O MEIO MAIS UTILIZADO PELA FOLHA DE S. PAULO E O ESTADO DE S. PAULO NA COBERTURA INTERNACIONAL

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O MEIO MAIS UTILIZADO PELA FOLHA DE S. PAULO E O ESTADO DE S. PAULO NA COBERTURA INTERNACIONAL Neuber Fischer* Resumo Os conceitos e definições de jornalismo internacional, agências de notícias, correspondentes e enviados especiais. A forma mais utilizada para a cobertura e produção da notícia na editoria internacional dos jornais impressos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, em especial em casos de desastres naturais, como no caso Tsunami no Japão e, suas implicações para a notícia, para o jornalismo e para os jornalistas. Para construir este artigo fez-se a revisão bibliográfica de obras relacionadas ao tema e a análise por 9 dias, de 12 a 20 de março de 2011, do conteúdo dos cadernos “Mundo” do jornal impresso Folha de S. Paulo e “Internacional” do jornal impresso O Estado de S. Paulo. Palavras chave: Jornalismo Internacional. Correspondentes. Enviados Especiais. Agências de Notícias. Introdução Este artigo apresenta os conceitos de jornalismo internacional, agências de notícias, correspondentes e enviados especiais e caracteriza os atuais modos de produção da notícia na editoria internacional. Ao apresentar alguns dados recolhidos em análise de conteúdo feita por 9 dias, de 12 a 20 de março de 2011, dos cadernos “Mundo” do jornal impresso Folha de São Paulo e “Internacional” do jornal impresso O Estado de S. Paulo sobre o caso Tsunami no Japão, pretende-se responder a questão: São os correspondentes e enviados especiais o meio mais utilizado na cobertura e produção da notícia na editoria internacional em situações especiais como no caso Tsunami no Japão? Como resposta sugere-se que sim. Os correspondentes e enviados especiais são os mais utilizados em casos excepcionais e de grande repercussão como desastres naturais, conflitos e guerras por contextualizarem o acontecimento e humanizarem o conteúdo produzido. *

Neuber de Lima Fischer estudante do 7º período do curso de Comunicação Social – Jornalismo na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação – FAPCOM – São Paulo – SP – Brasil. (neuberfischer@hotmail.com)

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Por fim, o artigo expõe o resultado obtido a partir do levantamento de dados e apresenta algumas reflexões sobre o assunto apresentado. Referencial Teórico - Conceitos e definições Jornalismo internacional A editoria internacional é uma das especializações do jornalismo. É o segmento que atua colhendo, apurando informações e produzindo notícias de fatos que acontecem em outros países, fora da nação onde está sediado o veículo de imprensa em que o jornalista trabalha.

O noticiário internacional encontra sempre bastante destaque, por motivos diversos (...). Existem notícias do exterior que podem ter repercussão no Brasil. Entre os leitores há sempre estrangeiros, que procuram saber o que se passa em suas terras de origem. (ERBOLATO, 2003, p. 230)

Agência As agências internacionais são empresas de comunicação especializadas em levantar, apurar e transmitir notícias em nível mundial. “São os jornais dos jornais, do rádio e da televisão, e de outros assinantes, a quem fornecem informações de todos os tipos, por atacado e a baixo preço.” (AMARAL, 1982, p. 159) São agências mundialmente conhecidas a Reuters (Reino Unido), Associated Press (EUA), United Press Internacional (EUA), France Presse (França), EFE (Espanha). “Ao longo da história as agências disputaram a posição de fonte de informação mais importante do planeta.” (NATALI, 2004, p.32) De uma maneira geral a agência distribui a mesma notícia para todas as empresas assinantes. O material remetido pelas agências, partindo do pressuposto de neutralidade, não devem conter nenhum tipo de opinião e nem devem seguir nenhuma tendência editorial. Segundo (ERBOLATO, 2003, p. 206) o processo de produção da notícia pelas agências segue a seguinte rotina: 1. O acontecimentos, 2. A obtenção de dados pelo repórter, 3. Transmissão dos informes à agência, 4. Redação na agência onde o texto passa pelo seu primeiro tratamento quanto à forma e ao enfoque, 4. Distribuição da matéria aos assinantes, 5. Recepção do texto pelos jornais onde o mesmo passa pelo segundo tratamento, recebendo 2


