração tem que melhorar esta trágica situação através de mais oportunidades para o cidadão em comum e nunca através de mais benesses para o grande capital. Está mais do que provado que a teoria do “trickle down economics” apenas beneficia quem está contro-

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Em 2009 perdemos algumas figuras emblemáticas lando os centavos que devem cair nas mãos dos trabalhadores. Há que lutar pela justiça social. No campo da paz, apesar de não ser um pacifista tradicional, acredito sim no poder da paz, do diálogo, do respeito mútuo e da diplomacia, daí que entristeço por termos continuado com duas guerras. Se é verdade que no Iraque estamos com um processo de retirada, a verdade é que permaneceremos neste país por muitos mais anos. E no Afeganistão, acabamos de ouvir o Presidente Obama anunciar a colocação de mais 30mil soldados americanos. Lamento, profundamente, esta decisão, porque vai roubar mais vidas americanas e afegãs. Lamento que, para que tenhamos uma retirada a partir de meados de 2011, tenhamos que matar e mandar matar mais gente. Bem sei que desde sempre Barack Obama disse (na sua campanha) que era necessário orquestrar-se um Afeganistão coerente e pacifico, mas acho que esta é uma decisão que trará ainda mais dissabores para os Estados Unidos. Penso que no século XXI temos que aprender a utilizar as nossas forças armadas de uma forma diferente. Sou apoiante deste Presidente, sempre fui, mas isso não significa que quando discordar com ele não serei o seu mais severo critico. Quem não acreditar que leia um livro que publiquei na Salamandra em Lisboa com o título: Uma Outra América: Tex-

John Updike

tos do real e do Utópico, em que como apoiante de Bill Clinton fui um dos críticos mais implacáveis quando ele abandonou as classes mais desfavorecidas. Em política nacional americana foi um ano saliente para a reestruturação da saúde publica americana. É verdade que nada ainda está feito, mas tudo indica que o que se começou em 2009 terá fruição em 2010. A Câmara

dos Representantes, sob a hábil direcção da Congressista Nancy Pelosi, aprovou legislação extremamente importante. Estamos, como se sabe, com alguns impasses no Senado, onde os milionários daquele órgão legislativo estão verdadeiramente desgrudados do resto do mundo. Mas acredito que, apesar de não termos a reestruturação que precisamos e merecemos, teremos algo significativo que melhorará um sistema que está quebrado e corrompido pelos milhões das seguradoras. Basta relembrar que desde que o processo começou a ser debatido em Washington, a meados do verão de 2009, as companhias de seguro começaram a gastar cerca de um milhão de dólares por dia para derrotar qualquer modificação.

E

m 2009 perdemos algumas figuras emblemáticas do nosso mundo pelas quais nutria ( e sempre nutrirei) grande afinidade. Em Janeiro o escritor americano John Updike, nascido em 1932 e cujos livros me ensinaram a ser mais humano e o actor mexicano-americano Ricardo Montalbán que na minha juventude fez parte das séries e cinemas que me fizeram companhia. Em Junho Michael Jackson, um cantor da minha geração que apesar de não ser dos meus preferidos marcou a música pop do meu tempo, deste nosso tempo, tendo ainda hoje no meu ipod alguns dos seus clássicos. Robert McNamara, antigo secretário da defesa dos Estados Unidos e o grande responsável pelas políticas da guerra do Vietname, pecado que jamais lhe deveria ser perdoado; Walter Cronkite, a figura das notícias da CBS que diariamente vi durante quase três décadas. Um verdadeiro senhor do jornalismo televisivo. Com Walter Cronkite vi e comecei a tentar entender o mundo. Ainda no mesmo mês de Julho faleceu o escritor Frank McCourt, cujo livro Angela’s Ashes devorei em três noites seguidas. Um clássico que nos conta a pobreza e o desespero da Irlanda. O seu livro Teacher Man, deveria ser leitura obrigatória para quem vai para o ensino aqui nos EUA.

Se é que há professores que ainda lêem além das histórias da carochinha?! Em Agosto Corazon Aquino, presidente das Filipinas que mudou o rosto a este sofrido arquipélago do Pacífico; Eunice Kennedy Shriver, da famosa família Kennedy, que fundou os jogos olímpicos para deficientes e Edward (Ted) Kennedy, o leão do Senado, o padrinho do liberalismo americano, o mais influente legislador americano da minha geração.

Ted Kennedy

O ano que termina, foi ainda, infelizmente, minado, em termos políticos, por uma clima verdadeiramente vil. Desde os famosos comícios pelos chazeiros (os Tea Parties), aos movimentos reaccionários promovidos pela Fox News. Foi ainda o ano em que recebi, infelizmente vindos de portugueses e luso-americanos, o mais elevado número de e-mails repugnantes sobre um presidente americano. É que apesar de George W. Bush ter sido utilizado como tema de vários e-mails, alguns com piada, outros também cheios de maleficência, nestes últimos 10 meses recebi mais emails a denegrirem na imagem do Presidente Barack Obama do que ao longo dos 8 anos da presidência de Bush II. E em termos de atrocidade, não há comparação possível. Tenho pena de terminar 2009, este ano histórico, sabendo que há por aí tanta gente nossa racista e retrógrada. Como escreveu Miguel Torga, cujos diários ando a reler: é uma dor de alma ver uma terra bonita como esta a servir de cenário a tanta coisa (ao que acrescento gente) feia.


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COLABORAÇÃO

Impacto da colheita

Temas de Agropecuária

Egídio Almeida egidioisilda@charter.net

Impacto da colheita do milho super amadurecido na produção do leite e na saúde das vacas

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pedido dos produtores do milho, o “Northern New York Agricultural Development Program” está avaliando o impacto do milho colhido super maduro no sistema digestivo das vacas, saude em geral e eficiência na produção de leite. Os altos custos dos cereais, particularmente farinhas do milho nos últimos anos, e condições atmosféricas causando atraso nas colheitas do milho, tem causado inquietação em como conseguir a máxima energia da colheita geral do milho. Alguns conselheiros estão recomendando aos agricultores para que retardem a colheita para maturizar mais “starch” (substância licorosa) na sua ensilagem. Em 2009 os agricultores que guiaram uma pequena concessão monetária no “Northern New York Agricultual Development Program” ordenaram a investigação que está sendo conduzida no “W. H. Miner Agricultural Research Institute” em Chazy, NY. Estes identificaram na avaliação de que o impacto da maturidade nas colheitas, tem influência na composição nutritiva, starch e na digestibilidade de fibras e proteínas. Alguns destes consultores sugeriram retardar as colheitas do milho até que toda a planta do mesmo esteja 40% seca. A

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de milho super amadurecido

razão é porque o grão neste ponto está completamente desenvolvido e a perda de nutrientes é mais alta em milho ensilado a mais altos graus de mistura. Milho colhido e ensilado a mais baixas pecentagens de mistura tem mais valor nutritivo e em turno vem poupar dinheiro na compra directa de outros cereais, porque o milho grão é considerado a chave guia de preços para outros importantes cereais. Estas são algumas das razões porque milhos para ensilagem por todos os Estados Unidos apresentam uma cor mais madura e também o processo da comercialização do mesmo se vai modificando tendo em conta o factor mistura.

mais pelo seu cabaz de compras no futuro. “The Congressional Budget Office” calculou que entre Abril de 2007 e Abril de 2008, o crescimento do uso de etanol resultou num aumento de 10 a 15% no preço dos bens alimentares. Quer isto dizer que os americanos pagaram entre $5.5 e $8.8 milhões mais pelos seus alimentos durante o período de 12 meses. Mas neste momento e que mais parece um paradoxo, a comunidade científica está completamente dividida, debatendo-se, se estamos ou não a ganhar terreno ambiental. No inverno passado diferentes grupos do meio ambiente recomendaram uma pa-

ragem nos padrões de energias renováveis devido à evidência que possuiam de que, etanol do milho estava causando mais estragos do que benefícios ao meio ambiente. Há alguma razão para duvidar do futuro de etanol de cereais? Altos preços pelos alimentos seria uma delas.

A

mais recente sondagem da USDA conclui que cerca de 4.2 biliões de bushels, ou 32% dos 13 biliões da presente colheita do milho vão ser transformados em etanol. Este montante crescerá se a EPA levantar a presente mistura ethanol-gasolina de 10% para 13 ou 15%. Além dos produtores de carnes e de leite, há outros preocupados com essa possibilidade, em princípio, apenas um pequeno número dos 240 milhões de carros e camiões dos Estados Unidos estão equipados para uma mistura mais alta que os presente 10%. O problema é ainda maior para “boats,” “snowmobiles,” “lawnmoers,” e “chain saws.” Por outra razão, os consumidores pagarão

Dinis Paiva lançou livro de Culinária

NATAL Do Presépio pequenino Nasceu um Grande Menino Para nossa salvação; O ritual é reposto Sorridente e com gosto Trazendo nova missão.

Mando a todos um abraço E a quem lê meu espaço Por terras de mais além; Fiquem na santa harmonia Da Festa, a Estrela guia, Do Menino de Belém.

Vem aí mais um Natal Com apelo fraternal À paz na humanidade; Neste postal por escrito Na Amizade também medito... É certo que nos invade.

Viva o Natal de Jesus Que em toda parte reluz E no coração dos crentes; Viva a Festa mais querida Do exemplo de Vida E o melhor dos presentes.

Onésimo Teotónio de Almeida, Ondina Medina e Dinis Paiva

Dinis Paiva nasceu em São Miguel e acaba de lançar um livro de culinária açoriana chamado “Comida com Peso e Medida” (Food with Weight and Measurements). O lançamento do livro teve lugar no dia 4 de Dezembro na Casa dos Açores, em East Abraço natalício Providence. Dinis Paiva declarou ao Jornal que “My old man taught me how to make Rosa Maria octopus, fava beans, caçoilas...” e “I dedicated some time to culinary in the navy. Joking around with other sailors, I started

asking how to make this and that and began collecting recipes,” said Paiva. Today, he is owner of the restaurant O Dinis in East Providence, where many customers have asked him to make a culinary book. Between friends, ladies and gentlemen, there are many who eat at the restaurant and ask for a souvenir of his delicious Portuguese food, stated Paiva”. Tribuna Portuguesa manda um abraço de parabéns ao Dinis Paiva.


