Revista Noize #61 Março | Abril | Maio 2013

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Divulgação

Cinco perguntas para Fábio Cascadura _por Gaía Passarelli

Ao final de 2012, Caetano Veloso veio com essa: “Um dos melhores discos de rock brasileiro de sempre é o novo do Cascadura”. Ele se referia à Aleluia, álbum lançado no mesmo ano em que o grupo baiano completou duas décadas de vida. Falamos com o líder do Cascadura sobre Salvador, a força da opinião de Caetano e do rock como ferramenta libertária. Foram seis anos entre os álbuns Bogary e Aleluia. Não é muito tempo? Foi necessário para realizarmos as coisas da maneira certa. Bogary foi um disco fácil, de entrar no estúdio, sair tocando. Um processo catártico. Já Aleluia foi um disco pensado. Entre a ideia de fazer um álbum duplo sobre Salvador e as demais etapas de produção foram dois anos e quatro meses. Foi até rapidinho. Você ganhou um elogio e tanto do Caetano. Qual a força de uma declaração dessa? Eu acho que somos entendidos por alguém que entendemos. Admiramos muito o Caetano, sua obra, sua coragem, sua disposição. Minha maior preocupação é que nossa música chegue ao coração das pessoas. Saber que chegou ao coração dele é muito importante. Lançar um álbum é uma realização, mas fazer ele chegar nas pessoas é outra história. Como vocês lidam com isso? Esse disco contou com um edital de incentivo da Secretaria

de Cultura do Estado da Bahia. Sem esse apoio não teríamos realizado obra tão extensa. A nossa melhor estratégia é usar a internet, sem intermediários. Aleluia foi disponibilizado para download gratuito. É correto falar no rock baiano como uma cena? O quanto isso tem a ver com o tema do disco, Salvador? Eu prefiro falar “rock feito na Bahia”. Tem muita gente fazendo coisa boa: Vivendo do Ócio, Maglore, Scambo, Velotroz, Vendo 147, Baiana System, O Quadro, Márcia Castro, Lucas Santtana... O que faz dessa moçada uma unidade é o interesse em responder “que país/cidade/vida nós queremos?”. O Aleluia nasce dessa angústia. A degradação da auto-estima da população de Salvador foi o que moveu a realização do álbum. De onde o rock brasileiro tira força? O rock é pra quem precisa se libertar de alguma limitação. Em geral, os jovens estão, ou pensam estar, sob cerceamento, a adolescência. O rock transmite a ideia de que você pode ser livre, nem que seja no quarto com o volume alto.


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