cortes, alterações, supressão de palavras e, eventualmente, alguns acréscimos, 6. Difusão do jornal para o público, 7. Repercussão entre o público. Segundo (ERBOLATO, 2003, p. 209) os despachos das agências em geral são assim classificados: Flash, ou primeiro anúncio de um acontecimento, tem poucas informações, é como um lead. Boletim, que é um informe de algumas linhas que dá sequência a elementos importantes de uma notícia já divulgada. Desenvolvimento, que reconstitui uma série de boletins de forma correta e ampliada. As críticas às agências noticiosas existem praticamente desde a criação dessas empresas. As principais críticas que se faz sobre as informações repassadas por agências são: “a homogeneização das informações, a predominância de notícias de agências no noticiário internacional e a perda de foco: grande parte das agências tem vínculos, diretos ou indiretos, com os governos de seus países e refletem na maioria das vezes, posições ou interesses deles”. (SOARES, 2007, p. 5) Segundo (ERBOLATO, 2003 p.205 e 206), as agências podem ser classificadas em: Particulares – Surgidas por iniciativa de empresa privada. Cooperativas – São consórcios de vários jornais que contribuem para mantê-las. Estatais – Criadas e mantidas pelos governos. Gerais – Divulgam praticamente toda e qualquer notícia que possa interessar ao público. Especializadas – Dedicam-se exclusivamente a difundir uma determinado tipo de notícia: econômica, política, cultural ou esportiva, etc. Fotográficas – Distribuem apenas fotografias, com legendas, de fatos ocorridos no mundo. Artigos – Contratam matérias assinadas e interpretadas por nomes de destaque no jornalismo. Nacionais – Fornecem notícias do país de origem para outros países. Internacionais – Fornecem notícias de e para todo mundo. Uma mesma agência pode se enquadrar em mais de uma categoria. Correspondentes e Enviados Especiais Os representantes de um veículo estabelecido em outro país são chamados de correspondentes ou enviados especiais. Os enviados especiais são jornalistas com a missão exclusiva de cobrir por tempo determinado um evento ou acontecimento específico no exterior. Geralmente eles trabalham com o objetivo de produzir material ou cobrir acontecimentos agendados previamente como o Oscar e Grammy, as Olimpíadas e a Copa, ou eventos inesperados como desastres naturais e guerras.

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O enviado especial difere do correspondente por ser um repórter escolhido para conseguir informações ou reportagens em um lugar em que o veículo de comunicação não tem ninguém na área, sendo que nesse lugar existem assuntos de grande valor jornalístico. (CUNHA, 1990, p. 68)

O correspondente internacional é o profissional do jornalismo que mora no exterior e é o responsável pela cobertura jornalística de uma região, um país ou até mesmo um continente. Os correspondentes de uma maneira geral atuam sozinhos ou com uma pequena equipe. É ele que muitas vezes decide as pautas e sai para apurar as informações, redige o texto e o repassa para o veículo em que trabalha. Seu compromisso maior é fornecer o maior número de conteúdo possível para que os editores escolham o que será divulgado. A justificativa de se ter um profissional alocado em outro país deve se ao diferencial do material produzido pelo correspondente em comparação com as agências. Roberto Kovalick explica esse papel do correspondente: É exatamente dar a visão do seu país de origem. Somos os olhos dos brasileiros aqui fora. As notícias divulgadas pelas agências não têm essa dimensão. Se você assistir reportagens sobre o mesmo assunto, uma feita por um correspondente e outra amarrada com imagens de agências, verá a diferença. A feita com material de agência sempre será fria e distante. A feita por um correspondente – mesmo que use, em parte, material de agência – será mais quente, terá a preocupação de mostrar o que ela significa e o que importa para o telespectador. (SOARES, 2007, p. 6)