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PATROCINADORES

2009,

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COLABORAÇÃO

Agua Viva

Filomena Rocha filomenarocha@sbcglobal.net

Natal

M

... o que interessa é o significado do Natal

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á fervilham pelas ruas, nas lojas e tudo quanto é lugar de compras e atracção natalícia, adultos e crianças à procura de uma prenda, de um ornamento para a casa, para a árvore verde e perfumada, desse cheiro único nesta quadra única do ano. Mal acaba o dia de Acção de Graças e já as luzes se acenderam para dar Luz ao coração, à Esperança, à Alegria, talvez para continuar esse espírito de bem-querer concedido há muitos anos ao imigrante, em boa hora uma forma de acolhimento num país que nem sempre realiza os sonhos de cada um. Mas é sem dúvida nesta época Natalicia que mais nos lembramos de histórias passadas durante a infância que vivemos ou que observámos na vivência de outros, que de alguma forma marcaram a nossa existência. Não sei porquê sempre me vêm à memória essas duas figuras que eu via passar quase todos os dias pela minha casa. Ele, alto e magro, porte altivo, sempre direito e dando uma saudação educada mas com ar distante, como quem apenas cumpre um dever. Nunca lhe vi um sorriso no rosto, um ar de graça, uma conversa com os outros homens da aldeia. Chamava-se Miguel de Alcântara. Como chegou aí, não sei ao certo, mas eu ouvia de algum modo dizer que ele viera para a tropa e aí ficou. Talvez o seu nome tivesse tido origem no lugar de onde veio, do continente português, como aconteceu a muitos outros viajantes que ficaram na Ilha. Mais tarde casou com a Maria, mulher alta, forte e rosada, lenço na cabeça, como era típico de toda mulher portuguesa, envergando um vestido castanho, como se fosse um hábito de freira, ou talvez promessa à Senhora do Monte Carmel, mas que um dia, dizia-se, ficou desiquilibrada do seu juízo. Caminhava apressada, nas longas caminhadas de sua casa à cidade e vice-versa. Já cansada, da árdua tarefa de vendedeira, parecia, porém, nunca encontrar tempo para descansar e na sua ânsia de chegar falava sòzinha, motivo para os que a viam passar, falarem do seu desiquilíbrio. Das razões ninguém sabia ao certo mas comentava-se que ela tinha tido um filho que morreu e que o parto lhe subira à cabeça. Eu era demasiado pequena para entender essa doença, ou talvez esse estado de alma. Agora, as doenças têm outros nomes e haveriam de chamar-lhe o stress de pós-parto. Naquele tempo a vida seguia, tinha de seguir como um decreto e os filhos criavam-se “a penas ou a dores”, um pouco à sorte, e até o Natal desse tempo que devia ser mágico para toda a gente, parecia nada ter de interessante, pois se o pinheiro verde ficava na mata de ano para ano com a promessa de que no ano seguinte haveria de ter mais sorte de ir à festa daquela casa e estaria no calor da lareira da Família Alcântara. Até já estou a imaginar como seriam os adornos para a árvore sonhada: em vez de bolas reluzentes e coloridas, teria pinhas de cheiro fresco e saudável, assim como sumarentas laranjas e tangerinas, e talvez, se bem pensado para quem vive no campo, não poderiam faltar os morangos bravos, vermelhos como o carmim, que crescem todo o ano nas trepadeiras que serpenteiam por entre os musgos verdes e perfumados da mata... Afinal de contas, o que interessa é o significado do Natal: Família, Amor, Paz e essa Luz que tem de morar em nós como Esperança de um Feliz Ano Novo. Assim seja para todos com os meus votos de Boas Festas!* .

ais um Natal à porta e a recordação do meu Natal de criança a envolver-me numa terna nostalgia. Na minha crença e inocência infantil, o mais importante daquela festa era a vinda do Menino Jesus descendo pela chaminé e deixando o presente no sapatinho lá colocado com tanta alegria antes da saída para a missa do galo. Na igreja, as cerimónias religiosas, os lindos cânticos, o beija-pé no Menino Jesus, tudo me fascinava. Ao regressar a casa corria logo para a chaminé `a procura do simbólico presente que, por mais humilde que fosse, tinha inefável valor. Depois, o jantar da molha de carne quentinha, o pão de trigo caseiro, os figos passados, os bolos, o confraternizar com familiares e amigos, o trajo novo, tudo se congregava para fazer deste dia o mais belo do ano. Desde o dia que tive conhecimen-

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Traços do Quotidiano

Margarida da Silva santamarense67@yahoo.com

to de não ser o Menino Jesus quem trazia os presentes, o Natal nunca mais teve aquele sentimento que eu guardava carinhosamente no meu coração. No entanto, apesar dessa decepção, a quadra natalícia continua a ser muito especial. Ao aproximar-se o Natal, começavam a chegar os cartões da América com as “dólas” sempre tão apreciadas nesse tempo. Gostava imenso de ir à abertura do correio no botequim do Sr. Joaquim Neves, não havia carteiro ainda, e, ao ouvir o nome dos meus pais, ficava toda contente e corria para casa com os cartões que depois eram colocados sobre a cómoda com os ramos de laranjas e o trigo verde nos pratinhos a enfeitar o altar do Menino Jesus. Felizmente que os nossos familiares ausentes na América nunca se esqueciam de nós com as suas generosas lembranças. Hoje, volvidas que são mais de quatro décadas desde que passei o meu

último Natal nas “pedras negras” que me serviram de berço, recordo com saudade aquela época em que a guerra, a fome, a droga e as doenças epidémicas não me davam muita preocupação. E, muito embora favoreça e aprecie a evolução dos nossos dias, por vezes pondero sobre o passado quando a vida era mais simples sem alguns dos problemas que agora causam tanta ansiedade. Os Natais americanos com a sua habitual pomposidade e comercialismo jamais serão como os Natais da minha meninice quando ainda acreditava no Menino Jesus. Para todos, FELIZ NATAL!


ENTREVISTA

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É importante investir no futebol

Dias Ferreira, Presidente da Assembleia Geral do Sporting

Não é todos os dias que podemos assistir a um jogo do Sporting na companhia do seu Presidente da Assembleia Geral e ver o que ele sofre até ao ultimo minuto. Passada a euforia de se ter passado a eliminatória, tivemos uma pequena conversa com Dias Ferreira, conhecido de toda a gente, como um dos três “mosqueteiros” do programa desportivo “O Dia Seguinte” da SIC Internacional.

O que é que se passa com o Sporting? Dias Ferreira - Sabe, custa a recuperar, como acabámos agora de ver neste jogo com os holandeses. Conseguimos o apuramento nos momentos finais. É importante nesta altura em que o Sporting está a tentar recuperar e dar a volta. Um resultado negativo seria muito mal. Como vamos passar para a fase seguinte da Liga Europa é preciso é ir jogando bem, fazendo pontos. A equipa precisa ganhar auto-confiança, auto-estima. Entretanto há muita coisa para melhorar. Vamos tentar recuperar algum terreno perdido. Quais são os objectivos desta nova equipa directiva do Sporting? Nós propusemos essencialmente tentar dar um salto de qualidade no futebol. Já estamos a meio da época e isso não foi conseguido. Fundamentalmente uma das coisas que esta direcção se propõe fazer, é tentar uma maior aproximação da massa associativa com a direcção e com o clube. Nos últimos anos sofremos alguns revezes. O Sporting estava a fazer um discurso muito ligado aos números, enfim é uma situação que nos preocupa e tem de estar sempre presente no nosso discurso, mas em todo o caso procurou-se avançar mais e ir junto dos sócios, aumentar a massa associativa, fazer uma maior ligação dos sócios ao clube. É evidente que nós nos preocupamos com o progresso do futebol. Isso não foi até agora conseguido, mas eu penso que as medidas tem de ser mais de fundo. O Sporting precisa manifestamente não ceder em frente aos seus adversários internos ou estrangeiros, arranjar capacidade para poder manter os seus bons jogadores que vem da formação e também para adquirir jogadores com outra capacidade mais condizente com o prestígio e a categoria do Sporting. Temos algumas lacunas que tem de ser ultrapassadas, mudando um pouco a filosofia da politica de contratações. Há que investir mais no futebol. O futebol é o principal negócio do Sporting, e aquilo que nos pode trazer receitas e portanto há que investir e não nos podemos manter nesta situação que ainda temos. Conseguimos equilibrar as contas, mas isso não chega para uma equipa com os pergaminhos do Sporting. Há que ir mais além. Eu penso que terá que haver maior investimento por parte da SAD e isso só se conseguirá com novos accionistas que realmente invistam o seu dinheiro na SAD o que permitirá ao Sporting ir para outro patamar que até agora não conseguiu. Actualmente a diferença entre o Sporting e os seus adversários principais em Portugal e no estrangeiro é muito grande. O que é que correu mal ao Sporting, depois de terem vencido dois campeonatos? Com é que se perdeu o fio à meada? Nessa altura investiu-se talvez acima das possibilidades que o clube tinha. Atingiram-se objectivos desportivos mas os objectivos financeiros ressentiram-se disso. Fizeram-se investimentos não muito bem

calculados a pensar mais no presente e obtiveram-se bons resultados, mas depois o clube entrou numa situação que não se podia prolongar. Houve necessidade de se fazer contenção e essa contenção não foi compatível com alguma evolução. Houve muito equilíbrio financeiro nestes últimos quatro anos. O Sporting cimentou de alguma forma uma posição no segundo lugar, conseguiu mesmo assim superar o Benfica, que fez muitos maiores investimentos sem grandes resultados. O Porto, enfim fez os investimentos que devia, e quando vende fá-lo muito bem. Eu penso que este ano as pessoas já estavam um bocado a pensar que o Sporting teria de dar o salto, depois de quatro anos em segundo lugar, e idas à Liga dos Campeões. Este ano a situação teve de se alterar porque as pessoas exigiam mais. O Sporting não pode jogar sómente para o segundo lugar. Eu acho que nestes últimos quatro anos se fez coisas boas, boas classificações, há-de-se reconhecer. O Sporting sabia que este ano teria de dar o salto, sob pena das pessoas estarem um pouco cansadas do que tem acontecido. Houve alguma esperança, não houve o investimento necessário. O Benfica começou esta temporada muito forte, o que julgo causou alguma perturbação psicológica, não só nos jogadores como na massa associativa. Ficou desde muito cedo marcado a diferença entre os dois. Não nos preparámos convenientemente para o facto de termos de disputar um prova pré-eliminatória, e portanto julgo que fizemos uma preparação relativamente reduzida em face dos compromissos que tínhamos. Jogámos duas pré-eliminatórias da Liga dos Campeões e penso que a certa altura se apoderou um certo clima depressivo, digamos assim, na massa associativa e na própria equipa, e isso não ajudou realmente a começar a época de uma forma mais conseguida, como tinha sido nas ultimas épocas. Isto tem o seu lado negativo. Pessoalmente acho que é reduzido o investimento que se fez. Que tipo de treinador é que sonharia para um Sporting de futuro? É uma questão de filosofia. Eu penso que um treinador que vá para o Sporting tem de ser uma pessoa que aposte também na prata da casa, que aposte na formação do jogador, seja ele qual for, nacional ou estrangeiro. Tem de apostar, mas não pode deixar de pensar que tem de reforçar a equipa sempre com outros valores que vão rodando e que vão dando experiência aos próprios jogadores que vem de formação. O João Moutinho tem sido uma excepção, porque conseguiu-se mantê-lo. É um jogador que desde o princípio, muito novo, quando se estreou com a camisola do Sporting revelou sempre uma certa maturidade compatível com a grandeza do clube. Eu penso que esse trabalho está sendo bem feito, é um trabalho com continuidade, que já vem de trás. O Sporting neste aspecto da formação tem estado á frente de todos os clubes. Mas há que encontrar a receita para que essa formação seja bem apro-

veitada e tenha o desenvolvimento normal, seja através de políticas de empréstimo, ou aquisições de jogadores que vem de outros clubes e que integram aqueles com mais experiência, mais maturidade. Mas se pudesse escolher entre um estrangeiro e um português, o que é que faria? Se eu tivesse capacidade para escolher qualquer treinador, eu neste momento era capaz de escolher um treinador de que muito gosto - estou a falar de treinadores estrangeiros. Há um treinador que eu vejo que é adepto da formação e todos os anos lança jogadores jovens na sua equipa. Chama-se Arsene Wenger. É um treinador que eu aprecio bastante, que lança muita gente nova no Arsenal, e que forma equipas uma atrás das outras. Mas temos que pensar que ele pode ser bom na Inglaterra e em Portugal poderia ser considerado um mau treinador ao fim de pouco tempo, porque nós jogamos para resultados imediatos e na Inglaterra sete ou oito clubes podem ganhar a primeira liga, e portanto os clubes sabem que pelo facto de não ganharem todos os anos, são capazes de ter mais calma, mais paciência, para realmente esperar pelos resultados. Um treinador desses aqui em Portugal precisava talvez de se adaptar ao futebol português, mas não está ao alcance de qualquer clube. Será que se deveria apostar num grande treinador ou apostar num outro tipo de treinador e em jogadores? São questões que não têm ciência certa, quer seja esta ou aquela a melhor solução. Penso que agora como o Sporting estava, era e foi indispensável escolher um treinador português. Um treinador que conhecesse bem o nosso futebol e que de imediato conseguisse melhorar algumas coisas. Não é fácil, mas estou convencido que dentro do mercado português o Sporting escolheu muito bem. A escolha do Carlos Carvalhal foi uma escolha acertada. Penso que ele poderá fazer um bom trabalho. Agarra a equipa não em circunstâncias muito fáceis, pois teve um treinador de personalidade forte durante quatro anos. As chicotadas psicológicas podem ou não dar bons resultados. É preciso é abrir um novo ciclo e procurar alguma confiança, mas na realidade o Sporting vai precisar de dois ou três reforços. Espero que, com mais ou mesmo sacrifício o Sporting possa fazer isso em Janeiro. Qual é o gozo que vos dá as visitas aos Núcleos do Sporting? A partir de 1995 na era Roquete, mesmo sem ter cargo directivo, fui convidado

para ir ao Núcleo de Sanfins do Douro. Foi a minha primeira visita. Estes convívios nos Núcleos agradou-me imenso. Havia um trabalho interessante a desenvolver e mais tarde, já quando eu comecei a participar na SIC, talvez tenha ganho maior notoriedade e portanto os Núcleos passaram a convidar-me muito. Gabo-me de ter convencido o ultimo Presidente do Sporting, Soares Franco, quanto era importante o Presidente deslocar-se aos Núcleos. Ele teve possibilidades de constatar que eu tinha razão. As pessoas gostam que os dirigentes máximos dos clubes vão junto dos Núcleos. Já fui a Rhode Island e ao Núcleo da área de Boston em que senti mais de perto o que era um Núcleo do estrangeiro e especialmente nos Estados Unidos. Mais ainda me convenci o muito trabalho que há para fazer e sobretudo a disponibilidade que eu vi nestes Núcleos do Sporting, no desejo que tem de contribuir para o Clube. Tem sido para mim uma experiência muito agradável. Penso que a área dos núcleos deve ser uma responsabilidade do Presidente. Viemos aqui encontrar um bálsamo de compreensão e de orgulho de ser sportinguista e de estima e consideração pelos dirigentes do Sporting que infelizmente algumas vezes não vejo em Portugal. Quando ganhamos há muitas pancadinhas nas costas e muita gente nos conhece, mas quando se perde os dirigentes são muitas vezes apelidados e rotulados de tudo e isso às vezes magoa, desanima, e de uma forma geral e em particular nesta época, porque os resultados não têm sido grande coisa. Há muitas críticas destrutivas que são desagradáveis e no fim de semana uma pessoa quando vai a um Núcleo, o ambiente é de festa e não de derrota. Nos Núcleos nunca há ambientes de tristeza, sempre de alegria e a pensar que amanhã virá um melhor dia. É um autêntico bálsamo para as agruras do dia-adia. O Sporting é de todo o mundo não é só de Portugal. É preciso é divulgar cada vez mais o Sporting, dar aos sócios condições para terem os mesmos direitos iguais aos que vivem na Capital. Isto é um questão de honra e estamos a trabalhar nisso. Vamos ter de alterar os estatutos mas será feito em pouco tempo. É um reconhecimento para todos os sócios que vivem fora para poderem ser um activo de primeira importância e há que os manter cada vez mais próximos do clube.


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COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

F

ernando Feliciano de Melo nasceu aos 23 de Fevereiro de 1929 na freguesia da Relva, ilha de S. Miguel. Residiu em Ponta Delgada, onde constituiu família. Exerceu várias profissões, entre as quais a de ourives. Emigrou p’ró Canadá em Outubro de 1967, trabalhando inicialmente como ourives, após o que ingressou no serviço do Hospital Monte Sinai, em Toronto. Quando se aposentou, dedicou-se ao jornalismo com renovado entusiasmo e assiduidade, escrevendo p’ra diversas publicações comunitárias e colaborando em jornais da imprensa regional. Foi autor de vários livros, destacando-se Os Visitantes da América, Nadine a Sereia dos Corais e A Ilha do Dolphin. Faleceu aos 13 de Maio de 2003, contando 74 anos de idade. Tive a oportunidade de o conhecer em Toronto e partilhar da sua amizade na troca de correspondência. Hoje, à sua memória, vou referir-me (ainda que ligeiramente) a uma das suas tão numerosas quão preciosas reminiscências intitulada O Papel e o Sinal. O episódio foi originalmente transcrito no Diário dos Açores (2-Março-91) e está incluído no livro Os Visitantes da América (1994) ao título “Duas Caiotas Num Pé Só). P’ra quem, como eu e o saudoso relvense, viveu nos tempos antigos da velha ditadura, ainda agora traz na lembrança a importância descabida associada com o chamado papel selado, ou seja, aquela folha de papel dum azul deslavado, encimada com o timbre patriótico do escudo português. Francamente, não é exagero da minha

sinal aberto

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Papel selado e

parte acentuar que, sem esse papel azul com as quinas da nação, nada se movia na consecução de qualquer requerimento ou certificado, p’rà compra e venda duma propriedade, sisas e declarações e muitíssimas outras “intervenções”, que seria fastidioso enumerar. Uma vez adquirido (comprado) o papel selado na Fazenda Pública, ou noutro lugar autorizado na venda de valores selados, restava ir à Secretaria Notarial p’ra assegurar a validade desse papel e abrir o sinal, no caso de não haver nos arquivos a ficha com a nossa assinatura. P’ra abrir o sinal, pela primeira vez, exigiase a presença de duas testemunhas, o que geralmente não causava grande problema, pois que como declarou o próprio Feliciano de Melo, “bastava ir ao café da esquina, onde além da cerveja, tabaco, lotaria e café, havia sempre um par de indivíduos prontos a autenticar a assinatura pela módica quantia de sete escudos e meio”. Dest’arte, com a cooperação remunerada de estranhos, o sinal estava aberto e ficava autenticado p’ra futuras transacções, sem necessidade de nova fantochada com testemunhas. No entanto, o que mais provocava engulho ao Feliciano de Melo era descobrir como se teria arranjado “abrir o sinal” p’ra expressar o acto cívico de qualquer pessoa passar a ter o seu nome nas fichas da Secretaria Notarial. Como escreveu o meu saudoso amigo: “Onde diabo teriam ido desencantar tal parvoíce não o poderei dizer. O que sei e vou contar é que esta disparatada expressão deu origem a uma anedota das frescas,

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

quando um casal de meia idade, juntamente com a filha (moça casadoira), desceu à cidade (Ponta Delgada) p’ra tratar das formalidades legais na compra duma casa p’rà rapariga. Depois das paragens obrigatórias na Fazenda Pública e Registo Predial, tiveram de se deslocar, com uma volumosa quantidade de papel selado, p’rà Secretaria Notarial, onde um dos tais maquinistas, conversando com o parceiro do lado, e olhando p’ra toda a parte, excepto p’ró papel, iria dactilografar toda a complicada linguagem envolvida na compra duma casa, mas deixando um generoso espaço ao fundo (como era costume) p’ra assentar as tais ajudas de custo que revertiam em benefício pessoal. Quando o casal e a filha se apresentaram ao recepcionista da Secretaria, este inquiriu que espécie de transacção os trouxera ali. A mãe, torcendo nervosamente as pontas do xaile, tentou explicar: “Eh, sinhó, a gente viemes comprar uma casa qué p’ra botar aqui no nome da nossa filha”. O funcionário, num tom absolutamente natural, sem qualquer sombra de rebuço, perguntou: “A sua menina já tem o sinal aberto?” Ora, p’rà gente do campo, humilde e sem malícia, onde a linguagem não tem os subterfúgios dos grandes meios, fácil se torna dar uma interpretação errada a uma pergunta com uma tonalidade algo formal. Tanto assim que o casal ficou com o sangue a ferver, e sem saber o que dizer perante o atrevimento daquele enfarpelado idiota sem maneiras de respeito pela

dignidade dos outros. Por fim, a mãe encheu-se de coragem, e chegando-se ao safardana do funcionário, segredou-lhe bem encostada ao ouvido: “É verdade, mê rique sinhó. A piquena tam o sinal aberto. Eles foram apressados, mas felizmente vão casar”.