Ao tornar a matéria com a cara do seu país, o correspondente passa uma informação individualizada, exclusiva, de um jeito que só ele pode fazer. Ariel Palácios defende essa idéia “Os correspondentes dão o toque especial, podem fazer uma análise interessante, que proporcione uma visão mais além dos detalhes factuais que as agências tratam.” (SOARES, 2007, p. 7) Outro fator que determina a presença de um correspondente em outro país é a existência de brasileiros envolvidos em um determinado acontecimento. Ele vai fazer um trabalho focado no seu país de origem, vai atrás do personagem ou da família para construir a matéria.

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Problematização Com base no resultado da análise das notícias veiculadas pelo caderno “Mundo” do jornal Folha de São Paulo e “Internacional” do jornal O Estado de S. Paulo, aqui discorreremos sobre o meio predominante na cobertura internacional, feita pelos dois veículos, no caso Tsunami no Japão. Para maior clareza na exposição das informações, utilizaremos tabelas, gráficos e dados com o resultado da pesquisa que podem ser consultados em anexo ao artigo. A Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo dedicam amplo espaço aos seus cadernos internacionais intitulados “Mundo” e “Internacional” respectivamente. Inclusive foram criados espaços exclusivos para o caso Tsunami no Japão, nomeados como “Tragédia no Japão” e “Natureza em Fúria”. Mas apesar de todo esse destaque, pôde-se constatar que a cobertura internacional é feita em sua maior parte a “toque de caixa” como afirma Natali: “As empresas de mídia enfrentam problemas financeiros. Estão excessivamente endividadas. O problema é crônico. Há com isso uma tendência ao corte de despesas. É previsível que nenhuma dessas empresas se disponha a enviar ao exterior uma equipe de correspondentes” (IDEM, 2004 p. 56). Com isso falta à notícia um maior grau de qualidade em termos de informação contextualizada. A utilização de conteúdos repassados por agências de notícias, colaboradores, funcionários de outros veículos, que fazem com muita boa vontade uma espécie de freelancer e, a cópia de matérias feitas por jornais estrangeiros é o modo que predomina na cobertura internacional. Tal rotina produtiva responde por mais de 70% do conteúdo publicado. Poderíamos pensar que o que importa é informar, de qualquer maneira, a notícia da agência é sobre o fato, mas devemos lembrar que noticiar não é apenas narrar. “Na pressa de elaborar a matéria, a sacrificada equipe da agência é freqüentemente acusada de dar muita importância ao último fato acontecido, quando não é realmente importante. Ou é acusada do crime pavoroso de glorificar o trivial.” (SOARES, 2007, p.5). Por isso a importância do repórter in loco. O trabalho deles tem muitas qualidades como diferencial, exclusividade, contextualização e humanização. “A notícia jornalística é uma elaboração da realidade do ponto de vista do repórter, ele seleciona os aspectos da notícia que por ele são percebidos.” (BORDENAVE, 1991, p.23). Mas podemos dizer que os correspondentes internacionais estão cada vez mais raros no mercado jornalístico brasileiro. Segundo a FENAJ, para minimizar custos, as empresas têm 5


enxugado o número de profissionais que chega a ser de 20% a 40% menor do que existia cinco anos atrás. Além da redução da oferta de vagas de trabalho para jornalistas especializados em