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Nesta quadra mágica, os Gnomos da Escola Jardim Infantil Dom Dinis desejam a todos os “pequeninos” um Natal cheio de luz, encanto e magia.

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Deseja a todos os clientes e Comunidade em geral um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de felicidade

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Uma Noite de festa verde

COMUNIDADE

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NÚCLEO SPORTINGUISTA DO VALE DE SAN JOAQUIN

Álvaro Aguiar, Sandra Toste e Elisa Martins

As irmãs Toste tomaram muito bem conta do Leão e até do Tribuna

O Núcleo Sportinguista do Vale de San Joaquin levou mais uma vez a efeito a sua Festa de Natal, com a presença de Dias Ferreira, Presidente da Assembleia Geral do Sporting Clube de Portugal e do antigo internacional do Sporting, Jorge Cadete. A noite começou com a hora social que deu para pôr a conversa em dia entre muitos amigos presentes. Seguiu-se a apresentação da Rainha Sporting 2009/10, Makayla Toste, apresentações dos convidados e homenagens aos mesmos. Dias Ferreira saudou todos os sportinguistas presentes, bem como os benfiquistas que também compareceram. Disse do seu orgulho em estar mais uma vez nos Estados Unidos, realçou a sua experiência positiva nas visitas que tem efectuado aos Núcleos do Sporting e mais disse que levava no seu coração todo o orgulho que sentia em ver a portuguesismo que existia na nossa comunidade. Jorge Cadete, de tanto emocionado que estava, só conseguiu dizer meia dúzia de palavras, que bastaram para pôr a assistência de pé. Depois do habitual bolo, seguiu-se o espectáculo de variedades com Sara Pacheco uma grande actuação, com uma extraordinária Avé-Maria sem suporte musical. Tony Câmara é um jovem a começar uma carreira musical.

Dias Ferreira oferece uma lembrança do Sporting Clube de Portugal ao Núcleo Sportinguista na pessoa do seu Presidente António Martins

Dias Ferreira, Presidente da Assembleia Geral do Sporting no uso da palavra


COMUNIDADE

João Toste, Vice-Presidente do Núcleo Sportinguista, oferece uma salva de prata ao antigo internacional do Sporting, Jorge Cadete

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João Pires (benfiquista) leiloou a camisola de Jorge Cadete por amor ao Sporting e ao seu brilhante e inigualável passado.

Jorge Cadete teve uma extraordinária recepção depois do seu curto mas emocionado agradeciemtno

Sara Pacheco, vinda do Canadá teve uma excelente actuação

A sorte da rifa estava virada para um benfiquista. João Pires ganhou três vezes.

Em cima: o jovem cantor luso-canadiano Tony Câmara mostrou as suas potencialidades artísticas durante a sua actuação. Ao lado: António e Elisa Martis; Dias Ferreira e esposa; Jorge Cadete; João e Sandra Toste; Makayla Toste


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Nova Igreja de Hilmar

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A Igreja Católica do Santo Rosário de Hilmar, CA levou a campanha para a construção da sua Igreja nova, um passo mais adiante. No dia 1 de Novembro de 2009, o Reverendíssimo Bispo John T. Steinbock, da Diocese de Fresno, celebrou uma missa especial ao ar livre, a Bênção do Sítio, e a Cerimónia da Abertura do Chão para a construção. Numerosos voluntários trabalharam árduamente para criar uma Igreja ao ar livre no sítio e com o perímetro do futuro santuário. Mais de 600 pessoas compareceram para comemorar este evento. O Reverendíssimo Bispo Steinbock aben-

çoou o local após a missa e em seguida foi apoiado pelo Reverendo Padre Hilary Silva, Monsenhor Myron Cotta, Vigário Geral da diocese, e o paroquiano João Coelho. Juntos abriram o chão com pás enfeitadas com flores. A seguir a esta cerimónia todos os presentes foram convidados a um almoço oferecido pela YMI # 44 e outros paroquianos. A Paróquia do Santo Rosário e Santa Maria começou a planear a sua nova Igreja hà cinco anos. A Igreja nova vai manter a arquitetura de estilo espanhol e terá capacidade para aproximadamente 800 pessoas. Na primavera de 2007, a Cam-

panha, “Preservando o Nosso Passado... Construindo o Nosso Futuro” foi lançada. A campanha rendeu quase $ 2 milhões de dólares em promessas e já recebeu mais de $1,5 milhões de dólares em pagamentos de promessas até à data. Esta fase presente de construção está prevista para custar um pouco menos de $1 milhão de dólares. A Abertura do Chão celebra a primeira fase da construção, que inclui todo o trabalho do sítio, com novos parques de estacionamento, entradas para os parques, passeios, jardins, sistema de drenagem de águas de tempestades, o sistema eléctrico, e outros serviços de utilidade pública que serão instalados durante esta fase. A fase de demolição para a construção começou no dia 2 de Novembro. Maquinaria pesada foi usada para remover a relva e as

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árvores. Outra maquinaria virá para pôr o terreno a nível antes que os funcionários públicos começem o seu trabalho de fazer valas por debaixo do chão. O empreiteiro geral, Michael P. Miranda, espera que esta fase de construção seja concluída para os fins de Abril de 2010. A Comissão Executiva convida todas as pessoas interessadas em saber mais sobre este projeto para entrarem em contato com a Sra. Christy Oliveira, Coordenadora de Campanha de Angariação de Recursos para a Igreja Nova do Santo Rosário, através do número (209) 667-8961 ou e-mail: newchurch@hilmarholyrosary.org.

Fotos de Antonio Salvador Ynot Photography


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TAUROMAQUIA

A importância de ferrar e tentar

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Quarto Tércio

José Ávila josebavila@gmail.com

A mais importante notícia taurina deste Natal é o regresso

das corridas de toiros ao Pico dos Padres. Teremos uma Feira Taurina nos dias 23 de Abril - corrida de corda à noite, 24 Abril Corrida de Praça e a 25 para fechar a Feira nova Corrida de Toiros na restaurada Praça do Pico dos Padres, orgulho que foi do nosso amigo e saudoso Manuel Sousa, que lá nos céus deve estar a dar saltos de contente. Para essa Feira vou estrear um novo chapéu, mais virado para o futuro. O outro só chegará à Lua lá para Abril 2010.

Como se pode observar nestas fotografias,

Manuel Correia ferra uma bonita vaca da sua ganadaria. Nas outras duas fotos podem-se ver a beleza de uma vaca brava e o salero do aficionado Jesus Sanchez toureando uma bezerra dos Correias.

Dennis Borba tentando, como muito bem sabe fazer

quer a ferra de Manuel Correia, quer a tenta de machos e fêmeas de Joe Rocha (Dennis Borba tentou muito bem), são duas das mais importantes funções de uma ganadaria. Queremos crer que os outros ganaderos dentro em breve farão o mesmo. Vitalidade não falta aos nossos ganaderos. Queremos é que as nossas organizações festivas repartam a sorte de tourear por todos. Boas Festas!


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Os Sinos da Conceição

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COLABORAÇÃO

Adalino Cabral

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ra noitenight. Feteira Grandeolá-Pequena! As estrelas brilhavam jubilosamente. A lua iluminava a cinzento toda a Natureza. Um silêncio tumular envolvia a freguesia. E os morganhos? Escondidos! A dormir? Olhos meios-abertos... Ouvia-se o miar-miar danado do gato lá fora. Era a fome... E, que fome! Ye-S-im! O rapaz estava em casa sózinho. Que frio lhe corria o corpo! Subitamente, a sensação que era escuro e estava só. Chamou os irmãos: “Olivério! Maria!! Idalino!!! Dortina!!!! Jeremias!!!!!” Gritou pelos pais, mas ninguém respondeu. Irremediavelmente só. Aproximou-se da janela. As estrelas haviam desaparecido e uma parcela de lua figurava a mancha tétrica de uma nuvem estranha. Começou a tre-tre-tre-mer...

Hesitou. Virou o olhar para a sala. Escura como breu. Apenas da janela da pobre casa edificada pelo pai, via-se um raio de luz destilado em carbuneto pela lua a iluminar o episódio da sua aflição. Olívia — a mãe? Estava na América, terra do Tio-U. ncle-Sam, à espera do Manuel - marido e filhos.

Sentia a casa estre-tre-tre-mecer.... O mundo estava so’-tão-quiet-o. O silêncio dominava a escuri-soli-dão. Cobriu a cabeça com as mãos. Fechou os olhos. Os sinos irromperam a tocar aflitos. O gato miava dolorosamuito...

“Que teriam feito ao defunto?,” pensou. E acercavam-se mais da janela as quatro figuras encapotadas. Queria esconder-se, fugir, mas estava paralisado, petrificado aquela janela de má morte. O pobre do gato mia-miando, e todo esperançado em empalmar um morganho —que fosse apenas um dos pequenitos-mas-gorduchosmelhor... E, penhoradamente, com um muito obrigado ao Senhor Santo dos Gatos do Céu Felino!

Ouviu vozes. À distância murmuravam uma canção. Mórbida-feia. Tão verdadeiramente falsa-feia naquela altura fria do ano — Dezembro... Abriu os olhos. Quem cantava? Não via ninguém. A nuvem vagarosamente se levantava da lua. As estrelas não surgem. Os sinos tocam-tocam e ecoam pela vizinhança fora. Ninguém acordou, ninguémnão...

Do exterior, as vozes acercavam-se. Os seus dentes tocavam castanholas. Os sinos tocavam — tocavam alto-aflitos. O Município dormia, dormia... Divisou cinco silhuetas: quatro figuras e um caixão a aproximarem-se da casa. Poisam o caixao no solo a sua vista. Estava vazio! E os sinos repenicam angustiosos na solidão da noite gelad-a-rrepiante. Frio p’ra caramba!

Não paravam de bater à porta forçosamente! Não paravam, no-não!!. “Aaabre a pooooor-ta! Aaabre a pooor-ta!,” gritavam em coro. “Aaabre a pooor-ta! Aaaaaabre a pooooooor-ta! Aaaaaaaaaaaaabre a

Santana

pooooooooor-ta!...” Cruzes! Ave’ Maria! Deus nos salve!!” Berrou: “Socorro-Help! Socorro-Help!,” Ninguém o ouviu. Nem os avós Resendes da casa encostada ao lado, nem o avô Amaral da Rua Direita! E a bisavó, Francisca Cabral (Rocha) — baixinha e cega do olho esquerdo — lá de cimba da Cruz? Nada! Nem tampouco os tios, primos, vizinhos... Ninguém! Mesmo ninguém!! E agora, rapaz!? “Ave Maria, cheia de graça... e livrai-nos de todo o mal!!” Comecaram a forçar a porta. E em voz morbid-a-ssustador-a-rrepiante, gritavam: “Teeens que iiiiir! Teeeeens que iiiiiir! Teeeeeeeeeeeeens que iiiiiiiiiiiiiiiiiiir!” Jesus, que eu morro!!!

G

ritou mais três vezes e três vezes o bronze dos sinos ribombou no interior dos seus tímpanos. Teeeeeeeens que iiiiiiiiiiiiiiiiir! Teeeeeens que iiiiiiiiiiiiiiiiiiir—iiiiiiriiiir—iiir-iirr-ir-i...

“Em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo —Amem!!!” Zás-traz!!! O tranco da porta caíu! A porta cedeu! Os sinos elevaram ao cubo as badaladas! O Pico da Vara rachou! O coração parou! E o gato... Doidíssimo às corridas — atrás de uma tropa de morganhos... “Ai, Jesus querido!!! Sant’Ana!! — mãe de Santa Maria — nos ajude!!! “Acorda! Acorda!! Vamos lá, meu filho,

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acorda! Já são horas! Tens que ir! Apronta-te! Anda lá! Tens que ir! Ora, tens que ir connosco à missa! Hoje é dia do Menino. As Crismas...” “Ahhhhhhhhhhhhh...Queridíssima Mamã: sua bânção!” Era Natal em New Bedford, e estavam todos a caminho da igreja. Frio de rachar. Caía sinó! Lindo! Tudo fofo-branquinho. E os sinos do meu pesadelo tocavam na Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição em New Bedford, e na nossa Igreja de Santa Ana em Feteira Pequena, no nosso verde, velho e lindo Nordeste de São Miguel, Açores. O gato? Barriga cheia! Só ouvias e:“ p r r r r r r r r r r r r r- p r r r r r- p r r r r r r r rprrrrrrrrrrrrrrrrrr...” E o deslumbrante ruído-do-silêncio-pacífico da neve no dia do Menino? Na cela da casa em North Front Street, Betefete, — logo em frente da casa do “anateca” — o querido pai, com o seu [antigo] fogão de lenha aquecendo toda a família juntinha. Um calor-amor muito, mas mesmo muito especial.... Casa, querida casa-Home sweet home. Ye-s-audade-s-im. Alway-s-empre... Paz ~ ~ ~


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ARTES & LETRAS

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Partiu o

Apenas Duas Palavras

Mário Barradas

Diniz Borges

Artur Goulart

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ncontrava-o frequentemente, quando ele vivia em Évora. Já há algum tempo, mais raramente, quando de Lisboa se deslocava para o Teatro, para os amigos. Quase sempre encontros fortuitos, de rua, sob as arcadas, na Praça do Giraldo ou em outra qualquer, mas que se transformavam de repente em conversa de amigos, sem tempo e sem pressas, mesmo que a brevidade nos assaltasse. Desfiavam nas palavras as andanças do teatro, a lúcida crítica das políticas ou não políticas culturais, os amigos comuns, um discorrer saboroso sobre as artes, o tudo e o nada da vida da cidade, os nossos Açores, sem agenda, de coração aberto. Sempre um gozo acrescido encontrar o Mário Barradas. Vou sentirlhe a falta. Mais um hiato no coração da cidade e no meu. Faleceu no dia 19 na sua casa em Lisboa aos 78 anos. Natural de Ponta Delgada, S. Miguel, cedo a diáspora o levou. Deixou a advocacia em Moçambique para seguir a grande vocação da sua vida, o Teatro, começando por frequentar a Escola Nacional de Teatro de Estrasburgo. Em várias épocas exerceu cargos públi-

cos, desde o Conservatório Nacional a outras atribuições ligadas ao Ministério da Cultura. E, logo um ano após o 25 de Abril, veio pôr em prática o seu grande sonho, aquilo por que sempre lutou, a descentralização do Teatro, fundando com uma pequena equipa o Centro Cultural de Évora, antecessor do Centro Dramático de Évora (1990), ainda hoje uma instituição de relevo na cidade. Foram anos de grande entrega na produção e encenação de muitas peças teatrais, numa escola de formação de actores, encenadores, técnicos, de referência nacional, na recolha e revitalização de ricas tradições populares, como os Bonecos de Santo Aleixo, hoje embaixadores das marionetas alentejanas por todo o mundo. Excelente actor, encenador, declamador, o Mário era o mestre e exemplo de uma total dedicação ao teatro. O Cendrev num curto comunicado a noticiar o seu falecimento, afirmava: “Em Évora, fundou o projecto que foi referência da descentralização teatral em Portugal, projecto esse responsável pela formação de várias gerações de actores e germinação de novas estruturas artísticas. Mário

d.borges@comcast.net

Barradas foi um Homem do Teatro em toda a sua dimensão de actor, encenador, pedagogo e pensador de políticas teatrais.” Só conheci pessoalmente o Mário Barradas, depois de me fixar em Évora, há trinta anos. As nossas raízes açorianas depressa nos aproximaram e, por vezes, encontrávamo-nos em casa de amigos comuns em longos e animados serões. Foi num desses que o Mário me facilitou uma preciosa gravação feita por ele na Fajã de Baixo em 1975, e que guardo ciosamente, da deliciosa descrição feita por outro micaelense, Laudalino de Melo Ponte, de uma viagem à América e da ida a um concerto em Boston, com a quinta sinfonia de Beethoven. Vê-lo representar era um prazer pela expressiva naturalidade, boa dicção, acerto e correcta medida nos diálogos, voz funda e cativante nos monólogos. Mas, tanto ou mais do que isso, sempre apreciei nele a desassombrada coerência no palco da vida.

Porque estamos na edição Natal 2009 do Tribuna vamos ficar com poemas e textos de um dos maiores escritores de língua portuguesa do século XX, Miguel Torga. São diários e poemas do grande mestre. Assim como uma crónica do nosso amigo e distinto colaborador Artur Goulart sobre a morte duma grande figura nacional em Portugal Mário Barradas. É também o momento propício para agradecer a todos quantos continuam a colaborar com esta página de artes e letras. Numa era em que os suplementos literários têm desaparecido, incluindo nos Açores, onde havia uma grande tradição de suplementarismo, restando apenas o Vento Norte, coordenado pelo poeta Álamo Oliveira e publicado quinzenalmente no matutino angrense Diário Insular, ficamos extremamente gratos a todos quantos colaboram com esta humilde página e a todos que a lêem. O nosso agradecimento especial ao editor deste jornal José Ávila pela audácia de publicar em todas as edições do Tribuna esta Maré Cheia. Para todos, Boas Festas abraços diniz

O Natal de Miguel Torga Évora, 23 de Novembro de 2009

S. Martinho de Anta, Natal de 1940

Natal

Natal

Fiel das horas mortas Desta noite comprida Pergunto a cada sombra recolhida Que sol figura o lume que da lareira negra me sorri: O do calor do cristão? O do calor do pagão? Ou a fogueira é só combustão Da lenha que acendi?

Ninguém o viu nascer. Mas todos acreditam Que nasceu. É um menino e é Deus. Na Páscoa vai morrer, já homem, Porque entretanto cresceu E recebeu A missão singular De carregar a cruz da nossa redenção. Agora, nos cueiros da imaginação, Sorri apenas A quem vem, Enquanto a Mãe,

Presépios, solstícios, divindades... A versátil natureza Do homem, senhor de tudo! Cria mitos, Destrói mitos, Nega os milagres que fez, E depois, desesperado, Procura o mundo sagrado Nas cinzas da lucidez. 25 de Dezembro de 1967

Também Imaginada, Com ele ao colo, Se enternece E enternece Os corações, Cúmplice do milagre, que acontece Todos os anos e em todas as nações. 25 de Dezembro de 1983

O pragmatismo do campon6es é o que nele de tudo mais me impressiona. A convicção com que se apega a uma semente, a um costume, a uma crença, ao contrário do que se diz, nada tem de obcecado. Só dura na medida em que a razão prática o aconselha. Fui hoje com o meu Pai à Vila. A páginas tantas, passámos diante da capela de Santa-Cabeça, advogada da raiva. Diz o velho: - Benzeu ali muito pão... E eu: E porque é que os senhores não continuam? Por que motivo, agora, em vez de broa benta, mandam dar injecções aos danados? E ele, que foi ao fundo da minha insinuação: - Enquanto não se descobria coisa melhor, que remédio tinha a gente senão agarra-se ao que havia!...

Aregos, 25 de Dezembro de 1953 Coisa estranha: o dia é de Natal, mas a sugestão de natividade vem-me da paisagem que me rodeia. Ela é que parece ter parido e, numa languidez absorta, embalar agora nos braços o fruto sagrado que lhe saiu do ventre. Serras descontraídas e abandonadas, que ninguém diria de granito, reflectidas num rio que quanto mais corre mais permanece, são a própria imagem da materna plenitude; e o sol que as doira, tenro como um pâmpano - o sorriso infantil do eterno redentor. todo um milagre da natureza, feito com ingredientes simples e tangíveis, de luz, terra, pedras e água. Infelizmente, o homem não acredita nos prodígios que vê. E gasta a vida a festejar absurdos lógicos, construídos nas Judeias da imaginação.