internacional, fica evidente que a função dos profissionais que passam horas na redação sofre uma grave distorção, afinal fazer jornalismo é pautar, levantar dados, selecionar fontes, entrevistar, construir o texto e não apenas traduzir e reescrever com base no número de caracteres suficientes para o espaço reservado na página do jornal. O trabalho das agências não pode ser desconsiderado ou menosprezado, apenas é preciso saber quando e onde utilizá-lo. Elas podem ser muito bem aceitas como fonte primária, servem também como complemento as notícias apuradas pelos profissionais, e em casos de menor repercussão podem ser utilizados como fonte principal, mas não em situações de extrema relevância jornalística como um desastre natural, que causa milhares de mortes e traz desdobramentos políticos, econômicos e sociais que afetam toda uma população. Nesses casos a presença de um repórter do jornal é essencial. Ele vai fazer um trabalho focado no seu país de origem, como conta Moises Rabinovici: É muito difícil você pôr uma agência atrás de um brasileiro, ou contratar um jornalista local para fazer uma matéria sobre o brasileiro morto, o enterro do brasileiro, ou o brasileiro ferido, a família chegando pra vê-lo; eles não fazem isso. Então você tem que ter um brasileiro que vá ao hospital, que vá ao hotel da família e mande tudo isso a noite para o seu jornal, aí o correspondente tem valor. (SOARES, 2007, p. 6)

Outro dado importante é sobre as fotos publicadas, praticamente todas são imagens clicadas por fotógrafos de agências, com apenas 3 exceções no jornal O Estado de S.Paulo que são feitas pelo jornal. Fotografar é algo subjetivo, o ângulo que você enxerga não é o mesmo que eu enxergo então, a foto enviada pela agência, a mesma para todos os assinantes, mostra apenas a visão daquele fotógrafo estrangeiro, que possivelmente pela cultura e visão de mundo clicou uma situação que poderia ter sido clicada de outra forma por um fotógrafo brasileiro. Sem contar que a mesma imagem se replica por vários jornais, como se aquela fosse a única visão do ocorrido. Por outro lado há um trabalho bastante interessante da equipe de designers dos jornais. Todos os infográficos, que são importantes para explicar o fato e suas implicações e são complementos aos textos e fotos, são desenvolvidos pelos profissionais da Folha e do Estado. Isso demonstra que enquanto para os jornalistas o mercado está restrito, para os designers existe um espaço em expansão. Quanto às colunas de opinião e análise, algo curioso foi percebido. Os colunistas da 6


Folha de S.Paulo ignoraram o assunto Tsunami no Japão, não houve sequer um comentário sobre o caso. Preferiram discorrer sobre os conflitos na Líbia e Bahrein, que também são fatos importantes, mas o grave acidente natural e seus desdobramentos mereceriam alguns apontamentos. Já no jornal O Estado de S.Paulo foram vários os momentos em que análises e comentários foram feitos por colunistas, porém, todos os colunistas do Estado que abordaram a tragédia no Japão são estrangeiros. O Estado compra o conteúdo de jornais de outros países como New York Times e The Guardian, traduz e publica na íntegra. No Brasil temos especialistas que poderiam muito bem tratar do assunto com muita propriedade e muita proximidade com o público brasileiro, mas o jornal opta por comprar conteúdo externo, pois é mais barato do que pagar honorários. Manter uma equipe de correspondentes em vários países realmente demandaria um alto investimento, afinal a empresa é quem arca com todo o custo de vida do profissional. Mas em casos especiais como tragédias naturais, que não acontecem todo dia e em todos os lugares mereceria uma atenção mais especial dos jornais. Afinal eles precisariam enviar uma equipe reduzida e que ficaria por tempo determinado. Em compensação o material produzido seria de maior qualidade e muito mais atrativo para o leitor que compra ou assina o jornal. Conclusão Após todo estudo e análise de conteúdo, não se confirmou a hipótese de que nos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo a forma de produção na editoria de internacional, em casos especiais como o Tsunami no Japão, é feita por correspondentes e enviados especais, pelo contrário a grande maioria das matérias são proveniente de agências de notícias e outros jornais do mundo. Os jornalistas da área praticamente atuam como editores de matérias de agências e apenas selecionam, traduzem e alteram minimamente os textos enviados por essas empresas, ou até mesmo publicam na integra. Embora ocupe um espaço de destaque dentro do jornal, pelo considerável número de páginas a ela dedicado, a editoria de internacional deixa a desejar, no que diz respeito a cobertura feita por correspondentes e enviados especiais. Pode-se

dizer,

com

alguma

ponderação, que o profissional atuante na editoria internacional deixa de ser jornalista. Ele não levanta pautas e fontes, não apura o fato, não faz entrevistas, não vai ao local do ocorrido. Por este prisma é notória a perda de qualidade do noticiário internacional. Sem contar que por mais confiável que seja a informação passada por agências, há sempre o risco de se dar uma 7