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DESPORTO

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Liga Portuguesa de Futebol Um Campeonato renhido como poucos

Sporting de Braga - a grande surpresa deste Campeonato de 2019-2010.

Agradecemos à LUSA as excelentes fotos que nos enviaram

Oscar Cardozo - o melhor marcador com 14 golos

Benfica e Porto continuam a perseguir o Sporting de Braga Sporting - a grande desilusão deste Campeonato

Selecção Nacional - depois de muito sofrer conseguiu qualificar-se para o Campeonato do Mundo na Africa do Sul em 2010 Em pé: Dany, Raul Meireles, R. Carvalho, Bowsingua, M.Veloso, Pepe, Eduardo. Ajoelhados: Liedson, Edinho, Deco e Simão Sabrosa


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Perspectivas

Conto de Natal

Fernando M. Soares Silva

O Presente do Natal do “Tolinho”

fmssilva@yahoo.com

O

Luís Miguel vivia numa modesta cidade aninhada entre duas auto-estradas que, como megalossauros de asfalto, se estendiam pelos vales e planícies da bela região agrícola. Nunca lhe fora possível aprender muita coisa, além dos mínimos conceitos necessários à sobrevivência numa sociedade que, em última análise, o considerava um incómodo, às vezes irritante. Sem lhe faltarem cuidados de familiares que o haviam acolhido, ainda em plena infância, após o falecimento prematuro dos pais, ele nunca havia recebido, todavia, a aceitação e a integração familiar e comunitária que tanto necessitava e desejava, mas se sentia incapaz de solicitar verbalmente: Luís Miguel havia nascido mudo e quase surdo... Embora dotado de inteligência normal, ele via-se forçado a viver enquistado no casulo estrangulador de um meio que o preferia marginar, impiedosamente, como um leproso. Desde criança, Luís Miguel viu-se votado ao ostracismo dos muitos que não o compreendiam, nem se preocupavam com o martírio da sua vida diária, e daqueles que, com arrogante compaixão, se julgavam superiores, quiçá melhores seres humanos. Numa terra egoísta, absorta na mesquinhez do seu próprio materialismo, e onde reinava a vanglória desmedida de pavões sociais, a fanfarronice idiótica de imaginários magnatas, e o ridículo de bacharéis doutores que se apregoavam, falsamente, peritos convidados por nações longínquas, todas as vezes que lá surgiam conflitos ou problemas maiores, Luís Miguel não contava para nada; só servia de estorvo...

Muitas vezes, esmagado naquele meio que olhava para ele com um desprezo ás vezes explicito com crueldade, sentia ele o coração despedaçar-se, e as lágrimas brotavam-lhe grossas, mas silenciosas... Sofria no silêncio da prisão que o destino e a natureza lhe haviam deparado. Todos pareciam afastar-se dele, ou, pelo menos, ignorá-lo; até mesmo os seus ocasionais companheiros de brincadeiras se distanciavam dele, espicaçando-o com graçolas maldosas... Nesses momentos de angústia, Luís Miguel tinha o costume de se refugiar na vizinha igreja paroquial, para aí desanuviar o seu espírito, mas sem nunca queixar-se, nem desejar mal aos que o atormentavam ou desprezavam... Estava na Casa de Deus todo-poderoso e bondoso, e isto bastavalhe...Deus sabe ler os corações...Aos Domingos e Dias Santos, nunca faltava à celebração da Missa, que ele seguia com a maior atenção e tentava abrilhantar com o seu cantar, não obstante a desagradável cacofonia que lhe saía da boca em altamente desafinados sons guturais, sem qualquer cadência ou coerência. Às vezes, certos adultos entreolhavam-se com um sorriso incerto; outros irritavam-se, e havia, também, aqueles que de soslaio resmungavam “é tolinho”, mal reprimindo galhofas. Mas Luís Miguel não se perturbava perante os risinhos que ele via nas caras cínicas que o rodeavam no templo. Ele cantava a Deus, com a voz e com o coração que Deus lhe dera... Naquela noite fria de Natal, Luís Miguel não faltou à tradicional Missa do Galo, de grande beleza e simbolismo. Como sem-

pre, sentou-se na primeira fila, mesmo diante do lindo presépio que o fascinava; que bom seria se tivesse qualquer coisa, um simples presente, para oferecer ao Menino Jesus, pensava ele... Mas não tinha nada, absolutamente nada que pudesse dar, e, por isso, sentia-se triste... Iniciadas as festivas cerimónias comemorativas do nascimento de Cristo, Luís Miguel tentou acompanhar a Missa, quanto lhe permitiam as suas deficiências físicas, mas, profundamente embevecido, não podia tirar os olhos da imagem de Jesus Menino. E, pouco a pouco, quase hipnotizado, o jovem perdeu a noção do que se passava ao seu redor... e repente, ao aproximar-se o momento solene da comunhão geral, pareceu-lhe ouvir uma voz distante a primeiro, depois bem distinta: “Luís Miguel, que presente desejas tu receber de mim?” Atordoado, o moço respondeu timidamente : “Quem és tu ?” Retorquiu-lhe a voz: “Eu estou mesmo diante de ti; Que presente desejas tu receber de mim? “ Fitando a imagem reclinada no presépio, o jovem balbuciou, mentalmente: “Senhor, eu não sou digno... Sou eu quem deveria ter um presente para ti, Jesus Menino, neste dia da tua festa; mas, como sabes, eu sou pobre e nada tenho, nem mesmo o uso da fala ou voz para te louvar !” Mais distintamente, o Menino insistiu, com carinho: “Luís Miguel, que presente desejas tu receber de mim neste dia da minha festa?” Disse-lhe então Luís Miguel: “Deus Menino, o teu amor será bastante; o teu amor e a tua misericórdia!” Disse-lhe então o Menino Jesus: “Ouve, Luís Miguel! Canta! Louva o meu amor e a

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misericórdia de Deus com a tua bela voz! Canta! Canta!” Sem hesitar, o moço obedeceu e juntou-se aos hinos que ecoavam pelo belo templo; mas, pela primeira vez na vida, ele começou a cantar tão afinado e tão maviosamente que os que o rodeavam, espantados, pouco a pouco se calaram, entreolhandose incrédulos. Sentindo-se impelido por uma força invisível, Luís Miguel prosseguiu, já com a retumbância dum Luciano Pavarotti, a mestria dum Plácido Domingo e a ternura dum José Carreras, extasiando a todos com a sua magnífica voz, e a todos surpreendendo com a pronúncia impecável das palavras que lhe saíam dos lábios...,dos lábios dum mudo e quase surdo que o amor e a misericórdia do Menino Jesus haviam abençoado naquela inesquecível noite de Natal, restituindo-lhe os dons físicos que acidentes da Natureza lhe haviam negado por tantos anos... Apercebendo-se, finalmente, do ocorrido, todos os fiéis se juntaram aos cânticos jubilosos de Luís Miguel, numa comovente exuberância de acção de graças e homenagem ao Deus Menino... A história do milagre do Natal de Luís Miguel correu célere pela região e por todo o país, enternecendo até os mais duros corações.


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Joe Matos Cheese Factory, Santa Rosa

O melhor queijo da

Joe Matos começou desde muito novo a ajudar o pai que tinha uma pequena fábrica de queijo na Urzelina, Ilha de São Jorge. Naquela tempo esta pequena freguesia tinha sete fábricas artesanais de queijo. Hoje não tem nenhuma. Já o seu avô fazia queijo nas Manadas, por isso corre nas veias do Joe Matos toda esta sabedoria caseira de fazer bom queijo. Quando chegou a esta terra primeiro trabalhou numa leitaria e depois para uma companhia, tinha os fins de semana fora, ia pescar e divertia-se. Depois de comecar o seu negócio, acabaram-se os fins de semana e a pesca nem vê-la. “É uma amarração para mim e para a minha família” diz-nos o Joe. Há trinta anos que fabrica queijo, mas foi nestes ultimos dez/doze anos que o Matos Cheese começou a ter fama no mercado americano. Até foram os americanos que o descobriram. Os seus produtos são vendidos em lojas especializadas e o preço do seu queijo atinge altos valores. Joe Matos até se queixa hoje de não ter pedido dinheiro emprestado para construir naquele tempo uma fábrica maior e ter feito mais propaganda dos seus produtos. Além de vender os seus produtos a várias lojas espalhadas na California, através de agências, tambêm vende queijo a qualquer pessoa que lhe telefone a encomendar. “Foi difícil começar este negócio, porque as inspecções eram muito rígidas” diz-nos Joe, com um sorriso nos lábios. Uma das maiores “lutas” foi em relação às prateleiras onde se mantem o queijo a curar. Os inspectores queriam-nas em aço

inoxidável, mas o Joe com a experiência toda que tinha, sabia que as de madeira eram muito melhores para o curamento do queijo, porque “chupavam” a humidade. Foi vencida esta luta, com a compreeensão do chefe dos inspectores que era italiano e compreendia as razões invocadas.

Fazer bom queijo No começo o leite não era arrefecido tal como o seu pai fazia em São Jorge, por isso custou ao Joe ter de aprender novas tecnologias exigidas por lei. Hoje o seu leite é todo pasteurizado a 160 graus, mas para isso tem de o curar por sessenta dias como é de lei. O leite usado para o queijo é todo das suas vacas - cerca de 40 - que muito embora não sejam orgânicas, pastam todo o dia nos terrenos adjacentes à fabrica de queijo e comem do melhor que há. As suas vacas só comem alfalfa, milhos e outros bons produtos, mas não algodão, que fazia o queijo amargo. Joe Matos não gosta que o seu queijo seja vendido como queijo de São Jorge, até porque este queijo de Santa Rosa embora com muitas semelhanças ao da Ilha tem um sabor especial que é muito apreciado quer por americanos quer por portugueses. Há poucos anos o Joe teve um grave acidente e só se salvou porque vive na America, onde existem grandes possibilidades tecnológicas que o salvaram. Depois do acidente, a sua filha mais velha começou a ajudá-lo mais, porque todo o trabalho na fabrica é manual e requer a

Mary e Joe Matos - um casal de sucesso no fabrico do melhor queijo da California

California permanência constante de pessoas. Joe tem sete empregados que se dividem entre o trabalho com as vacas e a fábrica.

o curral. “Bons tempos aqueles na Ilha Terceira”, diz Joe Matos.

A sua produção é pequena em termos industriais. Fazem por dia 15 queijos que variam entre as quinze e as vinte libras de peso. Todos os anos há exposições de queijo de varios países e o Matos Cheese tem sido sempre muito bem classificado. Em 2002 ficou em segundo lugar. O Joe nem sabia que o seu queijo tinha ido para esta exposição e só soube através das revistas da especialidade. O queijo tinha sido levado por uma senhora francesa representante de queijos. Ela desculpou-se por não o ter informado, porque tinha medo que o Joe pudesse recusar o seu pedido.

Há clientes que pedem ao Joe para envelhecer o queijo por mais tempo que o normal, porque gostam dele daquela maneira. Cada cabeça a sua sentença.

Joe Matos ainda se lembra do seu tempo de tropa na Ilha Terceira. Na Serreta, em casa de amigos, até lhe pediam para fazer queijo à moda de São Jorge, mas ele dizia que só o fazia se eles deixassem as vacas no pasto durante dois dias sem virem para

Experimente este queijo e não se arrependará. Compre um queijo oval que tem uma medida ideal para o consumo de uma família.

“Porque é que o seu queijo é tao bom”, pergunto eu. “É bom porque tudo é feito manualmente, com muito cuidado, e também porque as nossas vacas comem do melhor, são muito bem tratadas”. diz-nos o Joe Matos.

Matos Cheese Factory 3669 Llano Road Santa Rosa, CA 95407 707-584-5283

Vista parcial do tanque de 300 galões, vendo-se ao fundo a pasteurizadora


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COLABORAÇÃO

15 de Dezembro de 2009

Lufada de Ar Fresco

Paul Mello pjmello87@yahoo.com

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eus amigos, estamos de novo com a época natalícia à porta. Para além de possuir um enorme simbolismo religioso, esta altura do ano também é caracterizada por actos de caridade, por períodos de reflexão e de convivência com aqueles que mais amamos. Para muitos, o Natal é mesmo a única altura do ano em que todos (ou quase todos) os membros da família se conseguem juntar para conviver uns com os outros. Só que, com a evoluir dos tempos, este conceito de “família” começa a mostrar uma tendência para se perder aos poucos. Há poucos meses lembro-me de ver cenas de um filme Americano que dificilmente me fugirão da memória. O filme era baseado numa família Americana “moderna” composta por um casal e os seus filhos (um rapaz e uma rapariga) onde as novas tecnologias tinham tomado conta das suas

Família? O que é isso?

vidas de tal modo que todos pareciam ter sido hipnotizados pela bruxa da tecnologia. Cada elemento da família tinha o seu próprio televisor assim como o seu computador pessoal. Por vezes, encontravam-se tão agarrados ao seu televisor ou computador que podiam passar o dia inteiro sem nunca se cruzarem uns com os outros, nem mesmo para jantar! Aliás, quando o jantar estava pronto, a mãe costumava mandar uma mensagem electrónica aos restantes elementos da família que se encontravam simultaneamente na mesma casa a dizer “o jantar está pronto, venham buscar!”. Cada um descia à cozinha individualmente para fazer o seu prato e prontamente regressavam aos seus postos para continuar o que estavam a fazer. É verdade que estas cenas se passaram num filme onde o exagero da realidade por vezes é nota dominante, mas não creio que seja este o caso. Se calhar até pode-

mos utilizar aquele filme como um alerta para o que se está a passar presentemente na nossa sociedade e para aquilo que ainda está pr’a vir. Por mais ridículo que pareça ao caro leitor, a verdade é que existem “famílias” muito semelhantes àquela descrita no filme mencionado anteriormente; “famílias” onde a tecnologia hipnotizou tudo e todos e onde a ausência de autoridade, convívio, e de respeito mútuo prevalece, fazendo com que os membros que compõem estas famílias não conheçam o verdadeiro/tradicional significado da palavra família. abe aos pais fazerem o seu papel e explicar aos filhos, através de actos no dia-a-dia, o verdadeiro significado da palavra “família” e lutar contra algumas tendências da nossa sociedade tecnológica e materialista. Se os pais não lutarem contra algumas tendências, arriscamo-nos a ter o famoso “efeito

C

Nascimentos

dominó” e a consequente perda do conceito de família até ao ponto de seus futuros netos os virem a tratar como trapos ou meros desconhecidos como já acontece nos seios de muitas famílias presentemente. Claro que existe um elevado número de pais que já conseguiram implementar este conceito de família na mente dos filhos. Estes estão de parabéns pois nos dias de hoje esta tarefa torna-se cada vez mais complicada, mas se alguns conseguem, não pode haver desculpa para outros não conseguirem. Portanto, neste período natalício, aproveite para reforçar a união da sua família e explicar a importância deste conceito aos mais novos para que um dia estes possam fazer o mesmo aos seus filhos. Espero que todos tenham um Bom Natal e desejo a todos um Feliz Ano Novo!

Luke Franklin Deoliveira

Luis Manuel Miranda Pimentel

Fernando Bryant Zapiain Jr.

Nasceu no dia 16 de Setembro de 2009 em Carmel, Ca. Pesava 9,6 libras e media 21 1/2 inchas

Nasceu a 15 de Setembro de 2009 Pesava 7 libras e 13 onças

Nasceu a 31 de Agosto de 2009 as 4:20am. Pesava 7 libras e 15 omas e media 21 inchas.

Pais: Luis e Susan Pimentel of Galt, CA

Pais: Fernando e Sandra Zapiain from Modesto

Pais: Miguel Manuel Deoliveira e Traci Snyder Avós paternos: Mr. & Mrs. Franklin Deoliveira e Mary Madolyn Deoliveira Avós maternos: Mr. & Mrs. Stevan e Kathie Snyder

Avós: Manuel and Maria Miranda of Escalon, Jose and Francesca Pimentel of Elk Grove

Avós: Madalena Avila, Hilmar- Fernando and Maty Zapiain, Modesto & Felicitas & William Harrison, Long Beach, CA


ENGLISH SECTION serving the portuguese–american communities since 1979

Ideiafix

Miguel Valle Ávila

portuguese

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• ENG L ISH SECTION

miguelvalleavila@tribunaportuguesa.com

Natal dos Simples

E

very holiday season, a Christmas tree goes up at work as part of the Family Giving Tree campaign. My co-workers and I select cards from needy little boys and girls with their Christmas wish lists (between $15 and $30). Usually, these are very specific — a brown haired Bratz doll with her pony, a Barbie doll, a Lego set, an Elmo learning set, a videogame, clothes for school size x, shoes size y, a Raiders t-shirt size z. This year, I approached the Christmas tree in the wide hallway of our modern building and looked around the wish list cards. The first girl wanted a Bratz doll. The second girl wanted a Barbie doll. The third was a boy and he wanted a videogame. And fourth, I came across a five-year-old girl who just wished to have “anything” for Christmas. I could not resist and ripped the card from the Christmas tree. I had just selected girl number 174, age 5, who would be happy with “anything” for Christmas. Whatever Santa Claus and our beloved Menino Jesus would bring her. My eyes watered. I cried. There alone in front of the Christmas tree. I just could not resist to the thought of a needy little five-year-old girl who may not have much to celebrate this year and will simply be happy with “anything” for Christmas. How her parents may not be able to provide for her. Whose parents may have lost their jobs in this economy. Whose house may have been lost to foreclosure. Who world may have turned upside down.

I

prayed. There in the middle of the hallway. To our beloved Menino Jesus. That He may assist this little girl and her family. That He may bring her a little happiness and joy this Christmas. That He may bless her for teaching a grown man the meaning of Christmas. When I got home, my daughter was singing an old Christmas song by José Afonso, “Natal dos Simples” (Christmas of the Simple People): Vira o vento e muda a sorte Turn the wind and change the luck Vira o vento e muda a sorte Turn the wind and change the luck Por aqueles olivais perdidos Among those lost olive groves Foi-se embora o vento norte The Northern wind has gone away Quem tem a candeia acesa Whoever has a candle lit Quem tem a candeia acesa Whoever has a candle lit Rabanadas pão e vinho novo Rabanadas bread and young wine Matava a fome à pobreza Killed the hunger of the poor May Girl 174 have a Feliz Natal full of blessings and that the wind may turn and bring her and her family much love, happiness, and better luck in 2010

Threads of Thoughs

Lucia Soares

luciasoares@yahoo.com

Stop and have a little faith

I

n August, I gave birth to our second daughter, Sofia Isabel and since then I’ve been at home caring for my 2 daughters until my planned return to work in April. I have spent 14 years in the corporate world, climbing the proverbial ladder with increasing responsibilities and ironically sometimes decreasing my quality of life. It hasn’t been always the case, but somehow in the last year at work, life became work almost 24/7, starting with 6am conference calls, I was tied to my Blackberry with the incessant ringing of urgent messages and new requests. A brief break at dinner with my husband and 3-year-old daughter was a welcome, but short break only to be followed by more email and PowerPoint presentations. Being home, although hectic and more challenging in other ways (such as comes with the intensity of sleep deprivation), has allowed me to re-center and re-focus on what is important, family and faith. And, just in time for Christmas I feel renewed and awakened again to the vocation of being a mother and a Christian in our evermore demanding world. It was during a brief bookstore visit that I came across a book perfect for this season and moment in my life, Mitch Albom’s “Have a Little Faith.” It is the true story of a traditional but modern Rabbi who dedicated 60 years of his life to ministry and of a man who after a life of drugs and misery, became a Protestant pastor to help those in need. It is the most inspirational book I have read in years, and is a must-read for this Christmas season.