“barrigada” e depois ter que consertar o erro. A justificativa pelo pouco uso de correspondentes e enviados especiais é o alto custo para se manter uma equipe em território estrangeiro. Por outro lado a ampla utilização das agências se justifica pelo baixo custo e ampla cobertura. Não podemos negar que os veículos de imprensa têm sofrido com a crise financeira. Contudo isso não pode comprometer a qualidade da notícia que se torna homogênea e sem uma visão crítica e consequentemente desvalorizar o profissional. Quanto ao papel do correspondente na editoria de internacional, podemos dizer que a participação desse profissional é muito pequena. Apesar disso, pôde-se constatar ao longo da pesquisa que esses jornalistas ainda têm uma função essencial dentro da imprensa. Seu papel consiste em dar uma visão brasileira aos acontecimentos no exterior, em busca de atender os interesses específicos do público. Na impossibilidade de ter nas agências uma fonte secundária e complementadora e atribuir aos correspondentes e enviados especiais a tarefa de cobrir os fatos ocorridos no mundo, as empresas se vêem em uma situação difícil que opõe a qualidade e o custo. Não é uma questão simples de ser resolvida. Mas é preciso rever os conceitos da produção da notícia na editoria internacional, buscar alternativas viáveis do ponto de vista econômico e que não coloquem em risco a notícia contextualizada feita para o público brasileiro. Bibliografia AMARAL, Luiz. Jornalismo: matéria de primeira página. 3 ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1982. BORDENAVE, Juan E. Dias. O que é Comunicação. São Paulo: Brasiliense, 1991. CUNHA, Albertino Aor. In: Telejornalismo. Correspondentes. São Paulo: Atlas, 1990. ERBOLATO, Mario L. Técnicas de Codificação em Jornalismo: redação, captação e edição no jornal diário. 5 ed. São Paulo: Ática, 2004. NATALI, João Batista. Jornalismo Internacional. São Paulo: Contexto, 2004. SOARES, Maíra. Cobertura Jornalística Internacional: formas de produção e implicações atuais. In: ULEPICC – UNIÃO LATINA DE ECONOMIA, POLÍTICA DA INFORMAÇÃO, DA COMUNICAÇÃO E DA CULTURA. 2 ed., 2008. Bauru: UNESP.

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Anexos As notícias analisadas foram separadas em 5 categorias segundo sua autoria: feita por correspondentes C, pela redação R (redação com agências internacionais e/ou jornais internacionais e fontes nacionais), por um jornal ou agência internacional A (artigos ou matérias traduzidos e utilizados na íntegra), por colaboradores CL, e por enviados especiais E. Folha de S. Paulo Tabela 1 - Páginas da editoria internacional dedicadas aos casos Tsunami no Japão de 12 a 20 de março de 2011. O caderno “Mundo” ocupa, em média, 7 páginas em cada edição. No período pesquisado o assunto Tsunami no Japão e seus desdobramentos ocupou, em média, 4 páginas em cada edição. Ao todo foram 38 páginas dedicadas a cobertura do caso. O dia em que o assunto teve mais destaque foi na terça-feira dia 15, quando 6 páginas foram utilizadas para cobrir o desastre natural. Vale ressaltar que a Folha criou um espaço intitulado “Tragédia no Japão” exclusivo ao tema.

Dias

Japão

Sábado (12-03-11)

5 páginas de um total de 7

Domingo (13-0311)

5 páginas de um total de 7

Segunda (14-03-11)

5 páginas de um total de 9

Terça (15-03-11)

6 páginas de um total de 8

Quarta (16-03-11)

4 páginas de um total de 6

Quinta (17-03-11)

5 páginas de um total de 7

Sexta (18-03-11)

3 páginas de um total de 7

Sábado (19-03-11)

2 páginas de um total de 7

Domingo (20-03-11)

3 páginas de um total de 8

Tabela 2 - Distribuição das Matérias nos dias analisados

Dia da

C

R

A

E

CL

Total 9


semana Sábado

7

1

Domingo

6

4

2

Segunda

3

4

4

2

13

3

4

3

2

13

4

4

3

1

12

2

12

Terça

4

1

Quarta

12 12

Quinta

1

4

4

1

Sexta

2

2

2

1

7

Sábado

3

1

2

6

Domingo

1

3

4

TOTAL

8

33

24

Gráfico 1 - Cobertura Geral (Textos)

Conteúdo próprio Conteúdo terceirizado

19

7

91

Gráfico 2 - Cobertura Japão (Textos)

Editores Correspondentes Agências de Notícias Colaboradores Enviados Especiais

Nos 9 dias analisados pode-se constatar que o caso Tsunami no Japão ocupou a maior parte do caderno “Mundo”, em especial dos dias 12 a 17 de março, quando o Japão foi o maior destaque, já dos dias 18 ao 20, o caso dos conflitos na Líbia passou a ocupar o maior espaço. Outro dado interessante é que as notícias do Japão ocuparam a capa do jornal, com a manchete principal e foto, nos 5 primeiros dias de análise. O caso Tsunami no Japão e seus desdobramentos não foram assuntos abordados pelos colunistas de opinião em nenhum dos 9 dias analisados. Ao analisarmos, na Folha de S.Paulo, as formas de produção separadamente, percebese que a maioria das matérias são terceirizadas, 70,33% são provenientes de agências de 10


notícias, jornais do mundo ou colaboradores. Já o conteúdo próprio, dito exclusivo, responde por 29,67%. 32,26% das matérias são produzidas direto da redação, pelos editores de internacional, que de seus computadores ou via telefone recebem as informações de agências e outros jornais do mundo, contextualizam o fato, entrevistam fontes brasileiras e constroem um texto que tem a cara do jornal e que atende ao público leitor. A segunda modalidade principal de produção de conteúdo são as agências de notícias, correspondem a 26,37% das matérias, ou seja, a redação recebe traduz e publica na integra ou com alguma edição o material enviado pelas agências, vale mencionar aqui que muitas vezes os editores misturam o conteúdo de várias agências para construir um único texto. Isso ajuda a diferenciar o texto dos demais jornais que receberam o mesmo material das mesmas agências. Em seguida, o modo mais utilizado na cobertura internacional do caso Tsunami no Japão pela Folha de S.Paulo são os enviados especiais. Eles representam 20,88%. Em casos como este, é comum o jornal deslocar um repórter experiente, que esteja em outro país como correspondente, ou mesmo que atue na redação no Brasil, para cobrir um fato de tamanha importância e repercussão no mundo. Ele vai poder oferecer ao veículo conteúdo exclusivo e contextualizado. Outros meios menos utilizados são os correspondentes 8,79% e os colaboradores 7,69%. Os correspondentes em geral só cobrem eventos do tipo, quando estes acontecem no país onde ele reside. O que é comum de acontecer é o correspondente de outro país repercutir o caso. Exemplo: o correspondente de Nova York aborda o assunto sobre o prisma do governo americano, a ajuda humanitária que o país pode oferecer, os parentes das vítimas, entre outras situações. Já os colaboradores, em geral são jornalistas de outros veículos, que fazem uma espécie de freelancer para o jornal em questão. Exemplo: um repórter da NHK, além de atuar pela empresa ao qual é contratado, ele também remete informações para outro veículo. No caso das fotos e infográficos ocorre um fato interessante. Todas as 47 fotos, do caso Tsunami no Japão e seus desdobramentos, publicadas na Folha de S.Paulo, nos 9 dias analisados são provenientes de agências de notícias (Reuters, France Presse, Associated Press e EFE). Já os 21 infográficos publicados nos 9 dias são todos desenvolvidos pela equipe da Folha de S.Paulo. O Estado de S. Paulo 11