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hether you are a Jew, Christian or an atheist, this book promises to make you reflect on the very

Partial view of the “Presepio do Padre M. Pereira em La Salette Shrine, USA

nature of family, community, humanity and that Something that all humans seek, but can’t always find. It is especially a book for anyone who thinks that churchgoing people are hypocrites or pretend to be better-than-others, because it truly shows that at the end of the day, church-going pe-

preparing dinner. ‘Mom, guess what?’ she squealed, waving the drawing. Her mom never looked up. ‘What?’ she said, tending to the pots. ‘Guess what?’ the child repeated, waving the drawing. ‘What?’ the mother said, tending to the plates. ‘Mom, you’re not listening.’ ‘Sweetie, yes I am.’

ople are really no more perfect than anyone else... they are just seeking to be heard and helped by God. One short sermon by the Rabbit especially made me contemplate my own behavior in our actiondriven world. It is a story about listening. “A little girl came home from school with a drawing she’d made in class. She danced into the kitchen, where her mother was

‘Mom,’ the child said, ‘you’re not listening with your eyes.’” During this Christmas and in the year to come, remember to stop and listen with your ears and eyes to the things that are truly important in life. Merry Christmas. Have a Little Faith available on Amazon.com for $11. Ten percent of the book’s profits go to charity.


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ENGLISH SECTION

Joe Mattos

passed away Joe A. Mattos was born on December 14, 1929 in Modesto, CA. He passed away unexpectedly from a heart aneurysm on November 4, 2009. His early childhood was on a ranch in Escalon, CA, but most of his youth he spent in Rodeo, CA. He was an accomplished baseball and football player at John Swett High School in Crockett, CA. He went on to play baseball at Vallejo Junior College. He came to SJSU to major in Business and Economics; additionally he took philosophy courses he claimed “blew his mind open”! He graduated from San Jose State University in 1952. He was eternally grateful to the school because it taught him that education was the key to opportunity. While attending SJSU in 1951, he was married to his wife, Beverly Paxton, for 58 years. Preceding Army induction, he was commissioned as a 2nd Lieutenant. After training in Texas and Virginia, Joe was deployed to Pusan, Korea where he was the head administrator, overseeing 150 troops and indigenous personnel, in the Medical Service Core (1953) for 19 months. In the years after discharge, Joe attended UC Hastings College of Law and Golden Gate School of Law. Joe successfully maintained a general practice of law for 48 years in San Jose. Joe was proud of his Portuguese heritage. This pride carried into his philanthropy for the Portuguese community which included extensive pro bono work to ensure establishment and recognition of the Portuguese and Azorean heritage and non-profit businesses in the valley and State of California. One of Joe’s passions was his support of San Jose State Athletics especially Spartan Football. He attended games home and away for over 50 years. Another passion was world travel. His travels included all 50 states, over 85 countries spanning all 7 continents. He loved to make conversation and found pleasure in finding common ground with people from different backgrounds. He had a playful sense of humor, he loved to learn, he was a thinking man, a philosopher of sorts. He will be dearly missed. He is survived by his wife, Beverly; son, Brett Mattos, and his wife, Tami; daughter, Kim Mattos, her husband, Kye Andersen, granddaughter, Piper; Sister, Rosalina George, her husband Mel George and sister, Marie Wheeler and numerous nephews and nieces. Funeral took place on Friday, November 13, 2009 at the Five Wounds Portuguese National Church with interment at Los Gatos Memorial Park. Donations can be made to: Spartan Foundation, One Washington Square, San Jose, CA 95192-0062

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Eça & Machado revisited The University of Massachusetts Dartmouth Department of Portuguese and Center for Portuguese Studies and Culture announce a symposium, “Eça and Machado Revisited: A Seminar with Carlos Reis and João Cezar de Castro Rocha,” to be held on Friday, December 11, 2009, 2:00 – 4:00 PM in LARTS 374 (parking available in Lot 1). The event, dedicated to the two leading novelists of the Portuguese language—Eça de Queirós (1845-1900), of Portugal, and Machado de Assis (1839-1908), of Brazil)—is free and open to the public. Carlos Reis, of the Universidade Aberta of Portugal and the University of Coimbra, will present a lecture entitled “O cânone da literatura queirosiana: A Correspondência de Fradique Mendes.” Professor João Cezar de Castro Rocha, of Manchester University and Visiting Endowed Chair Professor in Portuguese Studies at the University of Massachusetts Dartmouth, will give a lecture on “Machado de Assis & Eça de Queirós: Paradigmas de apropriação.” Carlos Reis is Chancellor of Universidade Aberta and Professor at Universidade de Coimbra. He is a renowned scholar in 19th and 20th Century Portuguese Literature, especially in the works of

Eça de Queirós. He is the author of fifteen books published in Portugal, Brazil, Spain, the United States, and Germany, and has taught at various universities in the United States and Brazil. Professor Reis is the coordinator of Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós as well as História Crítica da Literatura Portuguesa. Between 1998 and 2002 he was Director of the National Library of Portugal. He has also served as the President of the International Association of Lusitanists (19992002) and President of the National Commission to Commemorate the Centennial of the Death of Eça de Queirós (2000-2001). In 2005, he held the Hélio and Amélia Pedroso/Luso-American Foundation Endowed Chair in Portuguese Studies at the University of Massachusetts Dartmouth, which allows for the yearly hire of a distinguished scholar and professor, specializing in the vast and varied Portuguese-speaking world comprised of over 220 million people in eight countries on four continents. João Cezar de Castro Rocha is Professor of Comparative Transatlantic Studies at the University of Manchester, where he has also been Director of the Institute for Transnational Studies and Director of the MA in Latin American Cultural Studies. He is a renowned scholar on Brazilian literature and culture, being the author

of several books, including Literatura e cordialidade: o público e o privado na cultura brasileira, that was awarded the Mário de Andrade Award from the National Library of Brazil. He is also the co-author of Evolution and Conversion (Continuum, 2008), with René Girard and Pierpaolo Antonello, which was awarded the prestigious Prix Aujourd’hui for 2004. He is the editor of more than 20 books, including two published by the UMD Center for Portuguese Studies and Culture. He has been the recipient of numerous fellowships, including the Alexander von Humboldt Foundation Fellowship at the University of Berlin; the Tinker Visiting Professor at the University of Wisconsin, the “Ministry of Culture Visiting Fellow” at the University of Oxford; the “Overseas Visiting Scholar,” at the Cambridge University; and the John D. and Rose H. Jackson Fellowship, at the Yale University. He presently holds the Hélio and Amélia Pedroso/Luso-American Foundation Endowed Chair in Portuguese Studies. For further information on this and other activities of the Center for Portuguese Studies and Culture, please call 508-999-8255) or visit its website at: www.portstudies.umassd.edu.

Macau: uma história de sucesso

As Associações Macaenses da Califórnia em cooperaçâo com o Instituto Internacional de Macau organizaram uma exposiçâo de pinturas, alusiva ao Décimo Aniversário da Região Administrativa Especial de Macau, que foi inaugurada no dia 4 de Dezembro no The California Modern Art Gallery, em San Francisco, perante uma numerosa assistência, calculada para cima de cem pessoas incluindo pessoal da Rádio chinesa das cidades de San José, Fremont e Hayward e das estações de televisão canais 36 e 44 de San Francisco. O Jornal Sing Tao de Brisbane enviou um jornalista.Os Diários San Francisco Chronicle e Examiner deram notícias deste evento. Estavam presentes o Consul Geral de Portugal em Sâo Francisco, António Costa Moura, os consules da República Popular da China também daquela cidade Zhan Yan e Qing Li e Lauren Riggs que entregou uma mensagem de Bárbara Lee, membro do congresso americano, ao Instituto Internacional de Macau. Vinte e três lindos painéis de multicores de quase dois metros de altura estavam patentes ao público, representando uma história de sucesso de dez anos

da existência da RAEM sob a liderança do Chefe Executivo Edmundo Ho How Wah e realçando o Grande Milagre Económico de Macau, o Turismo, os Casinos, a CEPA, o Ensino, o Desporto, a Cotai e o Princípio “Um País, Dois Sistemas”, consagrado na Lei Básica da RAEM. E para dar animação à festa foi convidado o grupo de Dança do Leão de Yee’s Martial arts da cidade de Hercules que fez uma bela exibição muito aplaudida pela assistência.

Henrique Manhão para Tribuna Portuguesa


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Arrendam-se 2 Quartos Arrendam-se dois quartos de cama numa boa casa situada em San José, com serventia de cozinha e casa de banho. Também podem usar as máquinas de lavar e secar roupa, situadas na garagem. Para mais mais informações, por favor contactar:

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CRUZEIRO as Caraíbas 2009

COMUNIDADE

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Confirma-se mais uma vez que o Tribuna Portuguesa é o jornal maís lido nas praias das Caraíbas! Mais uma vez a America Travel proporcionou aos seus clientes um cruzeiro de muito interesse com saída de New Jersey e paragens ns Bermuda, St. Martin, St. Thomas e Puerto Rico. Foram nove dias de encanto acompanhados pela bonita música do Chico Avila que obrigou todos os viajantes a dançarem horas a fio, sem descanso. A Bermuda foi mesmo uma surpresa para todos. Uma Ilha mais pequena que a Graciosa, situada a 1100 milhas de Miami, Florida. O território da Bermuda é composto de 138 ilhas (incluindo muitas a que nós chamamos Ilhéus), com uma superficie total de 53,3 quilómetros quadrados (20.6 milhas quadradas). Tem uma população de 67 mil pessoas (22 mil são de São Miguel). A Capital é Hamilton na ilha maior e é de uma limpeza incrível, com baías lindas e águas a condizer e com um Clube Português - Vasco da Gama - e um Café Açoriano, que foi visitado por alguns dos viajantes. St. Martin é uma ilha dividida entre dois países - França e Holanda. Tem uma superficie de 53 km2 na parte francesa e 34 km2 na parte holandesa. A população total é de 73 mil pessoas. St. Thomas faz parte da United States Virgin Islands, tem uma superficie de 81 km2, com uma população de 52,000. A sua capital chama-se Charlotte Amalie. Esta ilha foi comprada em 1917 pelos Estados Unidos por $25 milhões de dólares. Puerto Rico, oficialmente chamada Commonwealth of Puerto Rico, tem uma superficie de 9104 km2 e uma população de 4 milhões. Old San Juan á a maior jóia arquitectural das Caraíbas e Cidade Património Mundial. Um encanto total.

Slideshow do Cruzeiro (1 hora) = $22.00 - Solicite-o ao Tribuna Portuguesa


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