Tabela 3 - Páginas da editoria internacional dedicadas ao caso Tsunami no Japão de 12 a 20 de março de 2011. O caderno “Internacional” ocupa, em média, 7 páginas em cada edição. No período pesquisado o assunto Tsunami no Japão e seus desdobramentos ocuparam, em média, 5 páginas em cada edição. Ao todo foram 46 páginas dedicadas a cobertura do caso. O dia em que o assunto teve mais destaque foi no sábado dia 12, quando 9 páginas foram utilizadas para cobrir a tragédia. Assim como a Folha, o Estado também criou um espaço intitulado “Natureza em Fúria” reservado especialmente ao tema.

Dias

Japão

Sábado (12-03-11)

9 páginas de um total de 11

Domingo (13-0311)

4 páginas de um total de 8

Segunda (14-03-11)

4 páginas de um total de 7

Terça (15-03-11)

6 páginas de um total de 8

Quarta (16-03-11)

7 páginas de um total de 9

Quinta (17-03-11)

6 páginas de um total de 8

Sexta (18-03-11)

4 páginas de um total de 8

Sábado (19-03-11)

3 páginas de um total de 7

Domingo (20-03-11)

3 páginas de um total de 7

Tabela 4 - Distribuição das Matérias nos dias analisados

Dia da

C

R

A

E

CL

Total

3

11

4

1

19

3

8

3

14

7

2

9

semana Sábado Domingo Segunda Terça

3

4

2

2

11

Quarta

4

10

2

3

19 12


Quinta

1

3

3

2

9

4

3

7

2

2

5

2

1

3

6

26

43

19

Sexta Sábado

1

Domingo TOTAL

5

Gráfico 3 - Cobertura Geral (Textos)

Conteúdo próprio Conteúdo terceirizado

6

99

Gráfico 4 – Cobertura Japão (Textos)

Editores Correspondentes Agências de Notícias Colaboradores Enviados Especiais

Assim como na Folha de S.Paulo, nos 9 dias analisados pode-se constatar que o caso Tsunami no Japão foi o maior destaque no caderno “Internacional”, porém também ficou evidente que dos dias 12 a 17 de março o Japão foi o caso que ocupou a maior parte do caderno, já dos dias 18 ao 20 o caso dos conflitos na Líbia passou a ocupar o maior espaço. No Estado de S. Paulo as notícias do Japão também ocuparam a capa do jornal, com a manchete principal e foto, nos 5 primeiros dias de análise. Ao contrario da Folha, o Estado publicou 5 colunas de opinião com foco no assunto Tsunami no Japão. Porém os autores das colunas publicadas no Estado são todos estrangeiros, os textos são cópias autorizadas de jornais como New York Times e The Guardian. No O Estado de S.Paulo as formas de produção também são na maioria terceirizadas.75,75% das matérias são provenientes de agências de notícias, jornais do mundo ou colaboradores. Já o conteúdo próprio do jornal responde por 24,14%. A modalidade principal de produção de conteúdo internacional no Estado são as agências de notícias, correspondem a 43,43% das matérias que são traduzidas e publicadas na integra ou com 13


alguma alteração. Em seguida, com 26,26% das matérias produzidas, vem a redação. Os editores de internacional, com base nas informações das agências e outros jornais do mundo, contextualizam o fato e constroem um novo texto. Na terceira posição, o modo mais utilizado são os enviados especiais. Eles representam 19,19% das matérias. Outros meios menos utilizados são os colaboradores 6,06% e os correspondentes 8,79%. No caso das fotos e infográficos no Estado de S.Paulo, ao todo foram 54 imagens, sendo que deste total apenas 3 não eram de agências, 1 de arquivo pessoal e outras 2 feitas pelo próprio Estado. Já os 18 infográficos publicados nos 9 dias são todos criados pela equipe do jornal Estado de S.Paulo.

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